Buscar

Crimes em Espécie II: Bigamia e Induzimento a Erro no Casamento

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

Centro Universitário Tiradentes - UNIT 
CRIMES EM ESPÉCIE II 
Prof. Me. Ronald Pinheiro 
 
 BIGAMIA 
 
 Previsto no art. 235 do Código Penal. 
 Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: 
 Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com 
pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com 
reclusão ou detenção, de um a três anos. 
§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o 
outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o 
crime. 
 Objetivo jurídico: tutelar o casamento monogâmico, 
consequentemente a organização familiar, considerando a base da 
sociedade. 
 Sujeito ativo: conforme o caput o sujeito ativo só pode ser a pessoa 
casada (crime próprio). Já no §1º, o autor pode ser qualquer pessoa. 
 Sujeito passivo: o estado, tendo em vista o bem jurídico tutelado. 
Também poderão figurar como vítimas o cônjuge do primeiro 
matrimonio e, até mesmo, o do subsequente, desde que de boa-fé. 
 Conduta: o núcleo do tipo é contrair (assumir) novo casamento, sem 
desfazer o primeiro. 
o A lei não exige que o casamento anterior seja valido, desde 
que vigente. Logo, se nulo ou anulável, até que se declare a 
nulidade ou que seja anulado, produzirá efeitos e servirá para 
caracterizar o crime de bigamia 
o Note-se que se houver ação civil em curso que reata da 
nulidade do primeiro casamento, a ação penal deve ser 
suspensa, pois se trata de questão prejudicial, aplicando-se o 
disposto no artigo 92 do código de Processo Penal. 
 Conforme o §1º, é também punido aquele que, não sendo casado, 
contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância. 
o Nesse caso, a pena é mais branda, de um a três anos de 
reclusão ou detenção. 
o Trata-se aqui de uma exceção pluralista a teoria monista do 
art. 29 do CP. 
o O crime, entretanto, deixa de existir nas hipóteses descritas no 
§2º, quais sejam: 
a) Se o primeiro casamento for anulado por qualquer 
motivo; 
 
 
Centro Universitário Tiradentes - UNIT 
CRIMES EM ESPÉCIE II 
Prof. Me. Ronald Pinheiro 
 
b) Se o segundo casamento for anulado por outro motivo 
que não a própria bigamia. 
 
 
 
 
 
 
 
 Consumação e tentativa: consuma-se no momento em que é 
declarado perfeito o segundo casamento, isto é, quando manifestada 
a vontade de ambos os nubentes (dispensando a lavratura do termo). 
o Por fim, sabendo-se que o crime de bigamia é antecedido de 
declaração falsa do agente a respeito do seu estado civil no 
processo de habilitação, fica a pergunta – O CRIME DE 
FALSIDADE FICA ABSOLVIDO PELO CRIME DE BIGAMIA? 
o O crime-fim (bigamia) absorve, portanto, o crime-meio (falsidade 
ideológica), que constitui etapa de sua realização. Advirta-se, porém, que 
a aplicação desse critério pode trazer incoerência: a bigamia tentada, que 
absorveria a falsidade, seria sancionada menos severamente do que está: 
todavia, se não caracterizado o início da execução, a falsidade ideológica 
consumada (ato preparatório) seria punível como delito autônomo. 
 Ação penal: pública incondicionada 
 
 INDUZIMETO A ERRO ESSENCIAL E OCULTAÇÃO DE 
IMPEDIMENTO 
 
 Previsto no art. 236 do Código penal. 
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro 
contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento 
anterior: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente 
enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em 
julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o 
casamento. 
 Objetivo jurídico: a instituição do casamento e a organização da 
família. 
ATENÇÃO!! 
O casamento deve ser válido na forma da lei. O casamento religioso, anterior ou 
posterior ao civil, não irá se prestar a caracterizar o crime, a não ser que seja 
realizado na forma do art. 226, §2º, da CF, ou seja, que siga os termos do que estatui 
Código Civil para sua celebração. 
 
 
Centro Universitário Tiradentes - UNIT 
CRIMES EM ESPÉCIE II 
Prof. Me. Ronald Pinheiro 
 
 Sujeito ativo: qualquer pessoa. É possível, inclusive, que os dois 
contraentes o pratiquem, simultaneamente, enganando um ao outro 
(dolo bilateral) 
 Sujeito passivo: é o estado. Também pode figurar no polo passivo o 
contraente enganado (de boa-fé). 
 Conduta: da simples leitura do tipo incriminador percebemos duas 
condutas punidas: 
a) Induzir outrem a erro essencial. O conceito de erro essencial vem 
descrito no art 1.557 do Código Civil. 
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: 
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse 
erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em 
comum ao cônjuge enganado; 
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, 
torne insuportável a vida conjugal; 
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável 
que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por 
contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge 
ou de sua descendência; 
b) A segunda é a de ocultar impedimento, desde que não seja 
casamento anterior (tratando-se de casamento anterior, ainda 
vigente, o crime será de bigamia, art. 235 do Codigo Penal). 
 Os impedimentos tornam o casamento nulo. As hipóteses 
estão dispostas no art. 1521 do Código Civil: 
Art. 1.521. Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou 
civil; 
II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com 
quem o foi do adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o 
terceiro grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou 
tentativa de homicídio contra o seu consorte. 
 
 
 
 
 
ATENÇÃO!! 
Apesar da lei silenciar, a doutrina ensina que a ocultação deve ser comissiva 
(uma ação), pois a forma omissiva (silencio, inação) é um indiferente penal. 
 
 
Centro Universitário Tiradentes - UNIT 
CRIMES EM ESPÉCIE II 
Prof. Me. Ronald Pinheiro 
 
 
 Tipo subjetivo: é o dolo. Não se exige nenhuma finalidade especifica por 
parte do agente. 
 Consumação e tentativa: consuma-se o crime com o casamento, não 
sendo bastante o induzimento a erro ou a ocultação de impedimento. 
o A condição imposta pelo parágrafo único (a ação penal não pode 
ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, 
por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento) torna a 
tentativa juridicamente impossível. 
o Diverge a doutrina a respeito da natureza desta condição. Para 
uns trata-se de condição de procedibilidade (Fragoso, Mirabete, 
Damásio e Bittencourt); para outros constitui condição objetiva de 
punibilidade (Noronha, Bento de faria e Paulo José). 
 Ação Penal: Privada personalíssima. 
 
 
 
 
 
 
 CONHECIMENTO PRÉVIO DE IMPEDIMENTO 
 
 Previsto no art. 237 do Código Penal. 
Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de 
impedimento que lhe cause a nulidade absoluta: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 Objetivo jurídico: tutelar o casamento e a regular organização da 
família. 
 Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum). 
 Sujeito passivo: é o estado, com ele concorrendo o cônjuge enganado. 
 Conduta: o crime consiste em contrair casamento, conhecendo a 
existência de impedimento (art. 1521 do Código Civil) que lhe cause 
nulidade absoluta. 
o como se percebe na leitura do tipo, e ao contrário do que ocorre no 
delito anterior, não há emprego de fraude (induzimento ou 
ocultação), sendo suficiente que um ou ambos os nubentes saibam 
da existência do impedimento. 
 Tipo subjetivo: é o dolo direto. Não se exige finalidade especial por 
parte doagente 
ATENÇÂO!! 
Este é, hoje, o único tipo do código penal, cuja ação penal é de iniciativa 
privada personalíssima (a titularidade da ação não se transmite aos 
sucessores). O adultério também era, mas foi revogado. 
 
 
Centro Universitário Tiradentes - UNIT 
CRIMES EM ESPÉCIE II 
Prof. Me. Ronald Pinheiro 
 
 Consumação e tentativa: o crime se consuma com a efetiva celebração do 
casamento, ou seja, após o assentimento dos nubentes (art. 1.514 do 
Código Civil). 
 Ação Penal: publica condicionada. 
 
 SIMULAÇÃO DE AUTORIDADE PARA CELEBRAÇÃO DE 
CASAMENTO 
 
 Previsto no art. 238 do Código Penal. 
 Art. 238 - Atribuir-se falsamente autoridade para celebração de 
casamento: 
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui crime mais 
grave. 
 Objetivo jurídico: tutelar não só a instituição do casamento e a 
organização da família. Busca-se, também, a manutenção da 
segurança jurídica na celebração da união, que deve seguir todas as 
formalidades previstas em lei. 
 Sujeito ativo: qualquer pessoa 
 Sujeito passivo: o Estado, bem como os cônjuges que contraírem o 
casamento de boa-fé. 
 Conduta: o delito consiste em atribuir-se (intitular-se) falsamente 
autoridade para celebração de casamento. 
 Tipo subjetivo: é o dolo, consubstanciado na vontade consciente de 
atribuir-se falsamente autoridade para celebração de casamento. Se a 
intenção do agente for a pratica de crime mais grave, responderá por 
este (o tipo ressalva expressamente a natureza subsidiaria). 
 Consumação e tentativa: não é necessária a celebração do 
matrimonio ;para a consumação do delito, bastando a pratica do ato 
inequívoco de atribuir-se autoridade. 
 Ação penal: publica incondicionada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Centro Universitário Tiradentes - UNIT 
CRIMES EM ESPÉCIE II 
Prof. Me. Ronald Pinheiro 
 
 SIMULAÇÃO DE CASAMENTO 
 
 Previsto no art. 239 do Código Penal. 
 Art. 239 - Simular casamento mediante engano de outra pessoa: 
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui elemento de 
crime mais grave. 
 Objetivo jurídico: tutela-se a instituição do casamento e a organização 
da família, base da sociedade. 
 Sujeito ativo: a doutrina é divergente acerva de quem pode praticar o 
delito em estudo, conforme posição de Mirabete: 
 
Normalmente sujeito ativo do crime é um dos nubentes, mas, ao contrário do 
que afirmam Romão C. de Lacerda e Fragoso, o delito pode existir sem que atue 
um dos contraentes como agente. Afirma, corretamente, Noronha: ‘Podem, 
aliás, ser o magistrado e o oficial do Registro Civil os autores quando então os 
contraentes são enganados: certamente aqueles simulam casamento, mediante 
engano de outra pessoa’. Poderá haver também conluio e, portanto, coautoria, 
entre o magistrado e um dos nubentes” (Manual de direito penal cit., v.3, p.15). 
 
 Sujeito passivo: será o estado, e secundariamente os nubentes de boa-fé. 
 Conduta: pune-se quem simular (fingir) casamento mediante engano de 
outra pessoa. 
o É indispensável, para que se configure o crime, que a ação 
enganosa ludibrie alguém diretamente interessado na celebração 
do matrimonio, como os nubentes ou seus responsáveis (quando 
do seu consentimento depende a união) 
 Tipo subjetivo: vontade consciente de simular casamento, enganando 
outra pessoa. Se o agente, com a simulação, visou a pratica de crime mais 
grave, responderá somente por este, como destaca o preceito secundário 
do dispositivo (delito subsidiário). 
o Não se exige nenhuma intenção especifica por parte do sujeito 
ativo. 
 Consumação e tentativa: consuma-se o crime com a realização da 
cerimonia fraudulenta. A tentativa é possível. 
 Ação Penal: pública incondicionada.

Continue navegando