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Educação Infantil - Currículo Avaliação na Educação Infantil Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Júlia de Cassia Pereira do Nascimento Revisão Textual: Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicaroni 5 • Introdução • Refletindo sobre Avaliação • Avaliação no Âmbito da Educação Infantil Organize-se em seus estudos para alcançar uma aprendizagem mais significativa. Utilize o Ambiente Virtual de Aprendizagem, o Blackboard, e navegue seguindo o roteiro. Leia o Aviso da unidade, no qual você encontrará informações a respeito do tema a ser abordado na unidade. Em Documentos da Disciplina, você terá acesso ao desenvolvimento da disciplina. Para começar, você encontrará uma reflexão sobre nosso tema na Contextualização. Acesse o Conteúdo Teórico, no qual são fornecidas informações e teorias para desenvolver o tema proposto. Após a leitura, complemente sua aprendizagem com a Apresentação Narrada pelo professor para que você possa reforçar o conhecimento. Você conta, ainda, com uma videoaula, que traz, até você, a presença do professor com explicações sobre o tema proposto na unidade. Depois disso prepare-se para realizar a Atividade de Sistematização, que são questões objetivas com autocorreção pelo sistema. Você deve, também, realizar a Atividade de Aprofundamento, que, nesta unidade, é a elaboração de uma atividade de avaliação para ser aplicada na Educação Infantil. Confira também a indicação de Material Complementar e leia os textos que trarão mais aprendizagem sobre o tema. E, ainda, confira as Referências utilizadas nesta unidade. Mesmo neste nível de ensino, no qual estão crianças bem pequenas, é preciso pensar de que forma podemos verificar como as crianças estão aprendendo. Por isso, nesta unidade, vamos conhecer um pouco sobre a Avaliação na Educação para, depois, discutirmos sobre a Avaliação na Educação Infantil e vamos, também, conhecer alguns instrumentos que podem ser utilizados pelos professores para verificar a aprendizagem dos pequenos. Avaliação na Educação Infantil • Utilizando Instrumentos de Avaliação • Conclusão 6 Unidade: Avaliação na Educação Infantil Contextualização Observe a charge a seguir: Fonte: http://diariofilosofico.wordpress.com/. O que a charge nos mostra sobre avaliação? O que normalmente as pessoas envolvidas na educação, sejam professores, pais ou alunos, pensam sobre esse conceito? O que “você” pensa sobre avaliação? É muito importante que tenhamos clareza sobre o que é avaliação, especialmente no que diz respeito à Educação Infantil. Vamos discutir alguns conceitos e, após seus estudos, volte à questão proposta nesta contextualização. 7 Introdução Nesta unidade, vamos tratar da Avaliação na Educação Infantil. Para que possamos entender como ela se processa nesse nível de ensino, é preciso, primeiro, entender o conceito de avaliação e o que os autores da área educacional pensam sobre o tema. Refletindo sobre Avaliação Diversos autores discutem a questão da avaliação, trazendo, assim, diferentes definições para esse importante conceito na educação. Vejamos algumas dessas definições: É um processo contínuo de pesquisas que visa interpretar os conhecimentos, habilidades e atitudes dos alunos, tendo em vista mudanças esperadas no comportamento, propostas nos objetivos, a fim de que haja condições de decidir sobre alternativas do planejamento do trabalho do professor e da escola como um todo (PILETTI, 2010, p.190). Avaliação é um processo de coleta e análise de dados, tendo em vista verificar se os objetivos propostos foram atingidos. No âmbito escolar, a avaliação se realiza em vários níveis: do processo ensino-aprendizagem, do currículo, do funcionamento da escola como um todo (HAYDT, 2004, p.288). Os procedimentos de avaliação são um precioso e imprescindível elemento para conhecer o que o sistema educativo desde o estabelecimento de políticas públicas até a realidade das classes pretende e obtém de seus alunos (KRASILCHIK, in: CASTRO, 2002, p.165). Podemos perceber que todos os autores citados remetem à avaliação como um processo cuja finalidade é verificar se o objetivo do ensino, a aprendizagem, está sendo alcançado. Segundo Haydt (2004), a avaliação tem as seguintes funções: • Diagnosticar: verificar o que o aluno já sabe e o que ainda não aprendeu, detectando os conhecimentos prévios ou pré-requisitos para a aprendizagem. Realiza-se no início do período letivo ou de uma unidade de ensino. A autora relaciona esta função à Avaliação Diagnóstica. • Controlar: acompanhar o processo de aprendizagem do aluno, assim como o ensino do professor, realizada ao longo do período letivo. Refere-se, segundo a autora, à Avaliação formativa. • Classificar: destinada à promoção dos alunos; classifica os alunos de acordo com o nível de aproveitamento estabelecido e os resultados apresentados; realizada no final do período letivo ou de uma unidade de ensino. Denominada de Avaliação Somativa pela autora, mas alguns teóricos a chamam de Avaliação Classificatória. 8 Unidade: Avaliação na Educação Infantil Para Hoffmann (1993), a avaliação tem que ser significativa, permitindo intervenções que favoreçam o relacionamento com os alunos e o diagnóstico da ocorrência ou não da aprendizagem, numa mediação constante. Por isso defende o conceito de Avaliação Mediadora. A autora entende que avaliação é uma mediação, que permite um diálogo com os alunos, querendo saber o que sabem, o que pensam, o que já construíram para possibilitar o planejamento de ações que os tornem cada vez mais autônomos. A avaliação tem o propósito de permitir que o professor conheça seus alunos, aperfeiçoando o processo de ensino-aprendizagem para que seus objetivos possam ser alcançados. Além disso, poderá diagnosticar prováveis dificuldades e promover seus alunos. A forma de encarar e realizar a avaliação reflete a atitude e a postura do professor assim como suas relações com os alunos. Assim fica claro que a avaliação não possui um conceito único, nem acontece somente em um momento pré-determinado, pois é formada por diversas ações estabelecidas pelos professores, com o intuito de diagnosticar as dificuldades de seus alunos, de procurar saná-las e também de diagnosticar o que eles já aprenderam ou já sabem. Avaliação no Âmbito da Educação Infantil Como já visto, o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil – RCNEI – estabelece os objetivos gerais para Educação Infantil, que preveem o desenvolvimento de diferentes capacidades das crianças. Assim pensando, Bassedas (1999) destaca que, em se tratando da Educação Infantil, ao se pensar na avaliação, deve-se entender que sua finalidade deve ser a intervenção e a tomada de decisões relacionadas à educação, a fim de que o professor possa observar o caminho percorrido pela criança, sua evolução e progresso. Com isso, o professor poderá planejar suas ações para verificar a necessidade de modificar situações, relações ou atividades desenvolvidas na sala de aula. Dessa forma, pergunta-se: que tipo de avaliação deve ser desenvolvido na Educação Infantil? A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96, assim orienta quanto à avaliação na Educação Infantil: Art. 31º. Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental (BRASIL, 1996). Entende-se, portanto, que, na Educação Infantil, a avaliação deve se constituir em um processo que auxilie a aprendizagem e fortaleça a autoestima das crianças. Com isso, elas serão capazes de acompanhar seus próprios avanços e conquistas, assim como as dificuldades encontradas em seu processo de aprendizagem. 9 Para Hoffmann (1996), apesar da determinação legal, alguns professores da Educação Infantil se esquecem da questão processual e utilizam a avaliação somente no final do período letivo. O modelo de avaliação classificatória se faz presente nasinstituições de educação infantil quando, para elas, avaliar é registrar ao final de um semestre (periodicidade mais frequente na pré-escola) os “comportamentos que a criança apresentou”, utilizando-se, para isso, de listagens uniformes de comportamentos a serem classificados a partir de escalas comparativas (HOFFMANN, 1996, p.12). No início do ano, os professores planejam suas aulas com a intenção de alcançar determinados objetivos previstos no RCNEI. Mais tarde, esse planejamento é posto em prática e, com isso, se faz necessário que haja uma avaliação contínua desse processo e não o tipo de avaliação desenvolvida citada por Hoffmann. Deste modo, no desenvolvimento de seu planejamento, o professor poderá saber se está obtendo um resultado positivo e, principalmente, se suas crianças estão demonstrando o seu desenvolvimento de acordo com os objetivos propostos no planejamento do professor. A avaliação deve servir, basicamente, para intervir, modificar e melhorar a nossa prática, a evolução e a aprendizagem dos alunos. Assim sendo, é importante que os alunos sejam avaliados em diferentes momentos e não em um único e exclusivo momento, para que, desse modo, não ocorra o que chamamos de “rotulação”. A avaliação é um elemento-chave através do qual dispomos de informações que servem para tomarmos decisões. Faz menos sentido pensar em avaliação unicamente com a finalidade de emitir um juízo ou de creditar, o que pode incorrer no perigo de rotular e de condicionar muito as possibilidades da criança. Ao contrário, devemos tentar proporcionar a todos os alunos a possibilidade de viverem experiências de sucesso, para que todas as crianças tenham vontade e confiança em aprender e crescer com o seu grupo de companheiros (BASSEDAS, 1999, p.174). A participação e o entendimento do aluno no próprio processo avaliativo são muito importantes. É preciso que o aluno entenda que a avaliação não é algo ruim ou que deve ser visto como uma “rotulação”. A criança deve compreender que o processo de avaliação faz parte de sua aprendizagem e o professor, por sua vez, precisa proporcionar uma diversidade de situações de aprendizagem para poder avaliar o aluno e aproveitar toda a experiência que a criança carrega com ela. Como orienta o RCNEI, “a avaliação nessa etapa deve ser processual e destinada a auxiliar o processo de aprendizagem, fortalecendo a autoestima das crianças”. Nesse documento a avaliação é entendida como: (...) um conjunto de ações que auxiliam o professor a refletir sobre as condições de aprendizagem oferecidas e ajustar sua prática às necessidades colocadas pelas crianças. (...) Tem como função acompanhar, orientar, regular e redirecionar o processo educativo como um todo (RCNEI, 1998, p.59). 10 Unidade: Avaliação na Educação Infantil Bassedas (1999) propõe três diferentes momentos de avaliação na Educação Infantil. Suas sugestões coincidem com os conceitos de avaliação defendidos por Haydt (2004) e citados no início de nossos estudos. O primeiro momento é o que ela chama de “Avaliação Inicial”. A avaliação inicial é realizada com o objetivo de saber o que os alunos já sabem sobre o tema que será abordado, para que, desse modo, possa modificar ou ajustar as atividades, assim podendo adequá-las visando à melhoria da aprendizagem e priorizando suas experiências fora da sala de aula. A avaliação inicial compreende, desse modo, diversas funções: utiliza-se para externar informações sobre o que os meninos e as meninas de uma mesma turma sabem ou o que não sabem; é útil para planejar, programar e apresentar melhor a atividade ou a unidade a ser trabalhada, além de proporcionar às crianças a darem sentido ao que se faz na escola e envolverem-se mais ativamente nas atividades da aula (BASSEDAS, 1999, p.175). O segundo momento é a “Avaliação Formativa”. Essa avaliação realiza-se de maneira progressiva e paralela às diferentes atividades que se desenvolvem em sala de aula. Sua ferramenta principal é a observação, ou seja, durante as atividades, o professor observa seus alunos e coleta informações sobre o que eles aprenderam, em que tiveram dificuldades, possibilitando, assim, a adequação do planejamento de acordo com as possibilidades de cada criança. Sobre a observação, a autora diz: A observação não é entendida como passiva, mas de uma maneira ativa: quando se está perguntando, ajudando-os, propondo coisas diferentes a diferentes crianças e detectando, dessa maneira, a sua capacidade de receber ajuda, de aceitá-la e de aproveitá-la. Esse tipo de observação participativa produz-se quando se ajuda uma menina a acabar um quebra-cabeças; quando se diz a um menino que está tentando fazer uma casa para observar um companheiro que também tenta fazer uma; quando se vai verbalizando as partes do corpo a uma criança que está fazendo o desenho de uma pessoa e em muitos outros momentos, nos quais se tenta verificar o que os alunos são capazes de fazer; quando são ajudados ou quando se faz uma atividade juntamente com eles (BASSEDAS, 1999, p.176). Desse modo, a avaliação deve se constituir em uma possibilidade de conhecer as crianças e suas especificidades, através de uma observação e de uma escuta atenta; deve ser vista como observação e reflexão do cotidiano/de todos os elementos que compõem o trabalho pedagógico: gestão, práticas educativas, currículo, condições materiais, espaços e tempos, e, por fim, deve ser vista como um registro de experiências vividas pelas crianças. O terceiro e último momento é a “Avaliação Somativa”. Essa avaliação é realizada no final do processo de ensino-aprendizagem e possibilita ao professor saber o que definitivamente seus alunos aprenderam e, se for necessário, modificar a prática educativa, visando à melhoria do desenvolvimento das crianças. (...) também possui, evidentemente, uma função reguladora, pois serve para replanejar o processo de ensino que foi realizado. Pode, dessa maneira, servir para modificar a unidade didática que se havia planejado, quando se avalia que não foram atingidos os objetivos previstos; ou pode alertar sobre a necessidade de retomar, em momentos posteriores, determinados conteúdos trabalhados (BASSEDAS, 1999, p.177). 11 Os instrumentos avaliativos na Educação Infantil, segundo o RCNEI, são a observação, o registro e a avaliação formativa. Neste nível de ensino, a observação e o registro constituem-se nos principais instrumentos de que o professor dispõe para apoiar sua prática. A observação permite que o professor acompanhe as ações, interações, atividades e progressos de suas crianças, podendo focar na formação integral da criança sem se afastar das particularidades individuais. O registro das observações realizadas pode ser feito por meio da escrita em relatórios, cadernos de registro do aluno ou fichas; por meio de gravações em áudio e vídeo; através das próprias produções das crianças, como desenhos e esculturas; ou, ainda, por meio de fotografias. Embora o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil ofereça várias maneiras de se realizar os registros decorrentes das observações dos professores, a escrita ainda é a forma mais comum e acessível aos professores e, assim, verifica-se a importância dos registros, por se constituírem em rico material de reflexão e ajuda para o planejamento educativo. Essas observações e registros fornecem aos professores uma visão mais ampla e íntegra de sua prática educativa e do desenvolvimento de suas crianças. O RCNEI cita algumas formas de registro como “fotos, registros em diários, impressões escritas”, etc. Os professores reúnem essas informações em portfólios, dossiês ou relatórios de avaliação. São os locais onde armazenam os registros da aprendizagem de cada aluno, para que todos os envolvidos no processo (professores, pais e os próprios alunos) possam acompanhar e visualizar o progresso da criança. O professor deve registrar, diariamente, as atividades desenvolvidas e o desempenho de cadacriança. Com isso, pode-se delinear o percurso de cada um na construção da aprendizagem e o professor pode perceber a importância de cada aula ou atividade na aprendizagem da criança. Mais importante do que guardar os registros é a intenção de quem organiza essa coletânea de atividades. O professor não deve agrupar os trabalhos das crianças e organizá-los somente para mostrar à família, para valorizar seu próprio trabalho com as crianças. O significado do dossiê ou portfólio deve ser uma coleta e organização de dados que demonstrem os avanços, as mudanças conceituais, novos pensamentos e modos de fazer relativos ao progresso de cada criança. É necessário também que haja um retorno dessas avaliações para a família e para as crianças. Nessa etapa da educação fica claro que a participação da família no processo educativo das crianças é de extrema importância. Desse modo o professor deve criar meios pelos quais os pais também possam acompanhar o processo de aprendizagem de seus filhos, inteirando-se de seus avanços e conquistas e criando, assim, um sentimento de compreensão sobre os objetivos e as ações desenvolvidas pela instituição escolar. Não se trata somente de informar os pais sobre o rendimento de seus filhos, mas também de: [...] coletar outras visões, contrastar com a família o que observamos na escola, ver o que pensam sobre o que dizemos, por que pensam que a criança se comporta de determinada maneira na escola e como eles pensam que poderiam ajudar a criança a avançar em seu desenvolvimento (BASSEDAS, 1999, p.182). 12 Unidade: Avaliação na Educação Infantil No que se refere às crianças, a avaliação deve permitir que elas acompanhem suas conquistas ao longo do processo educativo. Para que isso ocorra, o professor deve compartilhar com elas aquelas observações que sinalizam seus avanços e suas possibilidades de superação das dificuldades. São várias as situações cotidianas nas quais isso já ocorre, como, por exemplo, quando o professor diz: “Olhe que bom, você já está conseguindo se servir sozinho”, ou quando torna observável para as crianças o que elas sabiam fazer quando chegaram na instituição com o que sabem até aquele momento. Nessas situações, o retorno para as crianças se dá de forma contextualizada, o que fortalece a função formativa que deve ser atribuída à avaliação. Além dessas, existem outras situações que podem ser aproveitadas ou criadas com o objetivo de situar a criança frente ao seu processo de aprendizagem. É importante que o professor tenha consciência disso, para que possa atuar de forma cada vez mais intencional. Isso significa definir melhor a quem se dirige a avaliação – se ao grupo todo ou as crianças em particular; qual o melhor momento para explicitá-la e como deve ser feito (RCNEI, 1998, p.60). Portanto, a avaliação na Educação Infantil deve promover uma educação digna às crianças, propiciando momentos em que elas terão a oportunidade de desenvolver suas capacidades da melhor forma possível. Por fim, o terceiro instrumento indicado pelo RCNEI a ser utilizado pelo professor é a avaliação formativa. Para que de fato ocorra um processo avaliativo eficaz, é necessário que o professor faça, constantemente, a observação e o registro dos processos de aprendizagens das crianças, conforme destaca a LDB. Este acompanhamento constante é o que chamamos de avaliação formativa. O acompanhamento do professor deve se constituir em possibilidade de conhecimento, observando e escutando a criança nos diferentes momentos de seu desenvolvimento. Com isso será possível observar e registrar as experiências vividas pelas crianças em seu dia a dia, nas relações que estabelecem com outras crianças e com os adultos e na participação das atividades propostas. A avaliação formativa desenvolvida na Educação Infantil permite que o professor reflita também sobre sua prática, condições de trabalho, materiais disponíveis, constituindo-se em importante ferramenta de estudo, de formação e de mudanças em sua prática. Ao acompanhar o desenvolvimento das crianças, observando e registrando cada avanço ou dificuldade, o professor deve permitir que elas participem desse acompanhamento. Isso poderá ser feito compartilhando suas observações, incentivando as crianças a melhorarem e a participarem mais do processo, mostrando suas atividades mais antigas e recentes, elogiando, etc. 13 Utilizando Instrumentos de Avaliação Os aspectos desenvolvidos pelas crianças passíveis de avaliação pelo professor são muitos e variam de acordo com os objetivos propostos. Normalmente observamos três focos: aspectos físicos, aspectos sociais e aspectos emocionais. Mas, de acordo com as necessidades de cada turma ou do próprio professor de conhecer melhor seus alunos, esses aspectos desdobram-se em outros subfocos. Aspectos Físicos: Observam-se aspectos relacionados à expressão corporal, como a harmonia, o equilíbrio, a coordenação, a organização espacial ampla, o uso e aplicação da força. Além disso, trabalha-se também a questão do ritmo. Podemos também chamar este aspecto de Perceptivo-Motor. Aspectos Sociais: Verifica-se a questão da interatividade, da capacidade de participar e compartilhar com os colegas, do respeito às regras, da disciplina, organização, disponibilidade e participação no trabalho em equipe e da responsabilidade consigo mesmo e com seus materiais. Trata-se, realmente, do desenvolvimento do aspecto Social da criança. Aspectos Emocionais: Neste aspecto, observamos, nas crianças, a expressão de diferentes sentimentos, como alegria, tristeza, enfrentamento de derrotas, valorizando suas manifestações e expressões de sentimentos. Encontramos, aqui, diferentes aspectos relacionados ao desenvolvimento Afetivo-emocional. A seguir, você encontra quatro modelos de fichas de avaliação que podem ser utilizadas para que o professor registre suas observações sobre o desenvolvimento das crianças. Acrescentamos, nos modelos, um aspecto a ser considerado, referente aos aspectos Cognitivos, por entender que é importante, para o professor, considerar a evolução da criança no trabalho com os diferentes eixos contidos no RCNEI, no volume que trata do Conhecimento de Mundo e nos orienta quanto às noções a serem trabalhadas com diferentes conteúdos. 14 Unidade: Avaliação na Educação Infantil Observação/Avaliação: Aspecto Perceptivo-Motor NOME: Idade: CONCEITO DE AVALIAÇÃO ITEM DE AVALIAÇÃO Sempre Frequentemente Raramente Nunca 01 Rola objetos de maneira organizada. 02 Senta adequadamente. 03 Flexiona os músculos. 04 Anda bem e com postura. 05 Mantém o equilíbrio com o corpo ou com objetos. 06 É organizado ao realizar atividades como galopar, agachar, correr, subir e descer. 07 Lança e pega novamente a bola. 08 Pula de diversas maneiras. 09 Reage bem aos ritmos. 10 Consegue contrair e relaxar o corpo. 11 Executa movimentos de pinça. 12 Tem facilidade em recorte e dobradura. 13 Enfia e encaixa materiais diversos. 14 Modela com movimentos coordenados. 15 Traça linhas. 16 Tem facilidade em imitar posições. 17 É capaz de colorir dentro dos limites. 18 É capaz de copiar figuras. 19 Usa mão direita. 20 Usa a mão esquerda. Observações do (a) professor (a) Modelo 1: Aspecto Perceptivo-Motor. Fonte: autora. 15 Observação/Avaliação: Aspecto Social NOME: Idade: CONCEITO DE AVALIAÇÃO ITEM DE AVALIAÇÃO Sempre Frequentemente Raramente Nunca 01 Relaciona-se bem com os amigos. 02 Relaciona-se bem com o(a) professor(a). 03 Atende as pessoas com boa vontade. 04 Sabe brincar e trabalhar em grupo. 05 Integra-se facilmente ao grupo. 06 Depende muito do auxílio do adulto. 07 Lidera seu grupo. 08 Tem iniciativa própria. 09 Compartilha brinquedos, jogos e materiais. 10 Participa de todas as tarefas. 11 Sabe dar oportunidade aos colegas. 12 Aceita reclamações e críticas necessárias.13 Assume e cumpre pequenas responsabilidades. 14 Sabe ouvir as outras pessoas. 15 Transmite recados. 16 Usa as regras essenciais de cortesia. Observações do (a) professor (a) Modelo 2: Aspecto Social. Fonte: autora. 16 Unidade: Avaliação na Educação Infantil Observação/Avaliação: Aspecto Afetivo-Emocional NOME: Idade: CONCEITO DE AVALIAÇÃO ITEM DE AVALIAÇÃO Sempre Frequentemente Raramente Nunca 01 Tem iniciativa para perguntar. 02 Demonstra interesse por coisas novas. 03 É calmo(a). 04 Gosta de receber carinho. 05 É carinhoso (a). 06 É alegre. 07 Tem uma aparência triste. 08 É agressivo (a). 09 Perturba a ordem da classe. 10 Precisa ser continuamente supervisionado (a). 11 É independente na realização de tarefas. 12 Tem baixa resistência à frustração. 13 Tem atitudes diferentes na presença do pai e/ou mãe. 14 Quando suas vontades são recusadas, reage com choros ou lamúrias. 15 É muito comunicativo. 16 Fica isolado. 17 Não se aproxima do professor. Observações do (a) professor (a) Modelo 3: Aspecto Afetivo-Emocional. Fonte: autora. 17 Observação/Avaliação: Aspectos Cognitivos NOME: Idade: CONCEITO DE AVALIAÇÃO ITEM DE AVALIAÇÃO Sempre Frequentemente Raramente Nunca 01 Conhece as propriedades dos objetos. 02 Identifica, citando as partes de seu corpo 03 Realiza imitações e mímicas. 04 Relata experiências de seu meio físico e social. 05 Tem boa coordenação de pensamento. 06 Possui um bom vocabulário para sua idade. 07 Usa expressões claras e lógicas nos relatos. 08 Descreve e responde organizando frases. 09 Entende e atende ordens claras e simples. 10 Tem interesse por livros e gravuras. 11 Gosta de ouvir histórias. 12 Compreende e reproduz histórias. 13 Memoriza canções e versinhos. 14 Apresenta gagueira. 15 Ouve bem. 16 É capaz de fazer leitura e desenhos de imagens (com fins de comunicação). 17 Tem facilidade para memorizar. Observações do (a) professor (a) Modelo 4: Aspectos Cognitivos. Fonte: autora. 18 Unidade: Avaliação na Educação Infantil Como você pode perceber, são muitas as alternativas para que o professor acompanhe o progresso das crianças. Os itens a serem avaliados também variam de acordo com sua sala, assim como os modelos utilizados. O professor pode, também, fazer uso da autoavaliação. As crianças conseguem perceber suas dificuldades, seu envolvimento e até mesmo sua aprendizagem, o que pode colaborar para a avaliação a ser realizada pelo professor. Veja um modelo que pode ser utilizado com as crianças na Educação Infantil, o qual pode ser aplicado mesmo aos que ainda não sabem ler ou escrever. O modelo a seguir poderá ser aplicado, por exemplo, após uma atividade de ensaios para uma apresentação que as crianças farão. Perceba que a criança deverá apontar como se saiu nos ensaios e durante a apresentação. Auto Avaliação dos ensaios e da apresentação. Peça: Chapeuzinho vai às compras Nome: Durante os ensaios Estive atento Participei com interesse Não fiz bagunça Colaborei no que pude No dia da apresentação Fiz silêncio Obedeci à professora Ajudei os colegas Gostei de participar e dançar Modelo 3: Autoavaliação. Fonte: autora. Avaliar abrange aquisição de conhecimentos, decorrentes dos conteúdos curriculares, de habilidades, competências, interesses, atitudes, hábitos e ajustamento pessoal e social. É preciso frisar que alguns educadores abrem mão das fichas por entenderem que marcar “x” em determinados itens não constitui avaliação, mas sim o cumprimento burocrático de algo que não leva à real visão da aprendizagem do aluno. Por isso é muito importante deixar claro que a simples anotação, nas fichas de avaliação, da condição na qual a criança se encontra em termos de aprendizagem não constitui uma avaliação. Avaliar pressupõe obtenção de conhecimento para verificar se o processo está ou não atingindo seus objetivos. Portanto somente anotar e apresentar os resultados aos envolvidos com a educação da criança não terá valor se não houver uma reflexão por parte do professor, que fará com que haja mudanças naquilo que não está dando certo e manutenção do que está contribuindo para o crescimento da criança, inclusive com a utilização de diferentes práticas. 19 Conclusão Nesta unidade pudemos conhecer alguns aspectos relevantes da avaliação na Educação Infantil. Vimos que o professor possui diferentes alternativas para observar e acompanhar o desenvolvimento das crianças. Percebemos, também, a importância de registrar essas observações para podermos apresentá-las aos envolvidos com a educação da criança, a fim de que todos nós possamos trabalhar por seu crescimento e desenvolvimento pleno. Conforme se pode perceber, a avaliação na Educação Infantil depende da postura do professor na construção de uma prática docente significativa, com base em pressupostos teórico- metodológicos, na revisão de ensino e mediação na aprendizagem. O desafio que se apresenta é que cada professor se comprometa com um ensino que auxilie as crianças na construção de conhecimentos que, de fato, as ajudem a crescer e avançar, cada vez mais, nos diferentes aspectos de seu desenvolvimento, utilizando a avaliação na Educação Infantil como forma de promoção, crescimento e revisão de práticas, e não de classificar os alunos como comumente vemos em muitas escolas. 20 Unidade: Avaliação na Educação Infantil Material Complementar É importante que você faça leituras que complementem o conteúdo estudado nesta unidade. 1) BOTH, Ivo José. Avaliação planejada, aprendizagem: é ensinando que se avalia, é avaliando que se ensina. 3. ed. rev. Curitiba: Ibpex,2011. p.156-174. Disponível em https://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/reader#5 2) SEB/MEC. Educação Infantil: subsídios para construção de uma sistemática de Avaliação. GT/MEC, 2012. Disponível em http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_ docman&task=doc_download&gid=11990&Itemid=. 21 Referências BASSEDAS, Eulália et. Al. Aprender e ensinar na Educação Infantil. Artmed, 1999. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. CASTRO, A. D. Ensinar a Ensinar: Didática Para a Escola Fundamental e Media. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. HAYDT, R. C. C. Avaliação do Processo Ensino-Aprendizagem. 6. ed. São Paulo: Ática, 2004. HOFFMANN, Jussara M.L. Avaliação na pré-escola: um olhar sensível e reflexivo sobre a criança. Porto Alegre: Mediação, 1996. ______. Avaliação Mediadora: Uma Prática da Construção da Pré-escola a Universidade. 17.ª ed. Porto Alegre: Mediação, 2000. MEC/SEF. Referencial curricular nacional para educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. PILETTI, C. Didática Geral. 24 ed. São Paulo: Ática, 2010. 22 Unidade: Avaliação na Educação Infantil Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000