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origem, ou na˜o. Exerc´ıcio 6.6. Considere a Figura a seguir, que da´ o gra´ficos de f(x) = arctan(x) (func¸a˜o inversa da tangente), de sua derivada f ′(x) = 1 1+x2 (assuma que sua derivada CAPI´TULO 16. FUNC¸O˜ES INVERSAS E SUAS DERIVADAS 233 e´ essa) e de sua segunda derivada f ′′(x), restritas ao eixo positivo x > 0. 1 0 0,5 2,5 -0,5 x 3,5321 1,50,50 Vemos que o gra´fico de f ′(x) = 1 1+x2 tem um ponto de inflexa˜o, ou seja, onde as inclinac¸o˜es de suas tangentes tem um mı´nimo e depois va˜o aumentando, ficando cada vez mais pro´ximas de zero quando x >> 1. Dito de outro modo, um ponto onde a segunda derivada f ′′(x) = (f ′(x)′) teˆm um mı´nimo. Para encontrar onde e´ esse mı´nimo de f ′′(x), calcule pela regra do quociente a terceira derivada f ′′′(x) e procure por seus zeros ! (Va˜o ser duas soluc¸o˜es, uma positiva e outra negativa, pois o gra´fico de f ′(x) = 1 1+x2 e´ sime´trico em relac¸a˜o ao eixo dos y). Exerc´ıcio 6.7. Considere a func¸a˜o g : (−1, 1)→ R dada por g(y) = y 1− y , se y ∈ [0, 1), g(y) = y 1 + y , se y ∈ (−1, 0]. (Chamo a varia´vel de y pois foi assim que a vimos na Parte 1 do Curso). Ja´ vimos que g e´ uma tremenda expansa˜o, pois a imagem do intervalo pela g e´ toda a reta R ! Prove que a derivada da g em y ∈ [0, 1) e´ 1 (1−y)2 e que a derivada da g em y ∈ (−1, 0] e´ de 1 (1+y)2 . Chamamos essas derivadas de taxas de expansa˜o. Exerc´ıcio 6.8. Comprove geometricamente que: arccos(x) = − arcsin(x) + pi 2 , ∀x ∈ [−1, 1]. Para isso: i) fac¸a o gra´fico qualitativamente correto do seno restrito a [−pi 2 , pi 2 ], ii) reflita o gra´fico de i) na diagonal para obter o de arcsin. iii) reflita no eixo dos x o gra´fico de ii) para obter o de − arcsin iv) Translade o gra´fico de iii) verticalmente por pi 2 para obter o de − arcsin+pi 2 . v) reflita o gra´fico de iv) na diagonal para obter um gra´fico qualitativamente correto do cosseno a [0, pi]. Exerc´ıcio 6.9. Descreva de modo qualitativamente correto a curva x 1 2 + y 1 2 = a 1 2 , para a > 0 fixado e x, y ≥ 0. Para isso mostre que: i) y = y(x) = (a 1 2 −x 12 )2 e´ deriva´vel para 0 < x ≤ a e tem y′(x) ≤ 0 em 0 < x ≤ a. ii) y′(a) = 0, ou seja, o gra´fico tangencia o eixo x em x = a. iii) por simetria se obte´m o mesmo tipo de fenoˆmeno para x = x(x) = (a 1 2 − y 12 )2. 6. EXERCI´CIOS 234 iv) a inclinac¸a˜o da curva no ponto (a 4 , a 4 ) e´ −1. v) sempre o gra´fico y = y(x) tem concavidade para cima. Exerc´ıcio 6.10. Se algue´m pede para trac¸armos qualitativamente o gra´fico de y = x6 − 6x4 + 9x2 pode parecer muito dif´ıcil. Mas se notamos que y = x6 − 6x4 + 9x2 = (x3 − 3x)2 enta˜o o que aprendemos na prova da Afirmac¸a˜o 2.1 torna a tarefa fa´cil, desde que saibamos o de y = x3 − 3x. CAP´ıTULO 17 Taxas relacionadas Uma utilidade da regra da derivada da composta e´ a de permitir estabelecer de modo quantitativamente exato como a variac¸a˜o de uma grandeza afeta a variac¸a˜o de outra. 1. Como varia um aˆngulo Vou considerar primeiro uma interessante aplicac¸a˜o da derivada do arcotangente, que vimos no Cap´ıtulo anterior. Um objeto tem posic¸a˜o P (t) = (x(t), y(t)) no plano em cada instante t. Ambas coordenadas podem mudar com o tempo e suas velocidades em cada instante - suas derivadas - sa˜o denotadas x′(t) e y′(t) (que suponho existem). Na origem algue´m observa o objeto com uma caˆmera e o aˆngulo anti-hora´rio que a caˆmera faz com o eixo dos x sera´ denotado θ(t). Que suponho e´ uma func¸a˜o deriva´vel de t. Como mostra a figura, onde o vetor em preto da´ a posic¸a˜o em cada instante e o vetor em vermelho indica a velocidade em cada instante: A questa˜o e´: como muda a caˆmera quando o objeto muda de posic¸a˜o ? Ou seja, como x′(t) e y′(t) e a posic¸a˜o do objeto em cada instante afetam θ′(t) ? Supondo para simplificar que x(t) > 0, y(y) ≥ 0 e 0 ≤ θ(t) < pi 2 ∀t, enta˜o: θ(t) = arctan( y(t) x(t) ). Derivo em t, pela regra da composta: θ′(t) = arctan′( y(t) x(t) ) = 1 1 + ( y(t) x(t) )2 · (y(t) x(t) )′(t) = 235 2. COMO VARIA UMA DISTAˆNCIA 236 = y′(t) · x(t)− y(t) · x′(t) x(t)2 + y(t)2 . Essa fo´rmula da´ va´rias informac¸o˜es, que servem para resolver va´rios problemas pra´ticos: • se o objeto se move apenas verticalmente, enta˜o x ≡ x > 0, x′(t) ≡ 0 e quando esta´ numa altura y(t) num instante t: θ′(t) = y′(t) · x x2 + y(t)2 , o que se simplifica ainda mais quando y(t) = 0 para: θ′(t) = y′(t) x . • se o objeto se move apenas horizontalmente, enta˜o y ≡ y ≥ 0, y′(t) ≡ 0 e quando esta´ numa posic¸a˜o x(t) num instante t: θ′(t) = −y · x′(t) x(t)2 + y2 . • quando o objeto se move radialmente temos: y′(t) x′(t) = y(t) x(t) e enta˜o: θ′(t) = 0. • quando objeto se move num c´ırculo de raio r > 0 centrado na origem enta˜o: θ′(t) = y′(t) · x(t)− y(t) · x′(t) r2 . Ha´ va´rios modos de descrever esse movimento, por exemplo com: (x(t), y(t)) = (r · cos(k · t) , r · sin(k · t)), k ∈ R pois claramente x2(t)+y2(t) ≡ r2. Enta˜o nesse caso teremos, usando de novo a regra da derivada da composta: θ′(t) = y′(t) · x(t)− y(t) · x′(t) r2 = k, ∀t 2. Como varia uma distaˆncia Imagine dois objetos cujas posic¸o˜es P1 = (x1(t), y1(t)) e P2 = (x2(t), y2(t)) variam ao longo de segmentos de retas c1 e c2 que se encontram em aˆngulo α (constante) num ponto I, como na figura a seguir: CAPI´TULO 17. TAXAS RELACIONADAS 237 α P P2 1 I c d c 1 2 A questa˜o e´: como variam as distaˆncias relativas umas a`s outras ? Denoto d(t) a distaˆncia entre P1 e P2. Temos pela lei dos cossenos (Afirmac¸a˜o 3.1, na pro´xima Sec¸a˜o): d2(t) = c21(t) + c 2 2(t)− c1(t) · c2(t) cos(α). Note que se α = pi 2 (aˆngulo reto) o tamanho d(t) e´ o que se espera por Pita´goras. Se 0 < α < pi 2 (aˆngulo agudo) enta˜o d(t) fica menor que o que se espera por Pita´goras, mas se pi 2 < α < pi (aˆngulo obtuso) enta˜o d(t) fica maior que o que se espera por Pita´goras. Enta˜o: 2 · d(t) · d′(t) = 2 · c1(t) · c′1(t) + 2 · c2(t) · c′2(t)− [c′1(t) · c2(t) + c1(t) · c′2(t)] · cos(α), ou seja: d′(t) = c1(t) · c′1(t) + c2(t) · c′2(t)− cos(α)2 · [c′1(t) · c2(t) + c1(t) · c′2(t)] d(t) . Essa fo´rmula se presta para resolver va´rios problemas pra´ticos, mesmo em casos bem particulares: • Se c2(t) ≡ C e α = pi 2 . Enta˜o c′2(t) ≡ 0 e cos(α) = 0 e obtemos da expressa˜o acima: 2 · d(t) · d′(t) = 2 · c1(t) · c′1(t), ou seja, d′(t) = c1(t) d(t) · c′1(t). • quando uma escada desliza ao longo de uma parede enta˜o d(t) ≡ d > 0 e´ o tamanho da escada e α = pi 2 . Enta˜o a expressa˜o acima vira: 0 = c1(t) · c′1(t) + c2(t) · c′2(t) que diz como o aumento/diminuic¸a˜o da posic¸a˜o de um extremo repercute no outro extremo da escada. 3. LEI DOS COSSENOS E PRODUTO ESCALAR DE VETORES 238 3. Lei dos cossenos e produto escalar de vetores Falta explicar de onde surge a: Afirmac¸a˜o 3.1. (Lei dos cossenos) Considere um triaˆngulo 4ABC com aˆngulo α em A. Enta˜o BC2 = AB2 + AC2 − 2 · AB · AC · cos(α). Demonstrac¸a˜o. Como para aˆngulo reto a fo´rmula e´ o Pita´goras, o correto seria considerar aˆngulos agudos e obtusos. Por brevidade considero apenas o caso de aˆngulo agudo α e deixo o caso de obtuso como exerc´ıcio para o leitor. Escolho H no segmento AC tal que BH seja ortogonal a AC em H , como mostra a figura: α A B H C Enta˜o Pita´goras se aplica em dois triaˆngulos retaˆngulos: AB2 = BH2 + AH2 e BC2 = BH2 + CH2. De onde: BC2 − AB2 = CH2 −AH2. Mas CH = CA−AH e portanto: BC2 − AB2 = (CA2 − 2 · CA · AH + AH2)−AH2 = CA2 − 2 · CA · AH, ou seja: BC2 = AB2 + AC2 − 2 · AC · AH. Para terminar note que: AH = AB · cos(α). � A lei dos cossenos embasa as propriedades