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Faculdade Conhecimento e Ciência Bacharelado em Educação Física Biomecânica e Cinesiologia Resumo: Biomecânica Básica: Cap. 7 – Biomecânica do Músculo Esquelético Belém/Pa 2020 O músculo é o único tecido capaz de produzir tensão ativamente. Essa característica permite que o músculo esquelético realize as importantes funções de manter a postura corporal ereta, movimentar os apêndices do corpo e absorver impactos. Como o músculo só pode realizar essas funções quando adequadamente estimulado, o sistema nervoso e o sistema muscular humanos são frequentemente chamados de modo coletivo de sistema neuromuscular. ➢ Propriedades comportamentais da unidade musculotendínea As quatro propriedades comportamentais do tecido muscular são a extensibilidade, a elasticidade, a irritabilidade e a capacidade de produzir tensão. Essas propriedades são comuns a todos os músculos, incluindo os músculos cardíaco, liso e esquelético. • Extensibilidade e elasticidade As propriedades de extensibilidade e de elasticidade são comuns a muitos tecidos biológicos. a extensibilidade é a capacidade de ser alongado ou de aumentar de tamanho e a elasticidade é a capacidade de retornar ao tamanho inicial após o estiramento. A elasticidade muscular faz com que o músculo retorne ao seu comprimento normal de repouso após um alongamento e contribui para a transmissão suave da tensão do músculo para o osso. Todo músculo possui dois componentes principais para o comportamento elástico, o componente elástico em paralelo (CEP), fornecido pelas membranas musculares, confere resistência quando um músculo é estirado passivamente. O componente elástico em série (CES), localizado nos tendões, atua como uma mola, armazenando energia elástica quando um músculo tensionado é alongado. • Irritabilidade e capacidade de produzir tensão A irritabilidade, é a capacidade de responder a um estímulo. Os estímulos que afetam os músculos são eletroquímicos, como um potencial de ação do nervo associado, ou mecânicos, como um golpe externo sobre uma porção do músculo. Quando ativado por um estímulo, o músculo responde produzindo tensão. A capacidade de produzir tensão é uma característica comportamental única do tecido muscular. A produção de tensão por um músculo é chamada de contração, ou componente contrátil da função muscular. A contratilidade é a capacidade de diminuir o comprimento. ➢ Fibras musculares Uma célula muscular isolada é chamada de fibra muscular devido ao seu formato alongado. A membrana que envolve a fibra muscular é chamada algumas vezes de sarcolema, e o citoplasma especializado é chamado de sarcoplasma. O sarcoplasma de cada fibra contém um número de núcleos e de mitocôndrias, bem como numerosas miofibrilas em formato de linha organizadas paralelamente uma em relação à outra. As miofibrilas contêm dois tipos de filamentos proteicos cuja disposição produz o padrão estriado característico que identifica o músculo esquelético ou estriado. Esses filamentos proteicos formam o sarcômero, a menor unidade contrátil existente no corpo humano, sendo composto principalmente por filamentos de miosina (filamentos grossos) e actina (filamentos finos). Sua estrutura quando observada há partes escuras e claras, com isso, foram denominadas algumas formas de divisão para melhor interpretá- las e identifica-las, sendo elas linhas Z e M, banda A e I, e zona H. Durante a contração muscular, os filamentos finos de actina de ambos os lados do sarcômero deslizam um na direção do outro. Uma rede de canais membranosos conhecida como retículo sarcoplasmático está associada externamente a cada fibra. Internamente, as fibras são atravessadas por pequenos túneis chamados túbulos transversos, que se abrem apenas externamente. O retículo sarcoplasmático e os túbulos transversos formam os canais para transporte dos mediadores eletroquímicos da ativação muscular. Várias camadas de tecido conectivo fornecem a superestrutura para a organização da fibra muscular. Cada membrana da fibra, ou sarcolema, é cercada por um tecido conectivo fino chamado endomísio. As fibras são agrupadas em fascículos por bainhas de tecido conectivo conhecidas como perimísio. Os grupos de fascículos que formam os músculos são então envoltos pelo epimísio, que é contínuo aos tendões musculares. ➢ Unidades motoras As fibras musculares são organizadas em grupos funcionais de tamanhos diferentes. Compostas por um único neurônio motor e todas as fibras inervadas por ele, constituem Unidade motora. Um único neurônio motor e todas as fibras musculares que ele inerva. grupos conhecidos como unidades motoras. O axônio de cada neurônio motor se subdivide em vários ramos de modo que cada fibra individual receba uma terminação nervosa. ➢ Tipos de fibras As fibras musculares esqueléticas exibem muitas características estruturais, histoquímicas e comportamentais diferentes, essas diferenças têm implicações diretas na função muscular. As fibras de algumas unidades motoras contraem até alcançar a tensão máxima mais rapidamente do que outras, com base nessa característica distintiva, as fibras podem ser divididas nas duas categorias: contração rápida (CR) e contração lenta (CL). As fibras CR levam apenas um sétimo do tempo necessário para as fibras CL alcançarem o pico de tensão. Embora seja de rápida contração, a CR tem um tempo curto de tensão, contudo, a CL tem um tempo mais prolongado de tensão. • Arquitetura da fibra A orientação das fibras em um músculo e a disposição com que as fibras se fixam aos tendões variam consideravelmente entre os músculos do corpo humano. Essas considerações estruturais afetam a força da contração muscular e a amplitude de movimento ao longo da qual um grupo muscular pode mover um segmento corporal. Essas duas categorias abrangentes de organização das fibras musculares são chamadas de paralela e peniforme. Em uma disposição paralela das fibras, as fibras estão orientadas principalmente em paralelo ao eixo longitudinal do músculo. Na maioria dos músculos com fibras paralelas, existem fibras que não se estendem pelo comprimento total do músculo, mas terminam em algum ponto do ventre muscular. Uma disposição peniforme das fibras é aquela em que as fibras se encontram em ângulo com o eixo longitudinal do músculo. Cada fibra em um músculo peniforme se fixa a um ou mais tendões, dos quais alguns se estendem por todo o comprimento do músculo. As fibras de um músculo podem exibir mais de um ângulo de penação (ângulo de fixação) ao tendão. ➢ Função do músculo esquelético Quando um músculo ativado produz tensão, o total de tensão presente é constante ao longo do comprimento do músculo, bem como nos tendões e nos locais de junção musculotendínea no osso. A força de tensão produzida pelo músculo puxa os ossos associado e gera um torque nas articulações que o músculo cruza. A magnitude do torque produzido é um produto entre a força muscular e o braço de momento da força. Obedecendo às leis de adição de vetores, o torque líquido presente em uma articulação determina a direção de qualquer movimento resultante. O peso do segmento corporal associado, as forças externas que atuam sobre o corpo e a tensão em qualquer músculo que cruze a articulação podem todos gerar torques sobre a articulação. ➢ Recrutamento de unidades motoras O sistema nervoso central exerce um elaborado sistema de controle que permite a correspondência entre a velocidade e a magnitude da contração muscular e as necessidades do movimento para que movimentos leves, delicados e precisos possam ser executados. Em geral, os neurônios que inervam as unidades motoras de CL têm limiares baixos e são relativamente fáceis de ativar, enquanto as unidadesmotoras de CR são inervadas por fibras nervosas mais difíceis de ativar. Conforme aumenta a necessidade de força, de velocidade ou de duração da ativação, as unidades motoras com limiares mais altos são ativadas progressivamente. Em cada tipo de fibra existe um contínuo de facilidade de ativação, e o sistema nervoso central pode ativar seletivamente mais ou menos unidades motoras. Durante o exercício de baixa intensidade, o sistema nervoso central pode recrutar as fibras de CR quase que exclusivamente. ➢ Mudança no comprimento muscular com a produção de tensão Quando a tensão muscular produz um torque maior do que o torque resistivo em uma articulação, o músculo encurta, causando mudança no ângulo da articulação. Quando o músculo encurta, a contração é concêntrica e o movimento articular resultante ocorre na mesma direção do torque líquido gerado pelos músculos. Os músculos também podem produzir tensão sem encurtar. Quando tensão muscular é produzida, mas não ocorre mudança no comprimento muscular, a contração é isométrica. Quando os torques opostos em uma articulação excedem o torque produzido pela tensão em um músculo, o músculo se alonga. Quando um músculo se alonga à medida que é estimulado a produzir tensão, a contração é excêntrica. ➢ Papéis desempenhados pelos músculos Um músculo ativado pode fazer apenas uma coisa: produzir tensão. Quando um músculo contrai e produz movimento em um segmento corporal em uma articulação, ele está agindo como um agonista, ou seja, um músculo que promove ação. Os músculos com ações opostas às dos agonistas podem agir como antagonistas. Os agonistas e os antagonistas estão posicionados tipicamente em lados opostos de uma articulação. Enquanto os músculos agonistas promovem a tensão, os antagonistas geralmente trabalham na frenagem desse movimento (desaceleração ou aceleração negativa). Outro papel desempenhado pelos músculos envolve a estabilização de uma parte do corpo contra uma força em particular. Um quarto papel desempenhado pelos músculos é o de neutralizador, quando um músculo atua eliminando uma ação indesejada produzida por um agonista. ➢ Músculos biarticulares e multiarticulares Músculos no corpo humano que cruzam duas ou mais articulações. Uma vez que a proporção de tensão produzida em qualquer músculo é essencialmente constante em todo o seu comprimento, bem como nos locais de fixação tendínea ao osso, esses músculos afetam simultaneamente o movimento em ambas ou em todas as articulações em que atuam. Enquanto os músculos monoarticulares produzem força direcionada principalmente alinhada ao segmento corporal, os músculos biarticulares podem produzir força com um componente transversal significativo. Entretanto, também existem duas desvantagens associadas à função dos músculos bi ou multiarticulares. Eles são incapazes de encurtar o suficiente para produzir uma amplitude de movimento completa simultaneamente em todas as articulações que cruzam, uma limitação chamada insuficiência ativa. Um segundo problema é que, para a maioria das pessoas, os músculos bi e multiarticulares não conseguem se alongar o suficiente para atingir a amplitude completa de movimento na direção oposta de todas as articulações cruzadas. Esse problema é chamado insuficiência passiva. • Fatores que afetam a produção de força muscular A magnitude da força produzida pelo músculo também está relacionada com a velocidade do encurtamento muscular, o comprimento do músculo quando ele é estimulado e o período de tempo desde que o músculo recebeu o estímulo. • Relação entre força e velocidade A força máxima que um músculo pode produzir é determinada pela velocidade do encurtamento ou do alongamento muscular, com a relação demonstrada, respectivamente, nas zonas concêntrica e excêntrica. Como a relação é verdadeira apenas para o músculo ativado maximamente, ela não se aplica às ações musculares na maioria das atividades diárias. Do mesmo modo, a relação força–velocidade não implica que seja impossível mover uma grande resistência em alta velocidade. A relação força–velocidade também não implica que seja impossível mover um pequeno peso a uma baixa velocidade. Quanto mais forte o músculo, maior a magnitude da contração isométrica. A maioria das atividades diárias requer movimentos lentos e controlados de cargas submáximas. Nas cargas submáximas, a velocidade do encurtamento muscular está sujeita ao controle voluntário. Apenas o número necessário de unidades motoras é ativado. • Relação entre comprimento e tensão A proporção de tensão isométrica máxima que um músculo é capaz de produzir depende parcialmente do comprimento muscular. Tanto a duração do alongamento e do encurtamento muscular quanto o tempo desde o alongamento ou encurtamento afetam a capacidade de geração de força. No corpo humano, a capacidade de produzir força aumenta quando o músculo é discretamente alongado. Os músculos com fibras paralelas produzem tensão máxima um pouco além do comprimento de repouso e os músculos com fibras peniformes geram tensão máxima entre 120 e 130% do comprimento de repouso. Esse fenômeno é devido à contribuição dos componentes elásticos do músculo (principalmente o CES), que se soma à tensão presente no músculo quando ele é alongado. • Ciclo alongamento-encurtamento Quando um músculo ativamente tensionado é alongado logo antes da contração, a contração resultante é mais forte do que na ausência do pré- alongamento. Esse padrão de contração excêntrica seguida imediatamente por contração concêntrica é conhecido como ciclo alongamento–encurtamento (CAE). Independentemente de sua causa, o CAE contribui para o desenvolvimento efetivo de força muscular concêntrica em muitas atividades esportivas. ➢ Eletromiografia A eletromiografia é utilizada para estudar a função neuromuscular, incluindo a identificação de quais músculos desenvolvem tensão durante um movimento e quais movimentos extraem mais ou menos tensão de um músculo em particular ou de um grupo de músculos. Também é usada clinicamente para avaliar velocidades de condução nervosa e resposta muscular, junto com o diagnóstico e o acompanhamento de condições patológicas do sistema neuromuscular. ➢ Atraso eletromecânico Quando um músculo é estimulado, um breve período decorre antes que o músculo comece a produzir tensão, chamado de atraso eletromecânico (AEM), acredita-se que esse tempo seja necessário para que o componente contrátil do músculo alongue o CES. Durante esse período, a frouxidão muscular é eliminada. Uma vez que o CES está alongado adequadamente, ocorre a produção de tensão. • Força, potência e resistência musculares Essas características da função muscular têm implicações significativas para o sucesso de diferentes formas de atividade física vigorosa, como corte de lenha, arremesso de peso ou subida por uma trilha em uma montanha. Entre idosos e pessoas com distúrbios ou lesões neuromusculares, a manutenção da força e da resistência musculares adequadas é essencial para a realização das atividades diárias e para evitar lesões. • Força muscular A medida mais direta da “força muscular” praticada comumente é uma medida do torque máximo gerado por um grupo muscular inteiro sobre uma articulação. A força muscular, então, é medida como uma função da capacidade coletiva de geração de força de um determinado grupo muscular funcional. • Potência muscular A potência muscular é o produto entre a força muscular e a velocidade de encurtamento muscular. Como nem a força muscular nem a velocidade do encurtamento muscular podem ser mensuradas diretamente em um ser humano intacto, a potência muscular é definida mais geralmente como a taxa de produção de torque em uma articulação, ou o produto entre o torque líquido e a velocidade angular na articulação. • Resistência muscularA resistência muscular é a capacidade de o músculo exercer tensão ao longo do tempo. Quanto maior o tempo em que a tensão é exercida, maior a resistência. Embora a força muscular máxima e a potência muscular máxima sejam conceitos relativamente específicos, a resistência muscular é menos bem compreendida porque as necessidades de força e de velocidade da atividade afetam dramaticamente o período de tempo em que ela pode ser mantida • Fadiga muscular A fadiga muscular foi definida como uma redução induzida pelo exercício na capacidade máxima de força do músculo. A fadigabilidade também é o oposto da resistência. Quando mais rapidamente o músculo se fadiga, menos resistência ele apresenta. As características da fadiga muscular envolvem a redução da produção de força muscular e da velocidade de encurtamento, bem como relaxamento prolongado das unidades motoras entre os recrutamentos. Uma fibra muscular alcança a fadiga absoluta uma vez que ela seja incapaz de produzir tensão quando estimulada por seu axônio motor. • Efeito da temperatura corporal Conforme a temperatura corporal se eleva, a velocidade das funções nervosa e muscular aumenta. Isso causa um deslocamento na curva de força– velocidade, que torna possível atingir um valor maior de tensão isométrica máxima e maior velocidade máxima de encurtamento sob qualquer carga determinada. ➢ Lesões musculares mais comuns • Rupturas As rupturas musculares resultam do estiramento excessivo do tecido muscular. Mais tipicamente, um músculo ativo é sobrecarregado, estando a magnitude da lesão relacionada com o tamanho da sobrecarga e com a taxa de sobrecarga. As rupturas podem ser discretas, moderadas ou graves. • Contusões As contusões musculares são causadas por forças compressivas prolongadas durante impactos. Elas consistem em hematomas no tecido muscular. Uma contusão muscular grave, ou uma contusão que é impactada repetidamente, pode levar ao desenvolvimento de uma condição muito mais grave chamada miosite ossificante (massa calcificada no músc.). • Cãibras A etiologia das cãibras musculares não é bem compreendida, e os possíveis fatores causadores incluem desequilíbrio eletrolítico, deficiência de cálcio e de magnésio e desidratação. As cãibras podem ocorrer secundariamente a um impacto direto. As cãibras podem envolver espasmos musculares moderados a graves, com níveis proporcionais de dor concomitante. • Dor muscular tardia induzida pelo exercício A dor muscular ocorre frequentemente algum período após o exercício não habitual. A dor muscular tardia induzida pelo exercício (DMTIE) surge 24 a 72 h após a realização de uma série longa ou extenuante de exercícios e é caracterizada por dor, edema e o mesmo tipo de mudanças histológicas que acompanham a inflamação aguda. Ocorre microrruptura do tecido muscular com sintomas de dor, enrijecimento e restrição na amplitude de movimento. • Síndrome compartimental Hemorragia ou edema em um compartimento muscular pode ser resultado de lesão ou esforço muscular excessivo.
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