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Atividadada Dano Moral

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – CURSO DE DIREITO
DANO MORAL 
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
DIREITO – BALNEÁRIO CAMBORIÚ 
Disciplina: Legislação Especial Civil – 10º período
Professor: Artur Jenichen Filho
Alunas: Bianca da Silva Goulart 
Data: 22/04/2020.
Atividade:
1. Encontre 2 (entendimentos jurisprudenciais) a respeito do tema recebido, pelo professor. 
	Tema: Clonagem de cartão de crédito ou obtenção de senha de forma fraudulenta. 
 
2. Copie/transcreva a EMENTA de cada qual dos entendimentos jurisprudenciais escolhidos e responda, sendo o caso, cada qual das indagações adiante:
a. Identifique o recurso, o tribunal, o ano e as partes envolvidas;
b. O valor do dano moral estipulado;
c. As razões e os critérios utilizados para a estipulação do valor fixado;
d. O fundamento legal pelo qual foi concedido e/ou reconhecido;
e. As causas e/ou critérios e/ou justificativas invocadas e/ou utilizadas para o seu deferimento.
Órgão Primeira Turma Recursal DOS JUIZADOS ESPECIAIS DO DISTRITO FEDERAL 
Processo N. RECURSO INOMINADO 0742784-38.2017.8.07.0016 
RECORRENTE(S) BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A. 
RECORRIDO(S) ANA MARCELINA BARROS DA SILVA 
Relatora Juiza SONÍRIA ROCHA CAMPOS D'ASSUNÇÃO 
Acórdão Nº 1127389 
EMENTA
JUIZADO ESPECIAL. CONSUMIDOR. BANCÁRIO. CARTÃO DE CRÉDITO. DÍVIDA INEXISTENTE. FRAUDE. DANO MORAL. DEVER DE INDENIZAR. QUANTUM REDUZIDO. PREQUESTIONAMENTO. INCABÍVEL.
1. A ré/recorrente insurge-se contra o provimento jurisdicional que declarou inexistente o débito de R$ 13.348,80 cobrado da autora/recorrida, bem como condenou-lhe a repetir o indébito de R$ 10.221,94 e a reparar danos morais, no valor de R$ 10.000,00, em razão de fraude praticada por terceiro, mediante clonagem de cartão de crédito.
2. Ressalte-se que a utilização de senha pessoal para a realização das operações com cartão bancário não constitui, por si só, evidência para o reconhecimento de culpa exclusiva do consumidor, nos termos do art. 14, §3º, II, do CDC, uma vez que, embora este meio tecnológico seja dos mais seguros, ainda não se pode afirmar que esteja imune à ação de fraudadores, o que, inclusive, é uma hipótese recorrente
3. A instituição financeira deve assumir os riscos da sua atividade lucrativa, não se devendo perquirir a sua culpa pelo fato danoso, mas apenas a existência da falha dos serviços prestados. A atuação de fraudador não caracteriza culpa exclusiva de terceiro, uma vez que se encontra inserida no referido risco da atividade do fornecedor de serviços financeiros, caracterizando fortuito interno, consoante súmula 479 do STJ (“As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias”).
4. A Recorrida impugnou os valores e compras debitados em seu cartão de crédito e, consoante documentos acostados, as despesas e o valor constante do cartão não se coadunam com o perfil de usuária da consumidora, o que revela a fraude perpetrada.
5. A inscrição indevida do nome da consumidora em cadastros restritivos de crédito (ID 4478991 e 4478992) caracteriza a falha na prestação do serviço bancário e autoriza a indenização por dano moral, que se dá in re ipsa. Todavia, em face dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, da situação do ofendido, do dano e sua extensão, a capacidade econômica do réu/recorrente, sem que se descure da vedação do enriquecimento sem causa, reduzo o valor arbitrado para R$ 2.000,00, a ser corrigido monetariamente, desde o arbitramento (súmula 362, STJ), e acrescido dos juros de mora, desde o evento danoso (súmula 54, STJ)
6. Não prospera o pedido genérico de prequestionamento, sem definir nem demonstrar, de forma clara e precisa, em que consiste a alegada violação a dispositivos legais.
7. RECURSO CONHECIDO e PROVIDO EM PARTE. Sentença reformada, para reduzir o dano moral pra R$ 2000,00. Sem custas processuais e honorários advocatícios, a teor do art. 55 da Lei 9.099/95.
8. A ementa servirá de acórdão, conforme art. 46 da Lei n. 9.099/95
ACÓRDÃO
Acordam os Senhores Juízes da Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, SONÍRIA ROCHA CAMPOS D'ASSUNÇÃO - Relatora, AISTON HENRIQUE DE SOUSA - 1º Vogal e FABRÍCIO FONTOURA BEZERRA - 2º Vogal, sob a Presidência do Senhor Juiz FABRÍCIO FONTOURA BEZERRA, em proferir a seguinte decisão: CONHECIDO. PARCIALMENTE PROVIDO. UNANIME., de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas. 
Brasília (DF), 27 de Setembro de 2018
Juiza SONÍRIA ROCHA CAMPOS D'ASSUNÇÃO
 Relatora
RELATÓRIO 
A ementa servirá de acórdão, conforme inteligência dos arts. 2º e 46 da Lei n. 9.099/95.
Órgão: 5ª TURMA CÍVEL 
Classe: APELAÇÃO CÍVEL 
N. Processo: 20160910101370APC (0009948-11.2016.8.07.0009) 
Apelante(s): BANCO ITAUCARD S.A. 
Apelado(s): JOSE ANTONIO FRANCISCO 
Relator: Desembargador ROBSON BARBOSA DE AZEVEDO 
Acórdão N.: 1057052
EMENTA
APELAÇÃO CÍVIL. CONSUMIDOR.CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO - COMPRAS COM CARTÃO NÃO RECONHECIDAS PELO TITULAR. POSSIBILIDADE DE FRAUDE POR MEIO DE CLONAGEM DO CARTÃO DE CRÉDITO - HIPÓTESE DE FORTUITO INTERNO. SÚMULA 479 DO STJ. ANOTAÇÃO NEGATIVA EM ROL DE INADIMPLENTES. DANO MORAL CONFIGURADO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1- O Código de Defesa do Consumidor adota a teoria do risco do empreendimento, da qual deriva a responsabilidade objetiva do fornecedor de produtos e serviços, independentemente de culpa, pelos riscos decorrentes de sua atividade lucrativa, bastando ao consumidor demonstrar o ato lesivo perpetrado, o dano sofrido e o liame causal entre ambos, somente eximindose da responsabilidade o prestador, por vícios ou defeitos dos produtos ou serviços postos à disposição dos consumidores, provando a inexistência de defeito no serviço, a culpa exclusiva da vítima ou fato de terceiro (art. 14, § 3º, I e II, do CDC).
2- Neste caso, o autor negou haver contraído com cartão de crédito o débito pelo qual teve seu nome anotado em rol de inadimplentes, sustentando a ocorrência de fraude. Assim, nos termos da 479 do STJ "as instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias."
3- Destaco que a anotação negativa do nome do consumidor, embasada em débito não comprovadamente por ele contraído, enseja a responsabilização civil da parte requerida, pois presentes os requisitos para essa finalidade (ato danoso, dano e liame causal entre ambos).
4- RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
ACÓRDÃO
	Acordam os Senhores Desembargadores da 5ª TURMA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, ROBSON BARBOSA DE AZEVEDO - Relator, ANGELO PASSARELI - 1º Vogal, SEBASTIÃO COELHO - 2º Vogal, sob a presidência do Senhor Desembargador JOSAPHA FRANCISCO DOS SANTOS, em proferir a seguinte decisão: CONHECER. NEGAR PROVIMENTO. UNÂNIME, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.
 Brasilia(DF), 25 de Outubro de 2017.
Documento Assinado Eletronicamente 
ROBSON BARBOSA DE AZEVEDO 
Relator
RELATÓRIO
	Trata-se de recurso de apelação interposto pelo BANCO ITAÚCARD S.A contra sentença que julgou procedentes os pedidos contidos na inicial, confirmando a antecipação de tutela concedida, para declarar a inexistência do debito indevidamente imputado ao autor, no montante de R$ 11.841,65, condenar o requerido a retirar definitivamente o nome do autor do SERASA e afins, em cinco dias, sob pena de multa diária a ser fixada pelo juízo da execução, bem como condenar o requerido ao pagamento de R$ 4.000,00, pelos danos morais causados ao autor.
	Em suas razões recursais, alega que houve culpa exclusiva do autor, que não se desincumbiu do dever de guarda e vigilância do cartão magnético e da senha de acesso à conta corrente. Sustenta que as compras foram efetuadas por quem estava na posse do cartão magnético. Insiste que a hipótese é de culpa exclusiva do consumidor, o queafasta a responsabilidade do fornecedor pelos eventuais danos. Diz que não cometeu irregularidades, tampouco agiu com negligência na prestação dos serviços, bem como que não há prova do dano moral. Pede a reforma da sentença.
	Recurso tempestivo. Preparo regular. Contrarrazões apresentadas. 
	É o relatório.
VOTOS
O Senhor Desembargador ROBSON BARBOSA DE AZEVEDO – Relator
	Conheço do recurso, porque presentes os pressupostos de admissibilidade recursal. Todavia, não merece provimento.
	O Código de Defesa do Consumidor adota a teoria do risco do empreendimento, da qual deriva a responsabilidade objetiva do fornecedor de produtos e serviços, independentemente de culpa, pelos riscos decorrentes de sua atividade lucrativa, bastando ao consumidor demonstrar o ato lesivo perpetrado, o dano sofrido e o liame causal entre ambos, somente eximindo-se da responsabilidade o prestador, por vícios ou defeitos dos produtos ou serviços postos à disposição dos consumidores, provando a inexistência de defeito no serviço, a culpa exclusiva da vítima ou fato de terceiro (art. 14, § 3º, I e II, do CDC).
	O autor alegou que recebeu fatura do cartão de crédito de sua titularidade com compras que não realizou. Afirma que da fatura cobrada é devedor de apenas R$ 773,12, valor que reconhece e se dispõe a pagar. Diante desse cenário, pede a declaração de inexistência do débito no valor de R$ 11.841,65; a condenação do requerido a indenizá-lo pela indevida negativação de seu nome. A sentença julgou procedente o pedido do autor.
	Da analise dos autos, verifico que a sentença deve ser mantida. É que, conforme afirmado na sentença pela magistrada sentenciante, o demandado não comprovou que foi o cliente que efetivou as compras impugnadas, pois é o demandado quem tem os meios para comprovar tal situação, porquanto esse dever deriva do risco do empreendimento.
	Nesse contexto, diante da negativa do cliente em assumir as compras realizadas por meio do cartão de crédito de sua titularidade, competia ao banco demonstrar a lisura das operações impugnadas, ônus do qual não se desincumbiu (CPC, art. 373, II e CDC, art. 6º, VIII).
	Assim, tratando das hipóteses de fraude, enseja a aplicação da Súmula 479 do STJ, verbis:
		"As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias."
No mesmo sentido:
	"RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. JULGAMENTO PELA SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC. RESPONSABILIDADE CIVIL. INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS. DANOS CAUSADOS POR FRAUDES E DELITOS PRATICADOS POR TERCEIROS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. FORTUITO INTERNO. RISCO DO EMPREENDIMENTO. 1. Para efeitos do art. 543-C do CPC: As instituições bancárias respondem objetivamente pelos danos causados por fraudes ou delitos praticados por terceiros - como, por exemplo, abertura de conta-corrente ou recebimento de empréstimos mediante fraude ou utilização de documentos falsos -, porquanto tal responsabilidade decorre do risco do empreendimento, caracterizando-se como fortuito interno. 2. Recurso especial provido. (REsp 1199782/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/08/2011, DJe 12/09/2011)
	Da inexistência de débito
	Não havendo comprovação de que tenha sido o autor/recorrido que realizou as compras que originaram o débito pelo qual teve seu nome anotado em rol de inadimplentes e, ainda, a impossibilidade de impor-se ao demandante a produção de prova negativa, de que não utilizou o cartão de crédito, mostra-se correta a sentença que declarou a inexistência de débito.
	Dano moral
A inscrição negativa do nome do demandante, com base em débito relativo a compras realizadas mediante fraude, enseja sua responsabilização civil, pois presentes os requisitos para essa finalidade (ato danoso, dano e liame causal entre ambos).
	Trata-se de dano moral in re ipsa, onde provada a ofensa, resta provado o dano, sendo desnecessária qualquer outra prova além da inscrição em rol de inadimplentes para a configuração do abalo moral.
	Nesse sentido confira recente julgado deste tribunal de justiça, in verbis:
	"CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. FRAUDE DE TERCEIRO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. INSCRIÇÃO INDEVIDA. DANO IN RE IPSA. QUANTUMINDENIZATÓRIO. REDUÇÃO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.
 1 - É objetiva a responsabilidade civil decorrente de relação de consumo, excetuadas as hipóteses legais de responsabilidade subjetiva, de sorte que não é necessário perquirir a culpa da Instituição Financeira em favor da qual se efetivaram descontos indevidos originados do cumprimento de contrato firmado mediante fraude perpetrada por terceiro. 
2 - A inscrição do nome do consumidor em cadastro restritivo de crédito, motivada pela atuação fraudulenta de terceiro, é indevida e configura dano moral passível de compensação pecuniária, já que o dano decorrente da restrição de crédito é presumido, ou seja, in re ipsa. Precedentes do STJ. 
3 - A indenização por dano moral deve ser fixada mediante prudente arbítrio do juiz, de acordo com os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, observados o grau de culpa, a extensão do dano experimentado, a expressividade da relação jurídica originária, bem como a finalidade compensatória; ao mesmo tempo, o valor não pode ensejar enriquecimento sem causa nem pode ser ínfimo a ponto de não coibir a reiteração da conduta. Revelando-se excessivo o quantum arbitrado, impõe-se a sua redução. 
Apelação Cível parcialmente provida." (Acórdão n.1039975, 20141110051864APC, Relator: ANGELO PASSARELI 5ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 16/08/2017, Publicado no DJE: 23/08/2017. Pág.: 381/385).
	Assim, a manutenção da sentença é medida que se impõe. 
	Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao apelo, mantendo inalterada a sentença recorrida.
	Por força do art. 85, §11, do vigente CPC e em observância ao trabalho adicional realizado em grau recursal, majoro os honorários arbitrados em 10% do valor da condenação para 15% do valor da condenação.
	É como voto.
O Senhor Desembargador ANGELO PASSARELI - Vogal 
Com o relator
O Senhor Desembargador SEBASTIÃO COELHO – Vogal
Com o relator

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