Buscar

Direito do Consumidor_UNIDADE 01

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

UNIDADE 01 
Noções Introdutórias: conceitos de consumidor, fornecedor e formação da relação de 
consumo. Riscos de desenvolvimento. O Estado como fornecedor. Direitos básicos dos 
consumidores e princípios fundamentais. Da qualidade dos produtos e serviços e a proteção 
do consumidor. Responsabilidade civil pelo fato e pelo vício do produto e do serviço. Defeito 
do produto/serviço. Excludentes da responsabilidade civil no CDC. Prazos prescricional e 
decadencial. 
1. A Relação de Consumo 
 A Lei n° 8078/90, intitulada Código de Defesa do Consumidor (CDC), inaugurou o 
amparo normativo nominal e sistematizado para a defesa das relações de consumo. Seu 
primeiro dispositivo apresenta sua justificação constitucional (enquanto direito 
fundamental – art. 5, CF - e princípio da ordem econômica – art. 170, CF). Em seguida, passa 
a conceituar os destinatários e objeto de sua proteção. É assim que nos arts. 2° e 3° passa a 
apresentar os elementos subjetivo (consumidor e fornecedor), objetivo (produto e serviço) 
e teleológico (finalidade - destinatário final) da relação de consumo. 
 A lei conceitua como consumidor: 
(i) toda pessoa física ou jurídica que adquire bem ou serviço como 
destinatário final (conceito standard – art. 2°, caput, CDC). É 
necessário aqui que, independentemente de se tratar de pessoa 
física ou jurídica, aquele que retira do mercado de consumo um 
bem ou serviço o faça como destinatário final. Relativamente à 
figura da pessoa jurídica como consumidora, existem correntes 
doutrinárias para explicar essa situação, ora flexibilizando e 
entendendo tratar-se sempre de consumidora (teoria 
maximalista), ora entendendo-se necessário avaliar quando a 
pessoa jurídica é destinatária final fática e econômica do bem 
retirado do mercado de consumo (teoria finalista) e, ainda, uma 
terceira corrente que tem sido aceita pelo Superior Tribunal de 
Justiça que se utiliza do critério finalista e subjetivo, ou seja: a 
pessoa jurídica para ser considerada consumidora deve mostrar-
se vulnerável ou não ter fins lucrativos e, ainda, demonstrar que 
o bem ou serviço que adquiriu está fora de seu âmbito de 
especialidade, não sendo insumo ou bem de produção do 
produto ou serviço final que coloca no mercado; 
(ii) coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis que haja 
intervindo nas relações de consumo (art. 2°, par.ún., CDC); todas 
as vítimas de um acidente de consumo, ainda que não tenham 
adquirido diretamente o bem ou contratado o serviço (art. 17, 
CDC) e todas as pessoas expostas às práticas comerciais, 
elencadas no Capítulo V do CDC. Essas três hipóteses indicam o 
conceito de consumidor por equiparação, ou seja, aquele que se 
afeta com a existência de uma relação de consumo de maneira 
coletiva ou ainda que não tenha dela participado diretamente, 
remunerando o bem ou o serviço. 
 
Por fornecedor, entende-se (art. 3°, caput. CDC): 
(i) toda pessoa física (que, com habitualidade e mediante 
remuneração disponibilizam bens ou serviços no mercado de 
consumo) ou jurídica; 
(ii) pública ou privada; 
(iii) nacional ou estrangeira; 
(iv) os entes despersonalizados, identificado por pessoa(s) física(s) e 
que possuem uma espécie de fundo de comércio, ainda que não 
formalizada (p.ex. camelôs e barracas de venda de alimentos na 
rua); 
(v) [todos e quaisquer desses] que desenvolvam atividade de 
produção, montagem, criação, construção, transformação, 
importação, exportação, distribuição ou comercialização de 
produtos ou prestação de serviços. Como se vê o tipo legal amplo 
proporciona a consideração de todas as espécies de 
fornecimento, da produção à disposição final ao consumidor; 
(vi) Fornecedor possui habitualidade e obtenção de lucro e deve 
estar ligado a uma atividade fim. 
 
Elementos objetivos da relação de consumo: 
(i) Produto - qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial 
(art. 3°, §1°, CDC); 
(ii) Serviço - qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, 
mediante remuneração, ainda que indireta, inclusive as de 
natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as 
decorrentes das relações de caráter trabalhista. A ADI n° 2591 
pretendeu afastar as instituições financeiras das relações de 
consumo, mas não obteve êxito (v. abaixo link sobre). 
Diante desses elementos pode-se extrair o conceito de relação de consumo: aquela 
em que um consumidor, pessoa física ou jurídica retira do mercado de consumo, a título 
gratuito ou oneroso, um bem ou serviço, como destinatária final. 
Em uma relação de consumo, o fornecedor que se apresenta no mercado, inclusive 
o ente público, assume todos os riscos da sua atividade de maneira direta e objetiva (teoria 
do risco), que contempla o fortuito interno, ou seja, aquele que, em virtude do negócio, é 
extremamente possível que aconteça, embora fortuito. Pressupõe-se a sua expertise 
técnica para o negócio ao qual se propõe, não se admitindo, via de regra, qualquer escusa 
para a má prestação de sua atividade, àquilo a que se propõe no mercado. Pondera-se, no 
entanto, tendo já decisões nesse sentido, que o fortuito externo - aquele que não está ligado 
diretamente às condições e riscos que razoavelmente se esperam na espécie de negócio 
(produto ou serviço) colocado no mercado – é causa excludente de responsabilidade do 
fornecedor. 
 
2. Princípios norteadores e Direitos básicos 
 Os princípios (art. 4°, CDC) e direitos básicos (art. 6°, CDC) nortearão todas as 
relações de consumo. 
 Princípios têm por “objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o 
respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a 
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de 
consumo” (art. 4°, caput, CDC) e são (art. 4°, I a VIII, CDC): 
(i) reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado 
de consumo – pressuposto máximo de toda a relação de 
consumo, dada a clara diferença de equilíbrio na relação entre 
consumidor e fornecedor. Consagração do princípio 
constitucional da isonomia; 
(ii) ação governamental no sentido de proteger efetivamente o 
consumidor, por: iniciativa direta, incentivo à criação e 
desenvolvimento de associações representativas, presença do 
Estado no mercado de consumo, garantia de produtos e serviços 
com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade 
e desempenho; 
(iii) harmonização dos interesses dos participantes das relações de 
consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a 
necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de 
modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem 
econômica – evidenciando-se a proteção ao mercado de 
consumo como um todo; 
(iv) boa-fé – pressuposto imediato a consumidor e fornecedor; 
(v) equilíbrio nas relações de consumo – de acordo com o princípio 
da isonomia também; 
(vi) educação – para a formação (letramento) de consumidores, 
prévia à informação; 
(vii) informação – para atividade consciente no mercado; 
Educação e informação são aspectos atinentes a fornecedores e consumidores, 
quanto aos seus direitos e deveres, para a melhoria do mercado de consumo. 
(viii) incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de 
controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim 
como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de 
consumo – questiona-se muito a arbitragem para as relações de 
consumo em virtude do princípio da vulnerabilidade. Ademais, 
há direitos consumeristas indisponíveis que, por si só, afastam, a 
possibilidade de arbitragem (v. Lei n° 9307/96); 
(ix) coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no 
mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e 
utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas 
e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar 
prejuízos aos consumidores – nota-se a proteção ao mercado 
como um todo e à atenção das regras consumeristas como 
princípio da ordem econômica e que deve se harmonizarcom os 
demais insculpidos no art. 170, CF; 
(x) estudo constante das modificações do mercado de consumo; 
(xi) racionalização e melhoria dos serviços públicos – vez que o 
Estado pode ser fornecedor. 
Lembre-se de que princípios são inspirações e diretrizes à adequada aplicação da lei. 
Podem ser positivados ou não e se constituem norma jurídica à medida em que são 
considerados fontes do direito para a integração normativa (art. 4°, LINDB). Entre eles não 
há hierarquia, de modo que devem ser todos considerados em equilíbrio e harmonia diante 
de uma situação posta em conflito. A antinomia, portanto, para eles é aparente e não pode 
ser real. 
Os direitos básicos também se constituem diretivas para a relação consumerista, 
estão para o CDC assim como os direitos fundamentais estão para a Constituição Federal. 
Pode-se dizer que são um núcleo mínimo de respeito e proteção. São eles (artigo 6°, I a X, 
CDC): 
(i) proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados 
por práticas no fornecimento de produtos e serviços 
considerados perigosos ou nocivos; 
(ii) educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos 
e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas 
contratações; 
(iii) informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e 
serviços, com especificação correta de quantidade, 
características, composição, qualidade, tributos incidentes e 
preço, bem como sobre os riscos que apresentem – a informação 
é um dos direitos mais elementares e importantes para as 
relações de consumo: corresponde a um dever do fornecedor. 
Não basta que exista: deve ser também adequada ao público a 
que se destina, bem como verdadeira. Recentemente houve 
uma inovação legislativa, com a inserção da discriminação dos 
tributos na composição do preço também como direito básico 
do consumidor. 
(iv) proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos 
comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e 
cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e 
serviços; 
(v) modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam 
prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos 
supervenientes – apenas fatos supervenientes e não quaisquer 
fatos - que as tornem excessivamente onerosas; 
(vi) efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, 
individuais, coletivos e difusos; 
(vii) acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à 
prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, 
individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, 
administrativa e técnica aos necessitados; 
(viii) facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão 
do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a 
critério do juiz, for verossímil a alegação e quando for ele 
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências – 
este direito tem caráter eminentemente processual e será 
comentado em tópico pertinente, abaixo. ATENÇÃO! Não deixe 
de ler a parte processual sobre este tema, na UNIDADE 02; 
(ix) adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. 
Você notará que estes aspectos gerais, insculpidos nos princípios e direitos serão 
mais detalhados nas normas que passaremos a analisar, podendo-se dizer, então, que dos 
artigos 1° ao 7° o CDC apresenta uma parte geral, seguindo-se dos tipos civis especiais. 
 
1. Da qualidade dos produtos e serviços e a proteção do consumidor 
 Qualidade dos produtos e serviços constitui-se a proteção do consumidor em amplo 
espectro: integridade física e patrimonial. Dependendo do objeto (saúde/segurança ou 
patrimônio), a proteção se apresenta sob uma modalidade de responsabilidade civil, não se 
afastando, qualquer que seja, de sua característica principiológica (art.4°, caput, CDC) e de 
sua natureza jurídica de direito básico (art. 6°, I e VI, CDC). 
 O Capítulo IV do CDC traz o tema dividido em cinco sessões: proteção à saúde e à 
segurança; responsabilidade pelo fato de produto/serviço; responsabilidade pelo vício de 
produto/serviço; decadência e prescrição e desconsideração da personalidade jurídica.
 É pressuposto legal que os bens e serviços colocados no mercado de consumo sejam 
seguros, não acarretem riscos à saúde e segurança do consumidor, além dos inerentes e 
previsíveis e, ainda, assim, que sejam estes ostensiva e claramente informados, com a 
adoção, ainda, pelo fornecedor, de medidas quaisquer outras medidas necessárias e 
pertinentes (arts. 8° e 9°, CDC). 
 Ademais, não pode o fornecedor colocar no mercado produto nocivo ou perigoso e, 
caso isto ocorra, com a descoberta posterior de um problema no processo produtivo que 
conceda ao produto característica de nocividade ou periculosidade, a sociedade deverá ser 
alertada e o produto retirado do mercado (art. 10). A isto dá-se o nome de recall. Além de 
cuidar para que o produto não gere [mais] danos, com a informação ampla à sociedade, por 
meio de publicidade, e ao Estado, deve o fornecedor sanar o problema do produto, com o 
conserto ou troca, conforme o caso. As regras de recall também estão descritas na Portaria 
MJ 487/12. 
 
2. Responsabilidade civil pelo fato e pelo vício do produto e do serviço. Defeito do 
produto/serviço 
 Temas disciplinados nas Seções II e III do Capítulo V do CDC apresentam 
diferenciação conceitual e de responsabilidade civil muito importantes para você conhecer. 
Portanto, fique atento aos elementos e proteção que a lei imprime para adequadamente 
identificar a proteção legal para o caso concreto que se lhe apresentar. 
 Consideremos o termo defeito. Nos referimos cotidianamente a ele, não é? 
Entendemos como sendo aquele problema que um produto ou serviço apresentou e que 
inutiliza ou compromete a funcionalidade do bem temporária ou definitivamente. Pois bem, 
essa utilização do termo defeito é amparada pela lei, mas não com esta denominação. 
Defeito, como consideramos agora a sua conotação, é o que o CDC chama de vício. Mas 
também há uma definição técnica jurídica, legal, para o termo defeito: o de acidente de 
consumo ou fato de produto/serviço. 
 Diante dessas considerações, depreende-se: 
(i) defeito em sentido coloquial é sinônimo de vício (arts. 18 a 22, 
CDC) e corresponde a um dano intrínseco ao produto ou ao 
serviço. Nele se contém. A ele não extrapola. Indica uma 
impropriedade ou inadequação na qualidade ou quantidade do 
produto ou serviço, ou seja, produtos cujos prazos de validade 
estejam vencidos (e que não tenham causado danos à saúde do 
consumidor); produtos deteriorados, alterados, adulterados, 
avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida 
ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as 
normas regulamentares de fabricação, distribuição ou 
apresentação; produtos ou serviços que, por qualquer motivo, 
se revelem inadequados ao fim a que se destinam ou que não 
atendam as normas regulamentares de prestabilidade (arts. 18, 
§6° e 20, §2°, CDC); 
(ii) defeito em sentido jurídico é acidente de consumo, fato de 
produto/serviço (arts. 12 a 14, CDC) e extrapola o âmbito do 
produto ou serviço, atingindo a saúde, segurança ou patrimônio 
do consumidor. Um produto ou serviço, de acordo com os arts. 
12, §1° e §2° e 14, §1° e § 2°, CDC, não pode ser considerado 
defeituoso quando, levando-se em consideração as 
circunstâncias relevantes de: apresentação (produto) ou modo 
de fornecimento (serviço); o uso (produto) ou resultado (serviço) 
e os riscos que razoavelmente dele se esperam; a época em que 
foi colocado em circulação (produto) ou fornecido (serviço) e/ou 
quando outro produto de melhor qualidade ter sido colocado no 
mercado ou forem adotadas novas técnicas para a execução do 
serviço. Lembre-se que é direito básico das relações de consumo 
(v. tópico supra) o acompanhamento das novas técnicas. 
 
Pois bem. Entendida a diferenciação conceitual, passa-se à previsão legal para a 
responsabilidade civil em cada caso, tendo-se em mente que a regra geral é a daresponsabilidade objetiva (independente de culpa) e solidária (art. 7°, par.ún, CDC - igual 
para todos) dos fornecedores indicados em cada tipo legal a seguir em comento, com 
algumas exceções, como se demonstrará. 
 
Como fato de produto/serviço indica periculosidade ou nocividade do bem jurídico 
colocado no mercado de consumo, normalmente refere-se a uma falha no processo 
produtivo e, portanto, via de regra, a responsabilidade é de todos os fornecedores que 
integraram a cadeia produtiva. Veja: 
Art. 12, caput, CDC - O fabricante, o produtor, o construtor, 
nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, 
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos 
danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de 
projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, 
manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus 
produtos, bem como por informações insuficientes ou 
inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
Repare que o tipo legal traz todos os verbos possíveis para a descrição de qualquer 
parte do processo produtivo: essa é a exegese da lei! 
E, para serviço: 
Art. 14, caput, CDC - O fornecedor de serviços responde, 
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos 
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à 
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes 
ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 
Nos dois dispositivos, também, há a clara indicação da responsabilidade objetiva dos 
fornecedores. 
Neste ponto, cabe ponderar sobre duas exceções. A primeira consiste na indicação 
excepcional e taxativa da agregação da responsabilidade solidária do comerciante, 
consoante o art. 13, CDC, quando: 
(i) o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não 
puderem ser identificados; 
(ii) o produto for fornecido sem identificação clara do seu 
fabricante, produtor, construtor ou importador; 
(iii) não conservar adequadamente os produtos perecíveis. 
Não se trata, neste passo, de excludente de responsabilidade de qualquer um dos 
fornecedores da relação em conflito, mas somente a integração do comerciante, em virtude 
de circunstâncias muito específicas, no rol de co-responsáveis. As excludentes serão 
tratadas em tópico específico, adiante. 
Ressalte-se que o fornecedor que, sob o modelo de responsabilidade legal, reparar 
o dano ao consumidor, terá direito de regresso relativamente aos demais pares da cadeia 
de consumo, de acordo com sua participação no evento danoso (art.13, par.ún., CDC). 
A outra ponderação corresponde à única exceção do CDC para a responsabilidade 
objetiva: a do profissional liberal. Admite o art.14, §4°, CDC que exclusivamente para o 
profissional liberal que tiver ocasionado acidente de consumo, a responsabilidade será 
subjetiva. TRATA-SE DA ÚNICA EXCEÇÃO À RESPONSABILIDADE OBJETIVA NO CÓDIGO DE 
DEFESA DO CONSUMIDOR. 
O prazo decadencial para reclamar de defeito/acidente de consumo/fato de 
produto ou serviço, segundo o art.27, CDC, é de cinco anos. 
 
Por sua vez, sendo o vício um problema de qualidade NO produto ou NO serviço (e 
a eles adstrito), a solução para a reparação de danos é diversa. 
Para os vícios de qualidade de produtos ou serviços duráveis e não duráveis, os 
fornecedores (todos os envolvidos na relação de consumo posta: do fabricante ao 
comerciante) respondem solidária (art. 18, caput, CDC) e objetivamente (art.7°, par.ún., 
CDC), aos danos, bem como à disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da 
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de 
sua natureza. Oportuniza-se ao consumidor, diante do vício de qualidade de produto, então 
(art.18, §1°, CDC): 
(i) a substituição do produto por outro da mesma espécie, em 
perfeitas condições de uso. Admite-se a substituição por 
produto de espécie, marca ou modelo diversos, mediante 
complementação ou restituição de eventual diferença de preço 
(art.18, §4°, CDC); 
(ii) a restituição imediata da quantia paga, monetariamente 
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; 
(iii) o abatimento proporcional do preço. 
Uma destas hipóteses, via de regra, deve ser exigida pelo consumidor se, após 30 
dias, o fornecedor não sanar o vício. Tal prazo pode ser convencionado expressamente entre 
as partes (e não em contrato de adesão e nem como excludente de responsabilidade de 
quaisquer dos fornecedores da cadeia de consumo) entre sete e 180 dias (art.18, §2°, CDC). 
Todavia, este prazo passa a ser desconsiderado, podendo o consumidor valer-se das 
alternativas acima indicadas, se o produto lhe for essencial ou em razão da extensão do 
vício, ocasionando a diminuição do valor do produto (art. 18, §3°, CDC). E, no caso de 
fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o fornecedor 
imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor (art. 18, §5°, CDC). 
#DICA  É COMUM EM PROVAS ENTENDER QUE A RESPOSTA IMEDIATA EM CASO 
DE VÍCIO APARENTE É A RESTITUIÇÃO DO VALOR PAGO (DINHEIRO) AO CONSUMIDOR. 
Para o caso de vício de qualidade de serviço, as hipóteses de reparação são similares, 
determinando, alternativamente e à escolha do consumidor: 
(i) a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível, 
que poderá ser confiada a terceiros e por conta e risco do 
fornecedor (art.20, §1°); 
(ii) a restituição imediata da quantia paga, monetariamente 
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; 
(iii) o abatimento proporcional do preço. 
 
 O serviço público prestado diretamente pelo Estado ou por concessionárias e 
permissionárias também tem essa proteção legal, com a especificidade de que, por sua 
natureza, devem ser adequados, eficientes e seguros e quanto aos essenciais (v. art. 11, Lei 
n° 7783/89), contínuos (art.22, CDC). 
 
 
Quanto ao vício de quantidade, a regra é a prescrita no art.19, CDC: 
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de 
quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações 
decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às 
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de 
mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente 
e à sua escolha: 
I - o abatimento proporcional do preço; 
II - complementação do peso ou medida; 
III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou 
modelo, sem os aludidos vícios; 
IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, 
sem prejuízo de eventuais perdas e danos. 
§ 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo anterior. 
§ 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou 
a medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os 
padrões oficiais. 
 
 Os vícios podem ser aparentes (imediatamente identificáveis) ou ocultos 
(identificados de maneira não imediata e que não sejam originários do desgaste natural do 
produto ou da má utilização pelo consumidor). A caracterização de um ou outro interfere 
no dies a quo do prazo de decadência: para o aparente da entrega do produto ou término 
da execução do serviço (art.26, §1°, CDC) e para o oculto, assim que for dada ciência (art.26, 
§3°, CDC). Ademais, os prazos decadenciais fixam-se de acordo com a natureza do bem: se 
duráveis (p. ex. eletroeletrônicos, máquina fotográfica, vestuário...), 90 dias e não duráveis, 
30 dias (p.ex. alimentos..). 
 
3. Excludentes da responsabilidade civil no CDC 
 Pela disciplina do CDC, admite-se a excludente de responsabilidade em raras 
situações. 
 Em se tratando de fato de produto/serviço, as hipóteses em que se exonera o 
fornecedor de responsabilidade são taxativas (arts. 12, §3° e 14, §1°) e quando provar que: 
(i) não colocou o produto no mercado ou não prestou o serviço; 
(ii) embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; 
(iii) a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro 
 A letra do CDC não traz mais nenhuma hipótese de excludente de responsabilidade 
e, ao contrário,para o caso de vício, reforça em seu art. 21, que a ignorância do fornecedor 
quanto à existência do vício não o desonera de seu ônus reparatório. 
 Majoritariamente a doutrina afasta as excludentes de caso fortuito e força maior nas 
relações de consumo, diferentemente para a disciplina puramente civil. Modernamente, no 
entanto, passou-se a considerar o caso fortuito numa situação muito especial, como possível 
excludente de responsabilidade para o Direito consumerista: o fortuito externo, isto é, 
aquele absolutamente ligado a ato da natureza e desvinculado de qualquer variável do 
negócio do fornecedor. Este desconsiderado como eventual excludente de 
responsabilidade. 
 
 
QUESTÕES DE FIXAÇÃO 
1. Quaisquer fatos são possíveis de suscitar a revisão contratual? Explique. 
2. Conceitue o sujeito fornecedor na relação de consumo. 
3. Quais os princípios nas relações de consumo? 
4. Quais os direitos básicos nas relações de consumo? 
5. Diferencie conceitualmente fato de produto de vício de produto. 
6. Indique a responsabilidade civil em caso de defeito. 
7. Quais são os prazos de decadência em caso de vício e de fato de produto/serviço? 
8. Caso fortuito e força maior são considerados excludentes de responsabilidade para 
as relações de consumo?

Outros materiais

Perguntas Recentes