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Didática e Formação.php

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Prévia do material em texto

DiDática e a Formação 
Do proFessor
Prof.ª Ana Clarisse Alencar Barbosa
Prof.ª Kathia Regina Bublitz
Prof.ª Mônica Maria Baruffi
2016
Copyright  UNIASSELVI 2016
Elaboração:
Prof.ª Ana Clarisse Alencar Barbosa
Prof.ª Kathia Regina Bublitz
Prof.ª Mônica Maria Baruffi
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
371.3
B238d Barbosa; Ana Clarisse Alencar Barbosa
Didática e a formação do professor/ Ana Clarisse Alencar 
Barbosa; Kathia Regina Bublitz; Mônica Maria Baruffi: UNIASSELVI, 
2016.
 256 p. : il.
 
 ISBN 978-85-7830-974-9
 1.Didática – métodos de ensino - pedagogia. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
III
apresentação
Prezado Acadêmico!
Bem-vindo à disciplina Didática e a Formação do Professor. Este é o 
nosso Caderno de Estudos, material elaborado com o objetivo de ampliar e 
repensar os conhecimentos sobre didática, formação de professores e todo 
o processo ensino-aprendizagem que fazem parte da história da educação.
Dessa forma, caro acadêmico, dividimos o caderno em três unida-
des de estudo. A primeira unidade tem por objetivo trazer definições acerca 
da pedagogia e da didática, conceituar a avaliação e compreender a rele-
vância do planejamento, bem como a compreensão sobre os processos que 
permeiam o fazer docente. 
Na segunda unidade, você será levado a compreender os diferentes 
tipos de saberes docente e reconhecer que a formação inicial é essencial 
para a sua vida profissional. Abordaremos também temas como: planeja-
mento e conteúdos de ensino.
 
Por fim, na última unidade, serão apresentadas, as práticas de ava-
liação e os critérios envolvidos nesta relação aluno e professor para a esco-
lha mais coerente do processo avalia.
Assim, os conteúdos aqui apresentados e discutidos serão favorá-
veis para a sua formação humana, profissional e didático-pedagógico.
Bons estudos!
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para 
diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apre-
sentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em 
questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institu-
cionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar 
seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de De-
sempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
UNI
V
VI
VII
sumário
UNIDADE 1 - RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO ............................................. 1
TÓPICO 1: RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO ................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 3
2 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO E DA PEDAGOGIA NUMA RETROSPECTIVA ............... 3
2.1 PEDAGOGIA GREGA ................................................................................................................... 6
2.2 PEDAGOGIA ROMANA .............................................................................................................. 9
2.3 O CRISTIANISMO E O IDEAL EDUCACIONAL ..................................................................... 12
2.4 CONCEITO DE PEDAGOGIA NA ATUALIDADE .................................................................. 18
3 AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS .............................................................................................. 20
3.1 PEDAGOGIA LIBERAL ................................................................................................................. 21
3.1.1 Tendência Tradicional .............................................................................................................. 22
3.1.2 Tendência Liberal Renovada Progressista ............................................................................. 23
3.1.3 Tendência Liberal Renovada não diretiva (Escola Nova) ................................................... 31
3.1.4 Tendência Liberal Tecnicista ................................................................................................... 32
3.2 PEDAGOGIA PROGRESSISTA .................................................................................................... 32
3.2.1 Tendência Progressista Libertadora ...................................................................................... 33
3.2.2 Tendência Progressista Libertária .......................................................................................... 35
3.2.3 Tendência Progressista Crítico-social dos conteúdos .......................................................... 36
RESUMO DO TÓPICO 1 ...................................................................................................................... 38
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 40
TÓPICO 2: EVOLUÇÃO E CONCEITOS DA DIDÁTICA ........................................................... 41
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 41
2 A EVOLUÇÃO DA DIDÁTICA ....................................................................................................... 41
3 A DIDÁTICA E PSICOLOGIA NA CONTEMPORANEIDADE .............................................. 54
4 DESENVOLVIMENTO DA DIDÁTICA NO BRASIL ................................................................ 58
5 OS CONCEITOS DE DIDÁTICA .................................................................................................... 61
RESUME DO TÓPICO 2 ...................................................................................................................... 64
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 67
TÓPICO 3: IDENTIDADE DOS PROFESSORES ........................................................................... 69
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 69
2 O PAPEL DO PROFESSOR ............................................................................................................... 69
3 INTERAÇÃO PROFESSOR E ALUNO NO COTIDIANO ESCOLAR .................................... 76
4 MOTIVAR E INCENTIVAR A APRENDIZAGEM ...................................................................... 81
RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................................... 86
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................88
VIII
UNIDADE 2 - CONSTRUÇÃO DE ELEMENTOS NO PROCESSO ENSINO E 
APRENDIZAGEM ................................................................................................................................. 89
TÓPICO 1: FORMAÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR ............................ 91
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 91
2 A FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR ................................................................................. 91
3 O FORMAR-SE NO COTIDIANO PROFISSIONAL .................................................................. 94
4 SABERES DOCENTE ......................................................................................................................... 98
5 PLANEJAMENTO: ELEMENTO NECESSÁRIO DA AÇÃO DIDÁTICA .............................. 101
5.1 PLANEJAMENTO DE UM SISTEMA EDUCACIONAL ......................................................... 103
5.2 PLANEJAMENTO ESCOLAR ...................................................................................................... 104
5.3 PLANEJAMENTO CURRICULAR .............................................................................................. 108
5.4 PLANEJAMENTO DIDÁTICO OU DE ENSINO ...................................................................... 110
RESUMO DO TÓPICO 1 ...................................................................................................................... 114
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 117
TÓPICO 2: TRABALHANDO OS PLANOS DE ENSINO ............................................................ 119
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 119
2 A NECESSIDADE DO PLANEJAMENTO .................................................................................... 119
3 PLANEJAMENTO DE CURSO OU PLANO DE CURSO ........................................................... 121
4 PLANEJAMENTO OU PLANO DE UNIDADE ........................................................................... 125
5 PLANO DE AULA ............................................................................................................................... 126
6 OS OBJETIVOS EDUCACIONAIS E SUA FUNCIONALIDADE ........................................... 137
6.1 OBJETIVOS GERAIS ...................................................................................................................... 137
6.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................................ 140
RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................................... 145
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 148
TÓPICO 3: A SELEÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS ............................................ 149
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 149
2 O QUE É CONTEÚDO? ..................................................................................................................... 149
2.1 OS CONTEÚDOS PROCEDIMENTAIS, ATITUDINAIS, CONCEITUAIS ............................ 152
3 ESCOLHA DOS PROCEDIMENTOS DE ENSINO .................................................................... 157
4 PROCEDIMENTOS INDIVIDUALIZANTES DE ENSINO ...................................................... 159
5 PROCEDIMENTOS SOCIALIZANTES DE ENSINO ................................................................ 165
5.1 DRAMATIZAÇÃO ......................................................................................................................... 167
5.2 TRABALHO EM GRUPO .............................................................................................................. 168
5.3 ESTUDO DE CASOS ...................................................................................................................... 169
5.4 ESTUDO DO MEIO ........................................................................................................................ 169
6 PROCEDIMENTOS SOCIOINDIVIDUALIZANTES DE ENSINO ........................................ 170
6.1 MÉTODO DE DESCOBERTA ....................................................................................................... 170
6.2 MÉTODO DE SOLUÇÃO DE PROBLEMAS .............................................................................. 170
6.3 MÉTODO DE PROJETOS ............................................................................................................... 171
6.4 UNIDADES DIDÁTICAS .............................................................................................................. 172
6.5 MOVIMENTO FREINET ............................................................................................................... 172
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................. 173
RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................................... 176
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 180
IX
UNIDADE 3 - AVALIAÇÃO EDUCACIONAL ................................................................................ 181
TÓPICO 1: AMPLIANDO O OLHAR ACERCA DA AVALIAÇÃO: ASPECTOS 
CONCEITUAIS E HISTÓRICOS ....................................................................................................... 183
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 183
2 CONCEITUANDO A AVALIAÇÃO ............................................................................................... 183
3 O SER HUMANO E A AVALIAÇÃO: TRAJETÓRIA HISTÓRICA ......................................... 189
4 MITOS SOBRE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ............................................................... 192
RESUMO DO TÓPICO 1 ...................................................................................................................... 195
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 197
TÓPICO 2: AVALIAÇÃO ESCOLAR: ABORDAGENS E CARACTERÍSTICAS ..................... 199
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 199
2 A AVALIAÇÃO NO AMBIENTE EDUCATIVO ........................................................................... 199
3 ABORDAGENS QUANTITATIVA E QUALITATIVA NA AVALIAÇÃO 
EDUCACIONAL .................................................................................................................................... 204
4 AVALIAÇÕES DE APRENDIZAGEM NO ÂMBITO NACIONAL .......................................... 206
5 CRITÉRIOS E ETAPAS DA AVALIAÇÃO ..................................................................................... 212
5.1 ETAPAS DA AVALIAÇÃO ............................................................................................................. 213
RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................................... 215
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................217
TÓPICO 3: AVALIAÇÃO ESCOLAR: FUNÇÕES E INSTRUMENTOS ..................................... 219
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 219
2 FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO ........................................................................................................... 219
2.1 CONHECER OS ALUNOS ............................................................................................................ 222
2.2 A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ........................................................................... 225
2.3 A AVALIAÇÃO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL .............................. 227
3 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO .................................................................... 228
3.1 OBSERVAÇÃO ................................................................................................................................ 229
3.2 AUTOAVALIAÇÃO ....................................................................................................................... 229
3.3 PORTFÓLIOS .................................................................................................................................. 231
3.4 APLICAÇÃO DE PROVAS ............................................................................................................ 232
3.4.1 Prova oral ................................................................................................................................... 232
3.4.2 Prova escrita dissertativa ......................................................................................................... 233
3.4.3 Prova escrita de questões objetivas ........................................................................................ 235
3.4.4 Avaliação da produção textual ............................................................................................... 236
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................. 240
RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................................... 243
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 246
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 247
X
1
UNIDADE 1
RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA 
EDUCAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• compreender a Pedagogia como ciência da educação;
• compreender a Didática como a disciplina que estuda o processo de ensi-
no no seu conjunto;
• relacionar a evolução da Pedagogia e a Didática com a evolução da pró-
pria educação;
• conhecer as principais contribuições da história grega, romana, do perío-
do do cristianismo, e na atualidade com relação à Pedagogia e a Didática;
• conhecer as contribuições de Comenius, Pestalozzi, Rousseau, Herbart, 
Froebel, Dewey para a construção da disciplina de Didática;
• identificar as duas grandes fases da Didática no Brasil;
• reconhecer as tendências pedagógicas e seus pensadores com seus méto-
dos;
• conhecer as contribuições de Piaget e Vygotsky para a Didática;
• conhecer a identidade do professor;
• reconhecer a necessidade da interação professor e aluno no processo ensi-
no e aprendizagem;
• reconhecer que motivação e incentivação são elementos essenciais para 
uma aprendizagem eficaz.
Esta unidade está dividida em três tópicos, conforme segue. No decorrer da 
unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conte-
údo apresentado, além de dicas de filmes.
TÓPICO 1 – RETROSPECTIVA DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
TÓPICO 2 – EVOLUÇÃO E CONCEITOS DA DIDÁTICA
TÓPICO 3 – A IDENTIDADE DOS PROFESSORES
2
3
TÓPICO 1UNIDADE 1
RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA 
EDUCAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Estamos iniciando mais um Caderno de Estudos, e nele 
vamos realizar uma viagem dentro da História da Educação, para melhor compre-
endermos a Pedagogia e a Didática, através de recortes históricos, que nos remete-
rá à Grécia, passando por Roma, chegando ao Brasil.
Este recorte histórico nos dará subsídios para abarcarmos conhecimentos 
que nos farão perceber o surgimento e quais as mudanças ocorridas até hoje den-
tro da Pedagogia e da Didática. 
Afinal, quais são seus interesses e objetivos e qual é sua funcionalidade? 
Questões como estas podem soar como de fácil compreensão, mas deixarei para 
você, acadêmico, dar as respostas. 
A cada linha deste caderno, você é convidado(a) a viajar, questionando 
e construindo seus conceitos em relação à Pedagogia e à Didática. Será que elas 
estão entrelaçadas?
Para isso vamos buscar, na História da Educação, contribuições para as 
respostas.
Preparado? Então vamos iniciar.
2 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO E DA PEDAGOGIA 
NUMA RETROSPECTIVA
Para compreendermos a Pedagogia e a Didática, faz-se necessário uma re-
tomada na História da Educação, e compreendermos inicialmente o que a História 
da Educação tem a ver com a História da Pedagogia.
Conforme Luzuriaga (1985, p. 1):
A história da educação é parte da história da cultura, tal como esta, por 
sua vez, é parte da história geral. [...] Para nós, a história é o estudo da 
realidade humana ao longo do tempo. Não é, pois, matéria apenas do 
UNIDADE 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
4
passado, senão que o presente também lhe pertence, como corte, ou sec-
ção, no desenvolvimento da vida humana. Por outro lado, a história da 
cultura se refere antes aos produtos da mente do homem, tais como se 
manifestam na arte, na técnica, na ciência, na moral ou na religião e em 
suas instituições correspondentes. A educação é uma dessas manifesta-
ções culturais; e também tem sua história.
Por este motivo, estaremos apresentando neste início de estudos, o signi-
ficado da Educação e da Pedagogia. Assim, conseguiremos vislumbrar dentro da 
linha do tempo a construção destes conceitos.
Buscamos em Luzuriaga, (1985, p. 1-2) o significado destas duas palavras:
Por educação entendemos, antes do mais, a influência intencional e sis-
temática sobre o ser juvenil, com o propósito de formá-lo e desenvol-
vê-lo. Mas significa também a ação genérica, ampla, de uma sociedade 
sobre as gerações jovens, com o fim de conservar a transmitir a existên-
cia coletiva. A educação é, assim parte integrante, essencial, da vida do 
homem e da sociedade, e existe desde quando há seres humanos sobre 
a terra. Por outro lado, a educação é componente tão fundamental da 
cultura quanto à ciência, a arte ou a literatura. Sem a educação não seria 
possível aquisição e transmissão da cultura, pois pela educação é que 
cultura sobrevive no espírito humano. Cultura sem educação seria cul-
tura morta. E esta é também uma das funções essenciais da educação: 
fazer sobreviver a cultura através dos séculos.
Como se pode observar, a educação visa à formação integral do ser huma-
no que está relacionada a cultura, já a Pedagogia, ainda conforme Luzuriaga (1985, 
p. 2):
Chamamos pedagogia à reflexão sistemática sobre educação. Pedagogia 
é a ciência da educação: por ela é que a ação educativa adquire unidade 
e elevação. Educação sem pedagogia, sem reflexão metódica, seria pura 
atividade mecânica, mera rotina. Pedagogia é ciência do espírito e está 
intimamente relacionada com filosofia, psicologia, sociologia e outras 
disciplinas, posto não dependa delas, eis que é uma ciência autônoma.
Educação e pedagogia estão como prática para teoria, realidade para 
ideal, experiência para pensamento, não como entidades independen-
tes, mas fundidas em unidade indivisível, como o anverso e o reverso 
da moeda.
Desse modo, a pedagogia é vista como uma prática educativa, uma refle-
xão sobre a práxis pedagógica,ou seja, “a ciência pedagógica não visa apenas a 
pesquisar e conhecer a realidade educativa, mas a agir sobre ela, fecundando-a, 
transformando-a”. (ARANHA, 2006, p. 34).
Podemos observar que a História da Educação e a História da Pedagogia 
estão conectadas. Percebe-se isso claramente com a fala de Luzuriaga (1985, p. 
3-4), que, ao tratar da existência das duas, aponta o fato de “[...] a história da edu-
TÓPICO 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
5
cação principia com a vida do homem e da sociedade, a da pedagogia só começa 
com a reflexão filosófica, isto é, com o pensamento helênico, principalmente com 
SÓCRATES e PLATÃO”.
HELENISMO:
Em um sentido amplo, Helenismo refere-se à influência que a cultura grega (helênica, de 
Hellas, ou Grécia) passou a ter no Oriente Próximo (Mediterrâneo oriental: Síria, Egito, Pa-
lestina, chegando até a Pérsia e Mesopotâmia) após a morte de Alexandre (323 a.C.) e em 
consequência de suas conquistas. 
Como um dos períodos em que se divide tradicionalmente a História da Filosofia, o Helenis-
mo vai da morte de Aristóteles (322 a.C.), ao fechamento das escolas pagãs de filosofia no 
Império do Oriente pelo imperador Justiniano (525 d.C.). 
O período do Helenismo é marcado na Filosofia pelo desenvolvimento das escolas vincula-
das a uma determinada tradição, destacando-se a Academia de Platão, a Escola Aristotélica, 
a Escola Epicurista, a Escola Estoica, o Ceticismo e o Pitagorismo. Nessa época houve uma 
tendência predominante ao Ecletismo e muitos filósofos sofreram a influência de diferentes 
escolas. O principal centro de cultura do Helenismo foi Alexandria, no Egito. (JAPIASSÚ; MAR-
CONDES, 2001, p. 91).
SÓCRATES:
O pensamento do filósofo grego Sócrates (469-399 a.C.) marca uma reviravolta na história 
humana. Até então, a Filosofia procurava explicar o mundo baseada na observação das forças 
da natureza. Com Sócrates, o ser humano voltou-se para si mesmo. Como diria mais tarde o 
pensador romano Cícero, coube ao grego "trazer a filosofia do céu para a terra" e concentrá-
-la no homem e em sua alma (em grego, a psique). A preocupação de Sócrates era levar as 
pessoas, por meio do autoconhecimento, à sabedoria e à prática do bem.
FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/mestre-busca-verda-
de-423245.shtml>. Acesso em: 18 fev. 2016.
PLATÃO:
Na história das ideias, o grego Platão (427-347 a.C.), foi o primeiro pedagogo, não só por ter 
concebido um sistema educacional para o seu tempo, mas principalmente, por tê-lo inte-
grado a uma dimensão ética e política. O objetivo final da educação, para o filósofo, era a 
formação do homem moral, vivendo em um Estado justo. [...]. Para Platão, "toda virtude é 
conhecimento". Ao homem virtuoso, segundo ele, é dado conhecer o bem e o belo. A busca 
da virtude deve prosseguir pela vida inteira – portanto, a educação não pode se restringir aos 
anos de juventude. Educar é tão importante para uma ordem política baseada na justiça – 
como Platão preconizava – que deveria ser tarefa de toda a sociedade.
FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/primeiro-pedago-
go-423209.shtml>. Acesso em: 18 fev. 2016.
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
6
Outro fator importante a ser salientado nesta influência grega é a palavra 
pedagogo, que, na Grécia Antiga, seria o escravo que conduzia a criança à escola e 
conforme Saviani (2008, p. 4):
É interessante observar que a passagem do grego para a língua latina 
deu origem a “paedagogatus”, substantivo masculino da quarta declina-
ção que significa educação, instrução; “paedagogus” e “paedagoga”, com 
o sentido de pedagogo, preceptor, mestre, guia, aquele que conduz; [...]
Reconhecendo o sentido da palavra pedagogo, que nos remete a história 
da Grécia Antiga, vamos buscar um recorte na História da Educação e conhecer 
um pouco mais dos caminhos para a construção desta história Educacional e Pe-
dagógica.
2.1 PEDAGOGIA GREGA
A Pedagogia teve sua raiz na Grécia “onde se começou primeiro a meditar 
sobre educação”. (LUZURIAGA, 1985, p. 44). Podemos perceber que as ideias pe-
dagógicas também possuem sua base na Grécia. 
Conforme Luzuriaga (1985, p. 44): “Não se trata ainda, é claro, de ciência 
propriamente dita, mas de teoria de educação, valiosa em nossos dias”.
A educação grega tem sua fonte no que os gregos chamavam de Paidéia. 
Para Jaeger (2001), Paideia era o:
Processo de educação em sua forma verdadeira, a forma natural e ge-
nuinamente humana” na Grécia antiga. O termo também significa a 
própria cultura construída a partir da educação. Era este o ideal que 
os gregos cultivavam do mundo, para si e para sua juventude. Uma 
vez que o governo próprio era muito valorizado pelos gregos, a Paideia 
combinava ethos (hábitos) que o fizessem ser digno e bom tanto para o 
governante quanto para o governado. Não tinha como objetivo ensinar 
ofícios, mas sim treinar a liberdade e nobreza. Paideia também pode ser 
encarada como o legado deixado de uma geração para outra na socie-
dade. 
Outra definição para Paideia seria de uma educação integral, que consistia 
na integração entre a cultura da sociedade e a criação individual de outra cultura 
numa influência recíproca. “Os gregos criaram uma pedagogia da eficiência in-
dividual e, concomitantemente, da liberdade e da convivência social e política” 
(GADOTTI, 2001, p. 30).
Uma educação tão rica também estava permeada por divergências. A so-
ciedade grega era dominada por espartanos e atenienses. Para os espartanos, pre-
dominava a educação moral, a ginástica, ambas submetidas ao poder do Estado, 
já para os atenienses, “embora dessem enorme valor ao esporte, insistiam mais na 
TÓPICO 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
7
preparação teórica para o exercício da política. Platão chegou mesmo a desenvol-
ver um currículo para preparar seus alunos a serem reis”. (GADOTTI, 2001, p. 30). 
O mundo grego foi muito rico em algumas tendências pedagógicas:
1 A de Pitágoras pretendia realizar na vida humana a ordem que se via 
no universo, a harmonia que a matemática demostrava.
2 A de Isócrates centrava no ato educativo não tanto na reflexão, como 
queria Platão, mas na linguagem e na retórica.
3 A de Xenofontes foi a primeira a pensar na educação da mulher embo-
ra restrita aos conhecimentos caseiros e de interesse do esposo. Partia da 
ideia da dignidade humana, conforme ensinara Sócrates.
Mas, de longe, Sócrates, Platão, e Aristóteles exerceram a maior influên-
cia no mundo grego. 
Os gregos eram educados através dos textos de Homero, que ensina-
vam as virtudes guerreiras, o cavalheirismo, o amor à glória, à honra, à 
força, à destreza e à valentia. O ideal homérico era ser sempre o melhor 
e conservar-se superior aos outros (GADOTTI, 2001, p. 30-31).
ARISTÓTELES:
De todos os grandes pensadores da Grécia antiga, Aristóteles (384-322 a.C.) foi o que mais 
influenciou a civilização ocidental. Até hoje o modo de pensar e produzir conhecimento deve 
muito ao filósofo. Foi ele o fundador da ciência que ficaria conhecida como lógica e suas 
conclusões nessa área não tiveram contestação alguma até o século 17. Sua importância no 
campo da educação também é grande, mas de modo indireto. Poucos de seus textos especí-
ficos sobre o assunto chegaram a nossos dias. A contribuição de Aristóteles para o ensino está 
principalmente em escritos sobre outros temas.
FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/aristoteles-428110.shtml>. 
Acesso em: 18 fev. 2016.
Nesse contexto, percebemos que a Paideia se refere também à cultura, a 
qual determina os costumes, a maneira de pensar e de tratar os valores. Para isso, 
buscamos em Abbagnano (2000, p. 225) mais informações relacionadas a este con-
ceito:
Esse termo tem dois significados básicos. No primeiro e mais antigo, 
significa a formação do homem, sua melhoria e seu refinamento. No se-
gundo significado, indica o produto dessa formação, ou seja, o conjunto 
dos modos de viver e depensar cultivados, civilizados, polidos, que 
também costumam ser indicados pelo nome de civilização.
Ainda relacionado a esta definição, Paideia, temos através de Abbagnano 
(2000, p. 225) as seguintes palavras:
No significado referente à formação da pessoa humana individual, essa 
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
8
palavra corresponde, ainda hoje, ao que os gregos chamavam de Paideia 
e que os latinos, na época de Cícero e Varrão, indicavam com a palavra 
humanitas: educação do homem como tal, ou seja, educação devida às 
“boas artes” peculiares do homem, que o distinguem de todos os outros 
animais.
Quando nos referimos a “boas artes”, adentramos na poesia, na eloquên-
cia, na filosofia: “as quais se atribuía valor essencial para aquilo que o homem é e 
deve ser, portanto para a capacidade de formar o homem verdadeiro, na sua forma 
genuína e perfeita. Para os gregos, nesse sentido foi a busca e a realização que o 
homem faz de si” (ABBAGNANO, 2000, p. 225).
Cabe ressaltar que os sofistas são os principais representantes da Pedago-
gia grega. Conforme Luzuriaga (1985, p. 44):
A principal característica dessa nascente pedagogia é claridade e trans-
parência, como sucede com quaisquer correntes tomadas na fonte. As 
ideias aparecem expostas de forma essencial, elementar, isto é, em seus 
fundamentos. Daí seu valor pedagógico, didático, clássico. Nela não 
existe, sem embargo, tratado sistemático, unitário, como há na filosofia 
e na política. As ideias pedagógicas dos gregos aparecem intimamente 
unidas com essas ciências: mas delas se distinguem claramente.
FIGURA 1 - PAIDEIA
FONTE: Disponível em: <http://atelierdeducadores.blogspot.com.
br/2010_08_01_archive.html>. Acesso em: 28 dez. 2015.
Na Grécia Antiga, muitas foram as mudanças relacionadas à educação, as 
quais influenciaram os países do ocidente através da organização dos estudos, ten-
do como base, níveis de ensino, que iam do elementar ao superior. Não nos parece 
familiar caro acadêmico?
TÓPICO 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
9
Vejamos em Gadotti (2001, p. 31):
A escola primária destinava-se a ensinar os rudimentos: leitura do alfa-
beto, escrita e cômputo. Os estudos secundários compreendiam a edu-
cação física, a artística, os estudos literários e científicos. A educação 
física compreendia principalmente a corrida a pé, o salto em distância, 
o lançamento do disco e do dardo, a luta, o boxe, o pancrácio e a ginás-
tica. A educação artística incluía o desenho, o domínio instrumental da 
lira, o canto e o coral, a música e a dança. Os estudos literários com-
preendiam o estudo das obras clássicas, principalmente de Homero, a 
filologia (leitura, recitação e interpretação do texto), a gramática e os 
exercícios práticos de redação. Os estudos científicos apresentavam a 
matemática, a geometria, a aritmética, a astronomia. No ensino superior 
prevalecia o estudo da retórica e da filosófica. A retórica estudava as leis 
do bem falar, baseadas numa tríplice operação: 
a) Procurar o que se vai dizer ou escrever.
b) Pôr em certa ordem as ideias assim encontradas.
c) Procurar os termos mais apropriados para exprimir essas ideias.
Observe que a cada momento nos deparamos com muitas de nossas vivên-
cias, experiências e buscas educacionais.
Partiremos agora para Roma! A educação romana também é de extremo 
interesse para nossos estudos. Você perceberá por que motivo. 
2.2 PEDAGOGIA ROMANA
Dentro da educação romana, observa-se que seu desenvolvimento ocorreu 
mais tarde que a grega, mas as duas possuíam elementos semelhantes. 
Para Luzuriaga (1985, p. 58): “Embora a cultura e a educação romanas se 
desenvolvessem mais tarde que as gregas, ambas seguiram marchas semelhantes, 
como parte do mesmo todo, que Toynbee e outros historiadores chamaram “civi-
lização helênica””.
Perceba, caro acadêmico, que a Grécia se encontrava em um estágio avan-
çado nas questões culturais e educacionais em relação a Roma.
Sendo assim, os romanos buscaram incorporar alguns elementos da cultu-
ra grega, que não foi de maneira pacífica, pois os romanos tinham como preocupa-
ção os interesses voltados a questões políticas e militares. 
No que diz respeito à educação na civilização romana, podemos salientar 
que a presença feminina era forte, dando a ela o papel da educação dos filhos até 
os sete anos de idade para o menino, que após esta idade passava aos cuidados do 
pai. À mãe cabia o cuidado com a educação das meninas, voltadas para os serviços 
domésticos. Observa-se aqui, uma educação totalmente doméstica.
UNIDADE 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
10
FIGURA 2 - A EDUCAÇÃO ROMANA
FONTE: Disponível em: <http://blocs.xtec.cat/
ecologiaisostenibilitat/2014/05/31/lescola-romana/>. Acesso em: 29 dez. 2015.
É interessante observarmos que os meninos eram preparados para servir 
Roma, eram trabalhados, nestes jovens, suas habilidades para guerrear, eram de-
senvolvidas através da educação, a necessidade de conhecer os grandes nomes da 
história romana, tendo como exemplo seus grandes personagens e criando nesses 
jovens o respeito e o amor a sua pátria.
A educação romana, assim como a grega, passou por várias fases, e pode-
mos salientar que após a presença da educação familiar na educação romana, sen-
tiu-se a necessidade de sair deste espaço com interesses meramente locais e passar 
a ver em nível universal.
Neste momento, a educação passa a ter uma visão mais humanista – lem-
bra o que vimos anteriormente como conceito de Paideia? Assim, surge neste pe-
ríodo, a ideia de um homem voltado como ser humano, com o caráter como base 
de sua formação. Surgem também a partir desta ideia, através de pensadores da 
época exemplos de Pedagogia.
Dentro da Pedagogia romana, há pensadores que buscavam através da ora-
tória, elevar e levar orientações relacionadas à ética e a visão espiritual. 
Vamos ver alguns destes pensadores? É interessante as formas como eles 
viam a Pedagogia. 
Varrão (116-27 a.C.): este pensador tratou de assuntos relacionados à gra-
mática, dando ênfase à formação culta. Além deste movimento, adentrou na medi-
cina, música, direito e na área matemática.
TÓPICO 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
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Conforme Luzuriaga (1985, p. 65): “Este representa a transição da educa-
ção antiga para a nova, helenística. Autor de obra famosa, “Disciplina em nove 
livros”, espécie de enciclopédia didática, tratou especialmente da gramática e de 
seu ensino de modo científico”.
Cícero, Marco Túlio (106 -43 a.C.): foi o maior dos oradores e pensadores 
políticos de sua época. Sua fonte era a filosofia. Construiu também os alicerces do 
processo educativo romano. 
Luzuriaga, (1985, p. 65) afirma que: 
Representa o tipo mais ouro da humanitas, da Paideia, da cultura espi-
ritual. Sua finalidade é, nesse sentido, a formação do estadista-orador, 
que não só deve conhecer retórica, mas ainda filosofia. O ideal está com-
preendido no Estado, mas o estado não apenas nacional, senão também 
mundial. 
Quintiliano, Marco Fábio (35-96 d.C.): foi famoso crítico literário e retóri-
co. Elaborou escritos que tratavam da formação cultural dos romanos da infância à 
maturidade. Trata, nestes volumes, a educação fundamental, a alfabetização e não 
utilização de castigos físicos às crianças.
Segundo Luzuriaga (1985, p. 66 - 67):
Para Quintiliano a educação começa na primeira infância, no seio da fa-
mília. Nesta educação doméstica deve-se pôr o máximo de cuidado no 
ambiente que rodeia a criança aias e companhias ‘por que naturalmente 
conservamos o que aprendemos nos primeiros anos, como as vasilhas 
novas o primeiro perfume do licor que receberam’. Nesta primeira ida-
de o menino há de aprender em forma de jogo “para que não aborreça 
o estudo quem ainda não lhe tem afeição.
Sêneca, Lucius Annaeus (4 a.C. – 65 d.C.): sua preocupação estava voltada 
à mente humana, a qual, para ele, era frágil e complexa. Sendo necessária a edu-
cação com a presença de um mestre (professor ou pedagogo) para auxiliaresta 
criança ou jovem a alcançar seus objetivos. Sêneca via a escola como um espaço 
que deveria ensinar para a vida. A ética foi um de seus fundamentos.
Conforme Luzuriaga (1985, p. 65):
A educação tem um caráter ativo. [...] Sêneca realça também a necessi-
dade de conhecer a individualidade do educando e, portanto, o valor da 
psicologia para a educação. Diz também que a educação retórica deve 
reduzir-se, em compensação, ampliar-se a educação filosófica. Final-
mente, exalta a importância do educador, ‘a quem devemos apreciar 
como um dos nossos mais queridos e próximos familiares’.
UNIDADE 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
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Para maior aprofundamento de seus estudos, com relação aos pensadores, indi-
camos os sites abaixo:
<http://www.arqnet.pt/portal/biografias/cicero.html>
<http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/MarcuTeV.html>
<http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/Quintili.html>
<http://www.filosofia.com.br/bio_popup.php?id=66>.
Caro acadêmico! Podemos observar até o momento, que a educação vem 
sendo modificada e adaptada às necessidades de cada povo. Podemos perceber 
que a forma como a educação veio sendo desenvolvida, tanto gregos, como roma-
nos, nos deixaram um legado que cabe salientar alguns pontos. São eles: a demo-
cracia, a cidadania, respeito às leis e ao Estado de direito, a coletividade, o patrio-
tismo, a educação, a ética e a presença da Pedagogia.
Alguns filmes que podem auxiliar você no entendimento deste período greco-
-romano:
FARAÓ 1964: Produção polonesa, com uma reconstituição belíssima da época. Trata das 
disputas pelo poder entre as classes militares e religiosas, 120 min.
BEN-HUR 1959: História ambientada no início da Era Cristã, que conta com as lutas de Ben-
-Hur para libertar Jerusalém do domínio romano, 211 min.
Você poderá encontrar estes filmes no YouTube.
Seguindo nossa linha do tempo, vamos agora para a educação cristã, que 
nos remeterá a alguns padres que buscaram através da doutrina da Igreja, criar 
novas formas de educação.
2.3 O CRISTIANISMO E O IDEAL EDUCACIONAL
O ponto de partida para os trabalhos da educação junto aos povos euro-
DICAS
DICAS
TÓPICO 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
13
peus na Idade Média teve seu desenvolvimento com a presença da Igreja Cristã, 
pois “por ocasião da invasão dos bárbaros, a cultura greco-romana esteve a ponto 
de ser destruída, o que não aconteceu graças, em grande parte, à atuação da Igreja 
Cristã, pois somente através da religião foi possível educar os novos povos” (PI-
LETTI, 1987, p. 82).
É importante salientar que durante o domínio da Igreja, a concepção de 
educação que predominava era a que “se opunha ao conceito liberal e individua-
lista dos gregos e ao conceito de educação prática e social dos romanos” (PILETTI, 
1987, p. 82). Neste período do domínio da Igreja, o que predominou como educa-
ção foi o apego aos aspectos morais e não intelectuais do homem.
Podemos apresentar dentro deste período os primeiros educadores e pe-
dagogistas cristãos, sendo que quase todos os padres eram educadores. Entre os 
primeiros educadores podemos citar um dos maiores, Santo Agostinho. (354-430).
Santo Agostinho: esse foi o “maior dos Padres da Igreja e um dos pensado-
res mais importantes de todos os tempos” (LUZURIAGA, 1985, p. 75).
FIGURA 3 - SANTO AGOSTINHO
FONTE: Disponível em: <http://www.fabricadeimagemsjt.com.br/tag/santo-
agostinho/>. Acesso em: 5 jan. 2016.
UNIDADE 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
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Ele escreveu muitas obras, das quais se destacam, de acordo com Luzuria-
ga (1985, p. 76):
 
“Confissões”, autobiografia da juventude, de grande valor psicológico; 
“A Cidade de Deus”, a primeira filosofia da história e que teria enorme 
repercussão no futuro; e o pequeno tratado “O Mestre” no qual expõe 
ao filho suas ideias sobre educação. Deve-se também contar entre suas 
obras didáticas, o tratado “Da Ordem”, em que explica sua concepção 
da educação integral humanística.
Saviani (2008, p. 5) nos apresenta que Santo Agostinho em sua obra “De 
magistro”, escrita em 389, retrata um diálogo com seu filho Adeodato, no qual, 
dava ao filho as coordenadas ou uma educação não voltada somente às verdades 
divinas, mas também humanas. 
Para Saviani, (2008, p. 5), “Evidencia-se, portanto, que, mesmo não lançan-
do mão, em momento algum, do termo “pedagogia”, a problemática pedagógica 
está no centro da análise empreendida por Santo Agostinho”. 
Outra personalidade, já no período da Pedagogia medieval, era São Tomás 
de Aquino, que conforme Saviani (2008, p. 5-6) diz que: 
Essa mesma problemática é retomada por Santo Tomás de Aquino, qua-
se nove séculos mais, igualmente sem recorrer, em momento algum, ao 
termo “pedagogia”. Em obra homônima, Santo Tomás parte exatamen-
te da reflexão de Santo Agostinho para concluir que o ensino compor-
ta uma ‘dupla matéria, cujo sinal é o duplo ato cumulado pelo ensino. 
Pois, uma das suas matérias é aquilo mesmo que se ensina; outra, a 
pessoa a quem se comunica a ciência’. 
Passando por Santo Tomás de Aquino, nos encontramos no período renas-
centista. A Renascença, conforme Luzuriaga (1985, p. 93):
A Renascença não é apenas movimento erudito ou literário, antes é 
nova forma de vida, nova concepção do homem e do mundo, baseada 
na personalidade humana livre e na realidade presente. A Renascença 
rompe com a visão ascética e triste da vida, característica da Idade Mé-
dia, e dá lugar a uma nova concepção humana, risonha e prazenteira da 
existência.
Podemos dizer que a pedagogia dentro da Renascença, significou, confor-
me Luzuriaga (1985), o descobrimento de um novo homem, livre e com persona-
lidade, respeitando suas concepções políticas ou religiosas; a escola humanista foi 
criada através dos conhecimentos gregos e romanos; os estudos passaram a ser 
mais leves, voltados ao espírito de liberdade e de crítica, buscando a aquisição de 
conhecimentos voltados às áreas literárias, linguísticas, realistas e científicas. 
Dentro ainda do período Renascentista encontramos a Reforma Religiosa, 
conhecida como período REFORMA ou REFORMA PROTESTANTE. Na Pedago-
gia da religião reformada encontramos muitos educadores e pedagogistas. Entre 
eles, temos um de grande destaque:
TÓPICO 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
15
Lutero, Martinho (1483-1546): para ele, a educação estaria sendo melhor 
aproveitada fosse desvencilhada dos dogmas da igreja e passassem a ser depen-
dentes do Estado. Assim sendo: “o ensino poderia atingir todo o povo, nobres e 
plebeus, ricos e pobres, meninos e meninas” (PILETTI, 1987, p. 106).
FIGURA 4 - MARTINHO LUTERO
FONTE: Disponível em: <http://www.estudopratico.com.br/biografia-de-
martinho-lutero/>. Acesso em: 5 jan. 2016.
Cabe ressaltar, caro acadêmico, que Lutero buscava informar que ao Esta-
do “caberia tornar a frequência “a escola obrigatória” e cuidar para que todos os 
seus súditos cumprissem a obrigatoriedade de enviar seus filhos à escola” (PILET-
TI, 1987, p. 106).
A principal obra de Lutero, porém, “foi à tradução da Bíblia para o alemão, 
idioma que por isso se impôs pouco a pouco a todas as escolas” (LUZURIAGA, 
1985, p. 115).
A Igreja Católica vendo todo este movimento, relacionado também às re-
formas educacionais, e com a perda de fiéis, busca ações dentro da própria igreja 
com a CONTRARREFORMA, que foi a convocação do Concílio de Trento, no ano 
de 1546. 
Conforme Santiago (2016), no site Info-escola:
Concílio de Trento é o nome de uma reunião de cunho religioso (tecni-
camente denominado concílio ecumênico) convocada pelo papa Paulo 
UNIDADE 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
16
III em 1546 na cidade de Trento, na área do Tirol italiano. Com o sur-
gimento e consequente expansão do protestantismo profundas modifi-
cações atingiram a Igreja Católica. Uma reação a tal expansão, vulgar-
mente denominada "Contrarreforma" foi guiada pelos papas Paulo III, 
Júlio III, Paulo IV, Pio V, Gregório XIII e Sisto V, buscando combater 
a expansão da Reforma Protestante.Além da reorganização de várias 
comunidades religiosas já existentes, outras foram criadas, dentre as 
quais a Companhia de Jesus ou Ordem dos Jesuítas, tendo como funda-
dor Santo Inácio de Loyola.
Caro acadêmico! Até o momento tomamos conhecimento de parte da ca-
minhada realizada pela educação e pela Pedagogia. Podemos perceber que aden-
tramos pela Filosofia, é verdade, mas tornou-se necessário para entendimento do 
conceito de Pedagogia.
Dentro desta linha do tempo, nos deparamos com muitas situações que 
ocorrem ainda hoje, que nos dão base ao que buscamos dentro da educação e da 
Pedagogia. Algumas delas podemos citar: a necessidade e cuidado com a educa-
ção dos filhos; dar a alfabetização, o amparo necessário para o desenvolvimento 
da criança. 
Além da educação humanista, a ciência passa a ter presença fundamental 
nesta caminhada, principalmente com a presença do pensamento positivista dos 
filósofos Francis Bacon, Galileu Galilei e René Descartes. Os três pensadores que 
contribuíram para o incremento da ciência moderna.
 
Para melhor compreensão, logo abaixo se encontra breve histórico dos co-
nhecimentos deixados por estes três pensadores.
Francis Bacon (1561-1626), Galileu Galilei (1564-1642) e René Descartes 
foram os três pensadores que contribuíram de maneira toda especial para o de-
senvolvimento da ciência moderna, independente da autoridade eclesiástica e 
construída a partir da observação e do estudo experimental da natureza. Ao 
método dedutivo, em que todos os conhecimentos particulares são derivados 
dedutivamente, a partir das verdades universais e absolutas, pré-estabelecidas 
pela autoridade, Bacon opôs o método indutivo, através do qual, pela observa-
ção e estudo de fatos particulares, podemos chegar a conhecimentos e verdades 
mais gerais. O método indutivo tornou-se a mola mestra da ciência moderna.
Para Galileu, o verdadeiro cientista é aquele que observa diretamente o 
mundo da natureza, ao invés de limitar-se a consultar os textos aristotélicos e 
bíblicos. É próprio de mentes vulgares, tímidas e servis preferir dirigir os olhos 
a um mundo de papel em lugar de orientá-los para o verdadeiro e real mundo 
da natureza, fabricado por Deus. Só a experiência permite-nos ler e interpretar 
o livro da natureza. E a experiência não engana. A ordem do Universo é uma 
ordem matemática, expressa através de triângulos, círculos e outras figuras ge-
ométricas.
TÓPICO 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
17
A contribuição de Descartes para a mudança de atitude frente ao conhe-
cimento também é grande. Basta observarmos as quatro regras que estabeleceu 
em seu Discurso do Método, para que tenhamos uma ideia de sua contribuição 
para o desenvolvimento da ciência:
1º Nunca aceitar por verdadeira coisa nenhuma que não se conheça como 
evidente, e só admitir juízos compostos de ideias claras e distintas.
2º Dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas for possí-
vel e necessário para sua mais fácil solução.
3º Conduzir por ordem os conhecimentos, começando pelos mais simples 
e fáceis para chegar, depois, pouco a pouco, aos mais complexos.
4º Fazer sempre enumerações tão completas e revisões tão gerais que se 
possa ter segurança de nada haver omitido.
Embora mais orientadas ao desenvolvimento da ciência, as contribuições 
de Bacon, Galileu e Descartes tiveram repercussões na educação. Esta, a par-
tir de então, passou a dar mais ênfase ao método indutivo, através do qual o 
próprio aluno chega à descoberta do conhecimento, ao estudo da natureza e a 
preocupar-se com a sistematização dos procedimentos didáticos. Seria preciso 
estudar e aprender de forma científica, segundo métodos bem planejados.
FONTE: Piletti e Piletti (1987)
Para que você, acadêmico, tenha um maior entendimento deste período, deixa-
mos a sugestão do filme:
As profecias de Nostradamus: ele foi médico, pesquisador e é retratado neste filme o conflito 
existente entre a tradição e o novo modelo de ciência e de pesquisa apresentada por Nostra-
damus.
Caro acadêmico, observamos, até o momento, os caminhos seguidos pela 
Educação e a Pedagogia. Cabe salientar que conforme Saviani (2008, p. 6):
Foi a partir do século XIX que tendeu a se generalizar a utilização do 
termo “pedagogia” para designar a conexão entre a elaboração cons-
ciente da ideia da educação e o fazer consciente do processo educa-
tivo, o que ocorreu mais fortemente nas línguas germânicas e latinas 
do que nas línguas anglo-saxônicas. E esse fenômeno esteve fortemente 
associado ao problema da formação de professores. A necessidade da 
formação docente já fora preconizada por Comenius, no século XVII, e 
o primeiro estabelecimento de ensino destinado à formação de profes-
sores teria sido instituído por São João Batista de La Salle, em 1684, em 
Reims, com o nome de “Seminário dos Mestres”.
DICAS
UNIDADE 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
18
Com esta fala de Saviani (2008) podemos perceber que surge entre os gran-
des educadores e pedagogistas, no século XVII, João Amós Comenius. Esse edu-
cador e pedagogista, conheceremos melhor nas próximas páginas, tratando dire-
tamente da Didática.
Tratando-se de Pedagogia, é a partir de século XIX que se viu a “necessida-
de de universalizar a instrução elementar e desta forma, buscou-se a organização 
dos sistemas nacionais de ensino” (SAVIANI, 2008, p. 8). Nesta busca pela organi-
zação dos sistemas de ensino, vamos nos ater à pedagogia na atualidade.
2.4 CONCEITO DE PEDAGOGIA NA ATUALIDADE
Com o passar dos anos, já no século XX, nos deparamos com diversas per-
guntas, muitas respondidas, outras que ainda hoje nos deixam com dúvidas rela-
cionadas ao que é Pedagogia.
Relacionado a esta pergunta, podemos buscar na fala de Saviani (2008, 
p.135) prováveis respostas. 
Se, para responder à questão formulada sobre o que devemos entender 
por pedagogia, recorrermos aos livros que tratam do assunto, é pos-
sível que nossa perplexidade aumente ainda mais. As conceituações 
multiplicam-se, o pedagógico desdobra-se em múltiplos enfoques e a 
esperada unificação das perspectivas se desfaz. Há os que definem a 
pedagogia como sendo a ciência da educação. Outros negam-lhe cará-
ter científico, considerando-a predominantemente como arte de educar. 
Para alguns ela é antes técnica do que arte, enquanto outros a assimilam 
à filosofia ou à história da educação, não deixando de haver, até mesmo, 
quem a considere como teologia da educação.
Segue Saviani (2008, p. 135):
Outra forma de entender a pedagogia é dada pelo termo “teoria”, defi-
nindo-a como teoria da educação. Mas, há, também, definições combi-
nadas como ciência de arte de educar, ciência de caráter filosófico que 
estuda a educação apoiada em ciências auxiliares, e teoria e prática da 
educação.
No entanto, um exame mesmo que superficial das diversas e, múltiplas 
caracterizações do termo “pedagogia” permite perceber que, para lá da 
diversidade, há um ponto comum: todas elas trazem uma referência ex-
plícita à educação.
Perante as apresentações de Saviani, percebe-se que a pedagogia está em 
sua caminhada sendo observada, analisada e estruturada de diversas maneiras. 
Não podemos afirmar que exista um consenso entre os estudiosos, mas abrem-se 
possibilidades de a cada momento, surgirem novas conceituações.
Definir Pedagogia acreditamos que seja difícil, pois assim, estaríamos en-
TÓPICO 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
19
gessando todo um processo educativo, e não é essa a intenção.
Tendo isso em vista, Saviani (2008, p. 141) compreendeu pedagogia como:
De qualquer modo, não deixa de ser auspicioso constatar um claro reco-
nhecimento, pelo menos em algumas esferas, como flui do livro de Ge-
novesi, de que o caráter da pedagogia como ciência da educação tende 
a se definir de forma mais precisa, obtendo em consequência, aceitação 
no universo científico.
Com efeito, mesmo nos casos em que se procura articular a educação 
e a pedagogia no contexto dos chamados novos paradigmas que vie-
rama obter grande circulação a partir da década de 90 do século XX, 
o estatuto científico da pedagogia é admitido sem restrições. É o que 
se pode constatar na obra Manuale di pedagogia generale, de Franco Fra-
bboni e Franca Pinto Minerva. Frabboni chega mesmo a considerar, em 
outro livro denominado Manual de Didática Geral, que o século XX foi 
o século da pedagogia, em que esta se constitui em ciência. E, na esteira 
dessa constatação animadora, acaba por prognosticar que o século XXI 
será o século da didática que atingirá, também, o próprio estatuto de 
cientificidade.
Frente a estas colocações, compreende-se que a Pedagogia possui um cará-
ter científico, fazendo com que ela possua ligação direta com a educação e tendo 
uma posição importante dentro do processo da História da Educação. Podemos 
abarcar que a Pedagogia é considerada uma ciência, que está articulada com a 
História da Educação, a Sociologia, a Psicologia, a Filosofia, e demais ciências da 
educação.
Caro acadêmico! Esperamos que tenha obtido uma resposta a nosso ques-
tionamento, percebendo perante tudo o que foi estudado até o momento, den-
tro desta linha do tempo, que a História da Educação está contida na Pedagogia, 
como a Pedagogia está contida na História da Educação e nas demais ciências da 
educação. Estamos dentro deste recorte histórico, construindo mais etapas para 
que a Pedagogia continue transformando-se e buscando novas possibilidades de 
mudança dentro da sociedade e do mundo globalizado em que estamos inseridos.
Cabe a cada um de nós, o posicionamento nesta caminhada e o desenvolvi-
mento de novas alternativas educativas, pois Imbernón (2000, p. 17) diz:
[...] quando se buscam alternativas para o futuro, não há outra saída a 
não ser relembrar um passado que, embora seja objeto de interpretação 
pessoal, em parte podemos afirmar que é um ato constatável, sobre-
tudo nos aspectos que continuam vigentes e que se podem recuperar, 
modificar ou refutar. Não esqueçamos que o nosso passado foi o futuro 
(incerto e sempre diferente de como o imaginamos) de outras pessoas. 
O futuro vai sendo construído com peças do passado e do presente.
Desta forma, é preciso buscar no passado possíveis caminhos para que em 
nosso futuro tenhamos maiores oportunidades, e estando no presente, fazer com 
que cada atitude, ação, busca, nos remeta a passos que no futuro serão responsá-
UNIDADE 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
20
veis pela implementação e desenvolvimento da educação num todo.
Seguindo nossa caminhada histórica, vamos dar segmento aos nossos estu-
dos, tratando sobre as tendências pedagógicas.
3 AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
Quando falamos em Pedagogia, a temos com o status de ciência da edu-
cação. Nesta perspectiva, vamos adentrar neste espaço e conhecer as tendências 
pedagógicas que perpassaram e perpassam a educação, enquanto futuros profes-
sores e professoras.
É sabido que com a evolução da humanidade, tudo evolui, seja econômica 
e socialmente e não seria diferente com a educação.
Na Pedagogia, encontramos várias tendências pedagógicas, as quais estão 
envolvidas com as práticas escolares. Quando falamos em prática escolar, pode-
mos considerar como: 
[...] na concretização das condições que asseguram a realização do tra-
balho docente. Tais condições não se reduzem ao estritamente “pedagó-
gico”, já que a escola cumpre funções que lhe são dadas pela sociedade 
concreta que, por sua vez, apresenta-se como constituída por classes 
com interesses antagônicos (LIBÂNEO, 1990, p. 19)
Desta forma podemos compreender que a prática escolar está envolta por 
diversos mecanismos que fomentam a formação do homem, sociedade e da educa-
ção como um todo. Conforme Libâneo (1990, p. 19):
A prática escolar, assim, tem atrás de si condicionantes sociopolíticos 
que configuram diferentes concepções de homem e de sociedade e, con-
sequentemente, diferentes pressupostos sobre o papel da escola, apren-
dizagem, relação professor-aluno, técnicas pedagógicas etc.
Para tanto, as tendências pedagógicas vêm carregadas destes pressupostos, 
cada qual trazendo sua concepção com relação a cada figura relacionada à educa-
ção.
Traremos a partir deste momento uma classificação pedagógica, a qual 
possui uma relação sociopolítica. Para Libâneo (1990, p. 21) as tendências peda-
gógicas foram classificadas em liberais e progressistas. Segue um diagrama para 
melhor entendimento:
TÓPICO 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
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FIGURA 5 - DIAGRAMA DAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
FONTE: As autoras
Cada uma destas tendências será apresentada a seguir, dando assim uma 
ideia a você, acadêmico, de como cada uma delas se posiciona com relação ao pro-
fessor, ao aluno, aos métodos e o papel da escola. 
Você poderá realizar uma reflexão, durante a leitura, sobre como foi sua 
preparação enquanto aluno das séries iniciais e finais e como você se vê dentro 
destas tendências.
Estaremos nos utilizando das ideias de Libâneo para melhor entendimento 
de cada tendência pedagógica.
3.1 PEDAGOGIA LIBERAL
A Pedagogia Liberal tem como doutrina: 
[...] defender a predominância da liberdade e dos interesses individuais 
na sociedade, estabeleceu uma forma de organização social baseada na 
propriedade privada dos meios de produção, também denominada “so-
ciedade de classes”. A pedagogia Liberal, portanto, é uma manifestação 
própria desse tipo de sociedade (LIBÂNEO, 1990. p. 21)
Cabe ressaltar que a Pedagogia Liberal possui como base o sistema capita-
lista, repassando à escola o papel de “preparar os indivíduos para o desempenho 
de papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais” (LIBÂNEO, 1990, p. 21). 
O indivíduo precisa adaptar-se às normas vigentes da sociedade.
Junto à Pedagogia Liberal está inserida a Tendência Tradicional.
UNIDADE 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
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3.1.1 Tendência Tradicional
A Tendência Tradicional possui grande influência ainda na atualidade, pois 
consiste em preparar os alunos para terem uma posição junto à sociedade. Para a es-
cola fica a função do repasse dos conteúdos, e ao aluno fica a obrigatoriedade de se 
esforçarem para obter o conhecimento necessário para seu crescimento.
Cabe salientar que se o aluno não conseguir acompanhar os estudos, esse deve 
ir em busca de uma escola onde tenha ensino profissionalizante.
Observa-se que todos recebem o conhecimento, mas não existe a preocupação 
em reconhecer que cada um possui seu momento de aprender. Nessa tendência, os 
conteúdos de ensino estão abarcados “nos conhecimentos e valores sociais acumula-
dos pelas gerações adultas e repassadas ao aluno como verdades” (LIBÂNEO, 1990, 
p. 23-24).
No que tange ao relacionamento professor e aluno, ocorre a predominância da 
autoridade do professor, o qual “ exige atitude receptiva dos alunos e impede qual-
quer comunicação entre eles no decorrer da aula” (LIBÂNEO, 1990, p. 24). A atenção 
e o silêncio são a base para que o aluno seja disciplinado e obtenha êxito na absorção 
dos conhecimentos.
O método utilizado pelo professor é verbal, a “ênfase nos exercícios, na repe-
tição de conceitos ou fórmulas na memorização visa disciplinar a mente e formar há-
bitos” (LIBÂNEO, 1990, p. 24). A “decoreba” faz-se presente nessa tendência pedagó-
gica, em muitos casos, ainda hoje. A preocupação com a construção do conhecimento 
não é levada como base, estuda-se para a prova e para tirar boas notas.
FIGURA 6 - TENDÊNCIA TRADICIONAL
FONTE: Disponível em: <http://blogtresalunas.blogspot.com.br/2011/10/
caracteristicas-educacao-traficional.html>. Acesso em: 28 fev. 2016.
TÓPICO 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
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Conforme Libâneo (1990 p. 24-25):
A aprendizagem é receptiva e mecânica, para o que se recorre frequen-
temente à coação. A retenção do material ensinado é garantida pela re-
petição de exercícios sistemáticos e recapitulação da matéria. A transfe-
rência da aprendizagem depende do treino. [...]
É interessante observar que a preocupação com as avaliações está restrita 
aosexercícios, provas, e trabalhos de casa. E se não obtiver êxito nestas avaliações, 
o aluno é punido com notas baixas, em muitos casos, o professor verbaliza pe-
rante os demais alunos a fragilidade no que tange à construção do conhecimento 
do aluno. E quando positiva, classifica-o, dando ênfase ao fator numérico e não à 
construção de conhecimento.
Na atualidade, a Tendência Tradicional ainda persiste. Está atuante na so-
ciedade através de algumas “escolas religiosas ou leigas que adotam uma orien-
tação clássico-humanista ou uma orientação humano-científica, sendo que esta se 
aproxima mais do modelo de escola predominante em nossa história educacional” 
(LIBÂNEO, 1990, p. 25).
3.1.2 Tendência Liberal Renovada Progressista
Na Tendência Liberal Renovada Progressista, o papel da escola fica com-
preendido em “adequar as necessidades individuais ao meio social, e para isso, 
ela deve se organizar de forma a retratar, o quanto é possível, a vida” (LIBÂNEO, 
1990, p. 25)
Aqui o interesse dos alunos está em primeiro lugar, ocorrendo a integração 
através de experiências cotidianas.
Para a escola fica a responsabilidade de “permitir ao aluno educar-se, num 
processo ativo de construção e reconstrução do objeto, numa interação entre estru-
turas cognitivas do indivíduo e estruturas do ambiente” (LIBÂNEO, 1990, p. 25).
Com relação aos conteúdos de ensino, nesta tendência, observa-se uma in-
versão com relação à Tendência Tradicional. Conforme Libâneo (1990, p. 25):
Como o conhecimento resulta da ação a partir dos interesses e necessi-
dades, os conteúdos de ensino são estabelecidos em função de experi-
ências que o sujeito vivencia frente a desafios cognitivos e situações pro-
blemáticas. Dá-se, portanto, muito mais valor aos processos mentais e 
habilidades cognitivas do que a conteúdos organizados racionalmente. 
Trata-se de “aprender a aprender”, ou seja, é mais importante o proces-
so de aquisição do saber do que o saber propriamente dito.
Passaremos a compreender melhor com os educadores que buscaram atra-
UNIDADE 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
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vés de seus métodos aprimorarem essa tendência. Entre eles encontramos Maria 
Montessori. Seu método é assim apresentado:
FIGURA 7 - MARIA MONTESSORI
FONTE: Disponível em: <http://www.ecole-montessori-internationale-rueil.com/en/
maria-montessori-2/>. Acesso em: 11 jan. 2016.
O QUE É O MÉTODO MONTESSORI DE ENSINO?
Método Montessori é o nome que se dá ao conjunto de teorias, práticas 
e materiais didáticos, criado ou idealizado inicialmente por Maria Montessori. 
De acordo com sua criadora, o ponto mais importante do método é, não tanto 
seu material ou sua prática, mas a possibilidade criada pela utilização dele de se 
libertar a verdadeira natureza do indivíduo, para que esta possa ser observada, 
compreendida, e para que a educação se desenvolva com base na evolução da 
criança, e não o contrário.
Montessori escreveu que o desenvolvimento se dá em “períodos sensí-
veis”, de forma que em cada época da vida predominam certas características 
e sensibilidades específicas. Sem deixar de considerar o que há de individual 
em cada criança, Montessori pode traçar perfis gerais de comportamento e de 
possibilidades de aprendizado para cada faixa etária, com base em anos de ob-
servação.
A compreensão mais completa do desenvolvimento permite a utilização 
dos recursos mais adequados a cada fase e, claro, a cada criança em seu mo-
mento, já que as fases não são estanques e nem têm datas exatas para começar e 
terminar.
Dando suporte a todo o resto, os seis pilares educacionais de Montessori 
são:
TÓPICO 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
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• Autoeducação.
• Educação como Ciência.
• Educação Cósmica.
• Ambiente Preparado.
• Adulto Preparado.
• Criança Equilibrada.
Autoeducação é a capacidade inata da criança para aprender. Por desejar 
absorver todo o mundo à sua volta e compreendê-lo, a criança o explora, inves-
tiga e pesquisa. O método Montessori proporciona o ambiente adequado e os 
materiais mais interessantes para que a criança possa se desenvolver por seus 
próprios esforços, no seu ritmo e seguindo seus interesses.
Educação Cósmica é a melhor forma de auxiliar a criança a compreender o 
mundo. De acordo com este princípio, o educador deve levar o conhecimento à 
criança de forma organizada – cosmos significa ordem, em oposição a caos –, es-
timulando sua imaginação e evidenciando que tudo no universo tem sua tarefa 
e que o ser humano deve ser consciente de seu papel na manutenção e melhora 
do mundo.
Educação como ciência é a maneira de compreender a criança e o fenôme-
no educativo de acordo com Montessori, e defendida pela ciência de hoje. Em 
Montessori, o professor utiliza o método científico de observações, hipóteses e 
teorias para entender a melhor forma de ensinar cada criança e para verificar a 
eficácia de seu trabalho no dia a dia.
Ambiente preparado é o local onde a criança desenvolve sua autonomia e 
compreende sua liberdade em escolas e lares montessorianos. O ambiente pre-
parado é construído para a criança, atendendo às suas necessidades biológicas e 
psicológicas. Em ambientes preparados encontram-se mobília de tamanho ade-
quado e materiais de desenvolvimento para a livre utilização da criança.
Adulto Preparado é o nome que damos, em Montessori, para o profissio-
nal que auxilia a criança em seu desenvolvimento completo. Esse adulto deve 
conhecer cientificamente as fases do desenvolvimento infantil e, por meio da 
observação e do domínio de ferramentas educativas de eficiência comprovada, 
guiar a criança em seu desabrochar, de forma que este se dê nas melhores con-
dições possíveis.
Criança equilibrada é qualquer criança em seu desenvolvimento natural. 
Por meio da utilização correta do ambiente e da ajuda do adulto preparado, as 
crianças expressam características que lhes são inatas. Entre outras, encontram-
-se o amor pelo silêncio, pelo trabalho e pela ordem. Todas as crianças nascem 
com estas características e as desenvolvem melhor entre zero e seis anos.
Todos os princípios do método Montessori devem funcionar em união, 
UNIDADE 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
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para que a criança se desenvolva de forma completa e equilibrada. É necessário 
compreender a criança para identificar nela os sinais da eficiência daquilo que 
lhe está sendo oferecido. De acordo com Montessori, “uma das provas da corre-
ção do processo educacional é a felicidade da criança”.
O método Montessori tem sido utilizado em escolas por todo o mundo, 
desde o berçário até o Ensino Médio. Além disso, aplica-se Montessori em esco-
las especiais, clínicas de psicopedagogia e lares mundo afora. Clínicas de repou-
so aproveitam características do método montessoriano para o tratamento de 
demência e Alzheimer e iniciativas empresariais aplicam princípios do método 
para o melhor desenvolvimento de seus negócios.
FONTE: Disponível em: <http://www.ebc.com.br/infantil/para-pais/2015/05/o-que-
e-o-metodo-montessori-de-ensino>. Acesso em: 11 jan. 2016.
Decroly traz seu método do centro de interesses. Veja como é interessante 
este método. Depois discutiremos sobre ele.
FIGURA 8 – OVIDE DECROLY
FONTE: Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/ovide-
decroly-307894.shtml>. Acesso em: 11 jan. 2016.
OVIDE DECROLY
Decroly foi um dos precursores dos métodos ativos, fundamentados na 
possibilidade de o aluno conduzir o próprio aprendizado e, assim, aprender 
a aprender. Alguns de seus pensamentos estão bem vivos nas salas de aula 
e coincidem com propostas pedagógicas difundidas atualmente. É o caso da 
ideia de globalização de conhecimentos – que inclui o chamado método global 
de alfabetização e dos centros de interesse. 
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O princípio de globalização de Decroly se baseia na ideia de que as crian-
ças apreendem o mundo com base em uma visão do todo, que posteriormente 
pode se organizar em partes, ou seja, que vai do caos à ordem.O modo mais 
adequado de aprender a ler, portanto, teria seu início nas atividades de asso-
ciação de significados, de discursos completos, e não do conhecimento isolado 
de sílabas e letras. "Decroly lança a ideia do caráter global da vida intelectual, 
o princípio de que um conhecimento evoca outro e assim sucessivamente", diz 
Marisa Del Cioppo Elias, professora da Faculdade de Educação da Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo. 
Os centros de interesse são grupos de aprendizado organizados segun-
do faixas de idade dos estudantes. Eles também foram concebidos com base 
nas etapas da evolução neurológica infantil e na convicção de que as crianças 
entram na escola dotadas de condições biológicas suficientes para procurar e 
desenvolver os conhecimentos de seu interesse. "A criança tem espírito de ob-
servação; basta não o matar", escreveu Decroly. 
Necessidade e interesse
O conceito de interesse é fundamental no pensamento de Decroly. Se-
gundo ele, a necessidade gera o interesse e só este leva ao conhecimento. For-
temente influenciado pelas ideias sobre a natureza intrínseca do ser humano 
preconizadas por Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), Decroly atribuía às ne-
cessidades básicas a determinação da vida intelectual. Para ele, as quatro ne-
cessidades humanas principais são comer, abrigar-se, defender-se e produzir. 
 
 A trajetória intelectual e profissional de Decroly se assemelha a da contem-
porânea Maria Montessori (1870-1952). Como a italiana, o educador belga se 
formou em medicina. Encaminhando- se para a neurologia, também como ela 
trabalhou com deficientes mentais, criou métodos baseados na observação e 
aplicou-os à educação de crianças consideradas "normais". Ambos acreditavam 
que o ensino deveria se aproveitar das aptidões naturais de cada faixa etária. 
 
 Mas, ao contrário de Montessori, cujo método previa o atendimento indi-
vidual na sala de aula, Decroly preferia o trabalho em grupos, uma vez que 
a escola, para ele, deveria preparar para o convívio em sociedade. Outra di-
ferença é que a escola montessoriana recebe as crianças em ambientes pre-
parados para tornar produtivos os impulsos naturais dos alunos, enquanto a 
escola oficina de Decroly trabalha com elementos reais, saídos do dia a dia. 
 
 Os métodos e as atividades propostos pelo educador têm por objetivo, 
fundamentalmente, desenvolver três atributos: a observação, a associação e a 
expressão. A observação é compreendida como uma atitude constante no pro-
cesso educativo. A associação permite que o conhecimento adquirido pela ob-
servação seja entendido em termos de tempo e de espaço. E a expressão faz com 
que a criança externe e compartilhe o que aprendeu.
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Linguagens múltiplas
No campo da expressão, Decroly dedicou cuidadosa atenção à questão 
da linguagem. Para ele, não só a palavra é meio de expressão, mas também, 
entre outros, o corpo, o desenho, a construção e a arte. 
Com a ampliação do conceito de linguagem, que a linguística viria a cor-
roborar, Decroly pretendia dissociar a ideia de inteligência da capacidade de 
dominar a linguagem convencional, valorizando expressões "concretas" como 
os trabalhos manuais, os esportes e os desenhos.
Escolas que são oficinas
A marca principal da escola decroliana são os centros de interesse, nos 
quais os alunos escolhem o que querem aprender. São eles também que cons-
troem o próprio currículo, segundo sua curiosidade e sem a separação tradicio-
nal entre as disciplinas. "Hoje se fala tanto em interdisciplinaridade e projetos 
didáticos. Isso nada mais é do que os centros de interesse", diz a professora 
Marisa del Cioppo Elias. Os planos de estudo dos centros de interesse podem 
surgir, entre as crianças menores, das questões mais corriqueiras.
FONTE: Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/ovide-de-
croly-307894.shtml>. Acesso em: 11 jan. 2016.
Outro educador que permeia esta tendência é John Dewey, o qual apresen-
ta o método de projetos. Esse método é muito utilizado na atualidade. Verifique 
sua aplicabilidade.
FIGURA 9 – JOHN DEWEY
FONTE: Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/john-
dewey-307892.shtml>. Acesso em: 11 jan. 2016.
TÓPICO 1 | RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO
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JOHN DEWEY
Quantas vezes você já ouviu falar na necessidade de valorizar a capacida-
de de pensar dos alunos? De prepará-los para questionar a realidade? De unir 
teoria e prática? De problematizar? Se você se preocupa com essas questões, já 
esbarrou, mesmo sem saber, em algumas das concepções de John Dewey, filó-
sofo norte-americano que influenciou educadores de várias partes do mundo. 
No Brasil inspirou o movimento da Escola Nova, liderado por Anísio Teixeira, 
ao colocar a atividade prática e a democracia como importantes ingredientes 
da educação. 
Dewey é o nome mais célebre da corrente filosófica que ficou conhecida 
como pragmatismo, embora ele preferisse o nome instrumentalismo - uma vez 
que, para essa escola de pensamento, as ideias só têm importância desde que 
sirvam de instrumento para a resolução de problemas reais. No campo específi-
co da pedagogia, a teoria de Dewey se inscreve na chamada educação progres-
siva. Um de seus principais objetivos é educar a criança como um todo. O que 
importa é o crescimento – físico, emocional e intelectual. 
O princípio é que os alunos aprendem melhor realizando tarefas associa-
das aos conteúdos ensinados. Atividades manuais e criativas ganharam des-
taque no currículo e as crianças passaram a ser estimuladas a experimentar 
e pensar por si mesmas. Nesse contexto, a democracia ganha peso, por ser a 
ordem política que permite o maior desenvolvimento dos indivíduos, no papel 
de decidir em conjunto o destino do grupo a que pertencem. Dewey defendia a 
democracia não só no campo institucional, mas também no interior das escolas.
Estímulo à cooperação
Influenciado pelo empirismo, Dewey criou uma escola-laboratório ligada 
à universidade onde lecionava para testar métodos pedagógicos. Ele insistia na 
necessidade de estreitar a relação entre teoria e prática, pois acreditava que as 
hipóteses teóricas só têm sentido no dia a dia. Outro ponto-chave de sua teoria 
é a crença de que o conhecimento é construído de consensos, que por sua vez 
resultam de discussões coletivas. "O aprendizado se dá quando compartilha-
mos experiências, e isso só é possível num ambiente democrático, onde não 
haja barreiras ao intercâmbio de pensamento", escreveu. Por isso, a escola deve 
proporcionar práticas conjuntas e promover situações de cooperação, em vez 
de lidar com as crianças de forma isolada.
Seu grande mérito foi ter sido um dos primeiros a chamar a atenção para 
a capacidade de pensar dos alunos. Dewey acreditava que, para o sucesso do 
processo educativo, bastava um grupo de pessoas se comunicando e trocan-
do ideias, sentimentos e experiências sobre as situações práticas do dia a dia. 
Ao mesmo tempo, reconhecia que, à medida que as sociedades foram ficando 
complexas, a distância entre adultos e crianças se ampliou demais. Daí a neces-
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sidade da escola, um espaço onde as pessoas se encontram para educar e ser 
educadas.
O papel dessa instituição, segundo ele, é reproduzir a comunidade em 
miniatura, apresentar o mundo de um modo simplificado e organizado e, aos 
poucos, conduzir as crianças ao sentido e à compreensão das coisas mais com-
plexas. Em outras palavras, o objetivo da escola deveria ser ensinar a criança a 
viver no mundo.
"Afinal, as crianças não estão, num dado momento, sendo preparadas 
para a vida e, em outro, vivendo", ensinou, argumentando que o aprendizado 
se dá justamente quando os alunos são colocados diante de problemas reais. A 
Educação, na visão deweyana, é "uma constante reconstrução da experiência, 
de forma a dar-lhe cada vez mais sentido e a habilitar as novas gerações a res-
ponder aos desafios

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