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Tópicos em Ciências 
Sociais: Questões 
Contemporâneas
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Silvio Pinto Ferreira Junior
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Márcia Ota
Identidade Cultural e Cidadania
Identidade Cultural e Cidadania
 
 
• Discutir a formação da identidade cultural desde as tradições até sua vulnerabilidade 
perante o mundo globalizado.
OBJETIVO DE APRENDIZADO 
• A Identidade Cultural;
• Construção da Identidade;
• Cidadania;
• Identidade Cultural e Cidadania.
UNIDADE Identidade Cultural e Cidadania
Contextualização
Para iniciar esta Unidade, a partir da charge exposta abaixo reflita sobre a questão 
da identidade cultural e cidadania.
Figura 1
Há diferenças entre as culturas ocidental e oriental?
Por que existe intolerância quando uma cultura não reconhece a outra?
8
9
A Identidade Cultural
Em ciências sociais, as temáticas que permeiam as discussões a respeito de iden-
tidade cultural são crscentes. Em essência, uma homogeneização das identidades ou 
novas identidades vem sendo construída, de forma acelerada, depois do processo de 
globalização no final dos anos 1980. 
Para iniciarmos nossa análise, vamos emprestar de Stuart Hall, suas três concep-
ções muito diferentes de identidade do: sujeito do iluminismo, sujeito sociológico e 
sujeito pós-moderno.
Segundo Hall, há uma modificação na identidade do sujeito com o passar do tempo. 
Vejamos o que nos apresenta o autor:
• Sujeito do iluminismo: o indivíduo nascia com uma essência que se desenvolvia 
ao longo de sua existência. Portanto, o indivíduo nascia com determinadas ca-
racterísticas, e com elas conviveria até o fim de sua vida, permanecendo com a 
mesma essência do seu nascimento. Essa era uma concepção bastante individu-
alista de identidade;
• Sujeito sociológico: este sujeito tem um núcleo essencial, um ‘eu interior’, mas que 
é modificado à medida que o indivíduo interage com o meio social. Portanto, sua 
identidade está em construção constante, uma vez que, tanto o indivíduo quanto a 
sociedade, estão em perene mutação. O sujeito sociológico reflete a complexidade 
do mundo moderno, cujas transformações são rápidas, constantes e interativas; 
portanto, a construção de sua identidade acompanha essas transformações;
• Sujeito pós-moderno: com a pós-modernidade, as identidades passaram a ser 
fragmentadas. O sujeito constrói, destrói e reconstrói identidades durante toda 
a vida. Sendo assim, torna-se difícil compreender a identidade do sujeito pós-
-moderno, quando esta é efêmera. O sujeito assume identidades diferentes em 
diferentes momentos e não estão unificadas ao redor de um ‘eu’. O sujeito pós-
-moderno compõe sua identidade a partir do ‘externo’, ou seja, a identidade é 
uma construção histórica, externa e não biológica.
Apontada esta abordagem de Stuart Hall sobre a construção da identidade, cons-
tatamos que a ‘identidade’ se modifica com o tempo. Portanto, fazemos interpre-
tações diversas sobre ‘identidade do sujeito’ ou ‘identidade cultural’, de acordo 
com a história, bem como, com o passar da história, percebemos uma modificação 
da construção dessas identidades.
Nos atentaremos, então, à ‘identidade’ que diz respeito ao sujeito contemporâneo.
O sujeito de hoje tem diante de si um mundo bem diferente daquele sujeito do 
século XVII a que Hall se referiu como ‘sujeito do iluminismo’, por exemplo. Vivemos 
em concentrações urbanas, passamos pela revolução industrial, por duas grandes 
guerras e inúmeras crises, vivemos a revolução tecnológica propagada pela globali-
zação, tudo em apenas um século. Enfim, todos esses fatos influenciaram na maneira 
como foi sendo construída a identidade do sujeito contemporâneo.
9
UNIDADE Identidade Cultural e Cidadania
Bem, os argumentos de Hall nos permitem refletir sobre as diversas formas de 
interpretarmos a ‘identidade cultural’. 
Por exemplo, podemos nos referir à identidade cultural, tomando como base o 
sujeito. Analisando-o, podemos obter algumas referências da sua identidade cultural 
como: o lugar onde nasceu, a origem de sua família, sua etnia, religião, experiências 
vividas, etc.; todas essas referências conferem ao sujeito um complexo conjunto de 
características que lhe são próprias e que o diferencia de todos os outros, pois não 
haverá ninguém mais com experiências idênticas. 
Um outro exemplo é tratar a identidade cultural como referindo-se a um grupo. 
Muitas vezes, relacionada aos símbolos e aspectos nacionalistas. Atribuímos iden-
tidades específicas aos americanos, aos franceses, aos japoneses, aos brasileiros e 
assim por diante. Tais características estão relacionadas à língua, aos sotaques, à 
culinária, aos hábitos cotidianos, à higiene, à religião, etc.
No entanto, a possibilidade de conhecer outras culturas e de falar com pessoas 
do mundo todo pela internet, fez com que também compreendêssemos a identidade 
cultural de uma forma global, ou seja, para estarmos inseridos na sociedade global e 
em rede, precisamos estar aparelhados com todos os demais indivíduos. 
Segundo Canclini:
Costuma-se afirmar que a industrialização da cultura é o que mais tem 
contribuído para sua homogeneização. Sem dúvida, a criação de formatos 
industriais até para algumas artes tradicionais e para a literatura, a difusão 
maciça facilitada pelas novas tecnologias de reprodução e comunicação, 
o reordenamento dos campos simbólicos num mercado controlado por 
poucas redes de gestão, quase sempre transnacionais, tudo tende à for-
mação de públicos-mundo com gostos semelhantes. (2003, pg. 133)
Com a globalização, o acesso, a velocidade e o custo das informações tornou-se 
mais abrangente e viável a milhões de pessoas no mundo todo. Algumas culturas, 
como a americana, por exemplo, exploram a seu favor os recursos midiáticos disse-
minando pelo mundo todo, hábitos, maneiras de pensar, comportamentos, etc.; que 
lhe são próprios. Quem nunca foi ao cinema assistir a um filme americano, cujos 
efeitos especiais em terceira dimensão surpreendeu a todos? Assim como o cinema, 
consumimos música, seriados, fast-food, roupas, etc.; muito parecidos ao que vemos 
em tudo o que é distribuído pelos americanos pela indústria cultural. Com as TVs a 
cabo, aparelhos portáteis e a internet, esse acesso aumentou de forma espetacular. 
Nesse sentido, a aculturação americana parece definir os paradigmas da cultura 
pós-moderna e globalizada.
Canclini nos descreve uma formação cultural de identidade que está se tornando 
superficial no sentido de que a homogeneização dos traços culturais ocupa um 
importante espaço do que seria justamente o mais interessante, as diferenças cul-
turais. O aprendizado com o ‘outro’ e todo o universo de novidades e informações 
que esse ‘outro’ traz consigo na sua identidade cultural está se tornando cada vez 
mais escasso e distante da realidade.
10
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Uma outra reflexão a ser feita sobre a identidade cultural está ligada ao ‘lugar’. 
No mundo contemporâneo tomado pelos grandes centros urbanos e formação cres-
cente de megacidades, o confronto cultural nestes espaços é inevitável.
Conforme ainda aponta Canclini : 
 A que lugar eu pertenço? A globalização nos leva a reimaginar a nossa 
localização geográfica e geocultural. As cidades, e sobretudo as megaci-
dades, são lugares onde essa questão se torna intrigante. Ou seja, espaços 
onde se apaga e se torna incerto o que antes se entendia por ‘lugar’. Não 
são áreas delimitadas e homogêneas, mas espaços de interação em que 
as identidades e os sentimentos de pertencimento são formados com re-
cursos materiais e simbólicos de origem local, nacional e transnacional . 
(2003, pg. 153) 
À medida que tudo parece mais simples na compreensão das identidades cultu-
rais pela rede, quando estas diferenças são colocadas ao vivo e em cores de forma 
inusitada, muitas vezes, o sentimento de aversão ao ‘outro’, ao diferente, é expres-
sado com preconceito, discriminação e intolerância.
Antes de entrarmos no campo das reflexões sobre diversidade cultural, vejamos 
oque o sociólogo espanhol Manuel Castells nos apresenta a respeito da construção 
da identidade.
Construção da Identidade
A forma como um povo se diferencia dos demais está representada pela cultura. 
Assim, a forma como esse povo se reconhece e é reconhecido pelos outros é o que 
determina a sua identidade cultural.
Segundo Castells, “entende-se por identidade a fonte de significado e experi-
ência de um povo” (1999, pg. 22). Continua:
 No que diz respeito a atores sociais, entendo por identidade o processo de 
construção de significado com base em um atributo cultural, ou ainda um 
conjunto de atributos culturais inter-relacionados, o (s) qual (ais) prevalece 
(m) sobre outras fontes de significado. Para um determinado indivíduo ou 
ainda um ator coletivo, pode haver identidades múltiplas . (1999, pg. 22) 
Do ponto de vista sociológico, toda e qualquer identidade é construída. O que preci-
samos refletir neste caso é como, a partir de que, por quem e para que isso acontece.
A construção da identidade cultural se vale da história, da geografia, biologia, 
religião, instituições produtivas e reprodutivas, memória coletiva, tradições e por 
fantasias pessoais. Assim, todos os significados destes materiais são processados 
pelos indivíduos, grupos sociais e sociedades, reorganizando-os em função de sua 
visão de tempo e espaço.
11
UNIDADE Identidade Cultural e Cidadania
Há um ponto em comum entre cultura e tradição. A palavra tradição tem origem latina 
tradere, que significava transmitir ou dar qualquer coisa a alguém para ser guardada. 
No contexto jurídico da República Romana, tradere tinha referência nas leis que regula-
vam as heranças. Uma propriedade, na antiguidade, era passada de geração em geração, 
pois o herdeiro tinha obrigação de protegê-la e conservá-la. Atualmente, tradição é um 
termo que se opõe ao moderno. Portanto, há uma carga neste termo que o relaciona ao 
atraso, ao ultrapassado, ao arcaico.
Castells, considerando que a construção da identidade sempre ocorre em um con-
texto marcado pelas relações de poder, propõe uma distinção entre três formas e ori-
gens de construção de identidades: legitimadora, de resistência e de projeto. Vejamos:
Identidade Legitimadora 
É introduzida pelas instituições dominantes da sociedade com a finalidade de raciona-
lizar e expandir sua dominação sobre os atores sociais. 
A identidade legitimadora dá origem a uma sociedade civil, cujo conjunto de 
organizações e instituições estruturam os atores sociais e os organizam. O Estado, 
como instituição suprema, organiza e relaciona os aparatos do poder em torno de 
uma identidade semelhante (cidadania, democracia, etc.), não expondo a intenção de 
uma dominação internalizada e legitimação de uma identidade imposta, padronizada 
e não-diferenciada.
Figura 2
Fonte: Getty Images
Podemos citar como exemplo, as cores da bandeira de um país, e carregar ne-
las os simbolismos que identificam um povo. Na figura acima, vemos a bandeira 
americana. As 50 estrelas da bandeira representam todos os Estados. Já as faixas 
(nas cores vermelha e branca), simbolizam as 13 colônias que deram origem aos 
Estados Unidos. A cor vermelha presente na bandeira simboliza valor e resistência, 
12
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a cor branca representa a pureza e o azul simboliza a justiça e a perseverança. Já a 
imagem da estátua da liberdade carrega o significado de uma sociedade livre.
Identidade de Resistência
Identidade criada por atores que se encontram em situação desvalorizada perante 
uma cultura dominante. São resistentes a esta dominação, sobrevivendo da constru-
ção de uma identidade, até mesmo oposta, àquela institucionalizada.
A identidade de resistência leva à formação de comunidades formadas por um 
sentimento de inferioridade, discriminação ou desvalorização. O sentimento de 
exclusão injusta é que define este tipo de identidade. 
Trata-se, em outras palavras, da construção de uma identidade defensiva rever-
tendo o julgamento de valores ao passo que reforça os limites da resistência. Desta 
forma, questionamos se as sociedades permanecem como tais ou se fragmentam em 
uma diversidade de tribos chamadas ‘comunidades’.
Exemplo, comunidades islâmicas na França.
Figura 3
Fonte: dw.de
Na imagem acima, vemos a curiosidade de uma mulher ocidental diante da mu-
lher muçulmana em uma estação de trem na França. A convivência entre culturas 
diferentes é, muitas vezes, tolerada. Para muitos europeus, os muçulmanos levaram 
o terrorismo para o continente. 
Identidade de Projeto
É construída quando os atores sociais, ou seja, os sujeitos coletivos, constroem 
uma nova identidade a partir da utilização de qualquer tipo de material cultural 
ao seu alcance.
Entendemos aqui por sujeito, o indivíduo criador de uma história pessoal, atri-
buidor de significado a todo um conjunto de experiências da sua vida individual. 
O sujeito é o ator social e agente transformador; portanto, exerce ação e a coloca 
em movimento e em diálogo como instrumento de transformação social.
13
UNIDADE Identidade Cultural e Cidadania
A construção de uma identidade consiste em um projeto de vida diferente, muitas 
vezes, partindo de uma identidade oprimida; porém, expandindo-se no sentido de 
transformação da sociedade como uma extensão de um projeto de identidade.
Figura 4
Fonte: Wikimedia Commons
Exemplo, as feministas que fizeram frente ao patriarcalismo, ao modelo de família 
patriarcal, e assim, a toda a estrutura de produção e reprodução, sexualidade e per-
sonalidade, sobre a qual as sociedades se estabelecem.
Contudo, podemos dizer que, cada um de nós, no decurso da socialização, desen-
volve um sentido de identidade e a capacidade de agir e pensar de forma independente.
Portanto, ainda que consideremos a identidade cultural um conjunto de coisas 
que compõem um indivíduo ou grupo social, esta é constantemente transformada, 
modificada e acrescida de novos elementos através do tempo.
O conceito de identidade cultual para as ciências sociais é multifacetado, podendo 
ser abordado de diversas maneiras. Aqui, apresentamos apenas duas abordagens a 
partir das identidades de Stuart Hall e de Manuel Castells.
Cidadania
Optamos aqui por tratar de cidadania na sequência das singelas reflexões acerca 
das identidades culturais feitas anteriormente, pelo fato de que este é também um 
argumento a ser tratado em ciências sociais com relevância. Também por estar 
diretamente ligada ao exercício de direitos e deveres, objetivando uma sociedade 
mais equilibrada, a cidadania compõe a construção da identidade cultural.
É importante, então, refletir sobre cidadania, principalmente porque o termo 
toma formas que muitas vezes se afastam do seu significado. Por exemplo, depois 
da redemocratização do Brasil, em 1985, muitos políticos, intelectuais, jornalistas, 
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etc., passaram a utilizar o termo como sinônimo de povo. Ao invés de os discursos 
expressarem ‘o povo quer’, ‘o povo precisa’, diz-se ‘a cidadania quer’, ou seja, a cida-
dania tomou forma e virou gente.
Vejamos como, no caso do Brasil, o termo ‘cidadania’ tomou formas e signifi-
cados diferentes ao longo de sua história. Mas, antes de mais nada, façamos uma 
conceituação de cidadania e cidadão .
Cidadania: é o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e sociais estabelecidos na 
constituição. Praticar uma boa cidadania implica que os direitos e deveres estejam interli-
gados, e o respeito e cumprimento de ambos contribuam para uma sociedade cada vez 
mais equilibrada;
Cidadão: é o indivíduo que convive em sociedade e estabelece relações recíprocas com um 
grupo de indivíduos. É o habitante da cidade que goza de seus direitos civis e políticos e 
desempenha seus deveres perante o Estado ao qual pertence.
Você provavelmente já deve ter ouvido falar em cidadania, cujo sentido estava 
diretamente ligado a direitos civis, políticos e sociais. Neste sentido, o cidadão pleno 
seria aquele capaz de gozar de todos estes direitos. Do contrário, cidadão incompleto 
ou privadode cidadania plena, seriam aqueles que possuíssem apenas alguns direitos. 
Já os indivíduos sem qualquer direito, seriam os não-cidadãos. 
Se cidadania está diretamente ligada aos direitos civis, políticos e sociais garantidos 
por uma Constituição, vejamos o que significa cada um destes direitos:
Direitos Civis 
Correspondem aos direitos fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade, à 
igualdade perante a lei.
Os direitos civis, portanto, foram conquistas sucessivas desde a revolução francesa, 
cujo lema era ‘liberdade, igualdade e fraternidade’. Portanto, os direitos civis são a 
matriz da liberdade individual.
Os direitos civis estão diretamente ligados ao cidadão em sua individualidade, ou 
seja: o direito de escolher o trabalho, do lugar para morar, o direito de ir e vir, de 
manifestar o pensamento, enfim. São direitos garantidos por uma justiça acessível a 
todos. Garantem as relações civilizadas entre as pessoas e a harmonia da sociedade 
como um todo.
Direitos Políticos 
Diz respeito à participação política cidadã no governo da sociedade.
Os direitos políticos estão diretamente ligados a ações políticas que representam 
desenvolvimento para o Estado como um todo e para o bem de todos. 
15
UNIDADE Identidade Cultural e Cidadania
Os direitos políticos são limitados a uma parcela da população apta a dar sua contri-
buição para as transformações sociais. Portanto, é pelas demonstrações políticas que se 
exerce tal direito, como por exemplo: organizar partidos políticos, votar e ser votado. 
É por meio do exercício dos direitos políticos que estruturamos a organização do 
aparelho do estado, pela representatividade que o voto nos garante no Congresso 
Federal, no parlamento, nas câmaras de deputados e vereadores, etc. Sem a partici-
pação política do cidadão, a democracia fica comprometida.
Direitos Sociais 
São aqueles que têm por objetivo garantir aos indivíduos condições materiais tidas 
como imprescindíveis para o pleno gozo dos seus direitos.
Os direitos sociais tendem a exigir do Estado uma intervenção na ordem social 
que assegure os critérios de justiça distributiva.
Diferentemente dos direitos civis e políticos, os direitos sociais se realizam por 
meio de atuação do estado com a finalidade de diminuir as desigualdades sociais, por 
isso tendem a possuir um custo excessivamente alto e a se realizar em longo prazo.
Aqui, incluem-se os direitos à educação, à saúde, à moradia, à aposentadoria, etc. 
Por isso, depende-se de uma máquina do estado eficiente, cujo poder executivo seja 
abrangente e objetive reduzir as desigualdades.
Essas breves definições, que apresentamos acima, inferem que a cidadania está 
diretamente ligada aos direitos e estes, como sabemos, foram conquistas históricas. 
Portanto, a cidadania é um exercício constante no processo da transformação histó-
rica de uma sociedade. 
Tudo isso quer dizer, então, que a cidadania está ligada com a relação das pessoas 
com o Estado e com a nação.
É neste ponto que se cruzam as duas temáticas centrais aqui discutidas: identidade 
cultural e cidadania.
Segundo José Murilo de Carvalho:
Da cidadania como a conhecemos fazem parte então a lealdade a um 
 Estado e a identificação com uma nação. As duas coisas também nem 
sempre aparecem juntas. A identificação com a nação pode ser mais 
forte do que a lealdade ao estado, e vice-versa. Em geral, a identidade 
nacional se deve a fatores como religião, língua e, sobretudo, lutas e 
guerras contra inimigos comuns. A lealdade ao estado depende do grau 
de participação na vida política. A maneira como se formaram os Estado-
-nação condiciona assim a construção da cidadania. (2004, pg. 12)
Cada país seguiu o seu próprio caminho para construção de sua cidadania. 
O ponto ideal de cidadania plena, como já dissemos, seria a o gozo dos direitos 
civis, políticos e sociais.
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O percurso de cada país foi ímpar e, no caso do Brasil, também. 
Vejamos a Inglaterra como exemplo. A ordem das conquistas dos cidadãos, por 
conta de todo um procedimento histórico, foi sequencialmente a cidadania de direito 
civil, de acordo com o momento vivido na Europa com a revolução Francesa que 
influenciou o continente; a cidadania de direitos políticos, por conta da industrialização 
e da consolidação dos Estado-nação, das guerras, crises, etc., e por fim, a cidadania de 
direitos sociais, adquiridos com as lutas das então chamadas ‘minorias’ sociais.
Essa sequência ocorre diferente em cada país. No Brasil, os direitos sociais pre-
cederam os outros.
Identidade Cultural e Cidadania
Respeitar outras culturas e tradições, também, é um exercício de cidadania.
Quando falamos de um cidadão norte-americano, ou de um cidadão japonês, do 
italiano, ou de um cidadão brasileiro, não estamos falando exatamente da mesma coisa.
Há uma identificação cultural do sujeito com o ‘lugar’ de nascimento e, assim, 
essa identificação lhe compõe todo um conjunto de especificidades relacionadas 
à sua pátria. 
Nesse sentido, tomemos um cidadão nascido na França, cujos pais são de origem 
iraniana. Esse cidadão francês carrega consigo a identidade cultural da origem de 
seus pais como: religião, língua, culinária, vestimentas, etc. Este cidadão foi modifi-
cado e contribui também com a modificação do país que o acolheu.
Ainda que um cidadão seja educado em um outro país, trabalhe, constitua sua 
vida, carrega-se uma identidade cultural que é antecedente ao Estado.
A incompreensão da pluralidade cultural na sociedade contemporânea, muitas 
vezes, é ocasionada pela separação destes dois elementos que compõem o sujeito: 
sua identidade cultural e sua cidadania.
Nos últimos anos, somos surpreendidos com notícias de atentados terroristas, em 
que a carga do que se divulga sobrecarrega a identidade cultural do suspeito ou cri-
minoso. O que quer dizer é se um muçulmano é acusado de um atentado terrorista, 
todos os muçulmanos parecem carregar a culpa ou viverão sob olhares suspeitos.
Essa carga negativa que se dá às identidades culturais que não fazem parte de um 
determinado padrão cultural de aceitação, e aqui estamos falando de norte-americanos 
e europeus como modelo de cultura hegemônica, sobrecarrega na intolerância em 
relação às demais culturas.
Essa é uma discussão constante nos dias atuais. A ONU, a UNESCO e diferentes 
órgãos vêm promovendo, com base nos direitos humanos, a tolerância, o respeito e 
a valorização da importância da manutenção das diversidades culturais. 
17
UNIDADE Identidade Cultural e Cidadania
Muitos países que foram fornecedores de mão de obra imigrante no passado, por 
exemplo, estão tendo dificuldades de lidar com a diversidade cultural em seu próprio 
território, hoje receptores de um número cada vez mais crescente de imigrantes. 
A justificativa para explicar a resistência aos imigrantes parece ser a proteção da 
identidade cultural de seu povo (do lugar que os recebe). No entanto, os direitos do 
cidadão protegidos pelo Estado devem estar em acordo com o contexto atual. 
Com a globalização, as facilidades de locomoção, as crises, guerras, etc., as 
pessoas estão se movimentando pelo mundo em busca de uma vida melhor. É ne-
cessário ampliar o debate a respeito de como a sociedade contemporânea está se 
apresentando multifacetária, e como as pessoas, os países, o direito, as relações 
sociais, estão se adaptando a estas transformações que tantas vezes são suposta-
mente compreendidas na teoria; porém, na prática, são conflitantes.
Em Síntese
Vimos aqui a convergência entre dois tópicos importantes no estudo das ciências sociais: 
a identidade cultural e a cidadania.
Procuramos apresentar algumas reflexões a respeito da construção das identidades cul-
turais e da cidadania, com apoio de teóricos como, Stuart Hall e Manuel Castells, que 
ajudaram a compreender cada uma destas importantes temáticas que tanto servem às 
ciências sociais.
No entanto, é ainda um exercício constante lidar com culturas que pouco conhecemos. Ainda 
que tenhamos avançado como cidadãos,existe um longo percurso a percorrer que melhor 
poderá ser trilhado com um olhar mais brando, curioso e tolerante.
18
19
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
Globalização, cultura e identidade
https://bit.ly/3d6m6uN
Memória e identidade
https://bit.ly/2KJKtCg
Direitos humanos
https://bit.ly/2yUrjqE
Política social, educação e cidadania
https://bit.ly/2y2v5ON
19
UNIDADE Identidade Cultural e Cidadania
Referências
CANCLINI, N. A globalização imaginada. São Paulo: ILUMINURAS, 2003.
CASTELLS, M. O poder da identidade. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
GIDDENS, A. O mundo na era da globalização. Lisboa: Editorial Presença, 2000.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
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