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Programa de Pós-Graduação a Distância Curso de Pós-Graduação lato sensu em FARMACOLOGIA Pós-graduando: EAD – Educação a Distância Parceria entre Portal Educação e Sites Associados 2 Programa de Pós-Graduação a Distância Curso de Pós-Graduação lato sensu em FARMACOLOGIA Módulo IV Farmacologia do Sistema Nervoso Central Disciplina: Hipnóticos e Sedativos; Ansiolíticos; Antidepressivos; Opioides; Tratamento do Mal de Alzheimer e Mal de Parkinson; Anticonvulsivantes; Neurolépticos. 3 1 INTRODUÇÃO A Psicofarmacologia é a parte da Farmacologia voltada para o estudo dos efeitos das drogas que atuam no Sistema Nervoso Central, ocasionando alterações das funções mentais, principalmente relacionadas ao humor, emoções e atividade psicomotora. Os Psicotrópicos são fármacos que atuam no Sistema Nervoso Central que, de alguma maneira, modificam o funcionamento do cérebro. 1.1 PSICOFÁRMACOS Segundo a Psicofarmacologia, droga é qualquer substância capaz de promover algum tipo de alteração nos processos biológicos. Já o fármaco é uma droga com ação biológica que faz parte da composição de um medicamento. A classificação dos psicofármacos é baseada em vários critérios como: estrutura química definida, efeitos clínicos, efeitos adversos, dentre outros. Uma maneira de classificar os psicofármacos englobando a maioria das drogas que atuam no Sistema Nervoso Central é com base em seu mecanismo de ação. Neste caso pode se distinguir quatro divisões: Psicoanalépticos, Psicolépticos, Psicodislépticos e Parapsicotrópicos. 1.2 PSICOANALÉPTICOS OU ESTIMULANTES DO SNC São fármacos que excitam o psiquismo reduzindo a depressão, elevando o humor, melhorando a cognição, induzindo o estado de vigília e inibindo a ingestão de alimentos. 4 1.2.1 Convulsivantes ou Analépticos • São fármacos que excitam o Sistema Nervoso Central e, na sua maioria, sem finalidade terapêutica. • Podem ser de origem natural ou sintética. • Apresentam margem de segurança estreita e efeitos colaterais graves o que limitam o seu uso. • Exemplos: Pentilenotetrazol (PZT), Bicuculina, Picrotoxina, Estricnina e Ácido 3-Mercaptopropiônico. • Pentilenotetrazol Útil como instrumento laboratorial. Válido para fins de diagnóstico de quadros de epilepsia em que é capaz de ativar o Eletroencefalograma (ECG). • Bicuculina – alcaloide extraído da Corydalis cava (Figura 1). Atua como antagonista específico e reversível do ácido gama-aminobutírico (GABA). 5 FIGURA 1 FONTE: Disponível em: <www.wikipedia.org>. Acesso em: 10 jul. 2009. • Estricnina (Figura 2) – é um potente indutor de convulsão, sendo este efeito atribuído à sua ação inibitória em receptores de glicina. o Não apresenta indicação clínica. o No passado foi usada no tratamento da constipação. o O seu sabor amargo é responsável por aumentar o estímulo das papilas gustativas, aumentando o apetite e a secreção gástrica. FIGURA 2 6 • Picrotoxina o Isolada de Anamirta cocculus (Figura 3). o Apresenta ação em todas as partes do Sistema Nervoso Central. o Apresenta ação antagonista dos receptores do GABA (ácido γ - amino- butírico). o Mistura de duas substâncias: Picrotoxinina e Picrotina. o Não apresenta emprego clínico. FONTE: Disponível em:<www.difossombrone.it>. Acesso em: 10 jul. 2009. • Ácido 3-mercaptopropiônico o O GABA (ácido gama aminobutírico) é o principal neurotransmissor inibitório do SNC. Apresenta efeito modulador da atividade de vários neurotransmissores, incluindo serotonina, dopamina e noradrenalina. o O ácido 3-mercaptopropiônico age inibindo a glutamato descarboxilase, enzima responsável pela síntese do GABA, produzindo convulsões. 7 1.2.2 Drogas Inibidoras do Apetite ou Anorexígenas o As principais indicações são em transtornos de déficit de atenção/hiperatividade, na redução da sonolência na narcolepsia e no controle da obesidade. o Principais representantes: mazindol (Figura 4), fenfluramina (figura 5), fenproporex (Figura 6) e dietilpropiona (Figura 7). FIGURA 4 FIGURA 5 FIGURA 6 FIGURA 7 8 1.2.3 Drogas Estimulantes da Vigília São drogas empregadas com a finalidade de proporcionar apenas o efeito de hiperexcitabilidade e insônia, principalmente, por pessoas que, pela atividade profissional, precisam ampliar o tempo de trabalho e permanecer em “estado de alerta”. Os principais representantes são: d-anfetamina (Figura 8) e d-metanfetamina (Figura 9). FIGURA 8 FIGURA 9 1.2.4 Drogas estimulantes Maiores ou Psicoestimulantes o Cocaína (Figura 10) • Não empregada clinicamente. • Efeitos decorrentes de ações em terminações dopaminérgicas, aumentando a liberação de dopamina na fenda sináptica ou bloqueando a captação neuronal de noradrenalina. FONTE: Erythroxylon coca (Figura 11). 9 FIGURA 10 FIGURA 11 FONTE: Disponível em: <www.difossombrone.it>. Acesso em: 10 jul. 2009. o Catinona • Substância de origem vegetal obtida da Catha edulis (Figura 12) • Apresenta efeitos semelhantes ao das Anfetaminas. 10 FIGURA 12 FONTE: Disponível em: <www.fkog.uu.se>. Acesso em: 10 jul. 2009. 1.2.5. Drogas Estimulantes Menores ou Xantinas Destes compostos metilxantínicos, a cafeína (Coffea arabica – Figura 13) é o mais destacado principalmente pelo seu vasto consumo em bebidas como café, chás e refrigerantes e também por ser o mais potente entre eles, superando a teobromina e teofilina. FIGURA 13 FONTE: Disponível em: <www.bio.tamu.edu>. Acesso em: 10 jul. 2009. 11 1.2.6 Drogas Antidepressivas Fármacos usados no tratamento da depressão e elevação do humor. As principais classes são: Inibidores da Monoamonooxidase (IMAO) Fenelzina Moclobemida Antidepressivos Bicíclicos Caroxazona Oxitriptan Oxitriptan 12 Antidepressivos Tricíclicos (ADTs) Imipramina Amitriptilina Antidepressivos Tetracíclicos Metralindol Mianserina Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS) Fluoxetina Fluvoxamina 13 2 PSICOLÉPTICOS OU DEPRESSORES DA ATIVIDADE DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL As principais características destes fármacos são a redução da atividade do encéfalo, resultando em ações que vão desde a vigília, capacidade cognitiva, reações emocionais e ansiedade. 2.1 Neurolépticos São também chamados de antipsicóticos, psicóticos ou impregnantes. Atuam seletivamente sobre as células neuronais, atenuando as percepções e diminuindo os quadros psicóticos. Clorpromazina Clozapina 14 2.2 Hipnóticos São também denominados de soníferos, sedativos ou indutores do sono. São fármacos capazes de produzir o sono que se assemelha ao fisiológico ou mesmo criar ciclos artificiais do mesmo. Podem ser divididos em Hipnóticos Benzodiazepínicos (Figura 14) e os Não Benzodiazepínicos (Figura 15). FIGURA 14 FIGURA 15 Diazepam Fenobarbital FIGURA 15 Prometazina 15 2.3 Ansiolíticos São fármacos usados no tratamento da ataraxia ou ansiedade. Antigamente recebiam a designação deatarácticos. São também denominados de calmantes ou tranquilizantes menores. Incluem as subclasses: benzodiazepínicos (Figura 16), barbitúricos (Figura 17), noradrenérgicos (Figura 18) e anti-histamínicos (Figura 19). FIGURA 16 FIGURA 17 Oxazepam Pentobarbital de sódio FIGURA 18 FIGURA 19 Propranolol Clorfeniramina 16 2.4 Analgésicos opioides São compostos de origem natural, semissintéticos ou sintéticos que agem sobre o Sistema Nervoso Central promovendo o alívio da dor sem ocasionar a perda de consciência. São denominados de hipnoanalgésicos ou analgésicos de ação centrais ou analgésicos narcóticos. Exemplos: morfina (Figura 20), codeína (Figura 21), Meperidina (Figura 22), Metadona (Figura 23), dentre outros. FIGURA 20 FIGURA 21 FIGURA 22 FIGURA 23 17 2.5 Anticonvulsivantes São fármacos usados para o tratamento da epilepsia. São denominados de Antiepilépticos ou Anti-ictiais. São divididos em duas categorias: • Clássicos – Fenitoína (Figura 24), clonazepam (Figura 25), nitrazepam (Figura 26) e carbamazepina (Figura 27). FIGURA 24 FIGURA 25 FIGURA 26 FIGURA 27 18 • Nova Geração – progabida (Figura 28), lamotrigina (Figura 29), entre outros. FIGURA 28 FIGURA 29 3 PSICODISLÉPTICOS, ALUCINÓGENOS, PSICOTICOMIMÉTICOS OU PERTURBADORES DA ATIVIDADE DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Compreendem a classe de drogas sem uso terapêutico. São responsáveis pela geração de fenômenos psicopatológicos que apresentam relação com o pensamento e a atividade motora. Exemplos: maconha, heroína, psilocibina, mescalina, ecstasy, LSD, dentre outras. 19 4 PARAPSICOTRÓPICOS São medicamentos de emprego frequente na clínica psiquiátrica e/ou neurológica. Os principais grupos são: 4.1 Estabilizadores do humor Fármacos que regulam o humor na psicose maníaco-depressiva. Esses agentes eram inicialmente restritos aos sais de lítio ou Litioterapia. Contudo diversos outros medicamentos passaram a fazer parte do arsenal terapêutico por apresentarem alto índice terapêutico e menor toxicidade. Entre os medicamentos usados com esta finalidade estão a carbamazepina, gabapentina, tiagabina, todos pertencentes ao grupo dos anticonvulsivantes. 4.2 Drogas antiparkinsonianas Fármacos usados no tratamento do Parkinson, mas que não apresentam qualquer efeito no sentido de impedir a progressão da doença. Os principais antiparkinsonianos são: carbidopa (Figura 30), L-dopa (Figura 31), bromocriptina (Figura 32), amantadina (Figura 33), benserazida (Figura 34), dentre outros. 20 FIGURA 30 FIGURA 31 FIGURA 32 FIGURA 33 FIGURA 34 21 5 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL FONTE: VANDER, et al., 2001. FONTE: VANDER, et al. 2001. 22 FONTE: OSBORNE, et al. 2004. 23 FISIOLOGIA DO NEURÔNIO FONTE: OSBORNE, et al. 2004. 24 6 HIPNÓTICOS E ANSIOLÍTICOS - BENZODIAZEPÍNICOS 6.1 HISTÓRICO Desde a antiguidade, porções e bebidas contendo láudano e várias ervas foram usadas na indução do sono. Um dos primeiros agentes específicos introduzidos como hipnótico sedativo foi o brometo. O hidrato de cloral, o para-aldeído, o uretano e o sulfonal (Figura 35) entraram em uso antes da introdução do barbital em 1903 e do fenobarbital (Figura 36) em 1912. A separação entre as propriedades sedativas, hipnóticas, anestésicas e anticonvulsivantes presentes no fenobarbital contribuiu com a pesquisa de novos agentes que fossem mais seletivos sobre o Sistema Nervoso Central. Em consequência foram desenvolvidos novos anticonvulsivantes não sedativos como a fenitoína e a trimetadiona, na década de 1930 e início de 1940. Na década de 1950 foi desenvolvida a clorpromazina (Figura 37) e o meprobomato que serviu de base para a síntese do clordiazepóxido (Figura 39) por Sternbach neste mesmo ano. FIGURA 35 FIGURA 36 25 A introdução do clordiazepóxido na medicina clínica deu início a chamada “Era dos Benzodiazepínicos”. A maioria dos benzodiazepínicos chegou ao mercado devido às suas propriedades ansiolíticas elevadas em relação à sua ação depressora do SNC. Entretanto, todos os benzodiazepínicos apresentam propriedades hipnótico- sedativas, em graus variados, sendo usados para facilitar o sono. Estes agentes substituíram os barbitúricos como hipnóticos sedativos. 6.2 CARACTERÍSTICAS DOS BENZODIAZEPÍNICOS Derivam o seu nome de sua estrutura molecular. Compartilham um efeito comum sobre os receptores denominados de receptores benzodiazepínicos, os quais modulam a atividade do ácido γ-aminobutírico (GABA). Apresentam efeitos ansiolíticos e sedativos rápidos, os quais são utilizados em tratamentos imediatos da insônia, ansiedade aguda, agitação e da ansiedade associada a transtornos psiquiátricos. Alguns benzodiazepínicos também são usados como anestésicos anticonvulsivantes e relaxantes musculares. O seu uso em longo prazo deve ser acompanhado de psicoterapia devido ao risco de causar dependência psicológica e física. 26 6.2.1 Principais Representantes 6.2.2 Mecanismo de Ação dos Benzodiazepínicos Os benzodiazepínicos aumentam a frequência das aberturas dos canais de cloreto, modulando os efeitos do GABA (ácido gama amino butírico) (Figura 37), sendo todos os compostos depressores do Sistema Nervoso Central. GABA (Ácido Ү- amino butírico) O ácido gama amino butírico (GABA) é produzido a partir do aminoácido precursor glutamato por ação de uma enzima denominada ácido glutâmico descarboxilase (Figura 38). Alprazolam Clonazepam Diazepam Clordiazepóxido Lorazepam Oxazepam Prazepam Triazolam Temazepam Flurazepam Midazolam Quazepam Mitrazepam Lormetazolam Loprazolam Clozabam Flunitrazepam Brotizolam 27 FIGURA 37 - RECEPTORES DE GABA FONTE: STAHL, S.S. 2002. FIGURA 38 - SÍNTESE DO GABA FONTE: STAHL, S.S. 2002. 28 6.2.3 Ações Farmacológicas Os benzodiazepínicos são completamente absorvidos de forma inalterada pelo trato gastrointestinal. A absorção e o tempo necessário para atingir o pico das concentrações e o início de ação são mais rápidos para o diazepam (Figura 39), lorazepam (Figura 40), alprazolam (Figura 41), triazolam (Figura 42) e o estazolam (Figura 43). O início de ação rápido é importante para pessoas que usam dose única de benzodiazepínico principalmente quando se necessita acalmar um surto de ansiedade ou para adormecer rapidamente. FIGURA 39 FIGURA 40 29 FIGURA 41 FIGURA 42 FIGURA 43 Diazepam, clonazepam, flurazepam (Figura 44), quazepam (Figura 45), halazepam (Figura 46) e clordiazepóxido (Figura 47) apresentam meias-vidas plasmáticas de 30 até mais do que 100 horas, sendo denominados benzodiazepínicos de longa duração.30 As vantagens destes fármacos de apresentar meia-vida longa sobre os de meia-vida curta incluem: uso de doses menos frequentes, menores concentrações plasmáticas e síndrome de abstinência menos grave. FIGURA 44 FIGURA 45 FIGURA 46 FIGURA 47 31 As desvantagens destes medicamentos de meia-vida longa incluem: acúmulo destes no organismo, aumento do comprometimento psicomotor diurno e aumento da sedação diurna o que não acontece com os de meia-vida curta. Efeitos como a insônia de rebote e amnésia são mais evidentes com os medicamentos de meia-vida curta. 6.2.4 Mecanismo de Ação Os benzodiazepínicos exercem a maior parte dos seus efeitos interagindo com receptores de neurotransmissores ativados diretamente por GABA. Os receptores de GABA são proteínas ligadas a membranas que podem ser divididas em dois subtipos: GABAA e GABAB. Os receptores de GABAA são constituídos de cinco subunidades que se dispõem de maneira a formar um canal e são responsáveis pela grande parte da neurotransmissão inibitória. Já os receptores de GABAB metabotrópicos são receptores acoplados à proteína G. Os benzodiazepínicos atuam nos receptores de GABAA, mas não nos de GABAB, ligando-se diretamente a um local específico distinto do ponto de ligação do GABA. Estes compostos não ativam diretamente os receptores de GABAA, mas sim requerem GABA para expressar seus efeitos, isto é, são moduladores da ação do GABA. Os benzodiazepínicos são considerados análogos do GABA e aumentam a quantidade da corrente de íons cloreto (Figura 48) gerada pela ativação do receptor de GABAA. 32 Receptor de GABA FONTE: Disponível em: <www.homepage.psy.utexas.edu>. Acesso em: 10 jul. 2009. FIGURA 48 FONTE: STAHL, 2000. 33 MMeeccaanniissmmoo ddee AAççããoo ddooss AAggoonniissttaass BBeennzzooddiiaazzeeppíínniiccooss ee ddoo AAnnttaaggoonniissttaa BBeennzzooddiiaazzeeppíínniiccoo –– FFlluummaazzeenniill II.. LLiiggaaççããoo ddee GGAABBAA aaoo rreecceeppttoorr GGAABBAAAA ((SSTTHHAALL,, SS..,, 22000022)).. IIII.. SSííttiioo ddee LLiiggaaççããoo ddoo BBeennzzooddiiaazzeeppíínniiccoo ((BBZZDD)) ((SSTTHHAALL,, SS.. 22000022)).. 34 IIIIII.. LLiiggaaççããoo ddoo BBeennzzooddiiaazzeeppíínniiccoo ((BBZZDD)) nnoo rreecceeppttoorr ((SSTTHHAALL,, SS..,, 22000022)).. IIVV.. LLiiggaaççããoo ddoo FFlluummaazzeenniill AAnnttaaggoonniissttaa BBeennzzooddiiaazzeeppíínniiccoo nnoo rreecceeppttoorr ddee BBZZDD ((SSTTHHAALL,, SS..,, 22000022)).. 35 6.2.5 Indicações 6.2.6 Tolerância, Dependência e Abstinência Quando usados por períodos curtos e em doses moderadas não apresentam efeitos significativos de tolerância, dependência ou abstinência. A Síndrome de Abstinência também denominada de Síndrome de Descontinuação ou Retirada depende do tempo de ingestão e da meia-vida do composto. Ela consiste de ansiedade, nervosismo, sudorese, inquietação, fadiga, irritabilidade, cabeça oca, tremor, insônia e fraqueza. A interrupção brusca, principalmente dos benzodiazepínicos de meia-vida curta, geralmente está associada com sintomas graves de abstinência que podem incluir depressão, paranoia, delirium e convulsões. Os pacientes devem ser despertados de forma gradativa. Se o paciente não responder após uma dose acumulada de 5 mg de flumazenil, provavelmente a causa principal da sedação não seja ocasionada por um agonista dos receptores benzodiazepínicos. Os medicamentos benzodiazepínicos devem ser retirados gradativamente. Estudos têm demonstrado que o uso concomitante de carbamazepina permite uma suspensão do benzodiazepínico de forma mais rápida e mais bem tolerada, sendo a faixa de dosagem de carbamazepina usada para facilitar essa retirada de 400-500 mg por dia. • Insônia; • Transtornos da Ansiedade Generalizada; • Transtorno de Pânico; • Fobia Social; • Transtorno misto de ansiedade-depressão; • Transtorno bipolar; • Acatisia. 36 6.2.7 Reações Adversas Mais comum efeito adverso dos benzodiazepínicos é a sonolência. Por esta razão os pacientes que fazem uso desta classe de fármacos devem ser orientados e advertidos a ter cuidado ao dirigir veículos ou operar máquinas. Os efeitos adversos mais sérios ocorrem quando são ingeridos concomitantemente com álcool que podem levar à sonolência acentuada, desinibição ou até mesmo depressão respiratória. Outros efeitos colaterais incluem fala arrastada, confusão, ataxia, dispneia e hiporreflexia. 6.2.8 Interações Medicamentosas A interação mais comum e potencialmente mais perigosa dos agonistas dos receptores benzodiazepínicos é a sedação excessiva e depressão respiratória quando estes compostos são administrados concomitantemente com outros depressores do Sistema Nervoso Central, como álcool, barbitúricos, antidepressivos tricíclicos e tetracíclicos, opioides e anti-histamínicos. A cimetidina, dissulfiram, isoniazida, estrógenos e os anticoncepcionais orais aumentam as concentrações plasmáticas do diazepam, clordiazepóxido, flurazepam, prazepam e do halazepam. Preparações sem prescrição do fitoterápico Kava podem potencializar a ação dos agonistas dos receptores de benzodiazepínicos pela superativação sinergística dos receptores de GABA. Antiácidos e alimentos podem reduzir a concentração plasmática dos benzodiazepínicos. 37 6.2.9 Flumazenil – Antagonista dos Receptores Benzodiazepínicos FIGURA 49 Usado para reverter os efeitos adversos psicomotores, amnésicos e sedativos dos agonistas dos receptores benzodiazepínicos. É administrado por via intravenosa e tem uma meia-vida de 7 a 15 minutos. O efeito adverso sério mais comum encontrado com o uso de flumazenil é a precipitação de crises convulsivas, principalmente, em indivíduos com transtornos Efeitos Adversos mais comuns do Flumazenil: Náuseas; Vômitos; Tonturas; Agitação; Labilidade Emocional; Vasodilatação Cutânea; Dor no local da Injeção; Fadiga; Perturbação da Visão; Cefaleia. 38 convulsivos ou que são dependentes fisicamente e que tenham ingerido grande quantidade de benzodiazepínicos. Quando usado de forma isolada pode haver comprometimento da memória de evocação. Para o manejo inicial de uma overdose de benzodiazepínico conhecida ou suspeitada recomenda-se a dose inicial de 0.2 mg (2 mL) administrado por via intravenosa durante o tempo de 30 segundos. Se a consciência desejada não for obtida após 30 segundos, recomenda-se a administração de uma dose adicional de 0.3 mg (3.0 mL) no mesmo intervalo de tempo. Precauções em relação ao uso do Flumazenil: • Não deve ser administrado de forma apressada; • Deve-se estabelecer uma via aérea garantida e um acesso intravenoso antes de sua administração. 6.3 NOVOS AGONISTAS DOS RECEPTORES BENZODIAZEPÍNICOS Os hipnóticos desta classe incluem a zopiclone, o zolpidem, zaleplona e indiplona (sob revisão pelo FDA, segundo GOODMAN & GILMAN, 2006). ZOLPIDEM Estes compostos não apresentam estrutura química semelhante aos benzodiazepínicos, mas compartilham o mesmo mecanismo de ação, ou seja, a sua N N N O CH 3 C H 3 CH 3 C H 3 39 eficácia terapêutica se deve a efeitos agonistas sobre os locais dos benzodiazepínicos no receptor de GABAA. A Zaleplona e o Zolpidem são eficazes em aliviar a insônia ocasionadapela incapacidade de conciliar o sono. São aprovadas, segundo o FDA, para uso durante o período de 7 a 10 dias. Apresenta uma eficácia hipnótica prolongada sem que haja ocorrência de insônia de rebote quando interrompidos de forma abrupta. FONTE: Disponível em:< www.usp.br.>. Acesso em: 10 jul. 2009. Zolpidem • Meia-vida curta (Figura 50). • Cobre a maior parte de um período típico de 8 horas de sono. • Aprovado apenas para uso ao deitar. • Quando administrado muito tarde à noite, pode haver ocorrência de sedação matutina. FIGURA 50 40 FONTE: Disponível em:< www.vidaempaz.files.wordpress.com.>. Acesso em: 10 jul. 2009. Zaleplon • Meia-vida mais curta que o Zolpidem. • Oferece a possibilidade de uma dose segura mais tarde à noite, até 4 horas previstas antes de levantar. • Cobre a maior parte de um período típico de 8 horas de sono. Aprovado para uso imediato ao deitar. • Não ocorrem tolerância, nem insônia de rebote com sintomas de abstinência após a interrupção do fármaco. Eszopiclone • Isômero estereosseletivo da Zopiclone. • Apresenta rápida absorção e meia-vida de 6 horas sendo indicado tanto para iniciar o sono como para sua manutenção. • Menor probabilidade de ocorrência de sonolência residual diurna e problemas de memória quando comparado com o Zopiclone. • Único hipnótico aprovado para uso em longo prazo. 41 7 HIPNÓTICOS E ANSIOLÍTICOS: BARBITÚRICOS E OUTROS COMPOSTOS Os barbitúricos já foram extensamente usados como hipnóticos sedativos. Atualmente foram substituídos pelos benzodiazepínicos por ser muito mais eficaz e seguros. 7.1 QUÍMICA DOS BARBITÚRICOS Ácido Barbitúrico O ácido barbitúrico é um composto que carece de atividade depressora central. A presença de grupos alquila e arila na posição cinco confere atividade hipnótico-sedativa. Os barbitúricos nos quais o oxigênio em C-2 é substituído por um enxofre são chamados de tiobarbitúricos, sendo mais lipossolúveis que os correspondentes oxibarbitúricos. Geralmente as prováveis alterações que aumentam a lipossolubilidade diminuem a duração de ação, reduzem a latência do início de atividade, aceleram o catabolismo e aumentam a potência hipnótica. 42 7.2 ESTRUTURAS E PRINCIPAIS INDICAÇÕES DOS DERIVADOS DO ÁCIDO BARBITÚRICO Ácido Barbitúrico Composto Estrutura Química Vias de Administração Usos Terapêuticos AAmmoobbaarrbbiittaall Intramuscular Intravenosa Insônia, sedação pré-operatória, conduta de emergência nas convulsões. Butabarbital Oral Insônia e Sedação Pré-operatória Fenobarbital Oral Intramuscular Intravenosa Desordens convulsivas, estado epiléptico e sedação diurna Mefobarbital Oral Desordens convulsivas e sedação diurna. N H NH OO O 43 Pentobarbital Oral Intramuscular Intravenosa Retal Insônia, sedação pré-operatória e conduta de emergência nas convulsões. Secobarbital Oral Insônia, sedação pré-operatória Tiopental Intravenosa Indução e ou manutenção de anestesia, sedação pré-operatória e conduta de emergência nas convulsões. 7.3 PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS DOS BARBITÚRICOS 7.3.1 Sistema Nervoso Central Os barbitúricos agem por todo o Sistema Nervoso Central, onde o local de inibição é ora pós-sináptico, como nas células piramidais cerebelares e corticais, no núcleo cuneado (Figura 51), substância negra (Figura 52) e neurônios de retransmissão talâmicos ou pré-sinápticos, como na medula espinhal (Figura 53). A intensificação da inibição ocorre primariamente nas sinapses onde a neurotransmissão é mediada pela ação do GABA sobre os receptores de GABAA (Figura 54). 44 FIGURA 51 FIGURA 52 FONTE: Disponível em: <www.sistemanervoso.com>. Acesso em: 10 jul. 2009. FONTE: Disponível em: <www.fisioterapianoblog.blogspot.com>. Acesso em: 10 jul. 2009. FIGURA 53 FIGURA 54 FONTE: Disponível em: <www.lookfordiagnosis.com>. Acesso em: 10 jul. 2009. FONTE: Disponível em: <www.ff.up.pt>. Acesso em: 10 jul. 2009. 45 7.3.1.1 Mecanismo de Ação O mecanismo de ação dos barbitúricos sobre os receptores de GABA parece ser diferente dos do GABA ou benzodiazepínicos. Os barbitúricos intensificam a ligação do GABA com os receptores de GABAA de modo dependente de cloreto e promovem a ligação dos benzodiazepínicos. Também os barbitúricos potencializam as correntes de cloreto induzidas por GABA, prolongando os períodos durante os quais ocorre abertura do canal, em vez de aumentar a frequência desses surtos, tal como fazem os benzodiazepínicos. Para a ação destes compostos são necessárias apenas as subunidades α e β e os aumentos induzidos pelos barbitúricos na condutância de cloreto não são afetados pela eliminação dos resíduos de tirosina e treonina na subunidade β que governa a sensibilidade dos receptores de GABAA à ativação por agonistas. Os compostos barbitúricos podem produzir todos os graus de depressão do Sistema Nervoso Central variando desde leve sedação até anestesia geral. Também apresentam baixo grau de seletividade e baixo índice terapêutico. A percepção e a reação à dor são poupadas até o momento da quase inconsciência e, em pequenas doses, aumentam a reação aos estímulos da dor. 7.3.2 Tolerância, dependência e uso abusivo Pode haver tolerância farmacocinética e farmacodinâmica aos barbitúricos. A tolerância aos efeitos sobre o humor, a sedação e a hipnose ocorre mais prontamente e é maior que a tolerância aos efeitos anticonvulsivantes e letais. À medida que ela aumenta, o índice terapêutico diminui. 46 FONTE: Disponível em: <www.idt.pt>. Acesso em: 10 jul. 2009. 7.3.3 INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS 7.3.3.1 Eletroconvulsoterapia Um dos agentes usados com frequência como um agente anestésico para a eletroconvulsoterapia é o metoexital. Este composto apresenta menor risco cardíaco que outros anestésicos barbitúricos. Quando usado por via intravenosa, o metoexital produz inconsciência rápida e uma breve duração de ação (5-7 minutos). Também pode ser usado para abortar convulsões prolongadas na eletroconvulsoterapia. 47 7.3.3.2 Convulsões 7.3.3.3 Sono O fenobarbital é o barbitúrico mais usado com frequência no tratamento de convulsões generalizadas tônico-clônicas e parciais simples. Também são usados no manejo de emergência de convulsões, independente da causa. Pode ser usado por via intravenosa de forma lenta para o estado do mal epiléptico. Os barbitúricos reduzem a latência do sono e o número de despertares. A interrupção dos barbitúricos leva a aumentos de rebote das medidas do sono pelo Eletroencefalograma (EEG) e à piora da insônia. 48 7.3.3.4 Narcoanálise 7.3.4 PRECAUÇÕES E REAÇÕES ADVERSAS Alguns dos efeitos adversos dos barbitúricos são similares aos dos benzodiazepínicos, incluindo disforia, hiperatividade e perturbação cognitiva. Efeitos adversos raros associados à utilização dos barbitúricos são: • Síndrome de Steven Johnson; • Anemia Megaloblástica; • Neutropenia Um barbitúrico usado como auxiliar de diagnóstico em várias condições clínicas, como reações de conversão, catatonia, estupor histérico e mutismo inexplicável é o amobarbital.Também é usado para diferenciar o estupor da depressão, da esquizofrenia e de lesões cerebrais estruturais. Características dos Barbitúricos: • Baixo índice terapêutico; • Risco significativo de potencial de abuso e desenvolvimento de tolerância e dependência. 49 7.3.5 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS A principal preocupação em relação às interações medicamentosas são os efeitos potencialmente cumulativos de depressão respiratória. Devem ser usados com grande cuidado juntamente com medicamentos prescritos para o Sistema Nervoso Central, tais como os antidepressivos e antipsicóticos, além daqueles não prescritos como é o caso do álcool. Deve-se ter bastante cuidado ao se administrar barbitúricos em pacientes que estejam usando medicamentos que sejam metabolizados no fígado, como os medicamentos cardíacos e anticonvulsivantes. Intoxicação por Barbitúricos o Sinais Clínicos: • Confusão; • Sonolência; • Irritabilidade; • Hiporreflexia ou Arreflexia; • Ataxia; • Nistagmo. 50 Os medicamentos que podem ter seu metabolismo aumentado pela administração de barbitúricos são: • Opioides o Morfina e seus derivados • Agentes Antiarrítmicos o Digitálicos o Lidocaína o Mexiletina • Antibióticos o Cloranfenicol o Metronidazol o Rifampicina o Tetraciclina o Griseofulvina • Anticoagulantes o Varfarina • Anticonvulsivantes o Carbamazepina o Fenitoína • Antidepressivos o Amitriptilina o Desipramina o Paroxetina o Protriptilina Cuidado com as Interações 51 7.4 Outros Medicamentos de Ação Similar aos Barbitúricos 7.4.1 Paraldeído • Antagonistas dos Receptores β-Adrenérgicos. o Labetalol o Propranolol o Metoprolol • Antagonistas dos Receptores de Dopamina o Haloperidol. o Tioridazina • Anticoncepcionais Orais. o Todos contendo Estrógenos. • Imunossupressores. o Corticosteróides o Ciclosporina o Ciclofosfamida • Xantinas o Aminofilina o Cafeína o Teofilina • Benzodiazepínicos o Clonazepam o Diazepam • Anti-hipertensivos o Metildopa • Analgésicos o Acetaminofeno o Fenoprofeno 52 7.4. Outros Medicamentos de ação similar aos barbitúricos 7.4.1 PARALDEÍDO Trata-se de um éter cíclico usado pela primeira vez em 1882, devido à sua ação hipnótica. Também foi usado para o tratamento da epilepsia, para sintomas de abstinência do álcool e para delirium tremens. Apresenta baixo índice terapêutico e foi substituído pelos benzodiazepínicos. 7.4.1.1 PROPRIEDADES FARMACOCINÉTICAS É rapidamente absorvido pelo trato gastrintestinal e a partir de injeções intramusculares. É metabolizado para acetaldeído pelo fígado e o restante que não é degradado é expirado pelos pulmões. A sua meia-vida relatada é de 3.4 a 9.8 horas e o início de ação ocorre dentro de 15 a 30 minutos. 7.4.1.2 INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS Atualmente não está indicado como ansiolítico ou hipnótico e tem pouco espaço na Psicofarmacologia atual. 53 7.4.1.3 PRECAUÇÕES E REAÇÕES ADVERSAS Frequentemente este medicamento causa mau hálito devido à parte do composto não metabolizado ser expirado pelos pulmões. Também pode causar tosse e inflamação dos capilares. Ao ser administrado por via intravenosa pode causar tromboflebite local e com a administração oral, os pacientes podem experimentar náuseas e vômitos. Doses excessivas ou overdose produz acidose metabólica e diminuição da excreção renal. 7.4.1.4 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS O dissulfiram inibe a desidrogenase do acetaldeído e reduz o metabolismo do paraldeído, levando a uma concentração tóxica deste composto. O paraldeído tem efeito sedativo cumulativo em combinação com álcool e com os benzodiazepínicos. 7.4.2 MEPROBAMATO 54 Foi introduzido um pouco antes dos benzodiazepínicos para o tratamento da ansiedade. Também é usado devido aos seus efeitos músculos-relaxantes. 7.4.2.1 AÇÕES FARMACOLÓGICAS Este composto é rapidamente absorvido pelo trato gastrintestinal e por via intramuscular. É metabolizado principalmente pelo fígado e uma pequena parte é eliminada pela urina. A sua meia-vida é de aproximadamente 10 horas. 7.4.2.2 INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS O meprobamato está indicado para o tratamento de curto prazo dos transtornos da ansiedade. Também é usado como hipnótico e relaxante muscular. 7.4.2.3 PRECAUÇÕES E REAÇÕES ADVERSAS Pode causar depressão do Sistema Nervoso Central e morte por dose excessiva ou overdose. Risco de abuso por pacientes com dependência de drogas ou de álcool. A interrupção abrupta subsequente após uso prolongado pode levar à Síndrome de Abstinência, incluindo convulsões e alucinações. Pode exacerbar a porfiria aguda intermitente. Outros efeitos colaterais raros incluem: reações de hipersensibilidade, sibilos, máculas, excitação paradoxal e leucopenia. 55 7.4.2.4 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Apresentam efeitos sedativos aumentados quando usados em combinação com outros depressores do Sistema Nervoso Central, como álcool, barbitúricos ou benzodiazepínicos. 7.4.3 HIDRATO DE CLORAL 7.4.3.1 AÇÕES FARMACOLÓGICAS É bem absorvido pelo trato gastrintestinal. O metabólito ativo produzido no fígado é o tricloroetanol que possui uma meia-vida de 8 a 11 horas. Uma dose de hidrato de cloral induz o sono em cerca de 30 a 60 minutos e o mantém por 4 a 8 horas. 7.4.3.2 MECANISMO DE AÇÃO Potencializa a neurotransmissão GABAérgica que suprime a excitabilidade neuronal. 56 7.4.3.3 INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS • Indução do sono e não deve ser usado por mais de dois a três dias devido ao aumento da incidência e de gravidade dos efeitos adversos. • Pode haver desenvolvimento de tolerância após duas semanas de tratamento. 7.4.3.4 PRECAUÇÕES E EFEITOS ADVERSOS • Efeitos sobre o Sistema Nervoso Central, o Sistema Gastrointestinal e a Pele. • Doses elevadas podem estar associadas a estupor, confusão, ataxia, quedas ou coma. • Efeitos gastrintestinais incluem irritação inespecífica, náuseas, vômitos, flatulência e um sabor desagradável. • Doses excessivas podem ocasionar gastrite e úlcera gástrica. • Pode haver tolerância e dependência com sintomas semelhantes aos da dependência do álcool. 7.4.3.5 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS • Pode deslocar a varfarina das proteínas plasmáticas e aumentar sua atividade anticoagulante. Portanto deve-se evitar esta combinação. 57 FIGURA 55 FONTE: STAHL, S.S., 2002. 8 ANTICONVULSIVANTES E ESTIMULANTES CENTRAIS 8.1.1 EPILEPSIAS As epilepsias são distúrbios comuns e frequentemente devastadores, sendo identificadas mais de 40 formas distintas desta doença. As crises convulsivas epilépticas causam comprometimento transitório da consciência, deixando o indivíduo sob risco de lesão corporal. O tratamento é sintomático, porém não se dispõe de cura. Uma das maiores dificuldades é a adesão à medicação haja vista a necessidade de terapia em longo prazo, além dos efeitos adversos. 58 8.1.2 DEFINIÇÃO DE CONVULSÃO Refere-se à alteração transitória do comportamento decorrente do disparo rítmico, sincrônico e desordenado de neurônios cerebrais. Já o termo epilepsia está relacionado a um distúrbio da função cerebral caracterizado pela ocorrência periódica e imprevisível de convulsões. As epilepsias podem ser não epilépticas ou epilépticas. As não epilépticas são aquelas que ocorrem em um cérebro normal por tratamentos,como eletrochoque ou convulsivantes. Já as epilépticas ocorrem sem nenhuma provocação direta. 8.1.3 NATUREZA E MECANISMOS DAS CONVULSÕES • Epilepsias Parciais o Surgem de regiões localizadas do córtex cerebral • Epilepsias de Início Generalizado – Crises de Ausência o Originam-se do disparo recíproco do tálamo (Figura 56) e do córtex cerebral. o Entre as diversas formas de convulsões generalizadas, as crises de ausência têm sido estudadas mais intensamente. 59 FIGURA 56 FONTE: VANDER, et al. 2001. 8.1.4 FÁRMACOS ANTICONVULSIVANTES 8.1.4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS O anticonvulsivante ideal deveria suprimir todas as convulsões sem causar efeitos indesejáveis. Porém, os medicamentos usados atualmente não apenas deixam de controlar a atividade epiléptica em alguns pacientes, como também causam efeitos colaterais cuja intensidade varia desde o comprometimento mínimo do Sistema Nervoso Central à morte por anemia aplásica ou insuficiência hepática. Com a finalidade de diminuir a toxicidade, prefere-se a monoterapia. Se as convulsões não forem controladas pelo agente inicial, a substituição por um segundo agente é sempre preferível à administração concomitante de ambos. 60 Quando o paciente apresenta dois ou mais tipos de convulsões, a politerapia se faz necessária. 8.1.4.2 PRINCIPAIS CLASSES DE FÁRMACOS ANTICONVULSIVANTES 8.1.4.2.1 IMINOESTILBENOS – CARBAMAZEPINA E OXCARBAMAZEPINA Carbamazepina Oxcarbazepina 8.1.4.2.1.1 CARBAMAZEPINA 8.1.4.2.1.2 PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS 61 A carbamazepina foi usada inicialmente para o tratamento da epilepsia de início parcial ou generalizado e neuralgia trigemial. Agente de primeira linha para o tratamento agudo e de manutenção do transtorno bipolar. Um análogo da carbamazepina, a oxcarbazepina, tem sido usada no tratamento da epilepsia pediátrica. Estudos têm sugerido que a oxcarbamazepina possa ter propriedades estabilizadoras do humor. 8.1.4.2.1.3 AÇÕES FARMACOLÓGICAS DA CARBAMAZEPINA A absorção da carbamazepina é lenta. Os alimentos aumentam a sua absorção. A meia-vida é de 18-54 horas, com uma média de 26 horas. Com a administração crônica, a sua meia-vida diminui para uma média de 12 horas. Este fato se deve à indução das enzimas hepáticas CYP450 (Citocromo P- 450) por este fármaco e especificamente da autoindução do metabolismo da carbamazepina. O processo de indução de enzimas hepáticas atinge o nível máximo após cerca de 3 a 5 semanas de tratamento. A carbamazepina apresenta um perfil farmacocinético diferente para as duas preparações de longa duração. 62 8.1.4.2.1.4 MECANISMO DE AÇÃO Uma formulação, o Tegretol XR, necessita dos alimentos para assegurar um tempo normal de trânsito gastrintestinal. Outra apresentação depende de uma combinação de grânulos de liberação intermediária, prolongada e muito lenta que a torna adequada para administração ao deitar. Os efeitos anticonvulsivantes são atribuídos principalmente à ligação a canais de sódio dependentes de voltagem em estado inativo, que prolongam sua inativação. Consequentemente reduz a ativação dos canais de cálcio dependentes de voltagem e, dessa forma, a transmissão sináptica. Efeitos Adicionais incluem a redução de fluxos através dos canais receptores de glutamato N-metil-D-aspartato (NMDA), um antagonista competitivo dos receptores de adenosina A1 e a potencialização da neurotransmissão de catecolaminas do SNC. 63 8.1.4.2.1.5 INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS 8.1.4.2.1.6 Toxicidade da Carbamazepina • A carbamazepina é útil em pacientes com crises tônico-clônicas generalizadas e também nas crises parciais simples e complexas. • É o agente de escolha para o tratamento das neuralgias do trigêmeo e do glossofaríngeo. • Transtornos Bipolares o Episódios maníacos o Outros distúrbios Auxilia no controle dos sintomas associados com abstinência aguda de álcool. Também é eficaz no controle de comportamento impulsivo agressivo e indivíduos não psicóticos de todas as idades, incluindo crianças e idosos. Indivíduos com transtornos esquizoafetivos e com comportamentos agressivos respondem de forma eficiente ao tratamento com carbamazepina. o Depressão Aguda Pacientes refratários ao tratamento com antidepressivo responde bem à carbamazepina, principalmente aqueles com episódios mais graves e depressão menos crônica. 64 8.1.4.2.1.6 TOXICIDADE DA CARBAMAZEPINA Fonte: Stahl, S.S., 2002 Reten A intoxicação aguda por este fármaco pode acarretar estupor ou coma, hiperirritabilidade, convulsões e depressão respiratória. Terapia a longo prazo com carbamazepina acarretam os seguintes efeitos indesejáveis: sonolência, vertigem, ataxia, diplopia e visão turva. Em casos de superdosagem pode haver aumento da frequência de crises convulsivas. Outros efeitos adversos incluem: • Náuseas • Vômitos • Toxicidade hematológica o Anemia Aplásica o Agranulocitose • Reações de hipersensibilidade o Dermatite o Eosinofilia o Linfadenopatia o Esplenomegalia Complicações tardias do tratamento com carbamazepina Retenção Hídrica com diminuição da osmolalidade e da concentração plasmática de íons sódio, especialmente em pacientes idosos portadores de cardiopatias. 65 FONTE: OSBORNE et al., 2004. 66 8.1.4.2.1.7 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS • Quando usada em combinação com o fenobarbital, fenitoína e valproato podem aumentar o metabolismo da carbamazepina por indução da CYPP3A4; • A carbamazepina pode aumentar também o metabolismo da fenitoína e diminui as concentrações de lamotrigina, tiagabina, topiramato e haloperidol. • O seu metabolismo pode ser inibido pelo propoxifeno, eritromicina, cimetidina, fluoxetina e isoniazida. 8.1.4.2.2 IMINOESTILBENOS – OXCARBAZEPINA Trata-se de um cetoanálogo da carbamazepina. Funciona como pró- fármaco, pois é quase imediatamente convertido em seu principal metabólito ativo, um derivado 10-monoidroxi, que é inativado por conjugação a glicuronídeo e eliminado por via renal. Mecanismo de ação semelhante à carbamazepina. A oxcarbamazepina é um indutor enzimático menos potente que a carbamazepina. Tem a capacidade de induzir o CYP3A (citocromo P3A) e com isso reduzir os níveis de contraceptivos orais. Atualmente foi aprovada como monoterapia ou terapia adjuvante das crises parciais em adultos e em crianças de 4 a 16 anos. 67 8.1.4.2.3 SUCCINIMIDAS 8.1.4.2.3.1 Etossuximida Agente primário no tratamento das crises de ausência. 8.1.4.2.3.1.1 Efeitos Farmacológicos A característica mais proeminente deste fármaco em doses não tóxicas é a proteção contra crises motoras clônicas induzidas pelo pentilenotetrazol. Este perfil está correlacionado com a sua eficácia contra crises de ausência em seres humanos. Importante! Monitorar as funções hepáticas quando usar a carbamazepina e seu análogo, a oxcarbamazepina! 68 8.1.4.2.3.1.2 Mecanismo de Ação O tálamo exerce um papel importante na geração de crises de ausência. Em concentrações relevantes, a etossuximida diminui as concentrações de cálcio (Figura 57) em neurônios do tálamo, acarretando uma melhora nos quadros clínicos dos pacientes em tratamento com este fármaco. FIGURA 57 FONTE: Adaptado de Osborne, et al., 2004. 8.1.4.2.3.1.3Propriedades Farmacocinéticas A Absorção é completa com concentração plasmática máxima cerca de 3 horas após uma dose oral única. Etossuccimida 69 Sua concentração no líquido cefalorraquidiano é semelhante à plasmática. Metabolismo e Excreção da Etossuximida FONTE: Adaptado de Lullmann et al., 2000. Derivado Hidróxietil Urina 70 8.1.4.2.3.1.4 Toxicidade • Queixas Gastrintestinais: o Náuseas; o Vômitos; o Anorexia. • Efeitos no Sistema Nervoso Central: o Sonolência; o Letargia; o Euforia; o Tontura; o Cefaleia; o Soluços; o Parkinson símile; o Fotofobia; o Inquietude; o Agitação; Os efeitos colaterais mais comuns relacionados com a dose! 71 o Ansiedade; o Agressividade; o Incapacidade de concentração. 8.1.4.2.4 ÁCIDO VALPROICO FONTE: STAHL, S.S., 2002. As propriedades anticonvulsivantes do ácido valproico foram descobertas quando este composto foi empregado como veículo para triagem de atividade anticonvulsivante. 8.1.4.2.4.1 Efeitos Farmacológicos Eficaz contra crises de ausência, bem como crises parciais e tônico-clônicas generalizadas em seres humanos. 72 8.1.4.2.4.2 Mecanismo de Ação Semelhante à etossuximida. 8.1.4.2.4.3 Toxicidade • Sintomas gastrintestinais: o Náuseas; o Vômitos. • Sistema Nervoso Central: o Sedação; o Ataxia; o Tremores. • Exantema, alopecia e aumento do apetite. • Ganho ponderal de peso sob tratamento crônico. • Vários efeitos sobre a função hepática – elevação das transaminases hepáticas. • Complicação rara: hepatite fulminante. 73 FONTE: OSBORNE et al., 2004. 8.1.4.2.5 BENZODIAZEPÍNICOS A Farmacologia destes Compostos foi discutida anteriormente. 8.1.4.2.6 BARBITÚRICOS A Farmacologia destes Compostos foi discutida anteriormente. 8.1.4.2.7 OUTROS FÁRMACOS 74 8.1.4.2.7.1 LAMOTRIGINA 8.1.4.2.7.1.1 Importância da Lamotrigina Trata-se de um derivado da feniltriazina desenvolvido inicialmente como antifolato, baseado na hipótese de que a redução do folato seria eficaz no combate às convulsões. Estudos comprovaram que a sua eficácia anticonvulsivante não está relacionada com suas propriedades antifolato. 8.1.4.2.7.1.2 Mecanismo de Ação Apresenta efeitos antiglutaminérgicos e bloqueadores de canais de sódio (Figura 58). Figura 58 FONTE: STAHL, S.S., 2002 75 8.1.4.2.7.1.3 Farmacocinética Este fármaco é totalmente absorvido no trato gastrintestinal e metabolizado por glicuronidação. Apresenta meia-vida de 15 a 30 horas. Quando administrada concomitantemente com fenitoína, carbamazepina ou fenobarbital, este composto apresenta sua meia-vida reduzida. Já a associação com valproato aumenta a sua meia-vida plasmática. 8.1.4.2.7.1.4 Uso Terapêutico A Lamotrigina é útil na monoterapia na terapia das crises parciais e, tônico- clônicas generalizadas em adultos e na Síndrome de Lennox-Gastaut em crianças e adultos. 8.1.4.2.7.1.5 Toxicidade Os efeitos adversos mais comuns são tontura, ataxia, visão turva ou diplopia, náuseas, vômitos e exantema. Síndrome de Stevens-Johnson e CID (Coagulação Intravascular Disseminada). Maior incidência de exantema em crianças do que em adultos. OO qquuee éé aa SSíínnddrroommee ddee LLeennnnooxx--GGaassttaauutt?? Distúrbio pediátrico caracterizado por múltiplos tipos de convulsões, retardamento mental e refratariedade à medicação anticonvulsivante. 76 8.1.4.2.7.2 GABAPENTINA 8.1.4.2.7.2.1 Mecanismo de Ação Aumenta indiretamente os níveis do ácido gama aminobutírico (GABA) no cérebro por um mecanismo mal compreendido (Figura 59). FIGURA 59 FONTE: STAHL, S.S., 2002. 8.1.4.2.7.2.2 Usos Terapêuticos É eficaz para as convulsões parciais, com ou sem generalização secundária. Também é usada como agente hipnótico devido aos seus efeitos sedativos. Apresenta propriedades ansiolíticas beneficiando pacientes com ataques de pânico e transtorno de ansiedade social. 77 Aprovada pelo Food Drug and Administration (FDA) para o tratamento da neuralgia pós-herpética. Outras condições dolorosas que respondem a este medicamento incluem neuralgia trigeminal, síndromes de dor central e neuropatias por compressão, como a Síndrome do Túnel do Carpo. IImmppoorrttaannttee!! AA GGaabbaappeennttiinnaa éé eexxccrreettaaddaa ppoorr vviiaa rreennaall.. PPoorr eessttaa rraazzããoo éé uumm ffáárrmmaaccoo aaddeeqquuaaddoo ppaarraa sseerr uussaaddoo eemm ppaacciieenntteess ccoomm ddooeennççaa hheeppááttiiccaa Curiosidades! Análogo da Gabapentina – Pregabalina foi aprovada para o controle da dor neuropática associada com neuropatia periférica diabética e neuralgia pós-herpética. Porém a experiência com este composto ainda é limitada. 78 8.1.4.2.7.2.3 Toxicidade A gabapentina é bem tolerada e os efeitos adversos mais comuns são sonolência, tontura, ataxia e fadiga. Os efeitos adversos são de intensidade leve a moderada e tendem a diminuir no período de duas semanas após o início do tratamento. 8.1.4.2.7.3 TOPIRAMATO 8.1.4.2.7.3.1 Mecanismo de Ação É um inibidor seletivo dos receptores GluAMPA, bloqueia os receptores de sódio e tem uma atividade GABAérgica indireta. Potencializa a ação do GABA em um receptor de GABAA não benzodiazepínico e não sensível aos barbitúricos (Figura 60). FIGURA 60 FONTE: STAHL, S.S., 2002. 79 8.1.4.2.7.3.2 Indicações Terapêuticas Relatos iniciais de propriedades estabilizadoras do humor, mas não foi encontrada até o momento qualquer evidência de atividade antimaníaca. É usado e explorado na Psiquiatria principalmente para compensar o aumento de peso provocado por vários medicamentos psicotrópicos. É eficaz no tratamento da dor neuropática e da enxaqueca. Usada no tratamento da bulimia. É eficaz nas crises parciais refratárias e secundárias generalizadas. 8.1.4.2.7.3.3 Toxicidade Lentidão psicomotora Problemas de fala e linguagem, especialmente dificuldade de encontrar palavras. Sonolência. Tonturas, ataxia, nistagmo e parestesias. Fadiga e nervosismo. Dificuldade de concentração e confusão. Depressão Anorexia e ansiedade. Transtornos do Humor. Perda de peso e tremor. Desenvolvimento de cálculos renais. Portanto, os pacientes com risco para cálculos devem ser orientados a ingerir bastante líquido. 80 8.1.4.3 HIDANTOÍNAS 8.1.4.3.1 Fenitoína 8.1.4.3.1.1 Importância É eficaz contra todos os tipos de crises parciais e tônico-clônicas, mas não contra as crises de ausência. 8.1.4.3.1.2 Efeitos Farmacológicos Exerce atividade anticonvulsivante sem causar depressão geral do Sistema Nervoso Central. Em doses tóxicas produz sinais excitatórios e em doses letais um tipo de rigidez de descerebração. Efeito mais significativo é a sua capacidade de modificar o padrão de convulsões por eletrochoque. 8.1.4.3.1.3 Mecanismo de Ação A fenitoína limita o disparo repetitivo de potenciais de ação provocado pela despolarização persistente de neurônios da medula espinhal. Tais efeitos são evidentes em concentrações na faixa de níveis terapêuticos no líquido cefalorraquidiano. 81 Não são detectadas quaisquer alterações da atividade espontânea de GABA ou Glutamato.8.1.4.3.1.4 Toxicidade Alterações do comportamento. Sintomas Gastrintestinais. Hiperplasia Gengival. Osteomalacia. Anemia megaloblástica. 8.2 ESTIMULANTES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL 8.2.1 Química O termo anfetamínicos refere-se ao grupo de substâncias constituídas pelas anfetaminas e seus derivados. Apresentam o esqueleto básico da β-fenetilamina (Tabela 1). Atuam como aminas simpatomiméticas. TABELA 1 - Β-FENETILAMINA E SEUS DERIVADOS Substância Estrutura Química Anfetamina Clorfentermina Dietilpropiona 82 Efedrina Fenfluramina Fenilefrina Feniprazina Femproporex Fentermina Metanfetamina 83 8.2.2 Farmacocinética A anfetamina é rapidamente absorvida pelo trato gastrintestinal. O pico de concentração plasmática ocorre em 1-2 horas, sendo que a absorção geralmente se completa em 4-6 horas. Os anfetamínicos são amplamente distribuídos e as altas concentrações no cérebro estão relacionadas à penetração, por difusão passiva, na barreira hematoencefálica. Os anfetamínicos são biotransformados no fígado e apresentam como principais vias de biotransformação a hidroxilação aromática, β-hidroxilação na cadeia lateral, desaminação oxidativa, N-desalquilação. Os produtos hidroxilados são normalmente excretados conjugados com sulfato. A maioria dos anfetamínicos, durante os processos de biotransformação, pode ser convertida em anfetamina e ou metanfetamina. Cerca de 30% das anfetaminas é excretada inalterada na urina em 24 horas. Porém a quantidade real de anfetaminas vai depender do pH urinário para ser eliminada. Em pH ácido aproximadamente 60% da dose de anfetamina é excretada inalterada em 48 horas, enquanto que em pH básico 3-7% é eliminada inalterada no mesmo período. 8.2.3 Mecanismo de Ação As anfetaminas e seus derivados atuam ao nível de receptores α e β- adrenérgicos, em potências variáveis, de acordo com as diferenças estruturais. O mecanismo de ação mais provável é a liberação direta dos neurotransmissores das vesículas sinápticas, inibição da recaptação dos neurotransmissores e, consequentemente, aumento dos mesmos na fenda sináptica. A norepinefrina cerebral liberada é responsável pela estimulação locomotora induzida pela anfetamina enquanto que a dopamina está relacionada ao comportamento estereotipado da psicose (Figura 61). 84 FIGURA 61 FONTE: STAHL, S.S., 2002. 8.2.4 Dependência e Tolerância Os anfetamínicos apresentam potencial de abuso e propiciam desenvolvimento de farmacodependência. Esse processo é decorrente do aumento extracelular de dopamina no núcleo acumbens (área límbica) e núcleo caudado (área subcortical motora). Este mecanismo ainda se encontra não elucidado. 85 FONTE: STAHL, S.S., 2002. A tolerância aos efeitos anorexígenos das anfetaminas e derivados é profunda e rápida, sendo considerada a ocorrência da taquifilaxia, ou seja, diminuição da sensibilidade do organismo frente à ação do medicamento. Geralmente ocorre com a primeira dose ingerida de anfetamina e derivados. Síndrome de retirada do medicamento, após uso crônico, é caracterizada pela fadiga, hiperfagia, apatia, letargia, ansiedade, distúrbios do sono e severa depressão. Os efeitos tóxicos ocorrem principalmente nos sistemas cardiovascular e neuropsíquico. 86 8.2.5 Intoxicação por anfetaminas e seus derivados MMaanniiffeessttaaççõõeess ccllíínniiccaass SSeevveerriiddaaddee Agitação, irritabilidade, insônia, tremor, sudorese, midríase e rubor. + Hiperatividade, confusão, hipertensão, taquipneia, taquicardia, extrassístoles, febre fraca e sudorese. ++ Delírio, mania, autoescoriações, hipertensão pronunciada, taquicardia e arritmia. +++ Delírio, mania, autoescoriações, hipertensão ++++ Atenção! Cuidado! Alerta! 87 pronunciada, arritmia, hiperpirexia, acidemia, falência renal, convulsão ou coma, colapso circulatório ou morte. 9 Neurolépticos 9.1 Definição de Psicose Trata-se de um termo difícil de ser definido. É uma síndrome ou conjunto de sintomas associados a diferentes transtornos psiquiátricos. Então psicose significa, no mínimo, delírios e alucinações. Também incluem comportamentos e discursos desorganizados e distorções grosseiras da realidade. A mais comum e mais conhecida das doenças psicóticas é a Esquizofrenia. As dimensões sintomatológicas da Esquizofrenia incluem os sintomas positivos e negativos e os cognitivos, agressivo-hostis e sintomas ansiosos e depressivos (Figura 62). FIGURA 62 FONTE: STAHL, S.S., 2002. 88 9.2 Base da Esquizofrenia 9.2.2 Neurotransmissor responsável – Dopamina 9.2.2.1 Vias Dopaminérgicas envolvidas com a Esquizofrenia FONTE: Adaptado de Stahl, S.S., 2002. 89 Via Dopaminérgica mesolímbica hiperativa na Esquizofrenia – medeia os Sintomas Positivos da Esquizofrenia. (Adaptado de Stahl, S.S., 2002). 90 Via Dopaminérgica Mesocortical – medeia os Sintomas Negativos da Esquizofrenia. (Adaptado de Stahl, S.S., 2002). 91 9.2.2.2 Anormalidades do Neurodesenvolvimento na Esquizofrenia As Anormalidades do Neurodesenvolvimento na Esquizofrenia podem incluir: lesões tóxicas ou genéticas seguida de função neuronal inadequada e/ou morte da 92 célula; migração reduzida de neurônios durante o desenvolvimento cerebral do feto; seleção de sinapses inadequadas; inervação recebida de outros neurônios ineficiente (Adaptado de Stahl, S.S., 2002). 9.3 Antipsicóticos usados na Esquizofrenia Os primeiros antiesquizofrênicos foram descobertos casualmente na década de 1950 quando foi observado que um composto anti-histamínico, a clorpromazina (Figura 63), tinha efeitos antipsicóticos quando testados em pacientes esquizofrênicos. FIGURA 63 A clorpromazina apresenta atividade anti-histamínica, mas suas ações terapêuticas na esquizofrenia não são mediadas por esta propriedade. De maneira em geral, a clorpromazina e outros antipsicóticos produzem neurolepsia, isto é, lentificação ou ausência de movimentos motores, indiferença afetiva e embotamento emocional. Todos os neurolépticos diminuem as alucinações e ilusões (sintomas positivos) associadas à esquizofrenia. Possuem efeito calmante e reduzem movimentos físicos espontâneos. Os efeitos antipsicóticos em geral demoram várias semanas para iniciar. 93 9.3.1 Mecanismo de Ação dos Antipsicóticos FONTE: Adaptado de Stahl, S.S., 2002. Os antipsicóticos convencionais apresentam no mínimo quatro ações farmacológicas: bloqueio dos receptores dopaminérgicos D2; bloqueio dos receptores muscarínicos (M1); bloqueio dos receptores α1; bloqueio dos receptores histaminérgicos (H1) (Figura 64) FIGURA 64 FONTE: Adaptado Stahl, S.S., 2002. Bloqueadores dos Receptores D2 94 9.3.2 Principais Antipsicóticos Antipsicóticos Convencionais Antipsicóticos Convencionais Acetofenazina Carfenazina Clorpromazina Clorprotixeno Trifluopromazina Flufenazina Haloperidol Loxapina Mesoridazina Molindona Perfenazina Pimozida Piperacetazina Proclorperazina Tioridazina Tiotixeno Trifluoperazina 9.3.3 Efeitos Colaterais dos Antipsicóticos ConvencionaisFONTE: Stahl, S.S., 2002. 95 FONTE: Stahl, S.S., 2002. 96 O bloqueio dos receptores de dopamina na via nigroestriatal causa sintomas tipo Parkinson indesejado, tais como: distonias, acatisia e discinesia tardia, isso ocorre com o tratamento crônico. Os neurolépticos atípicos demonstram menor incidência desses sintomas. 9.4 Antipsicóticos Atípicos 9.4.1 Mecanismo de Ação FONTE: Stahl, S.S., 2002. 9.4.2 Principais Representantes FONTE: STAHL, S.S., 2002. Clozapina Risperidona Olanzapina Quetiapina Ziprasidona 97 FONTE: Stahl, S.S., 2002. Os fármacos atípicos parecem exercer parte da sua ação pela inibição de receptores de serotonina, mas também são antagonistas dos receptores de dopamina. 98 10 ANTIDEPRESSIVOS E ESTABILIZADORES DO HUMOR 10.1 Base Biológica da Depressão 10.1.1 Hipótese Monoaminérgica FONTE: STAHL, S.S., 2002. 99 FONTE: STAHL, S.S., 2002. 100 FONTE: STAHL, S.S., 2002. 101 Fonte: Stahl, S.S., 2002 FONTE: Stahl, S.S., 2002. 10.1.2 Hipótese Serotoninérgica Fonte: Stahl, S.S., 2002 102 FONTE: STAHL, S.S., 2002. 103 FONTE: STAHL, S.S., 2002. 104 FONTE: STAHL, S.S., 2002. 10.2 PRINCIPAIS FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS 10.2.1 Inibidores da Monoaminooxidase (IMAO) Os primeiros antidepressivos efetivamente descobertos foram os Inibidores da monoamina oxidase (MAO). Estes fármacos foram descobertos ao acaso quando se observou que o tuberculostático iproniazida ajudava no tratamento da depressão em pacientes tuberculosos. Descobriu-se que essa droga era também antidepressiva e inibia a Monoamina oxidase (MAO). 105 Atualmente os inibidores da MAO são agentes terapêuticos usados em determinados transtornos de ansiedade, pânico e fobia social. Os IMAO podem ser classificados em: Inibidores Clássicos da Monoamina oxidase irreversíveis e não seletivos. o Fenelzina. o Tranilcipromina. o Isocarboxazida. Inibidores Reversíveis da Monoamina oxidase A (IRMA) o Moclobemida. Inibidores Reversíveis da Monoamina oxidase B o Deprenil (Selegilina). 10.2.1.1 Mecanismo de Ação FONTE: Adaptado de Stahl, S.S., 2002. IIMMAAOO 106 FONTE: Adaptado de Stahl, S.S., 2002. 10.2.2 Antidepressivos Tricíclicos (ADTs) Interação dos IMAO com alimentos que contêm Tiramina Clomipramina Imipramina Amitriptilina Nortriptilina Protriptilina Maprotilina Amoxapina Doxepina Desipramina Trimipramina Drogas Sujas! 107 10.2.2.1 Mecanismo de Ação FONTE: STAHL, S.S., 2002. 108 FONTE: STAHL, S.S., 2002. 109 FONTE: Stahl, S.S., 2002. Os antidepressivos tricíclicos inibem a captação neuronal de norepinefrina e serotonina no terminal nervoso pré-sináptico. Também bloqueiam os receptores alfa adrenérgico, histamínico e muscarínico, porém não é conhecido se alguma dessas ações contribui para o efeito terapêutico. Contudo, as ações nesses receptores provavelmente são responsáveis por muitos dos vários efeitos indesejados dos antidepressivos tricíclicos, tais como visão borrada, xerostomia, retenção urinária, constipação, agravamento de glaucoma e de epilepsia. 10.2.2.2 Usos terapêuticos Depressão grave. Alguns distúrbios do pânico. 110 10.2.3 Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (5-HT) 10.2.3.1 Mecanismo de ação Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina bloqueiam a captação de serotonina, levando ao aumento da concentração do neurotransmissor na fenda sináptica e, à maior atividade neuronal pós-sináptica. Tipicamente precisam de duas semanas para produzir melhora no humor. Esses fármacos não produzem estimulação do SNC, nem melhoram o humor em indivíduos normais. 10.2.3.2 Usos terapêuticos Depressão. Distúrbio obsessivo compulsivo. Pânico. Ansiedade generalizada. Distúrbio disfórico pré-menstrual e bulimia nervosa. Fluoxetina Sertralina Paroxetina Fluvoxamina Citalopram Mecanismo de Ação! 111 10.2.3.3 Farmacocinética O alimento tem pouca influência na absorção dos inibidores de recaptação de serotonina. A maioria dessa classe de fármacos tem meia-vida entre 16 e 36 horas. Ocorre extensa biotransformação por enzimas dependentes do sistema P450 e conjugação com glicuronídeo ou sulfato. A excreção ocorre principalmente pelos rins, excetuando a paroxetina e sertralina, que também podem sofrer excreção fecal. As dosagens dos fármacos devem ser ajustadas em pacientes com insuficiência hepática. 10.2.3.4 Efeitos adversos Embora os efeitos adversos sejam menos graves do que os antidepressivos tricíclicos e IMAO, eles podem causar efeitos gastrintestinais, disfunções sexuais, distúrbios do sono e interações medicamentosas. Em doses excessivas todos os inibidores da recaptação de serotonina têm potencial para causar a síndrome da serotonina caracterizada por hipertemia, rigidez muscular, mioclonia, alterações do estado mental e dos sinais vitais quando usados concomitante com IMAO. Recomendam-se períodos prolongados de eliminação de cada classe de fármaco antes de administrar uma nova classe. 10.2.4 Bloqueadores dos Receptores de Noradrenalina e Dopamina Bupropiona 112 10.2.4.1 Ações Farmacológicas Disponível para o tratamento da depressão maior. Três formulações: liberação imediata (ingerida três vezes ao dia); liberação prolongada (ingerida duas vezes ao dia) e liberação estendida (ingerida uma vez ao dia). Efeitos sobre o controle do tabagismo. 10.2.4.2 Indicações Terapêuticas Depressão; Interrupção do Tabagismo; Transtornos Bipolares; Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade; Desintoxicação de cocaína; Transtorno do desejo sexual hipoativo 10.2.4.3 Reações Adversas Cefaleia; Náuseas; Boca seca; Tremor; Inquietação; Agitação; Irritabilidade; Sintomas psicóticos: alucinações, delírio e catatonia. 113 10.2.5 Inibidores da Recaptação de Serotonina-Norepinefrina Duloxetina Venlafaxina 10.2.5.1 Indicações o Depressão; o Transtorno da Ansiedade Generalizada; o Transtorno de Fobia Social; o Transtorno Obsessivo-compulsivo; o Transtorno do Pânico; o Agorafobia; o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade; o Dependentes de Cocaína. 10.2.5.2 Reações Adversas o Náuseas, sonolência, boca seca, tontura, anorexia, visão turva, obstipação, ejaculação e orgasmos anormais, distúrbios eréteis e impotência. o Sudorese é mais comum com a venlafaxina. o Interrupção abrupta pode provocar: Tonturas; Ansiedade; Náuseas; Sonolências; 114 Parestesias; Insônia. AAtteennççããoo!!Pacientes que fazem uso de Venlafaxina devem ser monitorados pelo Oftalmologista! A Venlafaxina pode produzir midríase em pacientes com Glaucoma. 115 Você sabia abia? A Duloxetina foi o primeiro medicamento aprovado pelo FDA para o tratamento da dor neuropática associada com Diabete. Atualmente está sendo empregada no tratamento da incontinência urinária de esforço, principalmente em mulheres. Sua ação na incontinência urinária está associada aos seus efeitos sobre a medula sacrospinal que aumentam a atividade do esfíncter estriado uretral. FONTE: STAHL, S.S., 2002. 116 10.3 ESTABILIZADORES DO HUMOR 10.3.1 Histórico 10.3.2 Definição de Estabilizador de Humor Os estabilizadores de Humor são medicamentos usados com a função de manterem o humor estável em pacientes portadores de Transtorno Afetivo Bipolar. Não são medicamentos curativos, mas previnem as oscilações entre euforia e depressão observados em pacientes maníacos-depressivos. Quanto à classe de medicamentos, os mesmos têm sido usados, tanto o lítio quanto o ácido valproico. Em razão à semelhança dos sintomas psicóticos apresentados durante a mania com àqueles observados na esquizofrenia, os antipsicóticos também têm sido usados com sucesso no tratamento da mania. Os antiesquizofrênicos e ácido valproico já foram discutidos em seções anteriores. 11994499 –– ppeessqquuiissaaddoorr aauussttrraalliiaannoo oobbsseerrvvoouu qquuee oo llííttiioo eexxeerrcciiaa uumm eeffeeiittoo ccaallmmaannttee eemm aanniimmaaiiss ee,, aa ppaarrttiirr ddaaíí,, lleevvaannttoouu--ssee aa hhiippóótteessee qquuee ppuuddeessssee sseerr uussaaddoo eemm ppaacciieenntteess mmaannííaaccooss.. 11997700 -- hhiippóótteessee ddee qquuee aa mmaanniiaa ppooddeerriiaa eessttaarr rreellaacciioonnaaddaa ccoomm aa eeppiilleeppssiiaa,, ppooiiss aammbbooss ooss ddiissttúúrrbbiiooss eexxiibbeemm ppaaddrrõõeess qquuee eennvvoollvveemm uummaa hhiippeerraattiivviiddaaddee cceerreebbrraall.. PPeessqquuiissaass ssuubbsseeqquueenntteess nnããoo ccoorrrroobboorraarraamm ccoomm eessttaa rreellaaççããoo eennttrree aa mmaanniiaa ee aa eeppiilleeppssiiaa.. 117 FONTE: Disponível em: <www.pt.wikipedia.org>. Acesso em: 10 jul. 2009. LLííttiioo oo AAddmmiinniissttrraaddoo nnaa ffoorrmmaa ddee ccaarrbboonnaattoo ddee llííttiioo.. oo EEmm ccoonncceennttrraaççõõeess tteerraappêêuuttiiccaass ppeenneettrraamm nnaass ccéélluullaass ppoorr mmeeiioo ddooss ccaannaaiiss ddee ssóóddiioo.. oo PPoossssuuii oo ppootteenncciiaall ddee aaffeettaarr qquuaaiissqquueerr pprrootteeíínnaass ee ttrraannssppoorrttaaddoorreess qquuee nneecceessssiittaamm ddee ccooffaattoorreess.. oo MMeeccaanniissmmoo ddee AAççããoo OOss rreecceeppttoorreess aaccooppllaaddooss àà pprrootteeíínnaa GG aattiivvaamm aa ffoossffoolliippaassee CC qquuee cclliivvaa oo ffoossffaattiiddiilliinnoossiittooll 44,,55--ddiiffoossffaattoo nnaass mmoollééccuullaass ddee ssiinnaalliizzaaççããoo,, oo DDiiaacciillgglliicceerrooll ((DDAAGG)) ee oo iinnoossiittooll 11,, 44,, 55-- ttrriiffoossffaattoo ((IIPP33)) AA ssiinnaalliizzaaççããoo ddoo IIPP33 éé iinntteerrrroommppiiddaa ppeellaa ssuuaa ccoonnvveerrssããoo eemm iinnoossiittooll 44,,55--ttrriiffoossffaattoo ((IIPP22)) ddiirreettaammeennttee.. LLííttiioo iinniibbee aa iinnoossiittooll ffoossffaattaassee qquuee ddeessffooffoorriillaa oo IIPP22 aa ffoossffaattoo ddee iinnoossiittooll lliivvrree.. EEnnttããoo oo llííttiioo bbllooqquueeiiaa eeffeettiivvaammeennttee aa ccaassccaattaa ddee ssiinnaalliizzaaççããoo ddoo ffoossffaattiiddiilliinnoossiittooll nnoo ccéérreebbrroo.. 118 10.3.3 Indicações do Lítio Transtorno Bipolar o Episódios Maníacos o Depressão Bipolar Transtorno Depressivo Maior Transtorno Esquizoafetivo e Esquizofrenia. 10.3.4 Reações Adversas Trato Gastrintestinal o Náuseas, redução do apetite, vômitos e diarreia que são minimizados com a ingestão juntamente com alimentos. Efeitos Neurológicos. o Tremores e feitos cognitivos. Efeitos renais proeminentes – polidipsia e poliúria. Efeitos cardiovasculares – deprime a atividade do marca-passo do nodo sinusal levando a arritmias sinusais e episódios de síncope. 10.3.5 Toxicidade Os principais sintomas são: o Convulsões generalizadas; o Oligúria e insuficiência renal; o Morte. 10.3.6 Tratamento da Intoxicação por Lítio Deve ser interrompido imediatamente e a desidratação tratada. Pode ser removido pelo TGI pela ingestão de sulfato de poliestireno ou de uma solução de polietilenoglicol. Nos casos mais graves, a hemodiálise é aconselhada. 119 11. OPIOIDES Opioides – drogas naturais e sintéticas com propriedades semelhantes à morfina. Opiáceos – substâncias derivadas do ópio, tais como a morfina. Ópio – derivado de “opos”, uma palavra grega para suco. É o exsudato de sementes de Papaver sominferum. FONTE: Disponível em: <www.forensic-education.org>. Acesso em: 11 jul. 2009. Tolerância – estado em que doses cada vez maior de opioides são necessárias para a obtenção de um efeito. Síndrome de Abstinência – caracterizada pela necessidade contínua de tomar a droga para evitar a Síndrome de Abstinência. Dependência – necessidade compulsiva de obter a droga para satisfazer um desejo individual de bem-estar. 120 11.1 Tipos de Receptores Opioides São classificados em cinco tipos: μ (mu), δ (delta), σ (sigma), ε (epsilon) e k (kappa). 11.2 Principais localizações destes receptores Corno Dorsal da Medula espinhal. Hipotálamo. Núcleo de rafe. Região ventral superior do bulbo. Locus ceruleus. Amígdalas e córtex cerebral. Medula suprarrenal. Gls. Exócrinas do estômago e intestino. 11.3 Mecanismo de Ação Inibe a passagem do estímulo nervoso, hiperpolarizando as membranas celulares. Isso está relacionado ao aumento da saída de potássio ou a diminuição da entrada de cálcio das terminações sinápticas e uma menor liberação de neurotransmissores excitatórios (NA, ACh, DA, 5-HT) na fenda sináptica. 11.4 Receptores Opioides 11.4.1 μ (mu) Responsável pela maioria dos efeitos analgésicos (supraespinhal, espinhal e periférica). Responsável por alguns efeitos indesejáveis. Depressão respiratória. Constrição pupilar. Motilidade do TGI reduzida. 121 Euforia. Sedação. Dependência Física. 11.4.2 δ (delta) Importantes na periferia. Contribuem também para a analgesia (espinhal). Efeitos colaterais o Depressão respiratória. o Motilidade do TGI reduzida. 11.4.3 K (kappa) Analgesia ao nível espinhal e periférica. Efeitos colaterais o Motilidade do TGI reduzida. o Disforia. o Sedação. o Não contribuem para a dependência. 11.5 Principais fármacos Morfina e seus derivados – morfina, codeína e diamorfina. Agonistas parciais – nalorfina e levalorfan. Antagonistas – naloxona. Derivados sintéticos. o Série da fenilpiperidina – petidina (meperidina), fentanil e sulfentanil (ação mais curta e mais potente – usada por via IV para tratar a dor severa ou como adjuvante da anestesia). o Série da metadona – metadona e dextropropoxifeno. o Ação mais longa do que a morfina. o Usada para tratar a dor branda ou moderada. o Série do benzomorfan – pentazocina e ciclazocina. 122 o Série semissintética da tebaína – etorfina (agonista parcial) e buprenorfina. o Loperamida – não penetra no cérebro e não possui atividade analgésica; inibe a peristalse e é usado
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