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AFETIVIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR E SUA IMPORTÂNCIA NOS DIAS ATUAIS Professora: Esp. Sílvia Suzi Gonçalves Diretoria Executiva Pedagógica Janes Fidelis Tomelin Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Head de Projetos Educacionais Camilla Barreto Rodrigues Cochia Caetano Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Projeto Gráfico Thayla Guimarães Designer Educacional Giovana Vieira Cardoso Editoração Flávia Thaís Pedroso Qualidade Textual Felipe Veiga da Fonseca DIREÇÃO Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site shutterstock.com C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; VIEIRA, Andressa Schiavone Pereira Aquaroni; GONÇALVES, Silvia Suzi. Afetividade no Ambiente Escolar e Familiar. Andressa Schiavone Pereira Aquaroni Vieira; Silvia Suzi Gonçalves. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 27 p. “Pós-graduação Universo - EaD”. 1. Afetividade 2. Escolar 3. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 370.1534 CIP - NBR 12899 - AACR/2 01 02 03 sumário 06| O AFETO NA RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO E SUA IMPORTÂNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 14| A RELAÇÃO ENTRE AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM 10| AFETIVIDADE É MESMO PAPEL DA ESCOLA? OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Compreender a importância da afetividade para o desenvolvimento da criança e de que forma pode influenciar na aprendizagem. • Refletir sobre a afetividade como papel da escola e sobre a importância das habilidades socioemocionais no âmbito escolar. • Refletir sobre quais as competências e habilidades que devem ser valorizadas no aluno do século XXI. PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • O Afeto na Relação Professor Aluno e sua Importância para o Desenvolvimento da Criança • Afetividade é Mesmo Papel da Escola? • A Relação entre Afetividade e Aprendizagem para o Desenvolvimento da Criança no Processo Ensino e Aprendizagem AFETIVIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR E SUA IMPORTÂNCIA NOS DIAS ATUAIS INTRODUÇÃO introdução Nesta primeira aula desta unidade iremos estudar sobre a importância da afetividade para o desenvolvimento integral do indivíduo, preparando-o para o exercício da cidadania, levando em consideração não só as competências cognitivas, mas também valorizar a interação afetiva no contexto escolar. Já na segunda aula iremos discutir se é papel da escola trabalhar a questão da afetividade. A afetividade nasce na família, e ela é a responsável pelas questões afetivas, mas será que cabe só a família este papel? A escola fica mesmo encarregada apenas do desenvolvimento cognitivo, filosófico? Falaremos resumidamente sobres as questões socioemocionais, habilidades que podem ser treinadas e ensinadas e que preparam o indivíduo para o hoje e para o futuro, fortalecendo suas emoções, firmando sua personalidade, aprendendo a lidar consigo mesmo e com o outro. Na última aula desta unidade estudaremos sobre a relação entre afetividade e aprendizagem para o desenvolvimento da criança no processo ensino e aprendizagem, refletindo sobre quais as competências e habilidades que devem ser valorizados no aluno do século XXI. São muitas as oportunidades para a vida em sociedade, avanços tecnológicos que nem sempre a escola está preparada e sequer instrumentalizada o suficiente, mas há outras competências que a escola pode desenvolver em seus alunos, que com certeza irão contribuir para a formação de cidadãos críticos e participativos na sociedade. As questões socioemocionais interferem o tempo todo nas suas relações e na forma de se relacionar com o conhecimento. Trouxemos também a biografia de teóricos importantes como Piaget, Wygotsky e Henry Wallon com resumo de seus estudos sobre o desenvolvimento humano, para entendermos a relação entre afetividade e aprendizagem. Te convido a entrar e participar juntamente comigo. Obrigada pela sua companhia. Pós-Universo 6 O AFETO NA RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO E SUA IMPORTÂNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA Pós-Universo 7 Caro aluno, neste estudo iremos discutir um assunto muito debatido desde o final do século passado: a importância da afetividade no âmbito escolar, para o desenvolvimento integral da criança. A escola de antigamente era o único lugar de acesso à informação, os professores eram chamados de “doutores”, hoje em dia mesmo os “não escolados” possuem acesso à informação na palma da sua mão. Assim a função da escola que era a de transmissão de saber mudou, ela não passa a informação mas ela trata a informação, ela precisa ajudar aos alunos a entender a informação, a esmiuçar a informação e a interpretá-la. Neste contexto o melhor professor é aquele que consegue enxergar no seu aluno algo que nem ele próprio viu, ajudá-lo a descobrir seus interesses, ensiná-lo a se organizar, ensiná-lo a ler nas linhas (informações explícitas) e nas entrelinhas (informações implícitas). As crianças dos dias atuais gostam muito de aprender, mas não gostam de estudar, para eles é algo chato, porque a tecnologia a que eles tem acesso é muito estimulante, interessante e rápida. “Quando o conhecimento é apartado da vida, qual interesse disso?” Esta frase foi dita pela atriz Camila Pitanga numa propaganda que passava na TV há algum tempo atrás, porque realmente os conteúdos tem que ter relação com o cotidiano. Como tornar os conteúdos escolares interessantes então? A resposta está na relação aluno professor? SNYDERS (1998, p. 34) diz que “a educação afetiva deveria ser a primeira preocupação dos educadores, porque é um elemento que condiciona o comportamento, o caráter e a atividade cognitiva da criança”. O professor é aquele que impulsiona o aluno e juntos podem transformar o mundo. Com isso queremos dizer que o modelo pedagógico posto, com salas numerosas sim (um grande problemas com certeza), mas que possa incentivar a criação, a inovação, a participação na vida social. Com o imediatismo dos dias de hoje as pessoas não estão desenvolvendo as habilidades de cooperação, de tolerância, de empatia, de desenvolver trabalho em equipes para conseguir melhores resultados. Só o acesso ao saber, às informações não resolve, precisamos interagir com a criança para que ela tenha autonomia, não seja passiva, que desenvolva as habilidades mencionadas no parágrafo anterior. E onde a afetividade entra nisso tudo? Pós-Universo 8 Hoje nós entendemos que a escola é a continuidade do lar, ela passa mais tempo na escola do que na sua própria casa. A escola contribui também para a formação da personalidade da criança. Elisete Ávila da Silveira, em sua matéria “A importância da afetividade na aprendizagem escolar: o afeto na relação aluno-professor”, diz que “a maior influência no processo escolar é exercida pelo professor que precisa ter o conhecimento de como se dá o desenvolvimento emocional e comportamental da criança em todas as suas manifestações” (SILVEIRA, 2014, on-line)1. Falcin (2011, p. 75) revela que “pesquisas recentes na área da Psicologia Educacional têm demonstrado, (...) a presença da dimensão afetiva no contexto escolar, tanto nas relações que envolvem professor e aluno, quanto nas práticas pedagógicas desenvolvidas pelos docentes”.O mesmo autor menciona que há uma relação muito estreita entre aprendizagem e afetividade e cita as palavras de Vygotsky, “são os desejos, necessidades, emoções, motivações, interesses, impulsos e inclinações do indivíduo que dão origem ao pensamento e este, por sua vez exerce influência sobre o aspecto afetivo-volitivo” (FALCIN, 2011, p. 76). A afetividade faz parte do processo de interação social e influencia o desenvolvimento cognitivo e como diz Falcin (2011), “as decisões sobre condições de ensino, assumidas pelo docente, têm inúmeras implicações afetivas no comportamento do aluno, influenciando sua relação com os diversos objetos de conhecimento escolares”, por meio da interação e mediação de qualidade feita pelo professor, contribuindo para o pleno desenvolvimento humano, preparando-as ativamente para a vida em sociedade. Sem interação não há interesse pela aprendizagem. Fonte: a autora quadro resumo Pós-Universo 9 Qualquer pesquisa ou assunto que proponho a meus alunos, eles querem fazer o quanto antes, mesmo dentro de conteúdo de matemática, qual a mágica? – interação, com eles dou risada, dou bronca, exijo, mas não me coloco acima deles, e nem coloco o conteúdo acima deles, digo a eles e aos pais deles que os conteúdos trabalhados fazem parte do cotidiano, por isso precisamos estabelecer esta relação família e escola. É necessário planejamento pelo professor e que este propicie momentos em que a afetividade favoreça os vínculos na relação aluno professor e vice-versa e entre os conteúdos apresentados em sala de aula. Desafio você a acreditar nisso, possibilitar isso depende de mim e de você. Juntos podemos mudar a cultura educacional. Bons estudos. Pós-Universo 10 AFETIVIDADE É MESMO PAPEL DA ESCOLA? Pós-Universo 11 A escola deve promover o desenvolvimento cognitivo e deve também ser promotora do bem estar de todos. Telma Vinha escreveu no site Gestão Escolar uma matéria com o título “Um olhar sobre o bem estar na escola”, e diz o seguinte: “ O mundo todo vem adotando uma postura mais construtiva para trabalhar questões comportamentais e dificuldades nas relações na escola, ou seja, defende que é preciso promover o bem-estar de todos. Para isso, ministérios de Educação de vários países e o Fundo das Crianças das Nações Unidas investem para apoiar a reforma do clima escolar. Nos Estados Unidos, ela é vista como uma estratégia para promover relações saudáveis, engajamento dos alunos e prevenção do abandono dos estudos. Na Espanha, desde 2011 as escolas devem elaborar seu plano de convivência, um documento que estabelece as linhas gerais do modelo de convívio a ser adotado em cada uma das instituições. Para que ele aconteça, muitos gestores lançam mão do diagnóstico e do monitoramento da qualidade do clima na escola (VINHA, 2017, on-line)2. Esta autora diz também que implantar mudanças as decisões não podem partir apenas dos educadores, os alunos e a comunidade escolar precisam ser inseridos também. Os gestores precisam estar abertos à mudanças e garantir apoio necessário. Um bom clima escolar motiva a aprendizagem, promove igualdade socioeconômica e ajuda na formação de indivíduos mais equilibrados e ajuda no desenvolvimento das relações. Temos que ter em mente que o papel do professor não é o de mero transmissor de conteúdos e nem de preparar os alunos para o mercado de trabalho. A escola deve fornecer subsídios suficientes para que o indivíduo (objeto e sujeito do ato educativo), seja participativo na sociedade, apropriando-se dos valores culturais acumulados historicamente de forma significativa, formando uma pessoa consciente e responsável. Pós-Universo 12 A escola tem o papel de promover a aprendizagem, mas também o bem-estar dos seus educandos, prepará-los para a vida, levando em consideração a personalidade do aluno, conhecendo a realidade em que vive e ajudando-o a desenvolver as habilidades socioemocionais. Envolver o ambiente escolar com o desenvolvimento das competências socioemocionais, abre espaço para o desenvolvimento como um todo do sujeito e tem impacto no bem estar durante toda a vida dele. Estas habilidades podem ser treinadas e ensinadas. Desafio você a aprofundar seus estudos no conhecimento destas habilidades. O processo de ensino/aprendizagem não ocorre sem a interação aluno/professor, pois não há motivação, não há estabelecimento entre aprendizagens e a vida, se não há afetividade. A aprendizagem inicia-se em casa, ou pelo menos deveria, e há uma continuidade na escola, em casa a criança aprende com seus pais, irmãos, enfim, e estão rodeados de afeto, e isso é significativo para eles. Segundo Jonnaert e Borght (2002, p. 252) “cabe ao professor criar as condições necessárias para a aprendizagem do aluno, possibilitando para isto momentos, que correspondem às fases de preparação, realização e avaliação [...]”. “ À luz do século 21, entretanto, a discussão sobre a afetividade no ambiente escolar ganha nova relevância. Sem outros espaços de convívio e com pais ausentes pelos mais diversos motivos, as crianças estão chegando à escola com uma carência afetiva cada vez maior, apontam especialistas e professores. Problemas da escola atual como violência, indisciplina, desmotivação e dificuldade de manter a atenção podem também ter origem na falta de vínculo com o professor – e, portanto, poderiam ser minimizados na construção deste. Os desafios para transformar uma escola meramente racional em uma escola afetiva, porém, ainda são muitos (PINTO, 2015, on-line)3. A maioria dos alunos do Ensino Fundamental passam o dia todo na escola atualmente, e é comum vermos crianças irem pra escola doentes, porque os pais precisam ir trabalhar e não tem onde deixar seus filhos quando estão nesta condição. Não há condições de aprendizagem nesta condição, a escola entra em contato com os responsáveis pelo aluno, e muitas vezes estes não vão buscar a criança, pois alegam que até sair do trabalho e chegar à escola, já é hora de terminar um período. Outros alegam que não têm como sair do trabalho, pois é o único funcionário, assim cabe à escola acolher nesta situação também. Pós-Universo 13 Com isso a escola sofre as críticas do assistencialismo, fruto dos problemas deste século, mas ficar discutindo e criticando não vai resolver o problema posto, temos que encontrar nisto um desafio e enfrentar esta situação para tentar transformar a escola no sentido racional em uma escola que além de racional seja também afetiva, e isto não é uma tarefa simples e não depende apenas somente do professor. No PCN (Parâmetro Curricular Nacional) (BRASIL, 1997, p. 30), lembra que os conteúdos não são um fim em si mesmo, mas que é um meio para o desenvolvimento da capacidade de cada um, para que assim, “o aluno possa ser sujeito de sua própria formação, em um complexo processo interativo em que também o professor se veja como sujeito de conhecimento”. [...] o propósito do Ministério da Educação e do Desporto, ao consolidar os Parâmetros, é apontar metas de qualidade que ajudem o aluno a enfrentar o mundo atual como cidadão participativo, reflexivo e autônomo, conhecedor de seus direitos e deveres. Para saber mais, acesse confira o PCN. Fonte: Brasil (1997). atenção Famílias que superprotegem, não dão limites e afetividade, uma escola que desenvolve apenas o cognitivo e não colaboram para que crianças sintam frustração, aprendam a lidar com a competitividade (mais competente e menos competente) não estimulam o fortalecimento emocional de seus filhos/alunos. Só motivar ou só desmotivar também não é o caminho, é preciso apontar as falhas, ajudá-los a serem organizados para o que precisam executar (planejamento) e refletir com os insucessos também, isso é interagir e fortalecer o emocional. No trabalho irão enfrentar competitividade, frustração, terão que aprender a trabalhar em equipe, tudo isso aliado ao conhecimento que nunca para.São todas estas questões que a escola de hoje deve estar preparada. Pense nisto! Pós-Universo 14 A RELAÇÃO ENTRE AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM Pós-Universo 15 Vários teóricos contribuíram para a Psicologia e para a Educação com estudos sobre como se dá o processamento do desenvolvimento humano (desde que nasce até a fase adulta). Para compreendermos as questões de ensino aprendizagem, passaremos agora a fazer um levantamento biográfico resumido de alguns destes teóricos, para que você tenha uma compreensão de como a afetividade foi sendo percebida como importante no processo de aprendizagem, principalmente para os dois últimos teóricos citados logo abaixo. Piaget (1896-1980), psicólogo e filósofo suíço que dedicou muito tempo observando o desenvolvimento de crianças, classifica o desenvolvimento humano por meio de estágios, por meio de etapas graduais que acontecem numa sequência lógica, considera também que estas mudanças são ordenadas e previsíveis, é preciso passar por uma etapa anterior para avançar para a próxima. Ele privilegiou mais o desenvolvimento cognitivo. Para ele, a linguagem cumpre o papel de intercambio social e organização do pensamento e relaciona o pensamento e a linguagem com as emoções e os valores de acordo como cada um atribui significado pessoal aos elementos da cultura. Vygostsky (1896-1934), foi contemporâneo de Piaget, psicólogo russo que viveu nos tempos de profundas transformações sociais, culturais e políticas em seu país, no início do século XX. Foi aluno de Piaget, defendia o interacionismo, esse autor aprofunda-se nas questões culturais, nas mediações sociais e no papel da linguagem na constituição humana. Sua teoria se apoia nos pressupostos teóricos do materialismo histórico e da dialética marxista. Vygotsky aprofundou-se no estudo das funções psicológicas superiores, que caracterizam e diferenciam a espécie humana. As funções psicológicas superiores se referem à linguagem, atenção, concentração, memória ativa, pensamento abstrato, raciocínio lógico dedutivo, a capacidade de planejar, a imaginação etc. Sua teoria intitulada como Psicologia histórico cultural, ou Psicologia interativista sociocultural, também conhecida como Psicologia sociointeracionista ou ainda Teoria histórico-social. Além de ter desenvolvido estudos que destacam a relação correlação entre a psicologia e a pedagogia (BATISTA, 2013, on-line)4. Pós-Universo 16 Segundo Vygotsky (1991), a brincadeira é um momento lúdico onde a criança cria situações onde atribui sentidos aos objetos, estes sentidos são representações do seu cotidiano, com propósitos de favorecer-se (desejos e necessidades dela) de forma imediata. Assim, o brincar propicia à criança condições de elaborar os conteúdos daquilo que recebeu no meio em que vive sobre a cultura em que está inserida. O sentimento e a emoção alimentam o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Fonte: a autora. atenção Henri Walon (1879-1962) psicólogo, médico e filósofo francês, trouxe uma grande contribuição ao tema das habilidades socioemocionais, propõe um estudo do ser humano de maneira completa, ou seja, estudá-lo em seu caráter cognitivo, afetivo e motor, para ele o desenvolvimento intelectual das crianças vai muito além da sua capacidade cognitiva. Defende que a escola deve proporcionar a formação intelectual, afetiva e social de maneira integral aos estudantes, pois na escola a criança não deve ser compreendida somente de acordo com o seu desenvolvimento cognitivo (na maneira como ela aprende), mas também o corpo e as emoções devem ser consideradas. A emoção e a razão para Walon (1995) estão simultaneamente opostas, a primeira está relacionada propriamente ao “eu” do sujeito e a segunda à realidade do sujeito (GONÇALVES, 2017). Para Walon (1995), o desenvolvimento humano acontece de forma progressiva, com predomínio dos aspectos ora afetivos, ora cognitivos mas sempre influenciados pelo meio, que é externo (os fatores exógenos). “ [...] o desenvolvimento infantil é um processo pontuado por conflitos. Conflitos de origem exógena, quando resultantes dos desencontros entre as ações da criança e o ambiente exterior, estruturado pelos adultos e pela cultura. De natureza endógena, quando gerados pelos efeitos da maturação nervosa. Até que se integrem aos centros responsáveis por seu controle, as funções recentes ficam sujeitas a aparecimentos intermitentes e entregues a exercícios de si mesmas, em atividades desajustadas das circunstâncias exteriores. Isso desorganiza, conturba, as formas de conduta que já tinham atingido certa estabilidade na relação com o meio” (GALVÃO, 1995). Pós-Universo 17 Adrianne Ogêda Guedes, em seu artigo “A psicogênese da pessoa completa de Henri Wallon: Desenvolvimento da comunicação humana nos seus primórdios”, diz que: “ [...] Wallon propõe um estudo integrado, abarcando os vários campos da atividade infantil (campos funcionais) e os vários momentos de sua evolução psíquica (estágios do desenvolvimento), numa perspectiva abrangente e global. Enfoca o desenvolvimento em seus domínios afetivo, cognitivo e motor, sem privilegiar um domínio em detrimento dos demais, preocupando- se em mostrar nas diferentes etapas os vínculos entre cada campo” (GUEDES, [2018], p. 4). É como o sujeito deve ser olhado, valorizando-o como um todo, e não apenas por partes. Os conflitos, para Walon (1975), são propulsores para a aprendizagem, a passagem de um estágio para outro é marcado por estes conflitos que sofrem influência dos fatores externos, da mediação do outro. Os estágios proposto por ele são: “impulsivo-emocional” (primeiro ano de vida com predomínio puramente afetivo), “sensório-motor-projetivo” (do segundo ao terceiro ano de vida, com predomínio cognitivo), “personalismo (3-6 anos, com predomínio afetivo), “categorial” (por volta dos 6 anos até o início da adolescência, com predomínio cognitivo) e o último estágio, a “pubertária”, marcado pelas mudanças corporais, questões pessoais, morais e existenciais que vem à tona (com predomínio afetivo). Guedes explica que “cada um desses estágios traz novas conquistas realizadas pela etapa anterior, construindo-se reciprocamente num processo de integração e diferenciação. O fato de haver o predomínio do aspecto afetivo em determinada fase, como por exemplo na impulsiva-emocional, não quer dizer que aspectos afetivos não estarão presentes na próxima etapa (ainda que não sejam os predominantes)”. Fonte: Guedes ([2018], p. 6). saiba mais Pós-Universo 18 Fica claro, que para este autor, que a aprendizagem não depende apenas dos fatores cognitivos, mas dos aspectos afetivos, funcionais e motores e que estão interligados e são interdependentes. Jorge Visca (1991), considerado o pai da Psicopedagogia, em sua teoria, diz que são três os obstáculos da aprendizagem: obstáculo epistêmico: que se referem aos atrasos cognitivos em relação à idade cronológica; o segundo é o obstáculo epistemofílico, é a resistência pela aprendizagem sistemática, onde o medo, a confusão, o ataque e a perda estão presentes. O terceiro obstáculo é o funcional, que está relacionado à psicomotricidade, o sujeito pode apresentar um nível intelectual muito bom e apresentar baixo rendimento de aprendizagem, pois corresponde a causas emocionais e estruturais. Para Visca (1987 apud LIMA, 2004, p. 1), “a aprendizagem depende de uma estrutura onde envolva o cognitivo/afetivo/social, nas quais estas sejam indissociavelmente ligadas a alguns aspectos desses três elementos. Sendo assim, a inteligência vai se construindo a partir da interação do sujeito e as circunstâncias do meio social”. Qualquer atraso e ou bloqueio em qualquer uma destas áreas afeta diretamente a aprendizagem, as três funcionam indissociavelmente. Terminamos por aqui, continue seus estudos e aproveitepara aprofundar nos teóricos apresentados, leia as obras citadas na referência bibliográfica e o aprofundando. Bons estudos. atividades de estudo 1. Porque Snyders diz que “a educação afetiva deveria ser a primeira preocupação dos educadores? a) Porque é difícil concorrer com tanta tecnologia disponível ao alcance da criança. b) Porque é um elemento que condiciona o comportamento, o caráter e a atividade cognitiva da criança. c) Porque deve encontrar na escola o afeto que tem em sua casa. d) Porque a relação afetiva torna os alunos mais capazes para que efetivamente exerçam a autonomia no processo de aprendizagem. 2. Os estudos de Henri Wallon trouxeram grandes contribuições nos campos da psicologia e da educação quando disse que a afetividade é um dos aspectos centrais do desenvolvimento humano. Contemporâneo de Jean Piaget, Lev Vygotsky se dedicou a estudar o desenvolvimento infantil, explicando que o desenvolvimento infantil vai do sincretismo a categorização. Analise as afirmativas sobre Henri Wallon e marque a única alternativa incorreta: a) Para Wallon, o termo afetividade se refere à capacidade do ser humano de ser afetado positiva ou negativamente tanto por sensações internas como externas. É um dos conjuntos funcionais da pessoa e atua, juntamente com a cognição e o ato motor, no processo de desenvolvimento e construção do conhecimento, ou seja, na aprendizagem estão envolvidos os aspectos, emocionais, cognitivos e motores (estruturais). b) Para Wallon, a afetividade está sempre presente em todos os momentos, movimentos e circunstâncias de nossas ações, assim como o ato motor e a cognição. Ou seja, a sala de aula, a distribuição das carteiras e a organização do ambiente provocam nos alunos abraço ou repulsa. c) A criança, para Wallon, é essencialmente cognitiva e aos poucos constituindo-se em um ser socioemocional. d) Wallon utiliza o conceito de sincretismo infantil como principal característica do pensamento da criança: a ausência de diferenciação entre os elementos; as informações que ela recebe do meio, as experiências pessoais e as fantasias se misturam. atividades de estudo 3. À luz do século XXI, entretanto, a discussão sobre a afetividade no ambiente escolar ganha nova relevância. Sem outros espaços de convívio e com pais ausentes pelos mais diversos motivos, as crianças estão chegando à escola com uma carência afetiva cada vez maior, apontam especialistas e professores. Marque V para VERDADEIRO e F para FALSO. )( Problemas da escola atual como violência, indisciplina, desmotivação e dificuldade de manter a atenção podem também ter origem na falta de vínculo com o professor. )( Os pais ficam diariamente menos tempo com seus filhos e chegam em casa cansados e não conseguem estabelecer vínculo afetivo com os filhos, cabe à escola desenvolver isto. )( O processo de ensino/aprendizagem não ocorre sem a interação aluno/professor, pois não há motivação, não há estabelecimento entre aprendizagens e a vida, se não há afetividade. )( Com os avanços da tecnologia, a sociedade deu um grande avanço e o mundo ficou globalizado, as informações chegam ao mesmo tempo em todos os países, assim os cidadãos não precisam estudar, pois tem acesso a tudo na palma da mão e a escola tem uma nova função que é apenas de interagir afetivamente com seus alunos. Assinale a alternativa correta: a) F, V, F, V. b) V, F, V, F. c) V, V, F, V. d) F, F, F, V. e) V, F, V, F. resumo Iniciamos esta unidade falando sobre a importância do afeto na relação professor aluno, discorremos que o melhor professor é aquele que consegue enxergar no seu aluno algo que nem ele próprio viu, ajudá-lo a descobrir seus interesses, ensiná-lo a se organizar, interessar-se pelas suas dificuldades de aprendizagem observando o que interfere. Na sequência, discutimos se a afetividade é mesmo papel da escola, lembrando que a escola tem o papel de promover a aprendizagem, mas também o bem-estar dos seus educandos, prepará- los para a vida, levando em consideração a personalidade dos alunos, conhecendo a realidade em que vive e ajudando-o a desenvolver as habilidades socioemocionais. As habilidades preparam os indivíduos para enfrentar os seus conflitos, abrem espaço para a aprendizagem e melhora os vínculos sociais. Nesta aula foi desafiado(a) a aprofundar seu conhecimentos sobre estas habilidades. Para finalizar, na terceira aula discutimos sobre a relação da aprendizagem e afetividade para o desenvolvimento humano, trazendo a biografia de teóricos importantes no campo da psicologia e educação, para conhecermos um pouco de suas pesquisas e das contribuições que cada um trouxe para o desenvolvimento do ser humano. Chegamos ao fim de mais uma unidade, agradeço por sua companhia aqui. Desfrute das sugestões de leitura que preparei para você na sessão de Material complementar, mas não deixe de ampliar seu conhecimento aproveitando as obras mencionadas nesta unidade, na qual você tem acesso nas Referências bibliográficas. Bons estudos e sucesso na sua carreira. material complementar Afetividade e Aprendizagem: Contribuições de Henri Wallon Autores: Laurinha Ramalho Almeida e Abigail Alvarenga Mahoney Editora: Loyola Sinopse: este livro aborda a questão da afetividade no cotidiano escolar, apresentando pesquisas que se apoiaram na teoria de desenvolvimento de Henri Wallon. O que essas pesquisas revelam: em todos os níveis de ensino, do Fundamental ao Superior, alunos e professores se expressam por inteiro com cognições, sentimentos e movimentos o processo ensino-aprendizagem se enriquece na medida em que considera a integração cognitiva-afetiva-motora ao aceitar essa integração, o professor amplia sua visão e tem melhores elementos para identificar suas necessidades e as do aluno a discussão sobre a competência pedagógica, em todos os níveis de ensino, não pode deixar à margem a questão da afetividade, pois cognição e afetividade são dimensões inseparáveis do processo ensino-aprendizagem. Piaget, Vygotsky e Wallon: Teorias Psicogenéticas em Discussão Autores: Yves de La Taille, Martha Kohl de Oliveira e Heloisa Dantas Editora: Summus Sinopse: três professoras da Universidade de São Paulo, da área de psicologia do desenvolvimento e aprendizado, analisam substantivos em psicologia à luz das teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon. Entre eles, os fatores biológicos e sociais no desenvolvimento psicológico e a questão da afetividade e da cognição. Na Web O artigo da autora Elisete Avila da Silveira discorre sobre a importância do afeto na relação entre aluno-professor e considera como um dos fatores a ser desenvolvido nessa relação, pois é através das interações sociais que se constrói a aprendizagem. Para ler o artigo completo, acesse: <https://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/a-importancia-da-afetividade- na-aprendizagem-escolar-o-afeto-na-relacao-aluno-professor>. material complementar Na Web No artigo da autora Rosana Sarpa Schöpke Soares discorre sobre influência da afetividade na aprendizagem. Este artigo estuda sobre os aspectos afetivos que interferem no processo de ensino-aprendizagem, os vínculos emocionais que se estabelecem desde o nascimento e que influenciam na construção da personalidade, no autoconceito e na autoestima do sujeito. Para ler o artigo completo, acesse: <http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_ publicadas/t206341.pdf>. Na Web Piaget considera 4 períodos no processo evolutivo da espécie humana que são caracterizados "por aquilo que o indivíduo consegue fazer melhor" no decorrer das diversas faixas etárias ao longo do seu processo do seu desenvolvimento. Para assistir o vídeo, acesse: <https://www. youtube.com/watch?v=wOP88d8A-WI>. referências BECKER, F. Epistemologia do professor. São Paulo: Cortez, 1995. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais /Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 126p. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf>. Acesso em: 27 abril 2018. FALCIN, D. C. Afetividade e condições de ensino: a mediação docente e suas implicações na relação sujeito objeto. Campinas: Faculdade de Educação da UNICAMP, 2011. GALVÃO, I. Henri Wallon, uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Petrópolis: Vozes, 1995. GALVÃO, I. Uma reflexão sobre o pensamento pedagógico de Henri Wallon. São Paulo: FDE, 1994. p. 33-39. Disponível em: <http://www.crmariocovas.sp.gov.br/dea_a.php?t=009>. Acesso em: 27 abril 2018. GUEDES, A. O. A psicogênese da pessoa completa de Henri Wallon: Desenvolvimento da comunicação humana nos seus primórdios. [2018]. Disponível em: <http://www.museudainfancia. unesc.net/memoria/expo_escolares/GUEDES_psicogenese.pdf>. Acesso em: 27 abril 2018. LIMA, J. F. Epistemologia convergente método que conduz a aprendizagem. 2010. Texto elaborado a partir do resumo da obra de Jorge Visca “A Clínica Psicopedagógica: Epistemologia Convergente”, Trad. PNEL, Hiran, 2004. SNYDERS, G. A alegria na escola. São Paulo: Manole, 1998. VISCA, J. Psicopedagogia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991. VISCA, J. Clínica Psicopedagógica – Epistemologia Convergente. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987. WALLON, H. Psicologia da Educação e da Infância. Lisboa: Editorial Estampa, 1975. WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70, 1995. WEISS, M. L. Psicopedagogia Clínica. Uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro, DP&A Editores, 1997 referências REFERÊNCIAS ON-LINE 1 Em: <https://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/a-importancia-da-afetividade-na- aprendizagem-escolar-o-afeto-na-relacao-aluno-professor>. Acesso em: 27 abril 2018. 2 Em: <https://gestaoescolar.org.br/conteudo/1752/um-olhar-sobre-o-bem-estar-na-escola>. Acesso em: 27 abril 2018. 3 Em: <http://www.revistaeducacao.com.br/o-vinculo-do-afeto/>. Acesso em: 27 abril 2018. 4 Em: <http://webartigos.com/artigos/quem-foi-vigotsky-e-quais-foram-suas-contribuicoes/104 362#ixzz4vXkbEEkU>. Acesso em: 27 abril 2018. resolução de exercícios 1. b) Porque é um elemento que condiciona o comportamento, o caráter e a atividade cognitiva da criança. 2. c) A criança, para Wallon, é essencialmente cognitiva e aos poucos constituindo-se em um ser socioemocional. 3. b) V, F, V, F. O afeto na relação professor aluno e sua importância para o desenvolvimento da criança
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