Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Camila B. Zanetti Doença intersticial pulmonar (DIP) DEFINIÇÃO: Grupo de doenças pulmonares que comprometem os espaços aéreos distais do pulmão (regiões distais aos bronquíolos respiratórios, que envolvem os alvéolos). Tendem a compartilhar características clínicas, radiológicas e funcionais. Se tratam de processos inflamatórios e infiltrativos de evolução arrastada e incomuns (infiltração difusa pulmonar, raro e leva a deposição de colágeno). FISIOPATOLOGIA: Se inicia com uma agressão pulmonar, seja por vias aéreas (p. ex. inalando sílica → agredindo as células epiteliais) ou por via sanguínea (p. ex. lúpus – pct com imunocomplexos circulantes que se depositam no pulmão → agredindo a célula endotelial). Independente da via, a agressão leva à um processo inflamatório alveolar (alveolite). Os elementos celulares produzidos na alveolite liberam mediadores, atraindo células fibroblásticas, se somando também a fibrose e desarranjo estrutural. Por mecanismos desconhecidos a alveolite também pode ir para o reparo, ao invés de se estabelecer a doença. DIP: CAUSAS CONHECIDAS ✓ Manifestações pulmonares de doenças colágeno-vasculares. ✓ Inalação de poeiras inorgânicas (pneumoconioses): são doenças pulmonares difusas que ocorrem secundariamente a inalação de substâncias como sílica, asbesto, amianto, berílio, ferro, carvão e metais pesados – pneumopatias ocupacionais. ✓ Toxidade pulmonar por drogas e medicamentos: antineoplásicos, nitrofurantoína, amiodarona, radioterapia e hidroclorotiazida. ✓ Inalação de gases. ✓ Aspiração crônica do conteúdo digestivo. ✓ Sequela de infecções. DIP: GRANULOMATOSAS ✓ Sarcoidose. ✓ Pneumonites de hipersensibilidade: se desenvolvem secundariamente a inalação de antígenos orgânicos ou pequenas partículas químicas que estão no ambiente. P. ex. pulmão do fazendeiro (armazenamento de feno – antígeno dos microrganismos que crescem no feno); exposição a aves (proteínas aviárias); mofo doméstico. DIP: PNEUMONIAS INTERSTICIAIS IDIOPÁTICAS ✓ Fibrose pulmonar idiopática. MANIFESTAÇÃO CLÍNICA: doenças de evolução arrastada (meses-anos), com queixa de dispneia progressiva ao exercício, tosse seca. Pesquisar sintomas articulares, medicações em uso (atuais e passadas), atividades e ambientes profissionais, informações sobre o ambiente doméstico (mofo e infiltrações), exposição a animais e aves. Pode-se observar no exame físico: taquipneia, adenomegalias, manifestações articulares e cutâneas, baqueteamento digital, ausculta com estertores finos em velcro e grasnido ou sibilo curto. A função pulmonar se encontra em padrão restritivo, com redução dos volumes pulmonares e hipoxemia que se agrava com o exercício (distúrbios difusionais). Camila B. Zanetti DIAGNÓSTICO: ✓ Observação clínica. ✓ RX de tórax: apenas detecta o problema, sem definir qual. ✓ TC de tórax: permite se aproximar de um diagnóstico mais apurado. ✓ Fibrobroncoscopia com lavado broncoalveolar e biópsia transbrônquica. ✓ Biópsia pulmonar cirúrgica. ✓ Sorologias. • SARCOIDOSE: doença granulomatosa sistêmica de etiologia desconhecida que afeta primariamente o pulmão e o sistema linfático. Se caracteriza, histologicamente, por granulosas não-caseosos de células epiteliais. Ela pode ser diagnosticada com a associação clínico-radiológica e a detecção de granulomas em mais de um órgão. O seguimento pode ser feito apenas com observação (doença de bom prognóstico, pode regredir sozinha), com uso de AINH, CO, corticoide tópico ou imunossupressores. • FIBROSE PULMONAR IDIOPÁTICA: se trata de uma pneumonia intersticial usual sem causa definida. Se caracteriza, histologicamente, por distribuição subpleural e paraseptal de acometimento heterogêneo (lesões de distribuição focal – áreas mais acometidas próximas a áreas sadias). Existe a presença de focos fibroblásticos em meio a áreas de fibrose densa; e áreas em “favo de mel” (detectadas em TC e biópsias). A PIU acomete mais indivíduos do sexo masculino do que feminino e tem mal prognóstico. Os indivíduos se queixam de dispneia progressiva, possuem baqueteamento digital e estertores em velcro. Não existe tratamento curativo, utiliza-se Pirfenidona e Nintedanib para diminuir o ritmo de queda da função pulmonar. O tratamento do refluxo também é capaz de melhorar o prognóstico de um indivíduo com FPI. Em casos de exacerbação aguda (piora clínica rápida devido ao surgimento de novos infiltrados), excluir causas reversíveis para isso e, em seguida, realizar o tratamento com corticoides em altas doses.
Compartilhar