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SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello MENARCA A puberdade é o período de transição biológica entre a infância e a vida adulta e tem como objetivo final a aquisição da maturidade sexual. É caracterizada pelo amadurecimento dos caracteres sexuais primários (genitais e gonádicos), pelo surgimento e amadurecimento dos caracteres sexuais secundários (mamas, pelos pubianos e axilares) e pelo estirão de crescimento. • Fisiologicamente, a puberdade pode ser definida não como um evento isolado e sim como uma fase no continuum do desenvolvimento do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal (HHG), que tem sua função iniciada durante a vida fetal, entra em quiescência durante a infância e sofre uma reativação com o início da puberdade; • Um fator associado ao desencadear da puberdade que vem sendo bastante estudado nos últimos anos é o fator nutricional. A obesidade tem sido associada ao início fisiológico mais precoce da puberdade em várias sociedades. Observa-se a ocorrência de menarca mais precoce em meninas com obesidade leve a moderada, enquanto condições que cursam com baixo peso corpóreo podem retardar a puberdade; • O primeiro sinal visível de maturação sexual é o surgimento do broto mamário, geralmente ao redor dos 10 a 11 anos de idade. O desenvolvimento mamário completo leva de três a quatro anos, finalizando-se geralmente aos 14 anos. • A adrenarca, ou o início da esteroidogênese adrenal, predominantemente de androgênios, precede a pubarca, iniciando-se bioquimicamente ao redor dos 6 anos de idade. A manifestação clínica da adrenarca, ou seja, a pubarca, entretanto, acontece cerca de 6 a 12 meses após a telarca. Os pêlos pubianos levam cerca de três anos para completar seu desenvolvimento. • A menstruação geralmente ocorre entre os 9 e 12 anos. Os ciclos menstruais, inicialmente, são anovulatórios, associados a menstruações irregulares. Cerca de um a dois anos após a menarca, os ciclos menstruais tornam-se ovulatórios e regulares. ▪ A primeira menstruação pode ocorrer exclusivamente por ação do estrogênio sobre o endométrio – não significando o inicio do ciclo ovariano (fertilidade). • A mucosa vaginal torna-se progressivamente espessa e enrugada e uma secreção clara aparece, aumentando de volume nos meses que antecedem a menarca. O pH vaginal diminui devido ao aumento da produção de ácido lático pelo lactobacilos. Ocorre depósito de gordura subcutânea no monte pubiano e grandes lábios, espessamento do epitélio vulvar e os pequenos lábios e clitóris tornam-se mais proeminentes. O útero e os ovários apresentam um aumento progressivo de volume. O útero apresenta um aumento maior do corpo em relação ao colo e tem a sua forma tubular modificada para a forma característica de pêra. MENACME Período fértil da mulher, que vai da primeira menstruação (menarca) à última menstruação (menopausa). Inicia-se com o amadurecimento do eixo hipotálamo-hipófise- ovário. CLIMATÉRIO Consiste no período de transição entre as fases reprodutiva e não reprodutiva. Tem seu começo por volta dos 40 anos, sendo dissociado em três fases: perimenopausa, menopausa e pós-menopausa. Neste processo de transição e como consequência do hipoestrogenismo, surgem vários sintomas físicos, nomeadamente: afrontamentos, suores noturnos, fragilidade óssea, perda de elasticidade e lubrificação vaginal, problemas ao nível do aparelho genitourinário, perda da sensibilidade da pele, enxaquecas, distúrbios do sono. Existe igualmente um conjunto de consequências psicológicas, descritas em variadíssimos estudos, tais como: ansiedade, estresse, depressão e irritabilidade → Síndrome climatérica. (Nem sempre o climatério é sintomático). • Segundo a Organização Mundial de Saúde existem quatro estádios do ciclo menstrual: I. Pré-menopausa, definida pela regularidade menstrual durante os últimos doze meses; II. Perimenopausa, se inicia antes da menopausa com ciclos menstruais irregulares, acompanhados ou não de manifestações vasomotoras, e termina 12 meses após a menopausa; III. Menopausa, quando a cessação de menstruações é permanente (só pode ser estabelecida em retrospectiva, após doze meses consecutivos de amenorreia), resultado da perda de atividade folicular; SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello IV. Pós-menopausa, que se inicia um ano após a última menstruação e vai até os 65 anos de idade; V. Senilidade, período da vida que se segue ao climatério e tem início aos 65 anos. SISTEMA HORMONAL FEMININO • Hormônio de liberação hipotalâmica: GnRH - Hormônio liberador de gonadotropina • Hormônios sexuais de liberação hipofisária anterior: ● FSH - Hormônio folículo estimulante ● LH - Hormônio luteinizante • Hormônios ovarianos ● Estrogênio ● Progesterona Antes da puberdade: secreção de GnRH é contínua e não consegue despertar a secreção de gonadotrofinas pela hipófise; Na puberdade: por maturação do sistema límbico, a secreção é pulsátil. O sistema límbico estimula terminações glutametérigocas – glutamato atua em receptores NMDA (receptor ionotrópico) estimulando neurônios noradrenérgicos- noradrenalina atua em receptores , estimulando neurônios NOérgicos; o NO é gasoso, se difundindo rapidamente para os neurônios que produzem GnRH; NO estimula a liberação de GnRH no infundibulum, para os vasos porta-hipofisários; GnRH promove a secreção de FSH e LH pela adeno-hipófise. ▪ FSH – Hormônio folículo estimulante − Recruta folículos ovarianos dentre os quais, haverá a formação de um óvulo; − Estimula o crescimento de vários folículos, mas apenas um deles se destaca, rompe-se e libera o óvulo. ▪ LH – Hormônio Luteinizante − Tem uma importância maior no momento da ovulação; ▪ Estrógeno − Hormônio que dá os caracteres sexuais femininos; − Produzido durante todo o ciclo menstrual. − Dois tipos de estrogênio são produzidos no ovário: a estrona e o estradiol. ▪ Progesterona − Manutenção da gravidez – mulheres que não produzem progesterona correm risco de abortamento; − Produzida a partir do momento da ovulação pelo corpo lúteo. As alterações ovarianas dependem dos hormônios gonadotróficos: LH e FSH; na ausência deles, os ovários permanecem inativos (infância e senescência). O ciclo, dura em média, 28 dias. Pode ser curto como 20 dias ou longo como 45 dias. Resultados do ciclo sexual feminino: Apenas um óvulo é liberado dos ovários a cada mês e o endométrio é preparado para a implantação do óvulo. Entre 9 e 12 anos, a hipófise começa a secretar progressivamente FSH e LH, dando início a ciclos sexuais mensais que se inicia entre 11 e 15 anos. ● Puberdade: Período de mudança ● Menarca: Primeiro ciclo menstrual CICLO OVARIANO – Eixo Hipotálamo-Hipófise-Ovário O hipotálamo libera GnRH de forma pulsátil, estimulando a adeno-hipófise a secretar LH e FSH. Esses pulsos variam em frequência e amplitude em todo o ciclo menstrual. − Fase folicular (antes da ovulação): ↑frequência ↓amplitude − Fase lútea (após ovulação): ↓frequência↑amplitude https://pt.wikipedia.org/wiki/Receptor_ionotr%C3%B3pico SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello O GnRH age sobre as células da adeno-hipófise, estimulando a produzir e secretar FSH e LH na circulação. Os ovários representam as gônadas femininas, e são responsáveis pela produção de esteroides sexuais e pelo desenvolvimento dos folículos imaturos até sua fase final de amadurecimento. Ou seja, os ovários possuem duplo papel, a produção de gametas e a síntese de hormônios. Os ovários podem ser divididos em dois compartimentos: − Teca ou estroma: camada mais externa relacionada com a produção de androgênios; Sofre ação do LH. − Granulosa: camada mais interna, que sofre ação do FSH, e que a depender da fase do ciclo ovariano na qual se encontra, pode produzir produtos diferentes: ▪ Fasefolicular: produção de estrogênio (estradiol) e inibina B. o Estradiol: ação no desenvolvimento folicular e endometrial, além da produção de LH no meio do ciclo; o Inibina B: secretada pelas células granulosas mediante estímulo do FSH ainda na fase folicular, e tem por função inibir a síntese do próprio FSH. ▪ Fase lútea: produção de progesterona e inibina A. o Progesterona: é conhecida por sua ação na manutenção do arcabouço endometrial e pela retroalimentação negativa sobre a secreção hormonal hipotalâmica. o Inibina A: secretada pelo corpo lúteo – células granulosas luteinizantes – sob controle do LH. Juntamente com o estradiol, controla a secreção do FSH na transição lúteo-folicular. Os androgênios produzidos nas células teca, são transportados para as células granulosas, onde sofrem ação da enzima aromatase, que promove um processo de aromatização e converte os androgênios em estrogênios (estrona e estradiol). A ação da aromatase depende da ação do FSH nas células granulosas. Logo, o FSH é fundamental para a conversão de androgênios em estrogênios. Esse processo ocorre na primeira fase do ciclo menstrual, com o intuito de produzir testosterona para recuperar a camada endometrial uterina que possivelmente receberá um ovo fecundado. A partir de um determinado nível, esse estrogênio produzido passa a realizar um feedback positivo, de modo que a elevação dos seus níveis promove, de forma direta um aumento de LH. Com isso gera um ciclo, de modo que o LH passa atuas mais nas células teca, produzindo mais androgênios, que são deslocados para as células da granulosa para sofrer aromatização, produzir estrogênio e estimular ainda mais a síntese de LH, reiniciando o ciclo. O aumento concomitante de estrogênio estimula o pico de LH, e este, a ovulação. O marcador fisiológico mais importante da aproximação da ovulação é o pico de LH do meio do ciclo, o qual, como vimos, é precedido por aumento acelerado de estradiol. O folículo pré-ovulatório – folículo de Graaf, produz com a síntese do estradiol, seu próprio estimulo ovulatório. O pico de estradiol, estimula o pico de LH, consequentemente, a ovulação. Após a ovulação, o resquício de folículo forma o corpo lúteo, que sob ação do LH, passará a produzir a progesterona. FASES DO CICLO OVARIANO É dividido em três fases: folicular, ovulatória e lútea – a fase menstrual corresponde a primeira parte da fase folicular. O epitélio do ovário é estratificado pavimentoso – contêm receptores hormonais que controlam a maturação e diferenciação, dependendo do estrógeno e progesterona. O estrógeno induz a maturação epitelial (células superficiais – núcleo pequeno e citoplasma grande); a progesterona inibe a SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello maturação epitelial – células intermediárias, parabasais (citoplasma pequeno e núcleo grande) e basais. FASE FOLICULAR: • Fase menstrual (1º ao 5º dia): caracterizada pela descamação da camada funcional do endométrio, caracterizando o inicio do ciclo. Essa fase ocorre devido à regressão do corpo lúteo que cessa a secreção de progesterona e estrógeno; com isso o endométrio deixa de ser estimulado a permanecer, causando a interrupção de oxigênio e nutrientes, levando a necrose da camada funcional. – Na menstruação é liberado cerca de 35Ml de sangue. − Os hormônios hipofisários e ovarianos estão em baixa concentração. − O sangramento dura em torno de 5 dias e gradativamente, a concentração de FSH aumenta. o Presença de células epiteliais intermediárias e parabasais, hemácias, leucócitos. Poucas células superficiais. • Folicular (1º dia até a ovulação): nesta fase acontece uma sequência ordenada de eventos que assegura o recrutamento de novos folículos, para seleção do folículo dominante. Este processo demora cerca de 10 a 14 dias. 1. O recrutamento se inicia no final da fase lútea do ciclo anterior, a partir da regressão do corpo lúteo e do aumento de FSH. 2. O FSH aumenta a produção estrogênica, promove o crescimento da camada granulosa e estimula a atividade da aromatase. 3. As células da teca produzem estradiol a partir de androgênio, sob o estimulo da aromatase (dependente de FSH). 4. A seleção do folículo dominante é caracterizada pela maior presença de receptor de FSH, por isso, maior ação da aromatase produz mais estrogênio. − A partir do 7º dia, o útero começa a produzir uma camada nova e vascularizada no endométrio; − O folículo atua sobre o útero estimulando o desenvolvimento do endométrio. FASE OVULATÓRIA: • Antes de ovular: ● Parede externa do folículo incha ● Estigma projeta-se como um bico ● Em 30 minutos o líquido começa a vazar ● Em 2 minutos o estigma se rompe, liberando o líquido viscoso da porção central do folículo. ● O óvulo é carreado e envolto pelas células da granulosa, denominada coroa radiata; • Pico de LH, precedido pelo aumento acelerado do nível de estradiol. • O pico de LH, estimula a ovulação. • A ovulação ocorre aproximadamente 32 a 36 horas após o inicio da elevação dos níveis de LH e cerca de 10 a 12 horas após seu pico máximo. • A progesterona e o estrógeno combinados, inibem a ação da hipófise – inibindo a liberação de FSH e LH. Início da ovulação: ● Liberação de enzimas proteolíticas pela teca externa (cápsula folicular) - Leva a uma dissolução e enfraquecimento da parede capsular, causando dilatação do folículo e degeneração do estigma ● Concomitantemente ocorre a angioneogênese, vasodilatação por prostaglandinas e transudação para o folículo. Combinação desses eventos leva ao rompimentos do folículo e liberação do óvulo. FASE LÚTEA – inicia no dia da ovulação; duração fixa de 14 dias: O aumento dos níveis de progesterona de forma aguda caracteriza essa fase. • Formação do corpo lúteo; • Ocorre a luteinização, processo em que as células da camada granulosa passam a produzir progesterona. • SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello • É uma fase fixa de 14 dias, portanto a mulher “sempre” menstrua 14 dias após a ovulação. • Com o regresso do corpo lúteo, que ocorre ao final da fase lútea, ocorre queda dos níveis circulantes de estradiol, progesterona e inibina A. • O decréscimo da inibina A remove a influência supressora sobre a secreção de FSH pela hipófise, e este volta a se elevar antes da menstruação – sinal para recrutar novos folículos. Caso não ocorra a fecundação: 21º dia: cicatrização do corpo lúteo que passa a produzir menos estrógeno e progesterona. 22º - 27º dia: hormônios em baixa concentração (TPM); 28º dia: menstruação. Caso ocorra a fecundação: Supondo que a fecundação ocorra no 14º do ciclo. O corpo lúteo é estimulado para não cicatrizar e passa a secretar estrogênio e progesterona para manter a gravidez durante os primeiros meses. Ocorre liberação de hCG (gonodotrofina coriônica) pelas células formadas após a fecundação. Com a chegada do blastocisto (nidação) ao útero, a placenta começa a ser formada. Semanas depois da fertilização, ela será a responsável pela produção de progesterona. SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello MÉTODOS CONTRACEPTIVOS MÉTODOS COMPORTAMENTAIS: São aqueles que, ao serem utilizados, implicam em modificações do comportamento sexual do casal. Baseadas em conhecimentos de reprodução humana, são admitidas duas formas de métodos comportamentais: 1. Abstinência sexual periódica 2. Ejaculação extra-vaginal. MÉTODOS DE BARREIRA: São denominados métodos de barreira aqueles que evitam a gravidez através do impedimento da ascensão dos espermatozóides ao útero. Atualmente, com a crescente incidência das doenças sexualmente transmissíveis (DST), em particular a AIDS, houve uma revalorização do uso dos métodos debarreira. • Preservativo (Camisinha/Condom) masculino; • Preservativo (Camisinha/Condom) feminino: recobre a cérvice uterina, paredes vaginais e parte da vulva. Devido à maior área genital tanto feminina quanto masculina recobertas oferece proteção mais efetiva contra a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis; • Diafragma: É um pequeno dispositivo circular de borracha com borda firme flexível, que ao ser colocado na vagina forma uma barreira física sob o colo do útero. • Esponjas: As esponjas modernas são feitas de poliuretano associados com o espermaticida nonoxinol-9. Têm um formato ligeiramente côncavo, para adaptar-se melhor ao colo uterino, devendo ser umedecidas antes da sua colocação para ativar o espermaticida. Embora rara, a síndrome de choque tóxico é uma possível complicação entre usuárias do diafragma, tampões vaginais e esponjas contraceptivas, estando o risco associado ao uso prolongado principalmente acima de 24-36 horas, sendo que a síndrome é causada por algumas cepas do Staphylococus aureus. • Espermaticida: São substâncias que colocadas no fundo da vagina têm ação de barreira por inativação dos espermatozóides, devido a lesão de sua membrana celular. ANTICONCEPCIONAL HORMONAL COMBINADO ORAL: O AHCO consiste na utilização por via oral de estrogênio associado à progesterona com a finalidade de impedir a concepção. Existem três formas de combinação do estrogênio com a progesterona: ▪ A primeira, mais usada, é a monofásica uma associação contínua e na mesma dosagem em todas as pílulas produto. ▪ As outras, combinadas bifásica e trifásica, apresentam variações na dosagem dos esteróides ao longo do ciclo, tentando assim mimetizar a esteroidogênese ovariana. • Os Anticoncepcionais Hormonais Combinados Orais inibem ovulação através do bloqueio da liberação de gonadotrofinas pela hipófise. Além disso, modificam o muco cervical tornando-o hostil à espermomigração, altera o endométrio, modifica a contratilidade das tubas interferindo no transporte ovular e altera a resposta ovariana às gonadotrofinas. No primeiro mês, estes produtos devem ser iniciados no primeiro dia do sangramento menstrual, ingerindo as drágeas, sempre no mesmo horário, sem esquecimento, durante 21 dias. Nos ciclos seguintes, após sete dias de pausa, as pílulas devem ser reiniciadas no 8o dia. A pausa dada durante o uso, muito comum entre as usuárias, n tem nenhuma indicação, sendo, inclusive, desaconselhada, pois significa sempre nova adaptação após a interrupção, além do elevado índice de gravidez observado nestes períodos de interrupção. A suspensão da pílula somente está indicada na presença de contra- indicações, desejo de gestar e na ausência de relações sexuais. Os estrógenos sintéticos são constituídos principalmente pelo etinilestradiol, mestranol, quimestrol e dietilestilbestrol. O etinilestraiol é o utilizado nos contraceptivos orais, sendo mais potente que o estradiol. INJETÁVEL MENSAL: Os injetáveis mensais são aplicados por via intramuscular, sendo que propostos em posologias diferentes; entre o 7o e 10o dia do ciclo iniciado entre o 1o e o 5o dia, com aplicações ulteriores a cada trinta dias. A segunda opção oferece uma maior regularidade do ciclo, mantendo a eficácia. A ação anticonceptiva reside, fundamentalmente, no efeito do progestogênio sobre o eixo neuroendócrino inibindo a ovulação, pelo bloqueio do pico do LH, que permanece em seus níveis basais. INJETÁVEL TRIMESTRAL: A anticoncepção injetável trimestral é realizada com o uso do acetato de medroxiprogesterona de depósito (AMP-D). O AMP-D apresenta vantagens que o fazem apropriado para algumas mulheres e conveniente para os programas de planejamento familiar. Uma só injeção oferece anticoncepção altamente eficaz durante 3 meses. Por conter apenas o componente progestogênico, o método não tem várias das contra-indicações atribuídas ao estrogênio sintético. O AMP-D é um derivado da 17α-hidroxiprogesterona. É preparado em suspensão microcristalina de baixa solubilidade que se administra em doses de 150 mg via intramuscular a cada 90 dias. Seu nível sérico máximo é alcançado por volta de 10 dias após a injeção e declina posteriormente. Níveis sangüíneos ainda são detectados até 200 dias após a injeção. SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello O AMP-D é um potente anovulatório, suprimindo o pico de LH. IMPLANTES: Os implantes contraceptivos são constituídos de silicone polimerizado com um hormônio no seu interior, que é liberado continuamente para a corrente sangüínea, proporcionando o efeito contraceptivo. O mais popular de todos contém o progestogênio levonorgestrel e a elcometrina. Outros implantes contêm o desogestrel, o nomegestrol e a elcometrina. DISPOSITIVO INTRA-UTERINO: o DIU exerce seu efeito antifertilidade de forma variada e pode interferir no processo reprodutivo antes mesmo do ovo atingir cavidade uterina. O DIU atua sobre os óvulos e os espermatozóides de várias maneiras: 1) Estimula reação inflamatória pronunciada no útero, por ser um corpo estranho. A concentração de diversos tipos de leucócitos, prostaglandinas e enzimas nos fluidos uterino e tubários aumentam consideravelmente, especialmente nos DIUs com cobre. 2) As alterações bioquímicas interferem no transporte dos espermatozóides no aparelho genital, bem como alteram os espermatozóides e óvulos, impedindo a fecundação. • Os primeiros DIUs modernos (alça de Lippes e espiral de Margulies) surgiram no princípio dos anos sessenta, sendo que no final dessa década se agregou cobre ao plástico do DIU, aumentando sua eficácia e diminuindo os efeitos colaterais. O TCu 380A já foi liberado para uso durante 10 anos e a previsão é que tenha maior durabilidade. Seu índice de falha é menor que 1 por 100 mulheres/ano. • Outro DIU existente no mercado internacional é o DIU liberador de progesterona (65 mg/dia) - Progestasert - mas é de alto custo, e tem durabilidade de apenas um ano. Sua eficácia é de 95 por 100 mulheres/ ano, sendo o único DIU que reduz a perda sanguínea menstrual. Para substitui-lo, surgiu o DIU de levonorgestrel (LNG-20), que libera 20 mg por dia desse hormônio, com duração prevista de 5 anos e de elevada eficácia. ANTICONCEPÇÃO CIRÚRGICA: • Ligadura tubária: Ligadura tubária constitui método permanente de contracepção, operacionalizado através da obstrução do lumen tubário, impedindo assim o transporte e a união dos gametas. • Vasectomia: Secção e/ou oclusão do canal deferente, sendo um método seguro, eficaz e de fácil execução. ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA: Envolve uma ou mais fases do processo reprodutivo, interferindo na ovulação, na espermomigração, no transporte e nutrição do ovo, na fertilização, na função lútea e na implantação. A ocorrência de uma gravidez depende de uma seqüência de eventos, que envolvem todos os complexos mecanismos da endocrinologia reprodutiva, masculina e feminina, dos quais salienta-se: ascensão dos espermatozóides pelo sistema canalicular feminino; a fertilização do ovócito; o ovo-transporte e a nidação endometrial. Em condições normais, a fertilização ocorre na ampola tubária até aproximadamente 72 horas após o intercurso sexual. Ocorrendo condições favoráveis à implantação do blastocisto (em média após 3 dias de ovo- transporte), esta ocorrerá em torno do 6o dia do período pós-ovulatório. A anticoncepção de emergência com hormônios pode provocar antecipação do fluxo menstrual, sendo comuns as alterações no padrão de sangramento. TERAPIA HORMONAL Estrógenos podem ser divididos em naturais e sintéticos. Os naturais são mais utilizados na reposição hormonal, enquanto os sintéticos são aplicados em métodos de contracepção. − Os hormônios naturais são compostos basicamente por estradiol, estrona eestriol. Os dois primeiros são produtos de síntese ovariana, enquanto o terceiro é conseqüência do metabolismo periférico do estradiol e estrona. − O potencial biológico dos diferentes tipos de estrógenos depende basicamente da afinidade de cada tipo de molécula ao seu receptor-alvo. − Metade dos estrógenos é excretada na urina nas primeiras 24 horas e outra metade é inicialmente eliminada pela bile sofrendo hidrólise no intestino onde até 80% são reabsorvidos. − Os estrógenos conjugados são hormônios naturais extraídos da urina de éguas prenhes e incluem, além de estradiol, estrona, sulfato de estrona e os estrógenos derivados do anel B insaturado: equilina, equilenina e seus sulfatos. Os efeitos biológicos dos estrógenos conjugados são resultantes principalmente da combinação de sulfato de estrona, sulfato de equilina e seus metabólitos. A equilina, por si só, é mais potente que todos os outros componentes dos estrógenos conjugados. − As vias de administração de estrógenos naturais são a oral, transdérmica, percutânea e vaginal. Pela via oral, os estrógenos passam pelo fígado e são metabolizados em estrona e sulfato de estrona. As vias transdérmica e percutânea evitam o metabolismo hepático e não interferem no sistema renina-angiotensina sendo indicadas principalmente nas pacientes com antecedentes de tromboembolismo e nas hipertensas. A progesterona pode ser utilizada pelas vias oral, intramuscular transdérmica e através da mucosa vaginal. A forma micronizada, ao contrário do que ocorre com a progesterona pura, é bem absorvida e torna-se uma SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello alternativa ao uso de progesterona. A metabolização da progesterona origina vários produtos sendo os principais a pregnanediona, pregnenolona e pregnanediol. − Os hormônios sintéticos apresentam ação semelhante à da progesterona podendo ser obtidos a partir da testosterona ou da própria progesterona. Possuem indicação em diversos setores de endocrinologia ginecológica, como reposição hormonal, indução de amenorréia, tratamento de hiperplasia ou câncer de endométrio, contracepção, tratamento de hiperandrogenismo; Quando a TRH usa estrógenos associados aos progestínicos ela é denominada de "combinada". A combinação pode variar entre contínua e seqüencial ou cíclica. A forma mais popular de esquema contínuo combinado é o uso de 0,625mg de estrógenos conjugados com 2,5mg de medróxiprogesterona. Estrogênio cíclico ou contínuo e progestogênio cíclico são utilizados na perimenopausa quando existe sintomatologia estrogênio- dependente, assim como nos primeiros anos da pós- menopausa. O esquema que utiliza estrogênio isolado, cíclico ou contínuo, é recomendado para mulheres histerectomizadas. CLIMATÉRIO – DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO Nas queixas clínicas, pode haver referência a fogachos, insônia, irritabilidade, artralgia, mialgia, palpitações, diminuição da memória e do interesse pelas atividades de rotina, da libido, dispareunia, astenia e sintomas gênito-urinários relacionados com a hipotrofia das mucosas. O diagnóstico de climatério é eminentemente clínico, associando-se faixa etária da paciente (> 40 anos), alterações menstruais e outros sintomas da deprivação hormonal. Porém, para avaliar a sintomatologia, a necessidade de tratamento e seu acompanhamento, foram criados alguns índices que permitem avaliar, com certa praticidade, a intensidade da síndrome climatérica. Na avaliação da intensidade da síndrome do climatério, é útil o emprego de índices baseados na sintomatologia. Os índices mais utilizados são o de Hauser e o de Kupperman, os números obtidos servem para caracterizar objetivamente o quadro clínico e sua evolução com o tratamento, quando prescrito. • Índice de Hauser: a paciente deve dar notas de 0 a 10 para cada um dos sintomas listados, sendo 0 = ausência do sintoma e 10 = sintoma muito exacerbado. Ao final, somam-se todas as notas e divide-se por 10. Considera-se o índice elevado quando acima de 7, a diminuição do índice ao longo do tratamento é um marcador de boa resposta terapêutica. • Índice de Kupperman: consiste em atribuir graus de intensidade aos sintomas listados, da seguinte forma: ausente (0), leve (1), moderado (2) e grave (3). Cada sintoma tem um coeficiente de importância, sendo 4 para sintomas vasomotores, 2 para insônia, parestesia e nervosismo e 1 para melancolia, vertigem, astenia, artralgia, cefaleia, palpitação e formigamento. Devem-se multiplicar os coeficientes de intensidade e importância de cada sintoma e somá-los posteriormente. Classificam-se os casos como: ▪ leves: índice < 20; ▪ moderados: índice entre 20 e 34; ▪ graves: índice > 34. TRATAMENTOS Terapia de reposição hormonal: Os sintomas vasomotores (fogachos) atingem cerca de 75% das mulheres no climatério. Sem tratamento, podem desaparecer em um a dois anos, o que justifica terapia por curto prazo. Estrógenos têm-se mostrado úteis no controle de ressecamento da mucosa vaginal e dispareunia associados à deficiência hormonal na menopausa. SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello Vias de administração: − Oral: apresenta como vantagens o menor custo, a maior facilidade de administração, bem como a possibilidade de ajuste de dose e interrupção sempre que for necessário. Os estrogênios, quando administrados por via oral, são metabolizados no fígado e excretados pela urina e bile. Na passagem pelo fígado, inibe a lipase hepática, estimulando a síntese do HDL-colesterol; portanto, a via oral proporciona incremento do HDL-colesterol, melhorando, assim, o perfil lipídico. − Parenteral: tem como vantagem uma boa aceitação pelas mulheres, principalmente por aquelas portadoras de distúrbios digestivos; além do mais, provocam um menor impacto sobre o metabolismo glicídico, além de apresentar uma absorção hormonal uniforme. Entre elas citam-se: a transdérmica (na apresentação de adesivos ou gel); implantes subcutâneos. Esquemas: − Mulheres com útero: esquema combinado cíclico, ou seja, a prescrição de estrogênios durante 21 a 25 dias associados a progestógenos (10 a 12 últimos dias dos estrogênios), este esquema está indicado na pré- menopausa. Na pós-menopausa pode-se utilizar o esquema combinado contínuo, principalmente naquelas mulheres que não desejam menstruar. − Mulheres histerectomizadas: indica-se o esquema com estrogênios isoladamente. Os androgênios são utilizados isoladamente ou em associação com os esquemas anteriores; estando indicados principalmente nos casos de osteoporose, depressão, alteração de sexualidade e sintomatologia resistente aos medicamentos convencionais. Fitohormônios: substâncias de origem vegetal com características semelhantes aos hormônios. Entre os fitohormônios destacam-se os fitoestrogênios, capazes de trazer benefícios para a qualidade de vida da mulher no climatério. São compostos fenólicos heterocíclicos, e estão presentes em plantas com propriedades e estrutura semelhantes aos estrógenos sintéticos. • Entre essas destacam-se as isoflavonas encontradas na soja (Glycine max), que aparecem em forma de glicosídeos (daidzeína, genistína e glicisteína) em alimentos. As isoflavonas da soja são as que apresentam maior atividade estrogênica, devido a sua semelhança na estrutura química, e por se comportarem de forma parecida com os estrógenos se ligando aos receptores β, causando um equilíbrio nos níveis de hormônios, sem que o mesmo cause efeitos adversos, promovendo um benefício para a mulher com sintomas climatéricos. • Chá das folhas de amoreira (Morus nigra L), por exemplo, é utilizado para aliviar sintomas do climatério, o que pode estar relacionado à presença de constituintes flavonoídicos, especialmente as isoflavonas. Acredita-se que as folhas possuem substâncias com atividadesemelhante ao estrógeno produzido pelos ovários, compostos estes chamados de fitoestrógenos. SÍNDROME DA TENSÃO PRÉ MENSTRUAL • Severa em 2,5 a 5% das mulheres; • Branda em 33% das mulheres. Descrita em 1931, pela primeira vez como um estado de tensão insuportável. Sintomas mais comuns: ocorrem nas duas semanas que antecedem a menstruação. − Inchaço; − Retenção de líquidos com aumento de peso; − Mamas doloridas e inchadas; − Dores de cabeça; − Cólicas; − Dores nas costas; − Irritabilidade. • O estresse gera o aumento de cortisol, que compete com a progesterona por receptores; O cortisol impede que a progesterona chegue em seus receptores; • Este efeito se deve, provavelmente, por ação do hormônio liberador de corticotrofina (CRH) que inibe a libertação de GnRH. SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello MODIFICAÇÕES FISIOLÓGICAS DURANTE A GESTAÇÃO Reações orgânicas à presença do concepto e seus tecidos (aloenxerto), sobrecarga hormonal experimentada pela gestante ou ação mecânica do útero gravídico, resultam em condições para um desenvolvimento fetal adequado, em equilíbrio com o organismo materno; • MODIFICAÇÕES CUTÂNEAS • Estrias gravídicas − Estiramento das fibras colágenas; − Menor hidratação; − Estrias no abdome, mamas, nádegas, coxas... − Na gestação as estrias são avermelhadas; após o parto brancacentas. • Alterações vasculares cutâneas − O aumento do estrógeno promove uma vasodilatação ▪ Eritema palmas; − Vermelhião difusa ▪ Telangiectosias. • Alterações pigmentares − O aumento de estrógeno e progesterona promove uma hipertrofia do lobo intermediário da hipófise, responsável pelo metabolismo da pró- opiomelanocorticotrofina em β-endorfina e - melanotropina. − A hipertrofia desse local resulta na liberação da - melanotropina (MSH), que exerce ação estimulante sobre os melanócitos; promovendo o aparecimento da linha nigrans – linha média do abdome, o cloasma ou melasma gravídico. Melasma (cloasma): máscara gravídica – manchas acastanhadas que recobrem a testa e as proeminências malares. − A elevação da prolactina promove o escurecimento da aréola, axila e genitais. • Hipersensibilidade das glândulas sebáceas − Aumento de progesterona, gera uma pele mais oleosa, possível queda capilar e acnes. • MODIFICAÇÕES OSTEOARTICULARES • Postura: O peso adicional da gravidez (útero, feto e anexos) desestabiliza o equilíbrio materno, deslocando seu centro de gravidade para frente; aumento da base de sustentação -> Marcha anserina. − Cifose fisiológica -> lombalgia mecânica; • Sistema articular − A embebidação gravídica (processo adaptativo do aumento da mobilidade da pelve para “parir”) promove o relaxamento dos ligamentos do sistema articular; − Frouxidão dos ligamentos – relaxina secretada pela placenta, favorece a abertura da sínfise púbica em até 12 mm, com alargamento de 4 a 45 mm. − Aumento da capacidade pélvica; − O estrogênio promove o aumento da vascularização e hidratação dos tecidos conectivos dos ligamentos articulares; − A progesterona e a relaxina diminuem o tônus da musculatura que estabiliza as articulações; • METABOLISMO • Glicídico: O concepto consome glicose por difusão facilitada, em uma demanda permanente; Diminui a glicemia materna (noite de jejum): 15 a 20 mg/Dl; − No início da gravidez o estrógeno e a progesterona aumentam a secreção endógena de insulina e melhoram a utilização periférica da glicose; − Após a segunda metade da gestação ocorre o aumento do hormônio lactogênico placentário humano; o crescimento placentário; adiponectina; TNF-; IL-6; leotina; estimulam à lipólise, aumentando ácidos graxos livres, além disso, poupam a glicose por conta da resistência periférica. Dessa forma, ocorre a diminuição da resposta insulínica à glicose; diminuição da resposta ao glucagon; e diminuição do consumo periférico de glicose. → Levando a um quadro de hiperinsulinismo 2º compensatório • Lipídico: − Aminoácidos e glicose -> nutrientes mais abundantes que atravessam a placenta. (aminoácidos tem baixa concentração na gravidez). → Porém a placenta é praticamente impermeável aos lipídios; − Acúmulo de lipídios nos tecidos; − Hiperlipidemia gestacional; ▪ Aumento de peso: crescimento fetoplacentário e acúmulo de lipídios nos depósitos de gordura; − Maior ganho de peso: 2/3 primeiros da gestação -> hiperfogia; − A tendência de acumular gorduras cessa durante o último trimestre da gravidez: ▪ Metabolismo catabólico, pois o aumento da atividade lipogênica diminui; a atividade lipolítica torna-se exaltada; METABOLISMO ELETROLÍTICO • Sódio − Retenção em função do aumento de líquido amniótico, expansão do líquido extracelular e crescimento fetal; − A retenção de líquidos é responsável pelo aumento de volume plasmático -> Aumento do DC e aumento do fluxo plasmático renal. − Retenção de sódio -> aumenta a secreção de aldosterona pela suprarrenal, por conta do efeito natriurético da progesterona. → para conservar o sódio, quando a taxa SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello de filtração glomerular aumenta em torno de 50%, surge um mecanismo compensatório pelo sistema renina angiotensina. • Ferro − Necessidade maior durante a gravidez por conta do aumento da massa eritrocitária; − Necessidade de 30 – 60 mg/dia de Sulfato ferroso principalmente no 2º e 3º trimestre e durante a lactação; • Iodo − Diminuído durante o período gestacional; necessária a suplementação. • SISTEMA CARDIOVASCULAR − Aumento do DC, volume sanguíneo (volume plasmático), diminuição da resistência vascular periférica e PA; − As alterações hemodinâmicas já estão aparentes no início da gravidez; Início da gravidez: − Vasodilatação periférica (aumento de NO) – fator vasoativo, relaxante, elaborado pelo endotélio vascular. − Aumento significativo da FC e DC; − A elevação progressiva na FC prossegue até a 28ª a 32ª semana, com acréscimo de 10 a 15 bpm; − O DC aumenta de 5 l/mim para 7 l/min (28ª-32ª semana) A partir da 20ª semana: − O útero gravídico impede o retorno venoso para o coração quando a gestante fica na posição supina -> se ela ficar em decúbito lateral esquerdo, o DC é restaurado, pois irá descomprimir a veia cava; − Diminuição da PA; − A partir do 3º trimestre a pressão venosa dos membros inferiores aumenta 3 vezes, pela compressão do útero nas veias pélvicas. • Sistema Sanguíneo − Aumento cerca de 50% do volume plasmático, a partir da 6ª semana; − O aumento do volume acarreta em hipovolemia, com diminuição da viscosidade sanguínea, levando a um quadro de hemodiluição. − A hipervolemia é uma resposta compensatória às demandas do útero hipertrofiado, com necessidade de equilíbrio pelo menor retorno venoso, devido a compressão da veia cava inferior; − Os eritrócitos aumentam 15% em torno de 32 semanas, mas esse aumento é ofuscado pelo aumento de 50% do volume plasmático, logo, os índices que dependes do volume plasmático caem -> hemácias, hematócrito e concentração total de hemoglobina; o acarreta em uma anemia fisiológica da gestação. − Ocorre um aumento no número de leucócitos e uma queda no número de plaquetas; − Hipercoagubilidade – aumento de fibrinogênio. • SISTEMA RESPIRATÓRIO − O aumento sanguíneo e a vasodilatação promovem uma hiperemia e edema das VAS. − Mudança na caixa torácica (4 a 7 cm) e no diafragma; − Relaxamento nos ligamentos da costela, ângulo subcostal; menor complacência torácica -> maior esforço. − No 1º trimestre o volume corrente aumenta; a FR não se altera; a progesterona promove estímulo no centro respiratório no SNC; pela elevação do diafragma o volume residual diminui e o volume de reserva expiratório também, diminuindo assim a capacidade residual funcional em 20%. Hiperventilação na gravidez:− O equilíbrio ácido-base facilita a troca gasosa no pulmão; − A PO2 eleva-se no sangue materno; − A PCO2 diminui, facilitando o transporte placentário do CO2 fetal para a circulação materna. → Mecanismo de dispneia fisiológica devido aos efeitos da progesterona no centro respiratório no SNC e do aumento de consumo de O2 -> alcalose respiratória compensada • SISTEMA DIGESTIVO − 1º e 2º trimestre: menos secreção gástrica; − O SGI tem uma atonia (relaxamento); − Esvaziamento gástrico e trânsito intestinal mais lento − Comprometimento da contração da vesícula biliar -> estase; que junto ao aumento do colesterol, propicia o aparecimento de cálculos biliares. • MODIFICAÇÕES ENDÓCRINAS • Prolactina − A adenohipófise aumenta sua produção 2/3 vezes mais; ▪ Hiperplasia das células produtoras de prolactina; ▪ 10 vezes mais que o volume normal. − Os hormônios tireoidianos tem sua função alterada por conta de: ▪ Aumento dos níveis de globulina carreadora de hormônios tireoidianos; ▪ Estímulo da glândula pelo HCG → compensatório da produção de T3 e T4, visando manter a concentração adequada de hormônios livres. PRÉ – NATAL Mínimo de 6 consultas: ▪ 1: 1º trimestre ▪ 2: 2º trimestre ▪ 3: 3º trimestre Manual do MS: ▪ Até 28ª semana: mensal ▪ 28ª – 36ª semana: quinzenal ▪ 36ª – 41ª semana: semanal SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello • Exames: Hemograma: 1ª consulta e 3º trimestre. Tipagem sanguínea e fator Rh ▪ Se o fator Rh der negativo, realizar o Coombs indireto -> quando coombs positivo, administrar soro anti Rh; Glicemia de jejum: 1ª consulta e 3º trimestre; Urocultura e urina tipo I: 1ª consulta e 3º trimestre; Teste rápido para sífilis e/ou VDRL: 1ª consulta e 3º trimestre. ▪ VDRL – não treponêmico (não específico); ▪ Ftbas – treponêmico (específico). HIV teste rápido: 1ª consulta; Sorologia para toxoplasmose: IgM e IgG; repetir em alguns meses; • Consulta: DUM: Regularidade no ciclo, anticoncepcionais, paridade, intercorrências clínicas, obstétricas e cirúrgicas, detalhes de gestações prévias, medicações, IST’s, uso de drogas [...] Cálculo da DPP: Ganho de peso • < 18,5 kg/m² - baixo peso -> 12,5 – 18 • 18,8 – 24,9 – adequado -> 11,5 – 16 • 25 – 29,9 – sobrepeso -> 7 – 11 • > 30 – obesidade -> 5 – 9 Scanned with CamScanner SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello GRAVIDEZ DE ALTO RISCO Gestação de Alto Risco é “aquela na qual a vida ou a saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém-nascido têm maiores chances de serem atingidas que as da média da população considerada”. Uma gestação que está transcorrendo bem pode se tornar de risco a qualquer momento, durante a evolução da gestação ou durante o trabalho de parto. Portanto, há necessidade de reclassificar o risco a cada consulta pré-natal e durante o trabalho de parto. A intervenção precisa e precoce evita os retardos assistenciais capazes de gerar morbidade grave, morte materna ou perinatal. Os marcadores e fatores de risco gestacionais se dividem em: 1. Características individuais e condições sociodemográficas desfavoráveis: • Idade maior que 35 anos; • Idade menor que 15 anos ou menarca há menos de 2 anos; • Altura menor que 1,45m; • Peso pré-gestacional menor que 45kg e maior que 75kg (IMC30); • Anormalidades estruturais nos órgãos reprodutivos; • Situação conjugal insegura; • Conflitos familiares; • Baixa escolaridade; • Condições ambientais desfavoráveis; • Dependência de drogas lícitas ou ilícitas; • Hábitos de vida – fumo e álcool; • Exposição a riscos ocupacionais: esforço físico, carga horária, rotatividade de horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos nocivos, estresse. 2. História reprodutiva anterior: • Abortamento habitual; • Morte perinatal explicada e inexplicada; • História de recém-nascido com crescimento restrito ou malformado; • Parto pré-termo anterior; • Esterilidade/infertilidade; • Intervalo interpartal menor que dois anos ou maior que cinco anos; • Nuliparidade e grande multiparidade; • Síndrome hemorrágica ou hipertensiva; • Diabetes gestacional; • Cirurgia uterina anterior (incluindo duas ou mais cesáreas anteriores). 3. Condições clínicas preexistentes: • Hipertensão arterial; • Cardiopatias; • Pneumopatias; • Nefropatias; • Endocrinopatias (principalmente diabetes e tireoidopatias); • Hemopatias; • Epilepsia; • Doenças infecciosas (considerar a situação epidemiológica local); • Doenças autoimunes; • Ginecopatias; • Neoplasias. Os outros grupos de fatores de risco referem-se a condições ou complicações que podem surgir no decorrer da gestação transformando-a em uma gestação de alto risco: 1. Exposição indevida ou acidental a fatores teratogênicos. 2. Doença obstétrica na gravidez atual: • Desvio quanto ao crescimento uterino, número de fetos e volume de líquido amniótico; • Trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada; • Ganho ponderal inadequado; • Pré-eclâmpsia e eclâmpsia; • Diabetes gestacional; • Amniorrexe prematura; • Hemorragias da gestação; • Insuficiência istmo-cervical; • Aloimunização; • Óbito fetal. 3. Intercorrências clínicas: • Doenças infectocontagiosas vividas durante a presente gestação (ITU, doenças do trato respiratório, rubéola, toxoplasmose etc.); • Doenças clínicas diagnosticadas pela primeira vez nessa gestação (cardiopatias, endocrinopatias). SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello SÍNDROMES HIPERTENSIVAS NA GESTAÇÃO A Síndrome Hipertensiva Gestacional (SHEG) é uma doença multissistêmica, que acontece ao final do período gestacional e se apresenta em várias formas clínicas, estando em evidência a hipertensão gestacional, a pré-eclâmpsia (PE), a eclâmpsia e a síndrome de HELLP. • Essa síndrome determina-se por hipertensão arterial, seguida de proteinúria e/ou edema, sendo estes chamados tríade da SHEG. → Seu diagnóstico é realizado por volta da 24ª semana gestacional (decorrente de alterações ocorridas na invasão trofoblástica. É categorizada em duas formas básicas: A PE, forma não convulsiva, marcada pelo início da hipertensão aguda após a 20ª semana de gestação; E a eclâmpsia, que é uma emergência hipertensiva caracterizada pelos episódios convulsivos consequentes aos efeitos cerebrais intensos da PE. SHEG apresenta-se, em primeiro lugar, dentre as afecções provenientes do período gestacional e puerperal, além de ser a primeira causa de morte materna do país, especialmente, quando se tratam das suas formas mais graves, como a eclâmpsia e a síndrome HELLP. O diagnóstico de hipertensão arterial na gravidez é feito quando os níveis pressóricos são iguais ou superiores a 140/90 mmHg. A Síndrome Hipertensiva da Gestação pode ser classificada então em quatro formas distintas: 1) pré-eclâmpsia/eclâmpsia (doença hipertensiva específica da gravidez) quando a hipertensão arterial surge após 20 semanas de gestação e associada à proteinúria (≥ 0,3g de proteína em urina de 24 horas ou ≥ 2 cruzes em uma amostra urinária); 2) hipertensão crônica de qualquer etiologia quando identificada antes da gestação ou antes de 20 semanas de gestação – PA ≥ 140 x 90 mmHg 3) pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão crônica a paciente previamente hipertensa desenvolveu proteinúria após 20 semanas de gestação – PA ≥ 160 x 100 mmHg 4) hipertensão gestacional quando a manifestação ocorreu após a 20ª semana de gestação. PRÉ-ECLÂMPSIA Suas manifestações clínicas podem ser definidas pelo desenvolvimento gradual de hipertensão, proteinúria e edema generalizado. FISIOPATOLOGIA: • Implantação anormal da placenta no leito uterino, devido à ausência da segunda onda de invasão trofoblástica, que ocorre no 2º trimestre(16ª – 20ª semana). • Liberação placentária de fatores que interferem na ação do fator de crescimento endotelial (VEGF) e do fator de crescimento placentário (PIGF); − 1ª onda: destruição da capa musculoesquelética das artérias espiraladas no seu segmento tecidual; − 2ª onda: consome o segmento miometral; Essas ondas acabam convertendo as artérias em vasos de baixa resistência. Em gestantes com pré-eclâmpsia, a segunda onda não ocorre, dessa forma, a resistência arterial não cai e os vasos permanecem estreitos, desenvolvendo isquemia placentária. Sendo assim, a hipoperfusão placentária fica mais pronunciada com a progressão da gestação, uma vez que a vascularização uterina anormal é incapaz de acomodar o crescimento do fluxo sanguíneo para o feto e para a placenta, levando à injúria do endotélio vascular (radicais livres e toxinas). − A isquemia placentária e a hipóxia determinam lesão do endotélio vascular, agregação plaquetária (alta de tromboxano) bem como obstrução do fluxo sanguíneo placentário. − A hipóxia placentária também aumenta a produção de peróxidos lipídicos que prejudicam a síntese de prostaciclina, potente vasodilatador. • O aumento de tromboxano e a diminuição de prostaciclina, sensibiliza os vasos à ação da angiotensina II e noradrenalina, promovendo espasmos arteriolar placentário e sistêmico – evento básico dos distúrbios hipertensivos na gestação. − A lesão endotelial além de aumentar a reatividade vascular e causar o desenvolvimento da hipertensão arterial, também favorece a deposição de fibrina nos leitos vasculares, deflagrando eventos de coagulação intravascular disseminada. − Ocorre a permeabilidade vascular aumentada secundariamente à lesão endotelial, promovendo o edema periférico aumentado (aumento da pressão hidrostática). • TEORIA DO ESTRESSE OXIDATIVO: − A hipoxemia placentária é responsável pela geração de radicais livres derivados de O2, ganhando acesso à circulação e levando a danos endoteliais. − A mobilização de ácidos graxos das reservas adiposas parece diminuir a eficácia da albumina plasmática como protetora dos tecidos contra agressões pelos radicais livres. SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello Na gestação normal há invasão completa do citotrofoblasto e remodelamento das artérias espiraladas maternas. Na pré-eclâmpsia, a invasão do citotrofoblasto é superficial e limitada a regiões mais externas da decídua basal. Dessa forma, as artérias espiraladas não sofrem remodelamento devido à invasão. PRÉ-ECLÂMPSIA LEVE PA sistólica > 140 mmHg; PA diastólica > 90 mmHg; Edema; Proteinúria > 0,3 g/ 24h; Albuminúria; PRÉ-ECLÂMPLSIA GRAVE PA sistólica > 160 mmHg; PA diastólica > 110 mmHg; Proteinúria > 5 g/ 24h; Cefaleia occiptal; Visão turva, dupla, escotomas; Epigastralgias; Dor abdominal lateralizada à direita. SÍNDROME DE HELLP Hemólise ELevação das enzimas hepáticas LP (low platelets) baixa contagem de plaquetas. A síndrome HELLP pode se manifestar de diversas formas, sobretudo no 3º trimestre da gestação, entretanto, pode ocorrer raramente no 2º trimestre. As apresentações clínicas mais frequentes: • medidas da pressão arterial acima de 140 x 90 mmHg (em 82 a 88% dos casos); • Proteinúria (em 86 a 100% das vezes); • Epigastralgia ou dor no quadrante superior direito (QSD) do abdômen; • Cefaleia frontal (é a segunda queixa mais frequente, em 48%); • Náuseas e vômitos (em 34%); • Escotomas visuais (em 5 a 10%). As alterações laboratoriais que acompanham a síndrome HELLP são: aspatato transaminase (AST) superior a 70 U/L, desidrogenase lática (LDH) acima de 600 U/L e plaquetas abaixo de 100.000 µ/L. O encontro de esquizócitos à hematoscopia é um indicador de início da síndrome. • TEORIA DA SUSCETIBILIDADE GENÉTICA − Mutação de Leiden, que torna o fator V mais resistente à inativação pela proteína C; − Gene AGI e EPHX (regula produção de epóxido hidrolase, enzima microssomal hepática envolvida no metabolismo de toxinas); − Menor produção de NO endotelial, por defeito do íntron β do óxido nítrico sintetase. SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello IMINÊNCIA DE ECLÂMPSIA Corresponde ao quadro de pré-eclâmpsia grave, caracterizado clinicamente por sinais de: • Encefalopatia hipertensiva; • Dor epigástrica e no hipocôndrio direito; • Cefaleia; • Alterações visuais; ECLÂMPSIA A eclâmpsia é definida como um episódio primário de convulsão, durante a gestação ou no pós-parto, não relacionada com outras condições patológicas referidas ao sistema nervoso central, presente em gestantes com pré- eclâmpsia. As crises convulsivas na eclâmpsia costumam ser generalizadas e têm duração de cerca de 1 minuto, são acompanhadas comumente por cefaleia, alterações visuais, epigastralgia e dor no quadrante superior direito; pode evoluir para coma. • CAUSAS: − Vasoespasmo cerebral com isquemia local – diminuição de calibre difuso ou local das grandes artérias cerebrais. − Encefalopatia hipertensiva; − Edema vasogênico – quebra da barreira hematoencefálica (fluído escapa para o parênquima). − Dano endotelial. ECLÂMPSIA TARDIA Manifestação que se dá entre 48 horas e quatro semanas de pós-parto. A eclâmpsia tardia pode acometer tanto pacientes previamente normotensas como as que apresentem história de pré-eclâmpsia durante a gravidez. Proteinúria e hipertensão arterial sistêmica podem estar presentes ou ausentes, além de existirem sinais e sintomas considerados prodrômicos que podem auxiliar no diagnóstico de eclâmpsia tardia, como: cefaleia intensa, distúrbios visuais, epigastralgia intensa, apreensão e hiperreflexia, porém nem sempre todos esses sintomas se encontram presentes. PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO É importante alertar que uma gestação que está transcorrendo bem pode se tornar de risco a qualquer momento, durante a evolução da gestação ou durante o trabalho de parto. Portanto, há necessidade de reclassicar o risco a cada consulta pré-natal e durante o trabalho de parto. A intervenção precisa e precoce evita os retardos assistenciais capazes de gerar morbidade grave, morte materna ou perinatal. Todos os profissionais que prestam assistência a gestantes devem estar atentos à existência dos fatores de riscos e devem ser capazes de avaliá-los dinamicamente, de maneira a determinar o momento em que a gestante necessitará de assistência especializada ou de interconsultas com outros profissionais. SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello Uma vez encaminhada para acompanhamento em um serviço especializado em pré-natal de alto risco é importante que a gestante seja orientada a não perder o vínculo com a equipe de atenção básica ou Saúde da Família que iniciou o acompanhamento. Por sua vez esta equipe deve ser mantida informada a respeito da evolução da gravidez e tratamentos administrados à gestante por meio de contra referência e de busca ativa das gestantes em seu território de atuação, por meio da visita domiciliar. A estruturação da rede implica na disponibilidade de serviços de pré-natal para o baixo e alto risco, planejamento familiar, serviços especializados para atendimento das emergências obstétricas e partos incluindo os de alto risco, leitos de UTI neonatal e para adultos, leitos de berçário para cuidados intermediários, assim como, eventualmente, a constituição de casas de apoio a gestantes de risco com diculdades de acesso geográ- co ou a puérperas que sejam mães de bebês que necessitam permanecer internados. Também implica na humanização do atendimento por meio da sensibilização e da atualização prossional das equipes do sistema como um todo. • Consultas médicas e/ou de enfermagem eventuais; • Revisão da ficha de acompanhamento pré-natal e do cartão da gestante, avaliação da situaçãovacinal, avaliação clínica e obstétrica, avaliação dos resultados de exames com os devidos encaminhamentos e solicitação de outros se necessário. Atenção especial para as condições e agravo(s) específico(s) com análise das repercussões mútuas entre as condições clínicas da gestante e a gravidez; • Prescrição de sulfato ferroso a partir da 20º semana até a 6ª semana pós-parto; reforçar o uso do ácido fólico durante a gravidez; prescrição de outros medicamentos quando indicados. • Atendimento prioritário, toda vez que a gestante apresentar algum sintoma e/ou sinal de alerta; • Atendimento prioritário, caso seja identificada alguma anormalidade nos resultados dos exames disponibilizados à unidade, independente do cronograma de consultas estabelecido; • Estabelecimento do contato com a gestante/familiar para reagendamento da consulta; Estabelecimento de contato com a unidade de atenção primária de origem, caso não consiga comunicação com a gestante e/ou familiar, de forma a garantir a continuidade do cuidado pré-natal; • Exames complementares segundo protocolo, ou de acordo com o caso. • Instrumentos de acompanhamento clínico: prontuário, ficha de acompanhamento do pré-natal, cartão da gestante, cartão de vacinação, cartilha de orientação à gestante, relatórios de encaminhamento; • Materiais de informação, educação e comunicação; • Documentos de apoio: documento técnico da linha de cuidado, protocolos clínicos, protocolos de serviços de saúde, manuais técnicos; • Agenda compartilhada com os profissionais envolvidos; MANEJO CLÍNICO PARA AS DHEG • Inibidores de ECA são contraindicados, pois o risco de anormalidades urinárias fetais é maior. • BRAs são contraindicados porque aumentam o risco de disfunção renal fetal, hipoplasia pulmonar, malformações ósseas e morte. • Antagonistas de aldosterona (espironolactona e eplerenona) devem ser evitados, pois podem causar feminização do feto masculino. SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello DIAGNÓSTICO EXAMES FÁRMACOS TRATAMENTO HIPERTENSÃO LEVE A MODERADA (Crônica ou gestacional) PA sistólica de 140-159 mmHg e PA diastólica de 90-109 mmHg. A aferição da PA é o suficiente. Mulheres que tomavam metildopa, um betabloqueador, um bloqueador dos canais de cálcio ou uma combinação antes da gestação devem continuar a tomar esses medicamentos. No entanto, os inibidores da ECA e BRAs devem ser suspensos assim que a gestação é confirmada. Atividade física reduzida parece diminuir a PA. Porém, se essa medida conservadora não diminuir a PA, terapia medicamentosa. HIPERTENSÃO GRAVE (Crônica ou gestacional) PA sistólica ≥ 160 mm Hg ou PA diastólica ≥ 110 mm Hg. A PA é verificada habitualmente em todas as visitas pré-natais. Se a hipertensão grave ocorrer pela primeira vez em gestantes que não têm gestação múltipla ou doença trofoblástica gestacional, exames de ultrassom para excluir outras causas da hipertensão, devem ser considerados. • Metildopa • Betabloqueadores • Bloqueadores do canal de cálcio Para PA sistólica > 185 mm Hg ou PA diastólica > 110 mm Hg, avaliação imediata é necessária. Múltiplas drogas são geralmente necessárias. Além disso, hospitalização pode ser necessária durante boa parte final da gestação. Se a condição clínica da mulher piorar, pode-se recomendar a interrupção da gestação. PRÉ- ECLÂMPSIA • PA ≥ 140/90 mmHg, após 20 semanas de gestação, em pacientes previamente normotensas; • Proteinúria ≥ 0,3 g/24 horas ou uma cruz na leitura com fita; • Edema geralmente nos membros inferiores, face, mãos, anasarca. Com o hemograma avalia-se a relação de dois biomarcadores: o fator de crescimento placentário (PlGF) e a tirosina quinase-1. - Ecografia - rastrear crescimento fetal restrito; - Cardiotocografia; - Volume do líquido amniótico; - Dopplervelocimetria. • Metoprolol. • Sulfato de magnésio (MgSO4) • Anti-hipertensivos Tratamento farmacológico. ECLÂMPSIA • Agravamento da pré- eclâmpsia; • Ocorrência de convulsão. Como é um agravamento da pré- eclâmpsia, os exames são os mesmos. • Sulfato de magnésio (MgSO4) • Hidralazina – para crise hipertensiva. O tratamento definitivo é a interrupção da gestação, entretanto, algumas vezes, é possível aguardar o amadurecimento fetal para a realização do parto. A conduta clínica na eclâmpsia é representada pelo tratamento das convulsões e da hipertensão arterial sistêmica. A manutenção da medicação anticonvulsivante deve ser feita por 24 horas após o parto, podendo ser substituída por Fenitoína; ou Benzodiazepínicos como Diazepam: se as convulsões persistirem. HELLP Complicação da pré- eclâmpsia; PA ≥ 140 x 90 mmHg; Proteinúria; Dor epigástrica e no QSD; Cefaleia frontal; - Tomografia computadorizada; - Avaliação laboratorial básica inclui hemograma completo com contagem de plaquetas e esfregaço sanguíneo, tempo de coagulação e dosagem sérica; • Opioides • Sulfato de Magnésio IV: (6g + 2-3g/h) • Anti-hipertensivos se PA for ≥ 160 x 105 mmHg. A corticoterapia está indicada nas gestações com menos de 34 semanas. Transfusão de plaquetas quando há sangramentos significativos ou quando os níveis plaquetários estão abaixo de 20.000/mm. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/ginecologia-e-obstetr%C3%ADcia/abordagem-%C3%A0-gestante-e-cuidados-pr%C3%A9-natais/avalia%C3%A7%C3%A3o-da-paciente-obst%C3%A9trica#v1154267_pt Scanned with CamScanner Scanned with CamScanner SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello PARTO EUTÓCITO E DISTÓCICO Parto Eutócico O parto eutócico é um parto normal, no qual não se verificam alterações e que se inicia e conclui de forma espontânea, sem necessidade de intervenção médica. Neste tipo de parto, o feto encontra-se em posição fetal cefálica e flexionada e a sua saída é vaginal. Parto Distócico O parto distócico requer intervenção médica; a identificação de distocias é feita pela observação da dilatação cervical e descida da apresentação. A contratilidade uterina torna-se ineficiente para dilatar o colo e atuar no progresso do parto, ou então a atividade uterina pode ser exagerada, capaz de provocar parto rápido e precipitado. As causas que provocam um parto distócico podem ser variadas. Distocia é qualquer dificuldade de origem fetal ou materna no progresso normal do parto. Num parto normal ou eutócico ocorrem uma sequência de vários fenômenos: contrações uterinas rítmicas e coordenadas, modificação e dilatação do colo do útero e descida do bebé através do canal de parto. Por outro lado, num parto distócico, pode existir um atraso, um bloqueio ou uma limitação destas sequências, o que faz com que o parto se prolongue excessivamente e que seja necessária uma intervenção médica para evitar riscos na saúde da mãe e do bebê. Alterações em um dos três fatores fundamentais que participam do parto: • Trajeto (pelve e partes moles) – caracteriza a distocia do trajeto; • Força motriz ou contratilidade uterina – caracteriza a distocia funcional; • Objeto – caracteriza a distocia fetal; I. Distocias maternas: • Distocias mecânicas (trajeto): Podem ser ósseas ou das partes moles. As distocias ósseas afetam a posição dos ossos da pélvis, que dificultam a saída da cabeça do bebê por falta de espaço. Esta desproporção cefalo-pélvica diagnostica-se quando a mulher já tem dilatação. As distocias das partes moles encontram-se dentro do próprio útero ou no canal de parto. • Distocias dinâmicas (funcional): É um conjunto de anomalias na atividade contrátil do útero que interferem no parto. Podem provocar transtornos na frequência ou na intensidade das contrações. Dividem-se em hiperdinâmicas (contrações fortes ou muito frequentes), hipodinâmicas (contraçõesfracas ou pouco frequentes) e descoordenações uterinas (contrações não ritmadas): ▪ Hipoatividade: contrações apresentam frequência e/ou intensidade menores que as adequadas para o momento do parto observado, sendo assim o trabalho progride lentamente ou se interrompe. O tratamento é infusão de ocitocina em doses fisiológicas; ▪ Hiperatividade: contrações apresentam frequência e/ou intensidade maiores que as adequadas para o momento do parto observado, é consequência do aumento da força de contração das fibras uterinas, sendo que o excesso dessas contrações pode levar ao sofrimento fetal agudo ou rotura uterina. O tratamento seria colocar a paciente e decúbito lateral, pois reduz a frequência das contrações. ▪ Hipotonia: o tônus uterino está diminuído (inferior a 8 mmHg) e, em geral, associado a hipoatividade; ▪ Hipertonia: o tônus uterino (maior que 10 mmHg), divido em leve (entre 12 e 20), moderado (entre 20 e 30) e grave (superior a 30). ▪ Inversão do tríplice gradiente descendente: predominância da atividade nas partes baixas do útero. Podendo ser total: afetando intensidade, duração e propagação; ou parcial: afetando um ou dos componentes desses, com contrações totalmente ineficazes para dilatar o colo (tendem a fechá-lo). ▪ Incoordenação uterina: partes diferentes do útero contraem de forma independente e assincrônica, impedindo que o útero alcance o máximo de contrações simultaneamente. SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello II. Distocias do estado fetal (objeto): • Tamanho fetal: > 400 g ou quando, mesmo não tendo um peso aumentado, a bacia materna não apresenta diâmetros que permitam a sua passagem, ao que se denomina desproporção cefalo-pélvica. Deve-se tentar identificar uma distócia pelo tamanho fetal preferencialmente antes do trabalho de parto efetivamente, o que pode ser evidenciado de diversas maneiras: • Altura uterina acima do percentil 95 para idade gestacional; • Presença de edema suprapúbico e membros inferiores sem insinuação do pólo cefálico no estreito superior da bacia; • Estimativa do peso fetal por meio de ultrassonografia obstétrica; • Prova de trabalho de parto – caracteriza-se a parada secundária de dilatação pelo partograma. • Distocia de biacromial: Trata-se de complicação grave que pode ocorrer no trabalho de parto, quando a apresentação é cefálica e, após o desprendimento do pólo cefálico, os ombros não se soltam e não há outros fatores que impeçam seu desprendimento. − Associa-se frequentemente a obesidade materna, ao pós-datismo e à diabetes gestacional; − A distocia de ombros, como também é chamada, pode causar graves consequências à parturiente – como lacerações, atonia uterina, rotura uterina ou disjunção da sínfise púbica – e ao feto – lesões de plexo braquial, fratura de clavícula ou úmero, podendo evoluir para óbito intraparto ou neonatal; • Anormalidades de situação e apresentação MECANISMO DE PARTO Conjunto de movimentos que o feto é compelido a realizar na sua passagem no canal de parto. • Passivos; • Compulsórios; • Independem da vida do feto (vitalidade); • Resultantes de forças (contração uterina e abdominal); • Interação com os planos diversamente inclinados (acidentes topográficos da pelve); Adaptação dos diâmetros maiores do feto aos maiores diâmetros da pelve; • Movimentos acessórios: ▪ Flexão: apresentação cefálica “queixo no peito”; ▪ Deflexão: apresentação cefálica defletida “nuca nas costas”. Na apresentação cefálica de 2º grau o bebê não nasce de parto normal, pois o maior o diâmetro é occipício- fronte. SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello APRESENTAÇÕES CEFÁLICAS FLETIDAS Estreito superior Plano zero INSINUAÇÃO Consiste na passagem do diâmetro biparietal pelo estreito superior da bacia. A sutura sagital é a linha de orientação e corresponde, na maioria das vezes, ao diâmetro transverso do estreito superior. No início do trabalho de parto, a cabeça fetal está em moderada flexão e, para se acomodar ao estreito superior, acentua a posição de flexão no sentido de diminuir os diâmetros de insinuação. As contrações uterinas obrigam a cabeça a executar um movimento de báscula, e, progressivamente, ocorre a substituição dos diâmetros maiores por outros menores, até atingir o diâmetro da flexão fisiológica da cabeça: suboccipitobregmático (9,5cm). Ocorrem, também, movimentos de inclinação lateral da apresentação, denominados assinclitismo: Se o bebê lateralizar a cabeça para o sacro e apresentar a placa sagital para o púbis será anterior; se ele lateralizar a cabeça para o púbis e apresentar a placa sagital para o sacro, o movimento será posterior. DESCIDA É a continuação da insinuação em que a cabeça penetra no estreito médio (planos 0, +1,+2,+3... DeLee). Quando a cabeça fetal está no plano zero de De Lee, diz-se que ela está insinuada. SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello ROTAÇÃO INTERNA Tem, como finalidade, colocar a linha de orientação no diâmetro anteroposterior do estreito inferior da bacia materna. O ponto de referência da posição, a fontanela lambdoide, localiza-se abaixo do púbis. A rotação interna levará a sutura sagital a se orientar no sentido anteroposterior da saída do canal (OP ou OS) – vai de encontro ao plano inclinado formado pelo músculo elevador do ânus (forma uma goteira mediana) Ocorre a penetração das espáduas através do estreito superior da bacia. DESPRENDIMENTO CEFÁLICO Ao término da rotação interna, a cabeça fetal desprende-se do estreito inferior, com o auxílio da retropulsão do cóccix, que aumenta o diâmetro de 9 para 11cm. • Com a cabeça fletida, toma-se ponto de apoio (hipomóclio) a sínfise púbica, deslizando ao redor dela em forma de arco; esse desprendimento cefálico se faz por movimento de deflexão. O desprendimento da cabeça pode ser explicado pelo fato de, ao chegar à vulva, ser solicitado por 2 forças que atuam em sentido convergente: a contração uterina, propulsora no sentido da menor resistência (fenda vulvar), e a contrapressão do períneo. ROTAÇÃO EXTERNA Também denominada movimento de restituição, por voltar o occipício à orientação observada antes da rotação interna. DESPRENDIMENTO Nesse momento estando as espáduas no maior diâmetro do estreito inferior (ântero-posterior), o ombro anterior vai se colocar sob a arcada púbica impelindo para trás o coccige materno. − Desprendimento do ombro anterior; − Desprendimento do ombro posterior. PERÍODOS CLÍNICOS DO TRABALHO DE PARTO • PERÍODO PREMUTÓRIO Caracteriza-se por adaptações fisiológicas, com duração extremamente variável, que antecedem o trabalho de parto; Dores que podem se iniciar semanas antes do parto; por ação da ocitocina no músculo. A qual leva a um aumento gradual da atividade uterina – contrações com ritmo irregular e incoordenadas; Amadurecimento do colo uterino – amolecimento, alteração da sua orientação no eixo vaginal e princípio do seu encurtamento (apagamento); SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello Acomodação do pólo fetal ao estreito superior da pelve; Aumento das secreções cervicais – perda do tampão mucoso – eliminação de muco, por vezes acompanhado de sangue; Descida do fundo uterino, caracterizado por seu abaixamento em cerca de 2 a 4 cm. PERÍODO DE CONTRAÇÃO E DILATAÇÃO A duração do período varia entre nulíparas e multíparas: Nulíparas podem permanecer em trabalho de parto em até 24 horas. • O diagnóstico do trabalho de parto é firmado na presença dos seguintes fatores: contrações uterinas rítmicas e coordenadas, com frequência de 2 a 5 eventos a cada 10 minutos e duração de 45 a 60 segundos. Em cada episódio, pode ser observada uma fasede contração, que dura de 40 a 60 segundos, e outra de relaxamento, com duração de até 120 segundos. A intensidade mínima necessária para haver dilatação do colo é de 15mmHg. Miométrio: sensibilidade, excitabilidade, elasticidade, contratilidade e tonicidade. • Sensibilidade do útero é pequena, restrita ao colo uterino. • O útero apresenta atividade contrátil durante toda a gestação. As contrações são de 2 tipos: • Generalizadas e de intensidade entre 10 e 20mmHg, que se difundem por todo o útero, chamadas contrações de Braxton Hicks; • Contrações pequenas e localizadas, com intensidade entre 2 e 4mmHg. Todas elas são indolores e têm por efeito facilitar a circulação útero-placentária e possibilitar a formação do segmento inferior e a acomodação fetal. Até a 30ª semana de gestação, a atividade uterina é discreta intensificando-se ao se aproximar do termo da gestação. Frequentemente, nas 2 últimas semanas que precedem o parto, as contrações uterinas adquirem os caracteres peculiares àquelas do parto. O tônus uterino durante a gestação situa-se entre 3 e 8mmHg. A atividade uterina é controlada por fatores neuro- hormonais, com papel de destaque para a ocitocina. Dilatação cervical: é o aumento do diâmetro do colo uterino de milímetros até a dilatação completa (10 cm). Causas: contrações uterinas e suas consequências (pressão da apresentação e aumento da pressão hidrostática da bolsa amniótica). • Esvaecimento ou apagamento do colo: é a incorporação do colo à cavidade uterina. - Ao toque vaginal: fino - médio – grosso • O período de dilatação pode ser subdividido em 2 etapas: − Fase de Latência: caracterizada pela presença de contrações regulares e pelo começo da dilatação, e que tem duração média de 8 horas. − Fase Ativa: Aumento rápido da velocidade de dilatação (de 5cm a 9cm); Durante a fase ativa do trabalho de parto, espera-se dilatação média de 1,2cm por hora nas primíparas e de 1,5cm por hora nas multíparas. O partograma é iniciado quando há uma dilatação de 6 cm. Efeitos das contrações sobre o organismo materno: • Elevação da PA, principalmente sistólica; • Elevação da FC por aumento do retorno venoso à custa do esvaziamento das paredes uterinas; • Compressão da aorta e veia cava inferior pelo útero. SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello Padrão evolutivo de Friedman (divisão funcional do parto): PERÍODO EXPULSIVO • As contrações uterinas atingem intensidade e frequência máximas; com frequência de 5 contrações em 10 minutos; • O tônus uterino eleva-se; • O efeito das contrações impele a apresentação para o canal do parto; • A pressão intra-abdominal eleva-se até 100 mmHg, à custa do abaixamento do diafragma e da prensa abdominal; • A impulsão do feto pelo canal do parto distende passivamente as fibras musculares da vagina; • A vulva fica entreaberta, o períneo distendido e abaulado e o ânus entreaberto até que o feto é expulso, descrevendo um mecanismo. • Duração normal da fase ativa do segundo período: Primíparas: cerca de 0,5–2,5 horas sem peridural e 1–3 horas com peridural. Multíparas: até 1 hora sem peridural e 2 horas com peridural. Obs: Peridural tira a dor das contrações, porém não impossibilita os movimentos da gestante, o que auxilia no parto. DEQUITAÇÃO Começa logo após o desprendimento do bebê e termina com a saída da placenta. Após a expulsão, ainda são observadas contrações uterinas indolores, menos frequentes, porém mais intensas. Tais contrações auxiliam a passagem do sangue da placenta para o recém-nascido, ajudam no descolamento, na descida e na expulsão da placenta e asseguram a hemostasia. A dequitação ocorre entre 5 e 10 minutos após o período expulsivo e é considerada prolongada quando ultrapassa 30 minutos. O descolamento da placenta pode ocorrer por 2 mecanismos: - Descolamento central (Baudelocque-Schultze): observado em 75% dos casos e reconhecido pela presença de sangramento vaginal após a saída da placenta; - Descolamento marginal (Baudelocque-Duncan): observado em 25% dos casos e reconhecido pela presença de sangramento. A placenta descola-se da parede uterina no nível da camada esponjosa; a camada basal remanescente propiciará a reepitelização do endométrio. QUARTO PERÍODO – GREEMBERG Constituído pela 1ª hora após a dequitação. Nesse intervalo, esperam-se a estabilização dos sinais vitais maternos e a consolidação da hemostasia uterina. É muito importante observação atenta, para que sangramentos genitais anormais possam ser rapidamente diagnosticados. A hemostasia uterina se dá por 2 mecanismos principais: − Miotamponamento (oclusão dos vasos miometriais pela retração muscular); − Trombotamponamento (os vasos são obliterados por trombose vascular). A perda sanguínea média total no parto vaginal é de, aproximadamente, 500ml. PARTOGRAMA É a representação gráfica do trabalho de parto que permite acompanhar analisar a dilatação cervical, contrações uterinas e apresentação fetal e, função do tempo. Objetivos: documentar, diagnosticar alterações e indicar a tomada de condutas apropriadas para a correção destes desvios, ajudando ainda a evitar intervenções desnecessárias. SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello • Eficaz e de baixo custo; • Detecta rapidamente o progresso normal ou os desvios na evolução do trabalho de parto, permitindo decisões clínicas mais rápidas; • Promove a redução de intervenções desnecessárias. Registrar as seguintes observações no primeiro período do trabalho de parto: • Frequência das contrações uterinas de 1 em 1 hora; • Pulso de 1 em 1 hora; • Temperatura e PA de 4 em 4 horas; • Frequência da diurese; • Exame vaginal de 4 em 4 horas ou se houver alguma preocupação com o progresso do parto ou em resposta aos desejos da mulher (após palpação abdominal e avaliação de perdas vaginais). SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello AVALIAÇÃO DA VITALIDADE FETAL Perfil biofísico fetal: avaliação de cinco parâmetros de vitalidade fetal, sendo quatro analisados pela ultrassonografia e o quinto pela cardiotocografia fetal. Está indicado para todas as gestantes de alto risco. Cada parâmetro recebe uma pontuação, sendo 0 quando está alterado ou ausente e 2 para o parâmetro presente ou normal. PARTO HUMANIZADO Parto humanizado é a denominação que se dá ao tipo de parto – normal ou cesárea, seja em hospital, casa de parto ou na própria casa da parturiente – em que o tratamento oferecido à mãe e ao seu bebê terá como premissa o respeito máximo às suas vontades. Humanização no tratamento e escolhas da gestante, como luz baixa, trilha sonora de sua preferência, liberdade para escolher a posição mais confortável, em que será oferecido um serviço humano e transformador para um evento familiar, emocionante e transformador; Para a dor de um parto normal não se transformar em sofrimento, a gestante conta com uma serie de técnicas não invasivas para alívio de dor, como musicoterapia, acupuntura, banheira quente, massagens relaxantes, liberdade de se movimentar, se alimentar e até mesmo a possibilidade de analgesia caso a dor seja insuportável. O parto, principalmente o normal, era considerado um evento traumático, de puro sofrimento, pois a mãe não tinha direito a acompanhante, era obrigada a ficar na posição vertical com as pernas para cima – posição essa que não favorece a gravidade, por isso é a menos eficaz – eram introduzidas técnicas dolorosas e desnecessárias como soro de ocitocina para acelerar o processo, assim como corte no períneo, a episiotomia, tudo isso sem consultar a mãe que, diante da falta de informação, desenvolvia trauma de um momentos que deveria estar entre os mais
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