Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Câncer na Mulher Câncer Cervico-uterino ou Câncer de Vagina e de Vulva 1 INTRODUÇÃO No site oficial do INCA, as estatísticas recentes mostram um aumento no número de casos ao longo dos últimos anos. De 2017 a 2020, contabilizou-se 103,583 óbitos de mulheres por cânceres diversos. Aumentando para 316.140 óbitos até esse momento em 2020. Os cânceres de vagina e vulva, estão inclusos como causas de morte Porém ambos são considerados neoplasias raras dentre as que se conhece, que acometem as mulheres. Corpo do útero - https://pt.wikipedia.org/wiki/Corpo_do_%C3%BAtero#/media/Ficheiro:Scheme_female_reproductive_system-pt.svg A vulva (genitália externa) inclui o clitoris, os lábios maiores e lábios menores, e a entrada vaginal e suas glândulas. http://www.marciojsalmeida.med.br/cancerdecolouterino.htm TIPOS DE CÂNCER Vulva ou Vulvar Vagina ou Vaginal Incidência mundial é de 1,8/100.000 mulheres. após a idade de 75 anos, é até 20/100.000 mulheres ~ 4% dos tumores ginecológicos malignos Principal causador - 30% dos carcinomas - é o papilomavírus humano (HPV) O tipo mais frequente (90% dos tumores nessa região) é o carcinoma de células escamosas ou epidermóide 1% a 2% dos tumores malignos ginecológicos 70 a 80% das pacientes com essa doença estão >60 anos O carcinoma de células escamosas representa 85-90% dos casos. CA de Vulva (Vulvar) Neoplasia maligna rara Índice de sobrevida de 5 anos (varia 20 a 90%, dependendo do estágio do tumor) O carcinoma de células escamosas/epidermóide apresenta-se sob duas formas: Relacionada ao HPV, ocorrer com maior frequência em mulheres < 65 anos Histológicamente com dois tipos distintos: basalóide e verrucóide. Não relacionado ao HPV, tem frequência 3-4x maior, principalmente em mulheres > 65 anos Etiologia desconhecida https://www.izmironcologist.com/vulva-cancer/ Quadro clínico Lesão inicial normalmente nos grandes lábios com: discromia, prurido, elevações ou úlceras A lesão pode ser unifocal: um pequeno nódulo ou placa ou úlcera Ou em extensas formas: ulceráticas, exofíticas e infiltrativas No caso de doença avançada: sangramento, corrimento e dor Diagnóstico O exame físico geral deve incluir: Avaliação adequada do tamanho do tumor, A extensão para mucosas adjacentes e/ou estruturas ósseas e Avaliar dos linfonodos inguinais aos linfonodos pélvicos (a mais importante via de disseminação, nos casos de tumores invasores) Avaliar também o possível envolvimento da uretra, da bexiga e do reto. A vagina e o colo do útero também precisam ser avaliados. Carcinoma de células escamosas - https://www.semanticscholar.org/paper/Vulvar-cancers-in-women-with-vulvar-lichen-planus%3A-Regauer-Reich/6a90efbeaae19392ae7cc46765e35131165c1d90/figure/0 Estadiamento Também chamado de Estágios do Câncer É a descrição, normalmente em números de I a IV (de A-C, e 1 ou 2), de quanto o câncer já espalhou pelo corpo. Cada estágio geralmente leva em conta: o tamanho do tumor, o quão profundo ele está penetrado, se já invadiu órgãos vizinhos, se há metástases para os linfonodos e se está espalhado em órgãos distantes. Ditará qual a conduta a ser seguida, onde será realizado o planejamento do tratamento mais adequado, podendo ser: Cirúrgico/ Radioterápico/ Quimioterápico Utilizado também como indicativo de prognóstico (chance de resposta ao tratamento) da doença, previsão de possíveis complicações e avaliação dos resultados após o tratamento. https://charlessouza.site.med.br/index.asp?PageName=Estadiamento-20do-20C-E2ncer#CA-VULVA Fatores de Risco CA Vulvar Relacionam-se a aspectos comportamentais, reprodutivos, hormonais e genéticos. Aumenta o risco de desenvolvimento: Idade madura, após os 65 anos Tabagismo, Outros carcinomas genitais, Doenças Inflamatórias Crônicas Vulvares = líquen escleroso ou hiperplasia epitelial Neoplasias intra-epiteliais vulvares (NIV) = verrugas genitais e carcinomas vulvares incipientes lesão precursora do carcinoma escamoso vulvar, a qual, em uma proporção de mulheres, progride para carcinoma invasivo https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/ginecologia-e-obstetr%C3%ADcia/neoplasias-ginecol%C3%B3gicas/c%C3%A2ncer-vulvar Estágio 3 carcinoma epidermóide – HPV e Câncer https://juliocarvalhohpv.com.br/m/cancer.html 8 CA de Vagina (Vaginal) Neoplasia maligna rara A maioria dos tumores da vagina é secundário. A invasão inicial é na parede da vagina disseminando posteriormente aos tecidos paravaginais e paramétrios. As lesões metastáticas são 2-3x mais frequentes que o carcinoma primário e são provenientes do colo do útero, endométrio, ovário, vulva, reto, uretra, bexiga e do coriocarcinoma. http://www.aboutcancer.com/vagina.htm https://www.tuasaude.com/sintomas-de-cancer-na-vagina/ Quadro clínico A maioria das pacientes apresenta sangramento vaginal anormal: pós-menopausa, pós-coito ou entre os ciclos menstruais. No caso de doença avançada: fístulas vesicovaginais ou retovaginais Diagnóstico Detalhada história clínica Exame ginecológico deve incluir: Inspeção direta e cautelosa rodando o espéculo de maneira delicada afim de visualizarmos toda a extensão da parede vaginal A realização da colpocitologia, colposcopia e biópsia O toque vaginal e o retal também são importantes para avaliar paracolpos e paramétrios. Estadiamento É clínico e não cirúrgico. Devem ser solicitados com o propósito de avaliar a extensão da doença: a cistoscopia, a urografia excretora, a retossigmoidoscopia e radiografia do tórax A RNM substitui os exames acima. https://drfarrahcancercenter.com/vaginal-cancer/ cistoscopia Urografia Fatores de Risco CA Vaginal Aquisição de infecção persistente por tipos oncogênicos do HPV, ou que mediariam a progressão dos graus de continuidade. Influência maior por: Precocidade e promiscuidade sexual (tanto mulheres quanto homens) Multiparidade Tabagismo Ausência do teste Papanicolau Uso de contraceptivos orais Mulheres entre 25-64 anos Baixo nível socioeconômico https://newsnetwork.mayoclinic.org/discussion/living-with-cancer-understanding-vaginal-cancer/ Tipos de Tratamento Possíveis Preferencialmente cirúrgico. Pode ser associado à radioterapia, porém com sequelas como o linfedema de membro inferior. A braquiterapia - modalidade da radioterapia - pode também comprometer a função sexual das pacientes. Pré-câncer de vagina e a neoplasia intraepitelial vaginal, é possível usar a vaporização (laser) e tratamentos tópicos. Ao câncer invasivo, podemos utilizar 3 formas diferentes de tratamento: Quimioterapia, Radioterapia e Cirurgia. Para o câncer na vulva, na cirurgia em si pode ser feito um transplante de pele, vulvectomia, linfadenectomia e excisão local ampla. Tumor na hemivulva direita. (B) Vulvectomia radical. (C) Retalho retirado da superficie medial da coxa direita. (D) Retalho suturado em formato de V-Y. https://synapse.koreamed.org/search.php?where=aview&id=10.3802/jgo.2016.27.e60&code=1114JGO&vmode=PUBREADER#!po=70.0000 Papel do Profissional Fisioterapeuta O tratamento fisioterapêutico deve ser iniciado de forma precoce. Tem a finalidade de prevenir e/ou tratar as sequelas, promovendo uma melhor qualidade de vida das pacientes. Para as mulheres submetidas a linfadenectomia inguinal: Exercícios de pequena amplitude e velocidade pois ganho de força não é principal objetivo no momento Proporcionar melhores condições musculares e de irrigação sanguínealocal respeitando as limitações da paciente, principalmente relacionadas a dor Pré-Operatório Objetivos: melhorar a maneira de como lhe lidar com os efeitos adversos do tratamento oferecer informações específicas e orientações para prevenção e restabelecimento de possíveis complicações. Deve-se realizar a anamnese: Com dados sociodemográficos, clínicos, antecedentes pessoais e atividades de vida diária, Para consequentemente uma recuperação físico-funcional mais adequada. Pós-Operatório Objetivos principais: prevenir complicações pós-operatórias favorecer a alta hospitalar precoce e o retorno das mulheres às AVDs Protocolo de avaliação: Função respiratória (presença de pneumonia, atelectasia e embolia pulmonar) Função circulatória (presença de TVP e/ou edema em membros inferiores) Funções intestinal e urinária Função muscular, investigando possíveis lesões nervosas Olhar aspectos cicatriciais, principalmente em relação à deiscência e/ou infecção da ferida cirúrgica, e dor. Fisioterapia Pélvica/Urogenital Massagem perineal Com a introdução de um ou mais dedos na vagina, devidamente lubrificados e protegidos com luvas estéreis, realiza-se a massagem no sentido da fibra muscular, alongando a região. Promove um relaxamento dos músculos do assoalho pélvico (MAP), melhorando a elasticidade e contribuindo na melhora da estenose. Dilatação Vaginal Após avaliação da região perineal e do grau da estenose, deve ser indicado o uso dos dilatadores por 2-3x /semana para o tratamento, por no mínimo 6 meses. Reeducação Perineal Exercícios para os MAP melhoram as contrações e relaxamento, e previnem a possibilidade de futuras incontinências urinárias. Pode-se usar associada a cones vaginais. Fisioterapia Complexa Descongestiva (FCD) É o padrão ouro no tratamento do Linfedema e é realizada em duas fases. A técnica é composta por 4 itens: drenagem linfática manual, enfaixamento compressivo, exercícios e cuidados com a pele. Fase de tratamento: principal objetivo é mobilizar a linfa acumulada, reduzir a fibrose tecidual, procurando diminuir ao máximo o volume do membro – realizando o enfaixamento compressivo (com bandagens de baixa elasticidade), a drenagem linfática manual, os exercícios miolinfocinéticos e cuidados especiais com a pele. Essa primeira fase dura 5 semanas, onde o Fisioterapeuta acompanhará a evolução das medidas do membro tratado. Esta fase é realizada, no mínimo, 3x /semana. Fase de manutenção: poderão ser utilizadas bandagens de baixa elasticidade à noite e meias de compressão durante o dia, associadas a realização de exercícios diários, automassagem de drenagem linfática, cuidados com a pele e controle do peso também são indicados. Nesta fase, a participação do paciente nos cuidados e orientações é fundamental para o sucesso da terapia. Drenagem Linfática Manual (DLM) Pode ser utilizada isoladamente nos tratamentos dos linfedemas em fases iniciais. Objetivo: direcionar o edema para vias que se mantém íntegras após as incisões cirúrgicas para que possa ser reabsorvido. A linfa pode ser movimentada pelas regiões anterior e posterior através das anastomoses. A DLM contém algumas contra indicações, como: câncer ativo (possibilidade de mover células cancerosas para uma nova área); a infecção em membros inferiores ou pélvica (probabilidade de disseminação da infecção para os locais adjacentes); a insuficiência cardíaca congestiva (aumenta RV e por consequência VS e DC); e a trombose nos membros inferiores (deslocamento dos trombos). Caso o membro já tenha um grande acúmulo de fibrose com aumento de volume da área, deve ser realizada a FCD como um todo. Automassagem Linfática Paciente deverá realizar a automassagem com a ativação dos linfonodos inguinais contralaterais e axilares homolaterais ao linfedema, durante e após o tratamento fisioterapêutico, com o objetivo de acelerar a reabsorção do líquido congestionado no membro. A automassagem deve ser realizada, seguida de movimentos nas anastomoses direcionando para estes linfonodos. As manobras devem ser realizadas 2-3x ao dia. Exercícios Miolinfocinéticos Exercícios que mobilizam a linfa, e favorecem seu direcionamento para linfonodos livres e sua absorção. São realizados movimentos de membros inferiores e pelve em todas as amplitudes. É importante realizar exercícios, durante todo o tratamento do Linfedema, para ativar toda a circulação. Compressão Pneumática (CP) É parte importante no tratamento do Linfedema, e deve ser associada ao uso das outras modalidades de tratamento, como a FCD. Esta terapia, exerce uma pressão nos vasos linfáticos, drenando o excesso de líquido para as áreas proximais, por meio de câmaras de ar de diferentes formatos, através de um sistema de ar comprimido. O equipamento pode ter um único compartimento ou múltiplos, que insuflam sequencialmente. A CP com uma única câmara de alta pressão comprime o membro todo de uma única vez, e a literatura internacional declara que este método pode prejudicar o linfedema por provocar o colapso dos vasos linfáticos e prejudicar o sistema venoso. Apesar da técnica de CP ainda ser utilizada no tratamento do linfedema, não existem evidências suficientes que suportam e recomendam seu uso. Fisioterapia Urogenital Câncer de vagina e vulva Alunos: Andressa de Moura Reis Isabella de Almeida Oliveira Luana Neves de Faria Braga Mariana Alves Campos Marcos Matheus Mendes Cintra Mirela Bolsoni Acha Stela dos Praseres Santos Sulamita do E. S. Nascimento Prof. Renata Lima Rio de Janeiro 29 de Abril de 2020
Compartilhar