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SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO SOCIO JURIDICO FACU PROMINAS -607d1d9ebf7386aa53fc5a01c21e4d4020181112

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MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
 
O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO 
SÓCIO-JURÍDICO 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.004 DO DIA 17/08/2017 
 
0800 283 8380 
 
www.faculdadeunica .com.br 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
2
 
SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ............................ ......................................................... 3 
UNIDADE 2 –A PERFORMANCE DO ASSISTENTE SOCIAL NO ÂM BITO SÓCIO-
JURÍDICO ................................................................................................................... 5 
UNIDADE 3 – A ATUAÇÃO NAS VARAS DE FAMÍLIA, INFÂNCI A E JUVENTUDE
 .................................................................................................................................. 12 
3.1 A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NOS CASOS DE ADOÇÃO ................................. 12 
3.2 A ATUAÇÃO NO CASO DE MINAS GERAIS ............................................................... 16 
UNIDADE 4 – ESTUDO, PERÍCIA SOCIAL E AFINS ........ ...................................... 18 
4.1 CONCEITOS BÁSICOS PARA O ENTENDIMENTO DA ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO 
CONTEXTO SÓCIO-JURÍDICO ...................................................................................... 18 
4.2 A UTILIZAÇÃO DO ESTUDO/PERÍCIA SOCIAL ............................................................ 26 
UNIDADE 5 – ATUAÇÃO JUNTO AO IDOSO ................ ......................................... 33 
5.1 A POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO ......................................................................... 41 
UNIDADE 6 – O CONTEXTO PRISIONAL .................. ............................................. 45 
6.1 O ASSISTENTE SOCIAL E A LEI DE EXECUÇÕES PENAIS ......................................... 46 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 56 
 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
3
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO 
 
O caráter instrumental do Serviço Social vai além de utilizar técnicas e 
instrumentos para seu fazer profissional, significa a razão de ser dessa categoria. 
Ele possibilita, como diz Brandão (2006), a passagem das teorias às práticas de 
maneira reflexiva e crítica, principalmente sobre as questões que envolvem 
concepções e valores, uma vez que estes elementos constroem, delimitam e dão 
concretude à ação profissional. 
A intenção nesta apostila é justamente contribuir com reflexões sobre a 
dimensão técnico-operativa do Serviço social que passa pela ação interventiva, 
principalmente no contexto sócio-jurídico. Antes de usar os instrumentos e técnicas 
disponibilizados para que efetive sua prática, ele deve refletir sobre os aportes 
teóricos que, diga-se de passagem, são muitos. 
O assistente social é o trabalhador que vende sua força de trabalho. Ou seja, 
ele não detém os meios de produção de seu trabalho. Os objetivos, as diretrizes e 
princípios da instituição, os recursos materiais e humanos que lá existem são de 
propriedade de seu empregador. Por isso, é de fundamental importância que o 
assistente social saiba reconhecer quais são os meios que possibilitam o seu 
trabalho e, principalmente, quais são as demandas apresentadas para o serviço 
social pelo seu empregador. 
Ao Serviço Social, concretamente, vem sendo delegado o papel de realizar os 
estudos sociais, que são reconhecidos como material que vai subsidiar as decisões 
dos juízes acerca da matéria de cada processo. Verifica-se que a inserção do 
assistente social no Poder Judiciário é datada da década de 1940, prioritariamente 
nos Juizados da Infância e Juventude. 
Segundo estudos de Barrison (2008), que foca o trabalho do Assistente Social 
no Poder Judiciário, observa-se que o modo como o assistente social vem ocupando 
este espaço sócio-ocupacional tem se alterado no decorrer da história: mudanças 
estas que acompanham a própria dinâmica da instituição e ainda a própria dinâmica 
da profissão. 
E como bem diz Pontes (1997, p. 155): 
 
O Serviço Social constitui-se numa profissão de natureza interventiva, cuja 
ação se coloca em face das demandas sociais que substanciam a sua 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
4
 
intervenção sócio-histórica na sociedade. [...] O Assistente Social realiza 
sua prática através da rede de mediações, que ontologicamente estrutura o 
tecido social. 
 
Logo, o Assistente Social é um agente mediador, entre burguesia e 
proletariado, que intervém numa rede de relações sociais, e esta ação é fruto de 
uma demanda, que procede da sociedade. Essa demanda é fruto do 
desenvolvimento histórico e social desta mesma sociedade: as necessidades de 
hoje provém das necessidades surgidas e supridas (ou não) ontem (BARRISON, 
2008). 
Deste modo, a prática do Assistente Social é um conjunto de ações, os 
serviços sociais visam sanar essa demanda social através de políticas que atendam 
o âmbito social. Essas políticas vão variar de acordo com o campo de trabalho do 
funcionário. 
A prática profissional do Assistente Social é entendida como conjunto de 
ações e práticas desenvolvido pelo Assistente Social, na administração e prestação 
de serviços sociais priorizados nas diretrizes das políticas sociais e assistenciais 
implementadas pela instituição da qual é funcionário (GUEIROS, 1991, p. 15). 
Neste momento do curso, nosso foco passa pela performance do Assistente 
Social no âmbito sócio-jurídico; falaremos do estudo e da perícia social; a dinâmica 
dos relatórios, laudos e pareceres; o atendimento a famílias, infância e adolescência, 
bem como ao idoso e no contexto prisional. 
Esperamos que apreciem o material e busquem nas referências anotadas ao 
final da apostila subsídios para sanar possíveis lacunas que venha surgir ao longo 
dos estudos. 
Ressaltamos que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser 
científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às 
regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem 
de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, 
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, 
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma 
redação original. 
 
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5
 
UNIDADE 2 –A PERFORMANCE DO ASSISTENTE SOCIAL 
NO ÂMBITO SÓCIO-JURÍDICO 
 
Estudos de Santos (2008) mostram que na área sócio-jurídica, o Assistente 
Social exerce um importante trabalho na intermediação entre o sistema judiciário e 
seus respectivos usuários. E como forma de trabalho, o profissional precisa lançar 
mão de diversos instrumentos,baseando-se, para isso, numa teoria profissional e de 
vida, que lhe dá o norte para direcionar suas decisões e ações. Esta teoria é que 
embasará sua prática profissional, assim como sua própria concepção de mundo. 
Contudo, nossas observações recaem sobre as condições teórico-metodológicas 
adotadas em consonância com o projeto ético-político-profissional e com o Código 
de Ética do Assistente Social (1993). 
De acordo com Zanetti (2003), a magistratura é um dos pontos mais sensíveis 
da instituição, pois detém o poder de decidir sobre o destino das pessoas, sendo 
que em torno desta categoria o Poder Judiciário se estrutura. 
A instituição, de modo geral, tende a creditar numa efetiva resolução dos 
conflitos. Estes, porém, não são resolvidos na sua totalidade, normalmente, o que 
ocorre é apenas uma decisão sobre o litígio. Nesse contexto, a forma como o 
profissional do Serviço Social se insere faz a diferença: pode ser considerado um 
trabalhador social, um assessor ou um perito social. 
É certo afirmar que as atribuições do Assistente Social Judiciário são 
relativamente atualizadas para um poder ainda distante da modernidade e das reais 
necessidades dos sujeitos envolvidos. Esta afirmação está embasada no princípio 
de que o litígio, propriamente dito, não é a problemática de que o sujeito atendido no 
Serviço Social necessita de auxílio imediato; comumente sua questão emergencial é 
referente a alguma das necessidades básicas, as quais são indispensáveis à 
manutenção de vida digna. 
Uma especialização é muito bem vinda para que se forme um corpo técnico 
que desenvolva habilidades e competências específicas para desenvolver a 
profissão no Poder Judiciário, muito embora a produção acadêmica de 
conhecimentos nessa área não seja muito extensa. De todo modo, espera-se que o 
Assistente Social tenha claro em sua mente a importância dos elementos técnicos 
operativos que compõem sua intervenção. 
 
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6
 
Nesse sentido, elaborar relatórios, pareceres, realizar entrevistas, visitas 
domiciliares, investigação, planejamento com grupo e comunidades são elementos 
constitutivos do processo de trabalho. É preciso qualificar esse processo, dando 
consistência a esses instrumentos (ZANETTI, 1992, s/p apud SANTOS, 2008, p. 5). 
O Código de Ética deve permear todo o trabalho do Assistente Social. 
Normas, regulamentos profissionais, concepções como cidadania, direitos humanos 
devem ser orientadores em toda a extensão da atuação, principalmente porque 
sabemos da complexidade da condição humana, demandando cuidados, ao mesmo 
tempo, individuais e coletivos. 
É fundamental que o assistente social faça com qualidade a construção do 
seu trabalho, obtenha conhecimento específico, acrescentando uma visão crítica e 
analítica sobre as informações, ultrapassando as limitações estritamente 
burocráticas e formais, dadas pela instituição (SANTOS, 2008). 
De acordo com Magalhães (2003), ao longo dos últimos anos, o Serviço 
Social veio configurando práticas profissionais que evidenciam o contraditório da 
totalidade social. Num Tribunal de Justiça, as contradições tornam-se mais 
evidenciadas, em especial, nas formas como os atores sociais envolvidos se 
comunicam, revelando o contraditório da sociedade. Uma das atribuições do 
assistente social nessa área, por determinação do magistrado, num trabalho 
subordinado ao juiz, tem sido a de subsidiar a decisão judicial, embora desempenhe, 
também, funções de aconselhamento e acompanhamento dos casos. 
No cotidiano das relações sócio-profissionais entre juiz e técnico, a 
preponderância da comunicação escrita, que ocorre sob a forma de laudos, retrata 
uma atuação conjunta no processo decisório. Vale considerar que, a partir do 
momento em que o laudo é apensado (anexado) ao processo, passa a fazer parte 
do sistema de comunicação do fórum como um todo, tramitando em diversos setores 
e por vários profissionais. 
Nessa trajetória, é importante assinalar o caráter avaliativo desenvolvido em 
um Tribunal de Justiça (TJ), uma vez que envolve a ação do assistente social, que 
investiga e julga para avaliar um caso, com o objetivo de subsidiar a decisão judicial. 
Esse encaminhamento requer do assistente social, atenção redobrada para 
não se deixar enredar pelas teias do cotidiano, em especial num TJ, onde são 
 
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avaliadas ações, comportamentos, modos de interagir na família e na sociedade, 
num processo de investigação e de julgamento. Logo, é preciso que o Assistente 
Social tenha presente os princípios e valores que orientam a ética profissional nas 
suas ações. Portanto, ter clareza sobre as questões que envolvem a 
instrumentalidade é de suma importância para o desempenho de seu papel no 
âmbito sócio-jurídico. 
O assistente social utiliza-se dos instrumentos de sua profissão para analisar 
um caso, sob a ótica de sua competência. Não pode usá-los como um fim, mas 
também deles não pode prescindir, para que sua ação cotidiana não se transfigure 
na prática pela prática, burocratizando-se e perdendo-se no senso comum, 
principalmente, na cotidianidade das relações sociopolíticas forenses notadamente 
hierárquicas e nas quais a burocracia é parte integrante de sua rotina. Em 
acréscimo, a demanda é enorme, tornando o trabalho massificante (SANTOS, 
2008). 
Em meio à rotina estressante de um fórum, o Assistente social tem que 
intervir, avaliar e elaborar um laudo. Geralmente, são feitas entrevistas e visitas para 
a emissão do parecer social. Por vezes, a visita domiciliar adquire o caráter de um 
relatório avaliativo e, também, precisa ser registrada. 
Como num TJ, todo o trabalho é diretamente subordinado ao juiz, faz-se 
necessário o seu registro, já que vai ser lido e interpretado por diversos 
profissionais. Nesse cotidiano profissional, o contraditório que caracteriza as 
relações sociais aparece ao vivo e em cores, reproduzindo o processo das relações 
existentes na totalidade social, na particularidade do fórum e na singularidade das 
relações sócio-profissionais que ali se efetuam. 
Ao desprender-se da base histórica em que a profissão surge, o Serviço 
Social pode qualificar-se para novas competências, buscar novas legitimidades, tudo 
além da mera requisição instrumental-operativa do mercado de trabalho. Este 
enriquecimento da instrumentalidade do exercício profissional resulta num 
profissional que, sem prejuízo da sua instrumentalidade no atendimento das 
demandas, pode antecipá-las (...) reconhecendo a dimensão política da profissão 
(...) invista na construção de alternativas (...) à superação da ordem social do capital 
(GUERRA, 2000, p. 62). 
 
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Não adianta escondermos, e vale ressaltar que a maioria dos usuários do 
Serviço Social pertence aos estratos mais pauperizados da população. No 
atendimento, embora o assistente social esteja ali para ouvi-lo,acolhê-lo e mais 
precisamente, para avaliá-lo, expõe sua vida. Além de intervir no caso sob a ótica 
profissional, intervém junto ao juiz, por meio de sua avaliação, que, mesmo isenta de 
preconceitos ou de envolvimento pessoais, traz implícitos os seus juízos de valor, as 
suas visões de mundo e ideologias (SANTOS, 2008). 
Na visão de Iamamoto (2004), apesar do trabalho do assistente social na 
esfera sócio-jurídica ter adquirido pouca visibilidade na literatura especializada e no 
debate profissional das últimas décadas, a atuação nessa área dispõe de larga 
tradição e representatividade no universo profissional, acompanhando o processo de 
institucionalização da profissão no Brasil. 
O Poder Judiciário pode ser definido como uma instituição que tem como 
competência, na divisão clássica dos poderes, a aplicação das leis e a distribuição 
da justiça, o que implica o ato de julgar – para o qual deve o Poder Judiciário ser 
autônomo e independente frente aos Poderes Executivo e Legislativo (FÁVERO, 
1999, p. 19). 
Constituiu-se historicamente num espaço de relevante transcendência para a 
inserção ocupacional dos assistentes sociais, visto que desde as origens da 
profissionalização do Serviço Social, tem existido uma forte e notória participação de 
seus agentes neste âmbito, que tem se constituído, com o passar do tempo, em uma 
área dominante de intervenção profissional (MARTINS, 2008). 
Da mesma forma que nos contextos norte-americano e europeu, o surgimento 
da profissão no Brasil desenvolveu-se em um cenário de avanço do processo 
industrial e de constituição de uma classe operária organizada, a qual vivia as 
consequências de uma sociedade capitalista excludente, fazendo com que o Estado 
brasileiro passasse a mobilizar a categoria profissional recém surgida de assistentes 
sociais “para auxiliar no enfrentamento do conjunto de manifestações decorrentes do 
sistema capitalista” (KOSMANN, 2006, p. 53). 
A regulação exercida pelo Estado sobre a sociedade através da legislação 
social e trabalhista e das políticas sociais tornou possível o trabalho do profissional 
de Serviço Social, gerindo o confronto de forças e intervindo nas diferentes 
 
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expressões da questão social. Portanto, as diversas configurações da questão 
social, manifestas em face da não obtenção de acesso aos direitos e garantias, 
passaram a agravar-se e serviram de espaço institucional para a inserção do 
assistente social também no espaço judiciário. 
Como destaca Fávero (1999, p. 58), o Judiciário, como parte do Estado, é 
acionado para agir frente a contradições ou desvios. Como instância normatizadora 
no dia a dia de indivíduos, grupos e classes sociais buscam, pela lei, enquadrar 
determinadas situações, visando à manutenção ou restabelecimento da ordem, 
aplicando seu poder de forma coercitiva ou repressiva, direcionando-o para o 
disciplinamento e normatização de condutas. Neste sentido, os traços que marcaram 
a profissão emergente no Brasil são de um profissional técnico e intelectual, que, 
contudo, é um reprodutor da ideologia capitalista, pois suas ações objetivavam o 
disciplinamento e o controle. 
A inserção do assistente social no âmbito da Justiça brasileira remonta aos 
anos de 1930, onde os profissionais atuavam como comissários de vigilância no 
Juizado de Menores do Estado de São Paulo. A Constituição de 1937, em seu artigo 
127, previa como dever do Estado prover as condições para a preservação física e 
moral da infância e juventude, podendo pais em situação de miserabilidade pedir 
auxílio ao governo para a subsistência da prole. 
De acordo com Pocay e Colman (2006), naquele mesmo momento histórico, 
em 1936, surgia a primeira Escola de Serviço Social em São Paulo e, nos anos 
seguintes, tem início as primeiras aproximações entre os profissionais e o Juizado 
de Menores através do Comissariado de Menores que integrava a Diretoria de 
Vigilância do Serviço Social de Menores (órgão estadual que centralizava o 
“atendimento ao menor”). 
Segundo Fávero (1999, p.37), os casos dos menores abandonados e 
infratores chegavam ao conhecimento do juiz através dos comissários de vigilância 
que passou a ser integrado por assistentes sociais ou estagiários de serviço social, 
que viam na área de menores um campo privilegiado para a intervenção e 
adentraram neste espaço do Juizado, inicialmente, através do serviço voluntário. 
A introdução de assistentes sociais no exercício dessa função buscava 
atenuar o seu caráter eminentemente policial, dando-lhe uma conotação técnico-
 
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profissional e protetiva. Porém, o Juízo de Menores da Capital não partilhava dessa 
opinião, dando preferência à constituição de um corpo de comissários de sua 
confiança e sob sua subordinação (COLMAN, 2004 apud FUZIWARA, 2006, p. 13). 
Nesta época estava em vigência o primeiro Código de Menores (Lei n° 
17.943-A, de 12/10/1927) que previa o auxílio dos comissários de vigilância, os 
quais tinham, dentre suas atribuições, a responsabilidade de “proceder a todas as 
investigações relativas aos menores, seus pais, tutores ou encarregados de sua 
guarda, e cumprir as instruções que lhes forem dadas pelo juiz” (art. 152). 
O inquérito desenvolveu-se como principal instrumento de auxílio ao 
magistrado nas questões relativas à menoridade, “enquanto possibilitador da coleta 
de informações com vistas ao restabelecimento da verdade dos fatos, ou construção 
de provas a respeito da ação em litígio ou em exame, numa direção coercitiva e 
disciplinadora da ordem social” (FÁVERO, 2006, p. 19). 
O serviço social, enquanto participante das práticas judiciárias, utiliza-se do 
inquérito e do exame para, no atendimento que realiza, pesquisar “a verdade”. O 
assistente social é solicitado pelo Judiciário como sendo elemento neutro perante a 
ação judicial para trazer subsídios, conhecimentos que sirvam de provas, de razões 
para determinados atos ou decisões a serem tomadas. Através de técnicas de 
entrevistas, visitas domiciliares, observações, registros, realiza o exame da pobreza 
e dá o seu parecer sobre a situação investigada e a medida mais adequada a ser 
aplicada, no caso do Juizado de Menores, ao menor ou à família. (FÁVERO, 1999, 
p. 64). 
Em suma, da performance dos Assistentes sociais, por meio dos estudos 
sociais por eles realizados, estes auxiliavam os juízes quanto à medida da 
internação, evitando que os jovens permanecessem em celas e presídios comuns, 
além do que agilizavam os atendimentos, propiciando condições ao Juízo para que 
tomasse providências que iam do encaminhamento à família, à internação, e à 
liberdade vigiada, além de outros procedimentos atinentes aos casos. 
Assim, segundo Pocay e Colman (2006), os profissionais foram consolidando 
sua participação no Judiciário, uma vez que concretizavam as propostas formuladas 
nas Semanas de Estudos do Problema de Menores, quais sejam: auxiliar a Justiça 
 
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11
 
de Menores nas ações pré-judiciárias (prevenção); judiciárias propriamente ditas e 
pós-judiciárias (acompanhamento dos casos). 
Com a promulgação do segundo Código de Menores (Lei n° 6.697, de 
10/10/1979), que dispunha sobre assistência, proteção e vigilância a menores (art. 
1°), contendo orientação para a realização de estudos de caso, enquanto subsídio 
técnico ao juiz, o profissional de Serviço Social passou a ser integrado em maior 
número no interior do Judiciário, na medida em que, para a aplicação dessa lei, 
seriam levados em conta, dentre outros elementos, o contexto socioeconômico e 
cultural, em que se encontrem o menor e seus pais ou responsável, bem como o 
estudo de cada caso deveria ser realizado por equipe de que participe pessoal 
técnico, sempre que possível (art. 4°) (FÁVERO, 2006, p. 21). 
Dentre as competências do assistente social destacava-se a realização do 
estudo social, “valendo-se das técnicas de entrevistas, da visita domiciliar, da 
observação, da análise da documentação, de informações e entendimentos com 
colaterais ou entidades de bem-estar social da comunidade” (ADDUCCI, 1982 apud 
FÁVERO, 1999, p. 26). 
O Estatuto da Criança e do Adolescente ampliou as fronteiras do campo 
profissional, impulsionando o reconhecimento institucional do papel do assistente 
social judiciário, não apenas como responsável pela elaboração do estudo social, 
mas também com aspectos de intervenção junto à família e à sociedade local 
(conselhos tutelares, instituições, entre outros) através de mediações, conciliações, 
orientações e encaminhamentos (DAL PIZZOL, 2001). 
Gradativamente, os trabalhos dos assistentes sociais foram ampliando-se e 
estes profissionais foram sendo chamados a atuarem em processos sobre questões 
familiares diversas, não envolvendo somente crianças e adolescentes, estendendo 
seu campo profissional para além da jurisdição das Varas de Infância e Juventude, 
como será analisado na próxima unidade. 
 
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UNIDADE 3 – A ATUAÇÃO NAS VARAS DE FAMÍLIA, 
INFÂNCIA E JUVENTUDE 
 
Historicamente, a família sempre esteve inserida na área de atuação do 
Serviço Social, porém, na maioria dos serviços, ela vem sendo contemplada de 
maneira fragmentada, ou seja, cada integrante da unidade familiar é visto de forma 
individualizada, descontextualizada e portador de um problema. Em vista disso, um 
dos desafios da profissão é a busca de metodologias para trabalhar a família como 
um grupo com necessidades próprias e únicas (JESUS, ROSA, PRAZERES, 2004). 
Antes da vigência do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), ocorriam 
alguns procedimentos denominados “sindicâncias” e realizavam-se avaliações 
intituladas como sociais. Estas possuíam aspecto de questionário e não fazia 
qualquer aprofundamento ou análise das questões levantadas. Eram efetivadas por 
leigos, oficiais de justiça e voluntários, denominados “comissários de menores”, os 
quais não dotavam de qualificação técnica, para o desenvolvimento de tal função. 
Atualmente, a justiça da Infância e da Juventude apresenta uma avaliação 
mais adequada dos atores envolvidos com o processo e abarca todos os segmentos 
que atuam diretamente ao melhor alcance aos superiores interesses da criança e do 
adolescente. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), na seção III – Dos Serviços 
Auxiliares (arts. 150 e 151), destaca a importância destes serviços, composto por 
equipe interprofissional, cujo objetivo primordial é assessorar a justiça da Infância e 
da Juventude. 
No Poder Judiciário, o grande propulsor demandatário da atuação 
profissional, emana da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, o (ECA), que é o 
referencial para o serviço social judicial. 
 
3.1 A atuação do Assistente Social nos casos de ado ção 
No contexto da adoção, os profissionais de serviço social atuam como 
auxiliares, cuja função suprema está em assessorar os juízes de direito, 
subsidiando-o na ótica relativa aos fenômenos econômicos e socioculturais que 
envolvem as relações do sujeito participante de litígio na sociedade e na família. 
 
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13
 
Atua com base na observância dos princípios fundamentais resguardados 
pela Lei nº 8.662/93 que regulamenta a profissão do disposto no Código de Ética do 
Assistente Social (Resolução CFESS nº 273/93); e nos princípios resguardados no 
Estatuto da Criança e do Adolescente. É por meio de relatório e laudos sociais que 
se compõem os autos. 
O Conselho Federal de Serviço Social (2004, p. 44-45) esclarece que o 
relatório social, como documento específico elaborado por assistente social (...) se 
dá com a finalidade de informar, esclarecer, subsidiar, documentar um auto 
processual relacionando alguma medida protetiva ou sócio-educativa, prevista no 
Estatuto da Criança e do Adolescente. 
O principal objetivo dos serviços auxiliares referidos no (ECA; art. 150) é o 
assessorar, mediante o fornecimento de subsídios por escrito, através de laudos ou 
parecer social, bem como desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação e 
encaminhamento. Instrumentos necessários para o destino final do processo. 
Vale ressalta, também, a relevância do Estudo Social e da Perícia Social1 no 
âmbito do judiciário. Por ser o primeiro um processo metodológico específico do 
serviço social, especificamente nos aspectos socioeconômicos e culturais que pode 
ser utilizado nas diversificadas áreas da intervenção do Serviço social como 
instrumento fundamental na atuação do profissional no sistema judiciário. 
Por meio de uma fundamentação rigorosa, teórica, ética e técnica, pautada no 
projeto da profissão, fazem-se necessária a utilização do instrumento supra para a 
garantia e ampliação de direitos dos sujeitos usuários dos serviços e do sistema de 
justiça. 
Enquanto que a Perícia Social no contexto desse sistema, refere-se a uma 
avaliação, exame ou vistoria, que dependendo da solicitação e/ou determinação 
exige um parecer técnico ou científico de uma demarcada área do conhecimento e 
contribua com a convicção do juiz para a tomada de decisão. Quando solicitado a 
um profissional de Serviço Social, o instrumento é denominado de perícia social. Por 
se tratar de estudo e parecer cuja finalidade é subsidiar uma decisão judicial, 
realizada por meio do estudo social, implica na elaboração de um laudo e emissão 
de um parecer. 
 
1 Em detalhes na próxima unidade. 
 
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14
 
O artigo 167 do Estatuto da Criança e do Adolescente explica que a 
autoridade judiciária, de ofício ou o requerimento das partes ou do Ministério 
Público, determinará a realização de estudo social ou, se possível, perícia por 
equipe interprofissional, decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem 
como, no caso de adoção, sobre o estágio deconvivência. 
Quanto aos recursos técnico-operativos, de forma geral, além da observação 
direta, o profissional de serviço social realiza também entrevista individual e/ou 
coletivas; visitas domiciliares e institucionais, técnicas de apoio e reflexão conjunta, 
dentre outros, nos quais, os usuários que são protagonistas das ações em pauta 
estão inseridos. 
Nesse sentido, o Poder Judiciário como propulsor do processo de mudanças 
positivas da sociedade e na garantia de direitos às crianças e adolescentes 
envolvidos no instituto da adoção, determina alguns procedimentos que compreende 
a importância do fazer profissional do assistente social nesse processo. 
Junto às Varas da Infância e Juventude, a atuação do assistente social se dá 
com o objetivo de contextualizar e proceder à análise das condições vivenciadas por 
crianças e adolescentes em situação especial, com vistas a reintegrá-los, dentro do 
possível, ao contexto da cidadania. 
A prática profissional do Assistente Social judicial pode também ser baseada 
no Estudo de Caso e pressupõe a elaboração de Estudo Social, que envolve os 
procedimentos técnicos abaixo relacionados. 
Sobre a análise dos autos para o conhecimento dos fatos inerentes à 
problemática estudada/trabalhada e a determinação judicial, pode-se estabelecer 
visitas domiciliares orientadas pelo problema em pauta e pelas hipóteses de 
trabalho, momento em que as pessoas são observadas em seus contextos 
familiares, quando o profissional privilegia a análise de comportamento, interações 
do local e de suas circunstâncias, além de observar as condições de moradia e de 
acolhimento, estrutura e funcionamento doméstico. 
Entrevistas com as partes processuais e, quando se faz necessário, com 
colaterais, são aplicadas com a finalidade de se inteirar da verdade de cada um dos 
envolvidos e esclarecer outras questões pertinentes ao Serviço Social. Atendimento 
em grupo dos envolvidos, quando o caso demandar visitas institucionais, também 
 
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15
 
são orientadas pelo problema em pauta e pelas hipóteses de trabalho, cujo objetivo 
se condiciona ao objeto e à função da frente de atuação na qual o profissional está 
inserido, é mais um instrumento operativo. 
A elaboração de relatório é a etapa final do trabalho, onde o técnico, de 
acordo com o objetivo do estudo, expõe suas conclusões sobre a problemática 
analisada, emitindo um parecer sob o prisma social, visando sempre ao melhor 
interesse das crianças e adolescentes nela envolvidos e assegurando os direitos de 
adultos também envolvidos em ações de várias naturezas. 
Desse modo, o profissional de serviço social transcende a mera constatação 
acerca do contexto familiar dos envolvidos no processo de adoção. Ele considera as 
contradições do campo jurídico e a regulação da vida social dos sujeitos e pela lei, o 
espaço de trabalho do profissional de serviço social, em esfera geral e, no contexto 
da adoção, torna-se gratificante, tendo em vista que o ideário pessoal, aliado à 
formação acadêmica, os direciona a perseguir a justiça e a verdade, que são 
construídas pelos acontecimentos. 
Dentro desses parâmetros, é pertinente considerar que o papel do assistente 
social no âmbito judiciário, especialmente no contexto da adoção, ocupa um espaço 
peculiar e significativo, haja vista ser esse profissional na sua ação propositiva, um 
agente multiplicador de ideias. 
No sistema judiciário, além de ser um dos responsáveis pela desmistificação 
dos reais pilares da adoção e do desencadeamento do processo em questão, 
oriundo da questão social, realiza também a execução e implementação de projetos 
pertinentes ao atendimento das demandas, com vistas à garantia de direito e 
qualidade de vida, tanto do adotando quanto do adotante. 
O Serviço Social na dinâmica da adoção, não está unicamente restrito aos 
interesses superiores da criança e do adolescente. É um gesto sublime que alcança 
as partes envolvidas nos aspectos centrais dos sujeitos, inclusive na sua 
subjetividade. Para muitos significa realização de sonhos, mas para outros pode ser 
a formação ou continuação de um crescimento familiar. 
Diante disso, enquanto operadores do sistema jurisdicional que compõe a 
rede de proteção à criança e ao adolescente, o papel do assistente social é subsidiar 
as decisões judiciais no tocante à adoção (SOUSA, 2008). 
 
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3.2 A atuação no caso de Minas Gerais 
Segundo Bertelli (2003 apud FERNANDES, 2003), o Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA) não faz menção nominal ao profissional de Serviço Social, mas 
exerceu grande influência para que se ampliasse o quadro de Assistentes Sociais no 
Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, através de concurso público, em 
1993. 
À equipe interdisciplinar compete, “[...] fornecer subsídios por escrito, 
mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos 
de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a 
imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do 
ponto de vista técnico” (art. 151 do ECA). 
Os(as) Assistentes Sociais no Judiciário mineiro atuavam antes da vigência 
do ECA nos Juizados de Menores e em algumas Varas de Família. Atualmente 
estão atuando nos Juizados da Infância e Juventude, nas Varas de Família, nas 
Varas de Execução Criminal e nos Juizados Especiais (JARDIM, 2003). Suas 
atribuições estão descritas no Plano de Carreiras (Resolução nº 367/2001) do 
Tribunal de Justiça de 1ª Instância do Estado Minas Gerais, sendo elas: 
 
Assessorar o magistrado no atendimento às partes, quando solicitado, nas 
questões relativas aos fenômenos socioculturais, econômicos e familiares; 
realizar estudos sobre os elementos componentes da dinâmica familiar, as 
relações interpessoais e intragrupais e as condições econômicas das partes 
para possibilitar a compreensão dos processos interativos detectados nos 
ambientes em que vivem; planejar, executar e avaliar projetos que possam 
contribuir para a operacionalização de atividades inerentes às atividades do 
Serviço Social; contribuir para a criação de mecanismos que venham a 
agilizar e melhorar a prestação do Serviço Social; conhecer e relacionar a 
rede de recursos sociais existentes para orientar indivíduos e grupos a 
identificar e a fazer uso dos mesmos no atendimento de seus interesses e 
objetivos; acompanhar, orientar e encaminhar indivíduos e/ou famílias, 
quando necessário, por determinação da autoridade judicial; realizar visitas 
domiciliares e/ou institucionais; realizar estudos sociais e apresentar laudo 
técnico, nos casos a ele submetidos; assessorar autoridades judiciais na 
realização de exame criminológico previsto na Lei de Execução Penal; 
executar atividades afins identificadas pelo superior imediato. 
 
Atuam ainda baseados nos princípios fundamentais resguardados pela lei que 
Regulamenta a Profissão (lei nº 8662/93); pelo disposto no Código de Ética do 
Assistente Social (Resolução CFESS nº 273/93); pelo Estatuto da Criança e do 
Adolescente (lei nº 8.069/90); pelo Estatuto do Idoso (lei nº 10.741/03); pela lei de 
 
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Execução Penal (lei nº 7.210/84) e pelo disposto no Código de Processo Civil sobre 
os Auxiliares da Justiça (lei nº 5.869/73). 
 
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UNIDADE 4 – ESTUDO, PERÍCIA SOCIAL E AFINS 
 
4.1 Conceitos básicos para o entendimento da atuaçã o do Assistente Social no 
contexto sócio-jurídico 
O Poder Judiciário, o Poder Legislativo e o Poder Executivo, segundo a 
Constituição da República Federativa do Brasil (CF) de 1988, formam os três 
poderes da União, e todos devem manter autonomia e independência. 
Em seu artigo 5°, XXXV, a CF estabelece que “a lei não excluirá da 
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”; e segundo o Código de 
Processo Civil (CPC) o juiz é a autoridade que representa o Poder Judiciário, 
encarregado de prestar a jurisdição (dizer o direito), independente da instância em 
que atua. Para auxiliar o juiz em seu trabalho, elenca o Código de Processo Civil, 
em seu artigo 139, uma série de profissionais designados auxiliares da justiça, entre 
eles o escrivão, o oficial de justiça e o perito. 
O Fórum representa a estrutura de primeiro grau do Poder Judiciário, sendo 
uma instituição de caráter público, subordinado ao Tribunal de Justiça que é o órgão 
máximo do Poder Judiciário no Estado. Tem como responsabilidade a administração 
da justiça onde está localizado, com o julgamento das ações, como previsto em lei, 
zelando pelo seu fiel cumprimento. Tem como missão humanizar a Justiça, 
assegurando que todos lhe tenham acesso, garantindo a efetivação dos direitos e da 
cidadania, com eficiência na prestação jurisdicional. 
Para o julgamento dos litígios, o juiz aprecia provas, ora apresentadas pelas 
partes, ora requeridas por elas ou pelo representante do Ministério Público. Quando 
considera necessário o magistrado pode ordenar a produção de provas, e dentre as 
possíveis de serem produzidas estão a prova documental (art. 364 e seguintes do 
CPC), a prova testemunhal (art. 400 e seguintes do CPC) e a prova pericial (art. 420 
e seguintes do CPC). 
A prova pericial é definida por Robles (2004, p. 55 apud MARTINS, 2008) 
como “a opinião fundamentada de uma pessoa especializada ou informada em 
ramos de conhecimento que o juiz não está obrigado a dominar. A pessoa dotada de 
tais conhecimentos é o perito, e sua opinião fundamentada, o laudo.” Este tipo de 
prova deve ser elaborada por profissional especialista em alguma área do 
 
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conhecimento humano, cujo objetivo é o assessoramento do juiz no esclarecimento 
da questão em litígio. 
Entre os profissionais do conhecimento científico, está o assistente social, 
cuja profissão, devidamente reconhecida e regulamentada, há muito vem 
contribuindo com a Justiça, desenvolvendo uma série de trabalhos, entre eles o de 
perícia social judiciária (PIZZOL, 2005, p. 23). 
O perito é o auxiliar do juiz que, dotado de conhecimentos especializados que 
o juiz não está obrigado a ter, é chamado por este em um processo para dar sua 
opinião fundamentada, quando a apreciação dos feitos controvertidos requer 
conhecimentos especializados em alguma ciência (ROBLES, 2004 apud MARTINS, 
2008). 
A perícia pode ser traduzida como vistoria de caráter técnico e especializado, 
cujo objetivo é elucidar situações, fazer averiguações, esclarecendo sobre diversas 
circunstâncias e tendo como fim a constituição de um documento capaz de embasar 
decisões. 
No âmbito do judiciário, a perícia diz respeito a uma avaliação, exame ou 
vistoria, “solicitada ou determinada sempre que a situação exigir um parecer técnico 
ou científico de uma determinada área do conhecimento, que contribua para o juiz 
formar a sua convicção para a tomada de decisão” (FÁVERO, 2006, p. 43). 
O laudo, por sua vez, “registra por escrito, e de maneira fundamentada, os 
estudos e conclusões da perícia” (FÁVERO, 2006, p. 29). 
Nesta direção têm-se o conceito de perícia judicial que é a atividade técnica e 
processual que se materializa no processo através de laudo ou de qualquer outra 
forma legalmente prevista, na condição de instrumento. Perícia judicial é atividade, é 
trabalho técnico desenvolvido em processo judicial dentro das normas aplicáveis 
(ROSA, 1999 apud PIZZOL, 2005, p. 30). 
O assistente social no âmbito do Poder Judiciário não pode perder de vista 
que a tarefa pericial, “enquadrada em um dos poderes do Estado, requer uma 
inserção crítica e comprometida, que supere a prática instrumental e possibilite o 
desenvolvimento de uma prática reflexiva e transformadora” (ROBLES, 2004, p. 21 
apud MARTINS, 2008). 
 
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A Lei nº 8662/93 elucida que dentre as competências do assistente social está 
a de “realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins de benefícios e 
serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas 
privadas e outras entidades”, e dentre as atribuições privativas “realizar vistorias, 
perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre a matéria de 
Serviço Social”. 
De acordo com Pizzol (2005), o tema perícia social vem sendo estudado 
gradativamente por assistentes sociais que se deparam com determinações da 
autoridade judicial, a fim de emitirem parecer sobre uma questão de cunho social. O 
estudo social tem sido, no decorrer da atividade profissional, o documento pelo qual 
o assistente social manifesta seu trabalho técnico e científico, frente a uma realidade 
específica. 
O estudo social é um processo metodológico específico do Serviço Social, 
que tem por finalidade conhecer com profundidade, e de forma crítica, uma 
determinada situação ou expressão da questão social, objeto de intervenção 
profissional – especialmente nos seus aspectos socioeconômicos e culturais 
(FÁVERO, 2006, p. 42). 
Segundo Mioto (2001), o estudo social no âmbito do Serviço Social é um 
instrumento vastamente utilizado nas diferentes áreas e modalidades de 
intervenção, cuja finalidade é a orientação do processo de trabalho do próprio 
assistente social, sendo empregado para conhecer e analisar a situação, vivida por 
determinados sujeitos ou grupo de sujeitos sociais, sobre o qual o assistente social 
foi chamado a opinar. Ele consiste numa utilização articulada de vários outros 
instrumentos – entrevistas individuais ou conjuntas, observação, visita domiciliar e 
análise de documentos – que permitem ao assistente social a abordagem dos 
sujeitos envolvidos na situação. 
O assistente social utiliza o estudo social para orientar o seu trabalho, tanto 
na fase de planejamento de certas intervenções, como para demonstrar a situação 
sobre a realidadeinvestigada. 
Mioto (2001, p. 157) esclarece que a distinção estabelecida baseia-se na 
observação que a realização de uma perícia social implica na realização do estudo 
social, porém o estudo social não é em princípio uma perícia. Isto porque a perícia 
 
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tem uma finalidade precípua, que é a emissão de um parecer para subsidiar a 
decisão de outrem (muito frequentemente o juiz) sobre uma determinada situação. 
Neste sentido “(...) a perícia social, enquanto expressão judicial do estudo 
social, visa esclarecer situações consideradas problemáticas e/ou conflituosas no 
plano dos litígios legais” (ARAÚJO, KRÜGER e BRUNO, 1994, p. 21). Quando 
realizada uma perícia, o laudo deverá ser o instrumento de manifestação, 
evidenciando-se “que a utilização do referido termo para expressar um serviço há de 
deixar subentendido ser este o instrumento adequado para demonstração de um 
trabalho pericial” (PIZZOL, 2005, p. 36). 
É de se notar que o Código de Processo Civil não menciona o termo estudo 
social. O artigo 145 do Código de Processo Civil é genérico e assim estabelece: 
“Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será 
assistido por perito, segundo o disposto no art. 421.” 
Em regra, são processos em que o juiz necessita respaldar-se em provas 
convincentes, a fim de proferir sua decisão de maneira mais acertada; por vezes, 
com o objetivo de certificar-se sobre as provas já produzidas pela partes; em outras 
circunstâncias, para verificar in loco questões de que deva saber. Quando não, 
como é o caso da maioria das vezes, para que o especialista em serviço social 
verifique, observe e emita sugestão técnica para melhor solução da situação sócio-
jurídica apresentada (PIZZOL, 2005, p. 48). 
No entanto, há de se considerar que ao realizar um estudo social, o assistente 
social não se utiliza das regras que norteiam a perícia judicial, e por isso não está 
restrito às questões do impedimento e da suspeição, de compreender a figura do 
assistente técnico, de responder quesitos ou de ser penalizado por agir com dolo ou 
culpa em desfavor de uma das partes (MARTINS, 2008). 
Dell’Aglio (2004 apud MARTINS, 2008) faz uma reflexão para chamar a 
atenção a respeito de alguns que opinam que o perito “é o olho do juiz”, ressaltando 
que isso tem um forte estigma jurídico e legal, posto que o controle, a vigilância e o 
disciplinamento têm um destaque justificativo nesta frase, suscitando conotações 
que se relacionam com a investidura do magistrado e com tudo que sua figura 
representa, 
 
 
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[...] o perito social não é o olho do juiz, porque tem seu próprio olho, que é o 
que o permite ver o social, desde o cotidiano e seu acontecer histórico, 
social e político. Tudo isso se refletirá no parecer ao juiz, que deixará de ser 
um mero relato descritivo e assumirá sua função: dar elementos ao juiz e 
colaborar com que se faça justiça (DELL’AGLIO, 2004, p. 24 apud 
MARTINS, 2008, p. 24). 
 
Para a realização de uma perícia social, o assistente social utilizar-se-á de 
todo o instrumental técnico-operativo utilizado para a elaboração de um estudo 
social, pois ambos fazem parte de uma metodologia de trabalho de domínio 
específico do profissional de Serviço Social. 
Os instrumentais a serem utilizados ficarão a critério do assistente social, haja 
vista sua autonomia técnica garantida legalmente e devem atender o fim desejado, 
consubstanciados por preceitos de natureza ética e legal que norteiam o fazer 
profissional. A metodologia utilizada para a realização do estudo social ou de perícia 
social consiste tanto na aplicação de instrumentos de coletas de dados e no uso de 
técnicas de apoio, compreensão e orientação, os quais compõem a metodologia 
específica do Serviço Social, quanto na adoção de conceitos e pressupostos 
teóricos das áreas sociais e do comportamento. 
Araújo, Bruno e Kruger (1994, p. 22) ressaltam que durante a fase de coleta 
de dados, o assistente social utiliza-se também de técnicas de atendimento do 
Serviço Social que possam possibilitar aos litigantes o desenvolvimento de maior 
consciência sobre sua situação de conflito e, a partir dessa clarificação, 
autocapacitarem-se para resolvê-la. 
Os principais instrumentais técnico-operativos utilizados no Judiciário são a 
entrevista, a visita domiciliar, a análise de documentos e a observação. 
Em Serviço Social, é por meio da entrevista que se estabelecerá um vínculo 
entre duas ou mais pessoas. Os objetivos a serem buscados por quem a aplica e os 
fundamentos da profissão é que definem e diferenciam seu uso. 
A coleta de informações, por meio de técnicas de entrevista, além de 
conhecimento e compreensão das situações, possibilita a construção de alternativas 
de intervenções, devendo, para tal, partir do manifesto pelos sujeitos e/ou situação 
que provocou a ação, em direção à construção sócio-histórico-cultural, daquilo que 
se busca apreender. O diálogo é o elemento fundamental da entrevista, exigindo dos 
profissionais a qualificação necessária para desenvolvê-lo com base em princípios 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
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éticos, teóricos e metodológicos, na direção da garantia de direitos (FÁVERO, 
MELÃO, JORGE, 2005, p. 121). 
O Serviço Social é uma das profissões que tem no relacionamento 
interpessoal o seu maior instrumento de intervenção (SILVA, 2001, p. 24). Devido a 
isso, o assistente social deve compreender a entrevista “em termos de intervenção 
profissional com um cidadão sujeito de direitos que expressa de forma individual um 
problema social ou uma consequência do mesmo” (DELL’AGLIO, 2004, p. 70 apud 
MARTINS, 2008). 
Toda entrevista tem uma finalidade, uma intenção e uma direção, “de tal 
maneira que, se não se colocam em comum os interesses e objetivos, não será fácil 
trabalhar em uma relação que implique diálogo, confiança e busca de soluções” 
(DELL’AGLIO, 2004, p. 73 apud MARTINS, 2008). Para que haja uma aproximação 
com o sujeito que permita uma comunicação mais fluente, baseada em laços de 
confiança e respeito mútuo, “é necessário reforçar a ideia de pessoa sujeito de 
direitos, porque cada área onde intervém o assistente social refere-se a um direito 
social enraizado na constituição” (DELL’AGLIO, 2004, p. 38 apud MARTINS, 2008). 
Segundo Silva (2001 apud MARTINS, 2008), conforme se der a acolhida pelo 
entrevistador, ambos conseguirão ou não atingir seus objetivos: o usuário, de 
receber a informação correta e os encaminhamentos necessários, ou 
subjetivamente, de receber a especial atenção sobre sua situação; o entrevistador, 
de ter conseguido usar a entrevista como forma de ajudar efetivamente a pessoa. 
O usuário precisa sentir que pode compartilhar com o profissional suas 
dúvidas, incertezas, questionamentos e que está diante de alguém que, naquele 
momento, só se ocupa dele e se empenha na compreensão desuas dificuldades; 
“alguém disposto a ajudá-lo na reflexão necessária para o encaminhamento prático 
daquilo que deseja resolver” (SILVA, 2001, p. 27 apud MARTINS, 2008). 
Na construção do estudo social, o profissional não pode perder de vista a 
dimensão social do usuário, considerando-o como indivíduo social dentro de uma 
realidade social que condicionou a sua história. As particularidades sociais, 
econômicas e culturais devem ser trazidas à tona, sem deixar de, obviamente, 
construir interpretações e estabelecer relações com as questões estruturais, 
nacionais e mundiais que interferem e determinam o dia-a-dia dos sujeitos. Portanto, 
 
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o estudo social envolve uma dimensão de totalidade que deve ser expressa nos 
registros que o expõem ao conhecimento do outro [...] (FÁVERO, 2006, p. 37). 
Relembrando, a visita domiciliar objetiva esclarecer condições 
socioeconômicas e familiares em que vivem os sujeitos, permitindo a leitura da 
realidade cotidiana em seus aspectos sociais e culturais, olhando a família como 
sujeito político dentro de um contexto que a influencia econômica, social, política e 
culturalmente. Por meio do contato com as pessoas em seu ambiente familiar, o 
assistente social aproximar-se-á do cotidiano da família, tendo acesso à intimidade 
da mesma, observando as interações familiares, a vizinhança, a rede social, a 
distribuição dos espaços, enfim, na visita domiciliar há a possibilidade de utilização 
de outros instrumentais em conjunto, como a própria entrevista e a observação, na 
tentativa do desvelamento do não dito e do real que se apresenta (KOSMANN, 
2006, p. 89). 
Sarmento (1994, p. 44) aponta que a visita domiciliar deve ser compreendida 
como um instrumento que potencializa as possibilidades de conhecimento da 
realidade, na medida em que permite conhecer com o cliente as suas dificuldades, 
e, que tem como ponto de referência, a garantia de direitos onde se exerce um papel 
educativo, colocando o saber técnico à disposição da reflexão sobre a qualidade de 
vida. 
No entanto, o assistente social deve avaliar criteriosamente o uso e a 
abordagem da visita domiciliar como instrumental de sua prática, pois a mesma 
requer sensibilidade aos anseios e reações da família. É importante que a família 
compreenda que a equipe realmente quer conhecê-la melhor, conhecer outros 
membros da família e compreender a natureza e o ambiente da vida cotidiana. As 
famílias sentem-se frequentemente importantes por se reunirem em sua própria 
casa, mas são sensíveis à intrusão e à crítica ao seu estilo de vida. Nem é preciso 
dizer que o profissional deve entrar com respeito e que o propósito da visita deve ser 
o contato e a comunicação (SILVA, 2001, p. 32 apud MARTINS, 2008). 
Vale ressaltar que a visita domiciliar é um importante instrumento na 
perspectiva de respeito ao usuário, para que no seu próprio espaço possa se 
expressar. Assim, é antes a possibilidade de conhecer melhor este sujeito, seu 
percurso, suas conquistas, dificuldades e as respostas que elabora diante das suas 
 
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vivências. É mais uma possibilidade de permitir voz e vez. Ainda que não se possam 
igualar os lugares que cada um ocupa nessa relação criada por um conflito judicial, é 
uma estratégia para o profissional identificar outros elementos que fogem à 
artificialidade imposta pelas instituições. Fundamentalmente, pode ser uma ação que 
permita empatia e alteridade. Por meio da visita é possível verificar as relações sócio 
familiares, muito mais a partir da lógica do pertencimento dos usuários em seus 
territórios e dos seus laços de sociabilidade. Para tanto, é preciso se despir de 
preconceitos e estar aberto a ouvir e ver a realidade (FUZIWARA, 2006, p. 55). 
Quanto à observação, Sarmento (1994, p. 23) afirma que a mesma deve ter 
como foco a realidade, no entanto, tendo como ângulo o da constatação técnica e 
neutra, para ser o mais completa e exata possível. Entretanto, o mesmo autor 
destaca que o profissional deve tomar cuidado para ser o mais objetivo possível, não 
se deixando levar pelas disposições do momento. 
A visita institucional também é um instrumento técnico-operativo largamente 
utilizado pelos assistentes sociais do Poder Judiciário, constituindo-se numa das 
etapas da realização de um estudo social no meio institucional. Assim, o Assistente 
Social, por iniciativa própria ou por solicitação da autoridade desloca-se até uma 
instituição para, através da observação, coleta de dados, entrevistas, análises de 
documentos, conhecer a realidade de atendimento e prestação de serviços a um 
dado segmento da população-alvo de uma política pública: idoso, criança, 
adolescente, pessoas em conflito com a lei, portadores de deficiência, desprovidos 
de renda, entre outros (GOMES E PEREIRA, 2005, p.03). 
Além dos registros realizados nas entrevistas e visitas domiciliares, o 
assistente social pode utilizar-se de informações constantes no processo, as quais 
servirão como instrumentos de análise para formação da opinião profissional no 
parecer social. 
Como falado inicialmente, dentre as formas de registro passíveis de serem 
elaboradas pelo assistente social estão o relatório social, o laudo social e parecer 
social, as quais serão utilizadas de acordo com o objetivo almejado pelo profissional. 
O relatório social é um documento específico elaborado pelo assistente social, 
podendo ser utilizado em diversos espaços ocupacionais e visa descrever e 
interpretar uma determinada situação. Quando utilizado no Judiciário tem por 
 
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objetivo [...] informar, esclarecer, subsidiar, documentar um auto processual (...) ou 
enquanto parte de registros a serem utilizados para a elaboração de um laudo ou 
parecer (FÁVERO, 2006, p. 45). 
Conforme destacado por Fávero (2006, p. 45), o laudo social é utilizado como 
elemento de prova no processo, com a finalidade de dar suporte à decisão judicial, a 
partir de uma determinada área do conhecimento, no caso, o Serviço Social. 
Contribui para a formação de um juízo por parte do magistrado, para que ele tenha 
elementos que possibilitem o exercício da faculdade de julgar e oferece elementos 
de base social para a tomada de decisão que envolve direitos fundamentais e 
sociais. 
Quanto aos objetivos do parecer social, Fávero (2006, p. 47) informa que 
trata-se de exposição de manifestação sucinta, enfocando-se objetivamente a 
questão ou situação social analisada, e os objetivos do trabalho solicitado e 
apresentado; a análise da situação, referenciada em fundamentos teóricos, éticos e 
técnicos, inerentes ao Serviço Social – portanto, com base em um estudo rigoroso e 
fundamentado – uma finalização, de caráter conclusivo ou indicativo. 
Não há dúvidas que o Assistente Social precisa ter um olhar crítico e 
expansivo, ou seja, deve conhecer a conjuntura na qual sedesenvolve o processo 
judicial e o papel de cada um dos atores intervenientes (a família, a criança ou 
adolescente, os advogados, outros peritos, o promotor de justiça, o ambiente social 
em que vive o sujeito, parte interessada do processo). 
 
4.2 A utilização do estudo/perícia social 
O estudo/perícia social apresenta-se como suporte para aplicação de 
medidas judiciais dispostas no ECA e na legislação civil referente à família. Para 
desenvolver este trabalho, o assistente social estuda a situação, realiza uma 
avaliação, emite um parecer, por meio do qual pode apontar medidas sociais e 
legais que poderão ser tomadas. “Na realização deste estudo, o profissional pauta-
se pelo que é expresso verbalmente e pelo que não é falado, mas que se apresenta 
aos olhos como integrante do contexto em foco” (FÁVERO, 2006, p. 27). Ele dialoga, 
observa, analisa e registra acontecimentos e situações que levaram a uma 
determinada situação vivida pelo sujeito objeto da ação judicial. 
 
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Através do domínio dos meios a serem utilizados, o profissional constrói o 
estudo social, “ou seja, constrói um saber a respeito da população usuária dos 
serviços judiciários” (FÀVERO, 2006, p. 28). Um saber que pode se constituir numa 
verdade, pois é uma ação operacionalizada a partir de uma posição de poder a qual 
ocupa o assistente social. 
Por isso, relembrando as dimensões da instrumentalidade do Serviço Social, 
o profissional deve trabalhar norteado pelo projeto ético-político e teórico-
metodológico da profissão, tendo em vista que dominar os meios implica no domínio 
de um poder. Poder dado pelo saber profissional que no caso de Judiciário, soma-se 
ao poder inerente à natureza institucional, que é um poder de julgamento, de 
decisão a respeito da vida dos sujeitos. Pode-se indagar, então, qual é a real 
finalidade do estudo social nesse campo de intervenção, e como planejar o trabalho, 
de maneira que a finalidade se articule ao domínio dos meios pra chegar até ela. 
Dessa forma, Martins (2008) analisa que uma das primeiras perguntas frente 
à demanda do estudo social seria para quê? Para subsidiar a decisão judicial: E 
pergunta-se também quais as implicações na vida do sujeito essa decisão trará? 
Que responsabilidade tem o profissional do Serviço Social, nessa decisão? 
Levando em conta que o Judiciário busca a “verdade” dos acontecimentos ou 
da situação para julgar com justiça, indagamos qual a sua participação na 
construção dessa verdade. Ele tem clareza de que a “verdade” é histórica, 
construída socialmente? (FÀVERO, 2006, p. 35) 
Dado que o assistente social é um dos poucos profissionais que têm acesso à 
vida cotidiana das pessoas, resulta desafiador envolver a tarefa pericial no contexto 
das novas questões sociais, que exigem respostas diferentes às do século passado. 
Repensar o laudo social faz parte desse processo; revisar sua elaboração em 
termos éticos significa romper com velhos modelos “que pelo uso costumeiro nos 
impedem de sair de uma alienação rotineira, onde então o laudo social se converte 
em um relato descritivo de feitos isolados da vida de uma pessoa” (DELL’AGLIO, 
2004, p. 47 apud MARTINS, 2008). Este é um instrumento de poder com o qual o 
profissional pode decidir sobre o futuro e a vida das pessoas e das famílias. 
A intervenção dos assistentes sociais no espaço familiar pode ser vista por 
dois aspectos: por um lado constituiu-se na apropriação da privacidade dos sujeitos 
 
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que vivem situações de conflitos, em nome de um poder institucionalizado e, por 
outro, as questões e conflitos familiares de ordem privada invadem o campo jurídico, 
isto é, os sujeitos deixam nas mãos dos profissionais do judiciário a resolução de 
problemas de ordem privada (SILVA, 2005, p. 57/58 apud MARTINS, 2008). 
Fávero (1999) ressalta que o serviço social tem na instituição judiciária sua 
prática perpassada cotidianamente por relações de poder. O seu saber transformado 
em ações avaliativas e diagnósticas “está em relação intrínseca com o poder e, 
direciona seu parecer, influindo de forma determinante sobre a decisão a ser tomada 
com relação à trajetória, ao destino da criança ou adolescente sujeito – ou objeto – 
da investigação” (FÁVERO, 1999, p. 11). 
Essa noção de poder advém da institucionalização do Serviço Social no 
Poder Judiciário, um Poder de Estado que, enquanto responsável pela aplicação das 
leis e distribuição da justiça, tem sido visto, tradicionalmente, como se estivesse num 
patamar superior ou à parte dos demais poderes, o que via de regra, se reproduz em 
diversas instâncias de ações em seu interior (FÁVERO, 1999, p. 11). 
Inserido no espaço jurídico, o assistente social lida com questões que 
envolvem a vida de sujeitos, tendo como desafio fundamental a garantia de direitos 
em contraposição à violação de direitos. Nesse sentido, a palavra do profissional 
pode ter papel fundamental, pois ele é detentor de um saber/poder e assume um 
lugar importante na vida dos sujeitos e na dinâmica das famílias (MARTINS, 2008). 
O Serviço Social, independentemente de sua natureza interventiva, foi-se 
adaptando ao longo de sua história de inserção no Poder Judiciário, para dar 
respostas às necessidades da instituição. Os profissionais foram se tornando 
indispensáveis na seleção dos problemas que o Judiciário pode solucionar, 
interpretando e analisando as situações trazidas pela população carente, 
decodificando-as para o Juiz e a instituição judiciária (COLMAN, 2004 apud POCAY; 
COLMAN, 2006). 
Através do trabalho desenvolvido in loco pelo assistente social, este terá a 
oportunidade de inteirar-se largamente sobre a situação investigada, “proceder 
encaminhamentos, promover entendimentos, articular conjuntamente com as 
pessoas envolvidas as soluções para seus problemas” (PIZZOL, 2005, p. 149). 
 
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O profissional terá condições de perceber as demandas e causas geradoras 
de conflitos, podendo promover articulações com outras instituições, para que a 
situação seja resolvida da forma mais adequada, pois o trabalho em rede com outras 
instituições, profissionais, vizinhos, amigos e familiares é de suma importância, já 
que contribuirá com conhecimentos e elementos que permitirão abordar de modo 
integral o trabalho com famílias, sobretudo, para colaborar com a resolução do 
conflito (DELL’AGLIO, 2004, p. 66 apud MARTINS, 2008). 
Pizzol (2005, p. 150) destaca que nas questões de família e, principalmente, 
da infância e juventude, os profissionais que compõem o sistema de justiça infanto-
juvenil devem atuar de forma integrada e com recursos suficientes que venham a 
garantir a eficácia de uma sentença judicial, visando o efetivo exercício da cidadania. 
A efetivação de direitos se dá a partir de uma estreita articulação e integração 
com as instituições e serviços, os quais se constituemem rede de apoio frente às 
demandas postas no espaço sócio-ocupacional para o profissional de Serviço 
Social. 
Vale lembrar que tais demandas não se configuram como demandas isoladas 
e tampouco desvinculadas dos processos sócio-históricos, estão sim, articuladas 
entre o universal, o particular e o singular, e relacionadas dialeticamente à dimensão 
macrossocietária, a qual, sob a égide do neoliberalismo, tece a realidade nos moldes 
do desmonte dos direitos conquistados historicamente (MIOTO, 2001). 
O assistente social que atua no Poder Judiciário, para efetivar o projeto ético-
político da profissão, comprometido com o aprofundamento da democracia como 
socialização das riquezas socialmente produzidas e com a construção de uma nova 
ordem societária, necessita estar atento às múltiplas expressões da questão social e 
suas diversas manifestações. 
Sua ação deve identificar não apenas as desigualdades, mas as 
possibilidades de enfrentamento. Conhecer a complexidade da realidade é 
necessário para a intervenção profissional que não culpabilize o usuário, mas o 
compreenda enquanto sujeito social que sofre determinações que incidem sobre a 
sua existência material e subjetiva (FUZIWARA, 2006, p. 34). 
Enfim, é necessário que o profissional contextualize os conflitos numa 
perspectiva macrossocietária, considerando as dimensões políticas, econômicas, 
 
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sociais e culturais dentro de um processo histórico, para que assim possa articular 
as condições socioeconômicas e subjetivas vivenciadas pelos sujeitos. 
O assistente social tem o desafio de viabilizar o acesso aos direitos dos 
cidadãos com os quais atua, portanto, se por um lado, atuam cientes de que muitas 
vezes realizam ações que afetam o emergencial, o imediato e o superficial, por 
outro, há uma série de mediações que se realizam nesse fazer profissional 
comprometido com a emancipação dos sujeitos (FUZIWARA, 2006, p. 82). 
A prática do assistente social deve considerar a construção histórica da 
realidade e suas mediações, mas, sobretudo, ter um horizonte delineado pelo 
projeto ético-político profissional. A percepção de que a questão social permeia o 
cotidiano dos sujeitos atendidos, e tendo a ação profissional embasada nos 
fundamentos que dão direção ao projeto profissional, o assistente social poderá 
propor ações inovadoras que venham a contribuir para alterações na realidade 
social (MARTINS, 2008). 
 
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A título de enriquecimento, temos nos quadros a seguir alguns referenciais 
teóricos para Estudo, Perícia, Parecer, Laudo e Relatório Social. 
 
Fonte: FREITAS (2005) 
 
 
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Fonte: FREITAS (2005) 
 
 
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UNIDADE 5 – ATUAÇÃO JUNTO AO IDOSO 
 
Observamos no cenário internacional e nacional, no decorrer dos últimos 
anos, um aumento significativo no número de idosos, modificando a pirâmide etária 
mundial e brasileira, com uma base larga de idosos e uma base afunilada de jovens. 
Mas ao que creditar tal inversão? Aos grandes avanços tecnológicos e 
científicos experimentados nas últimas décadas, além do crescente processo de 
urbanização e, nesse novo contexto, as causas de morte também mudaram. Antes 
representadas por doenças infectocontagiosas, agora são apresentadas por 
doenças crônico-degenerativas. 
A composição etária de um país – o número proporcional de crianças, jovens, 
adultos e idosos – é um elemento importante a ser considerado pelos governantes. 
O envelhecimento de uma população relaciona-se a uma redução no número de 
crianças e jovens e a um aumento na proporção de pessoas com 60 anos ou mais. 
À medida que as populações envelhecem, a pirâmide populacional triangular, 
conforme gráfico abaixo (de 2002), será substituída por uma estrutura mais cilíndrica 
em 2025 (BRASIL, 2005). 
Pirâmide da População Mundial em 2002 e 2025 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Nações Unidas (2001 apud BRASIL, 2005, p. 9). 
 
 
Em 2006, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) apontava 
para um total de 8,5 milhões de pessoas na faixa etária de 70 anos ou mais (4,6% 
 
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da população total) enquanto a projeção da população sinaliza um efetivo de 34,3 
milhões de idosos em 2050, ou 13,2% da população total, conforme aponta a tabela 
abaixo. 
Projeção da população total, absoluta e relativa, 
segundo os grupos de idade - Brasil - 2010/2050 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Projeção da 
População do Brasil por Sexo e Idade para o Período 1980-2050 – Revisão 2004. 
 
Os dados quanto ao envelhecimento não mentem! Entretanto, a velhice não é 
doença. 
Concordando com Ferrari (1975), a velhice é uma etapa da vida com 
características e valores próprios, em que ocorrem modificações no indivíduo, tanto 
na estrutura orgânica, como no metabolismo, no equilíbrio bioquímico, na imunidade, 
na nutrição, nos mecanismos funcionais, nas características intelectuais e 
emocionais. 
São estas modificações que dificultam a adaptação do indivíduo no seu meio, 
exatamente pela falta de condições que favoreçam o envelhecimento bio-psico-
social. 
 
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Segundo Camarano (2002), o envelhecimento é um processo de perdas 
biológicas e sociais, que traz vulnerabilidades que são diferenciadas por gênero, 
idade, grupo social, raças e regiões geográficas, entre outros. É diferenciado 
também o momento (a idade) em que elas se iniciam. Tais vulnerabilidades são 
afetadas pelas capacidades básicas (com as quais o indivíduo nasceu), pelas 
capacidades adquiridas ao longo da vida e pelo contexto social em que os indivíduos 
encontram na sua fase de vulnerabilidades. Dessa forma, políticas públicas podem 
ter um papel fundamental na redução do seu impacto

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