Geografia socioeconomica

Prévia do material em texto

As grandes culturas do globo
Existem cerca de 350.000 espécies de plantas, porém, somente umas 600 são cultivadas. Destas, apenas umas 20 têm importância para todos os homens em geral e aparecem praticamente em todos os continentes.
Após os grandes descobrimentos, quando todos os continentes ficaram conhecidos, houve maior distribuição de espécies de plantas pelas mais variadas partes da Terra. Com isso, cada continente foi enriquecido, além de suas plantas nativas, com outras plantas trazidas de regiões distantes. Vejamos alguns exemplos: 
• milho: alimento dos índios dos Andes e do México, alastrou-se por todos os outros continentes; 
• cana-de-açúcar: alimento da Ásia, passou a ser amplamente cultivada na América; 
• mandioca: alimento dos índios da América do Sul, tornou-se alimento importante na África; 
• trigo: alimento da Europa, alastrou-se nas áreas temperadas da América;
• arroz: alimento importante da Ásia, foi para todos os outros continentes;
• café: originário da África, desenvolveu-se extraordinariamente no Brasil; 
• cacau: originário da Amazônia, é muito cultivado na Bahia e na África.
 
Cereais
De todas as espécies cultivadas, sem dúvida nenhuma, o cereal é um dos mais importantes. Constitui o alimento básico da humanidade. Pertence à família das gramíneas e fornece grãos ricos em proteínas.
Os principais cereais são: trigo, arroz, milho, centeio, cevada e aveia.
Entre as plantas cultivadas, o trigo é a que ocupa maior extensão, sendo também um dos produtos mais comerciáveis no mercado internacional. Destacam-se, na sua produção, a China e a União Europeia.
Apesar de ser originário das áreas temperadas, o trigo pode adaptar-se às mais diferentes condições de temperatura e umidade.
No Brasil, o trigo foi introduzido pela colonização europeia e por ser um produto de clima temperado e subtropical, o seu cultivo se faz principalmente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e algumas áreas do Paraná e São Paulo.
O arroz é considerado o sustento básico dos povos amarelos e de uma parte dos povos negros. Do ponto de vista comercial, o arroz é menos importante que o trigo, porque seus maiores produtores são também os seus maiores consumidores. Os maiores produtores são a China e a Índia.
No Brasil, há 2 tipos de cultivo do arroz: o de inundação (Maranhão e Rio Grande do Sul) e o sequeiro (Goiás).
Quanto ao milho, desenvolve-se melhor nas latitudes mais baixas, intermediárias entre o trigo e o arroz. No Brasil, o produto ocupa grande parte das terras cultiváveis.
 
Tubérculos
Os tubérculos são plantas cujos caules se apresentam ricos
         em matérias feculentas (amido).
Os principais são: batata, batata doce, inhame e mandioca.
A batata é largamente cultivada e consumida pelas populações das áreas temperadas. Porém a sua origem está ligada à América Tropical, provavelmente ao Chile de onde se difundiu.
Os tubérculos constituem elementos muito importantes na alimentação do brasileiro.
 
Outras plantas
O fumo tem como maiores produtores: China, EUA, Índia, Brasil.
A cana-de-açúcar tem a sua origem ligada à Ásia (Índia e Java) e sua difusão inicial deveu-se aos comerciantes árabes.
O açúcar é um alimento de elevado teor energético e um dos mais consumidos mundialmente.
Os maiores produtores de cana-de-açúcar são: Brasil, Índia, China e México.
Com relação às bebidas, o café, o chá, o cacau, avinha (uva) e a erva-mate são as plantas mais consumidas mundialmente como bebidas estimulantes. O café é, sem dúvida, o de mais destaque, sendo os maiores produtores mundiais: Brasil, Colômbia e Costa do Marfim.
Os maiores produtores de chá são: Índia, Sri Lanka e China; de vinha são: França, Itália e Espanha; de erva-mate são: Brasil, Paraguai e Argentina.
 
 
Para onde vai a agricultura mundial?
Agricultura e pecuária são atividades agrárias, integrantes do setor primário da economia.
Os fatores naturais influenciam fortemente as atividades agrárias – solos férteis e água são fundamentais para o sucesso dessas atividades. Entretanto, modernas técnicas de correção de fertilidade e de irrigação podem resultar em excelentes resultados na produção agrícola.
A função principal da agricultura é a produção de alimentos e de matérias-primas para atender às necessidades humanas. Após a Revolução Industrial, as atividades agrárias têm contado com avanços técnicos que resultaram no aumento da produtividade.
Essa atividade não é praticada da mesma forma nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Nos países ricos, utilizam-se maciçamente agrotóxicos, adubos e uma mecanização intensa. Nos países pobres, a agricultura tem graves problemas: concentração de terras, melhores solos ocupados por produtos de exportação, baixos preços desses produtos no mercado internacional.
Além dessas desvantagens, ainda enfrentam o problema do protecionismo imposto pelos países desenvolvidos, limitando a importação de vários produtos agrícolas, além de pesados subsídios (ajuda financeira governamental), dados aos agricultores dos seus países.
 
 Agricultura e alimentação
Os recursos alimentícios mundiais encontram-se em uma situação de desequilíbrio.
Enquanto em alguns lugares há constantes excedentes de alimentos, em amplas regiões a escassez é contínua e a alimentação é deficitária em quantidade e qualidade (subalimentação). Mas o mais grave é a impossibilidade de equilibrar excedentes e déficits, já que a falta de capitais não permite aos países subdesenvolvidos fazer as compras necessárias. Portanto a subalimentação é o resultado da divisão desigual da riqueza e não de uma produção insuficiente.
 
Superalimentação e subalimentação
Apesar dos recursos alimentícios terem melhorado desde os anos de 1970, muitos países, especialmente do continente africano, vêm verificando uma piora de sua situação alimentícia. Em casos extremos, provocados por circunstâncias climáticas ou por conflitos bélicos, têm-se produzido autênticos episódios de fome generalizada, que a ajuda internacional não consegue solucionar. Por outro lado, muitos dos países industrializados apresentam uma produção de alimentos muito superior a seu consumo.
 
 
 
Transgênicos
 
Uma nova revolução agrícola está em marcha. Ao aliar as mais avançadas técnicas de manipulação genética aos métodos tradicionais de plantio, a biotecnologia consegue criar espécies de plantas resistentes a pesticidas, alimentos mais nutritivos e grãos mais produtivos. Seria a panaceia para resolver um dos conflitos prementes da humanidade: a fome. 
Contudo, o problema da fome no mundo não se deve ao fato de a produção de alimentos ser menor do que o necessário ou à diferença entre o crescimento da população mundial e da produção de alimentos. Ao contrário, esse problema está relacionado à má distribuição dos alimentos pelo mundo. Ao mesmo tempo, nem todo alimento produzido pela agricultura é destinado à alimentação humana. Há, portanto, um descompasso entre a produção de alimentos e sua distribuição entre a população.
Nos Estados Unidos, porta-estandarte desse movimento, 1/3 do milho e mais da metade da produção de soja e de algodão utilizaram sementes alteradas geneticamente.
A variedade de produtos transgênicos é ampla: soja, milho, algodão, canola, mandioca, inhame, batata-doce, tabaco, arroz, tomate e trigo são algumas das culturas beneficiadas. No Brasil, assim como na maior parte dos países europeus, ainda há resistência à revolução dos transgênicos. A liberação da produção e comercialização depende de análise técnica feita pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
 
Problemas agrários no Brasil
O Brasil tem à sua disposição uma das mais extensas áreas agrícolas de todo o mundo. Nos últimos anos, devido às melhorias na distribuição de renda no país, que ainda precisa melhorar, o número de pessoas que passam fome diminuiu significativamente.
O problema da fome não decorre da falta de alimentos, nem de terras para produzi-los. Decorre do injusto modelo agrícola e econômico, que exclui milhõesde pessoas do processo produtivo, tornando-as incapazes, até mesmo, de comprar os alimentos necessários à subsistência.
Como se explica a existência de tais problemas em um país tão extenso e com uma das maiores produções agropecuárias do mundo? Essa realidade resulta de vários fatores e um dos mais importantes é a ausência de uma reforma agrária capaz de alterar a injusta estrutura fundiária.
         Por estrutura fundiária entende-se o modo como as
         propriedades ou os estabelecimentos rurais estão
         distribuídos.
 
A extrema desigualdade na distribuição da terra é a principal característica da estrutura fundiária brasileira, ou seja, poucas pessoas são donas de muita terra (latifúndios). A situação torna-se mais difícil pelo fato de que apenas uma parcela da área do latifúndio é destinada à produção agrícola. E, mesmo assim, para produtos de exportação ou agroindustriais. Enquanto isso, milhões de famílias sem-terra são impedidas de produzir alimentos para si e para outros, porque não possuem terra ou a possuem de forma escassa.
Desde os anos 1950, discute-se a reforma agrária no Brasil. De forma genérica, a reforma agrária é uma mudança na estrutura fundiária do país, efetuada pelo Estado, que desapropria grandes fazendeiros e distribui lotes de terras a famílias camponesas.
Apesar de intensamente discutida e de terem sido criados órgãos governamentais para implementá-la, nunca foi seriamente executada. Acabam predominando os fortes interesses dos grandes proprietários, que pressionam os políticos e abortam as iniciativas que ameaçam seus privilégios.
 
Na década de 1980, formou-se o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que vem lutando pela reforma agrária, promovendo ocupações de terra, formando cooperativas, entre outras ações.
A reforma agrária deve visar resolver o problema dos sem-terra e da pobreza no campo, assim como o abastecimento alimentar para a maioria da população. Ela deve promover a justiça social, mas não pode consistir somente na desapropriação de certas áreas para redistribuição, pois, sem outras condições complementares como crédito bancário facilitado, preços mínimos para certos produtos agrícolas, garantia de transporte, incentivos à modernização das técnicas etc., corre-se o risco de fracasso total.
Outra questão grave no Brasil é a ambiental. O nosso modelo predatório de exploração gera diversos tipos de problemas como o desmatamento, as queimadas, a erosão do solo, a contaminação das águas por mercúrio e defensivos agrícolas e a ocupação desordenada do solo. Práticas que causam danos ao meio ambiente e atingem todos os nossos ecossistemas naturais, colocando em risco a vida de milhares de espécies vegetais e animais.
A continuidade da concentração da propriedade fundiária e todos os demais problemas do campo representam um grande entrave ao desenvolvimento do Brasil.