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A Crise Geral da Economia Europeia Século XVII - Eric Hobsbawm

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História Econômica I 
A Crise Geral da Economia Europeia no Século XVII - Eric                     
Hobsbawm 
 
Objetivo do artigo: mostrar que a economia             
europeia passou por uma crise geral no século               
XVII, última fase da transição feudalismo para             
capitalismo. 
Essa crise difere das que a precederam, pois               
solucionou os problemas que se haviam           
apresentado ao triunfo do capitalismo. 
Provas de uma crise geral 
Deve-se evitar a ideia que a crise geral equivale à                   
uma crise econômica. É claro que pela primeira               
vez na história, o Mediterrâneo deixou de ser o                 
centro de influência econômica e política e que               
várias nações enfrentavam estagnações, mas         
deve-se focar no decisivo avanço no progresso             
do capitalismo. 
A população decrescia e, enquanto um número             
de metrópoles e centros comerciais adquiriram           
grandes dimensões, as cidades médias e           
pequenas declinaram.  
A produção reduzia em diversas áreas, mas em               
algumas outras verificava-se um       
desenvolvimento industrial relativamente     
rápido. 
No comércio marítimo as duas principais zonas,             
o Mediterrâneo e o Báltico, passavam por um               
declínio transitório no volume de seu comércio.             
Um balanço entre os países decadentes e             
aqueles em pleno crescimento talvez mostrasse           
uma estagnação. 
Também é claro que a expansão da Europa               
passava por uma crise. Ademais, foi um século               
de revolta social tanto na parte Oriental como na                 
Ocidental. 
Há apenas uns aspecto que foge da crise geral: o                   
absolutismo como forma de governo estável e             
eficiente (com exceção dos potências marítimas           
que experimentaram seus novos regimes         
burgueses). 
Em vista do que foi exposto anteriormente pode               
argumentar-se que houve um crise geral, apesar             
de uma de suas características tenha sido a               
relativa imunidade dos Estados que haviam           
passado por uma revolução burguesa. 
As causas da crise 
Aquilo que barrava o capitalismo: a ausência de               
um mercado amplo e em expansão para os bens                 
e uma força de trabalho livre ampla e disponível. 
Por vezes considera-se que o desenvolvimento           
de uma classe capitalista e dos elementos da               
forma capitalista de produção dentro de uma             
sociedade feudal levam, automaticamente, a         
estas condições. No entanto, tal afirmação não             
se verifica no curto prazo: a atividade mercantil               
pode se adaptar de forma a funcionar nesse               
sistema como um ser parasitário. 
Sob certas condições, este comércio podia           
produzir valores adicionais suficientemente       
grandes para permitir o surgimento da produção             
em grande escala. Contudo, enquanto não           
houvesse uma renovação, a expansão         
encontrava-se limitada. Quando se deparava         
com eles, verificava-se um período de crise. 
A especialização feudal dos "capitalistas         
feudais": o caso da Itália 
Os capitalistas italianos controlavam grandes         
montantes de dinheiro, contudo o mal           
investimento (catedrais, obras de artes,         
empréstimos ao exterior, etc.) levaram à           
decadência de suas manufaturas, conforme a           
concorrência aumentava e as demandas         
alteravam-se. 
 
1 
 
 
 
As contradições da expansão: Europa Oriental 
A expansão das cidades na Europa Ocidental foi               
possível até certo ponto pela criação de um               
enorme excedente de produtos alimentícios         
exportáveis da Europa Oriental, alcançada         
mediante a criação e renovação da agricultura             
servil em grande escala. 
Três consequências: 
1. Camponês em um cliente menor do que             
poderia ter sido; 
2. Fortaleceu magnatas, enquanto a       
nobreza menor perdeu número e riqueza; 
3. Sacrificou o mercado mais ativo das           
cidades em prol dos interesses do livre             
comércio dos proprietários exportadores. 
Resultados: 
1. Desenvolvimento das manufaturas no       
Ocidente; 
2. Desejo de tirar proveito da crescente           
demanda de cereais levou senhores         
orientais à expansão de seus domínios e             
à intensificação da exploração       
(provocando revolução ucraniana e talvez         
catástrofes demográficas). 
As contradições da expansão: mercados         
coloniais e ultramarinos 
Três etapas: 
1. A conquista ou pirataria geraram lucros           
temporários e baixos custos (lucros         
fáceis); 
2. Aumento dos custos de produção no           
Oriente ou choque com limites técnicos           
da mineração espanhola somado ao         
desenvolvimento colonial de atender suas         
próprias necessidades (crise); 
3. Prosperidade modesta e estável. 
O sistema colonial ao invés de se reinventar               
entrou em colapso e foi substituído, os efeitos               
disso foram sentidos durante um longo período. 
As contradições dos mercados internos 
O século XVI esteve mais próximo de criar               
condições para a adoção do modo de produção               
capitalista que qualquer época anterior,         
contudo: 
● Os nobres inverteram a tendência e           
recuperaram o controle sobre o         
campesinato; 
● Os comerciantes investiram em terras. 
Assim sendo, as condições favoráveis         
produziram na realidade uma burguesia         
parasitária do sistema feudal que por conta de               
sua natureza declinaria. 
Resultados: 
1. Baixa inovação tecnológica; 
2. Esgotamento da população rural. 
As consequências da crise rural (queda da             
demanda e aumento do poder de barganha do               
trabalhador) somadas à crise do mercado de             
exportações explicam o abatimento das         
manufaturas. 
Conclusão: 
A expansão econômica se verificou dentro de             
um quadro social que não era ainda             
suficientemente forte para eclodir e, de certa             
forma, se adaptou mais a esse quadro que ao                 
mundo do capitalismo moderno. 
Depois da estrutura ser abalada, verificou-se o             
decisivo deslocamento da empresa capitalista         
adaptada a um quadro predominantemente         
feudal para a empresa capitalista         
transformadora do mundo de acordo com seus             
próprios padrões. 
UMA NOTA SOBRE A HISTÓRIA DOS           
PREÇOS 
Objetivo:​ discutir as consequências da crise. 
O período de dificuldade se estendeu de 1620 a                 
1720 e depois disso, no século XVIII, começa a                 
Revolução Industrial. 
É interessante levantar o problema que, apesar             
de não ser discutido nesse artigo mantém sua               
relevância, é "Por que a Revolução Industrial             
começa apenas no século XVIII se no século XVII                 
os obstáculos fundamentais ao desenvolvimento         
do capitalismo desapareceram?". 
 
2 
 
 
 
As condições do desenvolvimento 
Dois tipos de obstáculos: 
1. Estrutura econômica e social das         
sociedades pré-capitalistas não deixavam       
campo de ação suficiente para         
empreender grandes mudanças; 
2. Quais foram as condições que         
contribuíram não apenas para eliminar os           
obstáculos gerais, mas para produzir as           
condições que deram origem a fábricas? 
O século XVII, um período de concentração             
econômica 
A crise do século XVII resultou numa             
concentração de poder econômico. Exemplos: 
● No campo, os grandes proprietários         
lucravam Às custas dos camponeses e           
pequenos proprietários; 
● Nas áreas não-industriais, as cidades sebeneficiavam às custas do campo; 
● Internacionalmente, o comércio     
concentrou-se nos Estados marítimos; 
● O poder crescente dos estados         
centralizados também contribuiu. 
Agricultura 
Ao longo prazo, o grande excedente essencial ao               
desenvolvimento de uma moderna sociedade         
industrial devia ser alcançado através da           
revolução técnica. 
Não é claro como a crise geral do século XVII                   
contribuiu para essa melhoria de produtividade,           
apesar de nos países desenvolvidos serem           
visíveis evidências da revolução agrícola. 
Indústria e Manufaturas 
O principal resultado da crise do século XVII               
sobre a organização industrial constituiu na           
eliminação do artesanato - e, conjuntamente,           
das cidades artesanais - da produção de grande               
escala, e o estabelecimento do sistema           
"doméstico", controlado por homens com         
horizontes capitalistas e executado por uma           
mão de obra rural facilmente explorável. Não             
faltam indícios de desenvolvimentos industriais         
mais ambiciosos, como fábricas. 
A acumulação de capital 
O problema de suprimento de capital era duplo: 
1. Acumulação preliminar muito maior do         
que o século XVI conseguira obter; 
2. Exigia investimentos nos lugares       
adequados; 
A crise enquanto favoreceu a concentração não             
aboliu o mau investimento, contudo forneceu           
duas maneiras indiretas de investir no lugar             
adequado: 
1. Países continentais: empresas     
governamentais; 
2. Países marítimos: o fluxo crescente de           
comércio colonial incentivou as indústrias         
e agricultura nacionais que o abasteciam. 
O aparato comercial e financeiro 
Pouco é necessário dizer sobre as           
transformações do aparato comercial e         
financeiro durante a crise, especialmente na           
Europa do Norte. Hobsbawm põe em cheque a               
importância do chamado "espírito capitalista" ou           
"habilidade empresarial". 
II 
Analisar o problema específico da origem da             
revolução industrial. A concentração e         
redistribuição de capital pode ter estabelecido as             
bases para o processo, mas deviam fomentar             
forma peculiares de expansão: 
1. Fomentar as manufaturas em países de           
base capitalista mais forte e em escala             
suficiente para revolucionar todo o         
mundo; 
2. Estabelecer a supremacia da produção         
sobre o consumo. 
O caso holandês 
Enquanto a Holanda era a maior economia             
mundial ela não dependia das manufaturas e,             
portanto, poucos investimentos foram feitos         
nessa área. Já países como Inglaterra e Bélgica,               
por não monopolizarem o comércio mundial,           
investiram fortemente na produção. Sendo         
assim, não devemos subestimar a modernidade           
dos holandeses e tampouco superestimá-la, pois           
 
3 
 
 
 
se fossem a única economia capitalista da época               
o desenvolvimento não teria sido nem tão             
rápido ou grande. 
As condições para a revolução industrial 
Se as indústrias dependessem da demanda, elas             
não teriam se desenvolvido tão intensamente.           
Logo qual foi a sucção forçada que favoreceu o                 
investimento dos empresários? 
1. Mercados que concentravam o comércio         
(exemplo: Inglaterra) geraram uma       
demanda ampla dentro de seus         
mercados locais 
2. Novo Sistema colonial 
Os mercados não desenvolvidos 
Mercados coloniais e de exportação 
"Entretanto, não podemos discutir aqui as           
dificuldades do novo colonialismo. Basta lembrar           
que sua adoção proporcionou às economias           
'avançadas' várias décadas valiosas de         
vertiginosa expansão econômica, das quais         
extraíram inestimáveis benefícios." 
III 
"Neste artigo procurou-se demonstrar duas coisas:           
primeiro, que a crise do século XVII proporcionou               
sua própria solução, e, segundo, que ela o fez de                   
maneira indireta.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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