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MEDICINA DA FAMÍLIA JUAN FOGLI E BIA ZUCCOLO ALEXANDRE SEMIOLOGIA GINECOLÓGICA E OBSTÉTRICA ANAMNESE 1) Identificação • Idade, cor, raça • Estado civil • Profissão • Naturalidade e procedência • Religião 2) Queixa principal 3) HPMA • Queixas mais comuns - Dor - Sangramento - Corrimento (mais comum) 4) Antecedentes familiares • História de câncer ginecológico: útero, ovário, mama e colo • Diabetes melito e hipertensão • Patologias da tireoide: hipotireoidismo 5) Antecedentes pessoais • Doenças da infância 6) Propedêutica ginecológica • Antecedentes ginecológicos - Menarca - Número de gestações - Paridade - Caracteres sexuais - DUM (data da última menstruação) – antecedentes menstruais - Menopausa: >1 ano sem menstruar Primeira HD para atraso de menstruação em idade fértil: gravidez → confirmar com β-HCG EXAME FÍSICO GERAL • Aferição da PA • Ausculta pulmonar • Ausculta cardíaca • Pulso • Temperatura EXAME FÍSICO DAS MAMAS • Inspeção – realizada com a paciente sentada - Estática - Dinâmica • Palpação das mamas – realizada com a paciente deitada • Palpação das axilas – palpação de linfonodos, realizada com a paciente sentada • Palpação das fossas supraclaviculares e infraclaviculares – Palpação de linfonodos, realizada com a paciente sentada. • Expressão mamilar – realizada com a paciente deitada. INSPEÇÃO ESTÁTICA Paciente ereta ou sentada, com os membros superiores relaxados ao longo do tronco. Avental aberto na frente. Nunca deixar a paciente totalmente despida. Observar: • Número de mamas • Tamanho • Simetria ou assimetria • Forma: cônica ou pêndula • Hiperemia: inflamação ou carcinoma • Morfologia da papila (protruso, plano ou invertido) • Corpo estranho: piercings • Ginecomastia: desenvolvimento de glândula mamária em homens • Abscessos: drenar o líquido purulento • Úlcera INSPEÇÃO DINÂMICA A inspeção dinâmica consiste em movimentos que evidenciam alterações não visualizadas na inspeção estática (sensibilização do exame estático), como retrações e abaulamentos. A paciente de estar sentada e é pedido para que ela realize dois movimentos: - Elevar os braços, lentamente e ao longo do segmento cefálico - Mãos na cintura e forçar os braços para frente PALPAÇÃO DAS MAMAS • Posição da paciente: deitada em decúbito dorsal, com as mãos atrás da cabeça • Palpar e dedilhar os 5 quadrantes da mama - Técnica de Bloodgood: dedilhamento - Técnica de Velpeaux: mão espalmada • Palpação bimanual: comparar as duas mamas; uma mama serve de cola da outra • Lembrar de cobrir o corpo da paciente e descobrir somente a área que está sendo examinada ACHADOS DA PALPAÇÃO: COMO DESCREVER UM NÓDULO? • Tamanho • Localização: quadrante ou horário • Consistência • Limites • Mobilidade Benigno Maligno Tamanho - - Localização - - Consistência Amolecido, fibroelástico Endurecido Limites Definido Indefinido Mobilidade Móvel Aderido, fixo PALPAÇÃO DAS AXILAS (LINFONODOS) • Posição da paciente: sentada • Manobra de Bailey: apoiar o braço da paciente e palpar o cavo axilar (atrás do m. peitoral maior e na frente do dorsal maior) • Os achados fisiológicos geralmente são de até 1cm, fibroelásticos e móveis PALPAÇÃO DA FOSSA SUPRACLAVICULAR E INFRACLAVICULAR (LINFONODOS) • Posição da paciente: sentada • Médico atrás ou na frente da paciente EXPRESSÃO MAMÁRIA/PAPILAR • Posição da paciente: deitada • Realizar a expressão de toda a papila e verificar a saída de secreções (descarga papilar) • Malignidade: cor translúcida (água de rocha) e sanguinolento • Benigno ou fisiológico: cor amarela, verde, azul ACHADOS NA EXPRESSÃO MAMÁRIA: COMO DESCREVER? • Descarga papilar sanguinolenta, com ponto de gatilho as 6h EXAMES COMPLEMENTARES • Mamografia de rastreamento - Paciente de baixo risco: anual a partir dos 40 anos → não esquecer - Pacientes de alto risco: 10 anos antes da parente que teve câncer (parente de 1º grau: mãe ou irmã com câncer de mama antes da menopausa) ▪ Ex.: mãe com câncer aos 40 anos, filha começa o rastreamento aos 30 anos - Rastreamento não é prevenção: serve para diagnosticar a doença no início e proporcionar uma chance maior de cura - Rastreamento é feito em toda a população assintomática - Mamografia de rastreamento: idade mínima é 25 anos (até essa idade a mama é muito densa) - Mamografia diagnóstica: pode ser solicitada antes dos 25 anos, em casos de nódulos palpáveis • Ultrassom - Não é exame de rastreamento, somente complementar ▪ É solicitado quando há nódulos na palpação ou na mamografia - Paciente jovem, assintomático, sem história de antecedente familiar: não há indicação de ultrassom EXAME FÍSICO DO ABDOME • Forma • Volume • Presença de tumoração • Palpação - Superficial - Profunda • Dor a palpação EXAME FÍSICO GENITÁLIA EXTERNA 1) Inspeção • Estática • Dinâmica 2) Toque vaginal 3) Exame especular INSPEÇÃO ESTÁTICA • Pele • Pilificação • Grandes e pequenos lábios • Clitóris • Introito vaginal INSPEÇÃO DINÂMICA • Manobra de Valsalva - Avaliar presença de prolapsos uterinos ou incontinência urinária quando o trato urinário é submetido a maior pressão (fazer força ou tossir) TOQUE VAGINAL • Toque vaginal bimanual • Colo uterino - Consistência: amolecido (gravídico), fibroelástico (não gravídico) ou endurecido - Pérvio (trabalho de parto, tumor que está se exteriorizando) ou impérvio • Paredes vaginais • Útero - Antiversoflexão: mais comum - Retrovertido - Medianizado • Anexos: ovários e trompas (geralmente não palpáveis) Descrição segundo sequência anatômica, utilizar dois dedos a) O examinador deve apoiar o pé ipsilateral à mão que realiza o exame em um no segundo degrau da escadinha, e o braço deve ficar apoiado sobre o joelho para não transferir seu peso para a vagina b) O polegar, o 4º e 5º dedos da mão examinadora farão o afastamento dos grandes e pequenos lábios da vulva, dando a abertura suficiente para que o 2º e 3º dedos entrem na vagina sem carregar contaminação (em algumas situações, por questão de conforto da paciente utiliza-se só o indicador), os quais devem dirigir-se ao fundo de saco e identificar o colo. c) Este deve ser mobilizado látero lateralmente, ântero-posteriormente e superiormente, buscando avaliar a mobilidade do útero e, principalmente, se estas manobras provocam dor. O examinador procede ao exame de toque dos fundos de saco posterior e anterior, deslizando também nas porções mais superiores e laterais da vagina. Ali, busca por nódulos, retrações, espessamentos ou tumorações. A seguir passa-se ao toque bimanual, no qual a utiliza-se a palpação associada da pelve. d) Com os dois dedos tocando a cérvice, o examinador eleva o útero em direção a parede abdominal, onde a mão livre é suavemente colocada sobre o baixo ventre e vai deslizando de cima para baixo até que o útero se ponha entre as duas mãos e possa ser palpado. Na palpação observar o tamanho, consistência, regularidade e mobilidade do órgão e as dores que, eventualmente, podem surgir. Feito isso, os dedos são dirigidos para as laterais do fundo de saco anterior na busca da palpação dos ovários, sendo feita a mesma manobra descrita para o útero, porém, agora, a mão livre é dirigida para cada zona de projeção dos ovários. e) Explicar para a paciente que o exame terminou e os resultados EXAME ESPECULAR • Paredes vaginais • Conteúdo vaginal • Visualização completa do colo uterino • Grávidas: realizar primeiramente o toque vaginal, caso não tenha sangramento e secreções • Não grávidas: realizar primeiramente o exame especular Realizado com o espéculo. Trata-se da coleta de secreção vaginal e endocervical para exame citológico, bacteriológico, cristalização do muco cervical. Analisar presença easpecto das secreções, paredes vaginais, superfície do colo uterino, forma do orifício externo (puntiforme ou transversa), conteúdo vaginal (lacerações, neoplasias, pólipos, ulcerações, etc), JEC (junção escamo colunar). Para a introdução do espéculo, considerando um indivíduo destro, o examinador afastará os grandes e pequenos lábios com o polegar e o 3º dedo da mão esquerda para que o espéculo possa ser introduzido suavemente na vagina. A mão direita, que introduzirá o espéculo, deverá pegá-lo pelo cabo e borboleta. COLPOCITOLOGIA ONCÓTICA CÉRVICO -VAGINAL (PAPANICOLAOU) • Rastreamento do câncer de colo de útero • É um teste de Screening preventivo do carcinoma cervical • Recomendações para coleta: - Não utilizar duchas vaginais - Não lubrificar o espéculo - Não realizar no período menstrual - Evitar relação sexual nos dias que antecede a coleta • Geralmente é realizado após um ano da sexarca • Coleta do material → espátula de Ayre → esfregaço → fundo de saco posterior → ectocérvice → endocérvice O Ministério da Saúde recomenda que todas as mulheres com vida sexual ativa devem se submeter ao exame com periodicidade anual, principalmente aquelas entre 25 e 59 anos de idade e, caso 2 exames consecutivos espaçados por 1 ano se mostrem normais, rastreamento pode ser feito a cada 3 anos. COLPOSCOPIA • Objetivo principal do exame é a avaliação do colo uterino. • A principal indicação para a realização do exame: selecionar o local mais apropriado diante de diagnóstico citológico de lesão pré-neoplásica ou neoplásica, obtendo assim o diagnóstico definitivo e conduta apropriada CONTRACEPÇÃO MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS Definição – Lei federal - conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal. Eficácia – Índice de Pearl (OMS): mede a porcentagem de falhas dos anticoncepcionais – ao fim de 1 ano/100 mulheres utilizando = falhas (%) Escolha do método – a paciente deve saber • Eficácia • Forma de uso correto • Efeitos colaterais • Riscos para saúde • Sinais e sintomas que exijam retorno ao médico • Tempo de retorno a fertilidade após a interrupção CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE DOS MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS (OMS) • Classificação 1: usar o método em qualquer circunstância. • Classificação 2: em geral, usar o método. • Classificação 3: o uso do método não é, em geral, recomendado, a menos que outros métodos mais adequados não estejam disponíveis ou não sejam aceitáveis. • Classificação 4: o método não deve ser usado. MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS: PERCENTUAL DE FALHA E CONTINUIDADE DE USO Trabalho mostram que os mais efetivo são procedimento de esterilização definitivos (laqueadura e vasectomia), seguido pelos DIUs e em terceiro lugar os injetáveis, pílulas, adesivos e anéis vaginais. Casal infértil é aquele que não engravida após 1 ano mesmo com tentativas de engravidar com relações desprotegidas. PLANEJAMENTO FAMILIAR • Métodos comportamentais • Métodos de barreira • Dispositivos intrauterinos • Contracepção hormonal • Contracepção cirúrgica SEGURANÇA DOS MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS • Muito seguros: pílula combinada, laqueadura, vasectomia, implante • Seguros: injetáveis hormonais, DIU • Relativamente seguros: preservativo masculino, preservativo feminino, anel vaginal, temperatura • Pouco seguros: diafragma, espermicida, muco cervical, calendário, coito interrompido TIPOS DE MÉTODOS CONTRACEPTIVOS • Métodos contraceptivos naturais: baseiam-se no cálculo do período fértil da mulher e, durante esse período, evitam-se as relações sexuais (abstinência) - Método do calendário ou rítmico - Método da temperatura - Método do muco cervical ou Billing • Métodos contraceptivos não naturais: permitem a atividade sexual, mas impedem a fecundação ou a nidação do embrião - Através da colocação de dispositivos (métodos mecânicos) ▪ Preservativos masculinos e femininos ▪ Diafragma ▪ Dispositivo intrauterino - Através da aplicação de produtos químicos (métodos químicos) ▪ Espermicida ▪ Pílula (contracepção hormonal) ▪ Pílula do dia seguinte ▪ Anel vaginal MÉTODOS COMPORTAMENTAIS Características: baixa eficácia, alteram o comportamento do casal, dependem de motivação e aprendizado, não previnem DST, estimulados principalmente quando a crença religiosa do casal condene outros métodos. São eles: • Tabelinha (ritmo, calendário ou Ogino Knaus) • Temperatura basal • Muco cervical (Billings) • Sintotérmico • Ejacujação extravaginal (coito interrompido) TABELINHA (RITMO, CALENDARIO OU OGINO KNAUS) • Baixa eficácia: 40 a 50% • Seis últimos ciclos devem ser conhecidos • Ciclos regulares • Cálculo do período fértil → seis dias antes e depois do 14º dia do ciclo menstrual • Abstinência nesse período TEMPERATURA BASAL • Após a ovulação ocorre um aumento nos níveis séricos de progesterona, que agem sobre centro termorregulador no hipotálamo, aumentando a temperatura corporal em 0,3 a 0,8ºC MUCO CERVICAL (BILLINGS) • Após menstruação: período de secura vaginal • Durante o ciclo o muco aumenta progressivamente e se torna mais escorregadio e elástico (filante) após a ovulação. • Regride após esse período por ação da progesterona SINTOTÉRMICO • Utilização conjunta da tabelinha com temperatura basal e muco cervical COITO INTERROMPIDO • Ejaculação extra-vaginal • Não funciona por o líquido seminal que sai antes da ejaculação já contém certa quantidade de espermatozoides MÉTODOS DE BARREIRA • Preservativos masculinos e femininos • Diafragma • Esponja • Espermicida A chance de engravidar em uma relação desprotegida, no período fértil da mulher, a probabilidade é de 20%. CAMISINHA • Preservativo masculino – usado por 45 milhões de casais em idade reprodutiva; previne DSTs • Preservativo feminino – bolsa de plástico leve e frouxa que se adapta à vagina; possui um anel flexível em cada extremidade; previne DSTs e doenças de contato HPV e herpes DIAFRAGMA • Método vaginal que consiste num capuz macio de borracha ou silicone • Recobre o colo do útero e geralmente é usado em associação com espermicidas • Variam de tamanho de acordo com a paciente • Não está claro se previne DSTs DISPOSITIVO INTRAUTERINO (DIU) • Alta eficácia • Tipos: DIU de cobre e DIU hormonal • Contraindicações - Processos infecciosos genitais altos - Neoplasias malignas ginecológicas - Malformações anatômicas ginecológicas - Sangramento vaginal irregular ou aumentado: principalmente no DIU de cobre - Sangramentos menstruais aumentados: principalmente no DIU de cobre - DST DIU de cobre • Disponível nos postos de saúde • Um dos métodos mais utilizados no mundo (100 milhões de usuárias) • Objeto pequeno de plástico flexível com revestimento ou fio de cobre • Inserido no útero pela vagina - O DIU de cobre é inserido quando a paciente está menstruada pois o colo uterino fica mais pérvio, facilitando a introdução do dispositivo • Atua impedindo a fecundação, não causa aborto - Mecanismo de ação: promove inflamação no endométrio - Paciente continua menstruando todo mês • Torna mais difícil a passagem do espermatozoide pelo aparelho reprodutor feminino, altera pH uterino • Pode aumentar sangramento na menstruação e causar cólicas - Perguntar para a paciente a ocorrência de cólicas e quantidade de sangramento durante a menstruação, pois o DIU acentua esses eventos • Aumenta chance de DIPA (doença inflamatória pélvica aguda) pois o fio fica exteriorizado, facilitando a ascensão de microrganismos ao trato genital • Validade 2 a 10 anos • Necessário acompanhamento com ultrassom 1x/ano para verificar se houve deslocamento do DIU DIU hormonal (Mirena) • Também conhecido por sistema intrauterino liberadorde levonorgestrel (progesterona de ação local) • Atua além do mecanismo do DIU inerte • Atua no muco cervical, diminuindo sua produção e aumentando sua viscosidade • Atua suprimindo ou atrofiando o endométrio • Inibe a ovulação (ação da progesterona) • Efeito colateral principal: spotting (sangramento mensal por flutuação hormonal, nem todas as pacientes possuem, e mantém a eficácia anticoncepcional) • Validade de 5 anos • DIU medicado - Por ser medicado serve como tratamento para doenças como mioma e endometriose • Paciente para de menstruar (15% ainda tem menstruações esporádicas) • A contracepção do Mirena só é eficaz 30 dias após a introdução do dispositivo • Necessário acompanhamento com ultrassom 1x/ano para verificar se houve deslocamento do DIU CONTRACEPÇÃO HORMONAL • Anticoncepcionais orais - O dia 1 da pílula é o dia que ocorre a menstruação, para garantir que a mulher não está gravida • Contraceptivos injetáveis • Contraceptivos na forma de implantes subdérmicos • Contraceptivos na forma de adesivos transdérmicos • Anel vaginal de etinilestradiol e etonogestrel • Contracepção de urgência (pílula do dia seguinte) - A pílula do dia seguinte não é abortiva. Dependendo do período do ciclo menstrual em que é tomada, o medicamento pode agir de três maneiras distintas: inibir a ovulação, dificultar o encontro do espermatozoide com o óvulo ou impedir a formação do endométrio gravídico, evitando que o gameta fecundado ali se fixe. Ela deve ser tomada imediatamente após a relação sexual desprotegida ou até 72 horas depois. Quanto mais depressa a mulher tomar a pílula, mais eficaz ela será. - Caso a gestação for confirmada, a pílula do dia seguinte não acarretará danos à saúde do feto nem à sua formação. Sua única atuação é no momento pré-gestacional MECANISMOS DE AÇÃO DOS CONTRACEPTIVOS HORMONAIS – PROVA • Bloqueiam o pico de gonadotrofinas (sem pico de LH não tem ovulação) → não promove aborto • Diminui motilidade das tubas uterinas (dificultando a captação e progressão de óvulo) • Deixam o muco cervical mais espesso (dificultando passagem dos espermatozoides) • Diminuem a secreção de glicogênio pelo endométrio (fundamental para a implantação do embrião) PRINCIPAIS EFEITOS COLATERAIS • Estrógeno – aumento dos fatores de coagulação II/V/VII/VIII/IX/X/XII – atenção com trombose (quanto mais estrogênio maior risco de trombose – risco varia de 4 a 20/10.000) • Progesterona – diminuição da velocidade do sangue nos vasos (aumento da estase sanguínea) PRINCIPAIS FORMULAÇÕES • Progesterona isolada • Combinados sequenciais - Progesterona + estrógeno (o estrógeno da pílula faz que a mulher sangre) • Combinados contínuos CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS • Eventos tromboembólicos (tromboflebite, TVP, doença coronariana, ocular e cerebrovascular, embolia pulmonar, valvulopatias, hipercolesterolemia e HAS grave) - A cada troca de progesterona, há um pico do risco tromboembólico, que se estabiliza após alguns dias de uso do medicamento. Por este motivo, não se deve trocar a marca da pílula com frequência (caso a paciente não se adapte com determinada marca, aguardar ao menos 3 cartelas para indicar a troca) • Câncer de mama • Hepatopatias • Tabagismo em mulheres maiores de 35 anos (não prescrever anticoncepcional com estrógeno) REGRA GERAL QUANDO SE ESQUECE DE TOMAR A PÍLULA Esqueceu de tomar a pílula um dia, tomar duas pílulas no dia seguinte e depois segue normalmente. Esqueceu dois dias a pílula, o método já não é mais eficaz, orientar utilizar camisinha e esperar a próxima menstruação para voltar a tomar a pílula. OUTROS MÉTODOS ANEL VAGINAL Paciente introduz o anel da vagina, o anel libera hormônio que será absorvido pela mucosa vaginal. Deixar o anel por 21 dias, retira por 7 dias. No 8º dia coloca o próximo anel. ADESIVO CONTRACEPTIVO - EVRA O adesivo é colocado no braço da paciente e libera hormônio que é absorvido pela pele. Não sai no banho. Evitar áreas de muito atrito Cada caixa vem 3 adesivos: um adesivo por semana completando 21 dias; fica 7 dias sem e no outro dia coloca outro ESSURE Molinha colocada via estereoscópica na tromba e impede fecundação. Caiu em desuso. CONTRACEPÇÃO CIRÚRGICA ESTERILIZAÇÃO FEMININA • Laqueadura - Critérios gerais para se fazer laqueadura (2): paciente ter mais de 25 anos ou mais de 2 filhos - Método definitivo - Geralmente não liberada para paciente sem parceiro fixo. ESTERILIZAÇÃO MASCULINA • Vasectomia - Paciente pode solicitar em dois casos: acima de 25 anos ou mais de 2 filhos - Pode ser revertida em até 2 anos VULVOVAGINITES INTRODUÇÃO A vulvovaginite é o processo inflamatório que acomete o trato genital inferior. Em outras palavras, envolve a vulva, as paredes vaginais e o epitélio escamoso estratificado do colo uterino (ectocérvice). Muitas vezes, elas são mencionadas simplesmente como “corrimento vaginal” pelo sintoma predominante do quadro. Estas condições representam uma das principais causas de procura aos ginecologistas • Metade das consultas ginecológicas e 1/3 das consultas em geral da mulher • Secreção vaginal normal ≠ vulvovaginite - Mucorreia é a secreção vaginal fisiológica acima do normal, sem inflamação - Vulvovaginite envolve processo inflamatório e corrimento vaginal • Diagnóstico é clínico: o exame especular, somado a uma anamnese bem colhida, estabelece facilmente o diagnóstico • Exames complementares (?): avaliar a real necessidade de solicitar exames SECREÇÃO VAGINAL FISIOLÓGICA • O epitélio vaginal é constituído de células escamosas divididas em quatro tipos: - Basais - Parabasais - Intermediários - Superficiais • Microrganismos da flora vaginal normal: Lactobacillus (bacilos de Doderlein) + variados - Lactobacillus sp. é a espécie bacteriana que predomina na microbiota vaginal normal - Os Lactobacillus, por produzirem ácido lático e outros ácidos orgânicos, são os grandes responsáveis pela acidez do pH da vagina. • IgA secretora • A manutenção do pH vaginal entre 3,8 e 4,2 é vital para a estabilização do ecossistema vaginal. O conteúdo vaginal normal tem consistência flocular, cor transparente ou branca e geralmente está localizado no fundo da vagina (fórnice posterior). TIPOS DE VULVOVAGINITES O equilíbrio do ecossistema vaginal se deve a complexas interações entre a flora vaginal normal, os produtos metabólicos microbianos, o estado hormonal e a resposta imune da mulher. Quando este equilíbrio se rompe, ocorrem os processos inflamatórios e infecciosos. As principais causas de vulvovaginites infecciosas são: • Vaginose bacteriana • Candidíase • Tricomoníase VAGINOSE BACTERIANA • É a principal causa de corrimento vaginal • É uma infecção polimicrobiana causada pela diminuição dos lactobacilos presentes na flora vaginal • Bactérias aeróbias e anaeróbias - Gardnerella vaginalis predomina na patogênese da vaginose bacteriana - Anaeróbia: Mycoplasma / Mobilluncus / bacterioides • Fatores de risco: múltiplos parceiros, DIU, tabagismo (diminui a imunidade da paciente e altera a quantidade de Lactobacillus), ducha vaginal (nunca deve ser feita) • Na gestação, aumenta risco trabalho de parto prematuro e rotura prematura das membranas ovulares • Quadro clínico e diagnóstico - Processo inflamatório discreto e pobre: pequeno aumento dos leucócitos o A parede vaginal das mulheres com VB é de aparência normal e não eritematosa. - Corrimento branco acinzentado (leucorreia), bolhoso - Pouco prurido - Principal sintoma: odor fétido que piora após a relação sexual e após a menstruação o Mal cheiro = lembrar de vaginose - pH vaginal básico – acima de 4,5 o O mal cheiro piora após a relação sexual e após a menstruação pois o pH torna-se mais alcalino, promovendo a multiplicação bacteriana e volatização das aminas (cadaverina e putrescina) - A vaginose bacteriana não é umaDST: relações sexuais frequentes pode ser um fator desencadeador deste desequilíbrio, na medida em que torna o meio mais alcalino. No entanto, a VB não tem como causa a clássica transmissão sexual - Testes das aminas (Whiff test, teste do cheiro) positivo o Mistura-se um pouco do conteúdo vaginal a uma gota de Hidróxido de Potássio (KOH) para realização do teste das aminas (whiff test). O teste é considerado positivo quando se detecta a presença de “odor de peixe podre” o O mal cheiro é causado pela produção de cadaverina e putrescina pelos patógenos - Presença de células-guia (clue cells) no exame microscópico o As clue cells são células epiteliais vaginais com sua membrana recoberta por bactérias que se aderem à membrana celular e tornam seu contorno granuloso e impreciso. • Tratamento - Derivados Imidazólicos (sistêmicos e tópicos) o Metronidazol: 500 mg / creme o Tinidazol / secnidazol / clotrinazol - Clindamicina tópica e/ou sistêmica - Acidificação do meio vaginal (ácido ascórbico – vit C): restaura o equilíbrio da flora vaginal CANDIDÍASE • Estima-se que 75% das mulheres irão ter ao menos um episódio de candidíase vulvovaginal na vida • Prevalência de cerca de 30% na gestação • A Candida é um fungo Gram-positivo • Candida albicans (mais comum), Candida glabrata, Candida tropicalis • Fatores predisponentes - Uso de Antibiótico o Os antibióticos eliminam as bactérias da flora vaginal, diminuindo a competição por nutrientes, facilitando o crescimento do fungo - Uso de anticoncepcional - Gestação - Diabetes melito o A gravidez, o uso de anticoncepcionais orais e o diabetes propiciam aumento na concentração de glicogênio vaginal, com consequente acidificação do meio e proliferação de levedura. - Praia e piscina o Promovem o aumento da umidade e do calor na região vaginal, facilitando o crescimento do fungo - Imunodepressão (QxT/corticóides) - Hábitos de higiene e vestuário inadequados: diminuem a ventilação e aumentam a umidade e o calor local • Quadro clínico e diagnóstico - No exame especular, observa-se: corrimento branco, inodoro, grumoso, espesso, com aderência em paredes vaginais, aspecto caseoso (“leite coalhado”) - Principal sintoma: prurido intenso - Disúria terminal - Dor pélvica, processo inflamatório intenso, dispareunia (dor durante a relação sexual) - Se atingir a área externa da vagina, pode causar lacerações vulvares e hiperemia - pH vaginal ácido (entre 3,5 e 4,5) o A Candida é capaz de se proliferar em ambiente ácido, apesar da ação dos lactobacilos. - Há melhora dos sintomas durante a menstruação: a menstruação ocasiona a alcalinização do meio - Presença de pseudo-hifas e esporos no exame microscópico - Cultura de Kicherson ou Sabourand - Teste das aminas negativo • Tratamento não medicamentoso - Medidas gerais o Vestuário geral e íntimo adequado (evitando calças justas e tecido sintético) − Evitar dormir de calcinha e usar calça jeans todos os dias o Alcalinização do meio vaginal com solução de bicarbonato de sódio o Embrocação vaginal com violeta genciana a 1% • Tratamento com agentes azólicos - Específico: geralmente as formulações de dose única tratam efetivamente a candidíase não complicada o Sistêmico o Fluconazol VO 150 mg dose única o Itraconazol 200 mg 2 doses (24 hs) o Cetoconazol 400 mg/dia 5 dias - Tópicos o Nistatina: disponível do SUS e o Miconazol: disponível do SUS o Tioconazol o Isoconazol o Fenticonzol o Tioconazol • Recidivas - A Candidíase não é uma DST e, por isso, geralmente não é necessário o tratamento do parceiro sexual - Em candidíases de repetição, o tratamento também deve englobar o parceiro sexual - Uso de sabonete íntimo: não tem muitos benefícios, apenas não possuem fragrância - Tratamento de candidíase recidiva o Fluconazol mensal por 6 meses o Fluconazol semanal por 1 mês e fluconazol mensal por 5 meses TRICOMONÍASE • Agente etiológico: Trichomonas vaginalis – protozoário flagelado, anaeróbio • Protozoário oval ou piriforme • É a terceira causa mais comum de corrimento vaginal, correspondendo a 10 a 15% dos casos • A tricomoníase é uma DST, e sua via de transmissão é quase unicamente sexual. - Sintomático somente presentes na mulher • Na gestação, aumenta risco prematuridade e baixo peso • Quadro clínico e diagnóstico: - Corrimento abundante, amarelado ou esverdeado, bolhoso e fétido - Sintomas inflamatórios: colpite intensa (colo em framboesa), hiperemia vaginal - Prurido e/ou irritação vulvar discreta - Sintomas urinários - pH vaginal básico – acima de 4,5 (geralmente entre 5 e 7) - Flagelos móveis no exame a fresco (exame onde se pode observar microrganismos vivos em material biológico) - Teste das aminas fracamente positivo - Presença do protozoário no exame microscópico • Tratamento - Metronidazol sistêmico e tópico - Tinidazol - Secnidazol - Outros (nimorazol, ornidazol) • O tratamento dos parceiros e a abstinência sexual durante o tratamento são obrigatórios. • Lembrar da interação com Álcool (imidazólicos) COMPARAÇÃO DAS PATOLOGIAS QUESTÕES 1. (Unicamp-2011) Mulher, 21 anos, queixa-se de secreção vaginal branca há alguns anos, sem odor e sem prurido, de caráter intermitente. Mantém atividade sexual regular com uso irregular de preservativo. Exame especular: secreção branca em pequena quantidade; teste de Wiff negativo; pH=4,5. Exame microscópico: leucócitos +/4+, presença de bacilos g+ e raros cocos g+. A hipótese diagnóstica é: a. Vaginite por candidíase b. Vaginite citolítica c. Vaginose bacteriana d. Conteúdo vaginal fisiológico 2. Qual o diagnóstico mais provável em uma mulher de 35 anos que apresenta corrimento vaginal, cujo odor piora após o coito e ao exame, o pH vaginal é igual a 5? a. Candidíase b. Vaginose bacteriana c. Tricomoníase d. Leucorreia fisiológica e. Corrimento pós-coito normal 3. Em relação à candidíase vulvovaginal, é correto afirmar que: a. Ela ocorre em pH vaginal maior que 4,5. b. O exame a fresco permite a visualização de hifas. c. É frequente a associação com vaginose bacteriana. d. É a causa mais comum de vaginite no climatério. e. O odor pronunciado e fétido é seu sintoma predominante. MIOMATOSE UTERINA MIOMATOSE UTERINA • Os leiomiomas uterinos (fibromas ou miomas) são tumores benignos formados por fibras musculares lisas do útero com estroma de tecido conjuntivo em proporções variáveis • Ocorre entre 4 a 11% das mulheres adultas – 1 em cada 10 mulheres • Eles representam a causa estrutural mais comum de sangramento uterino anormal • São tumores sensíveis ao estrogênio (promove crescimento) e à progesterona (promove redução) • Correspondem a 2/3 das indicações de histerectomias • Crescimento neoplásico benigno a partir de células musculares embrionárias remanescentes • Em termos histológicos, observam-se fibras musculares lisas uniformes dispostas em feixes espirais: - Monoclonal - Presença de tecido conjuntivo fibroso TEORIAS • Alterações cromossômicas: cromossomo 12 • Estrogênios: mecacme (idade fértil), menopausa, Trh - Por serem sensíveis aos hormônios femininos, eles se desenvolvem durante os anos reprodutivos - Após a menopausa, os leiomiomas geralmente regridem e o desenvolvimento de novos tumores é raro CLASSIFICAÇÃO • Subseroso: externo ao miométrio (na cavidade abdominal) – é o que provoca menos sintomas • Intramural: posicionado na intimidade do miométrio • Submucoso: internamente ao miométrio (endométrio) – é o que provoca mais hemorragia devido a sua íntima relação com a mucosa endometrial • Outros: intraligamentares, paridos, cervicais (colo), pediculados DEGENERAÇÃO DOS MIOMAS UTERINOS Os miomas são intensamente celulares, mas, à medida que crescem, passam por transformações as quais definem os diversostipos de alterações degenerativas secundárias encontradas. Estas degenerações são: • Hialina (branca): liquefação tumoral – tumor amolecido - Tem sua origem na diminuição do fluxo de sangue para o mioma • Gordurosa (amarela): mais raro • Rubra ou vermelha: necrobiose asséptica: mais comum na gravidez, atenção para dosagem de GnRh - Mais frequente na gravidez; acompanhar o tamanho do mioma pois estrógeno promove seu crescimento - Pode romper → causar necrose asséptica → sepse - São ocasionadas por obstruções venosas devido ao rápido crescimento tumoral • Sarcomatosa (leiomiossarcoma) - Degeneração maligna, muito rara (0,1 a 0,6%) QUADRO CLÍNICO • Subseroso: dor abdominal e aumento do volume abdominal - Na maior parte dos casos, é assintomático - Se houver um crescimento exacerbado, pode causar dor abdominal e aumento do volume abdominal • Intramural: hipermenorragia - Aumento da superfície sangrante - Prejuízo da contratilidade uterina - Modifica a estase venosa no endométrio - Maior produção de prostaglandinas e prostaciclinas • Submucoso: metrorragia (o que mais causa sangramento – relacionado com a loalização do mioma, não com o seu tamanho) - Erosão na superfície tomada pelo nódulo - Parido • Outros sitomas - Sintomas urinários ou gastrintestinais - Infertilidade - Abortamentos de repetição: nos leiomiomas submucoso DIAGNÓSTICOS O diagnóstico do leiomioma uterino é realizado pela associação de dados da história clínica, do exame físico ginecológico e de achados nos exames de imagem. • Exame ginecológico - Palpação abdominal - Exame especular - Toque bimanual (consistência fibroelastica – semelhante a gravidez) • Ultrassonografia transvaginal e pélvico - Volume de 100mm2 é o normal para o útero - Acima de - Transvaginal se a paciente já iniciou relações sexuais - Pélvico se a paciente não tiver iniciado relações sexuais • Ressonância nuclear magnética - Geralmente não é necessário - Solicitado quando o útero estiver muito grande - Acompanhamento pós embolização (impedir o fluxo sanguíneo para o mioma, infartando-o). TRATAMENTO • Clínico - Expectante: observar o Quando a doença for assintomática ou oligossintomática o Próximo a menopausa (aproximadamente > 50 anos) o Desejo de gestação o Acompanhar com exame ginecológico e ultrassom semestral - Medicamentoso: em pacientes sintomáticas o Anti-inflamatórios não hormonais (AINEs) durante a menstruação ▪ Inibem prostaciclinas ▪ Controle do sangramento em 30% dos casos e diminui a dor ▪ Ex.: Diclofenaco, piroxicam, cetoprofeno o Agentes anti-fibrinolíticos ▪ Diminuem o sangramento: inibem a fibrinólise ▪ Ex.: Ácido tranexânico o Progesterona ▪ Simular a 2ª fase do ciclo ▪ Reduz sangramento ▪ Diminui o volume miomatoso ou mantem estável? Geralmente mantém o volume o Análogo ao GnRh ▪ Diminuição do volume uterino ▪ Diminuição dos miomas ▪ Uso na perimenopausa ▪ Uso pré-operatório ▪ Uso limitado (no máximo 6 meses de tratamento) – mais que isso pode causar osteoporose ▪ Causa “menopausa” durante o período de uso - Cirúrgico radial o Histerectomia total o Histerectomia sub-total (não retira o colo do útero): realizada em casos de dificuldade operatória, obesidade, anemia o Vias: histerectomia vaginal, videolaparoscópica - Cirúrgico conservador o Miomectomia ▪ Risco de sangramento, sendo necessário histerectomia ▪ Alternativa para paciente que deseja engravidar ▪ Não retirar mioma se encontrar no momento do parto o Ablação endometrial (alça térmica ou histeroscópica) o Embolização das artérias uterinas: causa infarto no mioma DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS – DSTS No Brasil, as DSTs acometem 10.3 milhões de pessoas. Porém, 50% não sabe que tem. As DSTs mais comuns são: 1. Gonorreia (Pingadeira ou Esquentamento) 2. Cancro Mole (Cavalo) 3. Sífilis (Cancro Duro) 4. Herpes 5. Hepatite (B e C) 6. Linfogranuloma venéreo (Mula) 7. Chlamydia 8. Condiloma Acuminado 9. Tricomoníase 10. AIDS GONORREIA • Agente etiológico - Neisseria gonorrhoeae • Sintomas - Pus na uretra - Pus no colo do útero - Disúria - Dispareunia DIAGNÓSTICO • Quadro clínico (corrimento) • Coleta de secreção (swab) TRATAMENTO • O tratamento deve ser feito para o portador e o parceiro (a). Se não tratar o parceiro há reinfecção • Azitromicina 1g VO, DU • Doxiciclina 100mg, VO, 12/12, 7 dias • Ciprofloxacina 500 mg, VO, DU • Ceftriaxona 250mg, IM, DU TRICOMONÍASE • Agente etiológico - Thichomonas vaginalis • Sintomas - Corrimento amarelo esverdeado, bolhoso - Odor fétido DIAGNÓSTICO • Tricomonas na microscopia • pH vaginal levemente básico TRATAMENTO • O tratamento deve ser feito para o portador e o parceiro (a). • Metronidazol 2g, VO, DU • Metronidazol 400mg, 12h12hs, 7d • Secnidazol 2g, VO, DU • Tinidazol, 2g, VO, DU HPV (CONDILOMA ACUMINADO) • Agente etiológico: Papilomavírus humano (HPV) • Mais de 120 tipos da doença • Tipos 16, 18, 45, 56: oncogênicos • Geralmente o que causa verruga não causa câncer e vice-versa • 3 formas clínicas - Clínica: presença de verrugas - Subclínica: não há lesões visíveis a olho nu. Só é diagnosticado por exames - Latente: não há lesão, o vírus encontra-se dentro da célula de forma silenciosa. Só diagnosticado com análise de DNA DIANÓSTICO • Papanicolaou (mulher) • Colposcopia (mulher) • Peniscopia (homem) TRATAMENTO • Remover a lesão: ácido, cauterização, retirada cirúrgica • Vacina em meninas de 9 a 26 anos, 3 doses HERPES • Agente etiológico - herpes vírus tipo 1 ou 2 • Sintomas - Vesículas agrupadas - Dor - Ardência - Coceira • 60-90% são reativados: baixa imunidade ou estresse • Não tem cura DIAGNÓSTICO • Exame físico TRATAMENTO • É autolimitado desde que o paciente seja imunocompetente. Desaparece geralmente em duas semanas • Aciclovir 200mg, 5x dia, 7 dias – acelera a cura • Água boricada – alivia os sintomas • O ideal é que se aplique o aciclovir antes que as vesículas estourem SÍFILIS (CANCRO DURO) • Agente etiológico - Treponema pallidum • Possui três fases - Primária o 2-3 semanas, aparece úlcera com borda alta, indolor e fundo limpo o Na mulher, a lesão é localizada no colo do útero: geralmente diagnosticada no exame de rotina - Secundária o Manchas vermelhas de diferentes formatos: geralmente localizados nas plantas dos pés, mãos, boca e dorso das costas o Parece alergia o Dura em média de 2 a 3 semanas - Terciária o Lesões gomosas (coração, nervo, osso, cérebro) DIAGNÓSTICO • FTA-abs - Teste treponêmico: específico - O resultado negativo significa que a pessoa nunca entrou e contato com o treponema - O resultado positivo significa que pegou treponema alguma vez na vida, não necessariamente no momento da consulta. Pode ter tido e tratado • VDRL - Quantitativo - Teste não treponêmico - Se FTA-abs for positivo, fazer o VDRL para saber se o treponema está ativo ou não - Não vem positivo ou negativo e sim frações numéricas: 1/2, 1/4, 1/8 .... 1/256 o Quanto menor o denominador mais ativo está o treponema, maior a quantidade de bactéria presente - Pode ser positivo também em outras doenças; ex.: lúpus • Pesquisa campo escuro - Busca de bactérias no sangue • Cultura da lesão TRATAMENTO • Penicilina G benzatina, 2.4 milhões U, IM, DU (1,2 milhão em cada nádega) – sífilis precoce primária - Sífilis tardia (mais de um ano de contágio): repetir esse tratamento com Penicilina por 3 semanas – totalizando 7,2 milhões U - Tratar parceiro concomitantemente, recomendar que evitem relações sexuais e se houver, fazer uso de preservativo • Doxiciclina 100mg, VO, 12/12h, 14 dias ou até cura clínica • Alergia à penicilina:estearato de eritromicina 500mg, VO, 6/6h, 15 dias CANCRO MOLE • Agente etiológico - Haemophilus Ducrey • Sintomas - Lesões múltiplas dolorosas com pus e cheiro ruim, geralmente lesões em espelho - Não é autolimitado: vai aumentando conforme a evolução da doença DIAGNÓSTICO • Quadro clínico • Cultura por coloração de Gram ou Giemsa - Cocobacilos curtos, Gram negativos - Em cardume de peixes, em impressão digital, em paliçada FTA-abs positivo e VDRL positivo, mas em títulos baixos (½ e ¼): cicatriz sorológica – na dúvida faz o tratamento novamente da paciente e do parceiro TRATAMENTO 1. Azitromicina 1g VO DU 2. Ceftriaxone 250mg IM DU LINFOGRANULOMA VENÉREO (BUBÃO INGUINAL) • Agente etiológico - Clamydia Tracomatis • Sintomas - Pápula ou pústula: geralmente não percebe - Gota matinal – secreção em clara de ovo, mais clara que a da gonorreia - Nódulos inguinais dolorosos DIAGNÓSTICO • Quadro clínico • Cultura em células vivas (McCoy) • PCR TRATAMENTO • Azitromicina 1g, VO, DU • Doxiciclina, 100mg, VO, 12/12h, 14 dias DONOVANOSE (GRANULOMA INGUINAL) • Agente etiológico: Calymmatobacterium granulomatis • Sintomas - Granulomas grandes e indolores - Úlcera vermelho vivo e sangrante (lembra câncer ulcerado) DIAGNÓSTICO • Quadro clínico • Biópsia da lesão TRATAMENTO • Doxiciclina 100mg, VO, 12/12h, 21 dias HIV/AIDS • Pode vir acompanhado de todas as DSTs • Assintomático no início • Fazer exame de rotina (sangue) HEPATITE B • Gripe, vômitos, cansaço, febre • Geralmente autolimitada, mas 10% evolui para hepatite crônica e até câncer de fígado. • Prevenção: vacinação - Todos os profissionais da saúde devem ser vacinados HEPATITE C • Dor de cabeça, dor no corpo • 50% cronifica • Não tem cura nem vacina DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA INTRODUÇÃO A doença inflamatória pélvica é causada pela infecção polimicrobiana do trato genital superior, ou seja, o que está acima do orifício interno do colo uterino A DIP ocorre pela penetração e multiplicação de microrganismos da vagina e da porção externa do colo uterino no endométrio, nas trompas, nos ovários, no peritônio e nas estruturas contíguas. É uma infecção ascendente e constitui a complicação mais comum e grave das doenças sexualmente transmissíveis. CONCEITO Complicação mais comum das doenças sexualmente transmissíveis, principalmente Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoea Pode levar a sérias complicações, incluindo: • Infertilidade • Gravidez ectópica • Abscessos pélvicos • Dor pélvica crônica EPIDEMIOLOGIA • Maioria dos casos é subclínica (60%) - Geralmente os casos subclínicos ocorrem por infecção por Chlamydia • Maior prevalência em mulheres sexualmente ativas entre 15 e 24 anos de idade • Após 1 episódio a prevalência de gravidez ectópica é de 15%, dor pélvica crônica de 18% e infertilidade por obstrução tubária de 50%. • Aproximadamente 12% das adolescentes sexualmente ativas têm no mínimo um episódio antes dos 20 anos de idade ETIOLOGIA • Entre os microrganismos sexualmente transmissíveis, merecem destaque Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis (40%-60% das vezes). • Frequentemente é uma infecção polimicrobiana. • Outros - Micoplasmas genitais, bactérias anaeróbicas e aeróbicas - Estreptococos - Mycobacterium tuberculosis - Outras doenças sexualmente transmissíveis A DIP normalmente inicia com a infecção cervical por Chlamydia trachomatis e/ou por Neisseria gonorrhoeae, que ascende ao trato genital superior e, na maior parte dos casos, conduz à infecção polimicrobiana. FATORES DE RISCO • Atividade sexual precoce • Promiscuidade • Ectopia cervical • Parceiro com Doenças Sexualmente Transmissíveis • Uso de Dispositivo Intrauterino (DIU) - interferência mecânica nos mecanismos de defesa do endométrio • Manipulação do canal cervical ou endométrio - Pós procedimentos cirúrgicos com má esterilização • Baixo nível sócio econômico • Duchas vaginais • Pós-parto - O colo do útero está muito pérvio. Por isso não pode haver relação sexual nos 40 dias seguintes ao parto (resguardo) MECANISMO DE DEFESA • Lactobacilos que acidificam o meio vaginal (3,8 - 4,2) • Trofismo vaginal, quando estrogenizado • Colo apresentando o muco em endocérvice, quando não há lesões - A ducha vaginal desequilibra todo esse mecanismo QUADRO CLÍNICO • Valor de predição positiva do diagnóstico clínico da doença em sua forma aguda é de 65-90% • Maioria dos episódios assintomático, ou oligossintomáticos → infecção por Chlamydia • Pode haver sangramentos intermenstrual Para memorizar os principais fatores de risco envolvidos, basta pensar em todas as condições e situações que facilitem a aquisição de uma DST PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS • Dor à mobilização do colo (“grito de Douglas”) • Dor abdominal: com ou sem descompressão brusca • Dor à palpação anexial • Dispareunia: dor de profundidade • Corrimento vaginal mucopurulento • Sangramento intermenstrual: na infecção por Chlamydia • Anorexia, náuseas, vômitos: sinais de irritação peritoneal • Febre maior que 38°C (20-30% dos casos) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Outras causas de dor abdominal - Apendicite - Gravidez ectópica • Outras causas de sangramento intermenstrual - Alterações locais - Alterações hormonais • Outras causas de dispareunia - Endometriose - Vaginites - Cervicites DIAGNÓSTICO ANAMNESE • Mulheres sexualmente ativas - Atenção: nunca pensar em DIP em mulheres virgens: DIP é necessariamente uma complicação de DST • Ausência de atraso menstrual • Histórias de múltiplos parceiros • Ausência de anticoncepção de barreira • História de DIP prévia SINAIS MAIORES • Dor abdominal • Dor à palpação dos anexos • Dor ao toque vaginal (dor à mobilização do colo uterino) SINAIS MENORES • Temperatura oral acima de 38°C • Corrimento mucopurulento • Aumento do PCR ou VHS • Massa pélvica • Leucocitose − Sinal: exame físico − Sintomas: anamnese EXAMES LABORATORIAIS • Hemograma: leucocitose em até 70%, sem desvio para esquerda (achados de infecções bacterianas). A hemossedimentação está elevada até 75% dos casos e frequentemente mantêm valores altos. • Ecografia: pode revelar líquido livre ou identificar abscesso ovariano. • Culdocentese: usada excepcionalmente • Bacterioscopia: demonstra a presença de germes aeróbios e anaeróbios, material obtido da endocérvice. • Urina Rotina e Gram de Gota: afastar infecção urinária. (diagnóstico diferencial) • Dosagem de β-HCG: afastar gravidez (diagnóstico diferencial) • Laparoscopia: casos de emergência como rotura de abscesso tubo-ovariano. SINAIS LAPAROSCÓPICOS • Hiperemia da superfície tubária • Edema da parede tubária • Exsudato purulento cobrindo a superfície tubária ou extravasando pela extremidade fimbriada quando está pérvia LOCALIZAÇÕES E DENOMINAÇÕES • Endometrite (endométrio) • Salpingite (tubas uterinas) • Piossalpingite (pus), hidrossalpingite (edema) • Pelviperitonite (abdome agudo) - Abscesso no fundo de saco - Abscesso no tubo-ovariano - Peri-hepatite causada pela DIP (Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis) IMAGENS DE PEÇAS CIRÚRGICAS COMPROMETIMENTO TUBÁRIO • Comprometimento sistêmico • Massa abdominal palpável nas regiões ilíacas (50% dos casos) • Sinais de defesa abdominal PERITONITE • Na presença de um abscesso ovariano, ou da permeabilidade tubária, o processo infeccioso polimicrobiano atinge a região pélvica e posteriormente todo o abdômen (peritonite) ESTÁDIO E TRATAMENTO O tratamento deve ser eficaz contra microrganismos gram +, gram - e anaeróbios Estádio Tratamento • Estágio I: Salpingite aguda sem peritonite • Tratamento a nível ambulatorial, • Se usuária de DIU, esse deve ser retirado (controverso) • Tratamentodo parceiro • Antibioticoterapia: ▪ Ceftriaxona 250 mg IM e Doxicilina 100 mg a cada 12 horas por 14 dias, ▪ Tiafenicol 2,5 g VO e Doxiclina 100 mg de 12/12 horas por 14 dias. • Estágio II: Salpingite aguda com peritonite • Internação ▪ Os sinais de peritonite e/ou a presença de abscesso tubo- ovariano justificam a internação. • Terapia dupla: ▪ Doxiciclina 200mg VO como dose de ataque, seguidos de 100 mg a cada 12 horas, associado a cefoxitina – 2g EV como dose de ataque seguidos de 1g a cada 6 horas ▪ Alta Hospitalar: manutenção do tratamento em nível ambulatorial com Doxiciclina 100 mg VO a cada 12 horas até se completar 10 dias de tratamento. • Estágio III: Salpingite aguda com sinais de oclusão tubária ou abscesso tubo-ovariano • Estágio IV: sinais clínicos de ruptura de abscesso tubo- ovariano (queda acentuada do estado geral, refratariedade ao tratamento clínico, febre persistente, comprovação ultrassonográfica) e abscesso acima de 10 cm • Internação e cirurgia ▪ Antibioticoterapia venosa ▪ Drenagem de Abscesso ▪ O tratamento cirúrgico envolve a remoção cirúrgica do abscesso, preservando os ovários sempre que possível. CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO • Queda do estado geral • Abscesso tubo-ovariano • Gravidez • Má resposta aos antibióticos orais • Apendicite (não pode ser excluída) • Impossibilidade de tratamento oral PREVENÇÃO • Uso de preservativo • Monogamia • Abstinência sexual • Tratamento precoce das DST´s • Teste anual para Clamídia • Tratamento dos parceiros RESUMO • Infecção polimicrobiana do trato genital superior • Agentes etiológicos: Neisseria e Chlamydia • São processos infecciosos, DSTs facilmente evitáveis (camisinha) • Dor abdominal e à mobilização do colo (grito de Douglas) • Uma das principais causas de esterilidade DOENÇAS BENIGNAS DA MAMA ALTERAÇÕES BENIGNAS DA MAMA MAIS COMUNS • Dor • Neoplasias benignas • Fluxos papilares • Alterações fibrocísticas • Procedimentos infecciosos INCIDÊNCIA DE DOENÇAS MAMÁRIAS • A dor na mama é uma queixa muito frequente • Dor mais frequente em pacientes mais jovens (50 anos) • Câncer não dói (existem exceções, geralmente mais avançados que atingiram nervo intercostal) • Se quase toda mulher chegasse aos 100 anos de idade, (quase) todas teriam CA de mama, assim como todo homem teria CA de próstata • Quanto mais jovem o acometimento por câncer de mama, pior o prognóstico MASTALGIA – DOR MAMÁRIA • A mastalgia é um sintoma e não uma doença IMPORTÂNCIA DA DOR MAMÁRIA • Frequência • Acomete muitas mulheres jovens • Propedêutica complementar é desnecessária – USG geralmente é solicitado para acalmar a paciente • Terapêutica empírica • Cancerofobia - Importante tranquilizar a paciente - Deixar claro para a paciente que câncer de mama não dói (o parênquima da mama não é inervado) CLASSIFICAÇÃO DE MASTALGIA • Cíclica - Dor bilateral, difusa, relacionada com o ciclo menstrual, causa hormonal (estrogênio e progesterona) - Conduta: inibir a menstruação com pílula contínua ou mirena - Classificação o Leve: 2 a 3 dias (antes da menstruação) o Lobulite: inflamação dos lóbulos mamários o Moderada: 7 a 15 dias o Acentuada: > 15 dias - Fisiopatologia o Lobulite (inflamação dos lóbulos mamários) o Atrofia lobular (ocorre por estímulos hormonais) • Acíclica - Dor localizada, não relacionada com o ciclo menstrual, mas sim a esforço físico (dor muscular) - Acometimento do m. peitoral, com irradiação para mama - Etiologia da dor acíclica o Trauma o Cicatricial o Alteração fibrocíscitca o Inflamatória (mastite) o Carcinoma (muito raro ou avançado) • Dor extramamária - Mionevralgia intercostal o Dor constante, não piora com esforço físico e não melhora com anti-inflamatório - Contratura muscular - Neurite intercostal TERAPÊUTICA PARA DOR MAMÁRIA • Orientação verbal - Cancerofobia (exclusão de preocupação com câncer), atividade física - A maioria dos casos de mastalgia não requer tratamento medicamentoso • Medicamentosa - Analgésicos - Diuréticos: TPM - Placebo (vitaminas, óleos de prímula): tem o seu efeito - Hormonal: pílula contínua, cessando a menstruação; tamoxifeno (fármaco antiestrogênico - age inibindo a ação estrogênica na mama); análogos do GnRH (reduz a mastalgia, mas possui efeitos colaterais importantes) • Cirúrgicos: pacientes pedem, mas evidências sugerem que a cirurgia não possui um papel importante no tratamento da mastalgia FLUXOS PAPILARES A presença de derrame papilar não necessariamente representa um sinal de malignidade. Pelo contrário, em 95% dos casos, os derrames são de origem benigna. Fluxo papilar benigno Fluxo papilar maligno Perguntas a serem feiras a paciente − Cor da secreção? − Acomete as duas mamas? − Suja o sutiã? − Descarga provocada − Multiductal − Bilateral − Multicolorida − Esporádica − Descarga espontânea − Monoductal − Unilateral − Água de rocha; sanguinolenta − Profusa e persistente − Sinal do “ponto de gatilho” Fluxo que indica malignidade: derrame monoductal, unilateral, espontâneo, sanguinolento ou em água de rocha, sinal do “Ponto de Gatilho” – encaminhar para especialista (mastologista) ETIOLOGIA DOS FLUXOS PAPILARES • Neoplásica - Papiloma intraductal - Carcinoma: papilífero ou intraductal – fluxos papilares em água de rocha ou sanguinolento • Não neoplásica - Ectasia: dilatação dos ductos e a estagnação de secreção nos mesmos. - Traumática - Endócrina SINAL DO PONTO DE GATILHO • A expressão radiada é uma etapa fundamental no exame físico • Consiste na palpação no sentido periferia-centro, seguida de pressão firme sobre a aréola na tentativa de reproduzir o derrame no chamado “ponto de gatilho” • Descrever a localização do fluxo papilar em horas - Ex.: Expressão positiva sanguinolenta com ponto de gatilho em 5 horas MANEJO DO FLUXO PAPILAR • Quando investigar? - Fluxos espontâneos, hemorrágicos e/ou monoductais - O derrame papilar fisiológico não requer investigação e nem tratamento: a orientação, tranquilização e explicação minuciosa do quadro para a paciente são normalmente suficientes. • Como investigar? - Citologia do derrame: 95% de falso negativo - USG e mamografia: inespecíficos → mesmo que ambos os exames sejam normais, pode ser necessário continuar a investigação do derrame suspeito. - Biópsia excisional: obrigatório → por mais que seja raro, pode ser um câncer. Se for câncer, ainda estará em estágio inicial, favorecendo o tratamento da paciente. NEOPLASIAS BENIGNAS CLASSIFICAÇÃO HISTOPATOLÓGICA • Neoplasias epiteliais - Papiloma intraductal - Adenoma • Neoplasias mistas (epiteliais e conjuntivas) - Fibroadenoma - Tumor filoide • Neoplasias diversas - Lipoma FIBROADENOMA • Importância clínica - tumor benigno mais prevalente da mama feminina • Principal causa de nódulo palpável • Faixa etária mais acometida é de mulheres entre 20 e 40 anos • Segunda causa de indicação de biópsia • Etiologia idiopática INCIDÊNCIA • Necrópsia: 9% • Múltiplos: 15% (sincrônico ou metacrônico) • Bilateralidade: 9,9% • Raro em homens • Incidência de carcinoma: 0,02 a 0,1% - Fibroadenoma pode virar câncer? Não! QUADRO CLÍNICO • Crescimento lento • Fibroelastico • Esféricos: bem delimitados • Indolores • Móveis CONDUTA • Acompanhamento semestral • Não responde a hormônios – a pílula causa e não interfere no crescimento HORMONIODEPENDÊNCIA • O fibroadenoma é hormônio independente, ou seja, caso a paciente queira ela pode tomar pílula sem problema nenhum • Menacme (idade reprodutiva da mulher) • Gestação • Pós-menopausa • Hormonioterapia COMPORTAMENTO BIOLÓGICO • Crescem até 2 cm (6 a 12 meses) – maioria dos casos - Nódulos mamários são palpáveis, em média, apartir de 1cm - Fibroadenoma > 2cm: operar - Fibroadenoma < 2cm: não operar • Regressão: 30 - 52 % dos casos (fibroadenomas menores de 2cm) • Crescimento: 15% - cirurgia quando o fibroadenoma for > 2cm, causando abaulamento • Inalterados: 50% ASPECTOS MICROSCÓPICOS E CLASSIFICA ÇÃO • Simples e hipercelular: OMS (1981) - Intracanalicular - Pericanalicular • Simples e complexos: Page (1994) VARIAÇÕES • Gigante ou juvenil • Hipercelular DIAGNÓSTICO MAMOGRÁFICO • Rastreamento • Classificação BIRADS – categorias: - II (Tipicamente benignos): acompanhamento anual - III (Provável benigno): acompanhamento semestral - IV (Suspeitos): biopsia • Calcificação em pipoca: nas pacientes de maior faixa etária, pode haver deposição de calcificação no nódulo, e o nódulo passa a ter consistência endurecida DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO • Largura > altura: caráter benigno • Ecos internos: homogêneos • Sombra lateral: fina e simétrica • Reforço acústico posterior TERAPÊUTICA • Conservadora (acompanhamento semestral) - Jovens (< 2cm) - Múltiplos - Estáveis (citologia negativa, >35 anos) - BIRADS II e III • Cirúrgica - Cancerofobia - Alterações cito ou imagem (BIRADS IV) - Crescimento TUMOR FILOIDE • Tumor raro (incidência < 1%) • Crescimento rápido: benigno e maligno - Tumor classificado como benigno, mas se comporta como maligno - Evolução rápida: meses • Idade: principalmente pacientes > 40 anos • Recidiva local frequente (15 a 60% dos casos) – acompanhamento após a excisão é importante DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Fibroadenoma: consistência semelhante • Sarcoma • Carcinoma: diferenciar pela velocidade de crescimento TERAPÊUTICA • Tumorectomia com margem de segurança (evitar recidiva) • Mastectomia: tumores muito volumosos EVOLUÇÃO ALTERAÇÕES FIBROCÍSTICAS BENIGNAS DA MAMA (AFBM) Espectros clínicos relevantes nas Alterações Funcionais Benignas das Mamas (AFBM): mastalgia (detalhado anteriormente), cistos mamários e massas indefinidas CISTOS MAMÁRIOS • Cisto simples: bolinha de água – não é nada (não é câncer, não vira câncer), não merece atenção especial • Cisto complicado: conteúdo mais espesso; sangue, pus – não é nada - Se estiver muito volumoso: puncionar e esvaziar o cisto • Cisto complexo: formação líquida com coleção sólida no interior – pode ser câncer (carcinoma papilífero) - Necessário mamotomia (biópsia) ou exérese (remoção cirúrgica) ACHADOS ULTRASSONOGRÁFICOS Pela impossibilidade da diferenciação dos cistos no exame físico, é importante solicitar USG • Cisto simples: conteúdo anecóico (preto) + reforço acústico posterior (branco) • Cisto complicado: hipoecogênico (cinza) • Cisto complexo: hipoecogênico (cinza) - Benigno: + reforço (branco) - Maligno: + sombra (preto) CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA • Macrocistos: > 35 anos • Microcistos CLASSIFICAÇÃO DO CONTEÚDO SÓLIDO • Fibroesclerose: > 20 anos • Adenose: simples e esclerosante CONDUTA • Punção aspirativa quando cisto > 2cm • Expectante: microcistos • Cirúrgica (exérese): área sólida – cisto complexo RISCO DE CÂNCER DE MAMA • Encaminhar para mastectologista: - Carcinoma lobular in situ - Hiperplasia atípica - Lesões papilíferas • Acompanhamento ambulatorial - Adenose esclerosante - Fibroadenomas complexos - Fibrose, adenose simples CONDUTA PARA LESÕES DE ALTO RISCO • Ressecção ampliada seguimento (clínco-mamográfico): hiperplasia atípica e carcinoma lobular in situ • Tamoxifeno • Atividade física • Mastectomia profilática – mutação nos genes BRCA-1 e BRCA-2 MASTITES Mastite é a inflamação dolorosa do tecido mamário, geralmente acompanhada por infecção MASTITE LACTACIONAL • Puerperal (lactantes) • 21ª Semana puerperal • Agentes etiológicos: Staphylococcus (aureus e epidermidis) ou Streptococcus Gram positivos – bactérias da microbiota da pele da mãe o Em geral, a presença de fissuras mamárias resulta em quebra dos mecanismos de defesa do organismo e em aumento do número de bactérias sobre a pele da mama • Nas formas graves, associam-se bactérias anaeróbias • Tratamento empírico: cefalexina e reavaliação em 7 dias • Orientação: continuar amamentando com a mama não acometida. Ordenhar a mama acometida MASTITE NÃO LACTACIONAL • Mastite periductal • Acomete principalmente fumantes (tabaco → metaplasia das células ductais → obstrução dos ductos → acúmulo de secreção → proliferação de bactérias anaeróbicas) o Simples o Fistulizada • Tratamento empírico: metronidazol ou clindamicina e reavaliação em 7 dias • Indicar a cessação de tabagismo Forma aguda Forma subaguda Forma crônica fistulizada Forma crônica (idiopática) DIAGNÓSTICO • Clínico: sinais clínicos de infamação (dor, calor, eritema, edema), dor intensa, estase lática • Ultrassom: em suspeita de abscesso • Punção • Cultura: em casos graves ou recidivas • Evitar mamografia TRATAMENTO • Calor local (suave) • Analgésicos ou anti-inflamatórios • Antibioticoterapia • Drenagem cirúrgica • Dreno: se necessário, no período de 36-72hs • Biópsia eventual: em casos crônicos e recidivas DERMATOSE • Doença da pele da mama – encaminhar para dermatologista • Tratamento: corticoide BIRADS – BREAST IMAGING-REPORTING AND DATA SYSTEM • É uma maneira de objetivar todos os exames de mama – padronizou os laudos • Todos os exames de mama devem ter o BIRADS em sua conclusão • Importância de diagnosticar os tumores de tamanhos pequenos, pois há uma maior sobrevida • O nódulo é palpável a partir de 1cm MAMOGRAFIA DIGITAL É o método principal e seguro de auxílio ao exame clínico no câncer de mama. Definitivamente, é o método propedêutico mais importante no diagnóstico das lesões subclínicas INDICAÇÕES • Mamas densas • Alto risco • Calcificações • Seguimento DENSIDADE DA MAMOGRAFIA – DENSIDADE MAMÁRIA • 4 densidades mamárias - Mamas adiposas - Mamas predominantemente adiposas - Mamas predominantemente densas - Mamas densas (pacientes jovens – mais glândulas) • Quanto mais densa a mama, menor a sensibilidade da mamografia - É mais fácil observar o nódulo em mamas adiposas - Pacientes idosas têm mamas mais adiposas (liposubstituição) • Mamografia em céu de brigadeiro: fácil identificação para qualquer alteração na mama CLASSIFICAÇÃO BIRADS • VPP: valor preditivo positivo (chance de ser câncer) Categoria BIRADS Categoria Interpretação VPP Conduta 0 Inconclusivo - Exame adicional, complementar 1 Benigno 0% Controle anual a partir dos 40 anos 2 Benigno 0% Controle anual a partir dos 40 anos 3 Provavelmente benigno < 2% Seguimento em 6 meses 4 Suspeito 2 – 95% Biopsia 5 Provavelmente maligno > 95% Biopsia 6 Lesão maligna (biopsiada ou diagnostivada), não submetida a terapia definitiva 100% • BIRADS 0: inconclusivo - Necessário exame complementar (geralmente USG) para chegar a alguma conclusão • BIRADS 1: normal, sem alteração - 0% de chance de ser câncer - Conduta: controle anual a partir dos 40 anos • BIRADS 2: achados benignos (ex.: cisto) - 0% de chance de ser câncer - Conduta: controle anual a partir dos 40 anos • BIRADS 3: achados provavelmente benignos, poucas chances de ser câncer - Baixo risco de ser câncer (< 2%) - Conduta o Controle após 6 meses o Se continuar estável, repetir mais uma vez após 6 meses o Se estiver estável após 2 anos, abaixar para BIRADS 2 o B3 → 6 meses (B3 – estável) → 6 meses (B3 – estável) → 12 meses (B2 – estável) → Acompanhamento anual o Se houver crescimento da alteração após 6 meses que repetiu o exame, classificar como B4 • BIRADS 4: achados suspeitos - Chance de ser câncer: entre 2 a 95% - inespecífico, grande leque de possibilidades - Conduta: investigar com biopsia (estudo histopatológicoda lesão) • BIRADS 5: achados provavelmente malignos - Alterações altamente sugestivas de malignidade - Chance de ser câncer: 95% - Conduta: investigar com biopsia ou operar direto • BIRADS 6: achados malignos confirmados (quando já houve a biopsia) - Por que fazer o exame? → acompanhamento - Chance de ser câncer: 100% ALTERAÇÕES NOS EXAMES DE IMAGEM BIRADS 2 • Mamografia (primeira foto) - É possível visualizar duas bolas, mas não se sabe trata-se de câncer ou água = BIRADS 0 • USG (exame complementar) - Visualiza-se um cisto anecoico, preto, com reforço acústico posterior = cisto (benigno: B2) BIRADS 3 • Risco de câncer: < 2% • Conduta: rotina (< 45 anos) • Não indicar PAAF (Punção Aspirativa por Agulha Fina) • Seguimento após 6 meses (< 45 anos), com USG ou mamografia • Mamografia - Calcificações agrupadas e monomórficas: 3 ou mais com menos de 1 cm de distância • USG - Cisto hipoecogênico (sólido), circunscrito, bem delimitado, ovalado, mais largo que alto (horizontalizado), paralelo a pele BIRADS 4 • Mamografia - Microcalcificações agrupadas, pleomórficas (indicam malignidade) o Quanto menor, pior • USG - Cisto de contorno lobulado, mais alto que largo (verticalizado), sem efeito acústico posterior - Pode ser tanto um fibroadenoma quanto um câncer - Conduta: fazer biopsia BIRADS 5 • Invade o tecido adjacente • O tumor tem conteúdo branco • Mamografia - Nódulo espiculado (forma de aranha, estrela – denota malignidade) - Microcalcificações agrupadas, pleomorfismo o Letras gregas: microcalcificações BIRADS 5 MAMAS DENSAS • Quanto maior a densidade, menor a sensibilidade do exame • Mamografia - Mamas densas não é BIRADS 0 (B0 é quando há alteração, mas não se sabe que é) - Se não apresentar alteração no exame é BIRADS 1 - Pelo fato de a mama ser densa, realizar uma USG • USG - Lobulado, sem reforço acústico posterior, hipoecogênico, verticalizado = BIRADS 4 - Conduta: biopsia RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA DA MAMA • Leva em consideração - Caracteristica do nódulo - Como ele se comporta após contraste • Curvas - Curva tipo I: benigna o Sobe devagar e desce devagar - Curva tipo II: platô o Sobe rápido, mas se mantém estável - Curva tipo III: maligno o O nódulo é bem vascularizado (neovascularização), logo o sangue + contraste entra e sai rapidamente o Curva de wash out: efeito de lavagem - Para o BIRADS, levar em consideração o formato e o gráfico do contraste INDICAÇÕES • Próteses - Mostra se a prótese está integra ou rota, mesmo sem extravasamento de silicone • Mamas densas • Pacientes de alto risco - Radioterapia de mediastino – aumenta incidência de câncer - Alterações genéticas • Carcinoma oculto - Câncer no linfonodo, mas não há alterações na mamografia ou USG • Planejamento cirúrgico • Após quimioterapia neoadjuvante • Não recomendada para rastreamento: sensibilidade de 35 a 95% - inespecífico I- II- III- CONCLUSÕES SOBRE O RASTREAMENTO DE BAIXO RISCO • Mamografia - Anual a partir dos 40 anos (Sociedades) - Anual a partir dos 50 anos (SUS) • Periodicidade: 1 ano, incluindo - Exame clínico - Mamografia - Se houver alterações, solicitar USG
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