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Alterações no TGI infantil

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Laís Kemelly 
UNIME – 2020.1 
Introdução 
No período intra-uterino o feto é “alimentado” 
através da circulação placentária Os 
substratos são utilizados da seguinte forma: 
Glicose → fonte de energia 
Aminoácidos → síntese proteica 
Como todas as necessidades metabólicas do 
feto são supridas pela placenta, ele não 
precisa ingerir, digerir ou absorver alimentos. 
Nas últimas fases da gestação, o feto 
apresenta movimentos de deglutição e ingere 
líquido amniótico, sem significado nutricional, 
embora importantes para o desenvolvimento 
anatômico e funcional do sistema 
gastrointestinal fetal. 
Quando o bebê nasce, acaba a vida mansa e 
ele passa a se alimentar, digerir e absorver 
nutrientes sozinho. No entanto, seu TGI ainda 
não está fisiologicamente maduro. 
Existem algumas limitações no que diz 
respeito à absorção de alguns nutrientes, o 
que justifica a manutenção da alimentação 
exclusiva pelo leite materno até os 6 
meses. A partir daí, a introdução alimentar é 
iniciada de forma gradual (gradual como? não 
sei. isso é coisa do resumo de outra pessoa) 
Boca 
O lactente possui lábios adaptados para a 
pega da mama, com um contorno semelhante 
a um triângulo. 
A amamentação 
constante após o 
nascimento forma uma 
proeminência na linha 
média do lábio superior, 
denominada de calo da 
amamentação. 
 
Existe a presença de um 
cordão fibroso e flácido 
na genviva superior e 
inferior, conhecido como 
cordão fibroso de 
Robin e Magitot, que 
auxilia durante a sucção 
vedando os maxilares, mas desaparece 
quando os dentes decíduos começam a entrar 
em erupção. 
A estrutura da sua cavidade oral é 
morfologicamente diferente: o palato mole é 
proporcionalmente maior. 
Além disso, a estimulação exterior resulta nos 
reflexos de alimentação que o neonato 
apresenta, sendo eles: 
• Reflexo de procura: o toque da pele 
perioral promove o movimento da 
cabeça em direção ao estímulo com 
abertura da boca e tentativa de sucção. 
“É desencadeado por estimulação da face ao 
redor da boca. Observa-se rotação da cabeça na 
tentativa de “buscar” o objeto, seguido de sucção 
reflexa do mesmo.” 
• Reflexo de sucção 
• Reflexo de deglutição 
Esses dois últimos tornam-se voluntários a 
partir dos 4 meses. 
O bebê é capaz de engolir e respirar ao 
mesmo tempo por cerca de 5 a 10 minutos. 
Também existem os reflexos de proteção da 
alimentação, que são o vômito e a 
mastigação. Dessa forma, o bebê aceita 
determinados alimentos a depender da sua 
idade. 
• 0 – 4 meses: rejeita semi-sólidos e 
sólidos (dieta exclusivamente líquida) 
• 4 – 6 meses: rejeita sólidos 
• 7 – 9 meses: movimentos rítmicos de 
mordida e erupção da dentição. 
 
Laís Kemelly 
UNIME – 2020.1 
Digestão de Carboidratos 
No caso dos bebês, a digestão não inicia na 
boca. A amilase salivar é produzida, mas não 
há digestão de carboidratos na boca ou 
esôfago durante os primeiros meses. 
Polissacarídeos 
Digeridos principalmente no intestino 
delgado proximal, hidrolisados em mono e 
dissacarídeos pelas enzimas: 
Delta-amilases → produzida pelo pâncreas 
Dissacaridase → produzida pela m. intestinal 
Glicoamilase → produzida pela m.intestinal 
Obs: a digestão de amido é muito baixa 
antes dos 6 meses e praticamente nula 
antes dos 3! 
A amilase pancreática começa a ser 
secretada no 3º mês de vida em níveis muito 
baixos, que só começam a aumentar a partir 
do 6º. Ainda assim, sua atividade só 
corresponde a 10% em comparação a um 
adulto. 
Então qual a principal enzima envolvida na 
digestão de polissacarídeos no bebê? A 
glicoamilase. 
Assim como a amilase pancreática, sua 
secreção é iniciada no 3º mês. Existem 
evidências de bebês que produzem 
glicoamilase antes desse período, ativada 
pela presença de substâncias ou substratos 
sob os quais age. Ou seja, por exposição 
precoce do bebê a polissacarídeos. 
Bebês que recebem alimento com amido têm 
maior frequência de distúrbios 
gastrintestinais, principalmente diarreias, já 
que é necessário um processo de adaptação 
para um bebê com menos de 6 meses 
conseguir digerir amido. 
 
 
 
Dissacarídeos 
A capacidade de digestão dessas moléculas 
já é total no RN, sendo que as enzimas 
necessárias para essa atividade já se 
encontram presentes na mesma proporção de 
crianças mais velhas. Assim, a digestão e uso 
de açúcares do leite pode ser realizada. 
Delta-glicosidases → hidrolisam sacarose e 
maltose 
Beta galactosidades → hidrolisam lactose 
Digestão de Proteínas 
Pouca parcela da digestão proteica acontece 
no estômago. Embora esse órgão já tenha 
suas funções secretoras bem desenvolvidas, 
as concentrações de ácido clorídrico e 
pepsinas são pequenas e aumentam 
progressivamente. 
A digestão de proteínas acontece 
principalmente no intestino delgado, onde 
a atividade proteolítica do bebê tem a mesma 
intensidade da do adulto. Embora o bebê 
possa ter dificuldades em digerir proteínas 
que necessitem da atividade gástrica para 
iniciar o processo (ex., caseína), sua 
capacidade de digerir proteínas já é 
totalmente desenvolvida ao nascer. 
A liberação de enteroquinase pela mucosa 
intestinal induz a ação das enzimas 
pancreáticas (tripsina, quimiotripsina, elastase, 
carboxipeptidases), formando aminoácidos e 
oligopeptídeos. 
Porém, existe uma particularidade em relação 
a permeabilidade da mucosa intestinal. No 
bebê, grandes moléculas ainda atravessam 
essa mucosa, pois existem junções “com 
extravasamento” entre os enterócitos. 
 
Laís Kemelly 
UNIME – 2020.1 
 
Isso é um intestino adulto, com as zonas de 
oclusão bem juntinhas. No RN, existe um 
espaço maior entre cada célula, o que permite 
a passagem de moléculas maiores. 
Essas moléculas grandes, ao serem 
absorvidas, podem atuar como antígenos e 
induzir o desenvolvimento de alergias (um dos 
mecanismos pelos quais desenvolvem-se as 
reações alérgicas ao leite de vaca). 
 
Digestão de Gorduras 
Cerca de 40 – 50% da energia do leite 
humano está na forma de gordura, 
evidenciando a importância de um 
metabolismo voltado para sua digestão. 
Em crianças maiores e adultos, as gorduras 
são inicialmente hidrolisadas no intestino 
delgado, principalmente pela ação das 
lipases pancreáticas. Os produtos da lipólise 
são solubilizados pela ação dos sais biliares, 
produzidos pelos hepatócitos. 
No recém-nascido a termo, tanto a função 
pancreática quando a hepática ainda não está 
bem desenvolvida, tornando a quantidade de 
lipases pancreáticas e sais biliares menor. 
Então, como mecanismos adaptativos, a 
lipólise nos RN’s é realizada pela ação de 
lipases linguais e lipases presentes no leite 
humano. 
As lipases linguais são secretadas pelas 
papilas da parte posterior da língua e atuam 
no estômago. Os produtos da lipólise (ácidos 
graxos e monoglicerídios) contribuem na 
emulsificação, compensando a baixa 
concentração de sais biliares. 
Esse mecanismo de lipólise pré-duodenal pe 
completado pela lipase do leite materno, que 
é estimulada pelos sais biliares e aumenta a 
ação da lipase pancreática (mesmo em sua 
baixa concentração). 
Além de ser importante para a digestão e 
absorção de gorduras, também possui 
atividade de esterase (catalisa a hidrólise de 
ésteres), vital para o uso da vitamina A do 
leite, que é encontrada sob a forma de éster 
de retinol. 
Obs: esses mecanismos compensatórios 
para a utilização de gorduras são menos 
eficientes quando se introduz gordura de leite 
de vaca ou outra na dieta. 
 
Digestão de vitaminas e 
minerais 
A absorção de vitaminas lipossolúveis (D, E, 
K, A) está ligada à absorção de gorduras. 
A absorção de ferro é maior em bebês do que 
em crianças e adultos e está relacionada com 
a maior necessidade de minerais no início da 
vida. 
A biodisponibilidade de ferro é muito 
maior no leite materno do que no leite 
de vaca. 
A permeabilidade da mucosa intestinal à águae eletrólitos é maior na infância.

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