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AV1 - Direito Processual Penal II

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Resumo AV1 - Processo Penal II (André)
· Teoria Geral da Prova:
Somente no curso do processo.
- Conceito: Prova é tudo aquilo que contribui para a formação do convencimento do Juiz.
 O Processo Penal é um instrumento que busca reconstruir o fato passado, sendo certo que o tema probatório é sempre a afirmação de um fato, não sendo as normas jurídicas, como regra, tema de prova.
Obs.: I. De acordo com a doutrina a natureza jurídica da prova é um Direito Subjetivo de índole Constitucional.
- Objeto da prova: O objeto da prova é o fato, o acontecimento, que deve ser conhecido pelo Juiz para que possa emitir um juízo de valor. 
- Finalidade da prova: É o convencimento do Juiz, ou seja, tornar os fatos alegados pelas partes conhecidos do Juiz, convencendo-o de sua veracidade. 
Obs.: I.Tecnicamente, somente se pode falar em prova no curso da instrução processual, vez que passa pelo crivo da Ampla Defesa e do Contraditório. Na fase do Inquérito Policial, o que existe, tecnicamente, são Atos de Investigação e não prova propriamente dita, uma vez que inexiste possibilidade na fase da Investigação de Ampla Defesa e Contraditório.
- Fontes de prova e meios de prova:
· Fonte de Prova: É tudo aquilo que é idôneo a fornecer resultados apreciáveis para a decisão do Juiz. Como por ex.: Pessoas e coisas.
· Meios de Prova: São todos aqueles que o Juiz utiliza para conhecer a verdade dos fatos, estejam ele previstos em Lei ou não. Como por ex.: O depoimento de uma testemunha (prova testemunhal ou documento).
- Procedimento probatório: Inicialmente ocorre a proposição da prova e sendo esta admitida pelo Juiz (admissão) a parte produz a prova (produção), sendo certo que ao final o Juiz na sua decisão final irá valorar a prova (valoração).
- Princípios da Teoria Geral da Prova:
1) Princípio da Comunhão da Prova: Comunhão da prova significa que a mesma levada aos autos do processo pertence a todos os sujeitos processuais (partes e Juiz), não obstante ter sido levada por uma das partes. Obs.: I. Por força do Princípio da Comunhão da prova, parte da doutrina critica a regra do Art. 401, § 2º, do CPP, pois por força desse Princípio a parte somente pode desistir de uma testemunha com a concordância da parte contrária 
2) Princípio da Audiência Contraditória: Toda prova admite uma contra prova e no Processo Penal deve ser produzida com o conhecimento da outra parte. A audiência é bilateral, ocorrendo nulidade se uma das partes não estiver ciente ou não tiver oportunidade de se manifestar sobre a prova produzida nos autos.
3) Princípio da Publicidade: A regra é que a produção dos atos judiciais e, nesse sentido, a produção das provas, seja pública, somente podendo ocorrer segredo de justiça excepcionalmente e em casos previamente expressos na Lei, conforme determina o Art. 93, IX, da CRFB/88 é Art. 792, § 1º, do CPP.
- Sistema de apreciação de provas pelo Juiz (Art. 155 do CPP): O sistema adotado em nosso ordenamento jurídico é o do Livre Convencimento Motivado, ou seja, o julgador é livre para decidir e apreciar as provas que lhe são apresentadas, desde que faça de forma motivada (fundamentada), conforme Art. 93, IX, da CRFB/88 é Art. 155, caput, do CPP.
 A doutrina aponta para outros dois Sistemas, ou seja, “Sistema da Íntima Convicção” e “Sistema da Prova Tarifada”. No Sistema da Íntima Convicção o julgador é absolutamente livre para decidir, estando dispensado de motivar sua decisão. Esse Sistema está vigente na Segunda Fase do procedimento do Tribunal do Júri, uma vez que os juraria votam os quesitos sigilosamente, sem necessidade de fundamentação.
 O Sistema da Prova Tarifada é o Legislador que estipula o valor de cada prova, estabelecendo, inclusive, hierarquia entre elas, aniquilando praticamente a margem de liberdade apreciativa do Juiz. De acordo com a doutrina, há resquícios desse Sistema nos Arts. 155, § Ú, e 158 do CPP.
Obs.: I. Determina o Art. 155, caput, do CPP, que o Juiz “não pode fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação”. Parte da doutrina sustenta inconstitucionalidade nessa possibilidade, pois na fase da investigação não é possível Ampla Defesa e Contraditório. Nesse sentido, a utilização de elementos colhidos na Fase do Inquérito Policial violaria os Princípios da Ampla Defesa e do Contraditório. Outra parte da doutrina sustenta pela possibilidade de o Juiz utilizar os elementos colhidos na Fase do Inquérito, porém somente de forma supletiva.
 II. A ressalva prevista na parte final do Art. 155, caput, do CPP, não viola os Princípios da Ampla Defesa e do Contraditório, uma vez que ocorre o Contraditório Diferido ou Postergado, ou seja, na hipótese da Prova Cautelar (Interceptação Telefônica, Lei 9.296/96) e da Prova Não Repetível (Exame de Corpo de Delito, Art. 158 do CPP), em que pese a produção da prova ocorrer como regra na Fase da Investigação, é possível Ampla Defesa e Contraditório quando esses elementos de prova forem introduzidos no processo.
 Na hipótese da Prova Antecipada (Art. 225 do CPP) a oitiva da testemunha na Fase do Inquérito terá o Juiz presidindo a audiência com acusação e defesa, observando, portanto, os Princípios da Ampla Defesa e do Contraditório.
- Ônus da Prova no Processo Penal (Art. 156 do CPP): No Processo Penal o ônus da prova é todo da acusação, tendo em vista que nós termos da CRFB/88 o réu é presumidamente inocente. De acordo com a doutrina o ônus da prova para o réu é extremamente suave pois o réu, nos termos do Art. 156, caput, do CPP, alegando por ex. uma excludente de ilicitude e não logrando êxito em fazer a prova no processo, não desincumbe o MP ou o querelante de fazer a prova que o réu agiu conforme foi descrito na denúncia ou na queixa. 
 O Art. 156 do CPP autoriza o Juiz produzir prova de ofício tanto na Fase Processual como na Fase da Investigação.
 Sobre a produção de prova de ofício pelo Juiz existe controvérsia. Uma primeira corrente sustenta a possibilidade de produção de prova de ofício pelo Juiz tendo por fundamento o Princípio da Verdade Real e conforme o STJ no Recurso Especial nº 174290, o Juiz sob o amparo do Princípio da Verdade Real pode tomar a iniciativa de determinar a produção da prova que entenda indispensável para a formação do seu convencimento. Uma segunda corrente entende que o Juiz não pode produzir uma prova de ofício, uma vez que as provas devem ser produzidas pelas partes, sendo certo que se as partes não convenceram o Juiz e este de ofício produz a prova, essa iniciativa é somente para buscar a condenação do acusado, pois ocorrendo dúvida se o acusado praticou ou não o fato imputado na acusação, tal dúvida deve observar a regra de julgamento “Indubio Pro Reu”.
 Nos termos do Art. 156, I, do CPP, pode o Juiz produzir prova de ofício na Fase da Investigação. Para a doutrina amplamente majoritária, trata-se de hipótese inconstitucional, uma vez que fere o Sistema Acusatório assim como o Princípio da Imparcialidade.
- Provas Ilícitas (Art. 5º, VI, da CRFB/88 e Art. 157 do CPP): A doutrina faz diferença entre Prova Ilícita e Prova Ilegítima. Nesses sentido, existe o gênero Provas Ilegais que se subdividem em Provas Ilícitas e Provas Ilegítimas.
 Prova Ilícita é aquela que ofende norma de Direito Material, como por ex., confissão sob tortura ou interceptação telefônica sem autorização judicial. Como essas provas são obtidas, como regra, fora do processo são inadmissíveis, conforme Art. 5º, LVI, da CRFB/88.
 Prova Ilegítima é aquela que ofende norma de Direito Processual, como por ex., a oitiva de uma testemunha proibida de depor e, como é produzida dentro do processo, deve ser considerada nula e desentranhada.
 O Art. 157, caput, determina a inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos. O Art. 157, § 1º, primeira parte, positivou a “Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada”, ou seja, são inadmissíveis no processo as provas derivadas das ilícitas. 
 O Art. 157, § 1º, segunda parte, do CPP, possibilita a admissão da Prova Ilícita porderivação, e para tanto, dispõe da “Teoria da Fonte Independente”, sendo certo que no § 2º do Art. 157, o legislador conceituou a “Teoria da Fonte Independente”. 
Obs.: I. Em que pese o Legislador ter positivado a “Teoria da Fonte Independente” conceituando-a no § 2º do Art. 157, tal conceito na essência tem relação com outra Teoria, ou seja, da Descoberta Inevitável. Em que pese a confusão feita pelo Legislador a doutrina e a jurisprudência admitem a Prova Ilícita por Derivação, aplicando para tanto três Teorias, ou seja, “Teoria da Fonte Independente”, “Teoria da Descoberta Inevitável” e “Teoria da Contaminação Expurgada”.
- Interceptação - Lei 9.296/96 e Art. 5º, XII, da CRFB/88:
 A interceptação telefônica é medida cautelar de natureza probatória que trata-se de meio de obtenção da prova, sendo certo que somente é possível em investigação criminal ou na fase da instrução processual.
 A interceptação telefônica ocorre quando um terceiro capta a conversa telefônica alheia sem o conhecimento dos comunicadores.
 A escuta telefônica ocorre quando um terceiro capta a conversa alheia, mas um desses comunicadores tem conhecimento da captação da conversa.
 Para parte da doutrina, a escuta telefônica está no âmbito de incidência da Lei 9.296/96, logo necessário se faz autorização judicial (Prof. Luiz Flávio Gomes). Outra parte da doutrina entende que somente a interceptação telefônica está no âmbito de incidência da Lei 9.296/96, ou seja, a escuta telefônica não está amparada na Lei 9.296/96 (Prof. Vicente Greco Filho).
 A gravação telefônica (Gravação Clandestina) e a Gravação Ambiental (câmeras ocultas) não estão no âmbito de incidência da Lei 9.296/96 e, nesse sentido, provando fato criminoso pode ser considerado elemento de prova válido no processo.
 Para o deferimento de Interceptação Telefônica, necessário se faz observar o que dispõe o Art. 2º da Lei 9.296/96, ou seja, o dispositivo legal dispõe sobre as hipóteses em que não se admite a interceptação telefônica.
 Sendo assim, para o deferimento da interceptação telefônica o Juiz deve verificar indícios razoáveis de autoria ou participação e infração penal, constatar que a prova não pode ser obtida por outros meios disponíveis e que o fato criminoso investigado é punido com pena de reclusão. 
Os legitimados para interceptação telefônica estão previstos no Art. 3º da Lei 9.296/96, ou seja, pode o Juiz de Ofício determinar a interceptação telefônica (tema controvertido sobre a possibilidade ou não de produção de prova de ofício pelo Juiz), como também a autoridade policial no curso da Investigação e o MP no curso da Investigação ou na fase processual.
 Prazo: O prazo da interceptação telefônica está previsto no Art. 5º da Lei 9.296/96, ou seja, 15 dias renováveis por mais 15 dias. Porém, o STJ tem jurisprudência pacífica no sentido de prorrogação sucessiva da interceptação telefônica, desde que seja demonstrada a indisponibilidade desse meio probatório, conforme decisão no HC nº 143805 informativo 491 STJ.
Obs.: I. Trancamento = extinção da Ação Penal. Algo criticado pela doutrina.
· Interrogatório (Art. 185 a 196 do CPP):
 A partir da vigência da Lei 11.719/08, o interrogatório passou a ser o último ato da Instrução Processual no Procedimento Comum (Arts. 400 e 531 do CPP). Porém, no Procedimento Sumaríssimo, previsto na Lei 9.099/95, o interrogatório desde a vigência da Lei é o último ato da instrução processual, conforme Art. 81 da Lei 9.099/95.
 A partir da decisão no HC nº 127900, o Supremo passou a entender que em todos os procedimentos penais de primeira instância, o interrogatório deve obedecer a regra prevista no Art. 400 do CPP. Sendo assim, no procedimento da Lei de Drogas, prevê o Art. 57 da Lei 11.343/06, que o interrogatório é realizado antes da inquirição das testemunhas. Essa regra prevista no Art. 57 não se coaduna com a decisão acima citada. Portanto, no procedimento da Lei de Drogas, o interrogatório deve ser o último ato da instrução processual. 
- Natureza jurídica do interrogatório: A natureza jurídica do interrogatório é controvertida. Para uma primeira corrente é meio de prova pois está no capítulo das provas. Uma segunda corrente entende que o interrogatório é meio de defesa, uma vez que é nesse momento processual que o acusado pode produzir sua autodefesa. Porém, prevalece o entendimento de uma terceira corrente que entende que o interrogatório tem natureza mista, ou seja, é tanto meio de prova como meio de defesa.
· Características:
1) Obrigatoriedade: A obrigatoriedade do interrogatório está prevista no Art. 185, caput, do CPP, uma vez que esse dispositivo legal determina que o acusado será interrogado.
2) Personalíssima: Somente o acusado pode responder no momento do interrogatório, daí a característica de ato personalíssimo. Nesse sentido, não pode o interrogatório ser realizado por Procuração.
 O interrogatório pode ser realizado de forma Presencial ou, que excepcionalmente, pelo sistema de videoconferência, conforme se verifica do Art. 185, § 2º, do CPP. Vale ressaltar que em qualquer modalidade de Interrogatório (Presencial ou por Videoconferência) o Juiz garantirá ao acusado o direito de internista prévia e reservada com o seu defensor (Art. 185, § 5º, do CPP).
 De acordo com o Art. 185, caput, e 186, caput, o réu será qualificado e interrogado. Logo, é de observar que primeiro haverá a qualificação do acusado para logo em seguida ocorrer o interrogatório.
 Entende a doutrina que o réu não tem direito ao silêncio no momento da qualificação, sendo certo que se não responder as perguntas no momento da qualificação, responder pela Contravenção Penal prevista no Art. 68 do DL 3688/41.
 O interrogatório se subdivide em duas partes, conforme se verifica do Art. 187 do CPP, ou seja, Interrogatório de Individualização (Art. 187, § 1º, do CPP) e Interrogatório de Mérito (Art. 187, § 2º, do CPP).
 No que concerne ao Interrogatório de Mérito o acusado tem direito ao silêncio, porém a respeito do interrogatório de individualização entende parte da doutrina que o réu não tem direito ao silêncio justamente porque o Juiz deve ter conhecimento de determinados fatos para em eventual Sentença Condenatória valorar devidamente as circunstâncias judiciais previstas no Art. 59 do CP. Outra parte da doutrina entende que o réu tem direito ao silêncio no Interrogatório de Individualização, tendo por fundamento o Princípio da não auto obrigatoriedade de não produzir prova contra si próprio, pois neste interrogatório é possível que o réu comunique fato que lhe cause prejuízo.
- Confissão (Art. 197 a 200 do CPP): A confissão é meio de prova e como qualquer outro elemento de prova deve ser valorada de forma relativa. Nos termos do Art. 197 do CPP a confissão por si só não enseja condenação pois os demais elementos de prova devem corroborar a confissão. 
Obs.: I. A parte final do Art. 198 não foi recepcionada pelo Art. 5º, inciso LXIII, da Constituição Federal pois o Direito Constitucional ao silêncio não pode ensejar consequência jurídica desfavorável ao acusado.
 Nos termos do Art. 200 do CPP, a confissão é divisível e retratável. Confissão Divisível significa que o Juiz pode somente considerar parte da confissão do acusado no momento da Sentença, já a Confissão Retratável é aquela em que o réu pode voltar atrás naquilo que disse. 
 A doutrina classifica a confissão em Simples e Qualificada. Confissão Simples é aquela em que o réu admite a imputação que lhe é feita na acusação. Confissão Qualificada é aquela em que o réu admite a imputação, porém agrega à confissão elementos que vão lhe favorecer, como por ex., alega uma causa de justificação.
· Da prova pericial (Art. 158 a 184 do CPP):
 A Prova Pericial é uma declaração técnica acerca de um elemento de prova. É considerada uma prova técnica, na medida em que sua produção exige o domínio de determinado saber técnico. É chamada de Prova Irrepetível.
 A Prova Pericial, ou seja, o Exame de Corpo de Delito, será realizado por perito oficial, ou seja, basta um único perito assinando o ludopericial, conforma Art. 159, caput, do CPP. Na hipótese da falta de perito oficial o Exame de Corpo de Delito será realizado por duas pessoas idôneas, conforme Art. 159, § 1º, do CPP.
 Não se pode fazer confusão entre Corpo de Delito e Exame de Corpo de Delito. O Corpo de Delito é composto pelos vestígios materiais deixados pelo crime, como por ex., o cadáver que comprova a materialidade de um homicídio ou a substância entorpecente que comprova o Crime de Tráfico de Drogas. Exame de Corpo de Delito é a perícia realizada sobre os elementos que constituem a própria materialidade do crime e, uma vez não sendo realizado, enseja nulidade do processo, nos termos do Art. 564, III, alínea b), do CPP.
 Nos termos do Art. 158 do CPP, quando a Infração Penal deixar vestígios necessário se faz Exame de Corpo de Delito Direto ou Indireto. O Exame Direto ocorre quando a análise recai sobre o objeto do crime, ou seja, quando se estabelece uma relação direta entre o perito é aquilo que está sendo periciado.
 O Exame Indireto ocorre quando não for possível realizar o Exame Direto, por ter desaparecido os vestígios.
 Sobre a realização do Exame Indireto existe controvérsia na doutrina e na jurisprudência. Uma primeira corrente entende que todo e qualquer Exame Pericial deve ser realizado por perito e, nesse sentido, o Exame Indireto deve, com base no Art. 167 do CPP, ser realizado por profissional habilitado, ou seja, as testemunhas narram ao perito aquilo que sabem e viram e a partir desses depoimentos o perito realiza Exame de Corpo de Delito Indireto. Uma segunda corrente, que é majoritária, entende, com base no Art. 167 do CPP, que a prova testemunhal supre o Exame Direto. Sendo assim, para essa corrente doutrinária, o Exame Indireto é realizado com o depoimento das testemunhas. 
· Do Ofendido (Art. 201 do CPP):
 O ofendido é aquele que preta declarações quando possível fazê-lo, ou seja, é quem sofre com a Ação Criminosa. O ofendido não é testemunha, logo não pode ser computado no número legal de testemunhas.
 O ofendido na hipótese de crime de Ação Penal de Iniciativa Pública pode ser parte secundária na hipótese de Assistente do MP, conforme Art. 268 do CPP. Na hipótese de crime de Ação Penal de Iniciativa Privada o ofendido é quem propõe a Ação Penal, ou seja, é quem oferece a queixa. Logo, na Ação Penal de Iniciativa Privada o ofendido é a parte principal do Processo Penal.
· Da Prova Testemunhal (Arts. 202 a 225 do CPP):
 Testemunha é a pessoa que declara em juízo o que sabe sobre os fatos e nos termos do Art. 202 do CPP, toda pessoa poderá ser testemunha.
 Na classificação das testemunhas existem as Testemunhas Numerárias e as Extranumerárias.
- Testemunha Numerária: É aquela que presta o compromisso de dizer a verdade e entra no número legal de testemunhas.
- Testemunha Extranumerária: É aquela que não presta o compromisso de dizer a verdade, como também não entra no número legal de testemunhas, como por ex., as testemunhas previstas nos Arts. 206 e 208 do CPP.
 A testemunha tem a obrigação de dizer a verdade e não pode se eximir do depoimento (Arts. 203 e 206, primeira parte, do CPP), ou seja, tem o dever de contribuir com a administração da justiça. A testemunha que notificada a prestar depoimento faltar sem justa-causa será responsabilizada civil e penalmente, conforme se verifica do Art. 219 do CPP.
 O depoimento da testemunha, como regra, observa a oralidade, porém determinadas pessoas em razão do cargo que ocupam podem fazer a opção de prestar depoimento por escrito, conforme se verifica do Art. 221, § 1º, do CPP.
 De acordo com o Art. 206, a testemunha está isenta de depor e não presta o compromisso de dizer a verdade, conforme se verifica do Art. 208. No Art. 207 estão as pessoas proibidas de depor, como por ex., o advogado ou o padre.
 Após o advento da Lei 11.690/08, o CPP passou a adotar o “Sistema da Inquirição Direta da testemunha”. Prevalece o entendimento no STJ de que a inobservância da ordem de Inquirição de testemunhas enseja nulidade relativa, ou seja, deve a parte prejudicada, no momento oportuno, demonstrar a ocorrência de efetivo prejuízo, conforme decisão no HC nº 212618, 6ª Turma, Informativo 496, do STJ.
Obs.: I. Na classificação doutrinária de testemunhas existem as Testemunhas Próprias e as Testemunhas Impróprias. Testemunha Própria é aquela que depõe sobre fatos relativos ao objeto do processo. Testemunha Imprópria é aquela que depõe sobre atos ligados ao objeto do processo, como por ex., as testemunhas presenciais da diligência de busca e apreensão (Art. 245, § 7º, do CPP) A Testemunha Imprópria é também chamada de Instrumental ou Fedatária.
- Número legal de testemunhas e momento para o seu arrolamento: 
· No Procedimento Ordinário cada parte pode areolar até 8 testemunhas por cada fato (Art. 401 do CPP). 
· No Procedimento Sumário cada parte pode arrolar até 5 testemunhas por cada fato (Art. 532 do CPP). 
· No Procedimento do Júri da Primeira Fase, cada parte pode arrolar até 8 testemunhas (Art. 406, § 2º do CPP), já na Segunda Fase do Tribunal do Júri cada parte pode arrojar até 5 testemunhas (Art. 422 do CPP).
Obs.: I. No Procedimento Sumaríssimo da Lei 9.099/95 o Legislador não dispôs sobre o número legal de testemunhas, conforme se verifica do Art. 78, § 1º da Lei 9.099/95. Sendo assim, parte da doutrina entende que são 5 testemunhas por analogia ao Procedimento Sumário e outra parte da doutrina entende que são 3 testemunhas por uma interpretação sistemática do ordenamento jurídico.
 II. O momento processual para a acusação arrolar testemunhas é no oferecimento da denúncia ou da queixa (Art. 41 do CPP). Para a defesa o momento processual é na resposta à acusação (Art. 396-A do CPP). Não arrolando as testemunhas nesses momentos processuais ocorrerá preclusão com impossibilidade de a parte produzir prova testemunhal.
 III. O reconhecimento de pessoas e coisas está previsto nos Arts. 226 a 228 do CPP. A respeito do reconhecimento de pessoas entende a jurisprudência do STJ que a inobservância do Art. 226 não enseja nulidade, uma vez que que não se trata de uma exigência, mas apenas recomendação (HC nº 278542, 6ª Turma). Logo, é possível o reconhecimento de pessoas através de fotografias.
 IV. A prova documental está prevista nos Arts. 231 a 238 do CPP.
 O conceito de documento é visto sob duas óticas: uma primeira ótica entende que a concepção é restrita e o conceito de documento está estabelecido no Art. 232 do CPP. Porém, vem prevalecendo a concepção ampla de documento, ou seja, considera-se documento qualquer objeto representativo de um fato ou ato relevante, como por ex., desenhos, esquemas ou figuras digitalizadas.
· Classificação dos Atos Jurisdicionais:
 De acordo com o Art. 800 do CPP, os atos jurisdicionais podem ser classificados como Despacho, Decisão Interlocutória Simples, Decisão Interlocutória Mista (também conhecida como Decisão com Força de Definitiva) além das Sentenças Absolutórias, Interlocutória e Declaratória. 
· Despacho: É o ato que impulsiona o processo, não tendo carga decisória e não cabendo nenhum recurso.
· Decisão Interlocutória Simples: É aquela que resolve incidente processual ou questão atinente a regularidade formal do processo, porém sem extinguir o procedimento ou uma de suas etapas, como por ex., a decisão de recebimento da denúncia ou da queixa, não cabendo como regra nenhum recurso, porém essas decisões de ações autônomas de impugnação, como por ex., o “Habeas Corpus”.
· Decisão Interlocutória Mista, ou Com Força de Definitiva: É aquela que põe fim a uma etapa do procedimento (Não Terminativa) ou põe fim ao processo sem julgamento do mérito (Terminativa). A Decisão de Pronúncia (Art. 413 do CPP) é exemplo de Decisão Não Terminativa, ao passo que a Decisão que rejeita a denúncia ou a queixa é exemplo de Decisão Terminativa (Art. 395, I, do CPP).
 No Processo Penal a Sentença pode ser Absolutória (Art. 386 do CPP), Condenatória (Art. 387 do CPP) ou Declaratória quando, por ex., reconhece extinta a punibilidadedo agente (Art. 61 e 397, IV, do CPP).
Obs.: I. De acordo com a doutrina, Sentença Suicida é aquela em que a fundamentação não se coaduna com a conclusão (dispositivo), como por ex., quando o Juiz reconhece na fundamentação que o acusado não praticou a conduta, porém condena o réu.
- Decisão Executável, Decisão Não Executável e Decisão Condicional: 
· Decisão Executável: É aquela que produz efeitos ineditamente, como por ex., a Sentença Absolutória, conforme se verifica do Art. 596 do CPP. 
· Decisão Não Executável: É aquela que não produz os seus efeitos, como por ex., a Sentença Condenatória com a interposição do recurso de apelação.
· Decisão Condicional: É aquela que carece de um acontecimento futuro e incerto, como por ex., a decisão que julga extinta a punibilidade do agente em virtude do decurso do período de prova da Suspensão Condicional do Processo (Art. 89, § 5º, da Lei 9.099/95).
- Sentença Subjetivamente Simples, Sentença Subjetivamente Plúrima e Sentença Subjetivamente Complexa: 
· Sentença Subjetivamente Simples: É aquela proferida por apenas um órgão monocrático, como por ex., a Sentença do Juiz Singular.
· Sentença Subjetivamente Plúrima: É aquela proferida por órgão colegiado homogêneo, como por ex., as decisões de câmaras criminais, assim como as decisões de primeiro grau dos processos que tenham por objeto crimes praticados por organização criminosa, conforme Art. 1º, III, da Lei 12.964/12.
· Sentença Subjetivamente Complexa: É aquela que resulta do pronunciamento simultâneo de mais de um órgão monocrático, como por ex., as decisões do Tribunal do Júri, onde o Júri julga o caso penal e o Juiz profere a Sentença.
 A Sentença Absolutória tem previsão no Art. 386 do CPP. Vale registrar, que dependendo do dispositivo em que o réu foi absolvido haverá interesse Recursal, como por ex., o acusado absolvido pelo inciso VII do Art. 386 do CPP, recorrendo para que o Tribunal modifique o dispositivo e reconheça a inexistência do fato, conforme inciso I do Art. 386.
O Art. 386, § Ú, III, do CPP, determina que o Juiz na Sentença Absolutória aplicará medida de segurança. Tal Sentença somente é cabível na hipótese de réu inimputável por doença mental e, neste caso, a doutrina classifica como Sentença Absolutória Imprópria, pois o Juiz absolve o acusado, 
porém lhe aplica uma medida de segurança de internação.
 A Sentença Condenatória está prevista no Art. 387 do CPP. É importante registrar que após a vigência da Lei 11.719/08, o Juiz pode ficar o valor mínimo da indenização na Sentença Condenatória, porém de acordo com o STJ para que seja fixado o valor mínimo é necessário pedido expresso do ofendido ou do MP para conceder ao acusado o exercício do contraditório, conforme decisão no Recurso Especial nº 1193083, informativo 528 5ª Turma STJ. Para o STJ, a fixação desse valor pode ser para indenização de danos materiais ou compensação de danos morais, conforme decisão do Recurso Especial nº 1585684 informativo 588 6ª Turma STJ. 
 Ocorre a “Emendatio Libelli” na hipótese em que o Juiz ao condenar o acusado atribui nova definição jurídica ao fato descrito, porém sem acrescentar a esse mesmo fato qualquer circunstância ou elemento que já não estivessem descritos na inicia e da qual o acusado não tenha se defendido, vale dizer, na Emendatio Libelli prevista no Art. 383 do CPP, o fato é um só do início ao fim do processo.
 A “Emendatio Libelli” é aplicada na Ação Penal de Iniciativa Pública (Denúncia) e na Ação Penal de Iniciativa Privada (Queixa).
 Ocorre a “Mutatio Libelli” nos termos do Art. 384 do CPP quando, no curso do processo, surgem novas provas quanto a elemento ou circunstância da imputação e que não estão contidos na acusação, isto é, ocorre alteração do fato criminoso.
 Neste caso, por força do Princípio da Correlação entre Acusação e Sentença, vale dizer, a necessidade de amoldar a Sentença aos fatos descritos na inicial acusatória, deve o MP aditar a denúncia ou a queixa subsidiária para incluir a elementar ou a circunstância que não estava contida na Inicial.
 Se o órgão do MP não aditar voluntariamente, o Juiz observa o Art. 384, § 1º, do CPP e aplica o Art. 28 do CPP, ou seja, remete o procedimento ao Procurador Geral e, neste caso, ocorrendo o aditamento, este será provocado pelo Juiz.
 Somente na hipótese de aditamento espontâneo ou provocado poderá o Juiz condenar o acusado por esse novo fato, porém não ocorrendo o aditamento por parte do MP, entende a Doutrina majoritária que havendo compatibilidade entre os crimes pode o Juiz condenar pela imputação originária, mas não ocorrendo compatibilidade entre os crimes, deve o Juiz absolver o acusado.
 A “Mutatio Libelli” somente se aplica na Ação Penal de Iniciativa Pública e na Ação Penal de Iniciativa Privada Subsidiária da Pública (Art. 29 do CPP). Portanto, a expressão “queixa” contida no Art. 384 não significa Ação Penal de Iniciativa Privada Propriamente dita, ou seja, aquela em que o ofendido oferece a queixa nos crimes contra a honra (Art. 145 do CP).
Obs.: I. Na “Mutatio Libelli” deve o MP aditar a denúncia quando o fato novo for de maior gravidade, de igual gravidade ou de menor gravidade.
· Atos de Comunicação Processual:
- Citação: É o ato pelo qual é comunicado ao acusado que contra ele foi recebida uma denúncia ou queixa afim de que possa se defender. A Citação é classificada em duas formas: 
· Citação Real: É aquela realizada na pessoa do réu. 
· Citação Presumida ou Ficta: É aquela efetivada por meio de edital ou com hora certa.
Obs.: I. Quando o réu estiver preso, a citação somente será pessoal (Art. 360 do CPP).
 II. De acordo com a doutrina, quando ocorre vício na citação e o Juiz anula esse ato dá-se o nome de Citação Circunduta.
- Formas de Citação Real: 
 A primeira forma de citação real é a Citação por Mandado, cumprido por Oficial de Justiça no âmbito da jurisdição do Juiz perante o qual o acusado responde o processo penal. Os requisitos intrínsecos do Mandado Citatório estão previstos no Art. 352 do CPP e os requisitos extrínsecos estão previstos no Art. 357 do CPP.
“Art. 352.  O mandado de citação indicará:
I - o nome do juiz;
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa;
III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos;
IV - a residência do réu, se for conhecida;
V - o fim para que é feita a citação;
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer;
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.”
“Art. 357.  São requisitos da citação por mandado:
I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação;
II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou recusa.”
Obs.: I. De acordo com o Art. 352, VI, do CPP, o mandado de citação indicará o Juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer, porém tal regra não tem mais aplicabilidade tendo em vista que a partir da vigência da Lei 11.719/08, o réu é citado para responder à acusação e não mais para comparecer ao interrogatório.
 A segunda forma da Citação Real é através de Carta Precatória (Art. 353 do CPP), ou seja, quando o réu se encontra em território nacional, mas fora da jurisdição do Juiz que preside o processo penal.
 A terceira forma de Citação Real é por meio de Carta Rogatória, isto é, quando o acusado se encontra no estrangeiro e em lugar conhecido, observa-se o que determina o Art. 368 do CPP, valendo destacar que nesta hipótese o prazo prescricional fica suspenso até o cumprimento do mandado. Ocorre também citação por meio de Carta Rogatória quando o acusado se encontrar em legações estrangeiras (embaixadas ou consulados), conforme se verifica no Art. 369 do CPP, sendo certo que nesta hipótese não ocorre suspensão do prazo prescricional uma vez que o acusado se encontra em território nacional. 
 A quarta forma de Citação Real é através de Carta de Ordem, que ocorre quando o processo é de competência originária dos Tribunais. 
Obs.: I. O Art. 358 do CPP, determinaque a citação do militar da ativa (federal ou estadual) é realizada por intermédio do Chefe do respectivo serviço. Essa regra tem por fundamento observar a hierarquia e a disciplina que existe no ambiente militar.
 Nos termos do Art. 359 do CPP, a Citação do Funcionário Público deve ser informada ao Chefe de sua repartição. Essa regra tinha aplicabilidade quando o réu era citado para comparecer ao interrogatório, pois o serviço público poderia ficar prejudicado. A partir da vigência da Lei 11.719/08, o réu é citado para responder a acusação.
- Formas de Citação Presumida ou Ficta:
1) Citação com hora certa (Art. 362 do CPP): Ocorre a citação com hora certa quando o réu procurado para ser citado pessoalmente se oculta para impedir a citação. Nesta hipótese, o Oficial de Justiça observa o procedimento estabelecido nos Arts. 252 a 255 do CPC, ou seja, determina a algum parente ou vizinho que voltará a residência do réu em dia e hora previamente estabelecidos. Retornando ao local e encontrando o acusado, ocorre Citação Real através de mandado e Contrafé entregues ao acusado. Se não encontrar o acusado lavra-se a Certidão e entrega o mandado e a Contrafé para o parente ou vizinho, estando o réu citado a partir deste ato.
 De acordo com o STF, a citação com hora certa é constitucional, conforme decisão no RE nº 870947 Informativo 833 do STF.
 Obs.: I. Em que pese o STF ter decidido pela constitucionalidade do Art. 362 do CPP, é possível em um caso concreto sustentar a incompatibilidade da citação com hora certa, tendo por parâmetro o Art. 8º, nº 2, alínea b), do Decreto 678/92 (Pacto De São José da Costa Rica). É o que a doutrina chama de Controle Jurisdicional de Convencionalidade das Leis (Observa um Tratado Internacional. Ex.: A autorização da prisão do depositário infiel pela CRFB/88 mas a sua proibição pelo Tratado do São José da Costa Rica.).
 CPC:
“Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar.
Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a intimação a que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência.
Art. 253. No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou à residência do citando a fim de realizar a diligência.
§ 1º Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias.
§ 2º A citação com hora certa será efetivada mesmo que a pessoa da família ou o vizinho que houver sido intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a receber o mandado.
§ 3º Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com qualquer pessoa da família ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.
§ 4º O oficial de justiça fará constar do mandado a advertência de que será nomeado curador especial se houver revelia.
Art. 254. Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência.
Art. 255. Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações, notificações, penhoras e quaisquer outros atos executivos.”
2) Citação por edital (Arts. 361 e 365 do CPP): A citação por edital ocorre quando o réu não é encontrado, devendo observar os Arts. 361 e 365 do CPP. A citação por meio de edital é publicada na imprensa e afixada na porta do fórum. Se o réu, através da citação por edital, tomar conhecimento do processo e constituir advogado para responder a acusação, o processo seguirá normalmente.
 Porém, se o réu citado por edital, não constituir advogado, observa-se o que determina o Art. 366 do CPP, ou seja, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, sendo certo que nos termos da Súmula 415 do STJ, o período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada. Sendo assim, se o réu é citado por edital por crime de roubo na sua forma simples e não constituir advogado para responder a acusação, ficarão suspensos o processo e o curso da prescrição, porém a prescrição somente ficará suspensa por 16 anos (Art. 109, II, do CP). Se o réu não aparecer após iniciar o curso da prescrição e no prazo de mais de 16 anos, estará extinta a sua punibilidade, nos termos do Art. 107, IV, do CP.
Obs.: I. Determina o Art. 366 do CPP que o Juiz pode determinar a produção antecipada de provas. Porém, entende o STJ, que não é justificativa para a determinação de prova antecipada o mero decurso do tempo, conforme Súmula 455.
- Revelia e seus efeitos (Art. 367 do CPP): No Processo Penal ocorre a revelia quando o réu, citado pessoalmente, deixar de apresentar resposta a acusação ou quando mudar de residência e não comunicar ao juízo seu novo endereço. A única consequência da revelia no Processo Penal é a desnecessidade de intimação do acusado para a prática dos demais atos processuais, existindo somente exceção para a intimação da Sentença (especialmente a Condenatória), pois no Processo Penal o réu tem legitimidade para interpor recurso de apelação. 
- Intimação e notificação:
· Intimação: É comunicação de ato processual já realizado, como por ex., intimação da Sentença.
· Notificação: É comunicação de ato processual a ser realizado, como por ex., notificação da testemunha para prestar depoimento na audiência.
 As formas de intimação estão previstas no Art. 370, ou seja, o advogado constituído é intimado através de publicação na imprensa (Art. 370, § 1º, do CPP), ao passo que os membros do MP e da Defensoria Pública são intimados pessoalmente (Art. 370, § 4º, do CPP).
- Contagem de prazo no Processo Penal (Art. 798, § 1º, do CPP e Súmula 710 do STF): O prazo no Processo Penal é contado observando o Art. 798, § 1º, do CPP, sendo certo que o prazo corre não em dias úteis, conforme no Processo Civil, valendo destacar que no Processo Penal o prazo é contado da data da intimação e não da juntada do mandado aos autos do processo, conforme Súmula 710 do STF. Se a intimação ocorrer em uma sexta-feira observa-se a Súmula 310 do STF.
· Procedimentos Comum – Ordinário – Sumário e Sumaríssimo:
- Processo e procedimento: Processo e procedimento são expressões que não se confundem. Processo é um instrumento pelo qual o Estado exerce a jurisdição, ao passo que, procedimento é o modo pelo qual os diversos atos se relacionam na série constitutiva do processo, ou seja, é o modo de como o processo se desenvolve.
O procedimento a ser adotado está previsto no Art. 394, § 1º do CPP. Quando o crime tem pena máxima privativa de liberdade igual ou superior a 4 anos, o procedimento será comum ordinário (Art. 394, § 1º, I do CPP). Quando a pena máxima em abstrato da pena privativa de liberdade for inferior a 4 anos, porém superior a 2 anos, o procedimento será o comum sumário (Art. 394, § 1º, II do CPP), pois quando o crime tiver privativa de liberdade de até 2 anos ou contravenção penal, independentemente da pena máxima, o procedimento adotado será o Sumaríssimo, previsto na Lei 9.099/95.
 Na hipótese de conexão de crimes, ou seja, dois ou mais crimes reunidos em um único processo com procedimentos distintos, prevalece o entendimento na doutrina e na jurisprudência que o procedimento adotado será aquele que possibilita ao réu maior ampla defesa, conforme já foi decidido no HC 117208 veiculado no informativo 374 da 6ª Turma do STJ.
Obs.: I. Deacordo com o Art. 394, § 4º do CPP, os Arts. 395, 396 e 397 (Art. 398 revogado), devem ser observados em todos os procedimentos penais de primeiro grau, exceto no procedimento Sumaríssimo, previsto na Lei 9.099/95.
- Casos em que o Juiz pode rejeitar a denúncia ou queixa: Oferecida a denúncia ou a queixa, o juiz pode rejeitar se a peça acusatória for manifestamente inepta, ou seja, inobservar o que determina o Art. 41 do CPP (Art. 395, I do CPP). É caso também de rejeição, da denúncia ou da queixa, quando faltar pressuposto processual, como por exemplo, litispendência, ou, faltar condição para o exercício da ação penal, como por exemplo, ilegitimidade de partes (Art. 395, II do CPP). A última hipótese de rejeição da denúncia ou da queixa é quando falta justa causa para a ação penal, ou seja, o suporte mínimo probatório de indício de autoria e materialidade do crime (Art. 395, III do CPP).
“Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
I - for manifestamente inepta;
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.”
 Não sendo caso de rejeição da denúncia ou da queixa, o juiz, nos termos do Art. 396 do CPP, recebe a peça acusatória e determina a citação do acusado para responder à acusação no prazo de 10 dias. 
Obs.: I. No confronto entre os Art. 396 e 399 do CPP, pode parecer que existem dois momentos para o recebimento da denúncia ou da queixa. Em que pese, divergência doutrinária, prevalece o entendimento de que o momento do recebimento da denúncia é o da fase do Art. 396 do CPP, como já entendeu o STJ no HC 138089 da 5ª Turma.
 Na resposta à acusação, deve a defesa observar o que determina o Art. 396-A do CPP, pois a partir da vigência da Lei 11.719/08, é possível no processo penal o julgamento antecipado do processo, ou seja, absolvição sumária nos termos do Art. 397 do CPP.
- Absolvição Sumária: De acordo com o Art. 397 do CPP, é possível a absolvição sumária, quando o juiz reconhecer a existência de excludente de ilicitude, como por exemplo, reconhece que o réu agiu em legítima defesa, quando o juiz reconhecer causa que exclui a culpabilidade, como por exemplo, coação moral irresistível, porém, salvo a inimputabilidade do doente mental, pois nesta hipótese é necessária a instrução processual para que o juiz profira sentença absolutória imprópria, nos termos do Art. 386, § Ú, III do CPP. Será caso também de absolvição sumária, quando fato imputado não constituir crime, como por exemplo, o dano culposo que não é crime no código penal comum. Assim como também é causa de absolvição sumária, quando o juiz reconhece extinta a punibilidade do agente, vale dizer, quando reconhece por exemplo, a prescrição.
“Art. 397. Após o cumprimento do disposto no Art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade;
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou
IV - extinta a punibilidade do agente.”
- Audiência de Instrução e Julgamento: Não sendo caso de absolvição sumária, o juiz designa data para a audiência de instrução e julgamento, nos termos do Art. 399 do CPP, devendo nesta audiência observar o que determina o Art. 400 do CPP, valendo destacar que na audiência de instrução e julgamento não pode ocorrer inversão da ordem de inquirição das testemunhas, ou seja, primeiro ouve-se as testemunhas de acusação e depois as testemunhas arroladas pelas defesa, sob pena de nulidade dessa audiência por violação ao devido processo legal.
 Após a audiência de instrução e julgamento, nos termos do Art. 400 do CPP, é possível requerimento de diligências nos termos do Art. 402 do CPP, desde que exista circunstâncias ou fatos que foram apurados na audiência de instrução e julgamento.
 Não havendo requerimento de diligências ou o juiz indeferindo o pedido, observa-se o Art. 403 do CPP, ou seja, passa para a fase das alegações finais orais. Conforme o Art. 403, § 3º do CPP, é possível alegações finais por escrito que tem o nome de memoriais, sendo certo que nas alegações finais, primeiro se manifesta a acusação e depois a defesa, seja alegações finais orais ou por escrito.
Obs.: I. Para o STF, a falta de alegações finais por parte da defesa é causa de nulidade absoluta, conforme decisão no HC 95667.
 II. Na ação penal de iniciativa privada, deve o querelante pedir expressamente nas alegações finais, a condenação do querelado, conforme o Art. 60, III do CPP, sob pena de perempção, que é causa extintiva da punibilidade, conforme Art. 107, IV do CP.
- Procedimento Comum Sumário (Art. 531 a 538 do CPP): Esse procedimento é basicamente idêntico ao procedimento comum ordinário, havendo pequenas diferenças a partir da audiência de instrução e julgamento.
A primeira diferença está no prazo para a audiência de instrução e julgamento, pois no procedimento ordinário, o prazo é de 60 dias (Art. 400 do CPP), já no procedimento sumário, o prazo é de 30 dias (Art. 531 do CPP).
 A segunda diferença está no número legal de testemunhas arroladas por cada parte, pois no procedimento ordinário, cada parte pode arrolar até 8 testemunhas (Art. 401 do CPP), já no procedimento sumário, cada parte pode arrolar até 5 testemunhas (Art. 532 do CPP).
 A terceira diferença está na possibilidade de requerimento de diligências após a audiência de instrução e julgamento, uma vez que existe previsão legal no procedimento ordinário (Art. 402 do CPP), não existindo previsão legal de diligências no procedimento sumário.
 A quarta diferença está nas alegações finais, pois é possível no procedimento ordinário, alegações finais orais ou por escrito (Art. 403, caput e § 3º do CPP), ao passo que, no procedimento sumário, só existe previsão legal de alegações finais orais, conforme se verifica do Art. 534 do CPP.
“Art. 534. As alegações finais serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.”
- Procedimento Sumaríssimo – Lei 9.099/95 (Arts. 60 e seguintes): O juizado especial tem fundamento na Constituição Federal, conforme se verifica do Art. 98, I. Nesse sentido, parte da doutrina sustenta que a competência do juizado especial criminal é uma competência constitucional, porém a Lei 9.099/95 no Art. 66, § Ú e no Art. 77, § 2º determina a remessa do procedimento para o juiz comum. Logo, se a competência do juizado fosse realmente constitucional, esses dispositivos legais seriam inconstitucionais, daí existir corrente doutrinária sustentando que a competência do juizado especial criminal, não ser de competência constitucional.
“Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado.
 Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis.
 § 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz oencaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei.”
 A constituição fala da infração penal de menor potencial ofensivo (Art. 98, I da CRFB/88). De acordo com o Art. 61 da Lei 9.099/95, infração penal de menor potencial ofensivo é todo crime cuja pena máxima não ultrapasse 2 anos, assim como, toda contravenção penal, independentemente da pena máxima. A Lei 9.099/95 somente é afastada na hipótese de crimes militares (Art. 90-A da Lei 9.099/95) e na hipótese de incidência da Lei Maria da Penha (11.340/06), por força do Art. 41.
“Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar. (Artigo incluído pela Lei nº 9.839, de 27.9.1999)” 
“Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.”
· Institutos Despenalizadores: A Lei 9.099/95 trouxe 4 institutos despenalizadores, ou seja, a Composição Civil dos Danos (Art. 74), a Transação Penal (Art. 76), a representação nos crimes de Lesão Corporal Leve e Lesão Corporal Culposa (Art. 88) e a Suspensão Condicional do Processo (Art. 89).
 “Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.
 Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.
 Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
 § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
 § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
 I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;
 II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
 III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
 § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz.
 § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
 § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
 § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.
 Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
 Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
 § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
 I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
 II - proibição de frequentar determinados lugares;
 III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
 IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
 § 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
 § 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
 § 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.
 § 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.
 § 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.
 § 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.”
ATENÇÃO!!! Na hipótese de Lesão Corporal Leve ou Culposa com a incidência da Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha), a Ação é Pública Incondicionada por força de decisão do Supremo na ADIN 4424 e na ADC 19.
 Ocorrendo infração de menor potencial ofensivo, a autoridade policial, tomando conhecimento do fato, lavra termo circunstanciado e encaminha todos os envolvidos para o juizado especial criminal, conforme o Art. 69, caput da Lei 9.099/95.
“Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.”
 Não sendo possível o encaminhamento de todos os envolvidos para o juizado especial e o autor do fato assumindo o compromisso de comparecer ao juizado, o delegado de polícia não lavra o Auto de Prisão em Flagrante e não arbitra fiança, conforme o Art. 69, § Ú da Lei 9.099/95.
“Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. (Redação dada pela Lei nº 10.455, de 13.5.2002)”
 Ocorrendo fato criminoso, a autoridade policial lavra o termo circunstanciado e encaminha todos os envolvidos para o JECRIM. No procedimento do juizado especial, necessariamente, haverá audiência preliminar (audiência de conciliação) para oportunizar aos envolvidos a aplicação de algum instituto despenalizador.
 Na audiência preliminar pode ocorrer a composição civil dos danos entre o autor do fato e a vítima, e nos termos do Art. 64, caput da Lei 9.099/95, o acordo civil será reduzido a escrito e homologado pelo juiz mediante sentença irrecorrível, sendo certo que tal sentença tem eficácia de título executivo.
“Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da semana, conforme dispuserem as normas de organização judiciária.”
 Se o crime praticado pelo autor do fato for perseguido mediante Ação Penal Pública Condicionada a Representação ou Ação Penal Pública de Iniciativa Privada, a composição dos danos acarreta renúncia ao direito de representação ou renúncia ao direito de queixa, conforme o Art. 74, § Ú da Lei 9.099/95, ensejando, portanto, extinção da punibilidade.
“Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficáciade título a ser executado no juízo civil competente.
 Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.”
ATENÇÃO!!! De acordo com a Lei 9.099/95, a composição civil dos danos, só tem consequência jurídica na Ação Penal Pública Condicionada a Representação e na Ação Penal de Iniciativa Privada.
 Sendo assim, se o crime for perseguido mediante Ação Penal Pública Incondicionada, a composição civil dos danos entre o autor do fato e a vítima não gera nenhuma consequência jurídica.
 Na audiência preliminar, não sendo possível a composição civil dos danos entre o autor dos fatos e a vítima observa-se o que determina o Art. 76 da Lei 9.099/95, ou seja, o Ministério Público pode propor ao autor do fato uma transação penal que consiste em aplicação imediata de uma Pena Restritiva de Direitos ou Pena de Multa.
“Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
 § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
 § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
 I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;
 II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
 III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
 § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz.
 § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
 § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
 § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.
O autor do fato aceitando a transação penal e cumprindo o acordo estará extinta a sua punibilidade, porém aceitando a transação penal e não cumprido o acordo, ou não aceitando a transação penal, o procedimento observa o que determina o Art. 77 da Lei 9099/95.
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis.
 § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.
 § 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei.
 § 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei.”
ATENÇÃO!!! Se o autor do fato aceitar a transação penal e não cumprir o que ficou estabelecido no acordo, o Ministério Público observa o que determina a Súmula Vinculante 35 do STF.
“A homologação da transação penal prevista no art. 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.”
 Súmula Vinculante 35/STF-SVI - 24/04/2014. Recurso extraordinário. Repercussão geral. Juizado especial criminal. Ação penal. Transação penal. Condições não cumpridas. Propositura de ação penal. Possibilidade. Jurisprudência reafirmada. Repercussão geral reconhecida. Recurso extraordinário improvido. CPC/1973, Art. 543-B, § 3º. Lei 9.099/1995, Art. 76. CF/88, art. 5º, XL, LIV e LXVIII.
 De acordo com a Lei 9.099/95, não existe possibilidade de transação penal na Ação Penal de Iniciativa Privada, porém para a jurisprudência do STJ é possível transação penal na Ação Penal Privada, desde que o querelante faça a proposta, conforme decisão no Agravo Regimental no Resp. 1356229.
 Ainda na audiência preliminar, não sendo possível o acordo civil e a transação penal, observa-se o Art. 77 da Lei 9.099/95, ou seja, o MP oferece denúncia oral (Art. 77, caput) ou o querelante oferece queixa oral (Art. 77, § 3º). Com o oferecimento da denúncia ou da queixa na forma oral, o juiz, nos termos do Art. 78 da Lei 9.099/95, reduz a termo a denúncia ou a queixa, entregando ao acusado cópia que ficará citado e cientificado da designação da audiência de instrução e julgamento.
“Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará citado e imediatamente cientificado da designação de dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, da qual também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados.
 § 1º Se o acusado não estiver presente, será citado na forma dos Arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data da audiência de instrução e julgamento, devendo a ela trazer suas testemunhas ou apresentar requerimento para intimação, no mínimo cinco dias antes de sua realização.
 § 2º Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, serão intimados nos termos do art. 67 desta Lei para comparecerem à audiência de instrução e julgamento.
 § 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na forma prevista no art. 67 desta Lei.”
 Na data designada da audiência de instrução e julgamento, o juiz observa o Art. 81 da Lei 9.099/95, ou seja, abre a audiência e concede a palavra para a defesa responder à acusação oralmente. Após a realização da defesa oral, o juiz decide se rejeita ou recebe a denúncia ou a queixa. Rejeitando a denúncia ou a queixa, prolata sentença terminativa, porém recebendo a denúncia ou a queixa, observa o que determina a segunda parte do Art. 81, finalizando o procedimento Sumaríssimo com sentença de mérito.
“Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença.
 § 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.
 § 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença.
 § 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do Juiz.”
· Procedimentos Especiais:
“Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as erequerendo sua intimação, quando necessário. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2º Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
IV - extinta a punibilidade do agente. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).”
- Procedimento dos Crimes Praticados por Funcionário Público (Art. 513 a 518 do CPP): O procedimento especial dos crimes praticados por funcionário público, somente é observado quando o funcionário público não tem foro por prerrogativa de função e comete um dos crimes previstos nos Arts. 312 a 327 do CP (Peculato; Peculato culposo; Peculato mediante erro de outrem; Inserção de dados falsos em sistema de informações; Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações; Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento; Emprego irregular de verbas ou rendas públicas; Concussão; Corrupção passiva; Facilitação de contrabando ou descaminho; Prevaricação; Condescendência criminosa; Advocacia administrativa; Violência arbitrária; Abandono de função; Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado; Violação de sigilo funcional; Violação do sigilo de proposta de concorrência; Funcionário público).
 Na hipótese de coautoria ente o funcionário público e o particular, o procedimento especial, somente é aplicado para o funcionário público, conforme já decidiu o STJ por meio do HC 79220 da 5ª Turma.
 A especialidade do procedimento dos crimes praticados por funcionário público está prevista no Art. 514 do CPP, ou seja, com o oferecimento da denúncia, o juiz antes de recebê-la notifica o acusado para apresentar resposta preliminar no prazo de 15 dias.
 Após o oferecimento dessa resposta preliminar, o juiz decide se é caso ou não de recebimento da denúncia e, recebendo a peça acusatória, observa o procedimento comum, verificando a possibilidade de absolvição sumária e, posteriormente, designando audiência de instrução e julgamento.
 ATENÇÃO!!!! De acordo com o STJ, não há que se falar em oferecimento de nova defesa após o recebimento da denúncia, nos termos do Art. 396-A do CPP, pois não é viável, como também, desnecessária, a mescla dos ritos ordinários e dos crimes praticados por funcionário público, uma vez que, já foi apresentada defesa preliminar, nos termos do Art. 514 do CPP, conforme já ficou decidido no HC 334868 do STJ.
ATENÇÃO!!!! De acordo com a Súmula 330 do STJ é dispensada a notificação prévia quando a denúncia está apoiada em inquérito policial, porém para o STF, a notificação prévia não é dispensada quando a denúncia é apoiada em inquérito policial, conforme se verifica no HC 89686, informativo 471, 1ª Turma.
- Procedimentos dos Crimes Contra a Honra (Art. 519 a 523 do CPP): O procedimento especial dos crimes contra a honra ficou esvaziado após a vigência da Lei 9.099/95 e suas alterações legislativas, pois os crimes de calúnia (Art. 138 do CP), difamação (Art. 139 do CP) e injúria (Art. 140 do CP), são crimes de menor potencial ofensivo que devem observar o procedimento Sumaríssimo. Portanto, somente no caso de o crime contra a honra ultrapassar o limite da pena máxima de dois anos é que se observa o procedimento especial do CPP.
 A especialidade do procedimento dos crimes contra a honra está prevista no Art. 520 do CPP, ou seja, após o oferecimento da queixa, o juiz antes de recebê-la designa audiência de conciliação entre querelante e querelado, e, não ocorrendo a conciliação, decide pelo recebimento ou não da queixa.
 Decidindo que é caso de recebimento da queixa, determina a citação do acusado para responder à acusação, nos termos do Art. 396 do CPP, observando a partir daí o procedimento comum.
 ATENÇÃO!!!! Para a doutrina majoritária, a audiência de conciliação do Art. 520 do CPP, tem natureza jurídica de condição de prosseguibilidade.
 Na audiência de conciliação, do Art. 520 do CPP, a ausência injustificada do querelante e do querelado enseja controvérsia. A ausência injustificada do querelante, para a doutrina minoritária, enseja perempção e, nesse sentido, estará extinta a punibilidade do querelado, nos termos do Art. 107, IV do CP. Para a doutrina majoritária, assim como, para os tribunais superiores, a ausência injustificada do querelante não enseja perempção, uma vez que, ainda não houve recebimento da queixa e a ausência do querelante somente demonstra que não existe interesse em conciliação, conforme já decidiu o STJ no AgRg no Resp. 1670607, como também, já entendeu o STF no HC 86942.
 A ausência injustificada do querelado, para a doutrina majoritária, não gera nenhuma consequência jurídica, uma vez que demonstra desinteresse em reconciliação, devendo o juiz decidir, se é caso ou não de recebimento da queixa. Porém, a doutrina minoritária, entende que o juiz pode determinar a condução coercitiva do querelado para a audiência de conciliação, nos termos do Art. 260 do CPP.
- Procedimento dos Crimes da Lei de Drogas (Lei 11.343/06): Na hipótese dos crimes dos Arts. 28, 33, § 3º e 38 da referida Lei, observa-se o Procedimento Sumaríssimo, pois são infrações de menor ofensivo.
 Ocorrendo crime da Lei de Drogas e o Ministério Público oferecendo denúncia, o juiz notifica o acusado para oferecer defesa prévia, no prazo de 10 dias, conforme o Art. 55 da referida lei. Após a apresentação da defesa prévia, o juiz decide se recebe ou não a denúncia e, recebendo a peça acusatória, designa audiência de instrução e julgamento, nos termos do Art. 56 da Lei de Drogas.
 Na audiência de instrução e julgamento, o juiz observa o Art. 57 da Lei de Drogas e encerrado os debates profere a sentença, nos moldes do Art. 58 da referida lei.
 ATENÇÃO!!!! Para parte da doutrina, o Art. 55 da Lei de Drogas está revogado pelo Art. 394, § 4º do CPP e, nesse sentido, com o oferecimento da denúncia, o juiz, se não for caso de rejeição, recebe a peça acusatória e determina a citação do acusado para responder à acusação, no prazo de 10 dias.
 ATENÇÃO!!!! Para outra parte da doutrina, na hipótese de crime da Lei de Drogas, deve ser observado o princípio da especialidade devendo observar integralmente o procedimento previsto na referida lei.
 ATENÇÃO!!!! O Art. 57 da Lei de Drogas, dispõe que, primeiro, o réu será interrogado e depois haverá inquirição das testemunhas. Porém, o STF decidiu a partir do HC 127900 que a norma do Art. 400 do CPP, será adotada em todos os casos de processos em primeira instância. Nesse sentido, no crime de tráficos de drogas, o interrogatório é o último ato da instrução processual.
· Procedimento do Tribunal do Júri em sua Primeira Fase:
 O Tribunal do Júri tem fundamento na Constituição Federal, no Art. 5º, XXXVIII e, está assegurado ao acusado a plenitude de defesa, pois no Tribunal do Júri, o julgamento é realizado por juízes leigos.
 Também é assegurado ao acusado o sigilo das votações e, a partir da vigência da Lei 11.689/08, a resposta negativa ou afirmativa de quatro jurados pode encerrar o processo com absolvição ou condenação.
 No Júri, há soberania dos vereditos, ou seja, na hipótese de sentença de mérito e eventual recurso de apelação, o Tribunal de Justiça acolhendo a pretensão recursal, somente poderá cassar a sentença e determinar que o réu seja novamente julgado, pelo Tribunaldo Júri.
 O Tribunal do Júri tem competência para julgar os crimes dolosos contra a vida, ou seja, os crimes dos Arts. 121 a 127 do CP (Homicídio culposo; Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação; Infanticídio; Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento; Aborto provocado por terceiro e sua Forma Qualificada).
 Ocorrendo crime doloso contra a vida e o Ministério Público oferecendo denúncia, o juiz verifica se é caso de rejeição da peça acusatória, nos termos do Art. 395 do CPP.
 Não sendo caso de rejeição, o juiz recebe a denúncia e ordena a citação do acusado para responder à acusação, no prazo de 10 dias, conforme Art. 406, caput, do CPP.
 Na resposta à acusação, a defesa observa o que determina os Arts. 406, § 3º e 407 do CPP.
 Se, na resposta à acusação, a defesa seguir preliminares ou juntar documentos, o juiz deverá abrir vista ao Ministério Público para se manifestar em réplica, conforme Art. 409, do CPP. Valendo destacar que, se com a resposta à acusação, a defesa não arguir preliminares ou não juntar documentos, o Ministério Público não se manifesta em réplica.
ATENÇÃO!!!! Em qualquer procedimento de 1ª instância, com exceção do Procedimento Sumaríssimo, após a resposta à acusação, o juiz verifica a possibilidade de absolvição sumária, nos termos do Art. 397, do CPP. Existe controvérsia doutrinária sobre a aplicação ou não do Art. 397, do CPP, na primeira fase do Tribunal do Júri. Para o professor Gustavo Badaró, é perfeitamente possível aplicar o Art. 397, do CPP, sob pena de prolongamento desnecessário do procedimento. Porém, para o professor Norberto Avena, não é possível aplicar o Art. 397, do CPP, pois no procedimento, da primeira fase do Tribunal do Júri, a absolvição sumária é regulada pelo Art. 415, do CPP, sendo certo que, este último entendimento, já foi acolhido pelo STJ, na decisão do recurso em habeas corpus n° 68765.
 Apresentada a resposta à acusação e, com ou sem a manifestação em réplica do Ministério Público, o juiz designa audiência de instrução e julgamento, nos termos do Art. 411, do CPP e, encerrado os debates conforme o § 9° do referido artigo, o juiz proferirá uma de quatro decisões possíveis.
 Se, ao final da instrução processual, o juiz entender que existem indícios de autoria e materialidade de crime doloso contra a vida, pronunciará o acusado conforme o Art. 413, do CPP. A decisão de pronúncia é uma decisão interlocutória mista, e determina que o réu seja submetido ao julgamento pelo Tribunal do Júri, sendo certo que, da decisão de pronúncia, cabe Recurso Em Sentindo Estrito (RESE), conforme Art. 581, V, do CPP.
 Se, ao final da instrução processual, o juiz não se convencer da materialidade do fato ou da existência de indícios de autoria, impronunciará o réu, nos termos do Art. 414, do CPP. A Impronúncia é uma sentença terminativa, pois encerra o processo sem julgamento do mérito, sendo certo que, cabe recurso de apelação da sentença de impronúncia, conforme Art. 416, do CPP. A decisão de impronúncia transitada em julgado, não faz coisa julgada material, tendo em vista o que determina o Art. 414, parágrafo único, do CPP. 
 ATENÇÃO!!!! A doutrina fala na expressão Despronúncia, isto é, trata-se de uma expressão que não está prevista no CPP. Ocorre a despronúncia quando, o juiz pronunciar o acusado e, após a interposição do Recurso Em Sentido Estrito (RESE - Art. 581, IV do CPP) se retratar dessa decisão, conforme Art. 589, do CPP, ou, se após a interposição do recurso em sentido estrito, o juiz mantiver essa decisão e o tribunal de justiça acolher a pretensão recursal. Em ambas as hipóteses, como já houve decisão de pronúncia, ocorrerá a despronúncia. Valendo destacar que, a despronúncia tem a mesma consequência jurídica da impronúncia.
- Absolvição Sumária: Se, ao final da instrução processual, se o juiz reconhecer qualquer inciso do Art. 415, do CPP, absolverá sumariamente o acusado. A sentença de absolvição sumária é sentença de mérito e, uma vez transitada em julgado, faz coisa julgada material, sendo certo que, dessa sentença cabe recurso de apelação, conforme Art. 416 do CPP.
 Se, ao final da instrução processual, o juiz entender que o fato imputado não é crime doloso contra a vida, irá desclassificar a conduta e, se não for o juiz competente, remeterá os autos ao juiz que o seja, conforme Art. 419, do CPP. Da decisão desclassificação própria, cabe recurso em sentido estrito, nos termos do Art. 581, II do CPP, pois com a decisão de Desclassificação Própria, o juiz reconhece a incompetência do Tribunal do Júri para julgar o caso criminal.
· Procedimento do Tribunal do Júri em sua Segunda Fase – Fase no Plenário do Júri:
- Só terá 2ª fase se houver a Decisão de Pronúncia (Arts. 421, 422, 423 do CPP).
ATENÇÃO!!!! Somente ocorre a segunda fase do procedimento quando o juiz PRONUNCIA o acusado, nos termos do Art. 413 do CPP e essa Decisão de Pronúncia estiver PRECLUSA, nos termos do Art. 421 do CPP.
- Desaforamento (Art. 427 do CPP): O desaforamento consiste no deslocamento da competência de uma comarca para outra, para que nesta seja realizado o julgamento pelo Tribunal do Júri, nas hipóteses previstas no caput do Art. 427 CPP, que são: em caso de interesse da ordem pública ou havendo dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado.
- Sorteio dos jurados para reunião periódica (Art. 432 do CPP).
1) Relatório do processo realizado pelo Juiz para inclusão na pauta (Art. 423, II, do CPP).
2) Instalação da sessão de julgamento, com um juiz togado, e 25 jurados. No mínimo para instalação deve ter presente 15 jurados (Art. 447 c/c 463, caput, do CPP).
Obs.: I. Há a possibilidade, segundo Jurisprudência, de forma majoritária, a figura do “Jurado Emprestado”.
3) Verificação do comparecimento das partes (Art. 455 a 457 do CPP).
4) Colocação das testemunhas, tanto acusação quanto defesa em salas próprias e devendo permanecerem incomunicáveis (Art. 460 do CPP).
5) Antes da formação do conselho de sentença, o juiz deverá advertir os jurados sobre as causas de impedimento e suspeição, bem como, o dever de permanecerem incomunicáveis (Art. 466 do CPP).
6) Sorteio do conselho de sentença, que será composto por sete jurados. As partes, tanto Defesa quanto Acusação, podem recusar imotivadamente até 03 três testemunhas (Art. 467 e 468 do CPP).
7) Juramento solene, todos deverão ficar em pé (Art. 472 do CPP).
8) Colhem-se as declarações do ofendido, se estiver presente (Art. 473 do CPP).
9) Ouvem-se as testemunhas de acusação (Art. 473 do CPP).
10) Ouvem-se as testemunhas de defesa (Art. 473, § 1º, do CPP).
11) Acareações e/ou leitura de peças (Art. 473, § 3º, do CPP).
12) Interrogatório do réu, na forma do 185 e 186 (Art. 474 do CPP).
13) Sustentação oral (acusação) uma hora e meia e depois defesa pelo mesmo período (Art. 477 do CPP).
14) Réplica (acusação) por uma hora (discricionariedade da acusação). Neste caso, havendo réplica da acusação a defesa pode fazer uso da tréplica pelo mesmo período (Art. 477 do CPP).
15) Final dos debates, o juiz deve perguntar aos jurados se estão habilitados a julgar (Art. 480, § 1º, do CPP).
16) Prestado os eventuais esclarecimentos, passa-se a leitura e explicação dos quesitos, indagando se as partes possuem algum requerimento ou reclamação a fazer (Art. 480, § 2º c/c Art. 484 do CPP).
17) Na sala especial, reúnem-se o juiz, o Ministério Público, o Defensor, os jurados, acompanhados pelo escrivão e oficial de justiça (Art. 485 do CPP).
18) Votação e decisão, por maioria de votos, sem a divulgação completa da apuração (Art. 486 e seguintes do CPP).
19) Sentença do juiz, a ser lida e publicada em plenário e publicada em plenário (Art. 492 do CPP).
20) Elaboração da ata (Art.495 do CPP).

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