Buscar

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HISTÓRIA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HISTÓRIA
Mapa Conceitual: Introdução aos Estudos da História
Antes de começarmos o Estudo da disciplina Introdução aos Estudos da História, vamos analisar primeiramente o mapa conceitual. 
É importante conhecermos aonde queremos chegar, para darmos a largada.
 
 
Como pudemos ver no mapa, a História é uma ciência jovem e que continua caminhando, por isso, a forma de ver a História foi modificando nos últimos séculos.
Já tivemos períodos no qual só se estudava a Histórica política, outros que se estudava fundamentalmente a economia e, atualmente, que damos atenção a todas as possibilidades de análise, tanto política, como econômica, quanto cultural.
De qualquer maneira é fundamental o domínio do conhecimento histórico para a atuação social dos indivíduos comprometidos com valores humanistas.
 => Existem muitas pessoas que acreditam que a História é coisa do passado e está apenas nos livros antigos, o interesse é apenas curiosidade, mas a História é viva e está em todos os lugares, desde que você acorda, até a ida ao cinema ou ao futebol. O conhecimento que temos do nosso tempo se dá graças ao estudo da História.
 => Nesta primeira aula, vamos discutir a construção da disciplina: Introdução aos Estudos da História.  Veja abaixo as perguntas que sempre são feitas:
Você que está começando o curso, certamente se interessa e se encanta em pesquisar e ensinar História. Já posso chamá-lo então de futuro Historiador. 
O trabalho do Historiador consiste em escolher os assuntos que deseja pesquisar. 
Sem dúvida que os historiadores não produzem um conhecimento absoluto ou total, pois o conhecimento produzido por ele é seletivo e limitado.
 => => “A história consiste num corpo de fatos verificados. Os fatos estão disponíveis para os historiadores nos documentos, nas inscrições, e assim por diante, como peixes na tábua do peixeiro. O historiador deve reuni-los, depois levá-los para casa, cozinhá-los, e então servi-los da maneira que o atrair mais.”
 CARR, Edward. O que é História? São Paulo: Paz e terra, 2011. P. 45.
A ciência História é investigação do passado do homem e, para tanto, como sugerem Marc Bloch e Carlo Ginzburg, assemelha o ofício do historiador com o ofício de um detetive ou de um médico que procuram evidências, pistas e sintomas para solucionar um crime ou diagnosticar uma doença.
Para o desenvolvimento da ciência História, o profissional pode usar vários tipos de fontes, ou seja, variados tipos de documentos para se informar sobre a economia, política e cultura de uma dada sociedade. 
É a partir dos documentos que podemos ter ciência sobre ideias e realizações das pessoas e das sociedades de diferentes épocas e lugares.
Ao reunir informações e interpretar as fontes o historiador pode saber o que mudou ao longo do tempo, seja na economia, nas artes, na política, na maneira de pensar, ou nas formas de ver e de sentir o mundo.
No entanto, também estudamos as permanências, aquilo que não foi alterado, mesmo que muitas mudanças tenham ocorrido ao longo dos anos.
A Importância das fontes históricas
Não faz muito tempo em que as fontes escritas eram consideradas as únicas possíveis para a pesquisa histórica. No entanto, hoje, existe uma multiplicidade de fontes não escritas que também podem e devem ser utilizadas para o estudo da história, pois os historiadores entenderam que também são registros importantes da vida do homem.
 => De um recibo de compra ou venda de escravo, por exemplo, pode-se obter pelo menos uma informação básica:
Enquanto houve escravidão no Brasil, escravos podiam ser negociados como mercadorias.
A partir desta mesma fonte, podemos saber qual era a moeda utilizada no país, o preço de um escravo, as especificações que eram dadas, dentre outros.
 => Já no caso de um monumento histórico, podemos saber o tipo de material com o qual foi produzido, o período, o tipo de arquitetura e quais eram as técnicas empregas pelos construtores.
Escrita: 
Dentre as fontes escritas estão as cartas, jornais, revistas, documentos oficiais, agendas, diários, dentre outros.
Oral: 
É o relato de alguém (famoso ou não), normalmente recolhido por um historiador, contando os aspectos da sua vida.
Material: 
Pinturas, esculturas, roupas, armas, músicas, filmes, fotografias, utensílios e objetos variados, construções.
A produção histórica é fruto de critérios e evidências científicas e verificáveis, porém, contrapondo o senso comum que afirma a neutralidade das ciências em relação ao seu objeto de estudo, é necessário entender o historiador e a sua produção como produtos socialmente construídos.
A seleção do objeto de estudo, da metodologia especifica a ser aplicada, das fontes históricas e da própria escrita da história são produtos de escolha/intervenção do historiador e, por sua vez, estão condicionadas pela formação acadêmica, política, cultural e pelo tempo histórico no qual o historiador está inserido.
A suposta neutralidade do historiador e de sua produção deve ser relativizada, o que não invalida o compromisso do historiador e de sua ciência com a verdade histórica.
A concepção de verdade deve ser entendida como passível de crítica, modificação e superação, o que daria origem às diferentes linhas historiográficas existentes.
ciência e, como tal, a pesquisa precisa surgir da dúvida. 
Assim, o historiador tem de passar pelas dificuldades que espreitam qualquer pesquisa e legitimar suas conclusões com a comprovação.
Todo o historiador deve saber que não existe verdade e que qualquer fonte está sob a influência de quem produziu, seja essa fonte oral, escrita ou material. 
Dessa forma, a pesquisa final está relacionada aos interesses e ao tipo de olhar do pesquisador.
Não existe a pesquisa histórica na qual o historiador se anula completamente como imaginavam e desejavam os positivistas no século XIX. (VEREMOS A ESCOLA POSITIVISTA NA AULA 4)
Quando formos analisar uma fonte primária, temos que saber o contexto no qual ela foi produzida e quem a produziu. Tendo isso em mente, o pesquisador estará apto a estudar as causas circunstanciais e indiretas muitas vezes ignoradas à primeira vista.
Hoje o historiador não pode ter mais a pretensão de recolher “todas” as fontes de um determinado período para dar conta do conhecimento de toda a sociedade, ele sabe que ao fazer isso se perderá em emaranhado de fontes que, não tendo objetividade na pesquisa, acabará afogado nas próprias fontes, sem conseguir montar o quebra-cabeça.
Embora já tenhamos achado que poderíamos ter o conhecimento de toda uma época, hoje sabemos que não é mais possível.
 => Ao estudante que hoje deseja conhecer o discurso da História através dos tempos, terá que mergulhar nos textos produzidos por Homero e Tucídides na Grécia clássica, pensar no Historicismo de Leopold Von Ranke, conhecer a vertente marxista influenciada por Karl Marx e Friedrich Engels de análise da sociedade; se aprofundar nas três gerações da escola dos Annales.
São muitos os autores que leremos durante o curso e que são indispensáveis à boa formação cultural e intelectual do historiador.
Existem muitas histórias para serem contadas. Sendo a História uma ciência, terá sempre a possibilidade de ser recontada com novas visões, ou novas fontes de estudo.
Como diz Marc Bloch, “a história não apenas é uma ciência em marcha. É também uma ciência na infância: como todas aquelas que têm por objeto o espírito humano, esse temporão no campo do conhecimento racional.” 
Sendo assim, cabe a você, futuro historiador, ajudar a criar e a orientar conosco os rumos dessa ciência que está ainda na infância.
Nessa aula você:
· Compreendeu a função da História como Ciência;
· aprendeu qual o ofício do Historiador;
Introdução ao Estudo da História
Aula 1 => Rodrigo Perez
O ofício do historiador
A história somente se tornou uma disciplina autônoma no século XIX. Até então, os estudos históricos eram subordinados às ciências jurídicas e retóricas.
Nesse sentido, o primeiro historiador no sentido moderno do termo foi o alemão LeopoldRanke. Porém, o conhecimento histórico possui uma longa história que nos remete à antiguidade clássica e à figura de Heródoto, que foi o primeiro historiador da tradição ocidental.
Desde então, o contato com o passado se tornou fundamental para os homens. São vários os motivos que nos levam a buscar o conhecimento das experiências pretéritas: expectativa de aprendizado em relação aos desafios do presente, projetos identitários, diletantismo e etc.
Podemos, então, propor que o século XIX representa um importante marco para a história do conhecimento histórico. Foi nesse momento que o estudo do passado ganhou contornos científicos que, por sua vez, passaram a estar baseados na crítica dos documentos.
Para que serve a história? Por que é importante conhecer o passado? O que é a história?
A história precisa ser vista como uma prática intelectual e, como tal, marcada pelas características do seu tempo de produção. Sendo assim, as respostas das questões acima variam de acordo com a sociedade e com a época.
A seletividade, parcialidade e subjetividade características do conhecimento historiográfico
Os historiadores profissionais apresentam os resultados do seu trabalho através de um texto escrito. Por isso, podemos falar que atualmente não é possível falar em história sem mencionar o seu texto, ou seja, a historiografia.
A historiografia é o resultado de um procedimento intelectual seletivo que é marcado pelas escolhas feitas pelo historiador. Nesse sentido, não é possível falar em uma “verdade” histórica universalmente aceita. O conhecimento histórico propõe versões historiográficas que sempre trazem a marca da subjetividade do historiador.
O trabalho do historiador é caracterizado pelo contato com a documentação, que pode ser definida como todo e qualquer tipo de vestígio da experiência pretérita.
A tipologia da documentação é extremamente vasta, indo desde jornais, cultura material (arqueologia), chegando até aos testemunhos orais e arquivos digitais que caracterizam a historiografia contemporânea.
Nesse sentido, o conhecimento histórico não é um dado bruto que pode ser encontrado pronto e acabado no mundo, mas sim produto da reflexão analítica do historiador. 
Existem vários paradigmas historiográficos que apresentam diversas formas de pensar a produção do conhecimento histórico. Podemos citar como exemplos o historicismo, o materialismo histórico e história social francesa proposta pela “Escola” dos Annales.
Paul Ricoeur (1913-2005)
 => Importante! Há um importante diferença entre o historiador e o literato. Enquanto o segundo não encontra limites para a sua imaginação, o primeiro tem seu impulso criativo limitado pela documentação.
O filósofo francês Paul Ricoeur foi um filósofo que se dedicou a pensar o problema da representação historiográfica. Em textos como “Tempo e Narrativa” e “História, Memória e Esquecimento, o autor se debruçou sobre a questão.
Para Paul Ricoeur, o objetivo do historiador é traduzir a subjetividade de uma época passada para o leitor contemporâneo. Nesse sentido, a subjetividade do historiador funciona como uma espécie de mediador.
De acordo com as considerações de Paul Ricoeur, os homens do passado, os mortos, são protagonistas no processo de construção da representação historiográfica.
Isso significa que o historiador não pode manipular os documentos ao livre sabor da sua vontade. Os materiais têm sua lógica interna.
Paul Ricoeur não nega a pretensão de verdade do texto historiográfico, ele combina esse verismo com a imaginação.
Atividade 1
O ofício do historiador
· Como já vimos, o século XIX foi um momento fundamental para a história do conhecimento histórico.
· Nesse momento, a crítica dos documentos se tornou o fundamento da identidade científica da história. Porém, isso não quer dizer que todos os historiadores desse período definiram de forma igual o procedimento de análise das fontes.
=> Wilhelm Humboldt (1767-1835) => Leopold Ranke (1795-1880)
Os historiadores alemães Wilhelm Humboldt e Leopold Ranke definiram a análise dos documentos como o procedimento fundamental da análise histórica. Porém, os autores pensaram nessas análises de formas diferentes.
“Cabe ao historiador contar os fatos tal como aconteceram, narrando a verdade nua e crua, sem adornos.” 
 (RANKE apud BARROS; 2011, p. 92)
“Do mesmo modo que o pensamento, semelhante a um raio ou a um choque, reúne todo o poder de representação em um ponto e exclui todas as outras possibilidades, também o som ressoa em distinta agudeza e unidade.” 
 (HUMBOLD; 2010, pp. 266-267)
- A partir da análise dos dois trechos e das suas pesquisas, escreva um parágrafo comparando o lugar atribuído pela linguagem no exercício analítico proposto por Humboldt e Ranke.
Resposta: 
A importância da história 
Para entender o presente, é necessário estudar o nosso passado...
 => História é tudo aquilo que já aconteceu e influência direto ou indiretamente nosso presente e futuro.
 => A história do nosso Brasil por exemplo, se não fosse Dom Pedro I talvez não seriemos independentes de Portugal...
 => Mas, quando pensamos em história vem logo a cabeça, fatos e nomes de heróis historicamente importantes, esquecemos que a história está bem mais presente do que imaginamos...
Cada um, possui a sua própria história de vida, nascemos e crescemos, ou seja, vivemos e assim construímos nossas próprias histórias... 
 => Em nossas vidas, quando cometemos erros tentamos fazer com que não se repita e na história pode acontecer o mesmo, assistindo nossos erros histórico podemos tentá-los no presente... 
 => => A História está presente apenas em livros...
 => Está presente nas cidades... => Nas roupas...
 => Nos símbolos... => Na música...
 => Concentrada em museus... => Nos filmes...
 => Na política... => Nas tragédias...
 => Nas invenções... => Na religião...
 => Nos esportes... => E em muitos outros fatos, e toda essa história chega a nós através de inúmeros meios, as vezes é até complicado associar tantas informações...
 => Mas, todos esses meios não existiriam se não tivéssemos descoberto e desenvolvido a escrita...
 => Ou o fogo que também é uma descoberta histórica...
 => Enfim, tudo que nos cerca possui sua própria história, como por exemplo os automóveis...
 => Os desenhos animados... => Também existe história na luta pelos nossos direitos...
 => Pela liberdade de escolha e expressão...
 => Pelo direito de ir e vir...
A história é vivida, escrita a cada dia... O que vivemos hoje, virará história amanhã...
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Compreender o olhar do Historiador; 
2. entender o objetivo da teoria da História; 
3. problematizar as questões da objetividade do conhecimento histórico. 
 => O historiador José D´Assunção Barros, em seu livro Teoria da História, divide em 10 os aspectos que estão envolvidos em um campo disciplinar.
O primeiro aspecto talvez seja o mais claro e “Campo de interesses” nada mais significa do que o objeto de estudo ou temáticas que devem ser trabalhadas pelos estudiosos daquela disciplina.
No caso da História, é claro que ela está inserida dentro do campo das ciências humanas e sociais, mas mesmo assim seus objetos são sempre “historicizados e “temporalizados.”
O campo de interesses aponta diretamente para a questão da Singularidade, ou seja, o que torna uma disciplina única, específica e justifica sua existência. 
Por exemplo, no caso da História, ela nem sempre se constituiu como nós conhecemos hoje: os gregos entendiam de uma forma, no século XVIII era entendida como Filosofia da História e só no século XIX vamos ter a História como ciência.
Toda disciplina tem seus campos de interesse, assim como sua singularidade e todas elas também têm seus campos interdisciplinares.
No caso da História, há uma série de campos históricos,fundamentalmente a partir do século XX, e uma série de modalidades de se fazer História, tais como História política, História Cultural, História Econômica, História da vida privada, dentre tantas outras.
No século XX, houve uma tendência à especialização e, de fato, em vários campos, “o que não impede que os efeitos mais criticáveis do hiperespecialismo sejam constantemente compensados pelos movimentos interdisciplinares e transdisciplinares, voltados para uma religação dos saberes em um mundo no qual os campos de produção de conhecimento vivem a constante ameaça do isolamento.” (BARROS, 2011, p.28).
BARROS, José D´Assunção. Teoria da História: princípio e conceitos fundamentais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. p. 28.
Três aspectos fundamentais a serem considerados quando se fala na constituição de um “campo disciplinar” relacionam-se ao fato de que nenhuma disciplina adquire sentido sem que desenvolvam ou ponham em movimento certas teorias, metodologias e práticas discursivas.
Todo campo disciplinar precisa de certo repertório teórico e metodológico para ser seguido pelos seus estudiosos. Isso traz legitimidade à disciplina e é claro que esse repertório é digno de críticas e concordâncias.
Na medida em que um campo disciplinar vai se constituindo, se forma também um discurso próprio da disciplina, ou seja, uma variedade de jargões que são facilmente reconhecidos por aqueles que a estudam. Dessa forma, a disciplina constitui um certo discurso.
“É por isso que não é possível a ninguém se transformar em legítimo praticante de determinado campo disciplinar, se o iniciante no novo campo de estudos não se avizinhar de todo um vocabulário que já existe previamente naquela Disciplina, e através do qual os seus pares se intercomunicam.”  
No tocante ao campo teórico e metodológico, o campo disciplinar é especialmente importante, pois a teoria pode ser entendida como uma síntese que é aceita por um dado campo de conhecimento.
No caso do curso de História, no segundo semestre há a disciplina Teoria da História, que complementará esta e dará o embasamento para o trabalho de conclusão de curso.
Embora seja para os iniciantes uma das mais difíceis, ela é de fundamental importância para qualquer um dos conteúdos que venham a estudar.
A ideia da Interdisciplinaridade é de fundamental importância para a história. Como veremos nas próximas aulas, houve uma época em que a disciplina História praticamente não utilizava outras disciplinas, pois a história era apenas memorialística. Já faz bastante tempo que passamos a utilizar a Geografia, a Psicologia, a Antropologia, dentre outras, para melhor fazer História. 
Um dos exemplos mais eloquentes é sobre a História das Mentalidades (você verá o que é História das mentalidades ainda nesta aula), que se utilizou da Antropologia e da Psicologia para a constituição do seu campo de saber.
Os dois últimos aspectos colocados pelo historiador para o entendimento do campo disciplina é a questão da Rede humana, que são todos as pessoas que praticam a disciplina. 
Todos os que entram no campo de estudo (você está entrando agora) produzem algum tipo de modificação na disciplina. 
Cada obra modifica pouco ou muito e orienta novas direções no campo do conhecimento.
Sempre que escrevemos, estamos escrevendo também para a aprovação dos nossos pares que, no caso, podemos chamar de “comunidade científica”. 
Normalmente estão inseridos em alguma instituição, que pode ser universidade, revista científica*, instituições de pesquisa**, arquivos***, dentre outros.  
* Exemplo de revistas científicas em História: http://www.revistatopoi.org/
revhistoria.usp.br 
www.revistafenix.pro.br
www.cchla.ufpb.br/saeculum/
www.ufjf.br/rehb/
www.hcomparada.ifcs.ufrj.br/revistahc/revistahc.htm
www.unicamp.br/chaa/rhaa
 
** Exemplo de Instituições de pesquisa:
www.cpdoc.fgv.br/
www.fiocruz.br/
www.casaruibarbosa.gov.br
*** Exemplo de arquivos: 
www.arquivonacional.gov.br/
www.arquivoestado.sp.gov.br
www.fpc.ba.gov.br
www.apers.rs.gov.br
www.aperj.rj.gov.br/
http://www0.rio.rj.gov.br/arquivo/
Todo o percurso da disciplina, até se constituir como campo do saber com suas singularidades, tem sua história. O fato de o estudarmos, como fazemos nesta disciplina, é o fato de “Olhar sobre Si”.
Como ciência, a História vem atraindo e repelindo um dado conjunto de saberes que podem ter sido considerados periféricos em um dado momento e que, posteriormente, passaram a ser fundamentais para o campo disciplina.
Agora que você já sabe que a História existe como ciência, tendo suas próprias singularidades, poderá se aprofundar na questão mais específica do OLHAR SOBRE SI, ou seja, um olhar sobre o percurso da história através do tempo.  
Nessa aula você:
· Compreendeu o olhar do Historiador;
· entendeu o objetivo da teoria da História;
· problematizou as questões da objetividade do conhecimento histórico.
Introdução ao Estudo da História
Aula 2 => Rodrigo Perez
O campo da História
· O campo disciplinar da História envolve diversos procedimentos intelectuais que tornam o processo de construção do conhecimento historiográfico uma operação profissional extremamente complexa. Entre os elementos constitutivos do campo disciplinar da história, podemos citar:
· os interesses institucionais e pessoais;
· os contatos interdisciplinares;
· as escolhas teórico-metodológicas;
· a viabilidade dos projetos;
· a rede humana que forma a comunidade científica que tem o poder de habilitar e interditar a produção historiográfica.
A historicidade do conhecimento histórico
· Nem sempre a História apresentou as características que possui hoje. Ou seja, nem sempre foi uma disciplina autônoma e um conhecimento com pretensão científica.
· Após o século XIX, quando a História se tornou uma disciplina autônoma, uma série de interesses específicos e modalidades interpretativas distintas passaram a caracterizar um espaço de produção intelectual que já tinha seu lugar no mundo da universidade.
· Os paradigmas historiográficos que durante o século XX tornaram-se os fundamentos nas análises dos historiadores, tiveram suas matrizes teóricas fundadas no século XIX. 
· Isso demonstra que as fronteiras disciplinares não devem ser vistas como obstáculos limitadores da reflexão histórica.
As práticas discursivas fundamentais para a identidade disciplinar da História
· Podemos definir essa identidade discursiva como um vocabulário comum que é mobilizado pelos integrantes do campo.
· Sobre o conceito de “Campo”, ver: Pierre Bourdieu, as regras da arte. 
· Entretanto, essa identidade discursiva e disciplinar não exclui a possibilidade do diálogo com outras disciplinas. Essa interdisciplinaridade foi bastante frequente nos paradigmas historiográficos desenvolvidos ao longo do século XX, por exemplo, a História das Mentalidades, que buscou o diálogo com a Antropologia e com a Psicologia.
Atividade 1
O conceito de “campo” trabalhado nessa aula foi formulado pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu.
 => Pierre Bourdieu (1930-2002)
“A tensão entre as posições constitutivas da estrutura do campo, é também o que determina sua mudança, através de lutas a propósito de alvos que são eles próprios produzidos por essas lutas; mas, por maior que seja a autonomia do campo, o resultado dessas lutas nunca é completamente independente de fatores externos.” 
 (BOURDIEU; 2004, p. 65)
“Originando-se da própria estrutura do campo, as mudanças que ocorrem no campo de produção restrita são amplamente independentes de mudanças externas cronologicamente contemporâneas (...) A luta entre os detentores e os pretendentes, entre os detentores do título (de escritor, de filósofo, de sábio etc.) e seus desafiantes, como se diz no boxe, que faz a história do campo: o envelhecimento dos autores, das escolas e das obras é resultado da luta entre aqueles que marcaram época (criando uma nova posição no campo) e que lutam para persistir (tornar-se ‘clássicos’ e aqueles que, por seu turno, só podemmarcar época enviando para o passado aqueles que têm interesse em eternizar o estado presente e em parar a história.” (p.69)
A partir dos trechos, escreva um texto sobre a relação de autonomia e dependência entre o campo histórico e a sociedade.
Resposta: 
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Compreender o significado de filosofia da História; 
2. entender o objetivo do estudo da Filosofia da História; 
3. problematizar as questões referentes à filosofia da História e do conhecimento histórico.
Como diz José Carlos Reis em seu livro “História e Teoria: historicismo, modernidade, temporalidade e verdade”, no último milênio, os historiadores ocidentais aterrorizados com as guerras, injustiças sociais, epidemias etc. se manifestavam a preocupação com “o destino de uma humanidade universal. 
Ainda segundo o autor: 
Perguntas metafísicas orientaram as reflexões e pesquisas históricas no Ocidente: quem somos? Para onde vamos? Para que viemos e qual será o nosso destino? Como obter salvação?
Essas perguntas revelam uma angústia fundamental, a experiência de um permanente mal-estar de ser-no-tempo. O ocidente sofre com a própria ausência e procura construir uma imagem global, reconhecível e aceitável de si mesmo.
REIS, José Carlos. História e teoria: historicismo, modernidade, temporalidade e verdade. Rio de Janeiro: FGV, 2006. p.15.
Da forma como José Carlos Reis expôs, percebemos que a identidade ocidental não existe sem fissuras e tenta se reconhecer em sua totalidade. Assim, nesta aula, você verá as diversas representações da vida e do seu sentido ao longo da história do Ocidente.
 => Para começarmos a refletir sobre as questões relativas à filosofia da História, vale a pena irmos até aqueles que são considerados os pais da civilização ocidental. 
Os gregos desenvolveram um tipo de História que se baseava em relatos considerados importantes. A narrativa oscilava entre o sagrado e o profano e na recuperação do passado se misturava a poesia e a mitologia.
A história grega era limitada temporalmente e se apoiava em documentos visuais e orais. Isso significava que só quem presenciava o evento poderia relatá-lo de modo confiável.
 => Entre os gregos, é importante destacarmos dois filósofos. O primeiro, Heródoto (484 – 425 a.c), é conhecido como o “pai da História”. 
Sua principal obra foi ““As Guerras Médicas” onde relatou o conflito entre os gregos e o Império Persa ocorrido durante o século V a.C. 
Nessa obra, Heródoto procurou separar a narrativa histórica das outras narrativas existentes na época. O grande diferencial do seu trabalho foi à crença do autor de que era preciso conhecer profundamente cada povo para posteriormente realizar sua escrita e, assim o fez, tendo feito diversas viagens aos locais de conflito. 
Entretanto, em “As Guerras Médicas”, Heródoto, filho do seu tempo, ainda concede uma importância muito grande dos rumos das guerras à vontade divina.
Os gregos têm tradição de observar a História como relacionada à sua organização. Vide o papel desempenhado pela narrativa homérica em seus trabalhos.  
O diferencial de Heródoto é justamente determinar as formas de fazer história. Heródoto determina que a história deve ser feita a partir de fontes consideradas, fidedignas, daí a ideia de conhecimento. Então, a história necessita desse conhecimento.
A função do historiador não está nessas fontes, mas sim no JULGAR a história. Esse é o papel do historiador em Heródoto, determinar os erros e acertos, transformando o historiador em juiz.
Heródoto não defende a história como a defesa dos deuses, mas, sim, sinaliza sua importância na tradição e nas ações dos homens. Por isso, não é um crítico a Homero como, por exemplo, outros de seus contemporâneos como Thales de Mileto.
 => O segundo filósofo importante para a nossa reflexão sobre a filosofia da História é Tulcídides. 
Em sua obra “A Guerra do Peloponeso”, conflito armado entre Atenas e Esparta ocorrido entre 431 a 404 a.C.
 => A sua obra difere das, até então, produzidas, pois foi a primeira a deixar de lado o discurso religioso, tanto que na sua conclusão, a motivação principal para a guerra foi o crescimento do poderio ateniense e o receio dos espartanos.
Ainda segundo José Carlos Reis, os gregos se interessavam pelo eterno, pelo que não precisa da história para ser. 
Seus historiadores, ao fundarem a história, desafiavam a própria cultura anti-histórica. A história que fundaram não se interessava pelo futuro, apenas pelo presente e pelo passado (...) Entre os gregos, a ideia de uma história universal não era ainda formulável.”
 => => Os gregos não pensavam em uma história que pudesse ser universal. Essa ideia só começou a tomar corpo com os romanos e é justamente aí que se percebe a ruptura com a concepção de história grega. A história entre os romanos é em um primeiro momento claramente influenciada pelos gregos.  A diferença é o sentido, a história é um exercício de legitimidade, busca a afirmação do poderio de Roma. O historiador Romano perde a noção do cuidado do historiador, como diz Finley, completa os fatos da maneira que melhor lhe convém, desde que marque os ensinamentos que a história precisa trazer.
O império romano movido pelo seu expansionismo pensa o passado e o futuro como assimétricos e o futuro passa a ser o centro de gravidade da História. Sendo assim, a história universal seria a história da unidade romana sobre todos os outros povos. 
A ideia do cristianismo que foi inicialmente combatido e depois incorporado e adotado como religião oficial apoiou com o sentimento religioso e o discurso teológico a conquista romana do mundo. Assim, a Igreja Romana e o império romano formaram a ideia de “história universal”, “como vontade de potência universal legitimada por um discurso de salvação da humanidade.”
HARTOG, F. Historiadores gregos. In: BURGUIÈRE, A. Dictionnaire dês sciences historiques. Paris: PUF, 1986.
Eneida de Virgílio - Tito Lívio
Vamos pensar no mito de fundação de Roma.
Poucos documentos de fato existem sobre o período monárquico romano, a maioria dos documentos é de séculos depois, mas contam os eventos de forma reta, mostrando o quão grandioso foi à formação do mundo romano.  
Tanto a Eneida de Virgílio como os relatos de Tito Lívio deixavam claro a origem grega de Roma e sua importância na construção do poderoso império.
Plutarco e Suetônio
Plutarco e Suetônio apresentam esta mesma tendência, mas tratando de personagens considerados grandiosos que marcam a força do mundo Romano, não à toa o primeiro conta as histórias de Alexandre da Macedônia, ou Alexandre o Grande, e o segundo a Vida dos Doze Césares, ainda que com esforço biográfico, mantendo a mesma proposta de não se ater aos detalhes ou contradições, mas fazendo o que Finley chama de "completar a história".
José Carlos Reis
Dessa forma, como bem diz José Carlos Reis:
“Os romanos iniciaram a aventura ocidental de conquista do mundo imbuídos da fé de que iriam salvá-lo! A ideia de história universal e de um sentido histórico único para toda a humanidade começou a se elaborar como conquista, por um povo, de todos os povos. Os romanos se atribuíam essa missão divina e não poderiam falhar. 
Eles sintetizavam a tese judaica do ‘povo eleito’ com o universalismo cristão do pagão-também-filho-de-deus. Eles, povo eleito, tinham a missão de levar aos pagãos essa verdade única da história universal: ‘somos todos filhos do único Deus, seu filho dileto, pois Ele veio ao nosso mundo e nos revelou a verdade; temos o direito divino de liderá-los na história da salvação!’”
 REIS, José Carlos. Op. cit. p.19 -20.
A partir da perspectiva romana, a ideia de uma história universal toma corpo. Os valores religiosos aumentavam o desprestígio do que era temporal. O significado do pecado envolvia tudo nesse mundo e só a necessidade de salvação levava a religião a torna-se intemporal.
Essa concepção de história universal permaneceu durante séculos e apenas entre os séculos XIII e XVI começoua surgir uma nova consciência no sentido histórico. Na modernidade, a metafísica começa a ser recusada como explicação para a história.
De fato, estávamos em um mundo que passava por uma revolução cultural e para acompanhar as estruturas da nova ordem política (Estado burocrático) /econômico(ética do trabalho e empresa capitalista)/social (não  fraternidade religiosa) era preciso que a história do mundo terreno desafiasse a história universal sagrada.
 => Foi o historiador Le Goff que percebeu que na modernidade passou a existir um conflito entre o tempo da igreja e o tempo do mercador, o que fundou uma nova mentalidade. 
O novo agente, o burguês, passou a ter dois objetivos diferentes: o lucro e a salvação. 
“Ao procurar realizar fins contraditórios, a consciência burguesa perde a unidade que antes a religião garantia. O cristão reformado até confunde seu sucesso nos negócios com a graça de Deus, misturando esferas que não se articulam.”
 => Voltando à questão referente à filosofia da História, vamos agora destacar a figura de Immanuel Kant. 
Kant nasceu em 22 de abril de 1724 em Königsberg (Prússia). Na casa dos pais, Kant provavelmente teve contato com o pietismo. 
Em 1755, Kant se doutorou e foi se estabelecer em Privatdozet como professor universitário. Durante sua vida, ministrou nas cátedras de lógica e metafísica e também deu preleções sobre matemática, física, geografia, antropologia e de teologia natural, moral e direito natural.
STÖRIG, Hans Joachim. História geral da filosofia. Petropólis, RJ: Vozes, 2009. p. 331-332.
Pietismo => O Pietismo surgiu em fins do século XVII dentro do luteranismo, como oposição à negligência da luterana para com a dimensão pessoal da religião. O movimento, além da crença, exigia a piedade genuína. Este influenciou o surgimento de movimentos como o pentecostalismo.
Para uma melhor orientação da leitura, abaixo as principais obras do filósofo Kant:
1755: História geral da natureza e teoria do céu ou ensaio sobre a constituição e a origem mecânica do universo em sua totalidade, de acordo com os princípios de Newton.
1756: Monadologia Física.
1766: Sonhos de um visionário esclarecidos pelos sonhos da metafísica.
1770: Dissertação sobre a forma e os princípios do mundo sensível e do mundo inteligível.
1775: Sobre as diferentes raças humanas.
1781: Crítica da razão pura.
1783: Prolegômenos a toda futura metafísica que se apresentar como ciência.
1784: ideias sobre a história universal sob o ponto de vista cosmopolita.
1885: Fundamentação da metafísica dos costumes.
1788: Crítica da razão prática.
1790: Crítica do juízo.
1793: A religião nos limites da simples razão.
1795: Sobre a paz perpétua; um projeto filosófico.
1797: A metafísica dos costumes em duas partes.
1798: A disputa das faculdades.
A obra que vamos nos deter por ter oferecido outro entendimento para a ótica da história é “Ideias sobre a história universal sob o ponto de vista cosmopolita”. Nela, Kant afirma que a razão traria a reunificação da humanidade, substituindo a religião, ao se dar como finalidade a construção de uma sociedade moral.
Assim, o autor afirma que os acontecimentos históricos, tanto positivos como negativos, sempre seriam vistos pela visão cosmopolita, ou seja, aquilo que traz bem a todos.
Com Kant, a Europa passou a pensar a história de uma humanidade universal e o que reunificaria a humanidade seria a razão, mas a história teria um fio condutor, ou seja, a tentativa filosófica da história universal do mundo seria de acordo com um plano da natureza que tinha como objetivo a perfeita união da espécie.
Assim, o olhar do historiador precisaria verificar a natureza desde os tempos antigos e perceber um plano e um propósito final, aí então a ideia poderia ser útil e também um fio condutor. Kant se debruçou fundamentalmente sobre os helenos, pois, segundo o autor, todas as outras histórias estariam agregadas a esta.
Assim sendo, a grande maioria dos povos somente faria parte da história quando se relacionassem com a cultura ocidental. Com isso, se descobre um fio condutor da história humana, uma perspectiva consoladora para o mundo e esclarecedora, “na qual a espécie humana se elevará finalmente, por seu trabalho, a um estado em que todos os germes que a natureza colocou nela poderão desenvolver-se plenamente e sua destinação aqui na Terra ser preenchida.”
O pensamento da história de Kant é bastante interessante, mas vale lermos o comentário de José Carlos Reis sobre a filosofia da História que diz:
“As filosofias da História mostram com transparência toda a tensão interna à cultura ocidental. Elas são ambíguas: greco-modernas, pois são uma elaboração racional-profana sobre a história; neojudeo-cristãs, pois dirigem-se ao futuro, prosseguem a espera metafísica da redenção. As filosofias da história expõem a fratura da identidade ocidental: “Fé na Razão!” É como um retorno ao pensamento religioso, em busca de unificação que ele oferecera. 
Mas esse esforço de reunificação e de retorno prevalecia a face moderna, a razão, profana e laica, que jamais conseguiu superar a fragmentação renascentista. As filosofias da história são um pensamento tenso que não reconhece as suas contradições. Elas ignoram pulsões, intuições, instintos, emoções e se imaginam dominadas pela transparência absoluta da razão. A sua convicção inabalável, que se tornou uma obsessão, é de que a ação racional dos homens deve produzir uma aproximação acelerada do futuro com o presente.”
 REIS, José Carlos. Op. cit. p. 30.
Kant de fato revolucionou o pensamento filosófico e, com elogios ou críticas, todos os intelectuais nos séculos posteriores se embasaram no autor. 
A ideia de que o caminho da humanidade unida era o único que levava à sociedade moral influenciou outros estudos que tiveram destaque no século XIX. 
De qualquer forma, no século XVII o mundo ocidental passou a pensar filosoficamente a história universal da humanidade, atribuindo-lhe o sentido da realização de uma finalidade moral.
Por fim, cabe trabalharmos com outro autor que também pensou a filosofia da História. Georg Wihelm Friedrich Hegel nasceu em 1770 em Stuttgart. Ele sempre se interessou por três temas: o estudo da filosofia, o interesse pela antiguidade e o entusiasmo pela Revolução Francesa. 
Durante alguns anos, Hegel foi redator e diretor de um liceu em Nürrenberg. Foi lá que ele concluiu a obra “Ciência da Lógica”, em três volumes. Este belo trabalho lhe valeu a cadeira filosófica em Heidelberg, lugar onde escreveu a “Enciclopédia das ciências filosóficas”, em 1817.
Hegel tornou-se “filósofo do Estado prussiano” e o chefe oficial da filosofia alemã. Ele ministrava aulas das principais disciplinas filosóficas e também de filosofia do direito, da arte, da religião, da história e história da filosofia.
 (STÖRIG, Hans Joachim. Op. cit. pp. 395-396).
Em Hegel, a modernidade aparece não mais em dívida com o passado grego nem com o cristianismo, ela procura nela mesma sua normatividade. Ela procura ser autoconfiante e garantir sua fundamentação sobre seus próprios meios. Segundo José Reis, “Hegel revelou o princípio dos novos tempos: a subjetividade.”
Em seus textos sobre a história da filosofia, Hegel apontava que a mesma tinha uma contradição interna, qual seja, "a filosofia quer conhecer o imperecível, o eterno, seu fim é a verdade. 
Mas a história conta o que foi numa época e que desapareceu em outra, substituído por outra coisa". Se a verdade é eterna, "ela não penetra na esfera do que passa e não tem história". 
Sendo assim, cada filosofia corresponderia a um momento da história, a uma etapa na conquista do espírito absoluto.  As filosofias não se refutariam, mas se sucederiam e as novas mostram as anteriores como verdades parciais.
Par o autor Lyotard, os discursos da modernidade são considerados grandes narrativas pelo fato de se referirem à humanidade como um sujeito universal e pretenderemproduzir uma descrição completa do desenvolvimento histórico. O projeto moderno é de uma história que se fragmentou e se descentralizou.
Ao mesmo tempo, durante o século XIX outro movimento pretendia liberta-se da filosofia da História e tornar a disciplina como uma ciência autônoma. Assim, chegaram à conclusão de que a metafísica era impossível de ser analisada, pois os resultados eram impossíveis de serem controlados. A história científica vinha não para discutir o sentido da história, tampouco a história universal, vinha para produzir conhecimento positivo que você verá na próxima aula.
Nessa aula você:
· Compreendeu o objetivo da Filosofia da História;
· Apreendeu sobre os principais autores que pensaram na Filosofia da História;
Introdução ao Estudo da História
Aula 3 => Prof. Rodrigo Perez
Filosofia da História
· O conhecimento histórico não é produzido no vazio social. Ele é motivado pelas interrogações características de cada realidade social. Por isso, a historiografia é inseparável das questões filosóficas que angustiam os homens.
· Interpelações como “Quem somos?”, “Qual futuro é possível para nós?” e “Qual o sentido da nossa existência?” frequentemente nos convidam a revisitar o passado e, por isso, servem como motivações para a reflexão histórica.
A Grécia como o berço das reflexões filosófica e histórica
· A relação de proximidade entre os conhecimentos histórico e filosófico fica ainda mais clara quando nos debruçamos sobre a experiência cultural da Grécia Clássica (V-IV a.C.). 
· Podemos observar na Grécia Clássica o surgimento dos primeiros filósofos (Heráclito e Parmênides) e dos primeiros historiadores (Heródoto e Tucídides). A dimensão laica e racional é um aspecto similar entre esses dois tipos de conhecimento.
· Uma das principais características metodológicas da historiografia desenvolvida por Heródoto e Tucídides é o mecanismo da autópsia como procedimento de investigação. Ou seja, o conhecimento somente era possível através do testemunho ocular ou da consulta aos relatos orais. Nesse momento, a análise da documentação ainda não era o fundamento da hermenêutica histórica.
· Podemos observar na filosofia de Platão a relação direta entre o pensamento intelectual e a dinâmica social. Tal correspondência nos mostra a importância do exercício da contextualização como estratégia de compreensão do pensamento filosófico e histórico.
· Durante muito tempo, as reflexões historiográficas desenvolvidas no mundo ocidental foram marcadas pela tradição racionalista grega.
Atividade 1
· A tradição ocidental costuma considerar Heródoto e Tucídides como os dois primeiros historiadores do mundo ocidental.
 => Heródoto (484 a.C. – 430 a.C.) => Tucídides (460 a.C. – 404 a.C.)
· Heródoto escreveu o tratado “Histórias” e Tucídides o tratado “História da Guerra do Peloponeso”. Os dois autores utilizaram o recurso da “autópsia” na produção dos seus textos.
· “(...) essa é a versão dos persas quanto a tais acontecimentos (...). Mas os fenícios não estão de acordo com os persas a propósito de Io; eles dizem que não a levaram para o Egito à força; ela teve relações sexuais com Argos, o comandante da nau; depois, percebendo que estava grávida, ela envergonhou-se pensando que seus pais iriam perceber o seu estado, e partiu espontaneamente com os fenícios para evitar a descoberta de seu erro (...)”
· “(...) Quanto a mim [Heródoto], não direi a respeito dessas coisas que elas aconteceram de uma maneira ou de outra, mas apontarei a pessoa que, em minha própria opinião, foi a primeira a ofender os helenos, e assim prosseguirei com minha história, falando igualmente das pequenas e grandes cidades dos homens, pois muitas cidades outrora grandes agora são pequenas, e as grandes ao meu tempo eram outrora pequenas. Sabendo, portanto, que a prosperidade humana jamais é estável, farei menção a ambas igualmente.” 
 (HERÓDOTO; 2011, p. 213)
“Vivi a guerra inteira, tendo uma idade que me permitiria formar meu próprio juízo, e seguia-a atentamente, de modo a obter informações precisas. Atingiu-me também uma condenação ao exílio que me manteve longe de minha terra por vinte anos após o meu período de comando em Anfípolis e, diante de minha familiaridade com as atividades de ambos os lados, especialmente aquelas do Peloponeso em consequência de meu banimento, graças ao meu ócio pude acompanhar melhor o curso dos acontecimentos.”
 (TUCÍDIDES; 2013, p. 35)
A partir da análise dos trechos citados e das suas pesquisas sobre o assunto, escreva um texto comparando a aspecto metodológico das narrativas de Heródoto e Tucídides.
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Identificar o contexto histórico presente durante o surgimento do Historicismo e do Positivismo; 
2. compreender o que foi o Historicismo; 
3. entender o que foi o Positivismo; 
4. relacionar e diferenciar historicismo e positivismo; 
5. compreender a relação entre o positivismo e o historicismo e o surgimento da História como disciplina.
Vale lembrar que o século XIX é o período de unificação da Alemanha e da Itália, bem como quando um intenso fluxo de imigrantes sai da Europa vai para América fugindo das guerras e buscando novas oportunidades de trabalho.
As transformações ocorridas na Europa ao longo do século XIX, como a Segunda Revolução Industrial, o Neo colonialismo, o Imperialismo e diversas outras vão proporcionar uma verdadeira transformação no pensamento das ciências, inclusive na História.
Dentro desse contexto até esse período, a história não existia como disciplina.
Ela era estudada junto ao currículo de outras ciências, tais como a teologia ou até mesmo o ensino de letras e não possuía uma teoria e um método autônomos que lhe desse uma identidade ou uma singularidade.
A análise histórica elaborada após o iluminismo e até esse período estava muito relacionada, principalmente, à filosofia da história, que considerava que tanto a natureza quanto o homem tinham uma essência fixa e imutável. 
Para os autores dessa forma de pensamento, entender o homem e sua história seria descobrir natureza humana, sua essência. (sobre mais, veja aula 3).
O racionalismo e o cientificismo em voga na época vão atribuir às ciências ditas exatas e naturais um caráter de maior importância. Não se pode esquecer que esse é um tempo de intensa produção teórica, filosófica, científica, bem como de transformações econômicas e sociais.
Nesse momento, a partir de toda a influência do Iluminismo e das mudanças que vinham ocorrendo, o homem passaria a se enxergar como responsável por suas próprias atitudes, com livre arbítrio.
Um maior afastamento entre ciência e religião tornou-se notável para uma Europa que procurava cada vez mais avançar economicamente e crescer rumo às descobertas da tecnologia e da cientifização, inclusive nos estudos humanos.
É dessa forma que nossa disciplina vai aos poucos ter o seu caráter de ciência fundamentado: contestando a filosofia da história, bem como a história romântica presente nas obras de Michelet.
De acordo com os positivistas, a aplicação do método das ciências exatas possibilitaria o conhecimento das leis da história a partir da análise de dados.
Pode-se afirmar que a construção da História enquanto disciplina deu-se graças ao Historicismo e ao Positivismo, duas teorias que, embora ultrapassadas, precisam ser estudadas a fim de que possamos compreender as suas transformações até chegar às análises presentes nos dias de hoje.
POSITIVISMO => HISTORICISMO
O Positivismo foi uma teoria sociológica fundada por August Comte que passou a buscar nas ações humanas as explicações para diversos fatores sociais, contrariando, sobretudo, a teologia e a metafísica e demonstrando que as explicações para diversos acontecimentos não apareciam apenas para as ciências como a matemática, como até então pregava o racionalismo.
 => As explicações de Comte estavam voltadas para acompreensão de acontecimentos práticos e presentes na vida do homem, como as leis, relações sociais e até mesmo a ética. O autor defendia a valorização do homem e a busca pela paz universal.
 => Não podemos nos esquecer que Comte vivia em uma sociedade marcada por guerras e por fortes contestações das classes operárias.
O Positivismo também ficou conhecido como escola metódica, pois propôs métodos para a História, muito valorizada por Comte e, segundo ele, sua análise permitia compreender melhor os princípios que regeram o destino da humanidade. Somente a partir da história seria possível uma melhor organização da sociedade, através da eliminação de suas mazelas.
Sua teoria positivista para a sociedade era formada a partir da compreensão da existência de três estágios para o desenvolvimento do homem, chamados por ele de estágios da evolução humana, que eram:
O estágio teológico, existente na juventude do desenvolvimento humano.
Metafísico ou abstrato - presente na idade adulta da civilização.
Positivo - alcançado na idade madura também chamada de idade da ciência.
 =>O objetivo dessa filosofia consistia em buscar o conhecimento de leis que deveriam reger o desenvolvimento e o destino da sociedade. 
“Ordem e progresso” - a frase existente na bandeira do Brasil - é um dos conceitos fundamentais dos positivistas, pois, segundo eles, esses conceitos seriam imprescindíveis para a organização de uma sociedade.
 => Os fatos históricos falavam por si mesmos.
Um dos historiadores que representou bem os pensamentos de Comte foi o francês Fustel de Coulanges.
O que significa que, adotando-se os métodos propostos por Comte, a história assumiria um caráter de ciência pura, real e generalista, capaz de criar lições que pudessem ser aprendidas, a fim de que as sociedades futuras não repetissem erros do passado.
Os historiadores positivistas procuravam uma objetividade na metodologia usada para analisar os fatos históricos. Para eles, a história devia ser escrita através de fontes exclusivamente relacionadas a documentos escritos e legitimados pelo Estado.
Para os historiadores, a História precisava separar-se da filosofia da História e da história influenciada pelo romantismo, a fim de que a análise do objeto a ser estudado não sofresse influências de quem estivesse fazendo a pesquisa. A objetivo do fato que, uma vez determinado, não poderia ser desconstruído.
A produção do conhecimento histórico deveria limitar-se a reproduzir a informação tal como estava registrada nas fontes, que para eles eram representadas apenas pelos  documentos oficiais emitidos pelo Estado ou, no máximo, pela igreja, embora as de maior confiabilidade fossem as relacionadas apenas ao Estado, que possuía o real caráter de fonte primária. Os historiadores positivistas trataram especialmente da história dos fatos políticos e ideológicos.
Observa-se que o Positivismo defendia a cientifização do pensamento e do estudo sobre as relações do homem com o objetivo de alcançar resultados gerais e corretos.
Seus defensores acreditavam ser possível a neutralidade do olhar do historiador, ou seja, acreditavam na separação entre sujeito/objeto, o que quer dizer; entre o pesquisador e sua pesquisa.
As fontes estudadas eram vistas como um retrato neutro e verdadeiro de uma determinada realidade, por isso, só seria possível confiar naquelas ligadas ao Estado.
Para o pesquisador positivista, o documento explicava-se por si mesmo, o historiador era necessário apenas para recuperá-lo e publicá-lo, sem a possibilidade de qualquer interpretação pessoal. 
Dessa forma, os procedimentos metodológicos aplicados às ciências naturais tornavam-se possíveis de serem utilizados para uma análise social. 
O historiador, entretanto, deveria manter a total imparcialidade diante de seu objeto de estudo, sendo neutro para que pudesse chegar a uma verdade histórica objetiva.
1 => A análise da forma positivista desse pensamento deveria ser elaborada de forma linear, evolutiva, através da ideia de que o fato histórico estaria presente na linha do tempo e deveria ser analisado cronologicamente.
2 => Os documentos deveriam ser catalogados após uma busca incessante de fatos em fontes primárias e oficiais, dessa forma, o fato seria empírico.
3 => Pregava-se, para uma maior confiabilidade, a utilização de um grande número de documentos. Dessa forma, seria possível a obtenção da totalidade dos acontecimentos passados e não haveria dúvida no tocante à veracidade.
4 => O juízo de valor (ou qualquer análise do historiador) seria condenado, pois alteraria o sentido e a realidade própria dos fatos, modificando, assim, a própria história, que se tornaria comprometida e, portanto, falsa.
Outra escola bem importante para a compreensão da história e da sua consolidação como disciplina foi o Historicismo.
Um de seus representantes mais importantes foi o alemão Leopold Von Ranke, que nasceu durante o século XIX em meio a todo o turbilhão pelo qual passava a Europa e em meio também ao período da Restauração.
Ele foi o primeiro em sua região a contestar os métodos utilizados pelos historiadores românticos, alegando serem, sobretudo, imprecisos.
A criação da História como disciplina é atribuída a Ranke e ele também foi o responsável pela padronização do ofício do historiador através da normatização entre a academia e aquilo que deveria ser considerado história, ou seja, a academia só poderia ensinar aquilo que fosse produzido por ela.
Vale ressaltar que esse autor nasceu na Prússia e viveu entre 1775 e 1886, período em que a Alemanha passou por seu processo de unificação. Assim, sua escrita vai ser marcada pela preocupação em definir e fundar uma história nacional.
De acordo com o historiador Arno Wehling, o Historicismo transformou-se em uma visão de mundo desde a década de 30 do século XIX e, logo, em um método científico e, embora fruto do romantismo, continuou intocado o triunfo do realismo e da ciência. (WEHLING, 1994, p.115)
Pode-se afirmar então que Leopold Von Ranke não foi o único historiador preocupado com o ofício do historiador, podemos citar outros como Ernest Lavisse, Gabriel Monod, Charles Victor Langlois, Charles Seignobos, Gaston Paris, dentre outros.
Entretanto, diferentemente dos franceses, que tinham como se identificar através de fronteiras e limites geográficos, além das características culturais, os alemães não possuíam um território demarcado. (A Alemanha só fez sua unificação em 1871).
Para se identificar, levavam em consideração, sobretudo, o idioma e os interesses econômicos em comum existentes na região. Ranke escreveu diversos trabalhos através de uma abordagem factual, que contribuíram para a formação da identidade alemã e, portanto, também para a própria construção da nação.
 => Seu pensamento, embora bastante influenciado pelo Positivismo, apresentou algumas importantes divergências em relação a este, sobretudo, em se tratando de sua metodologia. Não se pode esquecer também que August Comte, embora tenha dado grande importância à história, não era historiador.
Umas das principais diferenças entre as duas abordagens consistia no fato de que, para Ranke, o historiador possuía contato e, portanto, relação direta com seu objeto de estudo, não havendo a possibilidade de afastamento em relação a ele. Não havia a ideia da imparcialidade absoluta existente no Positivismo.
Ranke almejava alcançar a verdade histórica, chegar o mais próximo possível à realidade dos fatos. 
Para ele, todos os acontecimentos sociais, políticos ou culturais eram históricos e deveriam ser analisados e compreendidos dentro de seus processos. 
De acordo com esse autor, cada período da história era único e deveria ser compreendido em seu próprio contexto.  (Hoje se sabe que não existe VERDADE histórica, mas a possibilidade de a ciência ser refutada e modificada)
Em relação aos documentos, estes deveriam ser o principal objeto de pesquisa, classificação, análise e crítica.
Existiam os documentos narrativos e os documentos de arquivo, estes sim dignos de credibilidade. 
Apenas a documentação escritaera considerada fonte e representavam o próprio passado. 
As fontes primárias eram mais importantes e mais confiáveis do que as secundárias.
Como a história Rankiana estava comprometida com o nacionalismo alemão, não é de se estranhar que a principal abordagem feita pelo autor era a política ou a militar, através da narração de acontecimentos, estratégias e personagens destacados.
Uma das características mais marcantes dessa abordagem, que também ficou conhecida, assim como o Positivismo, como escola metódica, pois buscavam a formação de um método de pesquisa e análise para a História, foi a valorização do discurso do acontecimento, ou seja, a narrativa pela enumeração dos fatos reconstituídos; a chamada história factual.
 => Para Ranke, ao contrário de Comte, existia uma diferença metodológica e epistemológica entre ciências humanas, sociais e as ciências naturais, uma vez que o objeto de estudo de ambas era diferente e não se poderia fazer uma análise idêntica, com os mesmos métodos, de objetos tão diferentes. 
Conforme esse autor, o conhecimento e a pesquisa nunca poderiam ser neutros, pois o sujeito/ historiador faz parte da pesquisa, sendo que tal pesquisa deve estar inserida no curso do processo histórico em evolução
O Historicismo e o Positivismo
Ao longo do século XX, tanto a história positivista como o Historicismo passaram a ser alvos de duras críticas. 
O Positivismo fora criticado pelo próprio Ranke com a introdução da interpretação e a adoção do princípio de que todos os aspectos da sociedade humana estavam sujeitos a mudanças e transformações. 
Mais tarde, com o advento dos historiadores dos Annales, que estudaremos na aula 6, se dará a derrocada do Historicismo, acusado de ser factual, político e limitado no uso de suas fontes de pesquisa.
Veja as diferenças e semelhanças entre o Historicismo e o Positivismo.
Nessa aula você:
· Compreendeu o que foi o positivismo e o historicismo;
· entendeu como a História foi fundada como disciplina.
Introdução ao Estudo da História
Aula 4 => Prof. Rodrigo Perez
O historicismo e o positivismo
O século XIX como o “século da história”
· Como já vimos anteriormente, a história somente se tornou uma disciplina autônoma no século XIX, que, sob o ponto de vista histórico, teve as principais características:
· Os avanços tecnológicos da Segunda Revolução Industrial.
· A expansão neocolonial da Europa sobre a África e Ásia.
· O otimismo em relação à racionalidade científica.
· As unificações da Itália e da Alemanha.
Nesse momento, a ciência era considerada a mais superior das ações humanas. Foi nesse contexto que a análise do passado ganhou um valor científico próprio. 
· Foi nos quadros do historicismo e do positivismo que aconteceu a construção de uma identidade disciplinar para a história. Isso somente foi possível em virtude de três elementos:
· A definição de um objeto de estudos específico.
· A definição de um vocabulário conceitual específico.
· A definição de uma hermenêutica específica.
O positivismo foi um sistema filosófico criado pelo pensador francês Augusto Comte, que definiu a ciência como o principal mecanismo de explicação dos fatos humanos.
· O positivismo propôs métodos para a análise histórica, que era muito valorizada por Comte.
· Um dos principais historiadores a se apropriar do método positivista foi o francês Fustel de Coulanges.
· Referência Importante: HARTOG, François. O caso Foustel de Coulanges. 
Para os historiadores positivistas, a análise histórica deveria se afastar de toda e qualquer subjetividade, aproximando-se, por isso, do padrão de cientificidade das “ciências puras”.
· Outra escola analítica que foi fundamental para definição de uma identidade disciplinar para a história foi o historicismo germânico, representado por autores como Leopold Ranke (1775-1786), que questionou os métodos de análise histórica mobilizados pelo romantismo.
Ranke foi o responsável pela institucionalização acadêmica da história. Ou seja, pela formulação de um currículo, de uma metodologia de ensino e pesquisa e de uma identidade profissional para o historiador.
· A historiografia desenvolvida por Ranke teve perfil político, biográfico e esteve comprometida com a fundação do Estado nacional alemão.
Ranke foi o responsável pela institucionalização acadêmica da história. Ou seja, pela formulação de um currículo, de uma metodologia de ensino e pesquisa e de uma identidade profissional para o historiador.
· A historiografia desenvolvida por Ranke teve perfil político, biográfico e esteve comprometida com a fundação do Estado nacional alemão.
· Além de Ranke, outros pensadores do século XIX estiveram preocupados com a definição de uma identidade científica e disciplinar para história. Entre estes podemos destacar:
· Gabriel Monod, Ernest Lavisse, Charles Seignoboos, Charles Langlois e Gaston Paris.
Podemos destacar também uma segunda geração do historicismo que já apresentou críticas à definição da história como uma ciência pura e objetiva e da documentação como simples “fonte” de informação. Autores como Gustav Droysen, Jacob Burckhardt e Wilhelm Dilthey problematizaram a documentação e apontaram a subjetividade inerente a todo texto historiográfico.
Atividade 4
Atividade
· Apesar de terem sido os modelos analíticos responsáveis pela construção da identidade científica da história, há importantes diferenças entre o positivismo e o historicismo.
 => Foustel de Coulanges (1830-1889) 
 => Leopold Ranke (1795-1886)
· Entre essas diferenças, podemos citar o idealismo do positivismo e o empirismo do historicismo. Faça, portanto, uma pesquisa sobre os escritos historiográficos do idealismo e do empirismo dos historiadores positivistas e historicistas e identifique as diferenças entre esses dois modelos historiográficos.
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Compreender o que foi o marxismo; 
2. identificar o contexto histórico presente durante o período no qual Karl Marx desenvolveu suas principais teorias; 
3. relacionar os pensamentos de Marx com o estudo da História; 
4. entender o que foi o materialismo histórico.
Marx foi um autor muito importante para disciplina da História e em suas obras desenvolveu uma concepção para a teoria da histórica. Sua interpretação acerca dessa disciplina, entretanto, foi muito influenciada pela ideia de filósofos como Saint Simon, Fleuerbach e, sobretudo, Hegel.
Saint Simon => Conde de Saint-Simon nasceu em 17 de outubro de 1760, em Paris, e faleceu em 19 de maio de 1825. Foi economista e filósofo e fundou as bases para o socialismo utópico.
Fleuerbach => Ludwig Andreas Feuerbach nasceu em 28 de julho de 1804 em Landshute e faleceu em Rechenberg, Nuremberg, no dia 13 de setembro de 1872. Foi um filósofo alemão, discípulo de Hegel, que ficou conhecido pela teologia humanista e seu pensamento foi definidor para a construção do pensamento marxista.
Hegel => Para conhecer mais sobre Hegel, veja a aula 4.
Sua noção da história inserida em uma ideia de processo e progresso como algo que surge a partir do próprio desenvolvimento dos acontecimentos. De forma dialética, é bastante Hegeliana, contudo, o autor não se limitou a apenas isso.
Marx trouxe o conceito de Revolução para a História e suas análises foram fortemente influenciadas pelo pensamento positivista que rejeitava conceitos metafísicos ou qualquer ideia parecida com o pensamento hegeliano de “espírito da época”. A concepção histórica marxista voltava-se para fatos reais e concretos da existência humana. 
Dessa forma, observa-se a inovação de Karl Marx em relação à filosofia da história: a criação do materialismo histórico, que trazia um conceito novo para a interpretação dos acontecimentos sociais, pois chamava fatores técnicos e econômicos para a leitura e compreensão da história. Na verdade, o idealismo dialético de Hegel foi lido, criticado e transformado no materialismo dialético.
Para José D’ Assunção Barros, o materialismo histórico de Marx seria o terceiro grande paradigma historiográfico que surgiu no século XIX e quese estende até os dias de hoje como um âmbito teórico em permanente discussão. Ainda de acordo com o autor, trata-se de uma teoria da história cuja influência não se dá à própria historiografia marxista, mas em relação a várias correntes historiográficas, uma vez que diversos dos conceitos consolidados pelo materialismo histórico são hoje parte integrante de repertório da comunidade de historiadores como um todo.
BARROS, José D´Assunção. Teoria da História: paradigmas revolucionários. Rio de Janeiro: Vozes, 2011. P.17.
Segundo a concepção da história de Hegel, existia a ideia de um espírito absoluto nas sociedades, que tornou a humanidade apenas uma massa que o possuía e o transportava de forma consciente e inconsciente, por isso, a história da humanidade, para Hegel, estava além da história do homem real, trazia uma ideia metafísica. 
Marx, crítico dessa concepção, partia da premissa de que toda a história humana é baseada na existência de indivíduos humanos e vivos, e acredita que é fundamental essa compreensão, a fim de que se possa entender a relação existente entre o homem e a natureza.
Para o autor, é a partir dessa percepção que se pode distinguir inclusive o homem da natureza, pois se torna possível perceber que o ser humano apresenta uma concepção de religião e, mais importante, a noção da necessidade de produção do seu meio de subsistência, ou seja, de sua vida material.
Enquanto Hegel propunha um sistema de compreensão da sociedade e do mundo dialético e idealista, Marx formulava sua visão de mundo a partir de um sistema dialético e materialista. De acordo com o historiador José D’Assunção Barros, esse esquema representa uma síntese dos fundamentos e conceitos centrais do materialismo histórico.
A partir da compreensão do esquema e de suas explicações, percebe-se que para Marx a concepção de história localizava-se em duas dimensões diferentes, mas relacionadas: a “História da Luta de classes” e a “História da sucessão dos modos de produção”.
Ao fazer essa leitura, em pleno século XIX, no qual predominava uma visão de história ligada a Escola metódica, Marx inaugurava uma nova abordagem historiográfica que trazia a importância da leitura social e econômica e não apenas política para a historiografia.
A partir de agora, você conhecerá alguns dos conceitos mais importantes trabalhados por Marx e Engels e que passaram a compor o materialismo histórico.
O conceito de modo de produção
Marx acreditava que a produção do meio de subsistência de uma sociedade dependia das características dos meios de subsistência já existentes em determinada organização. Dessa maneira, se torna possível compreender de que forma os indivíduos são, pois sua existência estaria ligada à produção. 
Assim, é imprescindível compreender o que produzem e como produzem. Dessa forma, se torna possível entender quais são as condições materiais de produção que possibilitam a existência e permanência no mundo de determinada organização social.
Cada fase da história possui um resultado material reflexo do somatório de forças de produção, criados entre os indivíduos e a sua relação com a natureza. 
Nesse sentido, cada sociedade herda daquela que a precedeu características produtivas, as transforma e assim o processo histórico se dá evolutivamente em um caráter sucessivo, pois a geração seguinte também herdará determinadas características produtivas e a transformará para as próximas. 
O autor inova com esse pensamento, pois traz para a análise histórica a importância da relação entre o homem e a natureza que, segundo ele, teria sido deixada de lado por outros historiadores preocupados apenas com a política e as sucessões religiosas.
O conceito de modo de produção surge, assim, a partir da combinação entre as forças de produção e as relações de produção existentes em uma sociedade. Para explicar esses conceitos, José D’Assunção Reis utiliza como exemplo o mundo medieval - o chamado “modo de produção feudal” constituído por “relações de produção” e “forças de produção” bem específicas.
No campo das forças de produção estariam a materialidade e força vital, toda a tecnologia e modos de apropriação da natureza e otimização do trabalho de que dispunha o homem medieval para reproduzir a existência de uma sociedade diante das condições que lhe eram oferecidas.
Constituem, por exemplo, a totalidade das “forças de produção” o arado e a charrua. Os meios de produção seriam os ambientes dos quais os homens medievais poderiam extrair materiais para a sua própria vida e também transformar em ambientes para o seu trabalho e, por fim, os “agentes de produção”, coincidiam com a sociedade que trabalhava, no caso da Idade Média, de forma simplificada, os servos.
Instrumentos, técnicas, meios e agentes de produção estão sempre em expansão, às vezes em ritmo mais lento, às vezes em ritmo mais acelerado. 
A certa altura, com a invenção de novas técnicas, ocorre uma melhoria da agricultura que causaria excedentes e melhoria na qualidade de vida, possibilitando com que a quantidade de trabalhadores camponeses fosse diminuindo, abrindo a possibilidade para o desenvolvimento de outras atividades, como o comércio. Isso possibilitaria um desenvolvimento cada vez maior da vontade de transformações nas relações de produção e logo essa organização social teria que dar lugar à outra.
Classes sociais e lutas de classes
Observe essa citação de Karl Marx existente no Manifesto Comunista:
“A história de todas as sociedades, até hoje, têm sido a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, membro especializado das corporações e aprendiz, em suma, opressores e oprimidos estiveram permanentemente em oposição; travaram uma luta sem trégua, ora disfarçada, ora aberta, que terminou sempre com a transformação revolucionária da sociedade inteira ou com o declínio conjunto das classes em conflito.”.
 (MARX; ENGELS. Manifesto Comunista, 1848)
No trecho que você acabou de ler estão presentes alguns dos principais conceitos para o paradigma marxista: “classe social”, “luta de classe” e “consciência de classe”, pois é a partir deles que se pode perceber como a história caminha, pois são os verdadeiros agentes da história. 
O modo de produção e as suas transformações estão associados ao macro e à longa duração. Já as relações entre os seres humanos, a relação entre os grupos sociais estaria mais ligada a uma média duração, embora a história desses grupos estivesse diretamente relacionada ao desenvolvimento dos modos de produção.
De acordo com José D’Assunção Barros:
“Uma classe social’, ao menos em uma perspectiva possível, ocupa sempre uma posição específica no “modo de produção”, na formação social a ser examinada. Sua História - a das classes sociais em confronto, aliança e luta- é ditada por um ritmo histórico mais agitado: ela se agita a partir de eventos, assiste à eclosão de revoluções, vê-se atravessada por manifestações ideológicas que podem assumir a forma de produtos culturais específicos.
As lutas dão-se nas ruas, nas relações de trabalho, no confronto cotidiano, mas também por meio de textos, discursos, preconceitos, permanências e inovações. 
O modo de produção é estrutura e cenário para a atuação das classes sociais, verdadeiros sujeitos da história, de acordo com as proposições que fundamentam o Materialismo Histórico.”
Para Marx e Engels, as sociedades são divididas em classes sociais, onde existem as classes dominantes e as classes oprimidas. As ideias das classes dominantes são, para ele, em todas as épocas, as ideias dominantes, ou seja, a classe que controla os meios de produção e a força material dominante também é a que controla a força dominante intelectual e os indivíduos que possuem essa dominação têm a consciência disso.
Embora esses autores não tenham sido os primeiros a formularem essa ideia de classe social, foram eles os primeiros a analisá-las à luz do materialismo histórico, onde o indivíduo possui a consciência de pertencimento a um determinadogrupo, diferenciando-se de outro. Na verdade, a ideia de classe social está diretamente relacionada a estratificação social, fruto da divisão do trabalho e da posse dos meios de produção. A existência desse conceito também está ligada a hierarquia e posse de status, privilégios, distribuição de bens, ligação com poder etc.
A definição segundo a concepção marxista para classe seria a de que elas se constituem a partir das relações de produção e são fortemente marcadas pela dicotomia entre os detentores dos meios de produção e os que vendem a força de trabalho, que são representados no capitalismo burguesia e proletariado. O fator econômico é a característica central dessa definição de classe.
Mas, a classe não surge a partir do nada, ela é resultado de experiências comuns (herdadas ou partilhadas) de homens e mulheres e que, a partir desses elementos, geram a identidade de seus interesses entre si.
Da mesma forma, esse grupo que se forma ao redor da classe é contra outros homens cujos interesses diferem dos seus.
Para o autor inglês Eduard Thompson, a experiência de classe é determinada, em grande medida, pelas relações de produção nas quais os homens nasceram – ou entraram involuntariamente.
A consciência de classe é o resultado dessas experiências. “Se a experiência aparece como determinada, o mesmo não ocorre com a consciência de classe. Podemos ver uma lógica nas reações de grupos profissionais semelhantes que vivem experiências parecidas, mas não podemos predicar nenhuma lei. A consciência de classe surge da mesma forma em tempos e lugares diferentes, mas nunca exatamente da mesma forma.”
THOMPSON, E.P. A Formação da Classe Operária Inglesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. v. 1. A árvore da liberdade. 
 http://www.sinprorp.org.br/clipping/2008/081.htm
Marx produziu uma excelente e inovadora resposta ao contexto 
histórico que vivia. Tendo tido a experiência de ver os resultados da revolução industrial, ele articulou as características do pensamento filosófico do século XIX com um detalhado estudo sobre economia. Desta forma, Marx produziu uma proposta filosófica para dar resposta ao seu tempo, mas que continua influenciando vários autores ainda hoje. 
A atualidade de Marx permanece, mesmo sendo um pensador do século XIX. O modo de produção capitalista ainda predomina. Assim, a crítica de Marx foi tão contundente ao sistema capitalista que ainda não foi suplantada.
Nessa aula você:
· Compreendeu o que foi marxismo;
· entendeu quais foram as principais teorias escritas por Marx e qual importância destas para a História;
· identificou o que foi o materialismo histórico
Introdução ao Estudo da História
Aula 5 => Prof. Rodrigo Perez
O marxismo e a história
Karl Marx foi um dos pensadores mais importantes dos tempos modernos. Geralmente, conhecemos Karl Marx como o fundador do socialismo científico, que no Século XX se tornou o modelo social alternativo e rival ao capitalismo.
· Entretanto, o “Marx socialista” somente surge como maior clareza após 1844, quando da publicação do “Introdução crítica à filosofia do direito de Hegel”. Antes de qualquer coisa, Karl Marx foi um dos maiores especialistas na compreensão da realidade capitalista. É exatamente esse o objetivo da principal obra do pensamento marxista: o volume “O Capital”.
· Após uma rigorosa análise filosófica, sociológica e histórica do sistema capitalista, Marx chegou à conclusão de que essa realidade não é a ideal para a consolidação da felicidade humana. A partir dessa constatação, esse pensador alemão propôs um sistema social alternativo: o socialismo. 
A análise marxista da realidade capitalista
· Para Karl Marx, o capitalismo começou a surgir como possibilidade histórica no século XIV no espaço rural inglês, quando, através do fenômeno dos enclosures, teve início o processo de “acumulação primitiva do capital”.
· A partir disso, de acordo com as análises de Marx, o capitalismo se desenvolveu, tornando-se um sistema sócioeconômico contraditório e fundamentado em um conflito irremediável: a dialética da luta entre as classes.
· Classe social: O lugar ocupado pelo sujeito na super-estrutura produtiva.
· Para Marx, o capitalismo é um sistema condenado ao término, que acontecerá em algum momento futuro, quando o proletariado, na qualidade de sujeito coletivo da história, se tornar capaz de romper com a ideologia, conhecer a verdade elementar da exploração capitalista e conduzir a revolução socialista.
· * Ideologia: Os recursos discursivos mobilizados pela classe dominante para mascarar a exploração do proletariado pela burguesia.
A filosofia Marxista da História
· A reflexão que Marx desenvolveu a respeito da história e do conhecimento histórico é marcada pela influência e alguns filósofos, tais como Saint Simon, Fleuerbach e Hegel.
· Para Marx, a história do capitalismo é um processo impulsionado por uma força meta-histórica: a dialética da luta entre as classes.
· Para Marx, a história do capitalismo tem um “telos”, um desfecho previsível, quando em algum momento do futuro, o proletariado, agindo como sujeito coletivo da história, irá promover a revolução socialista.
· Apesar de ter sido fundamental para a construção do pensamento marxista, o idealismo Hegeliano foi criticado por Karl Marx.
· Para Hegel, o processo de conhecimento das “verdades” do mundo natural é efetivado no plano da abstração teórica. Já para Marx, a ação epistemológica deve ser prática e interessada na interpretação dos condicionamentos materiais da existência.
Os desdobramentos historiográficos do Marxismo
· As ideias de Karl Marx ecoaram entre os historiadores profissionais e se desdobraram em diversas propostas de reflexão histórica que têm em comum um leque de interesses: as estruturas sociais e econômicas, os movimentos sociais, as identidades de classe e etc.
· Entre os desdobramentos historiográficos do marxismo podemos destacar: as análises de Edward Thompson, Antônio Gramsci, Eric Hobsbawm, Michel Volvelle e os intérpretes da Escola de Frankfurt.
Atividade 5
“Em algum momento futuro, o proletariado, agindo como sujeito coletivo da história, fará surgir em lugar da velha sociedade burguesa, com suas classes, uma associação em que o livre desenvolvimento de cada um será a condição para o livre desenvolvimento de todos.”
 (Karl Marx; 1848)
- A análise do fragmento nos permite considerar o marxismo um dos desdobramentos das utopias modernas. Discuta essa afirmação.
Introdução ao Estudo da História
Aula 5 prof: Rodrigo Perez
O marxismo e a história
Karl Marx foi um dos pensadores mais importantes dos tempos modernos. Geralmente, conhecemos Karl Marx como o fundador do socialismo científico, que no Século XX se tornou o modelo social alternativo e rival ao capitalismo.
· Entretanto, o “Marx socialista” somente surge como maior clareza após 1844, quando da publicação do “Introdução crítica à filosofia do direito de Hegel”. Antes de qualquer coisa, Karl Marx foi um dos maiores especialistas na compreensão da realidade capitalista. É exatamente esse o objetivo da principal obra do pensamento marxista: o volume “O Capital”.
· Após uma rigorosa análise filosófica, sociológica e histórica do sistema capitalista, Marx chegou à conclusão de que essa realidade não é a ideal para a consolidação da felicidade humana. A partir dessa constatação, esse pensador alemão propôs um sistema social alternativo: o socialismo. 
A análise marxista da realidade capitalista
· Para Karl Marx, o capitalismo começou a surgir como possibilidade histórica no século XIV no espaço rural inglês, quando, através do fenômeno dos enclosures, teve início o processo de “acumulação primitiva do capital”.
· A partir disso, de acordo com as análises de Marx, o capitalismo se desenvolveu, tornando-se um sistema sócioeconômico contraditório e fundamentado em um conflito irremediável: a dialética da luta entre as classes.
· Classe

Outros materiais