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Mas lim θ→0 L cos(θ) = L e como l2 ≥ l1 > L, enta˜o lim θ→0 1 sin(θ) · (l2 − L cos(θ) ) = lim θ→0 1 sin(θ) = +∞. Quando θ se aproxima de pi 2 pela direita enta˜o e´ o sin(θ) que se aproxima de 1 e o cos(θ) se aproxima de 0. Analogamente com o caso anterior, se obte´m: lim θ↗pi 2 (d1 + d2)(θ) = lim θ↗pi 2 1 cos(θ) = +∞. Tambe´m se pode avaliar (d1 + d2) ′′(θ0) e o valor da´ positivo. Uma questa˜o aparece naturalmente: Questa˜o 1: havera´ outro modo de resolver o problema com L > 0 em que a soluc¸a˜o (θ0) seja dada por um expressa˜o exata ? Um Exemplo: a figura a seguir da´ a func¸a˜o P1P2(θ), para um objeto de largura L = 1, quando l1 = 1.2, l2 = 2.4. Nesse caso o ponto θ0 onde P1P2 ′ (θ0) = 0 e´ θ0 ≈ 1.065134018 e o valor ma´ximo de comprimento do objeto e´ 2.860890636 (plotado como reta horizontal em verde). 8. MA´XIMOS E MI´NIMOS: O PROBLEMA DO FRETEIRO 198 2,94 2,9 2,92 1,15 2,88 2,86 x 1,21,11 1,050,950,9 Outra questa˜o e´ natural: Questa˜o 2: Qual a modelagem matema´tica do problema em dimensa˜o 3 ? Ou seja, quando damos largura e espessura fixadas, mas podemos girar o objeto no espac¸o ? Dito de outro modo, o que fazer quando queremos passar um objeto como uma escada bem comprida numa esquina ? 8.3. A´rea ma´xima do retaˆngulo que dobra a esquina? Qual a a´rea ma´xima de uma figura retangular que consiga dobrar a esquina, no caso l1 = l2 = 1 ? Se a figura e´ um quadrado de lado l e´ fa´cil de ver que l = 1 e´ o ma´ximo, como na Figura a seguir. C 1 1 Portanto a a´rea ma´xima de um quadrado que dobra essa esquina e´ 1. Mas, e se fosse um retaˆngulo na˜o-quadrado ? Como antes vou imaginar os retaˆngulos se apoiando em C. Pela simetria (l1 = l2 = 1 e o aˆngulo reto na esquina), posso pensar que a figura retangular que se apoia em C e´ formada de duas partes de mesma a´rea e formato, uma para a direita de C e outra para a esquerda de C. CAPI´TULO 14. DERIVADA DA COMPOSIC¸A˜O DE FUNC¸O˜ES 199 Ademais, para um mesmo per´ımetro, o quadrado e´ o retaˆngulo de maior a´rea (ver Exerc´ıcio 10.10). Por isso, imagino a` esquerda de C um quadrado de lado l e a` es- querda de C, outro, tambe´m de lado l, formando enta˜o um retangulo de comprimento 2l e largura l. Veja a Figura: P 2 C P 1 l l l l Agora continuo o lado da figura, de modo a obter triaˆngulos como na figura que segue: θ θ P 1 C P 2 l r l 1 l l Dos triaˆngulos formados obtemos: 1 l + r = sin(θ) e l r = tan(θ). Logo r = l tan(θ) e l + r = 1 sin(θ) , ou seja: l · (1 + 1 tan(θ) ) = 1 sin(θ) de onde: l(θ) = tan(θ) sin(θ) · (1 + tan(θ)) , 8. MA´XIMOS E MI´NIMOS: O PROBLEMA DO FRETEIRO 200 Se encontramos um mı´nimo dessa func¸a˜o l(θ), para 0 < θ < pi 2 , esse sera´ o imped- imento a passar a figura retangular pela esquina, ou seja, dara´ o ma´ximo da medida l do retaˆngulo (e com esse valor saberemos a a´rea ma´xima da figura retangular). Mas l′(θ) = sin(θ)− cos(θ) 1 + 2 · sin(θ) cos(θ) . Claramente, para 0 < θ < pi 2 : l′(θ) = 0 ⇔ sin(θ) = cos(θ)⇔ θ = pi 4 . Como limθ→0 11+tan(θ) = 1, enta˜o lim θ↘0 l(θ) = lim θ↘0 tan(θ) sin(θ) = lim θ↘0 1 cos(θ) = 1, e como limθ→pi 2 1 sin(θ) = 1, enta˜o lim θ↗pi 2 l(θ) = lim θ↗pi 2 tan θ 1 + tan(θ) = 1. Enta˜o l( pi 4 ) = 1√ 2 e´ o mı´nimo global de l(θ). Veja a Figura: 0,9 0,85 0,8 0,75 theta 1,41,210,80,40,2 0,6 Figura: Gra´fico de y = l(θ), θ ∈ (0.1, pi 2 − 0.1), onde pi 4 ≈ 0.78 Portanto a a´rea ma´xima da figura retangular que dobra a esquina e´: 2 · ( 1√ 2 )2 = 1, a mesma que encontramos para o quadrado de a´rea ma´xima que dobra essa esquina. Esta´ ainda um problema em aberto determinar a a´rea ma´xima da figura capaz de dobrar a esquina, mesmo no caso l1 = l2 = 1, se deixamos livre o formato da figura. Ou seja, valem figuras feitas de pedac¸os distintos, alguns curvados , etc. CAPI´TULO 14. DERIVADA DA COMPOSIC¸A˜O DE FUNC¸O˜ES 201 Ha´ cotas ma´ximas para a a´rea, mas na˜o se obteve ainda explicitamente uma figura da qual se possa dizer: e´ esta ! E´ conhecido na literatura como o problema do sofa´. 8.4. O caso L ≈ 0, mas com uma parede suave. Retomo o caso em que L ≈ 0 e ainda na situac¸a˜o bem simples em que l1 = l2 = 1. Coloque a Figura de um corredor que dobra em aˆngulo reto num sistema de coordenadas cartesianas (x, y) de modo que: • o ponto C seja C = (1, 1), • a parede vertical externa fac¸a parte da reta x = 0, • a vertical interna, de x = 1, • a parede horizontal externa fac¸a parte de y = 2 e • a vertical interna, de y = 1. Imagine agora que as paredes internas (vertical e horizontal) da Figura sejam derrubadas e substitu´ıdas por uma parede suave, curvada, que fac¸a parte do gra´fico de: y = f�(x) := 1− � 1− x, x > 1, onde sempre � > 0. A figura a seguir mostra o que acontece para treˆs escolhas de �: Gra´ficos de y = 1− � 1−x com � = 1 (vermelho) � = 0.5 (verde), � = 0.2 (amarelo), y = 1 em azul Diminuindo � o gra´fico de y = 1− � 1−x vai se apertando sobre a parede horizontal interna (em azul y = 1): de fato, cada x > 1 fixado, f�(x) > f�′(x), se � < � ′. E tambe´m e´ claro que, fixado qualquer � > 0, lim x→+∞ f�(x) = 1 Note que se � 6= 0, ainda que pequeno, a func¸a˜o e´ deriva´vel e f ′�(x) = � (x− 1)2 . 8. MA´XIMOS E MI´NIMOS: O PROBLEMA DO FRETEIRO 202 Enta˜o lim x↘1 f ′�(x) = +∞, o que mostra que os gra´ficos de f� va˜o ficando cada vez mais verticais pro´ximos de x = 1. Voceˆ tambe´m pode escrever a partir de f�(x): (y − 1) · (x− 1) = −�, o que mostra que quando �→ 0 obtemos2: (y − 1) · (x− 1) = 0 que e´ a unia˜o de retas x = 1 e y = 1. Ou seja que as paredes internas foram substitu´ıdas por um curvada como na Figura a seguir (fixado um �) e que a medida que o � fica pequeno mais vai ficando pro´xima da parede interna original em formato de letra L. O Problema agora para o freteiro: Problema: passar a maior vara poss´ıvel, sem entorta´-la, possivelmente apoiando a vara em algum ponto da parede interna suavizada. A soluc¸a˜o que proponho e´ a seguinte: Estrate´gia: usar a resposta do caso original, com parede em forma de letra L, para solucionar o caso em que a parede e´ suave Comecemos com l1 = l2 = 1 (depois passo ao geral, l1, l2 quaisquer). Quero encontrar o ponto C� = (x, f�(x)) e a inclinac¸a˜o da vara V em C� tais que seja minimizada a distaˆncia P1P2 onde P1 := V ∩ (x = 0) e P2 := V ∩ (y = 2). 2A curvatura κ� desses gra´ficos e seu limite quando �→ 0 sera˜o estudados na Sec¸a˜o 7 do Cap´ıtulo 28 CAPI´TULO 14. DERIVADA DA COMPOSIC¸A˜O DE FUNC¸O˜ES 203 Meu candidato a ponto C� sera´ o ponto (x�, f�(x�)) do gra´fico de y = f�(x) que tem f ′�(x�) = ( l2 l1 ) 1 3 = 1 ja´ que a soluc¸a˜o do caso original era em θ0 = arctan(( l2 l1 ) 1 3 ) = arctan(1) = pi 4 . E as retas que se apoiam na parede curvada sera˜o as suas retas tangentes. As soluc¸o˜es de f ′�(x) = 1 sa˜o 1 + �1/2 e 1−√�. Fico apenas com x� := 1 + √ �, pois a outra soluc¸a˜o esta´ a` esquerda da reta x = 1. As retas tangentes de y = f�(x) num ponto geral (x, f�(x)) sa˜o: y = � (x− 1)2 · x+ x2 − 2(1 + �) · x+ 1 + � (x− 1)2 . e em particular em (x�, f�(x�)) a reta tangente e´: y = x− 2�1/2. A intersecc¸a˜o de y = x− 2√� com y = 2 e´ o ponto: P2 := (2 + 2 √ �, 2) enquanto que a intersecc¸a˜o dela com x = 0 e´: P1 := (0,−2 √ �). A distaˆncia P1P2 e´ (para l1 = l2 = 1): m� := √ (2 + 2 √ �)2 + (2 + 2 √ �)2 = √ 2 · √ (2 + 2 √ �)2, e note que lim �→0 m� = 2 √ 2 ≈ 2.828427124, o comprimento da diagonal do quadrado de lado 2, soluc¸a˜o do caso