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F11-Enfrentamento-a-violencia-contra-crianca

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Prévia do material em texto

enfrentamento à
violência sexual contra
crianças e adolescentes
NOSSA VOZ. NOSSA FORTALEZA.
11O Papel
da Escola
Hugo Dantas
SUMÁRIO
1. Apresentação ........................................................................................... 163
2. Breve contexto ......................................................................................... 164
3.	 O	dever	de	notificação ............................................................................ 165
4. Identificação	de	sinais	de	violência	sexual ............................................ 167
5. Educação	e	o	Direito	ao	Desenvolvimento	Sexual	Saudável ................ 171
6.	 A	escola	e	as	“novas”	formas	de	violência ............................................. 172
6.	 A	mediação	de	conflitos	no	ambiente	escolar ....................................... 174
Referências .................................................................................................. 175
Perfis do autor e do ilustrador ................................................................. 176
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 163enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 163
Educação	não	transforma	o	mundo.	
Educação	muda	as	pessoas.	Pessoas	
transformam	o	mundo.	(Paulo	Freire)
 
Apresentação
Caro	leitor,	você	já	estudou	em	nosso	curso,	
até	aqui,	muita	coisa:	os	direitos	de	crian-
ças	e	adolescentes	previstos	nos	 tratados	
internacionais,	 na	 Constituição	 Federal	 e	
no	 Estatuto	da	Criança	 e	 do	 Adolescente;	
as	expressões	de	violência	contra	crianças	
e	 adolescentes,	 em	 especial	 a	 violência	
sexual,	bem	como	as	políticas	e	planos	de-
senvolvidos	pela	sociedade	e	o	Estado	para	
enfrentá-la;	e	o	sistema	de	garantia	dos	di-
reitos	de	crianças	e	adolescentes,	com	en-
foque	no	atendimento	e	proteção.
Neste	 módulo,	 conversaremos	 sobre	
uma	 instituição	 muito	 importante	 no	
desenvolvimento	 de	 crianças	 e	 adoles-
centes:	a escola.	 Ela	 é	 um	dos	primeiros	
espaços	 que	 a	 criança	 ou	 adolescente	
convivem	socialmente,	assim	como	é	am-
biente	de	formação	de	valores,	influência	
de	 comportamentos	 e	 transmissão	 de	
conteúdo.	Portanto,	a escola é tanto um 
direito, quanto possibilita a efetivação 
de outros direitos. 
A respeito da proteção de crianças 
e	 adolescentes,	 a	 escola	 possui	 inúme-
ras	atribuições:	 (1)	discutir	 sobre	o	ECA	e	
demais	 instrumentos	 legais	 de	 amparo;	
(2)	 zelar	 pelo	 desenvolvimento	
psicológico	 da	 criança	 e	 do	 ado-
lescente	 estimulando	 um	 convívio	
harmonioso	de	sua	comunidade	escolar	e	
garantindo	um	ensino	de	qualidade	e	va-
riados	projetos	de	grupos	de	artes,	espor-
tes,	 pesquisas;	 encaminhar	 suspeita	 ou	
confirmação	 de	 violência	 para	 as	 autori-
dades	competentes;	(3)	dentre	outras	que	
vocês	lerão	ao	longo	de	nosso	diálogo.
164 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
Iremos	 estudar	 com	mais	 profundida-
de	o	papel	da	escola	no	enfrentamento	à	
violência	sexual	contra	crianças	e	adoles-
centes.	Quais	são	as	responsabilidades	dos	
educadores?	 Como	 a	 escola	 contribui	 na	
prevenção	ao	abuso	e	exploração	sexual?	
Como	 o	 ambiente	 escolar	 pode	 ser	 reco-
nhecido	por	crianças	e	adolescentes	para	
denunciar	uma	situação	de	maus-tratos?	
Ao	 longo	 das	 próximas	 páginas,	 vocês	
verão	algumas	respostas	para	essas	pergun-
tas,	bem	como	outras	 reflexões	que	ainda	
não	possuem	respostas	acabadas.	Espera-
mos	que	a	leitura	contribua	para	o	reconhe-
cimento	 da	 escola,	 de	 seus	 profissionais,	
dos	estudantes	e	familiares	na	proteção	de	
crianças	e	adolescentes.	Boa	leitura!
 
Breve contexto
Nos	fascículos	anteriores,	foi	explicado	que	
o	dever	de	proteção	às	crianças	e	aos	ado-
lescentes	é	de	responsabilidade da famí-
lia, da sociedade e do Estado.	Essa	obri-
gação	foi	incluída	no	ordenamento	jurídico	
brasileiro	sobretudo	pela	Constituição	Fe-
deral,	em	seu	artigo	227,	e	pela	publicação	
do Estatuto da Criança e do Adolescente - 
Lei	Federal	nº	8.069/90.	Por	determinação	
legal,	o Poder Público deverá adotar com 
prioridade políticas públicas	 que	 efeti-
vem	 os	 direitos	 das	 crianças	 e	 dos	 ado-
lescentes,	bem	como	que	os	protejam	de	
qualquer	forma	de	violência	e	exploração.	
É	 importante	 ressaltar	 que	 a	 Consti-
tuição	e	o	ECA,	ao	se	referirem	ao	“Esta-
do”,	 indicam	 que	 o	 dever	 de	 proteção	 é	
comum	 à	 União, Estados, Distrito Fe-
deral e Municípios,	 abrangendo	 todos	
os	Poderes	da	República	(Executivo, Le-
gislativo e Judiciário).	No	âmbito	do	Po-
der	Executivo,	as	diversas	secretarias	de	
governo	 devem	 implementar políticas 
articuladas e integradas	 de	proteção	à	
violência	contra	crianças	e	adolescentes,	
especialmente	 visando	 a	 concretização	
dos	direitos	elencados	no	artigo 227 da 
Constituição Federal	 (vida,	 saúde,	 ali-
mentação,	 educação,	 lazer,	 profissiona-
lização,	 cultura,	 dignidade,	 liberdade	 e	
convivência	familiar	e	comunitária).	
A	 educação,	 portanto,	 é	 um	 dos	 di-
reitos	 fundamentais	 que	 é	 garantido	 à	
criança	e	ao	adolescente	pelo	texto	cons-
titucional.	 Isso	 significa	 que	 a	 família,	 a	
sociedade	e	o	Estado	devem	criar	condi-
ções	para	que	nenhuma	criança	ou	ado-
lescente	esteja	fora	da	escola.	Por	um	
lado,	o	Poder Público deve investir 
na educação	 para	 que	 não	 faltem	
vagas	 em	 escolas	 públicas	 para	
quem	 precisa;	 por	 outro	 lado,	 as	
escolas	devem	possuir	 infraestru-
tura	 adequada,	 projeto pedagó-
gico	 que	 empolgue	 os	 estudantes,	
professores	bem	valorizados	e	 com	
uma	 carreira estruturada,	 diver-
sidade	 de	 projetos,	 curriculares	 ou	
extracurriculares,	 e	 devem	 incentivar	
uma	convivência saudável entre a co-
munidade	escolar.	Nada	disso	é	possível	
de	ser	feito	sem	investimento	público.	
Além	da	necessária	efetivação	do	di-
reito	 à	 educação	 pelo	 Poder	 Público,	 a	
escola	 possui	 uma	 outra	 importância	
na	 proteção	 de	 crianças	 e	 adolescen-
tes.	Ela	é	 responsável	por	comunicar 
às autoridades competentes qual-
quer caso suspeito de violência ou 
sua confirmação	contra	estudantes	
que	possuem	menos	de	18	(dezoito)	
anos.	Essa	responsabilidade	existe	
em	virtude	de	determinação	 legal	
que	consta	no	Estatuto	da	Criança	
e	do	Adolescente	(lei	nº	8.069/90).
A	 seguir,	 passaremos	a	 explicar	
as	 responsabilidades	 da	 escola	 na	
prevenção e proteção das crianças 
e	 adolescentes	 contra	 a	 violência	 ou	
maus-tratos.	Ou	 seja,	o papel da escola 
no enfrentamento à violência,	em	espe-
cial	a	violência	sexual.	
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 165enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 165
 
O dever 
DE NOTIFICAÇÃO
O	ECA,	em	seu	artigo	245,	estabelece	multa	
de	três	a	vinte	salários	de	referência	(apli-
cando-se	o	dobro	em	caso	de	reincidência)	
para	médico	ou	o	responsável	por	estabele-
cimento	de	atenção	à	saúde	e	de	professo-
res ou responsável por estabelecimento 
de ensino fundamental, pré-escola ou 
creche,	que	deixe	de	comunicar	à	autorida-
de	 competente	 casos	de	 suspeita	ou	 con-
firmação	de	maus-tratos	contra	criança	ou	
adolescente.	A	partir	da	leitura	deste	artigo,	
é	possível	 identificar	o	dever de notifica-
ção às	autoridades	competentes,	atribuído	
por	 lei	 aos	 médicos	 ou	 responsáveis	 por	
unidades	 de	 saúde	 e	 aos	 professores	 ou	
responsáveis	 por	 estabelecimentos	 de	
ensino	fundamental,	pré-escola	ou	creche.
A	 notificação	 dos	 maus-tratos	 ou	 de	
suspeita	de	maus-tratos	é	muito	importan-
te para interromper o ciclo da violência. 
Uma	criança	ou	adolescente	vítima	de	vio-
lência	sexual	tende	a	sofrer	por	culpa,	ter	
baixa	autoestima,	dificuldades	em	desen-
volver	sua	sexualidade	de	forma	saudável	
e	receios	em	ter	relações	afetivas	de	médio	
e	 longo	 prazo.	 A	 notificação	 da	 violência	
ou	 de	 sua	 suspeita	 possibilita	 a	 adoção 
de medidas protetivas	necessárias	e	ade-
quadas	em	prol	da	vítima	criança	ou	ado-
166 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Abertado Nordesteção Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
lescente,	além	de	possibilitar	a	investiga-
ção	criminal	e	a	identificação	do	autor.
Já	estudamos	sobre	a	definição	do	
dever	de	notificação	e	 sua	 importân-
cia	prática	para	a	proteção	da	criança	
ou	 adolescente	 vítima	 de	 violência	
sexual.	Entretanto,	a	quem	o	profes-
sor	 (ou	 médico)	 deve	 notificar?	 Po-
demos	 encontrar	 essa	 resposta	 no	
Artigo	13	do	Estatuto	da	Criança	e	do	
Adolescente:	 “Os	 casos	 de	 suspeita	
ou	 confirmação	 de	 castigo	 físico,	 de	
tratamento	cruel	ou	degradante	e	de	
maus-tratos	 contra	 criança	 ou	 ado-
lescente	 serão	obrigatoriamente co-
municados ao Conselho Tutelar da 
respectiva	 localidade,	 sem	prejuízo	de	
outras	providências	legais.”
A	 palavra	 “obrigatoriamente”	 se	 des-
taca	na	leitura	do	artigo	13.	A	notificação	
ao	Conselho	Tutelar	pelo	professor	ou	res-
ponsável	 por	 estabelecimento	 de	 ensino	
não	 se	 trata	 de	 uma	 faculdade.	 Ou	 seja,	
não	é	que	ele	escolha	se	irá	comunicar	ou	
não. A notificação é um dever atribuído 
por lei,	conforme	podemos	concluir	a	par-
tir	da	leitura	dos	artigos	13	e	245	do	Esta-
tuto	da	Criança	e	do	Adolescente.	
Infelizmente,	 ainda	 estamos	 distan-
te	da	situação	 ideal	no	que	diz	 respeito	
ao	 entendimento,	 por	 parte	 da	 escola,	
de	suas	responsabilidades	no	enfrenta-
mento	 à	 violência	 sexual	 contra	 crian-
ças	 e	 adolescentes.	 A	 omissão	da	 noti-
ficação	 ao	 Conselho	 Tutelar,	 por	 vezes,	
ocorre	por	causa	da	falta	de	capacitação 
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 167
TÁ NA LEI
e formação específica sobre o fluxo de 
proteção aos professores,	 não	 sendo	
possível	 identificar,	portanto,	o	papel	da	
escola	nesse	fluxo.
Uma	outra	 causa	bastante	 comum	de	
omissão	de	comunicação	da	violência	ou	
suspeita	de	violência	é	a dificuldade em 
reconhecer nas crianças e nos adoles-
centes sinais de violência sexual.	É	sobre	
isso	que	iremos	conversar	agora.
Você	sabia	que	no	Ceará	existem	
comissões	de	atendimento,	
notificação	e	prevenção	à	violência	
doméstica	contra	crianças	e	
adolescentes	nas	escolas	públicas	
e	privadas?	É	o	que	garante	a	lei	
nº	13.230/02.	Um	dos	principais	
papéis	dessas	comissões	é	
justamente	a	notificação	às	
autoridades	competentes	
de	situações	de	suspeita	ou	
confirmação	de	violência.
Identificação 
de sinais 
DE VIOLÊNCIA SEXUAL
Há	uma	série	de	 sinais	que	a	criança	e	o	
adolescente	 podem	 revelar	 que,	 na	 me-
dida	em	que	os	professores	e	demais	pro-
fissionais	 de	 um	 estabelecimento	 de	 en-
sino	possuem	capacitação	e	formação	no	
tema,	auxiliam	na	identificação	de	violên-
cia	sexual	ou	sua	suspeita.	Tais evidências 
podem ser corporais, comportamentais, 
educacionais e/ou de outra natureza. 
Em	geral,	os	sinais	não	são	isolados,	mas	
podem	se	expressar	de	diversas	maneiras.	
O	 professor,	 demais	 profissionais	 da	 es-
cola	ou	 responsável	por	estabelecimento	
deve	estar	atento	para	analisar	e	interpre-
tar	um	conjunto diverso de evidências.
Do	 ponto	 de	 vista	 corporal,	 a	 criança	
ou	 o	 adolescente	 pode	 apresentar	 enxa-
quecas,	enjoos	e	dores	no	corpo,	que	po-
dem	 estar	 associadas	 a	manchas,	 cortes	
ou	 cicatrizes.	 O	 ganho	 ou	 perda	 de	 peso	
também	 devem	 ser	 objeto	 de	 atenção	
do	 professor,	 assim	 como	 problemas	 re-
lacionados	 à	 alimentação,	 como	 falta	 de	
apetite	 e	 dificuldades	 na	 digestão.	 Essas	
evidências	corporais	podem	ter	sido	cau-
sadas	pelo	próprio	autor	da	violência	(no	
caso	de	manchas	no	corpo,	por	exemplo)	
ou	 ser	 consequência,	 do	 ponto	 de	 vista	
psicológico,	de	 traumas	e	 transtornos	no	
desenvolvimento	 mental	 da	 criança	 ou	
do	adolescente	em	virtude	da	situação	de	
violência	sexual.
Uma	 outra	 forma	 de	 a	 criança	 ou	 o	
adolescente	 expressar	 uma	 situação	 de	
violência	 sexual	 é	 através	 de	 seu	 com-
portamento.	Mudanças	comportamentais	
bruscas,	assim	como	oscilações	de	humor	
em	 um	 curto	 período	 de	 tempo,	 podem	
revelar	maus-tratos.	A	depressão,	o	pânico	
em	estar	no	escuro,	o	medo	de	determina-
da	pessoa,	 a	 baixa	 autoestima	ou	 o	 sen-
timento	 de	 raiva	 constante	 também	 são 
evidências que devem ser interpreta-
das pelo professor ou responsável pelo 
estabelecimento de ensino.	 A	 vergonha	
excessiva,	que	 se	expressa	 sobretudo	em	
situações	onde	a	criança	ou	o	adolescente	
estão	em	contato	com	seu	corpo,	também	
é	um	sinal	relevante	para	identificação	de	
violência	 sexual.	 O	 constrangimento,	 in-
168 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
TÁ NA LEI
A existência de um ou mais sinais 
de violência já estudados não 
significa necessariamente que ela 
aconteceu! O educador deve estar 
atento com as possíveis evidências em 
seus alunos de forma global, evitando 
olhar cada sinal de forma separada.
clusive,	 pode	 estar	 associado	 a	 um	 sinal	
corporal	que	está	se	tentando	esconder	do	
conhecimento	de	outras	pessoas.	
Já	 do	 ponto	 de	 vista	 do	 rendimento	
escolar,	a	criança	ou	o	adolescente	pode	
constantemente	 não	 comparecer	 às	 au-
las	 ou	 apresentarem	 cansaço	 diferente	
do	 padrão	 esperado.	 O	 outro	 extremo	
também	 deve	 ser	 observado	 cuidado-
samente,	tendo	em	vista	que	o	fato	de	a	
criança	ou	o	adolescente	começar	a	che-
gar	muito	 cedo	 na	 escola	 e	 resistir	 para	
voltar	 para	 casa	 pode significar uma 
situação de abuso sexual praticada no 
ambiente doméstico ou imediações. 
Dificuldades	 no	 conhecimento,	 como	
desconcentração	e	queda	no	rendimento	
escolar	 (notas	baixas),	 ou	pouca	partici-
pação	 nas	 atividades	 extracurriculares,	
podem	também	ser	evidências	de	maus-
-tratos cometidos contra estudantes. 
As evidências	 que	podem	se	expressar	
no	corpo,	comportamento	e/ou	rendimento	
escolar	da	criança	e	do	adolescente	devem 
ser cuidadosamente analisadas e inter-
pretadas	 pelo	 professor	 ou	 responsável	
por	 estabelecimento	 de	 ensino,	 que	 deve	
ser	 bastante	 sigiloso para não expor a 
intimidade	da	possível	vítima.
Os	sinais	que	foram	discutidos	an-
teriormente	não são os únicos pos-
síveis.	 São	 exemplos	 que	 devem	
servir	 de	 alerta	 para	 os	 profissio-
nais	da	educação	para	que	a	esco-
la	tenha	condição	de	cumprir	seu	
dever	legal	através	da	comunica-
ção	de	violência	ou	suspeita	de	
violência	 ao	 Conselho	 Tutelar.	
Não	é	necessário	que	o	profes-
sor	 ou	 a	 direção	 escolar	 tenha	
certeza	da	violência	sexual	e	de	
quem	a	praticou	para	notificar	o	
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 169
órgão	 competente,	 tendo	em	vista	que	a	
investigação	criminal	do	fato	e	sua	conse-
quente	responsabilização	é	atribuição	dos	
órgãos	de	 segurança	pública,	do	Ministé-
rio	Público	e	do	Poder	Judiciário.	
É	 necessário	 que	 no ambiente es-
colar seja discutida a temática do en-
frentamento à violência sexual contra 
crianças e adolescentes.	Esse	tema	pos-
sui	uma	dupla	importância:	por	um	lado,	
vai	no	sentido	da	formação	e	capacitação	
dos	 professores	 e	 demais	 profissionais	
que	 trabalham	 na	 educação	 sobre	 a	 te-
mática,	especialmente	no	dever	de	noti-
ficação	 ao	 Conselho	 Tutelar	 de	 suspeita	
de	 violência	 ou	 a	 própria	 violência.	 Por	
outro	 lado,	possibilita	que	a escola seja 
reconhecida como um espaço seguro e 
de confiança	 pela	 criança	 ou	 pelo	 ado-
lescente	 para	 denunciar a prática de 
maus-tratos e/ou de violência sexual. 
A	 Lei	 nº	 13.431/2017,	 trata	 em	 seu	
art.	14,	da	necessidade	das	políticas	im-
plementadas	 nos	 sistemas	 de	 justiça,	
segurança	 pública,	 assistência	 social,	
educação e	saúde		de	adoção	de	“ações	
articuladas,	coordenadas	e	efetivas	vol-
tadas	ao	acolhimento	e	ao	atendimento	
integral	 às	 vítimas	 de	 violência”.	 Razão	
pela	qual	os	estados	 têm	criado	comis-
sões	de	prevenção	e	proteção	à	 violên-
cia	contra	crianças	e	adolescentes	 tam-
bém	nas	escolas.
170 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordestea | Universidade Aberta do Nordeste
TÁ NA LEI
 LEI Nº 13.431/2017.
TÍTULOIV - DA INTEGRAÇÃO DAS 
POLÍTICAS DE ATENDIMENTO
CAPÍTULO	I	-	DISPOSIÇÕES	GERAIS
Art.	13.	Qualquer	pessoa	que	
tenha	conhecimento	ou	presencie	
ação	ou	omissão,	praticada	em	
local	público	ou	privado,	que	
constitua	violência	contra	criança	
ou	adolescente	tem	o	dever	de	
comunicar	o	fato	imediatamente	
ao	serviço	de	recebimento	e	
monitoramento	de	denúncias,	ao	
conselho	tutelar	ou	à	autoridade	
policial,	os	quais,	por	sua	vez,	
cientificarão	imediatamente	o	
Ministério	Público.
Parágrafo	único.	A	União,	os	
Estados,	o	Distrito	Federal	e	os	
Municípios	poderão	promover,	
periodicamente,	campanhas	de	
conscientização	da	sociedade,	
promovendo	a	identificação	das	
violações	de	direitos	e	garantias	
de	crianças	e	adolescentes	
e	a	divulgação	dos	serviços	
de	proteção	e	dos	fluxos	de	
atendimento,	como	forma	de	evitar	
a	violência	institucional.
Art.	14.	As	políticas	implementadas	
nos	sistemas	de	justiça,	segurança	
pública,	assistência	social,	educação	
e saúde deverão adotar ações 
articuladas, coordenadas e 
efetivas voltadas ao acolhimento e 
ao atendimento integral às vítimas 
de violência. (grifos nossos)
DECRETO Nº 9.603, DE 10 
DE DEZEMBRO DE 2018 - 
Regulamenta	a	Lei	nº	13.431,	de	4	
de	abril	de	2017,	que	estabelece	o	
sistema	de	garantia	de	direitos	da	
criança	e	do	adolescente	vítima	ou	
testemunha	de	violência.
(...)
Art.	11.	Na	hipótese	de	o	profissional	
da	educação	identificar	ou	a	criança	
ou	adolescente	revelar	atos	de	
violência,	inclusive	no	ambiente	
escolar,	ele	deverá:
					I	-	acolher	a	criança	 
ou	o	adolescente;
					II	-	informar	à	criança	ou	ao	adoles-
cente,	ou	ao	responsável	ou	à	pessoa	
de	referência,	sobre	direitos,	procedi-
mentos	de	comunicação	à	autoridade	
policial	e	ao	conselho	tutelar;
					III	-	encaminhar	a	criança	ou	o	
adolescente,	quando	couber,	para	
atendimento	emergencial	em	órgão	
do	sistema	de	garantia	de	direitos	
da	criança	e	do	adolescente	vítima	
ou	testemunha	de	violência;	e
					IV	-	comunicar	o	Conselho	Tutelar.
					Parágrafo	único.	As	redes	de	
ensino	deverão	contribuir	para	o	
enfrentamento	das	vulnerabilidades	
que	possam	comprometer	o	
pleno	desenvolvimento	escolar	de	
crianças	e	adolescentes	por	meio	da	
implementação	de	programas	de	
prevenção	à	violência.
Como	 já	 explicado	 em	 módulos	 an-
teriores,	 a	 visão	 de	 “criança-menor”,	 ou	
“criança-objeto”,	 foi	 confrontada	 e	 supe-
rada	pela	compreensão	da	criança como 
sujeito de direitos,	detentora	dos	direitos	
humanos	gerais	e	dos	específicos	em	de-
corrência	de	sua	característica	geracional.	
Essa	nova	perspectiva,	aliada	à	necessida-
de de a escola ser um ambiente de dis-
cussão	 acerca	dos	 impactos	da	violência	
sexual	e	suas	características,	aponta	para	
nós	a	reflexão	da	responsabilidade	da	es-
cola	no	desenvolvimento sexual saudá-
vel	da	criança	e	do	adolescente.
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 171
 
Educação 
e o Direito 
AO DESENVOLVIMENTO 
SEXUAL SAUDÁVEL 
A escola é um espaço privilegiado para 
se	 discutir	 a	 promoção	 dos	 direitos	 da	
criança	 e	 do	 adolescente.	 Através	 do	di-
álogo	 entre	 todos	 que	 fazem	 parte	 da	
comunidade	 escolar,	 é	 possível	 destacar	
temas	 que,	 por	 razão	 de	 características	
específicas	da	idade	dos	estudantes,	atra-
vessam	 seu	 desenvolvimento.	 Assim,	 é	
possível	 promover	 uma	 cultura de coo-
peração e de paz,	observando	os	direitos 
humanos,	e	criar	condições	de	se	preve-
nir as violências,	especialmente	a	sexual.	
É	 por	 reconhecer	 a	 importância	 da	
escola	 na	 proteção	 das	 crianças	 e	 dos	
adolescentes	que,	desde	2004,	o	Governo	
Federal	desenvolve	o	Projeto Escola que 
Protege.	O	projeto	foi	desenvolvido	na	Se-
cretaria	de	Educação	Continuada,	Alfabe-
tização	 e	 Diversidade	 (SECAD),	 vinculada	
ao	Ministério	da	Educação	(MEC),	e	possui	
a	finalidade	de	“promover	ações	educati-
vas	e	preventivas	para	reverter	a	violência	
contra	crianças	e	adolescentes.”
O	projeto	Escola	que	Protege	 funciona	
a partir da formação de professores do 
ensino	fundamental	por	universidades	se-
lecionadas	pelo	Ministério	da	Educação.	A	
parceria	firmada	entre	o	MEC	e	as	institui-
ções	de	ensino	superior	exige	que	um	con-
vênio	seja	celebrado	entre	a	universidade	e	
a	secretaria	municipal	ou	estadual	de	edu-
cação.	 Assim,	 há	 uma	 cooperação entre 
todos os entes da federação,	possibilitan-
do	uma	continuidade	da	política	de	capaci-
tação	de	Estado,	e	não	apenas	de	governo.
A	formação	dos	professores	através	da	
capacitação	sobre	os	direitos	da	criança	e	
do	 adolescente,	 bem	 como	 sobre	 as	 vio-
lências	que	podem	atingi-los,	deve	ser	tra-
duzida	no	ambiente	escolar.	O	estudante	
deve	confiar	na escola como um espaço 
seguro de diálogo e de proteção,	 onde	
seja	 possível	 denunciar	 uma	 situação	 de	
violência	 sexual	 sem	 ser	 julgado	 ou	 sua	
denúncia	ser	negligenciada.	
A	 convivência	 harmoniosa	 e	 sincera	
dentro	do	ambiente	escolar	possibilita	que	
a	criança	ou	o	adolescente	relate	para	seu	
professor,	ou	outro	profissional	da	unidade	
de	ensino,	uma	situação	de	desconforto	ou	
violência,	 a	 qual	 deve	 ser	 comunicada	ao	
Conselho	Tutelar	para	que	haja	a	proteção	
integral	mediante	a	atuação cooperada da 
rede de proteção.	 Como	 já	 foi	 explicado	
neste	módulo,	uma	das	maiores	importân-
cias	da	notificação	feita	pela	direção	esco-
lar	é	a	interrupção do ciclo da violência.
Caso	 a	 escola	 cumpra	 seu	 papel	 de	
discussão	 sobre	 as	 violências	 que	 po-
172 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste172 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordes
criança	ou	adolescente,	mas	no	contex-
to familiar ou comunitário	onde	a	vul-
nerabilidade	está	presente.
Ou	seja,	ao	promover	a	discussão	sobre	
direitos	humanos,	gênero	e	diversidade	de	
orientação	sexual	e	proteção	a	crianças	ou	
adolescentes,	 a	 escola	 está	 cumprindo,	
pelo	menos,	 três	 importantes	 papéis:	 (1)	
capacita seus profissionais para a iden-
tificação	 de	 sinais	 de	 violência	 e	 para	 o	
diálogo	cuidadoso	com	os	estudantes; (2) 
gera um ambiente de segurança e con-
fiança	 para	 que	 a	 criança	 ou	 adolescen-
te	denuncie	uma	situação	de	abuso;	e	(3)	
previne o ciclo da violência	 ao	 promo-
ver	a	conscientização	do	estudante	sobre	
seus	 direitos,	 especialmente	 o	 direito	 ao	
desenvolvimento	sexual	saudável.
A	 importância	 de	 discutir	 os	 direi-
tos	 sexuais	da	criança	e	do	adolescente	
é:	 reconhecimento de uma situação 
de violência sexual	 a	 qual	 pode	 estar	
submetida	 a	 criança	 ou	 o	 adolescente;	
prevenção a doenças	 que	 podem	 se	
transmitir	 sexualmente;	e	promoção da 
saúde sexual	 do	 estudante	 com	menos	
de	 18	 anos.	 A	 escola	 deve	 ser	 um	 lugar	
seguro	 e	 confiável	 de	 acesso	 à	 educa-
ção	 acerca	 da	 sexualidade	 de	 crianças	
e	adolescentes,	e	não	submeter-se	à	 re-
produção	de	 tabus	que	 impedem	o	ple-
no	 desenvolvimento	 da	 sexualidade	 e	
autonomia	 dos	 adolescentes.	 Ela	 deve	
intervir,	 portanto,	 a	 partir	 da	 realidade 
concreta	de	seus	alunos	e	de	suas	expe-
riências cotidianas,	 possibilitando-os	
ter	acesso	a	discussões	que	contribuam	
para compreensão consciente e madu-
ra das consequências de suas escolhas. 
PUXANDO Prosa
A Comissão Gestora Local do 
Escola que Protege	é	composta	
por:	secretarias	estadual	e	
municipal	de	educação,	Undime,	
Ministério	Público,	conselhos	
estadual	e	municipal	dos	direitos	da	
criança	e	do	adolescente,	Conselho	
Tutelar	e	secretarias	de	saúde	e	
assistência	social.	É	uma	importante	
iniciativa	de	articulação	da	escola	
com	a	rede	de	proteção	integral	à	
criança	e	ao	adolescente!
 
A escola 
e as “novas” 
FORMAS DE VIOLÊNCIA
A	atenção	com	atos	de	violência	praticados	
contra	a	criança	e	o	adolescente	das	redes	
pública	 e	 privada	 de	 ensino	 ampliou-se,	
do	ponto	de	vista	legal,	através	de	leis	que	
buscaram	coibir	essa	prática.	A	lei de com-
bate ao bullying nas escolas,	Lei	Federal	nº	
13.663/2018,	inclui	entre	as	atribuições	das	
escolas	a	promoção da cultura de paz ea 
adoção	 de	 medidas	 de	 conscientização	 e	
prevenção	 a	 diversos	 tipos	 de	 violência.	O	
texto	acrescenta	à	 lei	 de	diretrizes	 e	bases	
da	educação	nacional	(LDB	-	lei	9.393/1996)	
dispositivos	para	determinar	que	as	institui-
ções	de	ensino	deverão	promover	medidas 
de conscientização, de prevenção e de 
combate	a	todos	os	tipos	de	violência,	espe-
cialmente	intimidação	sistemática	(bullying) 
e	ainda	estabelecer	ações	destinadas	a	pro-
mover	a	cultura	de	paz	nas	escolas.
Com	 o	 surgimento	 e	 popularização	 da	
internet e dos smartphones,	 desde	muito	
cedo	a	criança	está	conectada	no	ambien-
te virtual	e	sujeita	a	entrar	em	contato	com	
pessoas	que	não	conhece	pessoalmente.	Se	
é	 verdade	que	a	escola	deve	utilizar	a	 tec-
nologia	para	melhorar	seu	processo	educa-
cional,	 ela	 também	 deve	 se	 atualizar	 para	
prevenir	e	proteger	a	criança	ou	adolescente	
dem	 ser	 praticadas	 contra	 crianças	 e	
adolescentes,	ela	não	estará	apenas	ca-
pacitando	 seus	 profissionais	 para	 que	
identifiquem	sinais	de	abuso.	Ela	efetiva-
rá	a	proteção	e	a	prevenção	a	possíveis	
maus-tratos	através	da	conscientização 
dos estudantes sobre seus direitos e 
sobre	 práticas	 que	 não	 são	 aceitáveis	
pelo	nosso	ordenamento	jurídico.
Ao	 longo	do	curso,	 foi	explicado	que	
as	 diversas	 formas	 de	 violência	 podem	
se	 expressar	 de	 maneira	 articulada.	 A	
violência	 sexual	 pode	 ser	 praticada	 ao	
mesmo	 tempo	da	violência	psicológica,	
fazendo	muitas	vezes	com	que	a	criança	
ou	o	adolescente	não	tome	consciência	
de	 uma	 possível	 situação	 de	 abuso	 a	
qual	pode	estar	sofrendo.	Alertar	os	es-
tudantes	 sobre	 estes	 riscos	 através	 de	
discussões	na	escola	pode	evitar que o 
ciclo da violência seja iniciado,	 possi-
bilitando	intervir	não	só	na	vida	daquela	
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 173enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 173
e	junho	de	2016	com	mais	de	110.000	(cen-
to	e	dez	mil)	jovens	com	menos	de	18	anos	
de	diversos	países,	um em cada quatro jo-
vens já receberam mensagens de conte-
údo sexual;	12% já enviaram este tipo de 
conteúdo;	e	cerca de 8,4% sofreram com 
algum conteúdo explícito repassado sem 
autorização.	Ou	seja,	um	número	relevante	
de	adolescentes	tiveram	seu	direitos	à	inti-
midade	e	à	privacidade	violados.	
Este	problema	impacta,	em	especial,	as	
meninas,	que	estão	nas	redes	sociais	e	mí-
dias	 digitais,	 mas	 têm	 pouca informação 
sobre como se proteger.	Foi	possível	chegar	
a	essa	conclusão	a	partir	de	pesquisa	reali-
zada	pelo	Fundo	das	Nações	Unidas	para	a	
Infância	(Unicef),	que	criou,	junto	com	o	Fa-
cebook,	o	Projeto Caretas. Esta ação consis-
te	em	uma	experiência	virtual	onde	crianças	
e	adolescentes	interagiram	com	uma	perso-
nagem	fictícia	que	os	relatou	uma	situação	
de	vazamento	de	 fotos	 íntimas	pelo	ex-na-
morado.	Com	um	ano	de	projeto,	quase	um	
milhão	de	pessoas,	notadamente	meninas,	
interagiram	com	a	personagem	virtual.	
A	 escola,	 portanto,	 deve	 se	 enxergar	
como	um	espaço	favorável	para	se	ter	uma	
discussão sincera sobre a sexualidade 
dos adolescentes,	visando	a	prevenção	à	
violência	sexual.	É	importante	que	o	diálo-
go	seja	honesto	e	que	evite o julgamento 
moral,	 tendo	em	vista	os	 impactos	nega-
tivos	 que	 podem	 recair	 sobre	 o	 próprio	
desenvolvimento	 sexual	 do	 estudante.	 A	
partir	 de	 experiências	 concretas	 e	 do	 re-
conhecimento da autonomia da criança 
e	do	adolescente,	a	escola	deve	buscar	sua	
proteção	integral,	e	não	contribuir	para	o	
agravamento	da	violência.	
PUXANDO Prosa
O QUE É O BULLYING?
A	definição	legal	de	bullying é 
“todo	ato	de	violência	física	ou	
psicológica,	intencional	e	repetitivo	
com	o	objetivo	de	intimidar	ou	
agredir	alguém,	causando-lhe	dor	e	
angústia	à	vítima,	em	uma	relação	
de	desequilíbrio	de	poder	entre	as	
partes	envolvidas”	(lei	13.185/15).	
A	assimetria	que	separam	agressor	
e	vítima,	em	muitos	casos,	está	
conectada	a	desigualdades	e	
preconceitos	estruturais	em	nossa	
sociedade,	como	o	machismo,	
racismo,	discriminação	contra	
pessoas	gordas,	etc.	Deve	haver,	
portanto,	discussões	no	ambiente	
escolar	sobre	estas	questões	com	
o	objetivo	de	promover	valores	
voltados	à	solidariedade	e	ao	
reconhecimento	no	outro(a),	efeti-
vando a cidadania e o respeito.
Importante
Tendo	como	base	esta	interação,	 
o	Unicef	aplicou	um	questionário	 
para	14	mil	adolescentes	de	13	a	18	
anos	do	sexo	feminino.	Foi	possível	
extrair	dados	importantes	para	
entender o sexting e	as	violências 
	que	podem	ocorrer	a	partir	desta	
prática,	senão	vejamos:
- 35% das garotas	já	enviaram	vídeos	
ou	fotos	íntimas	para	alguém;
-	80%	já	receberam	pedidos de envio 
de vídeos ou fotos íntimas;
- Mais de 70% já receberam 
conteúdos	com	esse	teor	sem	pedir;
-	10%	já	tiveram	fotos	ou	vídeos	
vazados	e	não contaram com 
nenhuma rede de amparo;
- 35% não contaram para ninguém 
do	vazamento	do	conteúdo;
- apenas 2% conversaram com 
algum docente	de	sua	escola.
-	Ao	serem	questionadas	sobre	a 
existência deste tipo de discussão 
na escola,	7	a	cada	10	adolescentes	
manifestaram-se	em	sentido	
contrário.	Ou	seja,	a	ausência de 
informação	sobre	a	Internet	e	seus	
vários	usos	aumenta a possibilidade 
da prática de violências,	agravando-
se	pela	ausência de orientação sobre 
a rede de proteção e os direitos da 
criança	e	do	adolescente.
contra violências que são praticadas atra-
vés do uso da Internet e das redes sociais.
Atualmente,	 uma	 atividade	 relativa-
mente	comum	é	o	sexting,	que	consiste	no	
compartilhamento	de	conteúdo	erótico	por	
aplicativos	 de	 mensagens	 e	 por	 redes	 so-
ciais.	Esta	relação	é	praticada	sobretudo	por	
adolescentes.	Segundo	estudos	do	Journal 
of the American Medical Association Pediatri-
cs que	analisou	dados	de	39	(trinta	e	nove)	
pesquisas	 realizadas	 entre	 janeiro	 de	 1990	
174 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
A mediação 
de conflitos 
NO AMBIENTE ESCOLAR
A	escola	é	uma	instituição	privilegiada	para	
o	processo	de	educação	necessário	para	a	
prevenção	 aos	 diversos	 tipos	 de	 violên-
cia,	tendo	em	vista	que	atua diretamente 
com o conhecimento, valores, atitudes e 
a consolidação de hábitos.	Por	isso,	deve	
desenvolver	suas	atividades	educacionais	
e	 pedagógicas	 de	 forma não-violenta e 
voltadas	 à	 prevenção	 da	 violência,	 efeti-
vando	a	cidadania	e	os	direitos	humanos.	
Um	método	que	pode	ser	utilizado	dentro	
do	ambiente	escolar	para	atingir	tais	obje-
tivos é a mediação de conflitos.
A	 mediação	 de	 conflitos	 consiste	 em	
um	método	 em	 que	 as	 partes	 envolvidas	
em	uma	situação	de	conflito	buscam	res-
tabelecer o diálogo	 por	 intermédio	 de	
uma	figura	denominada	“mediador”. Esta 
prática	pode	ser	utilizada	para	a	resolução	
de	conflitos	rotineiros	através	da	compre-
ensão,	construindo	soluções	que	atendam	
às	necessidades dos envolvidos.	É	impor-
tante	que	o	mediador	possua	habilidades 
de comunicação	e	escuta,	bem	como	seja	
capacitado	para	exercer	a	função.
O	método	da	mediação	de	conflitos	é	
bastante	eficaz	em	situações	de	bullying 
e desentendimentos	dentro	do	ambiente	
escolar	 com	menor gravidade.	 A	media-
ção	ocorre	através	de	reuniões,	nas	quais	
o	 mediador	 precisa	 exercer	 uma	 escuta 
qualificada sem parcialidade e se dispor 
a	contribuir	com	as	partes	para	identificar	
as	resoluções	de	seus	problemas.	Portan-
to,	um	dos	objetivos	da	mediação	de	con-
flitos	é	proporcionar	o	desenvolvimento 
de competências emocionais, sociais e 
de	comunicação	nos	sujeitos	envolvidos.
Outro	 grande	 objetivo	 da	 mediação	 é	
a	 prevenção	de	 conflitos.	 Como	a	 comuni-
cação	 é	 exercitada	 dentro	 da	 comunidade	
escolar	e	o	diálogo	mais	franco	passa	a	ser	
possível,	as	relações se modificam	e	a	me-
diação	passa	a	cumprir	um	papel	não	só	na	
solução	dos	conflitos,	mas	na	sua	prevenção.	
Nos	 casos	 de	 suspeita	 ou	 confirma-
ção de violência sexual contra crianças 
e	 adolescentes,	 não	 recomenda-se	 uti-
lizar	a	mediação	de	conflitos,	 sobretudoquando	 o	 autor	 for	 um	 adulto.	 Como	 já	
foi	abordado	em	módulos	anteriores,	há	
um	procedimento	específico	previsto	em	
lei	sobre	o	acolhimento	e	atenção	da	ví-
tima,	 bem	 como	 sobre	 a	 investigação	 e	
responsabilização	do	autor	da	violência.	
Entretanto,	 a	 mediação	 de	 conflitos,	 na	
medida	que	promove	a	cultura	de	paz	e	
fortalece os vínculos no ambiente es-
colar,	é	importante	para	a	prevenção	dos	
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 175
Referências 
Bibliográficas
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Infância).	Violência sexual: A	responsabilidade	
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Proteger e responsabilizar: O	desafio	da	resposta	
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SILVEIRA,	Athus.	O que é sexting? Techtudo,	
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UNICEF	(Fundo	das	Nações	Unidas	para	a	
Infância)	Brasil.	CARETAS	-	Adolescentes	e	o	
risco	de	vazamentos	de	imagens	íntimas	da	
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unicef.org/brazil/relatorios/adolescentes-e-o-
risco-de-vazamento-de-imagens-intimas-na-
internet>.	Acesso	em	06	de	outubro	de	2019.
diversos	 tipos	 de	 violência	 cometidos	
contra	crianças	e	adolescentes.
O	 papel	 do	 mediador	 no	 ambiente	
escolar,	com	seu	olhar	capacitado,	pode	
contribuir	para	identificar	e	se	antecipar	
a situações de vulnerabilidades e riscos 
sociais.	Assim,	promove	a	prevenção de 
violências e garante a proteção social 
das	crianças	e	adolescentes,	 contribuin-
do	 para	 uma	 cultura	 de	 bem-estar	 nas	
escolas.	As	práticas	de	mediação	de	con-
flitos	nas	escolas,	portanto,	podem	con-
tribuir	para	a	formação	de	um	ambiente	
propício	ao	diálogo,	onde	crianças	e	ado-
lescentes	 se	 sintam	 acolhidas	 e	 seguras	
para	relatar	situações	de	violência	sexu-
al.	 Em	muitos	 casos,	 o	 professor	 exerce	
a	função	de	mediador.	É	importante	que	
essa	 experiência	 seja	 precedida	 de	 ca-
pacitação para potencializar sua capa-
cidade	de	identificar	sinais	de	violência,	
gerir	conflitos	e	sugerir	soluções.	
Neste	contexto,	destacam-se	os	proje-
tos	de	 lei	 que	 tramitam	nas	Casas	 Legis-
lativas	 que	 preveem	 a	 implantação de 
equipes multiprofissionais nas escolas. 
Recentemente,	 foi	 aprovado	 na	 Câmara	
de	 Deputados	 o	 Projeto	 de	 Lei	 3688/00,	
que	 “dispõe	 sobre	 a	 prestação	 de	 servi-
ços de psicologia e serviço social nas 
redes	 públicas	 de	 educação	 básica”,	 que	
entretanto	 foi	 vetado	pela	Presidência.	A	
atuação	 destes	 profissionais	 nas	 escolas	
possui	uma	grande	importância	no	senti-
do de aproximar a escola das demais en-
tidades	integrantes	da	rede	de	proteção	à	
criança	e	ao	adolescente,	em	especial	me-
diante	a	notificação	ao	Conselho	Tutelar.
FICA A Dica
Você	conhece	a	plataforma	
Círculos em Movimento: 
construindo comunidades escolas 
restaurativas?	Esse	projeto	possui	
o	objetivo	de	difundir	a	justiça	
restaurativa	e	a	cultura	de	paz	
nas	escolas	através	da	prática	dos	
Círculos	de	Construção	de	Paz.	Seu	
desenvolvimento	abrange	2	eixos:	
disponibilização	de	conteúdo	em	
plataforma	digital	e	mobilização	
institucional,	com	apoio	nos	
órgãos	do	Sistema	de	Justiça	
e	da	educação,	para	difundir	a	
plataforma.	Está	prevista	para	o	
biênio	2019/2020	a	implantação	
de	projetos	pilotos	nos	estados	
do	Amapá,	Ceará	e	Rio	Grande	do	
Sul.	A	base	teórica	e	metodológica	
da	plataforma	é	de	autoria	das	
professoras	estadounidenses	
Carolyn	Boyes	Watson	e	Kay	Pranis.	
Confira	a	plataforma	no	site:	http://
circulosemmovimento.org.br
Realização
NOSSA VOZ. NOSSA FORTALEZA.
Apoio
HUGO DANTAS (autor)
É	graduado	em	Direito	pela	Universidade	Federal	do	Ceará	(UFC).	Integra	a	Comissão	de	Edu-
cação	da	Ordem	dos	Advogados	do	Brasil	-	Seccional	Ceará	e	a	Rede	Nacional	de	Advogadas	e	
Advogados	Populares	(RENAAP).	É	assessor	jurídico	na	Assembleia	Legislativa	do	Ceará. 
RAFAEL LIMAVERDE (ilustrador)
É	ilustrador,	chargista	e	cartunista	(premiado	internacionalmente)	e	xilogravurista.	Formado	
em	Artes	Visuais	pelo	Instituto	Federal	de	Educação,	Ciências	e	Tecnologia	do	Ceará	(IFCE).	
Escreve	e	possui	livros	ilustrados	nas	principais	editoras	do	Ceará	e	em	editoras	paulistas.
EXPEDIENTE: FUNDAÇÃO	DEMÓCRITO	ROCHA	João Dummar Neto Presidente	André Avelino de Azevedo 
Diretor	Administrativo-Financeiro	Raymundo Netto Gerente	Editorial	e	de	Projetos	Emanuela Fernandes e 
Aurelino Freitas Analistas	 de	 Projetos	 UNIVERSIDADE	 ABERTA	 DO	 NORDESTE	 Viviane Pereira Gerente	
Pedagógica	Marisa Ferreira Coordenadora	de	Cursos	Joel Bruno Designer	Instrucional	CURSO	ENFRENTAMENTO	
À	VIOLÊNCIA	CONTRA	CRIANÇAS	E	ADOLESCENTES	Valéria Xavier Concepção	e	Coordenadora	Geral	Leila Paiva 
Coordenadora de Conteúdo Amaurício Cortez Editor	 de	 Design	 e	 Projeto	 Gráfico	 Miqueias Mesquita 
Designer/Diagramador	Rafael Limaverde Ilustrador	Mayara Magalhães Revisora	Beth Lopes	Produtora
ISBN:	978-85-7529-936-4	(Coleção)	
ISBN:	978-85-7529-947-0	(Fascículo	11)
Este	fascículo	é	parte	integrante	do	Programa de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes,	em	decorrência	do	Termo	de	Fomento	celebrado	entre	a	Fundação	
Demócrito	Rocha	e	a	Câmara	Municipal	de	Fortaleza,	sob	o	nº	001/2019.
Todos	os	direitos	desta	edição	reservados	à:
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