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Endocardite Bacteriana por Streptococcus pyogenes e febre reumática Luana Mascarenhas Couto Conceitos iniciais importantes: A microbiota é a presença de microrganismos em nosso corpo, sem causar danos em condições normais. Esses microrganismos podem estar presentes de forma permanente ou transitória. - Importância da microbiota: Papel imunológico- protege contra outros microrganismos potencialmente patológicos; papel metabólico- atuação na digestão de nutrientes. - Tipos de microbiotas: · Transitória ou alóctone: passam pouco tempo no organismo sem estabelecer relação de colonização com ele. · Residentes ou autócne: microrganismos que realizam a colonização em situações normais. - Sítios de colonização do organismo humano: · Pele: maior concentração de microbiota em região de axila e períneo. As principais microbiotas da pele são bactérias gram positivas aeróbicas (Micrococcus), anaeróbicas facultativas (Staphylococcus) e anaeróbicas restritas (Propionibacterium). · VA: em fossas nasais, faringe, traqueia. · Trato genital feminino: a composição dependerá da idade, Ph, secreção hormonal, ciclo menstrual, uso de anticoncepcional e atividade sexual. · Trato genital masculino. · Cavidade bucal: estende-se à superfície dos dentes, mucosa e gengiva. Tem uma microbiota bem variada. · TGI: maior número e maior diversidade de coleções bacterianas do corpo humano. OBS: A microbiota intestinal forma uma proteção ecológica impedindo a entrada de bactéria patogênica no TGI. - Sítios não colonizados: · Bronquíolos e alvéolos; · Sangue; · Sistema Nervoso; · Trato urinário superior; · Conjuntiva ocular. - Probióticos: são organismos que fornecem benefícios ao hospedeiro do TGI, mas para isso necessitam: ter ausência de propriedade virulenta, capacidade de sobreviver no ambiente gastrointestinal, capacidade de aderir às superfícies mucosas e células epiteliais e ação inibidora de patógenos. OBS: Prébioticos são substâncias que ingerimos que são não digeríveis e por isso estimulam o crescimento e a atividade de bactérias do colón. OBS1: Simbióticos: são misturas de prébioticos e Probióticos. - Patogenicidade: capacidade de um microrganismo de causar danos; - Virulência: grau da patogenicidade; - Infecção: presença de um agente infeccioso sem necessariamente ter a manifestação da doença; - Esterilização: retirada total de microrganismos; - Antissepsia: retirada de um microrganismo de um determinado local; - Assepsia: manutenção da antissepsia. OBS: A colonização é o processo que não ocorre invasão do tecido. Streptococcus Pyogenes Significa que tem pus. Características: - Principal representante dos estreptococos B-hemolíticos; OBS: Os padrões alfa, beta e gama de hemólise são diferenciados da seguinte forma: - Alfa: hemólise parcial deixando um contorno esverdeado; - Beta: hemólise completa (aparência amarela ou transparente); - Gama: não há hemólise. - Chamados também de estreptococos do grupo A (GAS); OBS: Os estreptococos podem ser classificados em relação aos carboidratos presentes na parede celular em grupos A, B, C, D e E. - Cocos Gram-positivos; - Anaeróbicos facultativos; - Crescimento rápido; - Disposto em cadeia curta ou cachos; - Apresenta carboidrato grupo específico (antígeno A) e tipo específico (proteína M) na parede celular; - Possuem elevada capacidade de adaptação ao hospedeiro humano; - A produção dos fatores de virulência de cada Streptococcus Pyogenes é extremamente variada e depende do ambiente em que a bactéria se encontra; - Se adapta facilmente às condições ambientes. OBS: Coloração gram- método de avaliação direta: - Gram +: Roxo - Gram -: Rosa Fatores de virulência: - Capsula: constituído de ácido hialurônico, sendo responsável por proteger a bactéria das células fagocitárias; - Proteína M: se encontra ancorada no peptideoglicanos da parede celular bacteriana. É totalmente antifagocitária, pois se liga aos componentes do sistema de complemento, bloqueando suas interações com os fagócitos; - Proteína F: adesina responsável por aderir o Streptococcus à mucosa da faringe; - Pili: permite a adesão a proteinas da MEC e células do hospedeiro através da formação de biofilme. Além disso, atua na resistência a fagócitos; - C5a peptidase (ScpA): degrada o componente C5a do sistema complemento, reduzindo o recrutamento de leucócitos para o local da infecção. Além disso, participa da adesão do microrganismo à fibronectina da MEC e a células epiteliais; - SpyCEP (ScpC): enzima responsável por clivar e inativar todo o reportório de quimiocinas responsáveis por recrutar neutrófilos humanos, possuindo, assim, um papel de evasão do sistema imune do hospedeiro; - Proteína inibidora do complemento ou SIC: inibe a lise celular mediada pelo sistema complemento, impedindo a deposição de componentes e do complexo de ataque à membrana (MAC); - Estreptoquinase (fibrinolisina), desoxirribonuclease e a hialuronidase: enzimas proteinas pela maior parte do gênero dos Streptococcus. A fibrinolisina é responsável por dissolver coágulos, a segunda é responsável por degradar o DNA e a última dissolve a substância fundamental do tecido conjuntivo; - Estreptolisinas: hemolisinas que realizem a lise de hemácias; - Fibrila: possibilita a fixação da bactéria a mucosa, é composta de proteína M e ácido lipoteicoico. A fibrila ainda interage com a fibronectina, pois é ela a responsável pela adesão da bactéria a mucosa; - Exotoxinas pirogênicas (SPEs): responsáveis por induzir a produção de IL 1, 2, 6 e TNF por macrófagos e linfócitos; - SpeB: superantígeno responsável por se ligar a laminina da MEC, degradar proteinas do hospedeiro e ativar interleucinas; - GRAB: realiza autoproteção contra ação de todas as proteases produzidas e secretadas pelo próprio organismo; - Ácido lipoteicoico: atua como uma adesina e estimula a produção de citocinas; - Proteinas da família Alp: permite a aderência do microrganismo ao hospedeiro. Endocardite infecciosa Ocorre por um processo de colonização e lesão do tecido cardíaco, precisando que os microrganismos cheguem ao tecido em uma quantidade suficiente para início do processo patogênico. A causa primordial para tal condição são as bactérias, no entanto, esse processo patológico também pode se desenvolver por fungos. - As bactérias são os principais patógenos, pois temos mais bactérias em nossa microbiota, além desses microrganismos possuírem mais formas, potencial e eficácia em colonizar tecidos. Nas endocardites (bacterianas ou fungicas) as estruturas mais acometidas são as valvas aórtica e mitral, apesar de também ocorrer agressão ao endocárdio. Fatores que propiciam o desenvolvimento de endocardites: - Uso de drogas intravenosas; - Próteses valvares; - Doença estrutural cardíaca prévia; - Uso de cateteres centrais; - Passado de endocardite infecciosa; - Infecção por HIV; - Hemodiálise. Grupos de Streptococcus relacionados à endocardite: - Streptococcus pyogenes: não causa endocardite pela colonização, mas sim desencadeando uma resposta reumática; OBS: Pode causar a cardiopatia reumática crônica decorrente de um quadro de febre reumática, sendo tanto a cardiopatia quanto a febre reumática complicações não supurativas da faringoamidalite causada por esse agente. - S,mitis, S. pneumoniae; S. gralis (causam endocardite subaguda); - S. salivares. OBS: Os dois últimos fazem parte do grupo viridans. OBS1: Fatores que contribuem para virulência bacteriana: - Rápida divisão; - Fatores de aderência; - Estrutura de membrana diferenciada. OBS2: Infecções fungicas ocorrem geralmente em casos de imunodeficiência. Sinais e sintomas da endocardite infecciosa: - Febre; - Calafrios; - Falta de ar; - Cansaço; - Anorexia; - Dor no peito. Diagnóstico: Envolve exames complementares como hemocultura, ecocardiograma, eletrocardiograma, hemograma, RX de tórax, velocidade de hemossedimentação (VHS) e Proteína C reativa. OBS: A VHS e PCR indicam quadros de infecção aguda principalmente. Febre reumática É uma doença autoimune promovida pela infecção. Atinge jovens adultos e a população de 5 a 15 anos. Possuium diagnóstico difícil, o qual é feito através de critérios clínicos. - Cardites; - Poliartrite; - Coreia; - Eritema; - Nódulos subcutâneos; - Artralgia. OBS: Critérios de Jones Modificados: 2 critérios maiores + evidência de infecção estreptocócica OU 1 critério maior + 2 critérios menores + evidência de infecção. OBS1: Critérios de Duke: OBS1: Na cardite reumática, anticorpos reativos ao tecido cardíaco por reação cruzada com antígenos do estreptococo, fixam-se à parede do endotélio valvar e aumenta a expressão da molécula de adesão VCAMI, que atrai determinadas quimiocinas e favorecem a infiltração celular por neutrófilos, macrófagos e principalmente linfócito T, gerando inflamação local, destruição tecidual e necrose.
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