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Neuroanatomia- Sistema Nervoso – Ana Luiza Azevedo 1 Ana Luiza Azevedo de Paula NEUANATOMIA SISTEMA NERVOSO DEFINIÇÃO O sistema nervoso representa uma rede de comunicações do organismo. É formado por um conjunto de órgãos do corpo humano que possuem a função de captar as mensagens, estímulos do ambiente, "interpretá-los" e "arquivá-los". Consequentemente, ele elabora respostas, as quais podem ser dadas na forma de movimentos, sensações ou constatações. EMBRIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO O sistema nervoso começa a sua formação a partir da quarta semana de vida, formando o tubo neural. Esse processo é denominado de neurulação. Neurulação refere-se ao processo de dobramento em embriões de vertebrados, que inclui a transformação da placa neural no tubo neural. O embrião nesta fase é denominado neurula. O processo começa quando o notocórdio induz a formação do sistema nervoso central (SNC), sinalizando a camada de germe ectodérmico acima dela para formar a placa neural espessa e plana. A placa neural se dobra sobre si mesma para formar o tubo neural, que posteriormente se diferenciará na medula espinhal e no cérebro, formando eventualmente o sistema nervoso central. Diferentes porções do tubo neural formam-se por dois processos diferentes, chamados de neurulação primária e secundária, em diferentes espécies. Posteriormente, a placa neural sofre uma invaginação, o sulco neural. Com o desenvolvimento o sulco neural se transforma na goteira neural, com duas cristas neurais presas. Ao final da terceira semana de vida a goteira neural se desprende do ectoderma, formando o tubo neural e, nas regiões laterais do tubo neural são formadas as cristas neurais. TUBO NEURAL O tubo neural é a estrutura embrionária que dará origem ao cérebro e à medula espinhal. A sua formação é o resultado da invaginação da ectoderme que se segue à gastrulação. Este processo é induzido por moléculas sinalizadoras produzidas na notocorda e na placa basal. Durante a neurulação primária as células da ectoderme poderão seguir três destinos diferentes, gerando o tubo neural, a epiderme ou a crista neural. Primeiramente, ocorre um espessamento da placa neural, que se dobra para cima, ficando em formato de U e gerando o sulco neural. Eventualmente ocorre a fusão das dobras da placa, formando o tubo neural. Simplificando, esse processo pode ser dividido em 4 partes: v Formação da placa neural. v Espessamento da placa neural. v Dobra da placa neural para formar o sulco neural. v Fechamento do sulco neural para formar o tubo neural. Neuroanatomia- Sistema Nervoso – Ana Luiza Azevedo 2 Ana Luiza Azevedo de Paula A placa neural se estende ao longo do eixo antero-posterior e o aparecimento da placa ocorre pois a notocorda secreta fatores que estimulam sua formação. As células da região se elongam, ficando em formato colunar, o que as distingue do resto das células ao redor. Para que a placa neural se dobre ocorre a formação de uma região onde as células epidermais na lateral da placa acabam por move-la em direção a linha do meio do embrião, formando um sulco. O movimento dessas células epidermais em direção ao meio é o que acaba gerando a dobra neural. O tubo se fecha quando as duas extremidades da dobra neural se encontram na linha do meio do embrião. Entretanto, esse processo não ocorre simultaneamente ao longo de toda a extensão do embrião, normalmente começando na região cefálica e terminando na região caudal. O tubo neural sofre três dilatações, produzindo as vesículas primordiais, sendo prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo. No arquencéfalo ( cérebro primitivo) distinguem-se inicialmente três dilatações, que são as vesículas encefálicas primordiais denominadas: prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo. Com o subsequente desenvolvimento do embrião, o prosencéfalo dá origem a duas vesículas, telencéfalo e diencéfalo. O mesencéfalo não se modifica, e o romboencéfalo origina o metencéfalo e o mieloncéfalo. O telencéfalo compreende uma parte mediana, da qual se envagina duas porções laterais, as vesículas telencefálicas laterais. A parte mediana é fechada anteriormente por uma lamina que constitui a porção mais cranial do sistema nervoso e se denomina lamina terminal. As vesículas telencéfalicas laterais crescem muito para formar os hemisférios cerebrais e escondem quase completamente a parte mediana e o diencéfalo. O diencéfalo apresenta quatro pequenos divertículos: dois laterais, as vesículas ópticas, que formam a retina; um dorsal, que forma a glândula pineal; e um ventral, o infundíbulo, que forma a neuro-hipófise. FLEXURAS Durante o desenvolvimento das diversas partes do arquencéfalo aparecem flexuras ou curvaturas no seu teto ou assoalho, devidas principalmente a ritmos de crescimento diferentes. A primeira flexura a aparecer é a flexura cefálica, que surge na região entre o mesencéfalo e o prosencéfalo. Logo surge, entre a medula primitiva e o arquencéfalo, uma segunda flexura, denomina flexura cervical. Ela é determinada por uma flexão ventral de toda a cabeça do embrião na região do futuro pescoço. Finalmente aparece uma terceira flexura, de direção contraria as duas primeiras, no ponto de união entre o meta e o mielencéfalo: a flexura pontina. Com o desenvolvimento, as duas flexuras caudais se desfazem e praticamente desaparecem. Entretanto, a flexura cefálica permanece, determinado, no encéfalo do homem adulto, um ângulo entre o cérebro, derivando do prosencéfalo, e o resto do neuro-eixo. A formação do tubo neural nas regiões sacral e caudal normalmente se dá pelo processo de neurulação secundária. Em humanos, esse processo se completa na 7ª semana de gestação. É importante salientar que a forma como se dá a formação do tubo neural durante a neurulação secundária varia de espécie para espécie. Neuroanatomia- Sistema Nervoso – Ana Luiza Azevedo 3 Ana Luiza Azevedo de Paula DIVISÕES DO SISTEMA NERVOSO O Sistema Nervoso está dividido em duas partes fundamentais: sistema nervoso central e sistema nervoso periférico. SISTEMA NERVOSO CENTRAL – SNC O sistema central é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal. Todas as partes do encéfalo e da medula estão envolvidas por três membranas de tecido conjuntivo - as meninges. O encéfalo, principal centro de controle, é constituído por cérebro, cerebelo, tálamo, hipotálamo e bulbo. O Sistema Nervoso Central também é protegido por partes ósseas. O encéfalo é resguardado pelo crânio e a medula espinhal pela coluna vertebral. ENCÉFALO O encéfalo constitui a parte central do sistema nervoso (antigamente denominado sistema nervoso central – SNC), que tem como principal função o processamento e a integração das informações. É formado pelo cérebro, cerebelo e tronco encefálico. Encontra- se na caixa craniana, ocupando todo seu espaço e junto com a medula e os nervos compõe o sistema nervoso. É envolvido por membranas chamadas meninges, cuja função é proteger o encéfalo e a medula contra choques mecânicos. CÉREBRO O cérebro é dividido em dois hemisférios, esquerdo e direito, ligados entre si, sendo a parte mais desenvolvida do encéfalo, totalizando quase 90% da massaencefálica. Tem como característica a superfície formada por sulcos que delimitam regiões chamadas giros cerebrais (circunvoluções). Sua parte mais externa é denominada córtex cerebral, constituída pelos corpos celulares dos neurônios. Devido ao aspecto visual dessa parte, ela é classificada como substância cinzenta. Já a parte mais interna do cérebro, em maioria, é formada pelos prolongamentos do neurônio e pela sua aparência mais clara, quando comparada ao córtex, sendo classificada como substância branca. Além disso, há regiões delimitadas no córtex dos hemisférios que são chamadas de lobos e são responsáveis por coordenar funções específicas, como memória, raciocínio e audição. São quatro: lobo frontal, lobo temporal, lobo parietal e lobo occipital. Neuroanatomia- Sistema Nervoso – Ana Luiza Azevedo 4 Ana Luiza Azevedo de Paula v Lobo frontal, localizado na parte anterior, é responsável pelo controle motor, pelo pensamento, pela fala e pelo olfato; v Lobo parietal, localizado nas laterais superiores da cabeça, controla as sensações provenientes da pele, dos músculos e dos tendões; v Lobo temporal, localizado na lateral inferior da cabeça, controla a audição; v Lobo occipital, localizado na parte posterior da cabeça, controla a visão. DIENCÉFALO: TÁLAMO E HIPOTÁLAMO Ligadas ao córtex cerebral, essas pequenas estruturas estão localizadas na base do cérebro. O tálamo é composto de muitos corpos celulares tal como a substância cinzenta dos hemisférios cerebrais. É responsável pela recepção das mensagens sensoriais, atuando na transmissão delas ao córtex. Está também envolvido com a regulação do estado de atenção e consciência. O tálamo é uma região de integração entre os impulsos elétricos provenientes de diferentes regiões, como o córtex cerebral. Com exceção dos impulsos nervosos provenientes do olfato, todas as outras informações passam pelo tálamo. O hipotálamo é tão pequeno como um grão de ervilha, sendo encontrado logo abaixo do tálamo. Atua na regulação da temperatura corporal e controle de água do corpo, tendo importante papel na homeostase. v Participa do controle da temperatura corporal, da pressão arterial, de sensações, como fome e sede, dos impulsos sexuais etc.; v É responsável também por participar da integração do sistema nervoso com o sistema endócrino, produzindo hormônios ou controlando algumas glândulas. CEREBELO O cerebelo está localizado na parte posterior do encéfalo, próximo à ponte. Tem suas fibras nervosas ligadas ao córtex cerebral, ao mesencéfalo, à ponte, ao bulbo e à medula espinhal. Participa do controle do tônus muscular, do equilíbrio e da postura corporal. Esse órgão é constituído internamente de substância branca (prolongamentos dos neurônios) e revestido pelo córtex cerebelar constituído dos corpos celulares (substância cinzenta). As funções do cerebelo estão relacionadas com a integração sensorial e motora. Ele participa nos movimentos da cabeça, dos olhos e dos membros coordenando todo o movimento do corpo. Além disso o cerebelo controla o equilíbrio durante a caminhada e também é responsável pela postura. Coordena a atividade muscular, de modo que os movimentos voluntários, como caminhar, correr, tocar instrumentos, nadar ou, simplesmente, manter o equilíbrio, ocorram sem necessidade de controle consciente. TRONCO ENCEFÁLICO O tronco encefálico é uma estrutura situada na base do cérebro que conecta as estruturas subcorticais com a medula espinhal. Ele está associado com vários sinais vitais, como o ciclo sono- vigília, consciência e controle respiratório e cardiovascular. Nele também ficam a maioria dos núcleos dos nervos cranianos e, através dos tratos neurais, ele facilita a comunicação entre cérebro, medula espinhal e cerebelo. Contém muitos corpos celulares de neurônios e de prolongamentos dos nervos cranianos relacionados com respostas sensoriais, motoras e autônomas da cabeça e do pescoço. Através dos nervos cranianos, o encéfalo recebe informações e controla funções de estruturas da cabeça e pescoço prioritariamente. Neuroanatomia- Sistema Nervoso – Ana Luiza Azevedo 5 Ana Luiza Azevedo de Paula Há uma formação reticular constituída por uma rede de neurônios, que estão envolvidos na regulação das atividades cardíacas e respiratórias. Uma lesão em alguma região do tronco encefálico é frequentemente muito perigoso, dependendo da área afetada pode romper fibras relacionadas com a consciência, a percepção e a cognição. Se a lesão afetar os centros vitais cardíacos e respiratórios leva à parada cardíaca e respiratória irreversível, sendo portanto fatal. O tronco encefálico é formado por três partes: bulbo, ponte (protuberância) e mesencéfalo. MESENCÉFALO É a porção mais superior, situando-se entre a ponte (protuberância) inferiormente e o tálamo superiormente. Desempenha um importante papel no movimento dos olhos, no processamento visual e auditivo, no estado de alerta e na regulação da temperatura. Primeiramente, o mesencéfalo é dividido em duas metades pelo aqueduto cerebral, que o atravessa. A parte anterior é conhecida como tegmento e a posterior como tecto mesencefálico. A superfície anterior do mesencéfalo contém dois pedúnculos cerebrais e o núcleo rubro. Cada pedúnculo contém a substância negra e o crus cerebri que leva as fibras dos tratos corticoespinhais, as quais são parte do tracto piramidal. Situada entre os pedúnculos está a fossa interpeduncular, que contém a substância perfurada posterior, através da qual as artérias perfurantes, que suprem o mesencéfalo, passam. O núcleo rubro é uma massa redonda e bastante vascularizada de substância cinzenta onde os tratos rubros aferentes (corticobulbar, cerebelo-rubral) e eferentes (rubro-espinhal, rubro-olivar) começam e terminam, respetivamente. Outras estruturas na superfície anterior do mesencéfalo incluem os tratos ópticos e a emergência do nervo oculomotor (NC III). Rodeando o mesencéfalo, encontramos várias estruturas visíveis na sua face posterior. As mais proeminente são os corpos quadrigêmeos, que se apresentam como quatro eminências arredondadas, chamadas de colículos, na lâmina do teto mesencefálico. Cada colículo superior representa a estação retransmissora para reflexos visuais, enquanto cada colículo inferior, localizados inferiormente, funciona como uma estação retransmissora da via auditiva. Cada colículo correspondente é separado medialmente pelo frênulo do véu medular superior. Aqui emerge o nervo troclear (NC IV). BULBO O bulbo é a porção mais inferior do tronco cerebral, que fica na fossa posterior do crânio. Ela se continua com a medula espinhal abaixo e com a ponte cerebral acima. Da sua face anterior emergem vários nervos cranianos e ali existem áreas elevadas, chamadas de protuberâncias, formadas por vários tratos e núcleos que atravessam o bulbo. Elas são a fissura mediana anterior, pirâmides (trato corticoespinhal), decussação das pirâmides, olivas (núcleo olivar inferior) e os nervos hipoglosso (NC XII), glossofaríngeo (NC XII) e vago (NV X). O bulbo também tem muitas estruturas anatômicas na sua face posterior. Isto inclui o sulco medial posterior, fascículos grácil e cuneiforme, tubérculos grácile cuneiforme (núcleos respetivos), tubérculo trigeminal (núcleo espinhal do nervo trigêmeo), funículo lateral (fibras de substância branca lateral), metade inferior da fossa romboide (assoalho do quarto ventrículo), e o óbex. O suprimento arterial do bulbo é feito pelas artérias cerebelares anterior e posterior, juntamente com a artéria espinhal anterior. Neuroanatomia- Sistema Nervoso – Ana Luiza Azevedo 6 Ana Luiza Azevedo de Paula PONTE A ponte é a porção central do tronco cerebral interposta entre o bulbo e o mesencéfalo. As funções da ponte (protuberância) cerebral são variadas e envolvem sono, respiração, deglutição, audição, controle da bexiga, equilíbrio e gustação, entre tantas outras funções motoras. A face anterior da ponte (protuberância) tem aparência estriada e contém várias linhas paralelas em virtude da presença de fibras córtico-ponto-cerebelares, que a percorrem horizontalmente. Os sulcos pontinos superior e inferior separam a ponte (protuberância) das partes vizinhas do tronco encefálico, enquanto os nervos trigêmeo (NC V), abducente (NC VI), facial (NC VII) e vestibulococlear (NC VIII) saem de sua superfície ventral. Existe também o sulco basilar que a percorre longitudinalmente e aloja a artéria basilar. A face posterior da ponte (protuberância) cerebral está intimamente conectada com o quarto ventrículo e o cerebelo. As estruturas associadas e protuberâncias incluem a metade superior da fossa rombóide, eminência mediana, sulco mediano posterior, colículo facial (nervo facial), estrias medulares (fibras do núcleo arqueado), locus coeruleus (parte da formação reticular) e áreas vestibulares (núcleos vestibulares). A ponte (protuberância) é suprida pelos ramos pontinos da artéria basilar. MEDULA ESPINHAL A medula espinhal é uma massa cilindroide de tecido nervoso situada dentro do canal vertebral sem entretanto ocupa-lo completamente, envolvida por membranas fibrosas denominadas meninges, que são: Dura-máter, Aracnoide e Pia- máter.. Cranialmente a medula limita-se com o bulbo, aproximadamente ao nível do forame magno do osso occipital. O limite caudal da medula tem importância clinica e no adulto situa-se geralmente em L2. A medula termina afinando-se para formar um cone, o cone medular, que continua com um delgado filamento meníngeo, o filamento terminal. Seu calibre não é uniforme, pois ela apresenta duas dilatações denominadas de intumescência cervical e intumescência lombar. Estas intumescências medulares correspondem às áreas em que fazem conexão com as grossas raízes nervosas que formam o plexo braquial e lombossacral, destinados à inervação dos membros superiores e inferiores respectivamente. A formação destas intumescências se deve pela maior quantidade de neurônios e, portanto, de fibras nervosas que entram ou saem destas áreas. A intumescência cervical estende-se dos segmentos C4 até T1 da medula espinhal e a intumescência lombar (lombossacral) estende-se dos segmentos de T11 até L1 da medula espinhal. A superfície da medula apresenta os seguintes sulcos longitudinais, que percorrem em toda a sua extensão: o sulco mediano posterior, fissura mediana anterior, sulco lateral anterior e o sulco lateral posterior. Na medula cervical existe ainda o sulco intermédio posterior que se situa entre o sulco mediano posterior e o sulco lateral posterior e que se continua em um septo intermédio posterior no interior do funículo posterior. Nos sulcos lateral anterior e lateral posterior fazem conexão, respectivamente as raízes ventrais e dorsais dos nervos espinhais. Neuroanatomia- Sistema Nervoso – Ana Luiza Azevedo 7 Ana Luiza Azevedo de Paula SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO O SNP constitui-se principalmente de nervos, que são feixes de axônios que ligam o sistema nervoso central a todas as outras partes do corpo. O SNP inclui: O Sistema Nervoso Periférico (SNP) é formado pelos nervos e gânglios nervosos. Sua função é ligar o Sistema Nervoso Central aos outros órgãos do corpo e com isso realizar o transporte de informações. v Neurônios motores, mediando o movimento voluntário; v O sistema nervoso autônomo, compreendendo o sistema nervoso simpático v O sistema nervoso parassimpático, que regulam as funções involuntárias v O sistema nervoso entérico, que controla o aparelho digestivo. NERVOS Os nervos correspondem a feixes de fibras nervosas envolvidas por tecido conjuntivo. Eles são responsáveis por fazer a união do SNC a outros órgãos periféricos e pela transmissão dos impulsos nervosos. Os nervos apresentam a seguinte divisão: v Nervos Espinhais: compostos por 31 pares, são os que fazem conexão com a medula espinhal. Estes nervos são responsáveis por inervar o tronco, os membros e algumas regiões específicas da cabeça. v Nervos Cranianos: compostos por 12 pares, são os que fazem conexão com o encéfalo. São estes nervos que inervam as estruturas da cabeça e do pescoço. Os nervos apresentam os seguintes tipos: v Nervos Aferentes (Sensitivos): enviam sinais da periferia da corpo para o sistema nervoso central. Este tipo de nervo é capaz de captar estímulos como o calor e a luz, por exemplo. v Nervos Eferentes (Motores): enviam sinais do sistema nervoso central para os músculos ou glândulas. v Nervos Mistos: formados por fibras sensoriais e fibras motoras, por exemplo, os nervos raquidianos NERVOS PERIFÉRICOS Os elementos funcionais do sistema nervoso periférico são os nervos periféricos. Cada nervo consiste em um feixe de muitas fibras nervosas (axônios) e seus revestimentos de tecido conjuntivo, podendo ser comparados aos tratos (feixes) do SNC. Por sua vez, cada fibra nervosa é uma extensão de um neurônio cujo corpo celular é mantido dentro da substância cinzenta do SNC ou dentro dos gânglios do SNP. Os neurônios periféricos que transportam informações para o SNC são chamados de neurônios aferentes ou sensitivos, enquanto os que transmitem informações do SNC para a periferia são conhecidos como neurônios eferentes ou motores. Neurônios aferentes transmitem uma variedade de impulsos provenientes de receptores sensitivos (sensoriais) e dos órgãos sensoriais. Por exemplo, eles transmitem sensações gerais como toque, dor, temperatura e posição no espaço (propriocepção). Além disso, eles também transmitem informações sensoriais mais específicas, como os sentidos especiais do olfato, da visão, da audição e do equilíbrio. Por outro lado, os neurônios eferentes levam informações gerais do sistema nervoso para os órgãos efetores, por exemplo, os músculos esqueléticos, os órgãos viscerais e as glândulas. Eles são responsáveis por iniciar a contração muscular voluntária e involuntária, além de estarem envolvidos em outras outras funções motoras, como na secreção glandular. GÂNGLIOS NERVOSOS Os gânglios nervosos são aglomerados de corpos celulares de neurônios que se localizam fora do sistema nervoso central, próximo à coluna vertebral, que se associam aos nervos, funcionando como estações de interligação entre neurônios e estruturas do organismo. Estes gânglios nervosos se mostram como pequenas dilatações em alguns nervos. O gânglio é envolvido pelo tecido conjuntivo, e internamente o gânglio é constituído por neurônios esféricos ou asteriscos (que são grandes células com núcleos que possuem vesículas).Neuroanatomia- Sistema Nervoso – Ana Luiza Azevedo 8 Ana Luiza Azevedo de Paula Existem dois tipos de gânglios, os sensitivos e os autônomos. Estes últimos se subdividem em simpáticos e parassimpáticos, localizando-se no sistema autônomo simpático, parassimpático e no sistema nervoso entérico. Já os gânglios sensitivos se dividem em craniospinais (fazem parte os gânglios da raiz dorsal e os gânglios craniais), autônomos (fazem parte os gânglios paravertebrais e os pré- vertebrais), parassimpático (também chamados de gânglios terminais, estão perto dos órgãos ou paredes, onde são chamados de gânglios intramurais), e são encontrados na raiz dorsal dos nervos espinais e nos nervos cranianos trigêmeo, facial e vago. O gânglio sensitivo é formado por um envoltório de tecido conjuntivo e recebe fibras aferentes. Ele é composto por neurônios do tipo pseudo-unipolares e o axônio é mielinizado. Cada corpo celular é rodeado por células similares às células de Schwann, e tem o papel de sustentação, que fica a cada lado da medula espinhal. É possível encontrar no gânglio autônomo o neurônio pós-ganglionar. Trata-se de neurônio de tipo multipolar, com corpo celular volumoso, citoplasma com granulações e nucléolo saliente. Assim como o gânglio sensitivo, o gânglio autônomo também vai possuir um envoltório de tecido conjuntivo. O sistema nervoso autônomo simpático e o sistema nervoso autônomo parassimpático possuem algumas diferenças anatômicas. Por exemplo, os gânglios nervosos do sistema nervoso simpático se localizam nas grandes cavidades do corpo, e também na cavidade torácica e abdominal, longe do sistema nervoso central. Já os gânglios do sistema nervoso parassimpático se situam em sua grande maioria no interior dos órgãos que serão inervados e, por este motivo, estes gânglios são chamados também de gânglios intramurais, ficando localizados próximo à medula espinhal, partindo da região torácica e lombar. NERVOS CRANIANOS O primeiro conjunto de nervos periféricos são os doze nervos cranianos: olfatório (NC I), óptico (NC II), oculomotor (NC III), troclear (NC IV), trigêmeo (NC V1, NC V2, NC V3), abducente (NC VI), facial (NC VII), vestibulococlear (NC VIII), glossofaríngeo (NC IX), vago (NC X), acessório (NC XI) e hipoglosso (NC XII). Os nervos cranianos são nervos periféricos que inervam principalmente estruturas anatômicas da cabeça e do pescoço. A exceção é o nervo vago, que também inerva vários órgãos torácicos e abdominais. Os nervos cranianos se originam de núcleos específicos localizados no cérebro. Eles deixam a cavidade craniana através dos forames (buracos) e se projetam para sua estrutura alvo respectiva. Os nervos cranianos são divididos em três grupos de acordo com o tipo de informação transportada pelas suas fibras: v Sensitivos v Motores v Mistos NERVOS ESPINHAIS O segundo conjunto de nervos periféricos são os nervos espinais, dos quais existem 31 pares no total: oito cervicais, doze torácicos, cinco lombares, cinco sacrais (sagrados) e um coccígeo. Sua numeração correlaciona-se com a numeração dos níveis da coluna vertebral: os nervos espinhais cervicais são numerados de acordo com a vértebra localizada imediatamente abaixo, enquanto todos os demais de acordo com a vértebra situada acima. Cada nervo espinhal começa como várias pequenas raízes ou radículas que se unem para formar duas raízes principais. A raiz anterior transporta fibras motoras de neurônios cujos corpos celulares estão localizados no corno anterior da medula espinhal. A raiz posterior transporta fibras sensitivas de neurônios cujos corpos celulares se encontram no gânglio da raiz dorsal. Nas regiões torácica e lombar superior, a raiz Neuroanatomia- Sistema Nervoso – Ana Luiza Azevedo 9 Ana Luiza Azevedo de Paula anterior também transporta fibras autonômicas de neurônios pré-ganglionares simpáticos cujos corpos celulares estão localizados no corno lateral da medula espinhal. A raíz anterior se junta à raíz posterior subsequentemente para formar o nervo espinhal posteriormente dito, que transporta fibras mistas (sensoriais, motoras e autonômicas). Os nervos espinhais deixam a coluna vertebral através dos forames (buracos) intervertebrais localizados entre duas vértebras adjacentes. Cada nervo espinhal divide-se então em dois ramos chamados de ramo posterior (dorsal) e ramo anterior (ventral), ambos carregando fibras mistas. Os ramos posteriores deslocam-se posteriormente e dividem-se em ramificações que inervam estruturas pós-vertebrais. Os ramos anteriores inervam a pele e os músculos dos membros e do tronco anterior. Imediatamente após a divisão do nervo espinhal nos dois ramos, ramificam-se fibras comunicantes menores. Esses ramos comunicantes brancos e cinzentos estabelecem uma comunicação entre os nervos espinhais e os dois troncos simpáticos do sistema nervoso autônomo que percorrem a extensão da coluna vertebral. É importante notar que os ramos comunicantes cinzentos existem em todos os níveis da medula espinhal, enquanto os ramos brancos são encontrados apenas nos níveis T1-L2. SISTEMA NERVOSO SOMÁTICO O sistema nervoso somático, também conhecido como sistema nervoso voluntário, é responsável por fornecer inervação sensitiva e motora a todas as estruturas do corpo humano, exceto órgãos, glândulas e vasos sanguíneos. Em outras palavras, ele transporta impulsos referentes às sensações do corpo (dor, tato, temperatura, propriocepção) e inerva os músculos esqueléticos que estão sob controle consciente ou voluntário, iniciando o movimento. Além disso, o sistema nervoso somático está envolvido nos reflexos espinhais, como por exemplo no reflexo de retirada. Isso ajuda você a tirar sua mão instantaneamente ao tocar em um objeto quente. Tanto os nervos cranianos quanto os espinhais contribuem para o sistema nervoso somático. Os nervos cranianos fornecem controle motor voluntário e percepção sensitiva da região da face. Com relação aos nervos espinhais, como mencionamos anteriormente, os ramos posteriores deslocam-se posteriormente para inervar a coluna vertebral, os músculos vertebrais e a pele das costas, enquanto os ramos anteriores inervam os membros e o tronco anterior. A maioria dos ramos anteriores se unem para formar plexos nervosos dos quais muitos nervos periféricos principais se originam. A exceção são os ramos anteriores da região torácica, que viajam de uma forma relativamente independente uns dos outros sem formar plexos, como nervos intercostais e subcostais do tronco.Os plexos nervosos, formados pelos ramos anteriores dos nervos espinhais, são os seguintes: v C1-C4 formam o plexo cervical v C5-T1 se agrupam no plexo braquial v T12-L4 formam o plexo lombar v L4 - S4 se agrupam no plexo sacral (sagrado) Os plexos lombares e sacrais também podem ser agrupados como plexo lombossacral (lombossagrado), mas os manteremos separados para melhor compreensão.Cada plexo nervoso produz vários nervos periféricos, que transportam fibras sensitivas e motoras para suas respectivas estruturas-alvo e vice-versa. Neuroanatomia- Sistema Nervoso – Ana Luiza Azevedo 10 Ana Luiza Azevedo de Paula SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO O sistema nervoso autônomo (SNA) tem uma natureza involuntária, o que significa que não temos controle consciente sobre ele. É responsávelpor fornecer inervação sensitiva e motora para os músculos lisos, os vasos sanguíneos, as glândulas e os órgãos internos. Dessa forma, ele controla de forma coordenada as funções glandulares e viscerais, desempenhando um papel na manutenção da homeostase. Os nervos do SNA também são periféricos por natureza, de forma que a estrutura geral de um nervo periférico discutida anteriormente ainda se aplica. No entanto, há uma ressalva: todos os nervos autônomos fazem sinapse com um gânglio nervoso simpático ou parassimpático. A porção do nervo antes da sua sinapse com o gânglio nervoso é referida como pré- ganglionar, e carrega o impulso em direção ao aglomerado de corpos celulares no gânglio. Por outro lado, a porção do nervo após o gânglio é chamada de pós-ganglionar, e leva o impulso para longe dos corpos celulares. O SNA possui três grandes divisões: sistema nervoso simpático, sistema nervoso parassimpático e sistema nervoso entérico. SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO As fibras pré-ganglionares dos nervos simpáticos deixam a medula espinhal através das raízes anteriores de T1 a L2, entrando no nervo espinhal correspondente. As fibras viajam então através dos ramos comunicantes brancos até os gânglios paravertebrais dos troncos do simpático, localizados em ambos os lados da coluna vertebral. Algumas fibras fazem sinapse nestes gânglios, enquanto outras passam por eles sem fazer sinapse, saindo dos troncos simpáticos como nervos esplâncnicos (maior, menor, imo, lombar, sacral). Esses nervos esplâncnicos fazem sinapse mais próximos de seus órgãos-alvo nos gânglios pré-vertebrais chamados de celíacos, aórtico-renais e mesentéricos (superiores e inferiores). As fibras pós-ganglionares então se projetam sobre suas estruturas-alvo, de forma direta ou retornando através do ramo comunicante cinzento e seguindo o caminho dos nervos espinhais por todo o corpo. Os órgãos-alvo incluem vasos sanguíneos, glândulas sudoríparas, músculos eretores do pêlo, íris e órgãos internos. Um exemplo de órgão alvo do sistema nervoso simpático é a glândula suprarrenal. A atividade do sistema nervoso simpático estimula a liberação de adrenalina (também conhecida como epinefrina) através do sistema medular simpático-suprarrenal. SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO O sistema nervoso parassimpático pode ser dividido em parte craniana e parte sacral (sagrada). As fibras pré-ganglionares da parte craniana saem do tronco encefálico nos nervos cranianos oculomotor, facial, glossofaríngeo e vago. Elas fazem sinapse nos gânglios ciliar, pterigopalatino, ótico, submandibular e entéricos. Por fim, as fibras pós-ganglionares inervam as glândulas salivares da cabeça, a íris, os músculos ciliares do olho e, no caso do nervo vago, as vísceras torácicas e abdominais. As fibras pré-ganglionares da parte sacral (sagrada) são muito mais restritas, saindo da medula espinhal apenas através das raízes anteriores dos nervos espinhais S2-S4. Elas viajam com os nervos esplâncnicos pélvicos, por fim inervando as vísceras pélvicas (cólon descendente, cólon sigmóide, reto, bexiga, pênis / clitóris). FONTES https://www.auladeanatomia.com/novosite/pt/sistemas/sistema- nervoso/medula-espinhal/ https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/sistema-nervoso-periferico https://www.anatomia-papel-e-caneta.com/embriologia-do-sistema-nervoso/ Neuroanatomia- Sistema Nervoso – Ana Luiza Azevedo 11 Ana Luiza Azevedo de Paula
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