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Sociologia Crítica

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Prévia do material em texto

2013
Sociologia crítica
Prof. Pedro Fernandes Leite da Luz
Prof.ª Katja Junqueira Bohmann
Copyright © UNIASSELVI 2013
Elaboração:
Prof. Pedro Fernandes Leite da Luz
Prof.ª Katja Junqueira Bohmann
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
 301
L979s Luz, Pedro Fernandes Leite da
 Sociologia crítica / Pedro Fernandes Leite da Luz; Katja 
Junqueira Bohmann. Indaial : Uniasselvi, 2013.
 
 204 p. : il
 
 ISBN 978-85-7830-771-4
 I. Sociologia. 1.Centro Universitário Leonardo da Vinci. 
2. Luz, Pedro Fernandes Leite da.
III
apreSentação
Prezado(a) acadêmico(a)!
Nesta disciplina contemplaremos o campo da Sociologia Crítica, 
importante desenvolvimento da Sociologia e produto da sua história. Tem 
por base a Teoria Crítica, métodos próprios e um interesse específico num 
aspecto determinado da vida social, como veremos em nosso curso.
Veremos assim como a Sociologia Crítica se insere na tradição 
sociológica e quais suas especificidades, sua abordagem própria aos 
fenômenos de interesse da disciplina, o foco do olhar da Sociologia Crítica e 
as contribuições que este tipo de trabalho trouxe à Sociologia como um todo.
Na primeira unidade, nós examinaremos como se deu a gênese da 
Teoria Crítica: os acontecimentos históricos ligados ao seu desenvolvimento, 
as teorias e pensadores que a informaram, a história do lugar de sua elaboração, 
no caso o Instituto de Pesquisa Social, e analisaremos dois momentos em que 
a Teoria Crítica teve impacto sobre a sociedade.
Assim poderemos ter uma ideia de como a Teoria Crítica dialogou 
com seu tempo, tanto em relação aos fatos quanto às ideias, e quais os 
impactos que esta teve no mundo à sua época.
Na segunda unidade, veremos mais a fundo o pensamento e as 
contribuições específicas dos primeiros teóricos que elaboraram e refinaram 
a Teoria Crítica e dos pesquisadores associados ao Instituto de Pesquisa 
Social que contribuíram para este campo de pensamento. Deter-nos-emos 
também sobre os novos rumos dados à Teoria Crítica pelos mais recentes 
intelectuais da área.
Assim nos familiarizaremos com a Teoria Crítica, seu alcance, objetivos 
e avanços que trouxe ao pensamento acerca do social, especialmente no que 
tange aos teóricos que a construíram, refinaram e modificaram, a partir de 
seus trabalhos.
Na terceira unidade, analisaremos como presentemente se apresenta 
a Sociologia Crítica, tendo por base suas atuais reflexões que estão em 
continuidade com o foco da Teoria Crítica, como a cultura de massa e o 
aparato ideológico da sociedade. Veremos o desenvolvimento brasileiro 
da Sociologia e, por fim, a questão do pensamento crítico e a educação e os 
direitos humanos na atualidade.
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
Desta forma poderemos mapear o legado da Teoria Crítica, os 
reparos que foram feitos a ela, o diálogo que se estabeleceu com a mesma e 
seus desdobramentos na atualidade.
Assim, através desta caminhada, pretendemos levar você, acadêmico(a), 
a compreender como a Sociologia Crítica surgiu na Sociologia, qual sua 
fundamentação teórica e contribuição teórico-metodológica específica, qual o 
foco de interesse deste campo de conhecimento e como ele contribuiu para o 
entendimento de questões próprias de nosso tempo e sociedade.
Esperamos com isso contribuir de maneira significativa para a visão 
das possibilidades de alcance da teoria sociológica a partir de um enfoque 
específico que se desenvolveu no bojo desta.
 Bons estudos e sucesso na sua vida acadêmica!
Prof. Pedro Fernandes Leite da Luz
Prof.ª Katja Junqueira Bohmann
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – NASCIMENTO E HISTÓRIA .................................................................................... 1
TÓPICO 1 – RAZÕES HISTÓRICAS DA GÊNESE E DESENVOLVIMENTO DA “TEORIA 
CRÍTICA” ........................................................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 ACONTECIMENTOS DECISIVOS .................................................................................................. 6
3 CONTINUIDADE TEÓRICA ............................................................................................................. 18
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 29
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 30
TÓPICO 2 – A ESCOLA DE FRANKFURT......................................................................................... 33
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 33
2 HISTÓRIA DO INSTITUTO DE PESQUISAS SOCIAIS ............................................................ 33
3 O PROJETO DA TEORIA ................................................................................................................... 44
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 46
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 48
TÓPICO 3 – IMPACTOS E DESDOBRAMENTOS DA “TEORIA CRÍTICA” ........................... 49
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 49
2 O CAMPO DO MOVIMENTO SOCIAL À ÉPOCA DA FUNDAÇÃO E NOS PRIMEIROS 
ANOS DO INSTITUTO DE PESQUISAS SOCIAIS ..................................................................... 50
3 O MOVIMENTO ESTUDANTIL DO FINAL DA DÉCADA DE 60 E OS TEÓRICOS 
CRÍTICOS .............................................................................................................................................. 54
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 58
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................60
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 61
UNIDADE 2 – O PENSAMENTO......................................................................................................... 63
TÓPICO 1 – PRINCIPAIS TEÓRICOS DO CAMPO ....................................................................... 65
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 65
2 HORKHEIMER (1895-1973) E A PROPOSTA DE UMA TEORIA CRÍTICA ............................ 66
3 ADORNO (1903-1969) E O REFINAMENTO DA TEORIA .......................................................... 76
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 87
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 88
TÓPICO 2 – AS CONTRIBUIÇÕES DOS PESQUISADORES ASSOCIADOS .......................... 89
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 89
2 MARCUSE, AS POSSIBILIDADES DE LIBERTAÇÃO DO SER HUMANO E A AMEAÇA 
 DA UNIDIMENSIONALIDADE ....................................................................................................... 90
3 WALTER BENJAMIN E A ARTE ....................................................................................................... 101
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 116
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 117
Sumário
VIII
TÓPICO 3 – OS NOVOS RUMOS DA TEORIA CRÍTICA ............................................................ 119
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 119
2 HABERMAS (1929-...) E A QUESTÃO DA IDEOLOGIA ............................................................. 119
3 O EXERCÍCIO CRÍTICO DA RAZÃO COMUNICATIVA .......................................................... 127
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 135
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 137
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 138
UNIDADE 3 – O LEGADO DA SOCIOLOGIA CRÍTICA .............................................................. 139
TÓPICO 1 – A SOCIOLOGIA CRÍTICA E A CONTEMPORANEIDADE .................................. 141
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 141
2 OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA E A CRÍTICA .................................................... 142
3 A QUESTÃO DA CULTURA COMO PROBLEMA SOCIOLÓGICO........................................ 152
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 158
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 161
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 162
TÓPICO 2 – REPERCUSSÕES LATINO-AMERICANAS DA SOCIOLOGIA CRÍTICA ......... 163
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 163
2 FLORESTAN FERNANDES E A SOCIOLOGIA NO BRASIL .................................................... 164
3 AS MUDANÇAS SOCIAIS SOB O PARADIGMA DA SOCIOLOGIA CRÍTICA ................. 170
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 181
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 182
TÓPICO 3 – PENSANDO A CIDADANIA ........................................................................................ 183
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 183
2 SOCIOLOGIA CRÍTICA: FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS ..................................................... 184
3 PENSAMENTO CRÍTICO NA EDUCAÇÃO COMO FORMAÇÃO PARA A CIDADANIA ........191
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 197
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 200
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 201
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 203
1
UNIDADE 1
NASCIMENTO E HISTÓRIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• apresentar a Sociologia Crítica e como esta se insere na tradição sociológi-
ca;
• traçar um panorama dos fatos e ideias que moldaram a Teoria Crítica;
• descrever a história do Instituto de Pesquisa Social e o projeto da teoria ali 
desenvolvida;
• analisar dois momentos históricos em que a Teoria Crítica impactou a so-
ciedade.
Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final de cada um deles, você 
encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos adquiridos.
TÓPICO 1 – RAZÕES HISTÓRICAS DA GÊNESE E DESENVOLVIMENTO 
DA “TEORIA CRÍTICA”
TÓPICO 2 – A ESCOLA DE FRANKFURT
TÓPICO 3 – IMPACTOS E DESDOBRAMENTOS DA “TEORIA CRÍTICA”
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
RAZÕES HISTÓRICAS DA GÊNESE E 
DESENVOLVIMENTO DA “TEORIA CRÍTICA”
1 INTRODUÇÃO
Entre todas as ciências sociais, a Sociologia, que pretende estudar o ser 
humano e os fenômenos socioculturais como um todo, é a que mais deve seu 
projeto à modernidade. 
Entendemos a modernidade aqui como o resultado das transformações 
sociais, políticas, econômicas e culturais que se configuram a partir do século 
XVII, e que levaram, entre outras características da sociedade moderna, à 
confiança na razão e na experiência, à instituição da economia de mercado e à 
ideia de indivíduo livre, autônomo, autocontrolado e reflexivo, próprias de nós 
atualmente. 
Propondo-se ser o conhecimento objetivo da realidade social e fundando-
se na análise da sociedade sob a dupla perspectiva de compreendê-la como uma 
totalidade que está acima dos indivíduos e quais seus efeitos sobre eles, tendo 
que explicar a tensão no indivíduo que há no fato do corpo social ao mesmo 
tempo constrangê-lo e formá-lo, a Sociologia é resultado do processo de crescente 
racionalização e positivação do mundo.
Este processo é constitutivo da própria ciência que a levou a ser o discurso 
dominante da sociedade moderna.
Relaciona-se o mesmo ao projeto dos filósofos iluministas que, apesar da 
heterogeneidade dos pensadores que contribuíram neste movimento cultural do 
século XVIII, tinham em comum a confiança na razão como capaz de solucionar 
os problemas da existência e da vida prática, e desta forma poder conhecer a 
realidade e nela intervir para o bem comum.
UNIDADE 1 | NASCIMENTO E HISTÓRIA
4
FIGURA 1 – FILÓSOFOS ILUMINISTAS
FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/historiag/iluminismo2.htm>. Acesso em: 24 jun. 2013.
Liga-se este ainda ao mito do progresso, produto do sucesso das ciências 
exatas (especialmente nos ramos da química, física, matemática e engenharia) 
durante a Revolução Industrial, que levou à noção de valorização do método 
científico, baseado em fatos e na experiência, e na quase sacralização deste no 
século XIX.
FIGURA 2 – FÁBRICA
FONTE: Disponível em: <http://www.fuvest2014.com/2013/04/historia-
revolucao-industrial.html>. Acesso em: 24 jun. 2013.
Estando seus primeiros teóricos comprometidos com o processo de crescente 
racionalização e positivação do mundo, de que falávamos, e sendo um ramo tardio 
da ciência, a Sociologia começa a ocupar os espaços acadêmicos quando o capitalismo 
é já uma realidade e a burguesia está consolidada como classe dominante, impondo 
sua ideologia, o discurso científico.
Inicialmente, a disciplina atendia às demandas da ordem estabelecida 
pelo Estado moderno, propondo modelos teóricos que permitiam a promoção 
de uma engenharia social voltada para o controle e imposição das normas sociais 
aos cidadãos. 
TÓPICO 1 | RAZÕES HISTÓRICAS DA GÊNESE E DESENVOLVIMENTO DA “TEORIA CRÍTICA”
5
Por outro lado, ao expor a artificialidade e arbitrariedade das instituições 
sociais, que o status quo proclama serem objetivamente necessárias e racionais, a 
Sociologia, relativizando a ordem social, abre espaço para o pensamento crítico.
De fato, este campo de ideias, a partir de uma fecunda contribuição de 
filósofos marxistas, foi capaz de produzir um conhecimento que fez a crítica 
daqueles valores anunciados pelo Iluminismo, a saber: a razão e o positivismo 
científico, e da sociedade que os produziram.
A Sociologia Crítica, denunciando as contradições do sistema capitalista e 
procedendo através de uma dialética negativa, tal como explicitada por Adorno 
(filósofo e sociólogo alemão, um dos principais teóricos da Escola de Frankfurt 
e que viveu de 1903 a 1969), onde há a separação entre sujeito e objeto, conceito 
e coisa, real e racional e que não permite síntese (como na dialética hegeliana), 
se constitui numa filosofia contestadora, numa crítica à sociedade presente, e 
propõe um modelo utópico de sociedade, onde o indivíduo desalienado seja 
verdadeiramente livre, modelo este que se destina a ter o papel de estimular 
mudanças radicais na sociedade atual (ABBAGNANO, 2007, p. 1128).
FIGURA 3 – ADORNO EM SEU GABINETE
FONTE: Disponível em: <http://cultura.culturamix.com/personalidades/
filosofos/adorno-theodor>. Acesso em: 24 jun. 2013.
Para entender este campo do conhecimento, as ideias e ideais que traz e 
como se insere na tradição sociológica, devemos traçar o caminho de sua gênese 
e posteriores desenvolvimentos.
 
Inicialmente, faz-se necessário lançar um olhar sobre a produção intelectual 
do Instituto de Pesquisa Social, fundado na Alemanha em 1923, na figura das 
obras e ideias de seus membros e colaboradores, que desenvolveram inicialmente 
a Teoria Crítica e que constituíram aquele pensamento que é chamado de “Escola 
de Frankfurt”.
UNIDADE 1 | NASCIMENTO E HISTÓRIA
6
Neste primeiro tópico da Unidade 1, explicitaremos os fatos históricos que 
se relacionam com a contribuição ao campo do pensamento social deste grupo 
de pensadores e ainda as influências que eles receberam dos pensadores que os 
precederam na reflexão sobre a dimensão social da existência.
2 ACONTECIMENTOS DECISIVOS
Nas ciências humanas, para termos a exata dimensão de uma teoria, ou de 
um campo de ideias nestas, faz-se necessário um olhar sobre o período histórico 
quando de seu nascimento e desenvolvimento.
Tanto mais possa o pesquisador situar, e correlacionar, o pensamento 
analisado em relação às condições sociais, políticas e econômicas quando do seu 
aparecimento, que sejam explicativas deste e da dinâmica que leva ao seu apogeu, 
posterior ocaso e consequentes releituras e retomadas, melhor para a compreensão 
do mesmo, este será nosso esforço aqui.
Para entendermos, portanto, o impacto e consequências da Teoria Crítica 
no campo das Ciências Sociais e da Filosofia, voltemo-nos inicialmente para os 
acontecimentos na história que possam lançar luzes sobre seu aparecimento 
e desdobramentos posteriores, procurando demonstrar como a teoria e seus 
formuladores afetaram e foram afetados por seu tempo.
O que se passava então à época da constituição da chamada “Escola 
de Frankfurt”, que influenciou o grupo de pesquisadores e colaboradores do 
Instituto de Pesquisa Social e os levou a desenvolverem este olhar original (ainda 
que inserido na tradição do pensamento ocidental originado com os pensadores 
helênicos), sobre a sociedade de seu tempo?
Devemos, primeiramente, nos voltar para a agitação política na Alemanha 
de após a Primeira Guerra Mundial, nos anos 20 e 30, do século XX.
TÓPICO 1 | RAZÕES HISTÓRICAS DA GÊNESE E DESENVOLVIMENTO DA “TEORIA CRÍTICA”
7
FIGURA 4 – PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
FONTE: Disponível em: <http://www.clickestudante.com/a-primeira-
guerra-mundial.html>. Acesso em: 24 jun. 2013.
O modelo do Estado liberal e as ilusões de que o Estado não deveria intervir 
nas atividades econômicas tinham levado ao crescente monopólio da economia 
(resultando numa mudança de paradigma no capitalismo, representada por uma 
passagem de sua fase concorrencial, de caráter empresarial e de pequena escala, 
para a fase monopolista e imperialista do mesmo). Além disso, a guerra, terminada 
há pouco, havia deixado um legado de crise e desorganização da economia.
UNI
A Revolução Bolchevique, de inspiração marxista, havia tomado o poder pouco 
antes do fim da guerra na Rússia e dava os primeiros passos na construção de uma economia 
planificada e de um modelo de Estado de cunho socialista.
UNIDADE 1 | NASCIMENTO E HISTÓRIA
8
FIGURA 5 – REVOLUÇÃO BOLCHEVIQUE
FONTE: Disponível em: <http://www.blogadao.com/o-que-foi-a-revolucao-
russa/>. Acesso em: 24 jun. 2013.
Estes acontecimentos haviam convencido parte dos intelectuais alemães, 
dos meios universitários e do aparato burocrático do governo, das possibilidades 
concretas de se levar adiante uma socialização da economia e de se construir 
uma sociedade socialista para soerguimento da Alemanha, que sofria sob o forte 
impacto que a guerra causara. 
A Sociologia, nesta época, estava apenas começando a se consolidar no 
espaço acadêmico alemão e no começo dos anos 20 parecia natural às autoridades 
educacionais prussianas um centro de pesquisas onde o marxismo científico fosse 
aplicado ao desenvolvimento de pesquisas de cunho social, em larga extensão 
(WIGGERSHAUS, 2002, p. 51). 
Havia necessidade de uma produção intelectual voltada para a síntese, em 
oposição à crescente especialização da ciência, e isto favorecia o projeto político da 
Sociologia de diferentes matizes, até mesmo daqueles que procuravam atualizar 
o pensamento de Marx (filósofo, economista e historiador alemão que viveu de 
1818 a 1883), visando à sua aplicação na Alemanha (WIGGERSHAUS, 2002, p. 51).
NOTA
Uma vez que a Sociologia, como vimos, trata do ser humano em suas dimensões 
econômicas, políticas, religiosas, éticas, artísticas etc., sendo uma ciência que contempla de 
maneira genérica todos os fenômenos e inter-relações humanas, transcende, portanto, o 
campo de atuação das disciplinas humanas específicas que limitam o seu objeto a um ou 
outro aspecto como a Economia, Política, Antropologia etc. (LAKATOS; MARCONI, 2006, p. 
26).
TÓPICO 1 | RAZÕES HISTÓRICAS DA GÊNESE E DESENVOLVIMENTO DA “TEORIA CRÍTICA”
9
FIGURA 6 – KARL MARX
FONTE: Disponível em: <http://www.revistahistorien.com/marx-
capitalismo.htm>. Acesso em: 24 jun. 2013.
É neste quadro, portanto, que devemos situar e entender a fundação deste 
centro de pesquisa, o Instituto de Pesquisa Social onde teve berço a Teoria Crítica 
da sociedade.
Ao final da década de 20, em 1929, ocorre a chamada “Grande Depressão”, 
uma grave crise do capitalismo, de grandes proporções, que gerou altas taxas de 
desemprego, significativas quedasna produção industrial, no produto interno 
bruto e em todos os indicadores econômicos de diversas nações por todo o mundo.
Como forma de combater a crise, em 1933, o então Presidente Franklin 
Delano Roosevelt (que viveu de 1882 a 1945) propôs uma política conhecida como 
“New Deal”, onde o governo realizou uma série de investimentos na economia, 
de forma a diminuir o desemprego, criou agências governamentais de assistência 
e ajuda social e aprovou leis visando prevenir o surgimento do monopólio, entre 
outras intervenções estatais na economia. 
FIGURA 7 – FRANKLIN DELANO ROOSEVELT
FONTE: Disponível em: <http://price4prez.wikispaces.com/
Franklin+Delano+Roosevelt>. Acesso em: 24 jun. 2013.
UNIDADE 1 | NASCIMENTO E HISTÓRIA
10
Esta nova perspectiva de administração pública e de modelo de Estado 
lançou as bases para o desenvolvimento por Keynes, economista inglês que viveu 
entre 1883 e 1946, de uma teoria de organização estatal, dentro do capitalismo, 
onde o Estado interviria na economia, com os governos se valendo de políticas 
monetárias e fiscais para prevenir, ou mitigar, os efeitos das crises econômicas.
FIGURA 8 – JOHN MAYNARD KEYNES
FONTE: Disponível em: <http://colunas.cbn.globoradio.globo.com/
platb/miltonjung/2011/09/28/keynes-e-melhor-conhecer-o-cara/>. 
Acesso em: 24 jun. 2013.
A partir daí então o Estado assume uma nova feição, chamada de 
“Welfare State”, ou Estado do Bem-Estar Social, onde, através da intervenção na 
economia e de políticas públicas, o Estado procura assegurar o pleno emprego 
e amparar socialmente os trabalhadores, provendo educação, saúde, auxílio aos 
desempregados, aposentadoria etc.
A crise de 1929, a intervenção estatal na economia que decorreu da crise e 
o caráter neutralizador dos movimentos operários das políticas de amparo social, 
que se adotam a partir daí, confirmavam aos financiadores do projeto do Instituto 
de Pesquisa Social do acerto na sua fundação, e levou os pesquisadores ali em 
atividade a se colocarem em relação a estas questões.
Como resultado da crise de modelo do Estado liberal o mundo havia 
conhecido a Primeira Guerra Mundial e sofrido as consequências da “Grande 
Depressão”. Se nos Estados Unidos, na Inglaterra e em outros países isto levou 
ao surgimento daquilo que nós chamamos de Estado de Bem-Estar Social, em 
alguns países europeus isto levou à implementação de modelos de organização 
estatal de cunho autoritário.
No começo da década de 30, a Europa assiste à funesta ascensão, no 
plano político, de regimes autoritários de inspiração fascista e nazista, mais uma 
das consequências da falência do modelo do Estado liberal que havia levado à 
Primeira Guerra Mundial. 
TÓPICO 1 | RAZÕES HISTÓRICAS DA GÊNESE E DESENVOLVIMENTO DA “TEORIA CRÍTICA”
11
FIGURA 9 – MUSSOLINI E HITLER
FONTE: Disponível em: <http://cursinhocnsc.blogspot.com.
br/2008/12/entre-guerras-ascenso-do-fascismo-e-do.html>. Acesso 
em: 24 jun. 2013.
Avessos a todos os outros setores de participação política na sociedade, 
especialmente aqueles de tendências socialistas e comunistas, inspirados por um 
nacionalismo radical, de cunho fortemente autoritário, baseados em modelos 
e princípios que apelavam para o tradicionalismo, pretendendo construir uma 
estrutura econômica integrada, multiclasse e regulada, tendo como base filosófica 
o idealismo e o voluntarismo, intencionando criar uma nova cultura secular, 
autodeterminada, fortemente calcada em uma estética própria que se funda 
em símbolos, bandeiras, estandartes e outros, de caráter místico e romântico, 
exaltando a violência e a dominação masculina, lançando mão da manipulação 
da histeria e medo das massas, para com isso conseguir sua militarização e total 
adesão ao projeto do regime (que se torna então o projeto da nação e da sociedade), 
os modelos dos regimes fascista e nazista rapidamente se espalharam por vários 
países da Europa e até da América do Sul.
Era notória, porém, a rejeição tanto do conservadorismo de caráter 
elitista da direita tradicional no plano social, cultural e econômico, quanto do 
igualitarismo e internacionalismo da esquerda, clamando representar todas as 
classes da sociedade, especialmente as mais numerosas, mas sendo acusados pelos 
marxistas de defenderem os interesses dos setores mais reacionários, violentos 
e monopolistas da burguesia, os regimes de cunho nazifascista na realidade 
encontravam sua maior base de apoio na classe média baixa das sociedades onde 
prosperaram (especialmente funcionários públicos, militares e setores periféricos 
da intelectualidade de direita). A adesão dos trabalhadores urbanos, a face mais 
avançada do proletariado, mesmo na Itália e Alemanha, era mínima (PAYNE apud 
KUPER; KUPER, 1999, p. 291).
UNIDADE 1 | NASCIMENTO E HISTÓRIA
12
Dificilmente se poderia minimizar o impacto da ascensão do nazismo 
na Alemanha sobre o Instituto de Pesquisa Social e seus pesquisadores e 
colaboradores. Ora, tratava-se de um centro de produção do pensamento 
marxista, onde a maioria dos pesquisadores tinha origem na alta burguesia 
judaica alemã! Como outros pensadores da época os colaboradores do Instituto 
de Pesquisa Social tiveram que refletir sobre o autoritarismo e outras questões 
ligadas ao nazismo, como veremos adiante.
FIGURA 10 – PRISIONEIROS DE UM CAMPO DE CONCENTRAÇÃO NAZISTA
FONTE: Disponível em: <http://www.barreirasnoticias.com/2013/04/horror-do-
holocausto-em-fotografias.html>. Acesso em: 24 jun. 2013.
Paralelamente à instalação de regimes totalitários de caráter nazifascista 
que se espalhava pelo mundo, no leste da Europa, como resultado da Revolução 
Russa, da formação da União Soviética e do processo de sucessão de seu líder, 
recém-morto, Lênin (que viveu de 1870 a 1926), o mundo assistia à época a uma 
progressiva burocratização do regime soviético e a instalação das políticas de 
Estado e práticas deste, propostas por Stálin (nascido em 1879, foi secretário-geral 
do Partido Comunista da União Soviética e membro do Comitê Central a partir de 
1922, até a sua morte em 1953), processo que ficou conhecido como stalinização.
TÓPICO 1 | RAZÕES HISTÓRICAS DA GÊNESE E DESENVOLVIMENTO DA “TEORIA CRÍTICA”
13
FIGURA 11 – LÊNIN E STÁLIN
FONTE: Disponível em: <http://www.history.com/photos/cold-war-
communist-leaders/photo1>. Acesso em: 24 jun. 2013.
A opção pela consolidação do socialismo na Rússia e a derrota da visão 
de Trotsky (que foi ministro para os Negócios Estrangeiros do regime soviético, 
criou e comandou o Exército Vermelho e foi membro do comitê executivo do 
Partido Comunista da União Soviética, tendo vivido de 1879 até 1940) de 
“Revolução Permanente”, que pregava a internacionalização da Revolução Russa 
e uma atitude de permanente confronto com o sistema capitalista (fomentando 
e apoiando as revoltas dos trabalhadores na Europa Ocidental e no mundo) 
levaram os partidos comunistas do Ocidente a adotar um caráter reformista.
FIGURA 12 – TROTSKY
FONTE: Disponível em: <http://www.marxists.org/archive/
trotsky/1930/mylife/>. Acesso em: 24 jun. 2013.
A necessidade de implantação, a nível nacional, de uma economia 
planificada de larga escala e de caráter socialista havia resultado na produção na 
União Soviética de um vasto corpo burocrático (com membros cooptados às vezes 
até mesmo entre indivíduos sem compromisso com o ideário revolucionário e que, 
UNIDADE 1 | NASCIMENTO E HISTÓRIA
14
em alguns casos, tinham inclusive um passado de participação no regime czarista 
recém-deposto) e de todo um aparato político e social de caráter policial-militar, 
destinado ao controle social e político da sociedade, que restringia a liberdade 
dos cidadãos e os submetia a um rígido controle por parte do Partido Comunista, 
única via possível de participação e representação dos trabalhadores nos processos 
decisórios que os afetavam.
Este quadro levou, na sociedade soviética, à constituição de uma 
estrutura administrativa que, por sua própria dinâmica de reprodução social, 
gerava privilégios para aquelessetores da elite da burocracia (burocracia esta 
criada no processo de socialização da sociedade russa) que eram encarregados 
pela redistribuição da riqueza gerada pela economia socialista, que se fomentava 
então, e pela pureza ideológica do regime.
A elaboração da teoria marxista na Rússia, atendendo as diretrizes impostas 
por Stálin, serviu de justificativa para um processo de acelerada industrialização, 
através de um forte planejamento da economia e com a promoção de uma 
coletivização forçada no campo e que, vendo um problema para a questão de 
classe, na perspectiva da teoria de Marx, na discussão do papel do nacionalismo 
e da afirmação étnica, levou centenas de milhares de pessoas de diferentes povos 
dentro das fronteiras da URSS ao deslocamento forçado e à fome, entre outras 
violências cometidas pelo regime, incluindo aí o culto à personalidade de Stálin, a 
perseguição política feroz aos opositores do governo, com constantes e sangrentos 
expurgos de membros do próprio Partido Comunista, promovendo inclusive o 
assassinato de Trotsky no exílio. 
Estes acontecimentos citados, em relação à União das Repúblicas 
Socialistas Soviéticas (URSS) do período, repercutiram fortemente na produção 
de uma Teoria Crítica da sociedade elaborada à época no Instituto de Pesquisa 
Social, tendo em vista a formulação teórica proposta por este se pretender 
marxista e procurar manter independência em relação aos partidos comunistas, 
dado que eles se mostravam então largamente atrelados à perspectiva stalinista 
do pensamento de Marx.
NOTA
A elaboração da teoria marxista na Rússia foi introduzida por Plekhanov, no final 
do século XIX, pensador que, apesar de haver sido crítico da revolução bolchevique, teve suas 
obras publicadas e divulgadas pelo regime soviético. Teórico, ele destacava em seu trabalho 
“A Concepção Materialista da História”, Ed. Vitória, 1956, o papel fundamental no pensamento 
de Marx da primazia das relações de produção como determinantes das demais relações 
sociais entre os seres humanos, sendo as relações de produção condicionadas pelo estado 
das forças produtivas.
TÓPICO 1 | RAZÕES HISTÓRICAS DA GÊNESE E DESENVOLVIMENTO DA “TEORIA CRÍTICA”
15
Outros acontecimentos históricos do período que se mostraram 
fundamentais para o entendimento da produção teórica da Sociologia Crítica 
foram a emergência e a crescente relevância da mídia de massa e da cultura de 
massa. Embora possamos traçar a origem da mídia de massa ao primeiro jornal 
impresso de larga circulação, já no século XVII, é a partir da década de 30 do 
século XX, com a introdução e disseminação de novas tecnologias audiovisuais, 
o que vinha ocorrendo desde meados do século XIX, que os teóricos do social se 
debruçam com mais atenção sobre este fenômeno.
Podemos ligar a emergência e popularização da primeira expressão da 
mídia de massa, o jornal, ao processo de ascensão da burguesia à classe dominante, 
a quem este serviu em suas atividades políticas, culturais e comerciais. 
O jornal, de fato, foi um instrumento nas lutas políticas e econômicas desta 
classe social, promovendo o liberalismo econômico, o sistema de representação 
parlamentar constitucionalista, o centralismo burocrático e outros valores 
necessários às mudanças sociais e culturais ligadas à consolidação do capitalismo.
FIGURA 13 – PRENSA DE JORNAL DO SÉCULO XIX
FONTE: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/
junho/dia-nacional-da-imprensa-8.php>. Acesso em: 24 jun. 2013.
Os novos veículos da mídia de massa que foram se introduzindo, como 
o rádio, o cinema, a televisão etc., não diferiram neste aspecto, mas ampliaram 
ainda mais o alcance na disseminação da ideologia dominante e estenderam a 
diversidade da função social da mídia. Em razão desse processo, ela acaba por ser 
tornar uma nova instituição social. 
A mídia de massa, enquanto instituição capitalista, passa a ser encarregada 
da divulgação de mensagens culturais socialmente produzidas, obedecendo à 
lógica deste sistema econômico baseado no mercado.
UNIDADE 1 | NASCIMENTO E HISTÓRIA
16
Isto se dá (a produção e distribuição destas mensagens) dentro dos limites 
de possibilidades dos grupos sociais que as realizam, constrangidos que são 
pela tecnologia, pela cultura e pelo controle da sociedade exercido por diversas 
instâncias (legais ou do costume). É preciso ainda que estas mensagens estejam em 
demanda por um grande número de indivíduos, uma vez que o caráter público da 
mensagem se articula com o anonimato do receptor das mensagens e sua liberdade 
de acessá-las ou não, ou seja, as mensagens são uma mercadoria.
Encarada por alguns pensadores como impessoal, uniforme, anônima 
e nivelada por baixo em suas formulações, a mídia de massa sempre provocou 
desconfiança quanto às possibilidades de servir a manipulação da população, de 
ser capaz de submeter o indivíduo à vontade de interesses que lhe são estranhos 
e de levá-lo a adotar crenças e práticas ao bel prazer do emissor das mensagens 
veiculadas.
 
Em termos cognitivos, o que aprendemos na mídia de massa hoje, de acordo 
com os especialistas na matéria, seria: o que é normal ou aprovado, o que é certo 
ou errado, o que esperar de um determinado indivíduo, grupo ou classe social e 
como devemos ver outras etnias, povos e nações, constituindo-se um importante 
instrumento de socialização na contemporaneidade.
Além disso, a sociedade, as instituições sociais e os indivíduos 
presentemente mostram uma enorme dependência da mídia de massa. 
FIGURA 14 – A FAMÍLIA, ASSISTINDO TV, NÃO MAIS DIALOGA 
FONTE: Disponível em: <http://clarkkenty.blogspot.com.br/2011/01/
televisao.html>. Acesso em: 24 jun. 2013.
É através da mídia que se acessam a informação e os serviços culturais, 
mediando uma vasta extensão de relações sociais, tanto entre os diferentes grupos 
que compõem a sociedade, quanto até mesmo entre Estados-Nações e blocos de 
nações (MCQUAIL apud KUPER; KUPER, 1999, p. 512).
TÓPICO 1 | RAZÕES HISTÓRICAS DA GÊNESE E DESENVOLVIMENTO DA “TEORIA CRÍTICA”
17
A produção da cultura de massa está diretamente ligada à existência da 
mídia de massa e consiste numa massificação do discurso da ideologia dominante, 
adaptando-o a uma ampla variação de idades mentais e níveis de conhecimento, 
reduzindo-o a mensagens uniformizadas, de fácil entendimento e de acordo com 
o senso comum.
Na visão de Lakatos e Marconi (2006, p. 117), a cultura de massa seria 
assim “[...] o resíduo de todas as mensagens em que há o predomínio da 
informação sobre a comunicação [...]”. Característica fundamental da cultura de 
massa é sua unidirecionalidade, sendo imposta aos indivíduos sem que haja a 
possibilidade de interferência destes no processo de sua produção. A cultura de 
massa assim não compartilha o saber, pois simplesmente veicula mensagens sem 
haver possibilidades de retorno do receptor. 
Estas mensagens consistem num discurso dirigido a todos indistintamente, 
discurso esse de caráter alienante e ordenador, sedimentando formas de saber 
destinadas a induzir condutas, motivações e ideologias, consumidas sem 
possibilidade de contestação ou reflexão por parte dos receptores. 
A massificação da cultura levaria assim a um engessamento da dinâmica 
criadora da arte, resultando na consagração e reificação de mitos, costumes e 
expressões, que são resultado da popularização de uma linguagem atrelada a um 
saber produzido em outros centros, na elite informadora, a uma massa receptora 
passiva.
No debate desta questão chama-se a atenção para a relação estabelecida na 
simplificação e alienação que caracteriza a cultura de massa e a formação de um 
indivíduo, ele mesmo incapaz de realizar a crítica dos conteúdos disseminados 
por ela, idiotizado que está pela mediocridade da mesma.
Preocupados que estavam com a relação que se dava entre as condições 
infraestruturais da sociedade, isto é, com a estrutura econômica, formada pelas 
relações de produção e forças produtivas, e o componente superestrutural da 
sociedade,especialmente no aspecto ligado à sua estrutura ideológica, a saber: a 
arte, a religião, a filosofia, o discurso científico e outros componentes semelhantes, 
a Teoria Crítica refletiu largamente sobre as questões colocadas e relativas ao 
papel da mídia de massa e da cultura de massa.
Com isto acreditamos ter mapeado os principais acontecimentos da história 
que se relacionam com a produção do saber que levou à gênese da Sociologia Crítica 
através do Instituto de Pesquisa Social e aquilo que ficou posteriormente conhecido 
como “Escola de Frankfurt”.
UNIDADE 1 | NASCIMENTO E HISTÓRIA
18
3 CONTINUIDADE TEÓRICA
Agora é preciso ver quais as fontes e mananciais teóricos que informaram, 
não só o conteúdo e enfoque dos questionamentos colocados pela Teoria Crítica, 
mas que possibilitaram o nascimento deste discurso explicativo do humano e lhe 
deram limites e parâmetros. 
Quais os pensadores e com que teorias e conceitos eles colaboraram 
para a formação da Teoria Crítica serão o objeto de nossa atenção neste item. 
Primeiramente devemos voltar nosso olhar para o pensamento de Kant e aquilo 
que ficou conhecido como “criticismo kantiano”.
Kant, filósofo nascido na Prússia e que viveu entre 1724 e 1804, produziu 
suas grandes obras, “A Crítica da Razão Pura”, “A Crítica da Razão Prática” e 
“A Crítica do Juízo”, entre os anos de 1781 e 1790, coincidindo com uma fase 
do Iluminismo onde se valorizava uma atitude crítica por parte do indivíduo, 
articulada que estava à independência, reflexão e capacidade de pensar por si 
próprio (através do livre exame fundamentado na realidade e não no estabelecido 
pela tradição), valores que eram promovidos pelos filósofos do movimento na 
época (ROHDEN apud REZENDE, 2005, p. 127).
FIGURA 15 – KANT
FONTE: Disponível em: <http://elamigodelasabiduria.blogspot.
com.br/2013/06/imperativo-categorico.html>. Acesso em: 24 
jun. 2013.
Embora estivesse vinculado ao projeto iluminista, Kant, desenvolvendo o 
pensamento crítico, não reificou seu tempo como sendo o do ápice da razão, mas 
viu antes os limites das possibilidades desta mesma razão, uma vez que até esta 
deveria se submeter à crítica.
TÓPICO 1 | RAZÕES HISTÓRICAS DA GÊNESE E DESENVOLVIMENTO DA “TEORIA CRÍTICA”
19
De fato, para Kant é fundamental que a razão seja submetida a uma 
análise crítica, como condição necessária para o exercício de sua liberdade, fator 
imprescindível à sua própria existência. 
Uma vez que, em última instância, o veredito da razão, na visão 
kantiana, é produto do consenso dos cidadãos livres, estes devem externar sem 
constrangimentos suas objeções e seus vetos a ela. A crítica à razão serviria assim 
como uma maneira de solucionar os conflitos da razão, instaurando um processo 
que impediria o desenvolvimento do dogmatismo e promoveria o debate 
esclarecedor das dúvidas e problemas da razão. 
Kant acredita na possibilidade da razão de livrar o ser humano da ilusão 
das crenças, opiniões e tradições, trazendo-lhe autonomia e possibilitando o 
exercício da liberdade. 
Preocupado que está na questão de como se dá o conhecimento, propõe 
uma síntese, na qual haveria, segundo ele, duas formas de se conhecer o real: 
uma empírica, fruto da experiência, e, portanto, a posteriori, ou seja, posterior à 
experiência, e outra independente dos sentidos, produto de uma operação racional 
do pensamento, e, desta forma, que precede a experiência, um conhecimento 
puro que se dá a priori, isto é, antes da experiência.
Daí decorre que na visão kantiana existem limites para o conhecimento. 
Este resulta da relação entre o sujeito que conhece e que obedece a suas estruturas 
internas a priori, e o objeto do conhecimento, que é apreendido pelos sentidos, e, 
portanto, externo ao agente. 
Isto faz com que não possamos conhecer as coisas nelas mesmas, ou seja, 
o ser em si, mas somente as coisas tais como as percebemos, isto é, o ser para nós. 
Nosso conhecimento seria assim condicionado pelas nossas estruturas 
mentais, estas seriam de duas ordens: da experiência (formas a priori da sensibilidade, 
como o tempo e o espaço) e do entendimento (formas a priori do entendimento, a 
saber: as categorias que existem enquanto conceitos puros no entendimento, que 
serão as bases utilizadas para a emissão dos juízos de valor, consistindo em causa, 
necessidade, relação e outros.) (KANT, 1999, p. 35-67).
Esta possibilidade aventada por Kant, da razão se desdobrar sobre ela 
mesma para realizar a sua própria crítica, foi fundamental para traçar os limites 
do alcance das elaborações teóricas do pensamento desenvolvido no Instituto de 
Pesquisa Social e nas reflexões que estes produziram sobre o Iluminismo e seu 
projeto ideológico.
Outro pensador alemão, que contribuiu de maneira significativa com 
suas ideias na formação daquele pensamento que denominamos aqui de Teoria 
Crítica, foi Hegel, filósofo alemão que viveu entre 1770 e 1831. Tratemos agora de 
seu pensamento e dos conceitos que ele desenvolveu que formaram a produção 
intelectual da Escola de Frankfurt.
UNIDADE 1 | NASCIMENTO E HISTÓRIA
20
FIGURA 16 – HEGEL
FONTE: Disponível em: <http://transhumantraditionalism.blogspot.
com.br/2013/04/interview-with-right-hegelian-summary.html>. 
Acesso em: 24 jun. 2013.
Hegel criticava a visão de Kant, pelo seu ceticismo, expresso na ideia 
da impossibilidade de se conhecer as coisas em si. Hegel argumenta, em 
contraposição, que a verdadeira realidade é a razão, onde as contradições sujeito-
objeto se integrariam, levando à unidade e universalidade do conhecimento 
(HEGEL apud ARANTES, 1999). 
Hegel procurava assim, através de uma razão idealizada, conciliar a 
filosofia com a realidade, fazendo do pensamento, na visão de Marcuse (sociólogo 
e filósofo alemão que viveu de 1898 a 1979), “um refúgio da razão e da liberdade”. 
(HEGEL apud ARANTES, 1999, p. 36). 
Hegel via o real como sendo racional, isto é, para ele haveria racionalidade 
na realidade, e a razão, por sua vez, possuiria realidade ou se confundiria com 
esta.
Desta visão decorre a perspectiva hegeliana da história como resultado do 
espírito objetivo do ser humano, sendo este espírito a realização da liberdade dos 
sujeitos na sociedade e estando manifesto o mesmo no direito, na moral e na ética, 
comportando as instâncias da família, da sociedade e do Estado. 
A história consistiria, portanto, no desdobramento deste espírito no 
tempo e obedeceria aos ditames da razão, esta última busca sempre a liberdade, 
materializando assim os sucessivos acontecimentos.
Sob esta perspectiva, Hegel via os conflitos, as guerras e injustiças como 
contradições da história, momentos negativos dentro da dialética que move a 
TÓPICO 1 | RAZÕES HISTÓRICAS DA GÊNESE E DESENVOLVIMENTO DA “TEORIA CRÍTICA”
21
história, e que representariam uma antítese necessária à produção de uma síntese, 
que seria sua superação. Para compreendermos esta visão, é preciso entender a 
concepção hegeliana da dialética, vista como a própria natureza do pensamento 
e expressão de como este procede. 
Para Hegel a dialética é a realidade do real, estando presente em todos os 
fenômenos e nas possibilidades de explicações de natureza científica para estes, 
consistindo num movimento formado por uma tríade composta pela formulação 
de uma tese, sua contraposição a uma antítese e a posterior produção de uma 
síntese que supera as duas anteriores.
A realidade concebe Hegel como algo dotado de espírito, um sujeito, 
com vida própria e capacidade de atuar, entendê-la como tal seria perceber 
seu movimento e processo, enquanto devir. Este movimento se caracteriza pela 
especificidade de se dar através de contradições que se superam a si mesmas 
continuamente. Cada momento aparece, portanto, como consequência do anterior 
e determina o seguinte, através de contínuas superações e embates que geram a 
negação dos momentos anteriores. 
A realidade, desta forma, tem um dinamismo inerente, sendo feita 
de momentos que se contradizem mutuamente, mas sem perderem sua 
unidade,levando a um desenvolvimento contínuo, através da superação de 
suas contradições. A dialética hegeliana assim se configura como descritiva do 
movimento real das coisas procedendo em três etapas: o do ser em si, o do ser 
outro, ou fora de si, e o do ser para si, chamados de tese, antítese e síntese.
Embora tido como idealista, Hegel estava interessado antes de tudo no 
fenômeno sociológico. Tentando usar a filosofia para expor a lógica da pretensão 
do ser humano moderno à liberdade e autorrealização, racionalizando o moderno 
Estado democrático, Hegel se configura como um dos mais importantes filósofos 
na constituição da moderna consciência europeia.
Sua visão, acerca da civilização industrial e comercial, é profundamente 
crítica e bastante próxima de uma dialética proposta para desenvolver plenamente 
as contradições inerentes em todas as verdades parciais, aplicando-se a mesma 
não só ao pensamento, mas à própria realidade do que é pensado, o que reveste 
sua contribuição de importância para o desenvolvimento da Teoria Crítica. 
Entretanto é preciso perceber que a dialética hegeliana é reinterpretada por Marx, 
outro autor fundamental para a constituição da Teoria Crítica e de quem nos 
ocuparemos agora.
De fato, Marx afirmava que sua dialética era não só diferente da hegeliana, 
como também era sua “antítese direta”. Apesar de louvar em Hegel por ter sido 
pioneiro em explicitar o método dialético, Marx chamava atenção para o fato de 
ser necessário evidenciar a racionalidade deste e afastar toda sua mistificação.
UNIDADE 1 | NASCIMENTO E HISTÓRIA
22
FIGURA 17 – MARX QUANDO JOVEM
FONTE: Disponível em: <http://rafazanatta.blogspot.com.
br/2010/11/o-jovem-marx-e-questao-dos-direitos.html>. 
Acesso em: 24 jun. 2013.
Marx, ao contrário de Hegel, acreditava que a dialética não deve servir à 
legitimação e à ordem existente, mas antes levar à compreensão das possibilidades 
de negação e, portanto, de superação que se coloca à realidade, em função desta 
negação. Em Marx a história não caminha por si só em razão do espírito objetivo 
da humanidade (como em Hegel), mas antes é produto das atividades dos seres 
humanos em busca de suas metas.
É, pois, a dialética, tal como concebida por Marx, que permite a 
compreensão do movimento da história. Ela se move como resultado da ação dos 
seres humanos (ação esta que interfere no processo histórico) e das contradições 
inerentes a suas diferentes etapas, uma vez que no pensamento marxista cada 
etapa histórica traz em si o germe de sua transformação, na figura da luta de 
classes. Marx vê na luta de classes (o conflito inerente entre as classes antagônicas 
que constituem uma dada sociedade) como o motor da história.
Compreendendo a história a partir das condições materiais dos indivíduos 
que compõem a sociedade, e vendo estes indivíduos como produto das relações 
sociais, relações sociais estas que são determinadas pela maneira concreta pela 
qual os seres humanos transformam a natureza através do trabalho e produzem 
os meios necessários para sua reprodução, Marx desenvolve uma perspectiva 
chamada de Materialismo Histórico.
A este conceito articula-se o postulado básico do pensamento marxista, 
que consiste no determinismo econômico, pelo qual decorre serem as condições 
econômicas que determinam a estrutura das transformações sociais que geram as 
mudanças na sociedade.
Como vimos em Marx, as relações sociais produzem os seres humanos, 
estas, entretanto, são determinadas pelos modos de produção. 
TÓPICO 1 | RAZÕES HISTÓRICAS DA GÊNESE E DESENVOLVIMENTO DA “TEORIA CRÍTICA”
23
De acordo com Lakatos e Marconi (2006, p. 47-48), em Marx há a ideia de 
que, procurando satisfazer suas necessidades, os indivíduos agem e transformam 
o meio natural, criando neste processo relações técnicas de produção. Entretanto, 
ao fazerem isso, não estão isolados, ao produzirem, distribuírem e consumirem 
os bens de que necessitam os indivíduos, relacionam-se uns com os outros, o 
que origina as relações de produção. Tomadas em seu conjunto e vistas como 
um sistema estruturante, as relações de produção levam à constituição de um 
modo de produção. Desenvolvendo relações técnicas de produção, através 
do processo de trabalho (que congrega a força humana, as ferramentas e as 
máquinas), os indivíduos dão origem a forças produtivas. Estas, por sua vez, 
engendram um sistema de produção específico, uma configuração própria do 
sistema de distribuição, circulação e consumo dos bens. O sistema de produção 
por seu turno resulta em uma divisão de trabalho que, no sistema capitalista, 
seria entre proprietários e não proprietários dos meios de produção. O choque e 
antagonismo entre as forças produtivas e os proprietários dos meios de produção 
determinariam assim a mudança social.
Marx foi o primeiro pensador a perceber a questão de que o lucro do 
capitalista repousa na exploração do sobretrabalho, ou mais-valia, ou seja, no 
fato de o empresário capitalista remunerar o trabalhador com um salário aquém 
do valor social do seu trabalho, apropriando-se assim do valor das horas a mais 
que este trabalha para além do valor que recebe. 
Marx chamava atenção ainda para o fato de que, no capitalismo, o 
trabalho, longe de representar um elemento de autoconstrução do ser humano, 
como via Hegel, era um fator de alienação do indivíduo, que, após transferir, 
pelo seu trabalho, suas potencialidades aos bens que produzia, deixava de se 
identificar nestes, uma vez que eles não lhe pertencem, sendo-lhe estranhos, tanto 
no plano econômico, quanto no social e psicológico. Sendo externo ao trabalhador, 
não fazendo parte de sua personalidade, o trabalho alienado assim não traz a 
realização do trabalhador, mas antes o nega. Imposto e forçado, este trabalho se 
apresenta como um sofrimento para o trabalhador, pois não pertence a ele e sim 
ao dono da produção, o proprietário capitalista.
Importante também, no pensamento marxista, é sua visão da primazia da 
infraestrutura sobre a superestrutura, de que já falamos anteriormente, onde as 
condições formadas pelas relações de produção e forças produtivas determinam 
tanto a estrutura jurídico-política da sociedade, quanto seu componente ideológico, 
componente este que serve de justificativa do real e se forma pelo conjunto de 
concepções, ideias e interesses da classe dominante naquela sociedade. Marx 
critica assim a ideologia burguesa, que atende, no modo de produção capitalista, 
aos interesses de mistificação desta classe social, justificando e reificando a ordem 
existente e sua dominação sobre o proletariado. 
Apesar de sua visão materialista da história, Marx, entretanto, acreditava 
que ela tinha uma direção e chegaria a um fim. O fim da história, ou seja, do 
suceder de transformações sociais que levam às mudanças nos meios de produção, 
UNIDADE 1 | NASCIMENTO E HISTÓRIA
24
seria quando a humanidade conseguisse engendrar uma sociedade sem classes, 
uma sociedade comunista. Para tal ele preconizava a tomada de poder pela classe 
revolucionária no capitalismo, que a seu ver era o proletariado, e a instalação 
de um modelo redistributivo de Estado, chamado socialista, que, depois de 
transformar o sistema capitalista como um todo, poderia então passar ao estágio 
seguinte: o fim da história com a instalação da sociedade sem classes, a sociedade 
comunista.
Sendo um pensamento que se insere na tradição da reflexão marxista da 
história, a Teoria Crítica se funda nestes e em outros conceitos de Marx, porém não 
deixou de fazer a crítica do mesmo e de tentar fazê-lo avançar, tanto incorporando 
ideias e conceitos de pensadores do social posteriores, como também dando 
contribuições originais a este pensamento.
Um destes pensadores foi Max Weber (jurista, economista e sociólogo 
alemão que viveu de 1864 a 1920). Vejamos então quais as contribuições de suas 
teorias e propostas metodológicas para o campo da Sociologia Crítica através da 
Escola de Frankfurt.
FIGURA 18 – MAX WEBER
FONTE: Disponível em: <http://war.wikipedia.org/wiki/Max_Weber>. Acesso em: 24 jun. 2013.
Weber acreditava que se abria para a Sociologia uma possibilidade 
vedada às outras ciências. Esta possibilidade consistia em conhecer os fenômenos 
que a disciplina se propunha estudar (e que em Weber era fundamentalmente a 
ação social), por dentro, isto em função de compartilharmos da natureza destes 
fenômenos, uma vez que estamos diretamente conscientes de nossas ações, sendo 
estas subjetivas e dependendo de critérios internos aos indivíduos. 
TÓPICO 1 | RAZÕES HISTÓRICAS DA GÊNESE E DESENVOLVIMENTO DA “TEORIA CRÍTICA”
25
Assim era possível não só descrever mecanicamente as ações dos 
indivíduos, mas conhecer suas intenções nas ações que empreendiam. Para tal 
Weber desenvolveu o conceito de verstehende, que consistia numa ferramenta de 
análise, não empírica e não positivista, capaz de, através de um exame empático e 
participatório da ação, levar o pesquisador a compreender os motivos subjacentes 
nas diferentes ações dos diversos indivíduos. Weber trouxe assim o método 
hermenêutico para as ciências sociais. 
Weber era profundamente crítico do rápido processo de industrialização 
pelo qual a Europa passava em seu tempo e também da constituição da própria 
modernidade, que se articulava com a expansão do capitalismo. Ele havia 
percebido a profunda ambivalência do projeto da modernidade, que em sua 
opinião não apresentava uma orientação firme de como as pessoas poderiam 
estabelecer um sentido compreensivo para suas existências. 
Pelo contrário, percebendo o extremo poder da burocracia que se impunha 
(indispensável para a organização das sociedades industriais modernas), Weber 
chamava atenção para o fato de que isto estava ligado à diminuição do poder 
político do cidadão e substituía todo o seu potencial criativo por uma rotina de 
relações funcionais. 
Weber denuncia assim o caráter burocrático-racional da dominação 
na sociedade capitalista. O Estado, na concepção weberiana, funda-se na força 
e consiste numa comunidade humana que pretende, e tem sucesso nisso, o 
monopólio legitimado do uso da violência. Sendo o Estado, para Weber, uma 
relação de indivíduos dominando outros (através do uso legítimo da força) 
e se configurando enquanto associação compulsória, destinada a organizar a 
dominação, o Estado necessita, para tal, do reconhecimento de sua autoridade. 
Na sociedade capitalista esta dominação se basearia, de acordo com 
Weber, na legitimação legal, expressa nas leis e regras racionalmente elaboradas, 
e na competência funcional dos membros do aparato burocrático. Dentro desta 
perspectiva o Estado, em Weber, se configura como mais uma organização 
burocrática da sociedade moderna.
Em sua análise do capitalismo, Weber destaca ainda que este tem sua 
especificidade caracterizada por uma organização do trabalho voltada para a 
busca do lucro através do trabalho sistemático, características que o mesmo 
atribui a raízes religiosas, e, portanto, do âmbito da superestrutura, sendo estas, 
na visão do autor, da esfera da ética das relações econômicas.
Weber credita ao calvinismo e sua doutrina de predestinação (sendo o 
sinal desta a prosperidade financeira) a ideia de se dedicar ao trabalho e reinvestir 
a riqueza produzida (em vez de dissipá-la nos prazeres mundanos), o fator que 
levou ao desenvolvimento desta perspectiva: trabalho duro e busca do lucro, 
fundamentais para a constituição do capitalismo. 
UNIDADE 1 | NASCIMENTO E HISTÓRIA
26
Weber chama assim a atenção para o fato de que, no entendimento do 
capitalismo, é necessário não só lançar o olhar para as formas da sua economia 
mas também para a ética que a permeia.
Em Weber a história tem papel fundamental para a compreensão da 
sociedade, sendo a pesquisa histórica necessária para o entendimento das 
diferenças sociais. Weber, entretanto, não acreditava que a sucessão de fatos 
históricos por si própria fizesse sentido, era preciso que o pesquisador tivesse uma 
compreensão deles, através de um esforço interpretativo, dando-lhes sentido.
Em seus estudos, Weber tentou definir a especificidade da civilização 
ocidental e como as diferentes configurações de sociedades são capazes de 
fornecer sentido às vidas e ações dos indivíduos que a compõem, procurando 
também fazer uma análise histórico-comparativa das formas de dominação e da 
racionalidade própria do Ocidente (KALBERG apud KUPER; KUPER, 1999, p. 
906-910). 
Outro pensador que serviu de fonte teórica para os estudos desenvolvidos 
no Instituto de Pesquisa Social foi Freud (austríaco, médico e fundador da 
psicanálise, que viveu de 1856 a 1939) e é dele que trataremos a seguir.
FIGURA 19 – SIGMUND FREUD
FONTE: Disponível em: <http://ponderthat.net/3-top-psychologists-
that-influence-today/>. Acesso em: 24 jun. 2013.
Freud em seus trabalhos delineou uma cartografia da mente dividindo 
nosso aparelho psíquico em três instâncias diversas, a saber; o id, o ego e o 
superego, chamando atenção para o fato de que a maior parte da vida de nossa 
psique reside em processos inconscientes. O inconsciente, entretanto, não só 
determina o consciente, como é parte significativa de nossa personalidade.
TÓPICO 1 | RAZÕES HISTÓRICAS DA GÊNESE E DESENVOLVIMENTO DA “TEORIA CRÍTICA”
27
Segundo a concepção freudiana, o id estaria presente desde o nascimento 
e consistiria na instância primeira da psique. O id seria regido pelas pulsões, isto 
é, pelos impulsos do corpo e pelos desejos inconscientes mais básicos, primitivos 
e instintivos, notadamente a sexualidade (chamada por Freud de libido), e seria 
governado pelo princípio do prazer, segundo o qual se busca aquilo que traz a 
satisfação e se evita o que a impede. O id assim desconheceria as imposições do 
real, as normas e regras sociais, buscando fazer com que o indivíduo satisfaça de 
forma imediata seus impulsos, a qualquer custo. A área de atuação do id seria 
os sonhos, vistos como uma forma pura do inconsciente, e sendo o mesmo causa 
oculta, tanto do pensamento, quanto da conduta humana.
Já o superego, também do domínio do inconsciente, estabelece relação 
com a realidade externa ao indivíduo, ao censurar e controlar aqueles impulsos 
instintivos do id, sendo ele mesmo, o superego, um produto do processo de 
socialização, que introjeta no indivíduo as regras e normas do grupo social e 
familiar ao qual pertence, aprendendo então as condutas socialmente aceitas, 
que formarão o núcleo das forças inconscientes responsáveis pela repressão 
aos impulsos do id que entram em choque com as regras sociais. O superego 
constituirá, assim, não só a consciência moral do indivíduo, como também sua 
própria idealização, ou seja, sua autoimagem, produto da aprovação social ao seu 
comportamento.
Por fim temos o ego, a instância consciente, ou em vias de se tornar 
consciente, da vida de nossa psique, que está presente em nossas interações sociais 
e com o mundo e que, não obstante receber pressões das dimensões inconscientes 
anteriormente vistas, a saber: o id e o superego, rege-se pelo princípio de realidade, 
contrabalançando as imposições de satisfação imediatas dos desejos impostas pelo 
id. O ego assim capacita o indivíduo a lidar com as demandas da realidade e medeia 
os conflitos entre seus desejos internos e seu senso moral.
FIGURA 20 – O ID, O SUPEREGO E O EGO
FONTE: Disponível em: <http://tremdos7.wordpress.com/2013/01/19/id-ego-e-
superego-superficialidade-e-medo/>. Acesso em: 24 jun. 2013.
UNIDADE 1 | NASCIMENTO E HISTÓRIA
28
A partir de estudos clínicos de casos de histeria, Freud desenvolveu a 
perspectiva de que os traumas, neuroses e muitos dos problemas mentais que 
os indivíduos apresentam eram causados pela repressão do impulso sexual na 
infância. 
Segundo Freud, a energia sexual, que ele chamou de libido, passa por 
diferentes fases ao longo do desenvolvimento psicossexual da criança. Haveria 
uma fase oral, quando o bebê sente prazer em sugar, seja o seio da mãe seja a 
chupeta, uma fase anal, quando a criança aprende a controlar o esfínctere sua 
defecação, e, por fim a fase fálica, quando a criança começa a manipular seus 
genitais. Durante estas fases a criança dirige sua sexualidade ainda ao seu ego. 
Na etapa seguinte do desenvolvimento infantil a libido é investida pela primeira 
vez para além do ego, aí então no progenitor de sexo diferente do da criança.
Freud sustenta em suas obras a ideia da existência do que chamou de 
“Complexo de Édipo”, uma preferência velada do filho pela mãe e uma aversão 
pelo pai (e vice-versa, isto é, preferência da filha pelo pai e rejeição pela mãe), 
que cessaria a partir da identificação da criança com o pai e, portanto, com a 
sua inserção na cultura e a realização de sua diferenciação em relação aos pais, 
levando à sua constituição enquanto sujeito e inaugurando o fim do reinado dos 
impulsos e instintos, com a crescente racionalização e coerência da pessoa, através 
do controle do superego.
O pensamento de Freud possibilita uma crítica à estrutura repressora 
da sociedade moderna, através do uso do conceito denominado princípio de 
realidade, que, como vimos, rege o ego e que é passível de provocar no indivíduo 
uma neurose resultante das tensões de seu cotidiano e das imposições sociais, 
dentro da perspectiva de que o superego é histórica, social e culturalmente 
produzido. 
Suas obras forneceram também, pelas contribuições teóricas que 
trouxeram, ferramentas para o estudo, pela Teoria Crítica, das bases do 
comportamento irracional e do autoritarismo (POLLOCK apud KUPER; KUPER, 
1999, p. 316-318).
Terminando com Freud, acreditamos ter relacionado e destacado os 
principais pensadores que, através de suas contribuições, formaram o manancial 
teórico de que falávamos que veio a formar a matéria-prima do pensamento 
crítico que constitui a Sociologia Crítica. Com isto fechamos este primeiro tópico.
29
Começamos nosso texto chamando atenção para o fato de ser a Sociologia 
a ciência social que mais deve o seu projeto à modernidade. Tendo que explicar 
a relação entre o indivíduo e a sociedade, a Sociologia surge como parte do 
processo de racionalização e positivação do mundo. Entendemos este como 
resultado do projeto dos filósofos iluministas e do avanço da ciência durante a 
Revolução Industrial. Comprometida com a nova ordem, a Sociologia, ao expor 
a artificialidade e arbitrariedade das instituições sociais, acaba dando espaço 
para a crítica social, o que levou, ao longo do processo histórico da disciplina, 
ao surgimento da Sociologia Crítica. Esta passa a questionar certos paradigmas, 
como a razão e o positivismo científico, faz a denúncia das contradições do sistema 
capitalista e propõe novos modelos destinados a servir de estímulo revolucionário 
às mudanças sociais. Relacionamos então o surgimento deste campo de 
pensamento à produção teórica do Instituto de Pesquisa Social, onde teve gênese 
a Teoria Crítica. Passamos então a relacionar aqueles acontecimentos históricos 
que, a nosso ver, exerceram alguma influência no pensamento do que se costuma 
designar Escola de Frankfurt. Seriam estes: a falência do Estado liberal, que levou 
à Primeira Guerra Mundial e à desorganização social, política e econômica da 
Alemanha; a Revolução Bolchevique, que levou à criação de um Estado socialista 
e depois ao processo de stalinização; a necessidade do sistema acadêmico alemão 
de conhecimentos que representassem uma síntese, daí a expansão da Sociologia 
neste momento; a Grande Depressão, que acabou levando ao desenvolvimento 
do Estado de Bem-Estar Social; a ascensão dos regimes nazifascistas na Europa e, 
por fim, o aparecimento e crescente importância da mídia de massa e da cultura 
de massa. Em seguida listamos os teóricos e os conceitos desenvolvidos por 
eles, que contribuíram com o campo de reflexão que forma a base de elaboração 
teórica dos pensadores que desenvolveram a Teoria Crítica, sendo eles: Kant, 
que faz a crítica ao pensamento racional, procurando ver os limites da razão e 
aventando uma teoria acerca do processo de conhecimento; Hegel, que elabora 
uma concepção da dialética e do movimento histórico; Marx, que aprimora 
o conceito de dialética, desenvolve uma visão materialista da história e seu 
movimento, percebe a existência da mais-valia, critica a alienação do trabalho 
capitalista e preconiza a construção de uma sociedade sem classes; Weber, que 
faz uma crítica ao positivismo nas ciências sociais, elaborando o conceito de 
verstehende, e ao projeto da modernidade, questionando as possibilidades da 
sociedade moderna de prover sentido à existência, denuncia o capitalismo pelo 
seu sistema de dominação, caracterizando-o a partir de sua ética econômica e, 
finalmente, Freud, que contribui com sua visão particular da mente, da origem 
dos traumas psíquicos e com a construção do modelo do “Complexo de Édipo”.
RESUMO DO TÓPICO 1
30
Caro(a) acadêmico(a), com base no que você estudou neste tópico, 
responda às seguintes perguntas:
1 No que consiste a modernidade?
2 A que se propõe a Sociologia?
3 Em que processo se insere a gênese e o desenvolvimento da Sociologia?
4 Como podemos caracterizar o projeto iluminista e qual seu legado para a 
sociedade moderna?
5 Que fatores contribuíram para a constituição do mito do progresso e quais as 
suas consequências?
6 De que maneira a Sociologia atendia às demandas da ordem estabelecida 
pelo Estado moderno e como esta disciplina abriu espaço para o pensamento 
crítico?
7 No que se constitui a Sociologia Crítica e o que ela propõe?
8 Relacione os acontecimentos históricos que estão ligados ao desenvolvimento 
da Teoria Crítica, caracterizando cada um deles.
9 Pesquise as diferenças entre os diferentes modelos de Estado (liberal, 
nazifascista, socialista e do bem-estar social) relacionando suas respectivas 
características.
10 Em sua opinião, por que devemos conhecer o período histórico em que se 
inscreve o nascimento e desenvolvimento da Teoria Crítica?
11 De que maneira você acredita que a mídia de massa e a cultura de massa nos 
afetam hoje?
12 Por que Kant advoga uma crítica à razão?
13 Qual o modelo proposto por Kant para entendimento do processo de 
conhecimento?
14 Qual a crítica que faz Hegel a Kant?
15 Como Hegel percebia a relação razão/realidade?
AUTOATIVIDADE
31
16 Qual o entendimento de Hegel do movimento da história?
17 Como podemos caracterizar a dialética hegeliana?
18 Qual a crítica de Marx à dialética em Hegel?
19 No que consiste o materialismo histórico?
20 O que é mais-valia?
21 Qual a visão de Marx do trabalho e como ela se articula com seu conceito de 
alienação?
22 Na visão de Weber qual a possibilidade que se abria somente à Sociologia na 
investigação do real e como seu conceito de verstehende está implicado com 
esta?
23 Qual a crítica que Weber fazia ao projeto da modernidade?
24 Qual o caráter e em que se apoia a dominação na sociedade capitalista, 
segundo Weber?
25 De acordo com Weber, qual é a especificidade do capitalismo e para 
onde devemos lançar o olhar, além das formas de sua economia, para 
compreendê-lo?
26 Para Weber como o pesquisador social deve lidar com os fatos históricos na 
construção da teoria sociológica?
27 Como Freud descreve a mente, quais suas partes constituintes e quais as 
características de cada uma delas?
28 Qual perspectiva adveio a Freud a partir de seus estudos clínicos sobre a 
histeria?
29 No que consiste o “Complexo de Édipo”?
30 Qual o conceito freudiano que permite uma crítica à estrutura repressora da 
sociedade moderna?
32
33
TÓPICO 2
A ESCOLA DE FRANKFURT
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior vimos os acontecimentos históricos no momento da 
fundação e durante os primeiros anos do Instituto de Pesquisa Social que, de 
alguma maneira, influenciaram seu aparecimento e afetaram seu desenvolvimento. 
Também explicitamos as teorias, conceitos e pensadores que formaram o campo 
de preocupações e debates da Teoria Crítica.
No presente tópico, procuraremos articular a história do próprio Instituto 
de PesquisaSocial, em suas diferentes etapas, com a história de seu tempo e com 
a produção teórica de seus pesquisadores e colaboradores. 
Em nosso itinerário seguiremos a obra de Freitag (1986, p. 9-30), que 
foi aluna de Habermas e grande divulgadora da Teoria Crítica no Brasil, na 
Universidade Nacional de Brasília, onde leciona Sociologia, já há alguns anos.
2 HISTÓRIA DO INSTITUTO DE PESQUISAS SOCIAIS
Fundado em 1923, e funcionando desde 1924 em um prédio próprio, 
vinculado à Universidade de Frankfurt, mas mantendo autonomia financeira e 
acadêmica em relação a esta, dedicando-se inteira e exclusivamente à reflexão 
e à pesquisa, o Instituto de Pesquisa Social, suas instalações e a maioria de seus 
pesquisadores e colaboradores lograram sobreviver à perseguição nazista e aos 
bombardeiros da guerra nos sombrios e turbulentos anos que se seguiram à sua 
fundação, com a ascensão de Hitler ao poder e a consequente Segunda Guerra 
Mundial.
UNIDADE 1 | NASCIMENTO E HISTÓRIA
34
FIGURA 21 – O PRÉDIO DO INSTITUTO HOJE
FONTE: Disponível em: <http://alquimiadoverbo.zip.net/arch2008-03-
23_2008-03-29.html>. Acesso em: 24 jun. 2013.
O Instituto era formado por típicos socialistas de cátedra, especialistas e 
estudiosos do pensamento marxista de formação acadêmica (a maioria doutores), 
uma espécie rara em uma época em que os marxistas estavam envolvidos com a 
militância partidária e rejeitavam o trabalho acadêmico.
Seu primeiro diretor foi Carl Gruenberg, historiador e especialista 
no pensamento de Marx, que esteve à frente do Instituto até 1930. Gruenberg 
declarava-se pertencer ao grupo daqueles que seriam “[...] adversários da 
ordem econômica, social e jurídica ultrapassada historicamente [...]” a saber, 
o capitalismo, e se dizia adepto do marxismo ressaltando que “[...] ao falar de 
marxismo, não quero propor a concepção político-partidária, mas permanecer 
dentro de um espírito puramente científico [...]” (WIGGERSHAUS, 2002, p. 58).
Durante o seu período à frente do Instituto de Pesquisa Social, Gruenberg 
editou uma revista, Archiv für die Geschichte des Sozialismus und der Arbeiterbewegung, 
dedicada ao registro da história do socialismo e do movimento operário. Esta 
publicação tinha uma orientação de cunho fortemente documental e dedicada à 
descrição, a partir de perspectiva marxista, das mudanças estruturais que estavam 
se dando na organização do sistema capitalista, notadamente no que diz respeito 
à relação capital-trabalho e nas lutas, reivindicações e movimentos operários. 
Em 1930, Gruenberg, em função de problemas de saúde, é substituído 
à frente do Instituto de Pesquisa Social por um jovem filósofo formado em 
Frankfurt, e que assumira a cátedra de Filosofia Social: Max Horkheimer.
Sob a direção de Horkheimer o Instituto de Pesquisa Social muda seu foco, 
passando a se constituir realmente enquanto centro de pesquisa e dedicando-se 
a proceder a uma análise crítica dos problemas do modo de produção capitalista, 
privilegiando seu olhar sobre a superestrutura da sociedade, especialmente o seu 
componente ideológico.
TÓPICO 2 | A ESCOLA DE FRANKFURT
35
FIGURA 22 – HORKHEIMER NO ANO QUE ASSUMIU A DIREÇÃO 
DO INSTITUTO
FONTE: Disponível em: <http://www.uncommondescent.com/
philosophy/horkheimer-on-darwinism/>. Acesso em: 24 jun. 2013.
Como decorrência desta mudança o Instituto cria uma nova revista, que 
viria a substituir a Archiv e que se chamava Zeitschrift für Sozialforschung (Revista 
de Pesquisa Social). Editada durante nove anos, de 1932 a 1941, esta revista passa 
a publicar e divulgar a produção intelectual dos pesquisadores e críticos filiados 
ao Instituto, tendo como editor o próprio Horkheimer, que procura assegurar sua 
publicação, mesmo no exílio.
Horkheimer era professor universitário (embora não desse importância 
à legitimação da academia) e intelectual marxista, dedicado a refletir sobre a 
especificidade do capitalismo moderno a partir das condições históricas de seu 
tempo, em especial aquelas apresentadas pela Alemanha pós-Primeira Guerra 
Mundial. 
De grande envergadura intelectual e formação filosófica sólida (com teses 
de doutorado e livre-docência sobre Kant e Hegel), Horkheimer logrou aglutinar 
em torno de si, no Instituto de Pesquisa Social, pensadores como Pollock 
(cofundador do Instituto de Pesquisa Social, sociólogo e economista alemão que 
viveu de 1894 a 1970), Wittfogel (historiador e sociólogo alemão que viveu de 
1896 a 1988), Fromm (filósofo, sociólogo e psicanalista alemão que viveu entre 
1900 e 1980), Gumperz, Adorno, Marcuse, Benjamin (filósofo e sociólogo alemão 
que viveu de 1892 a 1943) e outros. 
Em face de sua preocupação com a crescente e implacável ascensão do 
movimento nazista (com Hitler à frente) na Alemanha, e seu antissemitismo 
declarado, Horkheimer foi prevenido o bastante para criar, já em 1931, filiais 
UNIDADE 1 | NASCIMENTO E HISTÓRIA
36
do Instituto fora da Alemanha, em Genebra, Londres e Paris. É para esta última 
cidade que transfere a redação da revista, que lá permanece até a invasão nazista 
na França, ainda que seus redatores já tivessem emigrado a este tempo para os 
Estados Unidos.
Sua decisão se mostrou largamente acertada, previdente e até mesmo profética, 
pois apenas dois anos depois, em 1933, o governo nazista decreta o fechamento do 
Instituto em Frankfurt, alegando que assim procedia por este ameaçar a segurança 
do Estado alemão, interditando seu prédio e apreendendo os sessenta mil volumes 
que constituíam seu acervo bibliográfico.
Neste período de sua primeira fase, de criação e consolidação, o Instituto é 
marcado pela filosofia de Horkheimer e se inspirava fortemente na visão de Reich 
(médico que havia sido aluno de Freud e que viveu de 1897 a 1957) e Fromm, que 
haviam procurado conciliar a teoria freudiana com a marxista.
A produção intelectual dos membros do Instituto neste tempo não se 
restringia aos diferentes artigos publicados na revista, tendo sido produzidos 
diversos estudos onde se procurava conciliar a pesquisa empírica com os avanços 
teóricos propostos então. Entre as obras mais significativas e importantes deste 
período está o “Studien zu Autoritaet und Familie” (“Estudos sobre Autoridade e 
Família”), que se realizou sob a coordenação de Horkheimer e Fromm em vários 
países da Europa. 
A obra constituía-se uma análise empiricamente orientada acerca da 
estrutura da personalidade da classe operária europeia, classe esta que, de acordo 
com os pensadores do Instituto, havia perdido a consciência de sua missão 
histórica e teria se submetido a maneiras de exploração e dominação que se 
mostravam totalmente avessas à sua necessidade de emancipação política, social 
e econômica.
Deste mesmo período data um ensaio de Horkheimer, de natureza histórica 
e psicológica, no qual o então diretor do Instituto refletia sobre como integrar na 
pesquisa análises acerca da produção capitalista, do nível macroteórico, portanto, 
com o estudo do indivíduo sexualmente reprimido, do nível micro, através da 
mediação imposta pela estrutura familiar, esta de caráter autoritário.
Com Horkheimer, portanto, o interesse do Instituto em documentar como 
a classe operária enfrentava as crises do capitalismo (próprio da fase anterior, com 
Gruenberg à frente do Instituto), se transforma em uma análise teórica do porquê 
esta não haver assumido seu destino histórico de classe revolucionária, procurando 
explicar este fato a partir da conjunção específica entre a macroestrutura capitalista 
e as microestruturas da família proletária e burguesa.
Em 1933, com a revista já sendo editada em Paris, Horkheimer consegue 
transferir as atividades do Instituto para Genebra. Este passa a funcionar então sob 
TÓPICO 2 | A ESCOLA DE FRANKFURT
37
o nome de Société Internationale de Recherches Sociales congregando tanto Horkheimer 
quanto Pollock, Tillich (filósofo que havia sido orientador da tese de Adorno e que 
viveu de 1886 a 1965), Fromm e outros.
No ano seguinte, com o apoio de Nikolas

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