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AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL Data: ____/____/_______ Curso: Saúde Indígena. Módulo – Antropologia Indígena. Nomes________________________________________________________________ Após a análise do material disponibilizado sobre Antropologia Indígena - POVOS INDÍGENAS E ANTROPOLOGIA: NOVOS PARADIGMAS E DEMANDAS POLÍTICAS. Descreva sobre: 1. Inclusão e protagonismo indígena: o caminho da descolonização. Faz parte da agenda de luta da comunidade indígena, a reivindicação por um maior protagonismo em relação à elaborações acadêmicas e diálogos menos assimétricos com o Estado. Há premência para que a coletividade indígena tenha maior participação nas áreas do conhecimento, com atenção especial àquelas consideradas prioritárias, como saúde, educação, direito, entre outras, que visam o fortalecimento da autonomia para o enfrentamento de inúmeras formas de exclusão e preconceito, rejeitando a condição de subalternidade e construindo dessa forma a inclusão. Também é uma pauta que os povos indígenas sejam sujeitos na elaboração e construção da sua própria história, com o intuito de produzir novas relações políticas, históricas e cosmológicas. Nesse sentido, essas novas formas de relação resultaram na crescente inserção de indígenas no ensino superior, com um aumento significativo em consequência dos programas de bolsas e da Lei 12.711. Essa conquista ajuda na tarefa de “etnografar o branco”, utilizada como instrumento importante para a defesa e garantia de direitos, principalmente no que diz respeito a luta pelas terras indígenas, que são constantemente ameaçadas, e na construção da identidade indígena que, com o aumento de suas referencias, passam a erigir novos olhares a partir do lugar que pertencem e que fornece as lentes pelas quais leem o mundo. 2. A Antropologia e as novas demandas indígenas. No cenário colonial, os estudos pioneiros de Antropologia possuíam uma visão unilateral, onde a percepção do antropólogo sobressaia-se sobre a do nativo. Desde então, muita coisa mudou e hoje o papel do Antropólogo, munido de novas metodologias, foi ressignificado e agora estes profissionais são considerados potenciais aliados políticos da causa indígena. Eles possibilitam uma visão “de perto” das aldeias indígenas, estas que a cada dia mais tomam para si a decisão sobre quem trabalha, realiza pesquisas ou mesmo pode ter acesso às aldeias e assim, todas as ações desses profissionais podem ser adaptadas aos objetivos das comunidades que participa ativamente da pesquisa, tornando-se “sujeitos” do processo. Contudo, há uma grande dificuldade de romper as estruturas hostis das instituições de ensino, que violentam os indígenas estudantes ao rechaçar e desconsiderar as diversidades, as tradições e as múltiplas formas de produção de conhecimento. Essa desvalorização dos trabalhos indígenas, deixa claro que as instituições de ensino superior não estão preparadas para lidar com as demandas indígenas e dessa forma, superar o eurocentrismo em suas produções. É preciso, nesse sentido, que os antropólogos atuem como intérpretes das comunidades indígenas, tanto na esfera política, como também na produção teórica, isso pois, no Brasil, o indigenismo se constituiu como importante perspectiva na construção da antropologia e assim se tornou uma das suas grandes causas. 3. Por uma etnografia polifônica. O Brasil é formado por multiplicidade e diversidade, por conseguinte, não lhe cabe uma antropologia clássica e etnocêntrica, nesse contexto, se fez necessário novas metodologias, pois os povos formam imagens uns dos outros através da relações de poder e conhecimento que ocorreram durante a história. A etnografia consiste num processo de diálogo em que os interlocutores negociam ativamente uma visão compartilhada de realidade, ou seja, a experiência da pesquisa é sempre “uma negociação em andamento”. Com isso, novas possibilidades de leitura e produção textual são necessárias, pois o papel da comunidade indígena está sendo ressignificado e imbuído de protagonismo. Essa reivindicação pelo protagonismo no processo se dá, pois os indígenas elaboram, a sua maneira, formas diferentes de compreender as relações históricas com os “brancos”, partindo da sua própria cosmovisão. Esse fato a antropologia demorou muito para perceber, já que de sua visão eurocentrista da história, tratava os povos indígenas como periféricos na produção da historiografia oficial. Contudo, os povos vivenciam os eventos de maneira e perspectivas diferentes, dessa forma, não há uma história, mas sim, várias “histórias”. 4. Kaingang entre os Tembé Tenetehara de Santa Maria do Pará. 22 linhas A autora do trabalho utilizado como base é uma kaingang, professora e doutoranda em antropologia que se propõe elaborar uma tese com os parentes Tembé Tenetehara de Santa Maria do Pará, com os quais iniciou seu contato em 2013. Esse é um povo Tupi que há cerca de uma década iniciou o processo de retomada da terra de ocupação tradicional, além da luta pela reafirmação da identidade desse povo, que por mais de cem anos teve sua identidade tomada, principalmente pela política educacional escolarizada. A palavra Tenetehara significa “gente”, “índio verdadeiro”, enquanto Timbé, que é sua variante, provavelmente foi designada pelos regionais e significa “nariz chato”, seu território se estendia de Barra do Corda, no Rio Mearim, no hoje Estado do Maranhão, até os rios Gurupi, Capim e Guamá, na região nordeste do Estado do Pará. O contato com os não indígenas causou a diminuição populacional desse povo, pois seus sistemas imunológicos não conseguiam se defender de doenças como a gripe e o sarampo. Hoje suas aldeias se localizam no Pará e o ramo oriental está localizado no Estado do Maranhão, e em vista da elaboração de estratégias próprias de resistência, atualmente eles se encontram entre os povos indígenas do Brasil com maior população. Suas aldeias se localizam nos limites de Santa Maria do Pará porque a cidade expandiu seu território, invadindo o da aldeia, expulsando-os e destruindo as áreas de obtenção de alimento e seus locais sagrados, tais como os cemitérios. Essas atitudes violam a identidade desse povo que a séculos luta contra essas políticas homogeneizadoras que são um ramo das políticas de branqueamento que vigoravam no século XIX, onde os indígenas e os negros eram considerados inferiores. As políticas coloniais eram imposições religiosas, culturais e linguísticas, mas estas não conseguiram apagar a história narrada desse povo, que através da oralidade manteve viva sua identidade, para que em 1999 tivesse início às reivindicações pelo reconhecimento étnico. Por fim, a autora assume sua responsabilidade pela sua origem étnica, pelo fato de ser indígena mulher, de pertencer ao pequeno grupo de pós graduandos indígenas no Estado do Pará e por essa bagagem a permitir colaborar com as reivindicações desse povo e pelo protagonismo da comunidade indígena em geral.
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