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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE DIREITO DISCIPLINA DE DIREITO ROMANO PROGRAMA DE MONITORIA DISCENTE: LUIS FERNANDO DE MATOS TURMA 24 N° USP: 11895347 Caso 05 – O órfão Públio, de dez anos de idade, convence por meio de gestos o surdo-mudo Mévio a comprar seu cavalo por um preço substancialmente superior ao de mercado. Ao saber do ocorrido, o paterfamilias de Mévio vai queixar-se ao tutor de Públio, o qual, no entanto, não aceita a reclamação e se opõe ao desfazimento da compra e venda. Diante da recusa, o indignado pai procura um jurista, pedindo orientação quanto à possibilidade de anular o negócio. Do direito: · O negócio jurídico em Roma poderia constituía-se na aquisição, transferência, modificação, extinção, resguardo de objetos; · Para a transferência das res mancipi como terras, bois, cavalos, havia a mancipatio, que era uma cerimônia que contava com a presença de testemunhas e pronunciamentos de fórmulas; · Para lei romana, nem todas as pessoas tinham a capacidade de praticar atos jurídicos; · Dependia-se da idade, do sexo e de apresentar sanidade mental perfeita; · Em regra geral, os púberes, varões, perfeitamente sãos, tinham completa capacidade de agir; · Para os jurisconsultos clássicos, considerava-se púbere, o varão ao completar 14 anos; · Os puberdade proximi eram considerados relativamente incapazes; · Os relativamente incapazes são os que não podem praticar, por si sós, atos que diminuam seu patrimônio. Quanto aos atos que o aumentam, podem efetuá-los sem qualquer restrição; · No século II a.C., a "Lex Laetoria" estabeleceu que os menores de 25 anos poderiam requerer a nulidade de atos jurídicos que o tivessem lesado, caso não tivesses a assessoria de um representante. No Direito pós-clássico havia a exigência que o menor de 25 anos tivesse sempre a assistência do representante; · Os surdos-mudos tinham capacidade limitada, pois não podiam praticar atos verbais; Do parecer do jurista: A orientação seria de que o ato não é válido de duas maneiras: 1ª) Do ponto de vista do objeto. Um cavalo é um bem "mancipi", isto é, sua comercialização exige a realização da "mancipatio", ato solene e formal que pressupõe a declaração de fórmulas além da presença de 5 testemunhas. Mévio, por ser surdo-mudo, não teria condições físicas de pronunciar tais palavras, necessitando, dessa forma, dum representante que as pronunciasse. Como não houvesse esse representante, o ato não teria validade. 2ª) Do ponto de vista dos sujeitos. Públio é um indivíduo impúbere. Assim, necessitaria do auxílio de um representante para a realização de todos os atos jurídicos que onerem seu patrimônio. Todo ato de compra e venda é um ato oneroso, uma vez que quem vende renuncia ao seu direito sobre o objeto. Dessa forma, Publio não poderia vender seu cavalo ou qualquer outro bem sem a presença de um representante.
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