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Tcc Trafico De Orgaos

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UNIVERSIDADE ESTACIO DE SÁ 
CURSO DE DIREITO 
 
 
THAIS PEREIRA MARTINS 
 
 
 
 
 
 
 
 
DO CRIME DE TRÁFICO DE ÓRGÃOS HUMANO E A PUNIBILIDADE COM BASE 
NA LEI N.º 9.434/97 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2019.2 
 
 
 
 
THAIS PEREIRA MARTINS 
 
 
 
 
 
 
 
DO CRIME DE TRÁFICO DE ÓRGÃOS HUMANO E A PUNIBILIDADE COM BASE 
NA LEI N.º 9.434/97 
 
 
 
 
 
 
 
Artigo Científico Jurídico apresentado à 
Universidade Estácio de Sá, Curso de Direito, como 
requisito parcial para a conclusão da disciplina 
Trabalho de Conclusão de Curso. 
 
Prof.º Orientador: Ronaldo Figueiredo Brito 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2019.2 
 
 
 
DO CRIME DE TRÁFICO DE ÓRGÃOS HUMANO E A PUNIBILIDADE COM BASE 
NA LEI N.º 9.434/97 
 
Thais Pereira Martins 1 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente artigo visa suscitar sobre um tema bastante relevante na sociedade 
brasileira e no âmbito jurídico a respeito do tráfico de órgãos humano, tipificação 
criminal e punibilidade, assim como o combate a este tipo de crime com base na lei 
9.434/97. Sabe-se que o comércio de órgãos no Brasil é proibido e a doação é 
normatizada pela lei dos transplantes nº 9.434/97, com 25 artigos a respeito do 
assunto tanto para doação Inter vivos e post-mortem, todos respaldados pelo art. 
199 no parágrafo 4º Constituição Federal de 1988. Pois o nosso Sistema Nacional 
de Transplantes possui diversas falhas e irregularidades no tocante à sua gerência e 
a coordenação por parte do Ministério da Saúde e por essa razão ocorre este tipo de 
crime, por isso analisarei a exploração para remoção de órgãos e como pode ser 
aplicada a lei nº 9.434/97. Para levantar informações importantes a respeito do tema 
foi feita uma abordagem caracterizada por mostrar um estudo exploratório de cunho 
qualitativo e qualitativo através de dados da Associação Brasileira de Transplantes 
de Órgãos (ABTO), pesquisas bibliográficas documentais, jurisprudenciais e 
doutrinais. 
 
Palavras-chave: tráfico de órgãos; humano; crime; lei n° 9.434/97; Brasil. 
 
SUMÁRIO 
1. Introdução. 2. Desenvolvimento. 2.1. A importância de transplantes no Brasil. 
2.2. Uma Análise da Lei nº 9.434/97 do crime e punibilidade do tráfico de órgãos. 
2.3. Casos reais de tráficos de órgãos no Brasil. 3. Conclusão. Referências. 
 
1 Graduanda do Curso de Direito da Faculdade Estácio de Sá. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
4 
 
 
2 
1. INTRODUÇÃO 
 
Este trabalho objetiva analisar o crime de tráfico de órgãos humano e a 
punibilidade com base na lei nº 9.434/97. Já que pesquisas mostram que, em 2017 
houve um crescimento de 14% na taxa de doadores efetivos. No primeiro semestre 
deste ano, o país atingiu o número de 17 doadores por um milhão na população. 
Referente ao ano de 2016 o país é o segundo no mundo que mais realiza 
transplantes renais e hepáticos, foram realizados 22.355 transplantes neste mesmo 
ano, sendo que seria necessário mais que o dobro para que pudesse suprir a 
demanda. Com isso pode-se percebe que o Brasil ainda possui um déficit referente 
a transplantes, restando pacientes nas filas de espera ou até mesmo, aqueles que 
falecem por não ter havido tempo hábil. 
A desproporção entre a oferta e a procura, os pacientes acabam buscando 
amparo no comércio ilegal de órgãos, em face da demora nas filas de espera pela 
falta de doações, sujeitando-se até mesmo aos riscos do mercado clandestino. Na 
concepção de Matte (2017), o Brasil vem: 
 
[...] sendo reconhecido mundialmente pela quantidade expressiva de 
transplantes que realiza todos os anos, a demanda de doadores de órgãos 
não é suficiente em relação ao número de pacientes na fila de espera do 
sistema de saúde nacional. Devido à desproporção entre a oferta e a 
procura, os pacientes acabam buscando amparo no comércio ilegal de 
órgãos, em face da demora nas filas de espera pela falta de doações, 
sujeitando-se aos riscos do mercado clandestino. O tráfico de órgãos move 
um comércio bilionário ao redor do mundo, correspondendo a um percentual 
expressivo do total de transplantes realizados. 
 
Enquanto que a saúde do país é falha na garantia da vida dos cidadãos, o 
mercado clandestino, mais uma vez dando mais um leque de opções para que as 
pessoas estejam dispostas a vender seus órgãos em troca de quantias ou da 
quitação de dívidas decorrente até mesmo da crise que o país se encontra nos 
últimos anos, e pacientes que anseiam a sobrevivência e que, portanto, pagam altas 
quantias para comprá-los. É importante analisar o tráfico de órgãos no mercado 
clandestino no país e também a respaldação da lei nº 9.434/97 sobre o assunto e a 
maneira que a mesma se opera. 
 
2 Fonte: (MATTE, 2017, p. 05). 
5 
 
 
O estudo neste trabalho discute como é feito a doação que é normatizada 
pela lei dos transplantes nº 9.434/97 a partir dos princípios constitucionais do direito 
à vida e à dignidade da pessoa humana. Entende-se que a comercialização de 
órgãos não é passível de legalização tão branda, uma vez que viola o princípio da 
dignidade da pessoa humana, causando mais prejuízos em longo prazo do que 
benefícios com o equilíbrio entre a oferta e a procura. Só que no primeiro momento, 
é crucial ser abordado sobre a importância transplantes no Brasil. 
Para a presente pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso foi feito uma 
análise exploratória de cunho qualitativo e quantitativo de dados da Associação 
Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) e também base no âmbito jurídico 
quanto ao tráfico de órgãos humano e a importância da aplicação da lei 9.434/97, a 
partir de levantamentos de informações imprescindíveis e grande relevância a 
respeito do tema através de pesquisas bibliográficas documentais, jurisprudenciais e 
doutrinais. 
 
2. DESENVOVIMENTO 
 
2.1. A IMPORTÂNCIA DE TRANSPLANTES NO BRASIL 
 
O transplante de órgãos tanto no Brasil e no mundo é de extrema importância 
com objetivo de salvar muitas vidas, já que é um ato de caridade e amor ao seu 
semelhante. Além disso, cada ano que passa, milhares de vidas são salvas através 
de transplantes de órgãos. Por isso é preciso que a população seja conscientizada 
sobre a importância da doação de órgãos é vital para melhorar a realidade dos 
transplantes no Brasil. 
No Brasil existe o transplante é um procedimento cirúrgico que é regulado 
pela Lei nº 9.434/1997respaldada pelo art. 199 parágrafo 4º da Constituição Federal 
de 1988 no qual um órgão ou tecido doente é substituído por outro saudável. 
Entretanto, para que a transplante aconteça é necessário que haja doadores: vivos 
ou mortos. Atualmente qualquer pessoa pode ser doadora, menos aquelas pessoas 
portadores de doenças infecciosas ativas ou de câncer. Fumantes, em geral, não 
são doadores de pulmões, mas podem doar outros órgãos e tecidos. Atualmente são 
mais de 80% dos transplantes são realizados com sucesso. 
6 
 
 
A doação e alocação de órgãos é um processo difícil e muito delicado, pois 
depende da confiança da população no sistema e do compromisso dos profissionais 
da área da saúde no diagnóstico de morte encefálica. O nosso país é o segundo do 
mundo em número de transplantes e, para continuar com esse ranking, é essencial 
a atuação do Ministério da Saúde, dos governos estaduais, das entidades como um 
todo no processo de doação e transplantes. 
Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) traz dados de 2011 
a 2018 essenciais sobre o número de doações efetivas realizadas hoje no país. 
Observe na tabela abaixo: 
 
DOAÇÃO DE ÓRGÃOS NO BRASIL DE 2011 ATÉ 20183 
 
DOAÇÕES DE ÓRGÃOS 
 
2011 
 
 
2012 
 
 
2013 
 
 
2014 
 
 
2015 
 
 
20162017 
 
 
2018 
 
Número de doadores 
efetivos 
 2.048 2.406 2.526 2.713 2.854 2.981 3.415 3.531 
Número de doadores 
efetivos (pmp) 
 10,7 12,6 13,2 14,2 14,1 14,6 16,6 17,0 
Número de 
notificações 
(potenciais 
doadores) 
 7.238 8.025 8.871 9.351 9.698 10.158 10.629 10.779 
Número de notificações 
(pmp) 
 37,9 42,1 46,5 49,0 47,8 49,7 51,6 51,9 
Recusa familiar 1.937 2.315 2.622 2.610 2.613 2.571 2.740 2.753 
Percentual de recusa 
das entrevistas 
 __ 41% 47% 46% 44% 43% 42% 43% 
Parada cardíaca 1.205 1.188 1.292 1.156 1.164 1.136 1232 988 
Contraindicação médica 832 836 1.150 1.349 1.416 1.594 1559 1.545 
Outros 1.216 1.280 1.281 1.523 1.651 1.876 1683 1.961 
 
Ao analisar minuciosamente os dados da tabela acima é notável que o 
números de doadores efetivos cresceram gradativamente, pois no ano de 2011 
tinham 2.048 (dois mil e quarenta e oito) doadores, já no ano de 2018 finaliza com 3. 
531 (três mil e quinhentos e trinta um) doadores, assim também como o número de 
recusa familiar também aumentou nos últimos oito anos, isso é um dado 
preocupante, por isso é muito importante uma política de conscientização por parte 
 
3 Fonte: IRODAT 2018 
 
 
7 
 
 
do governo para aumentar os números de doadores e salvar vidas de pessoas que 
necessitam dos transplantes de órgãos. Agora abaixo nota-se os números de 
transplantes por ano de cada órgão: 
NÚMERO ANUAL DE TRANSPLANTES DE 2008 ATÉ 20184 
ÓRGÃOS 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 
Coração 166 160 228 271 311 353 357 380 353 2.98
1 
4.820 
Fígado 1.412 1.496 1.603 1.727 1.757 1.810 1.882 2.122 2.182 18.50
2 
26.283 
Intestino 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 5 
Multivisceral 0 0 1 0 2 0 1 0 4 8 8 
Pâncreas 133 181 153 143 128 121 135 113 146 
1.588 
2.977 
Pulmão 61 49 69 80 67 74 ////92 112 121 837 1.248 
Rim 4.655 4.982 5.432 5.464 5.662 5.589 5.532 5.932 5.923 
57.275 
93.677 
 
 
Pela análise dos dados, o número de coração, fígado, pâncreas e 
principalmente rim aumentaram nos últimos anos, entretanto o número ainda é muito 
pequeno, já que existem 32.716 pacientes cadastrados em lista de espera para um 
transplante dos seguintes órgãos: rim, fígado, coraç/ão, pulmão, pâncreas e córnea. Os 
dados são da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). 
Para receber um órgão, o individuo carece de estar inscrito em uma lista de espera 
monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes. O que vai determinar a compatibilidade 
do paciente com o doador é o tipo sanguíneo, a dosagem de algumas substâncias colhidas 
no exame de sangue e características físicas. 
Ainda segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), 
dos mais de 30 mil pacientes na lista de espera, 15.593 (quinze mil e quinhentos e noventa 
e três) ingressaram no primeiro semestre de 2018, sendo que 1.286 (mil duzentos e oitenta 
e seis) morreram neste mesmo período. Já das mais de 21.000 (vinte mil) pessoas que 
esperam pelo um rim, 5.493 (cinco mil e quatrocentos e noventa e três) passaram a 
esperar entre janeiro e junho de 2018 e 728 (setecentas e vinte e oito) não sobreviveram, 
em resumo são dados tristes e lamentáveis, ao explorar bem a fundo os dados da ABTO 
são notórios, pois mostra que: 
 
A taxa de não autorização familiar manteve-se em 43%, tendo sido inferior a 
35% apenas no PR (27%) e SC (33%) e foi superior a 70% em RR (73%), 
 
4 Fonte: IRODAT 2018. BRASIL,2018 
 
8 
 
 
PI (74%) e MT (80%). O trauma crâneo-encefálico ocasionou a morte 
encefálica em 33% dos doadores, sendo superior a 50% em três estados, 
MA (57%), CE (57%) e PA (75%). Analisando as regiões, observamos que o 
Sul, com 35,9 doadores pmp, obteve uma taxa duas vezes superior à do 
Brasil (17,0 pmp) e do Sudeste (18,3 pmp), três vezes superior à do 
Nordeste (10,8 pmp) e Centro-Oeste (12,0 pmp) e dez vezes acima da do 
Norte (3,6 pmp). 
 
Caso a pessoa desejar ser doador não precisa assinar nem pagar, tem 
apenas que comunicar a família para que, caso necessário, o procedimento seja 
autorizado. Para doações em vida, o doador deve ter mais de 18 anos de idade e o 
receptor deve ser cônjuge ou parente consanguíneo, caso não tenha nenhum 
vinculo familiar, será preciso autorização judicial, para Silva (2014): 
 
A vontade de doar em vida um órgão ou tecido para fins de tratamento ou 
pesquisa é legal desde que obedeça todos os critérios clínicos 
tecnológicos do conselho federal de medicina observando as normas 
jurídicas. O doador deverá preferencialmente deixar por escrito diante de 
duas testemunhas especificando qual órgão será retirado [...]. 
 
Por isso existe até uma campanha “Doe órgãos. Doe vida.” que objetiva 
conscientizar a família sobre a doação de órgãos pelo fato de existir muitos 
pacientes na fila de espera. Veja pelo o slogan da campanha do Ministério da 
Saúde. 
 
CAMPANHA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE5 
 
 
Milhares de pessoas no Brasil aguardam nas filas de espera de transplante, 
por causa da insuficiência ou mal funcionamento do seu órgão, infelizmente ficam a 
mercê de uma série de fatores que influenciam na expectativa de sua sobrevivência. 
Uma dela é que o receptor precisar encontrar um doador que seja compatível com o 
seu tipo sanguíneo para realizar o transplante, para isso o paciente tem que 
 
5 Fonte: Ministério da Saúde. SILVA 2014,p.8 
9 
 
 
respeitar a ordem na fila de espera, não haja outros pacientes que aguardam a mais 
tempo na fila, ou que estejam em condições mais graves de saúde e que também 
possuam compatibilidade sanguínea com o doador. 
Então, além de ser necessário encontrar um doador compatível, é importante 
que o receptor o encontre a tempo, já que a cada dia que passa o seu órgão perde 
ainda mais a funcionalidade, diminuindo a sua expectativa de sobrevivência, com 
intuito de conscientizar a população a respeito da importância da doação de órgãos, 
o Ministério da Saúde sempre faz campanha televisado para que a pessoa avise sua 
família ou deixe por escrito a sua vontade de doar órgãos para que objetive salvar 
vidas pessoas que necessitam de transplante para continuar vivendo. 
Por essa razão, é possível observar o quanto é importante o transplantes para 
salvar vidas, só que infelizmente devido a essa necessidade tão gritante de 
doadores, o tráfico de órgãos e tecidos têm sido um crime que tem se tornado cada 
vez mais crescente no Brasil, principalmente nas grandes capitais. Hoje o tráfico de 
órgãos é um dos mercados clandestinos que rende muito dinheiro no mundo, por 
isso é interessante conhecer as legislações e punibilidade para este tipo de crime 
com base na lei. 
O tráfico de órgãos é uma situação assombrosa e preocupante, muitas 
pessoas traficam seu órgão em momento mais difícil da vida das pessoas, seja por 
doença ou alguma dificuldade financeira. Segundo Hanser (2015) é um crime difícil 
de ser descoberto, por muitas vezes serem de profissionais que confiamos à vida e 
muitos desses crimes acontecem em consultórios e salas cirúrgicas clandestinas 
ou não. 
 
2.2. UMA ANÁLISE DA LEI Nº 9.434/97 DO CRIME E PUNIBILIDADE DO 
TRÁFICO DE ÓRGÃOS 
 
Há uma lei dos transplantes nº 9.434/976, com 25 artigos a respeito do 
assunto tanto para doação Inter vivos e post-mortem, todos respaldados pelo art. 
199 no parágrafo 4º Constituição Federal de 1988. A Lei brasileira n.º 9.434/97 que 
regulamenta a doação de órgãos, tecidos e partes do corpo humano, isto pode ser 
visto em seu artigo 9º, os parágrafos 3º a 8º, além disso, existem condições para a 
 
6 Lei criada em 04 de fevereiro de 1997 que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo 
humano para fins detransplante e tratamento e dá outras providências. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
10 
 
 
doação de órgãos entre vivos, conforme lei só é permitida a doação referida neste 
artigo quando se tratar de órgãos duplos, de partes de órgãos, tecidos ou partes do 
corpo cuja retirada não impeça o organismo do doador de continuar vivendo sem 
risco para a sua integridade e não represente grave comprometimento de suas 
aptidões vitais e saúde mental e não cause mutilação ou deformação inaceitável, e 
corresponda a uma necessidade terapêutica comprovadamente indispensável à 
pessoa receptora. No inciso 4° o doador deverá autorizar, preferencialmente por 
escrito e diante de testemunhas, especificamente o tecido, órgão ou parte do corpo 
objeto da retirada. A doação poderá ser revogada pelo doador ou pelos 
responsáveis legais a qualquer momento antes de sua concretização. O indivíduo 
juridicamente incapaz, com compatibilidade imunológica comprovada, poderá fazer 
doação nos casos de transplante de medula óssea, desde que haja consentimento 
de ambos os pais ou seus responsáveis legais e autorização judicial e o ato não 
oferecer risco para a sua saúde. É será vedado à gestante dispor de tecidos, órgãos 
ou partes de seu corpo vivo, exceto quando se tratar de doação de tecido para ser 
utilizado em transplante de medula óssea e o ato não oferecer risco à sua saúde ou 
ao feto. Sendo o autotransplante depende apenas do consentimento do próprio 
indivíduo, registrado em seu prontuário médico ou, se ele for juridicamente incapaz, 
de um de seus pais ou responsáveis legais. 
Ao examinar artigo 9º, os parágrafos 3º a 8º a doação de órgãos é 
extremamente burocrático porque visa dirimir com “as transgressões da finalidade do 
transplante”. Por isso que o doador quando tem a mesma compatibilidade, poderia 
ser coagido a realizar a doação do órgão, atentando contra a sua dignidade e 
dispondo de sua integridade física em benefício de outro indivíduo, entretanto é 
totalmente proibido pela legislação brasileira esse tipo de ato. A doação entre vivos 
precisa ser de espontânea vontade e principalmente consciência do doador. 
Na lei dos transplantes nº 9.434/97 é bem visível que só pode realizar 
transplante por uma equipe médica, isso tanto na rede pública quanto na rede 
privada, só pode acontece caso a autorização da gestão nacional do sistema único 
de saúde e também a remoção do órgão com a autorização do doador e tem que 
obedecer às normas que regulamentam tal procedimento, somente é permitida 
retirar órgãos duplos para não prejudique o organismo do doador. Para doador 
post mortem a lei n° 9.434/97 é bem clara em seu artigo 3º que a retirada post 
mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou 
11 
 
 
tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e 
registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, 
mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do 
Conselho Federal de Medicina. 
O artigo 3° explicita e deixa bem claro que, os órgãos destinados a 
transplante devem ser precedidos através de diagnósticos de morte encefálica, e, 
tem que haver sido registrado por dois médicos, neste caso é até permitido a 
presença de um médico de confiança da família que acompanha e atesta a morte 
encefálica. 
Então para negociar tecidos ou órgãos ou partes do corpo humano é 
considerado crime punível de três a oito anos, todos aqueles facilita esta transação 
incorre em punição, Além do mais o tráfico de órgãos e sua maioria é praticado 
pelos profissionais da saúde, sendo a punibilidade para este tipo de crime 
encontra-se no na Seção I – Dos crimes dos artigos 14 a 20 da lei nº 9.434/977. 
Nunca foi e nem será permitido comercializar de órgãos ou tecidos humano, 
a pessoa que prontifica fazer doação ou a família do morto não deve receber por 
isso, todavia deve pautar de um princípio fundamental que é o respeito ao corpo 
humano e, principalmente, a vida. Com o avanço da ciência, a medicina expande 
cada vez o “transplante de órgãos cresce significativamente e com ela o desespero 
e angustia de quem espera, abrindo uma brecha para que inicie o desvio de órgãos 
e alimentando o mercado negro de transplantes”. 
Com o propósito de diminuir com este crime tão bárbaro que é o tráfico de órgão 
humano, é necessário que haver uma fiscalização rigorosa para tal ato. Já que na 
Constituição Federal de 1988 em seu artigo 1º e no inciso III um dos princípios que 
rege como sendo fundamental é a “dignidade da pessoa humana”. Para minimizar 
este ato ilegal é dever do Estado “promover benefícios sociais que garantam ao 
cidadão o mínimo para a sobrevivência e bem-estar, de modo que este possa ter o 
seu direito à autonomia respeitado sem se colocar em situação somente para 
garantir sua sobrevivência”. 
 
2.3. CASOS REAIS DE TRÁFICOS DE ÓRGÃOS NO BRASIL 
 
 
7 Fonte: (SILVA, 1997, p. 09) (MATTE, 2017, p. 82). 
12 
 
 
O tráfico de órgãos não trata de um simples “tráfico de beco”. Um caso real 
ocorreu no ano de 2016 por meio de uma investigação realizada pela Polícia Federal 
que descobriu um esquema de tráfico de órgãos, ocorreu que uma brasileira que foi 
vítima desse tipo de crime na Venezuela. Sendo que a vítima realizou uma cirurgia 
estética, morreu e o corpo voltou ao Brasil sem vários órgãos. 
Os parentes da vítima só descobriram que haviam retirado os órgãos da mulher 
quando o corpo chegou ao Brasil. É um caso que se enquadra na nova lei. Antes, só era 
punido o tráfico para exploração sexual ou trabalho escravo. No entanto, agora, quem 
aliciar, transportar ou alojar pessoas de forma violenta para retirada de órgãos pode 
pegar até oito anos de prisão. 
O corpo da vítima estava sem o coração, os pulmões, os rins e o intestino, ela 
faleceu na Venezuela, aos 52 anos. Havia ido para lá para fazer plástica, a polícia de 
Roraima disse que estar “investigando a causa da morte e a retirada dos órgãos dela e 
de uma paciente do Amazonas, que teria tido o corpo liberado sem um rim”, isso revela 
que a prática do tráfico de órgão é crime praticado de maneira constante e os culpados 
dificilmente são punidos. 
Outro caso de tráfico de órgãos ocorrido com brasileiros que viajavam até a 
África do Sul, onde eram submetidos a uma cirurgia para retirada do órgão. O órgão 
era transplantado em cidadãos de Israel, que iam para a África do Sul somente para 
realizarem a transplantação, e chegavam a pagar cerca de 120 mil dólares pelo 
órgão. 
Além disso, o esquema só foi descoberto porque uma moradora de uma 
comunidade de Recife questionou a delegada Beatriz Gilson se a comercialização 
de órgãos era legalizada, e acabou contando da existência da quadrilha. O esquema 
era organizado, tendo diversos envolvidos, inclusive um local físico para a realização 
de exames de verificação de compatibilidade. 
Segundo Torres (2007) os antigos doadores eram responsáveis por encontrar 
novos doadores, os quais eram indicados à quadrilha, e encaminhados para a 
clínica para realizarem exames de saúde e de compatibilidade sanguínea. Em 
alguns casos os doadores que iam para o exterior realizar a cirurgia jamais 
voltavam, e os familiares que ficaram no Brasil eram ameaçados de morte pela 
quadrilha para manterem-se calados. 
Os lucros eram altíssimos, os participantes da quadrilha possuíam bens de 
luxo na cidade, e aqueles antigos doadores que eram responsáveis por encontrar 
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novos doadores recebiam promoções e prêmios a cada doador novo que 
indicassem. Felizmente, o esquema criminoso foi descoberto e os envolvidos foram 
julgados ou deportados, no entanto isso não afastou a realidade vivida pelasvítimas 
nem o fato de que o Brasil está na rota deste comércio ilegal. 
Ainda relatam sobre um caso mais próximo, que aconteceu no Rio Grande do 
Sul, onde foi descoberto que a Faculdade de Medicina do Instituto Médico Legal de 
Passo Fundo vendia cadáveres para universidades do resto do estado, os quais 
eram utilizados para ensinar os estudantes de medicina sobre a anatomia humana. 
É preciso haver uma fiscalização rigorosa entre as fronteiras para que diminua ou 
acaba com o mercado clandestino de tráfico de órgãos. 
 
3. CONCLUSÃO 
 
A forma de um pensamento para que encontre soluções para os problemas 
da sociedade é a utilização do mercado como mecanismo de equilíbrio nas relações 
sociais, já que essa suposta solução ao desequilíbrio entre a oferta e a procura de 
órgãos que são necessários para transplantes, qual seja a legalização adotada no 
Brasil do comércio de órgãos, é somente mais uma tentativa de expandir o 
mercantilismo a todas as áreas sociais. 
Isso mostra que na utilização do corpo como objeto de fácil comecializaçao, 
afrontando os principios à dignidade da pessoa humana, uma vez que o indivíduo se 
torna um meio para satisfação das necessidades de um outro ser, vendendo-se 
como se objeto fosse de meros valores. 
Neste sentido, vê-se a utilização da classe C como meio para satisfação dos 
interesses e necessidades das classes A, tendo em vista que, geralmente, quem 
vende os seus órgãos são pessoas de baixa renda que não conseguem manter o 
mínimo existencial para sobrevivência, e acabam sendo persuadidos pelos 
intermediários a venderem seus órgãos, como forma de enriquecimento rápido, o 
que não acontece, pois, muitos sao ludibriados e não recebem o prometido. 
Os valores pagos aos doadores de órgãos não somam nem metade do que 
os que negaciam os chamados intermediarios, faturam com a transação, pois 
cobram valores muito mais altos, as quais têm dinheiro para comprar a sua própria 
sobrevivência. De outro lado, o da classe mais baixa perde a sua dignidade e ao 
vende o que tem de único bem, aumentando, co m i s so , mais as desigualdades 
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sociais. Se a comercialização de órgãos no Brasil fosse legalizada, as pessoas de 
baixa renda seriam atraídas ao comércio de órgãos seriam coagidas a venderem 
seus órgãos em troca de quantias injustas. 
Quando estes indivíduos estivessem necessitando de um transplante, em 
face de terem sido acometidos de doenças que causam a insuficiência de órgãos, 
eles não teriam condições financeiras para arcar com os custos de um órgão no 
mercado legalizado, e o Estado não poderia lhes fornecer. Mais uma vez, se estaria 
diante da utilização das classes baixas para garantia das necessidades das classes 
altas. 
Como garantidor dos direitos fundamentais do cidadão, o dever de evitar que 
o cidadão tome decisões que lhe tirem seus direitos básicos, por se encontrar em 
estado de necessidade, o Estado é o responsavel de promover benefícios sociais 
que garantam ao cidadão o mínimo para a sobrevivência e bem-estar, de modo que 
este possa ter o seu direito à autonomia respeitado sem se colocar em risco a sua 
sobrevivência. Com forma de minimizar o desequilíbrio entre a oferta e a procura por 
órgãos para transplante. 
É necessária que seja feita promoção de campanhas sociais de incentivo aos 
cidadãos, bem como a prestação de informações à sociedade sobre a morte 
encefálica, e também sobre o destino dos órgãos captados para doação, tendo 
em vista que a população possui poucas informações sobre esse tema como 
propaganda midiática. 
Se a população tiver conhecimento sobre o assunto, as pessoas passarão a 
fazer declarações públicas sobre o seu desejo de ser ou não doador de órgãos, o 
que viabiliza a estruturação de um sistema informatizado que permita as equipes 
médicas terem acesso a essas declarações, pois somente com esse tipo de 
iniciativa que o Brasil alcançará o equilíbrio entre a oferta e a procura por órgãos, 
minimizando assim o tráfico de órgãos. 
 
 REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Lei Federal n° 9.434/97, de 4 de fevereiro de 1997. Lei dos 
transplantes de órgãos. 1997. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9434.m. Acesso em: 25 ago. 2019. 
15 
 
 
 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 
5 de outubro de 1988. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990, p. 03-08. 
 
BRASIL. Registro Estatísticos Brasileiro de Transplantes. (Site). 2018. 
Disponível em: http://www.abto.org.br/abtov03/default.aspx?. Acesso em: 25 set. 
2019. 
 
BRASIL. Secretaria Nacional de Justiça. Tráfico de pessoas: uma 
abordagem para os direitos humanos. 1º edição. Brasília: Ministério da Justiça, 
2013. 
 
HANSER, Ingrid Foltz. Comércio de partes do corpo humano: tráfico de 
órgãos no Brasil e argumentos acerca da discriminação. (Trabalho de 
Conclusão de Curso). 2015. Disponível em: file:///C:/Users/Polly/Downloads/13. pdf. 
Acesso em: 24 ago. 2019. 
 
MATTE, Nicole Lenhardt. Tráfico de órgãos: a (im) possibilidade da 
legalização da comercialização de órgãos no Brasil e os entraves à doação. 
(Monografia). 2017. Disponível em: 
https://www.univates.br/bdu/bitstreaNicoleLenhardtMatte.pdf. Acesso em: 23 ago. 
2019. 
 
SILVA, Waldimeiry Corrêa da; SOUZA, Caio Humberto Ferreira Dória de. O 
tráfico de órgãos no Brasil e a lei Nº 9.434/97. (artigo). 2014. Disponível em: 
http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=0064f599ed0adb58. Acesso em: 24 
ago. 2019. 
 
TORRES, Caetano Alves. Tráfico de Órgãos Humanos e crime 
organizado: sob a ótica da tutela dos direitos humanos. 2007. 54 f. Monografia 
(Graduação) – Curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de 
Janeiro (PUC-Rio). Disponível em: . Acesso em: 25 nov. 2019. 
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	1. INTRODUÇÃO
	2.1. A IMPORTÂNCIA DE TRANSPLANTES NO BRASIL
	2.2. UMA ANÁLISE DA LEI Nº 9.434/97 DO CRIME E PUNIBILIDADE DO TRÁFICO DE ÓRGÃOS
	3. CONCLUSÃO
	REFERÊNCIAS

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