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TRATAMENTO DE RESÍDUOS PELO PROCESSO DE FERMENTAÇÃO INTRODUÇÃO A fermentação é um processo anaeróbio que apresenta como finalidade a produção de ATP. Suas fases são a glicólise e a redução do piruvato. A glicólise acontece em uma sequência de dez etapas, que ocorrem em virtude da presença de algumas enzimas específicas e formam açúcares intermediários. O rendimento líquido em ATP é de duas moléculas por molécula de glicose, pois duas moléculas de ATP são hidrolisadas inicialmente para que as primeiras etapas aconteçam. Os processos fermentativos ocorrem desde a antiguidade, porém naquela época não se tinha o conhecimento de como a uva se transformava em vinho, a cevada em cerveja e a farinha em pão. Bem mais tarde, estudiosos começaram a esclarecer o fenômeno que estava envolvido nestas transformações, a então denominada fermentação. Uma definição mais restrita, mas ainda muito utilizada é a de que a fermentação é o mecanismo anaeróbico (sem oxigênio) de produção de energia que não envolve a cadeia respiratória. Nos dias de hoje, esta definição tem sido mais ampliada pelo fato de alguns processos que são conduzidos utilizando-se o oxigênio e a cadeia respiratória, também serem classificados como processos fermentativos, citando como exemplo a produção de enzimas microbianas. Portanto, um novo conceito mais abrangente para fermentação consiste no processo que ocorre quando o microrganismo se reproduz, a partir de uma fonte apropriada de nutrientes, visando a obtenção de um bioproduto. Os processos fermentativos têm uma grande importância em vários setores de interesse para a sociedade, seja na indústria química, farmacêutica e na agricultura, bem como na indústria de alimentos. Neste último setor, exemplos muito importantes são a produção de queijo, iogurte, manteiga, produtos de panificação, picles, carnes fermentadas, vinagres, enzimas, dentre outros. Porém este processo também podem ser utilizado para tratamento de resíduos industriais através da ação de microrganismos específicos que irão degradar ou biotransformar os resíduos em produtos sem risco para descarte na natureza. PROCESSO A fermentação anaeróbia consiste em um processo biológico no qual um consórcio de diferentes tipos de micro-organismos promove a transformação de compostos orgânicos complexos (carboidratos, proteínas e lipídios) em produtos mais simples, tais como ácidos orgânicos voláteis (ácidos acético, propiônico, isobutírico e butírico), álcoois (etanol, butanol), H2, CO2 e CH4. A degradação da matéria orgânica em ambientes anaeróbios envolve a cooperação entre diferentes micro-organismos responsáveis por uma fermentação estável e autorregulada. O processo de fermentação anaeróbia é desenvolvido em quatro etapas principais: hidrólise, acidogênese, acetogênese e metanogênese. Na primeira fase do processo fermentativo, bactérias hidrolíticas produzem enzimas extracelulares que promovem a degradação dos materiais particulados complexos em materiais dissolvidos mais simples, os quais são permeáveis às membranas celulares das bactérias fermentativas. Na fase acidogênica, os produtos solúveis oriundos da etapa anterior são metabolizados no interior das células das bactérias, sendo convertidos em compostos mais simples. Os compostos produzidos incluem ácidos orgânicos voláteis, álcoois, CO2, H2, além de novas células bacterianas. As bactérias acetogênicas são responsáveis pela oxidação dos produtos gerados na fase acidogênica em substrato apropriado (H2 e ácido acético) para as arqueias metanogênicas. Nesta etapa do processo, o H2 pode também ser convertido em ácido acético pelas bactérias homoacetogênicas. Na última etapa do processo, as arqueias metanogênicas convertem o H2 e o ácido acético em CH4 e CO2. Em função de sua afinidade pelo substrato, as arqueias metanogênicas podem ser divididas em metanogênicas acetoclásticas (arqueias que utilizam o ácido acético como substrato) e metanogênicas hidrogenotróficas (arqueias que utilizam o hidrogênio como substrato). Na presença de sulfato e nitrato no meio fermentativo, as bactérias nitrato-redutoras (BNR) e as bactérias sulfato-redutoras (BSR) são capazes de utilizar o H2 para formação de amônia e sulfeto, respectivamente. Uma representação esquemática das principais etapas do processo fermentativo anaeróbio é apresentada na Figura 1. O tempo de fermentação está diretamente relacionado com o esgotamento nutricional no meio, implicando na redução do crescimento microbiano, inviabilizando a conversão da biomassa em produtos e, consequentemente, reduzindo a produção de enzimas. O pH pode influenciar no transporte de componentes na membrana das células e assim, induzir mudanças morfológicas nos micro-organismos e interferir na estabilidade enzimática. A temperatura está relacionada com o transporte de massa e com a transferência de oxigênio. A umidade está relacionada ao teor e atividade de água, sendo que o teor de água deve ser ajustado para que não ocasione contaminações no meio de fermentação devido a uma alta umidade ou proporcione o surgimento de metabólitos devido a uma baixa umidade, enquanto que a atividade de água deve ser determinada de acordo com a necessidade de água dos micro- organismos utilizados, no qual a atividade livre permite reações sobre o substrato sólido. O enriquecimento e o pré-tratamento dos substratos têm sido adotado como alternativas para contribuir com um maior fornecimento de nutrientes, permitindo que os micro-organismos cresçam mais facilmente. CONCLUSÃO Este processo em expansão pode ser aplicado à diversas áreas da indústria, mas, principalmente na indústria de alimentos e insumos agrícolas, o que contribuirá, substancialmente, com a minimização dos custos em descarte, com a redução do acúmulo desses materiais no meio ambiente e agregação de valores à matérias primas, até pouco tempo, desvalorizadas. Podendo ser utilizados ainda em outros setores ou ramos da indústria para otimização deste processo. REFERÊNCIAS TORTORA, G. J.; FUNKE, B.R.; CASE, C. L. Eucariotos: Fungos, Algas, Protozoários e Helmintos. In: Microbiologia, 10ª Edição, Artmed, Rio Grande do Sul: Porto Alegre, 2012. p. 332. SANTAELLA, S.T., LEITÃO, R.C.; Resumos do II Simpósio Internacional sobre Gerenciamento de Resíduos Agropecuários e Agroindustriais – II. AGUIAR, C.M. Hidrólise enzimática de resíduos lignocelulósicos utilizando celulases produzidas pelo fungo Aspergillus niger. 2010. 118f Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) - Centro de Engenharias e Ciências Exatas, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Toledo, 2010. Brasil, Ministério do Meio Ambiente. Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Versão Preliminar para Consulta Pública, setembro de 2011. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/253/_publicacao/253_p ublicacao02022012041757.pdf. Acesso em: 31 out. 2018.
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