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ASPECTOS ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO

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CURSO DE LETRAS 
Primeiro Período 
Disciplina: 
ASPECTOS ANTROPOLÓGICOS 
E SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO 
- Anotações das Aulas– 
- Sílvia Mota - 
 
ANOTAÇÕES DA AULA 1 
ANTROPOLOGIA E CULTURA 
 
 
CIÊNCIAS SOCIAIS 
 
• Ciências sociais básicas: sociologia, ciência política e antropologia. 
• Objeto de estudos das ciências sociais: o ser humano como ser social. 
 
SER HUMANO: SER SOCIAL 
 
• Ser humano: ser social; inserido em relações com outros seres humanos; 
modificando a natureza; vivendo de acordo com hábitos, costumes, valores. 
• O ser humano não age apenas por instinto; trata-se de um ser sociocultural. 
• Socialização: processo em que os indivíduos assimilam as normas, os valores, 
os hábitos e as expectativas de um grupo social. 
 
EDUCAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO 
 
• Educação (formal e informal) como aspecto fundamental da socialização. 
 
O CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS 
 
• Ciência moderna, Revolução Industrial, Revolução Francesa (1789) e Cultura 
filosófica iluminista. 
• Consolidação do capitalismo, configurando uma nova realidade social, que 
desafia o conhecimento humano acerca da sociedade e da cultura. 
 
A SOCIOLOGIA 
 
• Sociologia como área do saber científico dedicada ao estudo dos aspectos 
sociais da vida dos seres humanos, dos fatos sociais, das relações sociais e das 
instituições sociais. 
 
CONTE E O POSITIVISMO 
 
• Augusto Comte (1798-1857): proposta de uma física social, baseada nos 
métodos das ciências naturais e com o propósito de encontrar leis universais dos 
fenômenos sociais. 
• O positivismo de Comte: ordem e progresso. 
 
CRÍTICAS AO POSITIVISMO 
 
• Diferenças entre as ciências naturais e as ciências sociais. 
• Sociedades: criadas pelas ações humanas e historicamente construídas. 
• Nas ciências sociais, o pesquisador está necessariamente inserido em seu 
objeto de estudos. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo: Martins 
Fontes, 1982. 
 
MARTINS, C. B. O que é sociologia? São Paulo: Brasiliense, 1988. 
ATIVIDADE 
 
 Relacione adequadamente o surgimento das ciências sociais com as 
transformações históricas dos séculos XVII e XVIII. 
 
Resposta: As Ciências Sociais, no século XIX, surgiram num momento de desagregação 
da sociedade feudal e consolidação da sociedade capitalista. O que propiciou o seu 
nascimento foram as transformações econômicas políticas e culturais que ocorreram no 
século XVIII, como consequência das Revoluções Francesa e Industrial, que iniciaram 
e possibilitaram a formação de um processo de instalação definitiva da sociedade 
moderna. O seu surgimento aconteceu a partir da necessidade de se realizar uma 
reflexão sobre as transformações, crises e antagonismos de classes, experimentados 
pela nascente sociedade industrial. 
 
EXERCÍCIOS DE SIMULADOS 
 
Pergunta: A pouco menos de dois anos dos Jogos de 2016, o Rio de Janeiro se prepara 
para realizar o primeiro teste para o megaevento sob críticas e em meio ao polêmico 
programa de despoluição da Baía de Guanabara, cuja promessa era tratar 80% do 
esgoto lançado nas águas até o início da Olimpíada - algo sem data certa para ocorrer. 
Após treinamentos ao longo da semana que antecedeu o evento, velejadores relataram 
à BBC Brasil que as condições nas águas ainda são muito ruins e que a sujeira traz uma 
série de problemas à realização das provas, desde ameaças de saúde até 
desvantagens na competição. "É pior do que eu pensava", disse o australiano Nathan 
Outteridge, de 28 anos, medalhista de ouro na Olimpíada de Londres. "Já encontramos 
um cachorro morto, uma mesa de jantar, e, claro, muitas sacolas plásticas. Elas ficam 
presas e param o barco, fazendo com que você fique em desvantagem em relação aos 
adversários". (PUFF, Jefferson. Velejadores relatam lixo, móveis e baleia morta antes 
de evento-teste da Rio-2016. BBC do Brasil, São Paulo. Disponível em: 
<http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/08/140729_rio_guanabara_jp>. Acesso 
em: 01 ago. 2014). Era comum dentre as gerações anteriores de moradores do Rio de 
Janeiro os relatos sobre momentos de lazer relacionados ao banho de rio e as idas às 
praias da baía da Guanabara, como aquelas situadas na Ilha do Governador. 
De que modo esta relação passiva estabelecida por grande parte da população, com os 
níveis críticos de poluição dos rios da cidade e da baía da Guanabara pode ser 
interpretada, a partir da análise antropológica da cultura? 
Minha resposta: A cultura é o conjunto de comportamento, de valores e das crenças 
culturais de uma sociedade. A poluição constante dos nossos rios e praias fez com que 
os indivíduos internalizassem essa realidade, considerando-a normal. 
Compare com a sua resposta: As culturas são dinâmicas e se modificam ao longo da 
história, sendo que o significado que uma sociedade dá aos seus recursos naturais está 
diretamente relacionado à sua cultura. No século XIX as praias eram consideradas 
lugares insalubres, nos quais eram lançados os esgotos e todo tipo de detritos. Ao longo 
do século XX se desenvolveu, no Rio de Janeiro e em outras cidades do Brasil, uma 
relação semelhante com os rios e com a baía da Guanabara. 
 
Pergunta: (Cf. UEL - 2003) O etnocentrismo pode ser definido como uma "atitude 
emocionalmente condicionada que leva a considerar e julgar sociedades culturalmente 
diversas com critérios fornecidos pela própria cultura. Assim, compreende-se a 
tendência para menosprezar ou odiar culturas cujos padrões se afastam ou divergem 
dos da cultura do observador que exterioriza a atitude etnocêntrica. [...] Preconceito 
racial, nacionalismo, preconceito de classe ou de profissão, intolerância religiosa são 
algumas formas de etnocentrismo (WILLEMS, E. Dicionário de Sociologia. Porto 
Alegre: Editora Globo, 1970. p. 125.)" 
Com base no texto assinale a alternativa cujo discurso revela uma atitude etnocêntrica: 
Resposta: A existência de culturas subdesenvolvidas relaciona-se à presença, em sua 
formação, de etnias de tipo incivilizado. 
 
Fórum: 
 
Pergunta: O que é Antropologia? 
Resposta: A antropologia acompanha o problema das diferenças culturais, da 
construção dos discursos e nos ajuda a compreender as suas variáveis. "A Antropologia, 
sendo a ciência da humanidade e da cultura, tem um campo de investigação 
extremamente vasto: abrange, no espaço, toda a terra habitada; no tempo, pelo menos 
dois milhões de anos e todas as populações socialmente organizadas. Divide-se em 
duas grandes áreas de estudo, com objetivos definidos e interesses teóricos próprios: a 
Antropologia Física (ou Biológica) e a Antropologia Cultural, para alguns autores 
sinônimo de antropologia social, que focaliza, talvez, o principal conceito desta ciência, 
a cultura. Segundo o Museu de Antropologia Cultural da Universidade de Minnesota a 
antropologia cultural abrange três tópicos gerais que por sua vez subdivide-se e 
constituem-se como especialidades: Etnografia / Etnologia, Linguística aplicada à 
antropologia e Arqueologia. A cultura e a mitologia correspondem ao desejo do homem 
de conhecer a sua origem, ou produzem um modo de autoconhecimento que é a 
identidade, diferenciando os grupos em função de suas idiossincrasias e adaptação em 
ambientes distintos". (NOVAES, Regina R. Um Olhar Antropológico. In: Teves, Nilda 
(Org.). Imaginário social e educação. Rio de Janeiro, Gryphus/FE.UFRJ, 1992, p. 122-
143.) Um abraço fraterno. Profª Joana. 
 
Pergunta: A anarquia pode ser considerada uma anomia social? 
Resposta: Pode sim! O termo anarquismo tem origem na palavra grega anarquia, que 
significa "ausência de governo". Representa o estado da sociedade ideal em que o bem 
comum resultaria da coerente conjugação dos interesses de cada um. A anarquia é 
contra a divisão em classes e por consequência é contra toda a espécie de opressão de 
uns sobre os outros. Vulgarmente é entendida como a situação política em que a 
constituição, o direito e as leis deixam de ter razão de existir". Para Durkheim existem 
estados normaise estados patológicos entre os fatos sociais. Ou seja, existem fatos 
sociais que são normais e fatos que são patológicos, ou mórbidos. Para ele, fatos 
normais são aqueles que são o que devem ser, enquanto os patológicos deveriam ser 
de outro modo. Portanto, dentro desta perspectiva, poderíamos encontrar estados de 
saúde e doença social. Assim: "[...] a saúde seria boa e desejável, ao passo que a 
doença é ruim e deveria ser evitada" Um fato se torna patológico quando acontece a 
anomia social, ou seja, a ausência total de regras. A sociedade, como todo organismo, 
apresenta estados normais e patológicos, saudáveis e doentios. O Fato Social 
Patológico é aquele que se encontra fora dos limites permitidos pela ordem social e pela 
moral vigente. Para ele, um fenômeno quando agride os preceitos morais, pode ser 
considerado normal desde que encontrado na sociedade de forma generalizada e desde 
que não coloque em risco a integração social. Durkheim Considerou o crime um fato 
social normal porque é encontrado em todas as sociedades e serve de parâmetro para 
a sociedade. Se o crime põe em risco a integração social é considerado patológico. 
 
Pergunta: Como se caracteriza a cultura filosófica iluminista? 
Resposta: O iluminismo foi um movimento cultural da elite intelectual europeia do século 
XVIII que procurou destacar o poder da razão como fonte de explicação para a vida, 
inclusive a vida social. Os iluministas faziam severa crítica a sociedade medieval, e 
pretendiam mesmo reformar a sociedade e o pensamento medieval. O iluminismo 
abarcou inúmeras tendências, mas que em conjunto expressavam uma nova forma de 
conceber o ser humano. Mais do que uma filosofia, o iluminismo constituía uma 
mentalidade, uma concepção de mundo e da vida, cujo aspecto fundamental se traduzia 
numa fé extraordinária nas forças da razão e da ciência, e uma visão otimista em relação 
ao progresso. Políticos, diplomatas, homens de letras e cientistas passaram considerar 
que a razão crítica seria a principal responsável pela condução do espírito em direção 
às grandes verdades. Num mundo dominado por crenças religiosas e um pensamento 
mítico, o iluminismo quer iluminar o homem, tirá-lo das trevas da ignorância e torná-lo 
mais autônomo. 
 
ANOTAÇÕES DA AULA 2 
A ANTROPOLOGIA COMO CIÊNCIA SOCIAL 
 
 
O QUE É ANTROPOLOGIA? 
 
• A humanidade constitui o objeto de conhecimento da antropologia: seu interesse 
volta-se para a diversidade de formas de cultura. 
 
A CONCEPÇÃO EVOLUCIONISTA 
 
• Predomínio da noção evolucionista entre os primeiros antropólogos: pressuposto 
de uma humanidade que percorre um único caminho cultural. 
• Para o evolucionismo, as sociedades humanas atravessam as mesmas etapas, 
sendo a moderna civilização ocidental o seu patamar superior. 
 
ALTERIDADE E ETNOCENTRISMO 
 
 A noção de alteridade consiste na relação do eu com o outro, isto é, diz respeito 
ao jogo identidade/diferença. 
• O olhar etnocêntrico situa a sociedade do observador no centro do universo; os 
membros de uma sociedade tendem a considerar como naturais e corretos os 
costumes, as regras, os valores, as práticas, enfim, a visão de mundo de sua 
sociedade. 
 
O ROMPIMENTO COM O EVOLUCIONISMO 
 
• Para as novas tendências antropológicas, as outras culturas passam a interessar 
não mais como exemplares de uma etapa da evolução social, mas sim como 
totalidades sociais próprias. 
 
CULTURA 
 
 “Os antropólogos estão totalmente convencidos de que as diferenças genéticas 
não são determinantes das diferenças culturais. [...] Em outras palavras, se 
transportarmos para o Brasil, logo após o seu nascimento, uma criança sueca e 
a colocarmos sob os cuidados de uma família sertaneja, ela crescerá como tal e 
não se diferenciará mentalmente de seus irmãos de criação [...]” (LARAIA, 1988, 
p. 17-18). 
• Caráter de aprendizado da cultura em oposição à ideia de aquisição inata, 
transmitida por mecanismos biológicos. 
• Em sua larga acepção antropológica, a palavra cultura remete-nos a todas as 
elaborações humanas que excedem o que é dado pela natureza. 
• Os homens são essencialmente seres culturais: os comportamentos, os 
sentimentos e os pensamentos humanos são profundamente condicionados 
pela cultura em que estão inseridos. 
• Diferentemente dos demais animais, cujas vidas são rigorosamente regidas pela 
natureza, os seres humanos desenvolvem-se em universos culturais. 
• A incorporação dos indivíduos à cultura processa-se mediante a socialização 
das novas gerações, movimento pelo qual valores, regras e condutas são 
transmitidos e internalizados. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
LAPLANTINE, François. Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense, 1992. 
 
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar, 1988. 
 
ATIVIDADE 
 
 Considerando a conceituação antropológica do termo cultura, explique a 
seguinte afirmação: Os seres humanos se humanizam com a aquisição da 
cultura. 
 
ANOTAÇÕES DA AULA 3 
ÉMILE DURKHEIM E O FUNCIONALISMO 
 
 
A TEORIA SOCIOLÓGICA DE ÉMILE DURKHEIM 
 
• Émile Durkheim (1858-1917): Concepção da sociedade como um organismo 
formado por várias partes integradas e coesas. 
• Fatos sociais como objeto de estudos da sociologia. 
• Fatos sociais entendidos como coisas, à medida que podem ser investigados 
objetivamente. 
• Os fatos sociais são coercitivos, impondo-se sobre os indivíduos, que se 
adequam às normas e aos valores da sociedade (coercitividade). 
• Os fatos sociais são exteriores aos indivíduos, isto é, independem das vontades 
individuais ou de adesões individuais conscientes (exterioridade). 
• Os fatos sociais são gerais, impondo-se a todos os indivíduos ou, pelo menos, à 
maioria deles (generalidade). 
• Para Durkheim, mesmo os fenômenos aparentemente individuais somente 
podem ser compreendidos a partir da noção de fato social. 
• Fato social envolvendo as maneiras de pensar, sentir e agir. 
 
Solidariedade Mecânica 
• Prevalece nas sociedades pré-capitalistas. 
• Sociedades mais simples, com menor número de relações sociais. 
• Crenças e valores comuns como elementos integradores. 
 
Solidariedade Orgânica 
• Prevalece nas sociedades modernas. 
• Sociedades complexas, com maior número de relações sociais. 
• A individualidade é aceita pela sociedade. 
• Divisão do trabalho como elemento integrador. 
 
A EDUCAÇÃO NA TEORIA SOCIOLÓGICA DE DURKHEIM 
 
• Educação como fato social: transmissão e imposição de conteúdos, valores, 
normas e ideias. 
• Valorização das instituições pedagógicas na promoção da coesão social. 
 
A CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA DE KARL MARX 
 
• Karl Marx (1818-1883): materialismo dialético e teoria sociológica do conflito. 
• Articulação entre relações de produção e forças produtivas (modo de produção) 
constituindo a infra-estrutura das sociedades. 
• Superestrutura: normas, valores, ideias, leis, moral, ética, religião, arte, enfim, o 
conjunto político e ideológico da sociedade. 
• Contradições sociais, luta de classes e transformações históricas. 
• Sociedade capitalista: mais-valia e alienação. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 
1982. 
 
DURKHEIM, Émile. Grandes cientistas sociais. São Paulo: Ática, 1995. 
ATIVIDADE 
 
• Em que medida é certo afirmar que, para Durkheim, a educação é imprescindível 
para a coesão social? 
 
EXERCÍCIOS DOS SIMULADOS 
 
Pergunta: A reflexão sobre as origens e a natureza da vida social é quase tão antiga 
como a própria humanidade, mas a Sociologia como campo de saber específico, só 
emerge em meados do século XIX na Europa. Durkheim foi um dos pensadores que 
mais contribuiu para a consolidação da Sociologia como ciência. Ele propõem o conceito 
de Solidariedade Social para responder à questão chave da coesão social. Mas para 
ele existem dois tipos de solidariedade de acordo com a forma como está organizada a 
divisão do trabalho na sociedade. Defina os dois tipos de solidariedade propostospor 
Durkheim. 
Minha resposta: Durkheim propõe a Solidariedade Mecânica e a Solidariedade 
Orgânica. A Solidariedade Mecânica prevalece nas sociedades pré-capitalistas, 
sociedades mais simples, com menor número de relações sociais. Estabelece as 
crenças e valores comuns como elementos integradores. Numa sociedade de 
solidariedade mecânica, o indivíduo estaria ligado diretamente à sociedade, sendo que 
enquanto ser social prevaleceria em seu comportamento sempre aquilo que é mais 
considerável à consciência coletiva, e não necessariamente seu desejo enquanto 
indivíduo. Nesse tipo de solidariedade mecânica de Durkheim, a maior parte da 
existência do indivíduo é orientada pelos imperativos e proibições sociais que vêm da 
consciência coletiva. A Solidariedade Orgânica prevalece nas sociedades modernas, 
sociedades complexas, com maior número de relações sociais. Nesse caso, a 
individualidade é aceita pela sociedade. A divisão do trabalho é tida como elemento 
integrador. Na solidariedade orgânica ocorre um enfraquecimento das reações coletivas 
contra a violação das proibições e, sobretudo, uma margem maior na interpretação 
individual dos imperativos sociais. Na solidariedade orgânica ocorre um processo de 
individualização dos membros dessa sociedade, os quais assumem funções específicas 
dentro dessa divisão do trabalho social. Cada pessoa é uma peça de uma grande 
engrenagem, na qual cada um tem sua função e é esta última que marca seu lugar na 
sociedade. A consciência coletiva tem seu poder de influência reduzido, criando-se 
condições de sociabilidade bem diferentes daquelas vistas na solidariedade mecânica, 
havendo espaço para o desenvolvimento de personalidades. Os indivíduos se unem 
não porque se sentem semelhantes ou porque haja consenso, mas sim porque são 
interdependentes dentro da esfera social. 
Compare com a sua resposta: Nas sociedades complexas prevalece a solidariedade 
orgânica, resultado do alto grau de especialização do trabalho que gera 
interdependência entre os sujeitos. Nas sociedades segmentares prevalece a 
solidariedade mecânica, caracterizada por uma maior pressão da consciência coletiva 
e limitando a expressão das individualidades e criando mais similitudes entre os sujeitos. 
 
ANOTAÇÕES DA AULA 4 
O PENSAMENTO SOCIOLÓGICO DE KARL MARX 
E SOCIOLOGIA DE MAX WEBER 
 
 
KARL MARX: O CONCEITO DE IDEOLOGIA 
 
• “A moral, a religião, a metafísica e todo o resto da ideologia, assim como as 
formas de consciência que lhe correspondem, perdem logo toda aparência de 
autonomia. Não têm história, não têm desenvolvimento; são, ao contrário, os 
homens que, desenvolvendo sua produção material e suas relações materiais, 
transformam, com esta realidade que lhes é própria, seus pensamentos e os 
produtos do seu pensamento. Não é a consciência que determina a vida, mas a 
vida que determina a consciência” (MARX, K. e ENGELS. 1998, p. 19-20). 
• Em sociedades divididas entre proprietários e não proprietários, a classe social 
dominante controla a produção, a circulação e a distribuição das ideias. 
• Ideologia como inversão do real, véu que encobre a realidade social e suas 
contradições. 
• A ideologia mantém os interesses da classe dominante e oculta as relações de 
exploração, favorecendo a permanência do modo de produção vigente. 
 
A CONCEPÇÃO MARXIANA DE EDUCAÇÃO 
 
• A concepção marxiana de educação vincula-se à sua tese sobre a superação da 
humanidade alienada e a instauração de uma sociedade caracterizada pela 
propriedade social dos meios de produção. 
• Educação entendida como plena realização da humanidade, no 
desenvolvimento de suas capacidades físicas e intelectuais. 
 
A SOCIOLOGIA DE MAX WEBER 
 
• A sociologia compreensiva de Max Weber (1864-1920) confere importância 
central à noção de ação social. 
• Ação social compreendida sob o ponto de vista do sentido e dos valores 
atribuídos pelos indivíduos em suas relações de interdependência. 
• Ação racional com relação a um fim. 
• Ação racional com relação a um valor. 
• Ação afetiva ou emocional. 
• Ação tradicional. 
• Sociedade moderna capitalista: caracterizada pela racionalização que permeia 
toda a vida humana, em todas as relações sociais. 
• Burocracia compreendida como ordem social calcada na eficiência, por meio da 
especialização e da hierarquização racional. 
• Dominação racional legal. 
 
WEBER E A EDUCAÇÃO 
 
• Educação como meio de estratificação na moderna sociedade capitalista, 
submetida a critérios burocráticos de racionalidade. 
 
REFERÊNCIAS 
 
COHN, Gabriel. Introdução. In: COHN, Gabriel. Weber, coleção grandes cientistas 
sociais. São Paulo: Ática, 1997. p. 7-34. 
MARX, K. e ENGELS, F. A ideologia alemã. São Paulo: Hucitec, 1993. 
 
ATIVIDADE 
 
• Explique o conceito marxiano de ideologia. 
 
EXERCÍCIOS DOS SIMULADOS 
 
Pergunta: A sociedade capitalista, segundo Weber, teria desenvolvido práticas de 
educação cujo objetivo seria simplesmente treinar o indivíduo, ao invés cultivar o seu 
intelecto. A partir dessa afirmação, explique conceitualmente como se caracterizam, 
para Weber, a Pedagogia do Treinamento e a Pedagogia do Cultivo? 
Resposta: A Pedagogia do Cultivo seria um conjunto de práticas destinadas a formar 
plenamente o indivíduo, preparando-o para a vida, o que implica em transformações no 
seu comportamento interior e exterior. Já a Pedagogia do Treinamento, predominante 
no capitalismo, seria caracterizada por um conjunto de práticas de educação que teriam 
como objetivo formar peritos e especialistas com vistas ao mercado de trabalho. 
 
Pergunta: Para Max Weber, na sociedade capitalista, a educação se encontra 
diretamente relacionada à estratificação social e à transmissão de conhecimento 
especializado. Caracterize o modo como este autor se referia às práticas de educação, 
nas sociedades europeias do final do século XIX. 
Resposta: O tipo de educação que predomina na sociedade capitalista, segundo Max 
Weber, seria a Pedagogia do Treinamento que se caracterizaria por um tipo de prática 
de ensino destinada produzir um de conhecimento especializado e voltado para o 
mercado de trabalho. 
 
Pergunta: O uso do conceito Pedagogia do Treinamento se aplica a: 
Resposta: Max Weber. 
 
Pergunta: São aquelas cujo sentido subjetivo racional se mistura a uma forte carga 
emocional, muitas vezes comprometendo a própria análise da racionalidade em 
questão. A qual ação social Weber está se referindo? 
Resposta: Ação social afetiva. 
 
Pergunta: São aquelas cujo sentido subjetivo racional se mistura a uma forte carga 
emocional, muitas vezes comprometendo a própria análise da racionalidade em 
questão. Ex.: ações motivadas por ciúme, cólera, paixão, etc. Essa definição se aplica 
a qual tipo de ação social distinguida por Max Weber? 
Resposta: Ação social afetiva. 
 
Pergunta: Ação social é todo tipo de ação humana relacionada a outros indivíduos e 
dotada de um sentido subjetivamente elaborado, quem é autor desta afirmativa? 
Resposta: Max Weber. 
 
Pergunta: São aquelas cujo princípio racional não se vincula tanto ao objetivo a ser 
alcançado, mas à afirmação de determinados valores. Ex.: participar de uma 
manifestação em defesa da natureza ou em prol dos direitos humanos, ou entrar para a 
universidade porque a família considera este um ponto importante. Essa definição se 
aplica a qual tipo de ação social distinguida por Max Weber? 
Resposta: Ação social racional com relação a valores. 
 
ANOTAÇÕES DA AULA 5 
O PENSAMENTO SOCIOLÓGICO 
DE PIERRE BOURDIEU 
 
 
PIERRE BOURDIEU: SOCIEDADE E EDUCAÇÃO 
 
• Pierre Bourdieu (1930-2002): Como absorvemos as regras sociais? 
• Noção de habitus: incorporação de estruturas sociais pelos indivíduos, 
determinando seus modos de pensar, agir e sentir. 
• Habitus: exterioridade social interiorizada pelos indivíduos, que a reproduzem 
em práticas sociais. 
• Naturalização das estruturas e das práticas sociais como habitus. 
• Reciprocidade entre estruturas sociais e indivíduos. 
• A noção de campo: espaçosocial estruturado, em que ocorre uma disputa (um 
jogo) de forças entre dominantes e dominados, caracterizada por uma relação 
de desigualdade. 
• Socialização como internalização das regras do jogo. 
• Violência simbólica: a produção simbólica na vida social não é arbitrária, 
expressando-se por meio de gostos de classe e de estilos de vida. 
• Violência simbólica e consagração da distinção social. 
• Correspondências entre classes sociais e práticas culturais: gostos de classe e 
estilos de vida. 
• Papel do Estado na produção e reprodução dos instrumentos de construção da 
realidade social. 
• Capital econômico, capital social e capital cultural: a bagagem social dos 
estudantes. 
• A herança familiar e a escola como ratificação e reprodução das desigualdades 
sociais. 
• Reprodução das desigualdades sociais compreendidas além dos fatores 
econômicos. 
• Crítica às concepções da escola como instância democratizadora e difusora de 
uma cultura universal. 
• Constatação do caráter de classe inscrito nas formas da escola recrutar ao 
estudantes, em seu funcionamento pedagógico e em seus efeitos sobre o 
destino social dos alunos. 
 
REFERÊNCIAS 
 
BOURDIEU, P. Escritos de educação. Petrópolis: Vozes, 1999. 
 
BOURDIEU, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. 
 
 
ATIVIDADE 
 
• Explique o conceito de habitus, desenvolvido pelo sociólogo Pierre Bourdieu. 
 
EXERCÍCIOS DOS SIMULADOS 
 
Pergunta: O pensamento sociológico contemporâneo voltou os esforços para atualizar 
as matrizes clássicas. Alguns cientistas sociais contemporâneos tentaram, com mais ou 
menos sucesso, ultrapassar as grandes dicotomias que marcam a sociologia, como 
conflito versus função, macro versus micro, estrutura versus ação. Diante desse cenário, 
Pierre Bourdieu introduziu alguns conceitos, como: 
Resposta: Habitus, violência simbólica e figurações. 
 
Pergunta: O sociólogo francês Pierre Bourdieu, entende que os grupos de classe são 
identificáveis, conforme seus níveis de: 
Resposta: Capital cultural e econômico. 
 
Pergunta: O sociólogo francês Pierre Bourdieu baseou-se nas concepções de Émile 
Durkheim e no Estruturalismo para fazer a sua análise sobre a educação 
contemporânea. É importante saber que, para o Estruturalismo de Bourdieu, os sujeitos 
sociais são vistos como: 
Resposta: Marionetes das estruturas dominantes. 
 
ANOTAÇÕES DA AULA 6 
MICHEL FOUCAULT: SOCIEDADE E ESCOLA 
 
 
O mundo contemporâneo constitui ainda um desafio para a reflexão filosófica, 
antropológica e sociológica, em torno das questões educacionais. Uma realidade social, 
econômica, política e cultural, cada vez mais complexa, com novos desafios, com novos 
problemas acenando no horizonte. Assim sendo, podemos compreender as reflexões 
de Pierre Bordieu, que incorpora as contribuições da sociologia clássica, bem como do 
pensamento humano em geral e formula noções como habitus, campo, capital 
econômico, social e cultural e pensa a escola, contrariamente ao que muitos 
argumentam, não como uma instância democratizadora da sociedade, mas, ao 
contrário, como uma instância de ratificação e reprodução das desigualdades sociais. 
Bordieu não defende que a escola seja uma instância de reprodução das desigualdades 
sociais; ele constata que assim é. Esse é o ponto fundamental. Portanto, quando 
afirmamos que Bordieu critica a noção de que a escola seja uma instância 
democratizadora da sociedade, não é que ele seja contrário a que a escola efetivamente 
seja, mas constata que assim não é. A escola não democratiza. Falo de Bordieu, porque 
vão surgir análises no campo da sociologia que criticam, questionam, a efetividade da 
escola como instância de democratização das relações sociais. 
Acompanhamos então, a perspectiva de um filósofo e sociólogo, também formado a 
partir da tradição francesa, o francês Michel Foucault. 
 
CONCEPÇÃO CLÁSSICA DE PODER 
 
Na Filosofia, na Sociologia, pensa-se o poder, normalmente, como uma espécie de 
substância, a medida que o poder é entendido como algo detido, possuído por um 
soberano, por um líder político, por um Estado ou por um grupo social e exercido sobre 
um outro grupo ou que é possuído por certo líder político e seus aceclas (seguidores), 
que o exerce sobre a Sociedade como um todo – concepção substancialista do poder. 
Concepção clássica, tradicional de poder. 
Ex.: Eu sou o rei e detenho o poder. 
 
O PODER EM MICHEL FOUCAULT 
 
• Michel Foucault (1926-1984): a temática dos micropoderes (microfísica do 
poder) 
 
Segundo Michel Foucault o poder não é uma substância, não é algo que um grupo 
detenha. O autor pensa o poder como uma espécie TEIA que percorre toda a 
Sociedade. O poder não está somente num líder político ou num grupo social sobre 
outro, mas em todas as relações sociais, as relações de amizade, as relações familiares, 
no ambiente de trabalho, no ambiente escolar. Todas as relações humanas em 
sociedade são perpassadas pelo poder. O poder atravessa as relações; não é algo 
unilateral. Numa relação de trabalho, o chefe aparentemente detém todo o poder, mas, 
segundo Foucault, o chefe seria a figura que está localizada num ponto privilegiado 
dessa teia de poder, mas em alguns momentos do dia a dia do trabalho pode-se verificar 
um poder que é exercido também pelo subordinado em relação ao seu chefe. 
Num primeiro momento, portanto, a microfísica do poder diz respeito às relações de 
poder pulverizadas pela Sociedade, presentes em todas as relações sociais, sendo que 
nada escapa a essas relações de poder. 
 
 
• As relações entre saber, poder e verdade se constituem em formas de controle 
social. 
 
Segundo Foucault a produção do conhecimento, a produção dos discursos, a produção 
do saber científico, tudo isso não é algo que se dê de um modo neutro. O saber não é 
algo neutro. 
 
O conhecimento não é algo neutro. O conhecimento é produzido socialmente em 
relações de poder que culminam em formas de controle social. A própria noção moderna 
e contemporânea que temos do homem, do ser humano como sujeito, como indivíduo 
autônomo, senhor de si, capaz de realizar os seus projetos, os seus sonhos e buscar 
as suas metas pessoais, segundo Foucault, isso, em realidade, é produzido por um 
discurso contemporâneo, por um saber específico, por uma sociedade que Foucault 
chamará de sociedade disciplinar. 
 
A própria noção que temos do ser humano, é, segundo Foucault: 
• O homem como produto de práticas discursivas e das intervenções de poder e 
controle social. 
 
Poder e controle social estabelecido em múltiplas relações nessa teia que constitui a 
microfísica do poder na vida em sociedade. 
 
Tornemos a tese de Foucault um pouco mais clara e, assim faremos, mencionando a 
sua arqueologia do saber e exemplificando a história da loucura. 
 
A arqueologia do saber é o método empregado por Foucault, para recolher as camadas 
discursivas ao longo da história. Não é propriamente uma história do pensamento, uma 
história do saber. Se posso dizer de um modo mais direto, o que Foucault pretende com 
a arqueologia (a genealogia) do saber e do poder é procurar compreender como foram 
se constituindo na história das sociedades humanas as múltiplas relações de poder, de 
domínio e de controle social. Aqui, quando me refiro especificamente à história da 
loucura, há um livro de Foucault publicado com esse nome, mas é sobretudo no sentido 
de exemplaridade, de oferecer um exemplo concreto de como Foucault pensa esse 
domínio social, essas relações de poder, essa constituição do homem contemporâneo 
e mais, como isso vai se refletir na sua concepção da própria escola. 
 
Tentemos ser mais objetivos. 
 
• A arqueologia do saber e a história da loucura: em uma sociedade que valoriza 
o lucro e a obtenção de riquezas através do trabalho, loucos são aqueles que 
não se dispõem a tal atividade produtiva. 
 
Essa é a explicação de Foucault de como se constituía a loucura, o discurso sobre o 
louco na sociedade contemporânea. 
 
Foucault observa que na Sociedade Medieval,por exemplo, o louco – a figura que se 
entendia e que se entende modernamente por louco - era uma figura integrada à vida 
social, participava das atividades cotidianas; não havia uma separação, tanto no 
discurso como na prática, entre o louco e o sadio. Como se constitui isso? – Na Era 
Moderna, se constitui um discurso, um saber sobre a loucura: o saber médico, o 
psiquiátrico, que classifica o louco, que tipifica o louco, que afasta o louco da sociedade, 
confinando-o aos hospitais psiquiátricos – hospícios. Os loucos são excluídos da 
sociedade. Há um discurso que estabelece uma fronteira entre o são e o insano. Quem 
é o normal? – É aquele que trabalha, que produz na ordem capitalista, aquele que depois 
consome. Quem é o louco? – É aquele que não se ajusta a esse modelo. 
Então, o que podemos perceber aqui? Minutos atrás dissemos que, segundo Rousseau, 
o saber, o conhecimento, a noção de verdade que nós temos, tudo isso se relaciona de 
tal forma que configura formas de poder e de controle social. O que podemos notar é 
essa menção à sua história de loucura. O louco não se ajusta à sociedade. A situação 
não se dá de forma conspiratória contra o louco, mas é algo que se produz na própria 
dinâmica da sociedade que é caracterizada por múltiplas relações de poder. 
 
Esclarece Foucault: 
 
• A loucura e os saberes construídos sobre ela são estratégias de controle social 
e econômico. 
 
Segundo Foucault, na contemporaneidade vão-se multiplicar as instituições de controle; 
aquelas que são mais visivelmente marcadas por essa microfísica do poder. Ainda no 
Século XX e, pode-se dizer, na atualidade, muitos teóricos pensam o poder, sobretudo, 
a partir do Estado (poder político instituído). Foucault pensa esse poder além do Estado 
e além de algo puramente vertical. A medida que Foucault pensa o poder na ótica da 
microfísica, identifica esses micropoderes cristalizados ou mais visíveis, consignados 
em instituições disciplinares, que não são, necessariamente ou diretamente, aparatos 
do Estado. São produzidos pela própria Sociedade, ainda que possam ser também 
aparato do Estado. Que instituições disciplinares são essas? – A fábrica, o hospício, a 
prisão e, veremos, a escola é uma instituição disciplinar. Para Foucault, são instituições 
que adestram os indivíduos, para ajustá-los à sociedade capitalista. Algo que não é 
compreendido por Foucault como um juízo de valor positivo. 
 
• Técnicas de poder e sua apropriação dos saberes para o efetivo controle dos 
sujeitos. 
 
Essas instituições disciplinares, que adestram os indivíduos, seus corpos, seu modo de 
ser, dispõem de técnicas de poder que se aliam ao discurso, que se aliam ao 
conhecimento, reproduzindo, instituindo formas de dominação e de controle social. 
Nessa perspectiva de Foucault, dos micropoderes (poderes que perpassam a 
sociedade, que estão de modo visível nas instituições disciplinares), e ocorre aqui, 
também, um modo pelo qual podemos exemplificar essa tese de Foucault acerca do 
micropoder. O poder não é algo que está simplesmente numa figura que está lá no alto; 
o poder está quando andamos por uma rua de uma cidade contemporânea e somos 
vigiados por múltiplas câmeras de segurança, colocadas para inibir práticas criminosas, 
mas que na realidade vão além disso. São uma espécie de pequeno poder exercido 
sobre todos nós. De alguma maneira estamos sendo sempre vigiados, sendo 
controlados e mais – quando sabemos que estamos num lugar com câmera, não temos 
a inclinação de moderar nossos gestos, não que sem a câmera faríamos algo que se 
considere errado, mas poderíamos ter uma postura mais relaxada em relação ao corpo, 
poderíamos ficar deste ou daquele modo. Sabedores da presença de uma câmera, 
normalmente nos inibimos, introjetamos aquela vigilância, introjetamos a tal microfísica 
do poder. 
 
Essas instituições disciplinares são expressões de uma sociedade que se pretende 
disciplinar. 
 
Leiamos: 
 
• Sociedade disciplinar: elaboração de técnicas de controle, presentes em 
instituições que não são, diretamente, controladas pelo Estado, como a escola, 
a fábrica e a prisão. 
 
São instituições que vão reproduzir e ao mesmo tempo configurar essas múltiplas 
relações de poder que perpassam a vida em sociedade. 
 
• A microfísica do poder e a concepção não substancialista do poder: o poder 
como relação (concepção relacional do poder). 
 
A concepção de poder em Foucault não é o poder como algo, mas como uma relação 
que atravessa a vida dos indivíduos => concepção relacional do poder. Não tenho o 
poder para mim, mas posso estar envolvido em relações de poder com outras pessoas 
e em algum momento posso estar em um ponto dessa relação que me favoreça no 
exercício de poder. 
 
• As relações de poder e as sofisticadas tecnologias de controle. 
 
Tecnologias de controle, segundo Foucault, são para além de aparelhos tecnológicos, 
mas são práticas disciplinares no próprio dia a dia, por exemplo: o modo como é 
organizado o trabalho na fábrica, o modo como se distribui os quartos dos pacientes 
num hospital. 
 
• O poder e a produção de corpos adestrados. 
 
Nós, sujeitos, ou seres humanos da Era Contemporânea, submetidos a essas relações 
de poder e à disciplinalização das instituições, adestramos os nossos desejos, o uso 
que fazemos do corpo, aquilo que vestimos, as nossas preferências, as expectativas da 
sociedade capitalista ávida por produção e consumo. Os usos que fazemos do nosso 
corpo são, em certa medida, estabelecidas pelo tipo de sociedade a que pertencemos 
– uma sociedade capitalista e disciplinar. 
 
• Relações escolares: relações de poder. 
• A escola como instituição disciplinar. 
• Os educandos como alvo do saber disciplinar. 
 
Como pensar a escola? Foucault não examina especificamente os problemas 
pedagógicos ou a escola, mas pensa a escola como instituição disciplinar. Dentro da 
escola, dentro da sala de aula, dentro do ambiente escolar como um todo temos 
relações de poder, assim como tempos em qualquer outro espaço social, e não é 
somente aquele poder do diretor sobre o coordenador, sobre o professor e sobre os 
alunos e assim por diante. Não é algo concebido rigidamente, o que equivaleria a uma 
concepção substancialista de poder. O poder é relacional, se dá de múltiplas formas 
também na escola. A escola, por sua vez, é uma instituição disciplinar, que tende a 
produzir sujeitos adestrados. Foucault pensa a escola com uma valorização negativa, 
porque os educandos são alvos do saber disciplinar, ou seja, estão submetidos, como 
os loucos no hospício são objetos do saber, são adestrados, os educandos são 
pensados, por Foucault, sob essa perspectiva. 
 
REFERÊNCIAS 
 
FOUCAULT, M. História da loucura na Idade Clássica. São Paulo: Perspectiva, 1978. 
 
______. Vigiar e punir. Rio de Janeiro: Vozes, 2000. 
 
ATIVIDADE 
 
 De acordo com o pensamento de Michel Foucault, em que medida podemos 
caracterizar a escola como uma instituição permeada por relações de poder? 
Resposta: Para Foucault, instituições como escolas, hospícios, hospitais, fábricas, 
quarteis, são instituições disciplinares, que produzem um adestramento dos indivíduos 
a determinadas reivindicações de controle social. Essas instituições totais fazem com 
que os indivíduos se tornem dóceis às próprias reivindicações da sociedade capitalista. 
E essas instituições consignam, registram, são perpassadas por relações de poder. Na 
realidade, a sociedade como um todo é perpassada por relações de poder. Para 
Foucault, o poder é concebido por relações – como uma teia que atravessa as relações 
que permeiam a sociedade. O mesmo ocorre com a escola. A escola é perpassada por 
relações de poder, que não são entendidas nos moldes tradicionais. A escola não é 
vista, por Foucault, como um universo à parte, como algo absolutamente independente 
dentro da sociedade. Ao contrário, a escola reproduz essas relações de poder, as 
articulações entre conhecimento, verdade e poder. As técnicas de dominação presentes 
na sociedadecomo um todo, encontram-se, também, na escola, enquanto instituição 
disciplinar de uma sociedade que se pretende disciplinar. 
 
ANOTAÇÕES DA AULA 7 
DESIGUALDADES SOCIOECONÔMICAS 
E DIFERENÇAS SOCIAIS 
 
 
Desigualdades sociais, diferenças sociais, desigualdades socioeconômicas são temas 
presentes na investigação sociológica. Se observarmos as sociedades humanas ao 
longo da História, a maior parte delas é caracterizada por uma espécie de desigualdade, 
por um tipo de diferença social. São as famosas pirâmides sociais representadas nas 
aulas de História, nas quais há uma maioria na base da pirâmide, representando 
estratos sociais considerados inferiores e no topo uma pequena elite social dominante. 
Em algumas sociedades tribais, as desigualdades não são tão acentuadas. Não há 
propriamente desigualdades de grupos; há sim aquele que exerce um pode maior, que 
possui uma autoridade maior, normalmente vinculada à sua posição religiosa ou à sua 
sabedoria. De que maneira, então, a Sociologia lida com essas questões? Serão as 
desigualdades sociais, as desigualdades de poder e de acesso aos recursos 
econômicos, algo destinado a se perpetuar na história das sociedades humanas? 
Seriam essas desigualdades, decorrentes das desigualdades naturais dos seres 
humanos? Rousseau responde que não há desigualdades naturais entre os seres 
humanos, nada que justifique as desigualdades sociais. As desigualdades são 
produzidas e reproduzidas socialmente. 
 
Acompanhemos mais de perto as teses levantadas acerca das desigualdades 
socioeconômicas e das diferenças sociais. 
 
DESIGUALDADES SOCIOECONÔMICAS E DIFERENÇAS SOCIAIS 
 
• Formas clássicas de organização social que implicam formas específicas 
de sociabilidade e de desigualdade: castas, estamentos e classes sociais. 
 
Se as desigualdades sociais são um traço de inúmeras sociedades humanas, das 
civilizações, de um modo geral, fato é que o modo como essa desigualdade se estrutura 
e o modo como se dão as relações sociais ou aquilo que numa categoria sociológica 
mais acentuada chamaríamos de sociabilidade – o modo como isso se dá não é único. 
Há 3 tipos de hierarquização social, três sistemas de desigualdades sociais e de 
relações sociais principais ao longo da história das sociedades humanas: 
 
1- Sistema de castas: hierarquização rígida, determinada por critérios como etnia, 
religião, hereditariedade e valores fixados pela tradição. O pertencimento a uma 
determinada casta determina rigorosamente a posição dos indivíduos na 
sociedade. Ausência de mobilidade social. 
2- Sociedade estamental: Em linhas gerais, o que caracteriza um estamento é a 
existência de um conjunto de direitos e deveres, privilégios e obrigações 
publicamente reconhecidos. Mobilidade social limitada. Exemplo: sociedade 
feudal, na Idade Média europeia. 
3- Sociedade articulada em classes sociais: expressão característica das 
desigualdades estruturadas na sociedade capitalista. O termo classes sociais se 
aplica, com mais pertinência, às Sociedades Modernas, industriais e capitalistas. 
 
• Karl Marx: conceituação das classes sociais a partir das relações sociais de 
produção, isto é, a partir da posição dos seres humanos em relação aos meios 
de produção. 
Duas classes sociais: burguesia e proletariado. 
• Max Weber: classe entendida como grupo de pessoas que se encontram em 
uma situação semelhante, ou seja, têm as mesmas possibilidades de aquisição 
material e posição social. 
 
DESIGUALDADES NA SOCIEDADE BRASILEIRA 
 
• Os primeiros contatos dos portugueses com os autóctones estiveram 
fundamentados na construção de uma relação em que a diferença entre as 
etnias foi assimilada em termos de superioridade (portugueses) e inferioridade 
(diversas culturas indígenas). 
• O período colonial e a sociedade escravocrata. 
• Desigualdades no Brasil contemporâneo: pobreza e miséria; exclusão e 
marginalização social; formas precárias de existência (saúde, habitação, 
educação). 
• Desigualdades educacionais profundamente vinculadas às desigualdades 
socioeconômicas, em seu amplo sentido. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ARON, R. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1982. 
 
SOUZA, Jessé. A modernização seletiva: uma reinterpretação do dilema brasileiro. 
Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 2000. 
 
ATIVIDADE 
 
 Identifique as articulações entre as desigualdades educacionais e as 
desigualdades socioeconômicas na sociedade brasileira. 
 
Resposta: A desigualdade na sociedade brasileira vem de longe, vem da nossa 
fundação como colônia. O poder dos europeus sobre os indígenas e sobre africanos. 
Um poder que se dá baseado em critérios étnicos, numa espécie de sentimento de 
superioridade europeia e que se efetiva economicamente sobretudo com a exploração 
inicial dos indígenas e do trabalho escravo ao qual foram submetidos os africanos. Em 
tempos mais recentes, no Século XX, a sociedade brasileira torna-se uma sociedade 
propriamente capitalista, com relações assalariadas de trabalho, com o 
desenvolvimento tecnológico. Desapareceram as desigualdades? – Não. Apenas 
assumem outras formas e permanecem algumas questões muito sérias como: 
concentração de terra, migração desordenada para os centros urbanos, deterioração 
das condições de vida nas grandes cidades, concentração de riquezas. Sabemos que 
vivemos numa sociedade profundamente desigual. Isso se traduz como desigualdade 
educacional? – Evidentemente que sim. A diferença de qualidade que muitas vezes se 
percebe entre escola pública e escola particular, nos públicos diferentes a que se 
destinam as escolas, nas possibilidades de êxito escolar, de permanência escolar, 
daqueles filhos oriundos de famílias mais pobres. Então, lamentavelmente, a Educação, 
que poderia ser um instrumento de transformação social e de redução das 
desigualdades, até o momento, no Brasil, ainda é um mecanismo de reprodução das 
desigualdades sociais. 
 
ANOTAÇÕES DA AULA 8 
GLOBALIZAÇÃO E SOCIEDADE 
DA INFORMAÇÃO 
 
 
• O termo globalização articula-se à noção de “aldeia global”, que sugere a 
formação de uma comunidade mundial interligada graças às realizações e 
possibilidades de comunicação encetadas pelos avanços tecnológicos. 
• Globalização: dimensões econômicas, políticas, sociais e culturais. 
• Totalitarismo de mercado? 
• Globalização, modernização e ocidentalização do mundo. 
• Contradições da globalização: coexistência do processo de homogeneização e 
de um universo de diferenciações, tensões e conflitos sociais. 
• Globalização e regionalização, fragmentação e unidade, inclusão e exclusão são 
polos antagônicos, relacionados de forma dialética, ou seja, são forças opostas 
que estão em constante interação. 
• Estratificação social no plano internacional. 
• Globalização e meios de comunicação. 
• As novas tecnologias e a sociedade da informação. 
• Sistemas educacionais, comunicação audiovisual e informática. 
• Educação, analfabetismo e exclusão digital. 
• Os recursos tecnológicos contemporâneos e suas possibilidades pedagógicas. 
 
REFERÊNCIAS 
 
IANNI, Octavio. A era do globalismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996. 
 
MATTELART, Armand. A mundialização da comunicação. Lisboa: Instituto Piaget, 
c1996. 
 
MONTERO, Paula. O problema das diferenças em um mundo global. Petrópolis: 
Vozes, 1998. 
 
ATIVIDADE 
 
 Apresente as características gerais da globalização. 
 
ANOTAÇÕES DA AULA 9 
CULTURA, SOCIEDADE, EDUCAÇÃO E ESCOLA 
 
 
CULTURA 
 
• Cultura e escola: escolhas culturais determinam o que deve e o que não deve 
ser ensinado e aprendido nas escolas. 
• Valores culturais direcionando as práticas pedagógicas. 
 
Cultura – tema central dos estudos antropológicos. Podemos dizer que a Antropologia 
é a ciência social que estuda as diferentes culturas de diferentes grupos humanos, de 
diferentes sociedades. 
 
Em que sentido, afinal, usamos o termo cultura na Antropologia? 
 
Sabemos que a conceituação antropológica de cultura diz respeito aos modos pelosquais os seres humanos em sociedade pensam, sentem e explicam suas vidas, vivem 
suas vidas. 
 
Cultura diz respeito aos hábitos, aos costumes, às tradições sociais; aos valores, às 
noções morais; aos modos pelos quais organizamos nossas relações afetivas, 
familiares. Cultura, portanto, em sentido antropológico, é um termo vasto e com 
significação muito profunda. Cultura abrange desde o modo pelo qual nos relacionamos 
com os nossos corpos até as convicções religiosas e as explicações que oferecemos 
sobre a origem do Universo. 
 
Cultura é plural, muito embora os primeiros antropólogos, os evolucionistas, 
acreditassem em um único percurso da Humanidade, em uma única cultura que 
avançaria do estágio mais primitivo até o patamar definitivo, superior, que seria a 
civilização industrial, fato é que os estudos antropológicos posteriores revelaram cultura 
no plural – culturas. Diferentes culturas humanas, de diferentes sociedades, o que não 
significa hierarquizá-las, o que não significa dizer que a cultura de uma sociedade é 
superior ou inferior à cultura de outra sociedade. No interior de uma mesma sociedade 
vemos, muitas vezes, grupos sociais com disposições, inclinações culturais diferentes. 
No interior de uma mesma sociedade a cultura se modifica ao longo do tempo. 
 
Mas, o que tem a ver cultura com Educação? O que tem a ver cultura com as escolhas 
pedagógicas que se fazem nas escolas? 
 
Devemos lembrar, que cultura são todas as realizações humanas que recebem aquilo 
que é imediatamente dado pela Natureza. Cultura é uma elaboração humana, motivo 
pelo qual podemos dizer que nós seremos humanos, assim nos tornamos – humanos – 
à medida que adquirimos cultura. 
 
Não há seres humanos, não há Humanidade sem cultura. Os seres humanos se 
humanizam com a cultura. À medida que são socializados, recebem, interiorizam os 
valores, hábitos, costumes, normas, modalidades de pensamentos da sua sociedade. 
Algo que em Antropologia chama-se endoculturação - essa assimilação cultural, de 
valores culturais. 
 
Se cultura, portanto, é intimamente vinculada à socialização, qual a relação entre cultura 
e Educação? - Podemos dizer que a relação é intima e profunda, uma vez que Educação 
é um modo fundamental de socialização dos indivíduos na sociedade, tanto a Educação 
formal, praticada na Escola, quanto à Educação informal, que recebemos na Família e 
nas instâncias sociais em geral. Porém, é preciso que se observe – quando nos 
referimos à cultura de uma Sociedade, não estamos nos referindo a uma totalidade 
plenamente harmônica e homogênea. É preciso considerar que cultura envolve, 
também, relações de poder; envolve a visão de mundo de um grupo dominante no 
interior da Sociedade, muitas vezes fazendo com que os seus valores, os seus hábitos, 
as suas tradições e sua visão de mundo se imponha sobre os demais. A cultura, 
também, é palco de tensões. Cultura é permeada por conflitos. 
 
CULTURA E ESCOLA 
 
- Cultura e escola: escolhas culturais determinam o que deve e o que não deve ser 
ensinado e aprendido nas escolas. 
- Valores culturais direcionando as práticas pedagógicas. 
 
Muitas vezes tomamos os conteúdos escolares (ministrados nos ensinos fundamental, 
médio ou superior), como objetos de uma unanimidade, ou até mesmo de uma 
neutralidade. Isso significa que muitas vezes entendemos que aquilo é o que tem para 
ser ensinado, para ser aprendido e ponto final. Porém, nos esquecemos de algo 
fundamental. Os conteúdos curriculares e as formas como esses conteúdos serão 
ministrados, tudo isso diz respeito às escolhas feitas no universo cultural da Sociedade. 
 
Os valores culturais direcionam as práticas pedagógicas, na medida em que os valores 
culturais determinam o que vai ou não vai ser ensinado nas escolas. Define também, 
como esses conhecimentos serão ministrados. 
 
SOCIEDADES MODERNAS E A CONCEPÇÃO DE CULTURA UNIVERSAL 
 
• Sociedades modernas e a concepção de cultura universal. 
• Cultura universal apresentada como cultura da humanidade, concepção que se 
identifica com uma espécie de coleção daquilo que de melhor teria sido 
produzido culturalmente pela humanidade. 
 
O que entendemos por sociedades modernas? 
 
É um termo muito vasto e abrangente, de significado muito amplo, que de modo geral 
diz respeito às sociedades que se formaram a partir dos Séculos XVI e XVII e que se 
consolidam com a Revolução Industrial, com a Revolução Francesa, no século XVIII, 
que marcam a moderna sociedade industrial, científica, tecnológica, capitalista. O termo 
sociedade moderna, portanto, abrange o período da origem da chamada Era moderna 
até a atualidade. Faço esse registro também para dizer que muitos sociólogos dizem 
que não mais estamos em sociedades modernas, mas em sociedades pós-modernas. 
 
Nas sociedades modernas, de modo geral, predomina a ideia de que há uma cultura 
universal. Sabemos que na tradição sociológica essa concepção se apresenta com 
Auguste Comte, o fundador da chamada disciplina sociológica. Também está presente 
na concepção positivista, que tem como principal continuador e sistematizador Émile 
Durkhein. De que concepção estou falando? A ideia de que as sociedades humanas 
avançam por um caminho – progridem, dirigem-se rumo ao progresso, se aprimoram 
racionalmente. Então, há aqui, a noção de uma cultura universal. Citamos no início desta 
aula, que os primeiros antropólogos concebem essa ideia de uma cultura universal; de 
uma cultura cumulativa que vai progredindo, que vai evoluindo, em direção ao seu 
patamar superior. Muito embora, na Antropologia e na Sociologia, com os estudos mais 
recentes, essa tese esteja descartada, ou pelo menos rejeitada pela maioria dos 
estudiosos, o fato é que, na sociedade como um todo, ainda prevalece com grande força 
essa ideia de que há uma cultura universal, isto é, uma cultura que diz respeito a todos 
os seres humanos, é uma cultura que diz respeito àquilo que se considera de mais 
valioso produzido pelas sociedades humanas no plano do pensamento, no plano do 
conhecimento, e que então existiriam conhecimentos, saberes, visões de mundo, que 
naturalmente deveriam impor-se nos ensinos escolares, e que, portanto, são relevantes 
para todos os grupos humanos, independente da sua etnia, da sua cultura loca, dos 
seus modos específicos de vida. 
 
Quer dizer, diríamos que isso é algo, no mínimo, problemático. Quem elege o que é 
mais importante? Quem elege aquilo que é mais valioso e, portanto, faria parte desse 
patrimônio que se denomina cultura universal? Então, voltamos ao ponto – isso é 
produzido a partir de uma visão de grupos que detém posições hierárquicas superiores 
na Sociedade, seja pelo seu poder econômico, seja pelo se prestígio social. 
 
- Cultura universal apresentada como cultura da humanidade, concepção que se 
identifica com uma espécie de coleção daquilo que de melhor teria sido produzido 
culturalmente pela humanidade. 
 
ISTO POSTO, A CULTURA UNIVERSAL: CONFIGURADA EM PRESSUPOSTOS 
EUROCÊNTRICOS E NA DOMINAÇÃO OCIDENTAL. 
• Cultura universal: configurada em pressupostos eurocêntricos e na dominação 
ocidental. 
Eurocêntricos – a visão eurocêntrica toma a Europa como centro do Universo, como 
centro do mundo, sobretudo a partir da expansão marítima e comercial europeia, a partir 
das grandes navegações e da colonização do continente americano; depois, do poder 
econômico exercido por europeus na África, etc. Toma a cultura europeia como superior, 
a civilização europeia como superior e assim por diante. Muitos devem questionar: 
depois disso, os Estados Unidos, visto que se situam na América do Norte, por exemplo, 
se consolidaram como grande potência econômica mundial e ainda assim falamos de 
pressupostos eurocêntricos? Falamos, porque em realidade, a cultura, a economia, a 
sociedade norte-americana, nesse aspecto, incorpora esses valores do chamado 
eurocentrismo. Então, quando estamos falando de eurocentrismo nos referimos a uma 
visão ocidental de mundo, que toma uma visão que toma a própriacultura ocidental, 
entendida nesses termos, como uma cultura superior, como um caminho superior, como 
se fosse um modelo válido para toda Humanidade, para todos os grupos humanos, 
desconsiderando-se, assim, a própria pluralidade cultural. Isso pode parecer muito 
abstrato, mas não é. Por exemplo, os negros na Sociedade brasileira, não se viam 
durante muito tempo representados, não se viam reconhecidos, não reconheciam sua 
própria identidade nos livros escolares. Isso gerava um efeito muito negativo para a 
própria autoestima étnica, cultural. Existem implicações cotidianas, muito pontuais. E, 
aqui, eu me referi a um ponto que diz respeito à realidade brasileira. Além disso, trata-
se de uma cultura que renega a pluralidade cultural. Trata-se de uma visão assentada 
nesse pressuposto da dominação eurocêntrico com todas essas implicações sugeridas. 
 
• A cultura universal, ocidental, absorve aspectos de outras culturas, sem valorizar 
as sociedades em que tais elementos culturais foram produzidos. 
• Cultura universal como abstração de origens coloniais: entendida como cultura 
superior, com função civilizadora da humanidade. 
 
ALTERIDADE E ETNOCENTRISMO 
 
 Escolarização tradicionalmente compreendida no âmbito de uma cultura 
universal: socialização como acesso à cultura universal. 
 
A escola deve formar seres humanos adequados a esse espírito da cultura universal. 
 
A socialização que é realizada em larga medida pela educação formal e informal é vista 
como o acesso que é oferecido aos indivíduos, à essa cultura universal. Muitas vezes 
torna-se esse acesso de todos os indivíduos, de todos os seres humanos à cultura 
universal, como um elemento de democratização da própria cultura e da própria vida 
escolar. Entretanto, fica aqui o contraponto, porque: quem escolhe o que é cultura 
universal? Não é uma escolha neutra, é uma escolha feita socialmente e é produto de 
um conflito cultural, de uma tensão, de uma imposição de um determinado grupo sobre 
outros. 
 
 Movimentos sociais de defesa da diversidade cultural: críticas aos currículos 
escolares assentados no universalismo moderno. 
 
Exemplos: 
Movimentos de defesa das causas feministas 
Movimentos de etnias, que procuram resgatar os valores e a identidade cultural de 
indígenas, de africanos e de seus descendentes. 
 
Questionam atualmente o predomínio dessa ideia de cultural universal e de algum modo 
se insurgem contra isso e contra essa concepção de escola que acaba por reproduzir 
sempre a visão dominante, os ideais presentes na cultura dominante. 
 
 Questionamento quanto à aparente neutralidade do currículo escolar, 
caracterizada pela negação da diversidade cultural e pela ratificação de visões 
preconceituosas acerca da realidade. 
 
REFERÊNCIA 
 
BELELI, Iara. Gênero. In: Marcas da diferença no ensino escolar. São Carlos: 
EdUFSCar, 2009. 
 
ATIVIDADE 
 
 Explique o conceito de cultural universal. 
 
Resposta: No campo da Sociologia e da Antropologia, entre os primeiros estudiosos, há 
a noção de que existe uma só cultura, para a qual caminha toda a humanidade, partindo 
da vida selvagem, passando pelo momento intermediário da barbárie e chegando ao 
momento culminante da vida civilizada. Trata-se de uma visão carregada de 
etnocentrismo, que toma a sociedade moderna com seus valores, suas formas de 
organização, seus rituais sociais como um todo, como modelo, como padrão. A ideia de 
cultura universal é a ideia de que existe uma cultura da Humanidade para a 
Humanidade, com aquilo que de melhor foi produzido pelos seres humanos através dos 
tempos e que, portanto, é uma cultura para a qual devem aderir todos os grupos 
humanos, de todas as sociedades. É uma visão norteada pela ideia de progresso, pela 
ideia de evolução cultural. É uma visão problemática, porque se apresenta como algo 
neutro, porém sabemos que se trata de uma visão de mundo construída a partir de 
relações desiguais, a partir do domínio de determinados grupos humanos sobre outros. 
Grupos humanos que então fazem prevalecer seus pontos de vista, sua visão de mundo, 
sua visão de cultura. Com isso, nega-se a diversidade, rejeita-se a pluralidade. Com 
isso, muitos grupos culturais têm a sua localidade cultural renegada, têm os seus 
princípios éticos, a sua visão de mundo desaparecendo nessa ideia de cultura universal. 
Quando a cultura universal direciona os currículos escolares, temos não mais do que a 
imposição de uma visão de mundo – eurocêntrica, e cujas origens mais remotas seriam 
a própria dominação colonial dos europeus na América, marcada por um olhar 
etnocêntrico sobre as sociedades indígenas, sobre os povos de origem africana. Cultura 
universal, portanto, ao contrário do que se apresenta pelos seus defensores, parece-
nos não ser algo neutro, mas algo que expressa o domínio de uma determinada visão 
de mundo, algo que afronta a própria ideia de diversidade cultural, algo que reproduzido 
na escola, reproduzido nos conteúdos pedagógicos determina o que deve ser ensinado 
e o que não deve ser ensinado, como deve ser ensinado, como deve ser a rotina escolar, 
baseando-se no pressuposto de que os seres humanos devem ter acesso a essa cultura 
universal. Hoje em dia, na atualidade, isso é bastante questionado e podemos até notar 
algumas mudanças curriculares que apontam para um outro caminho: do respeito à 
diversidade, da pluralidade cultural e da ênfase no multiculturalismo. 
 
Cordialmente, 
Sílvia M L Mota 
 
ANOTAÇÕES DA AULA 10 
A CULTURA DA ESCOLA EM UM ESPAÇO MULTICULTURAL 
 
 
Diversidade cultural 
Multiculturalismo 
Pluralidade de culturas 
 
Quando pensamos nessas expressões pensamos em sociedades diferentes com 
culturas diferentes. E, a partir disso, pensamos nas diferenças, nas diversidades – de 
hábitos, valores, noções, costumes, símbolos e visões de mundo, ou seja, todos aqueles 
elementos que estão incorporados antropologicamente neste vocábulo – cultura. 
 
Trata-se de uma visão correta, mas insuficiente para nos esclarecer aquilo que 
chamamos de diversidade cultural. Em que pese uma cultura possa ser pensada a partir 
de uma identidade que os seres humanos possuem entre si, não devemos também, 
ignorar a possibilidade de a diversidade cultural existir no interior de uma mesma 
sociedade, de um mesmo país. 
 
EDUCAÇÃO, QUESTÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADE 
 
 O conceito de gênero favorece a reflexão acerca das assimetrias de poder entre 
homens e mulheres na Sociedade. 
 
Os estudos de gêneros procuram destacar que ao longo da história das sociedades 
humanas, durante muito tempo, e, notadamente, estamos centrados na sociedade 
brasileira, há uma simetria de poder entre homens e mulheres. Uma simetria de poder, 
de tal forma, que se confere ao homem um papel dominante e a mulher numa posição 
subalterna. A noção de feminino e masculino são culturalmente construídas. 
 
 O conceito de gênero questiona a definição universal de ser mulher, visto que 
tal definição varia de sociedade para sociedade e se transforma dentro de uma 
mesma sociedade. 
 Questionamento de uma definição biológica do “ser mulher” e o princípio da 
consideração dos determinantes culturais da feminilidade. 
 
 A partir do conceito de gênero, não se concebem mais as diferenças entre 
homens e mulheres como determinadas pela natureza ou pela biologia. 
 
Não se nasce home, não se nasce mulher. Torna-se homem e mulher, de acordo com 
a cultura. 
 
 Gêneros compreendidos como construção cultural, ou seja, a compreensão do 
masculino e do feminino passa pela cultura, pelos significados produzidos em 
determinada sociedade e em determinado momento histórico. 
 
Há 30 ou 40 anos as vestimentas usadas por um homem eram bem claramente distintas 
das roupas utilizadas por uma mulher. A cultura não é estática, mas dinâmica. 
 
 Sexualidade, cultura e sociedade 
 
Entre os gregos antigos não havia distinção rigorosa entre homossexuais, 
heterossexuais ou bissexuais. Era bastante aceitável socialmente que um homem se 
relacionassecom mulheres do ponto de vista sexual e se relacionasse também com 
homens. 
 
 Emergência sociocultural das categorias de heterossexualidade e 
homossexualidade 
 
Caracteriza uma heteronormatividade, que vem a ser as expectativas, demandas e 
obrigações sociais que derivam do pressuposto da heterossexualidade entendida como 
natural e, portanto, fundamento da sociedade. 
 
 Crítica à heteronormatividade 
 Heteronormatividade: expectativas, demandas e obrigações sociais que derivam 
do pressuposto da heterossexualidade como natural e, portanto, fundamento da 
sociedade. 
 As questões de gênero e de sexualidade no âmbito da educação. 
 
Debate escolar e nas práticas pedagógicas como um todo. 
 
Crescente mobilização dos movimentos de defesa dos interesses dos homossexuais. 
Uma modificação muito profunda do que seja Família, em certo sentido, de uma maior 
aceitação de formas antes pouco convencionais de relações familiares. Todas essas 
questões começam a penetrar o ambiente escolar. Se tanto enfatizamos aqui a ideia de 
uma cultura universal com seus valores, como cultura da humanidade, como algo que 
se impõe ao conjunto da sociedade, certamente tem como resultado a exclusão da 
diversidade, a imposição e a reprodução pedagógica daquela visão de mundo 
eurocêntrica, ocidental, do grupo dominante e assim por diante. No momento em que 
se tem a insurgência, uma maior mobilização social em torno dessas temáticas, 
começamos a vislumbrar um cenário mais plural também do ponto de vista pedagógico, 
daquilo que se ensina ou não se ensina nas escolas. Aqui notamos essa clara 
correspondência, essa clara articulação entre educação, escola e sociedade, até 
porque, a escola e a educação são elementos decisivos do próprio processo de 
socialização, de modo que as expectativas, aquilo que se espera no que tange aos seres 
humanos, naquilo que se entende que eles devem ser nas suas articulações sociais é 
projetado no âmbito pedagógico, no âmbito educacional. 
 
Voltando às questões de gênero e de sexualidade, portanto, perpassam esse campo da 
educação e começam a se manifestar com maior vigor no debate escolar, já com alguns 
resultados baste visíveis nas práticas pedagógicas como um todo. 
 
REFERÊNCIAS 
 
BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de 
Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. 
 
FOUCAULT, M. História da sexualidade I: a vontade de saber. 19. ed. Rio de Janeiro: 
Graal, 2009. 
 
ATIVIDADE 
 
 Explique a seguinte afirmação: De acordo com o conceito de gênero, 
masculinidade e feminilidade são construções socioculturais. 
 
Resposta: A discussão de gênero foi colocada inicialmente por teóricas do feminismo e 
hoje é uma discussão, um debate que avança muito na Sociologia, na Filosofia, na 
Antropologia, na própria Ciência Política, na Psicologia. Fato é que, culturalmente, 
ninguém nasce homem ou mulher. Tornamo-nos homens ou mulheres no processo de 
socialização, à medida que recebemos valores, normas, hábitos de conduta da 
sociedade em que somos educados, em que somos criados. Somos, então, ensinados 
a ser homem, ou ensinados a ser mulher, isso de acordo com a visão da sociedade do 
que seja ser homem ou ser mulher. Do homem esperam-se determinados 
comportamentos, determinadas atitudes, determinadas características de 
personalidade. Idem, para as mulheres. Isso se modifica ao longo do tempo, numa 
mesma sociedade. Modifica-se de sociedade para sociedade e modifica-se no interior 
de uma mesma sociedade. Certamente, a visão que temos hoje, na sociedade ocidental, 
em particular no Brasil, do que é ser mulher, é uma visão muito diferente daquela que 
existia há 50 anos. Podemos então ponderar que as assimetrias de poder nas relações 
de gênero, historicamente se construiu a idade de superioridade masculina, de poder 
masculino sobre a mulher – isso é então uma construção sociocultural, algo que não 
tem bases naturais. Não necessariamente vamos renegar as diferenças orgânicas entre 
o homem e a mulher, mas a transformação dessas diferenças orgânicas em diferenças 
a respeito do que é ser homem e do que é ser mulher, é um outro passo, é um passo 
sociocultural. Basear-se em supostas diferenças orgânicas para afirmar que o homem 
é superior, que ao homem cabe um papel de domínio, é então algo que não se justifica 
do ponto de vista da razoabilidade, do ponto de vista de uma reflexão mais séria acerca 
do tema. Por isso é que nós também experimentamos modificações nesse sentido, no 
que tange ao debate escolar, no que tange às práticas escolares, no que tange ao 
próprio conteúdo didático que é ministrado nas escolas, que é elaborado e trabalhado 
nas escolas. Isso se reflete, se exprime nos livros didáticos, na conduta dos professores 
em sala de aula, nas relações entre os alunos, até porque a escola não é uma redoma, 
não é um ambiente à parte na sociedade. Ao contrário, está plenamente inserida na 
sociedade. De algum modo, as discussões que acontecem na sociedade repercutem na 
escola; de algum modo, também, as práticas pedagógicas implementadas na escola 
podem influenciar a sociedade. Há, então, entre sociedade, escola, educação e cultura 
uma reciprocidade, uma plena articulação. 
 
Cordialmente, 
Sílvia M L Mota

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