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Psicofarmacologia aplicada Drª Érika Leonardo de Souza Medicalização Medicalização Definição: “processo pelo qual determinadas condições humanas passam a ser consideradas condições médicas. Pode ser um reflexo de novos conhecimentos científicos ou artifícios sociais e econômicos de alguma ordem” Aspectos gerais Rápida transformação da psiquiatria nos últimos 30 anos: psicanálise psiquiatria biológica Surgimento de novas medicações e novos usos para as já existentes Desafio: integrar abordagens biológicas e psicoterápicas Duas abordagens equivocadas psicofarmacologia como essência da psiquiatria medicamentos simplesmente mascaram doenças, atuam de forma contrária à resolução de conflitos, interferem na terapia, ... Aspectos gerais Uma nova psiquiatria como especialidade médica teorias psicossociais psicobiológicas psicofarmacologia Drogas psicotrópicas benefícios na cognição, humor comportamento nem sempre modificam o processo mórbido subjacente fatores de estresse intrapsíquicos, interpessoais e psicosociais Resultados finais benéficos redução de sintomas promoção das capacidades em adaptar-se às exigências de sua vida Saúde mental Saúde em geral O tratamento de diversas doenças clínicas têm incorporado abordagens psicosociais hipertensão, artrite reumatóide, diabetes juvenil Psiquiatras que imaginam que a psicofarmacologia é o princípio e o fim de tudo clínico que acredita que tratar hipertensão é prescrever diurético Psicanalistas não devem esperar a cura de sintomas vegetativos em pacientes deprimidos endógenos sem o uso de medicação adequada CONCEITOS BÁSICOS • Droga: – Substância que atua no organismo – Uso corrente como entorpecentes ou substâncias com potencial de dependência • Fármaco: – droga com finalidade terapêutica, princípio ativo da medicação. – Atuam sobre proteínas-alvo com especificidade: enzimas, transportadores, canais de íons, receptores São substâncias com certo grau de especificidade. Quanto menor a especificidade com o seu alvo, maior a gama de efeitos colaterais. CONCEITOS BÁSICOS • Psicofármaco: – drogas que atuam mais seletivamente nos processos psíquicos (normais ou patológicos). • Medicamento: – fármaco preparado para o uso (concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica). CONCEITOS BÁSICOS • O que uma medicação precisa para ser aceita para uso? Ensaios clínicos com mais de 1000 indivíduos 4 fases: I – efeitos colaterais II – Eficácia III – eficácia em relação ao tratamento standard IV – uso real * ≠ entre eficácia e tolerabilidade MEDICAMENTOS • Referência: 1º no mercado (inovador). Em geral detém a patente da droga. Pode ser mais confiável. Ex: Prozac®. $$$ • Similar: Mesma droga, fabricada por outro laboratório. Paga direito de uso ou espera vencer a patente. Fiscalizado, e bioequivalente. Ex: Daforin®. $$ • Genérico: Mesma droga, produzida após quebra da patente. Vendida pelo princípio ativo. Fiscalizado pela ANVISA e bioequivalente. Ex: Fluoxetina. $ • Formulado: Não fiscalizado ou regulamentado. MEDICAMENTOS Equivalência Farmacêutica Dois produtos são farmaceuticamente equivalentes, se contêm a mesma quantidade da mesma substância ativa, na mesma forma farmacêutica, se têm padrões idênticos ou comparáveis e se estão indicados para administração pela mesma via. Bioequivalência Consiste na demonstração de equivalência farmacêutica entre produtos apresentados sob a mesma forma farmacêutica, contendo idêntica composição qualitativa e quantitativa de princípio (s) ativo (s), e que tenham comparável biodisponibilidade, quando estudados sob um mesmo desenho experimental. MEDICAMENTOS Biodisponibilidade Indica a velocidade e a extensão de absorção de um princípio ativo em uma forma de dosagem, a partir de sua curva concentração/tempo na circulação sistêmica ou sua excreção na urina. MEDICAMENTO IDEAL • Efeito terapêutico específico. • Isento de efeitos colaterais. • Mecanismo de ação completamente conhecido. • Baixo custo. • Posologia simples. • Baixa toxicidade. • Pouca interação medicamentosa. Escolha da medicação Diagnóstico Identificação de sintomas alvo Dentre as drogas apropriadas para um dado diagnóstico história de resposta prévia no paciente história de resposta prévia em familiares perfil de efeitos colaterais experiência clínica FARMACOCINÉTICA • Forma como as drogas “caminham”, se “movimentam” pelo corpo. – Absorção – Distribuição – Metabolismo ou biotransformação – Excreção FARMACOCINÉTICA • Forma como as drogas “caminham”, se “movimentam” pelo corpo. – Absorção – Distribuição – Metabolismo ou biotransformação – Excreção ABSORÇÃO • É a passagem da droga de seu local de aplicação para a corrente sanguínea. • A aplicação por via oral (VO) é a mais comum e as drogas ministradas por essa via terão sua absorção influenciada por: – concentração da droga – lipossolubilidade (facilidade com que a droga pode penetrar em uma membrana biológica) – motilidade e superfície de absorção do tubo gastrointestinal, presença de alimentos no tubo – droga administrada em solução ou forma sólida. ABSORÇÃO • A aplicação intravenosa (IV) promove ação mais rápida, pois a droga chega diretamente ao sangue, mas acarreta maiores riscos. • A aplicação intramuscular (IM) também fornece ação rápida, mas com algumas limitações. • Outras formas de aplicação são transcutânea (pomadas, adesivos, cremes), respiratória (medicações em pó e spray), intraretal (supositórios, clisteres), intradérmica (insulina), oftalmológica (colírios), sublingual e mucosa DISTRIBUIÇÃO • É a chegada da droga aos diferentes tecidos do corpo. • Depende de: - solubilidade da droga no plasma. - ligação às proteínas plasmáticas. - afinidade dos diferentes tecidos pela substância. -da irrigação sangüínea do tecido. -da lipossolubilidade. • Os psicofármacos são lipossolúveis, por isso podem atravessar a BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA • Podem também atravessar a barreira hematoplacentária METABOLISMO • Conjunto de alterações químicas que as drogas sofrem no organismo e que a tornam aproveitável ou permitem a excreção. • Ocorrem principalmente por vias enzimáticas (oxidação, redução, hidrólise e conjugação) • O fígado é o principal responsável pela metabolização das drogas. • A metabolização das drogas pode ser influenciada pela função hepática e pelo uso de outras drogas ao mesmo tempo, causando indução ou inibição enzimática EXCREÇÃO • É a eliminação da substância pelo organismo. • A principal forma de excreção dos fármacos é a urina, mas também ocorre pelas fezes, saliva, lágrimas, suor, bile e leite. • Quase todos os psicofármacos são excretados no leite materno. FARMACODINÂMICA • Mecanismos de ação das drogas. – Receptores, enzimas, processos intracelulares (gênicos, membranas etc). – Relação dose-efeito e potência. – Índice terapêutico e intoxicação. – Tolerância, dependência e síndrome de abstinência. – Fenômenos de neuromodulação. MEIA VIDA • Tempo necessário para que metade da concentração plasmática de uma droga seja metabolizada e/ou excretada pelo organismo • Determina o tempo necessário para alcançar o “estado de equilíbrio” da droga (quantidade recebida = excretada). • Drogas de meia vida curta duram menos tempo no organismo que aquelas de meia vida longa. MECANISMO DE AÇÃO MECANISMO DE AÇÃO • Todos os psicofármacos atuam na modulação da neurotransmissão. – Alterando a concentração dos NT na sinapse (síntese, liberação, recaptação ou degradação), ou seja agonistas ou antagonistas indiretos. Agonistas: mimetizam a ação dos neurotransmissores em seus receptores Antagonista: se refere aos compostos químicos que se ligam a determinados receptores neurológicos porém sem ativá-los, impedindo que os componentes que o ativariam de se ligarem MECANISMO DE AÇÃO EFEITO PLACEBO • Efeito não atribuível à ação farmacológica. • Resultante das interações humanas e dasexpectativas do paciente. • Até 50% do efeito antidepressivo. • Efeito nocebo (sugestão de efeitos negativos) FARMACODINÂMICA • Potência: dose necessária para se obter efeito terapêutico. • Nível plasmático efetivo (NPE) é a concentração mínima do fármaco no plasma necessária para que ocorra um efeito terapêutico. • Concentração máxima tolerada (CMT) como o nível máximo do fármaco no plasma acima do qual ocorrerá efeito tóxico. • Janela ou índice terapêutico: intervalo entre NPE e CMT. Ex: Lítio = 0,6 e 1,2 mEq/l INTOXICAÇÃO • Doses superiores à CMT = intoxicação – Fármaco: quanto maior o índice terapêutico (IT), mais segura a droga. Anticonvulsivantes e Lítio têm IT baixo. Benzodiazepínicos e ISRS tem IT alto. – Constituição física. – Idade. – Farmacodinâmica e farmacocinética. – Meia vida e interações medicamentosas. – Função hepática e renal. – Hidratação e estado nutricional. NEUROMODULAÇÃO • Down-regulation: o uso crônico de uma droga diminuiria a sensibilidade dos receptores neuronais ao longo do tempo. Isso explica em parte a tolerância. • Up-regulation: aumento na síntese dos receptores em vigência do uso crônico. Ex: hipersensibilidade dos receptores de dopamina em vigência de antipsicóticos típicos, levando à discinesia tardia (movimentos involuntários – musculatura oro-língua-facial) *como se a droga fizesse muito efeito OUTROS CONCEITOS • Tolerância: diminuição do efeito com o uso frequente (precisa ↑ dose). – Comportamental, metabólica e neuroadaptativa. – BZD, narcóticos, opióides, álcool. • Sensibilização: aumento do efeito com o uso frequente. (fissura, compulsão?) • Abstinência: diminuição abrupta da dose causando sintomas físicos e psíquicos que podem ter repercussões clínicas graves. CLASSES DE PSICOFÁRMACOS • Antidepressivos – ADT, iMAO, ISRS, outros • Antipsicóticos (neurolépticos) – Típicos (1ª geração) e atípicos (2ª geração) • Benzodiazepínicos/Hipnóticos • Estabilizadores do humor • Estimulantes • Medicações para demência • Medicações clínicas com uso psiquiátrico Classes de psicofármacos Classe Nome genérico Antipsicóticos típicos haloperidol Antipsicóticos atípicos Olanzapina, risperidona Antidepressivo tricíclico Amitriptilina, clomipramina, imipramina Antidepressivo ISRS Fluoxetina, sertralina, paroxetina, citalopram, excitalopram Antidepressivos duais (ou mais neurotransmissores) Venlafaxina, mirtazapina Psicoestimulantes metilfenidato Benzodiazepínicos Clonazepan, bromazepan, alprazolan Estabilizador de Humor Litio Anticonvulsivantes Divalproato, lamotrigina, carbamazepina PRESCRIÇÃO • Todos os psicofármacos são prescritos em receita com retenção na farmácia (controle especial). • Benzodiazepínicos e sibutramina são prescritos em receita azul (receitas controladas B1 e B2). • Anfetamínicos são prescritos em receita amarela (receita controlada A1). Prescrição Prescrição Psicofarmacologia dos transtornos depressivos Depressão ALEGRIA DEPRESSÃO Critérios Diagnósticos A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de 2 semanas e representam uma alteração a partir do funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda do interesse ou prazer. (1) humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, indicado por relato subjetivo (por ex., sente- se triste ou vazio) ou observação feita por outros (por ex., chora muito). Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável (2) interesse ou prazer acentuadamente diminuídos por todas ou quase todas as atividades. (3) perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta (por ex., mais de 5% do peso corporal em 1 mês), ou diminuição ou aumento do apetite quase todos os dias. Nota: Em crianças, considerar falha em apresentar os ganhos de peso esperados Critérios Diagnósticos (4) insônia ou hipersonia quase todos os dias (5) agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outros, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento) (6) fadiga ou perda de energia quase todos os dias (7) sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada (que pode ser delirante), quase todos os dias (não meramente auto-recriminação ou culpa por estar doente) (8) capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outros) (9) pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio Graus de depressão LEVE Apresenta angústia, rendimento menor, mas não para suas funções completamente MODERADA Desempenho fica marcadamente comprometido pois tem muita dificuldade de desenvolver as suas atividades domésticas e profissionais SEVERA Predomínio de angústia, agitação ou lentificação, sentimentos de inutilidade, baixa autoestima, culpa, pensamentos de morte, risco de suicídio Tipos de depressão Melancólico depressão mais severa (anedonia), sintomas vegetativos proeminentes, flutuação circadiana dos sintomas melhor resposta à medicação Atípico humor reativo, sintomas vegetativos invertidos (ganho de peso, hipersônia) melhor resposta a alguns medicamentos Sazonal períodos do ano com menor incidência de luz (hemisfério norte) fototerapia Psicótico alucinações, delírios tratamento combinado antidepressivos + antipsicóticos ECT Tratamento da depressão Psicoterapias intervenções dirigidas para tratamento de depressão técnicas cognitivas (ou comportamentais) duração limitada Antidepressivos inibidores seletivos de recaptura de serotinina (ISRS) venlafaxina bupropiona mirtazapina tricíclicos outros: IMAOs, antagonistas 5HT2 (…) Histórico - antidepressivos Antidepressivos clássicos foram descobertos por acaso início da década de 1950: iproniazida - droga usada no tratamento da tuberculose, IMAO MAO - degrada noradrenalina e serotonina Antidepressivos tricíclicos - ATC (1958) imipramina: em investigação para tratamento da esquizofrenia - elevação do humor sem aliviar psicose Pesquisa da indústria farmacêutica por drogas com a eficácia dos ATC, sem muitos efeitos adversos (cardiotoxicidade) droga protótipo - 1972 fluoxetina - 1988 (EUA) - primeiro inibidor seletivo da recaptura de serotonina (ISRS) Histórico antidepressivos Pesquisa por drogas mais seletivas originou a descoberta de novas classes de antidepressivos venlafaxina = inibidor seletivo de recaptura de serotonina e noradrenalina mirtazapina reboxetina = inibidor seletivo de recaptura de noradrenalina Novas drogas segurança e tolerabilidade ainda com latência de resposta (3 semanas ou mais) ANTIDEPRESSIVOS • Indicações: – Síndromes depressivas (depressão, distimia, TB*). – Transtornos ansiosos (pânico, TOC, TAG, fobias, TEPT, tricotilomania). – Bulimia nervosa. – TDAH. – Enurese noturna e ejaculação precoce. – Comportamento impulsivo, agressivo ou auto-mutilatório. – Síndromes dolorosas, fibromialgia, TPM. ANTIDEPRESSIVOS ISRS • Inibem seletivamente a recaptação de serotonina na fenda sináptica. • Seu desenvolvimento foi um grande avanço da psiquiatria. • São a 1a linha terapêutica atualmente. • Baixa toxicidade e menor potencial de interação medicamentosa. • Menos efeitos colaterais, menor taxa de descontinuação. • Em geral podem ser tomados em dose única diária. • Preço variável. ISRS Fluoxetina, paroxetina, citalopram (escitalopram), sertralina Efeitos colaterais gastro-intestinais: náusea, diarréia, azia disfunção sexual: ↓ libido, orgasmo retardado cefaléia insônia/sonolência Segurança geralmente seguros em doses excessivas (convulsões raras) Indicações depressão, transtornos de ansiedade, bulimia, transtorno disfórico pré-menstrual ISRS Dose e administração dose inicial já é ou está próxima da dose eficaz avaliar resposta inicial em 3- 4 sem aumentos de dose a cada 2sem até dose max Benefícios totais em 4-8 semanas Suspensão abrupta parestesias, náuseas, cefaléia, sintomas gripais (1 a 7 dias) - menos prováveis com fluoxetina Venlafaxina Inibidor seletivo da recaptura de serotonina e noradrenalina Efeitos colaterais ~ ISRS (mais insônia, náusea) hipertensão: 5% com doses até 200mg/d menor inibição de enzimas microssomais (menos interferência com outros medicamentos) Dose a administração formulação XR permite dose única iniciar com dose baixa requer ajustes de dose (3/3 dias, semanalmente) meia-vida curta, suspensão deve ser feita gradualmente Venlafaxina Indicações depressão transtorno de ansiedade generalizada condições dolorosas crônicas outras condições: TDAH fobia social transtorno de estresse pós traumático Duloxetina (Cymbalta) novo antidepressivo com mecanismo de ação semelhante, recém lançado Bupropiona Mecanismo de ação não é claro, parece envolver DA e NA (antidepressivo “ativador”) Preparação de liberação lenta ainda requer doses divididas acima de um certo patamar - manhã / tarde Efeitos colaterais: insônia, boca seca, tremor convulsões: <1% em doses <400mg/d (SR); uso de álcool, cocaína, estimulantes; bulimia/anorexia; antecedentes de convulsões, TCE não interfere com apetite, não induz disfunção sexual Tratamento do tabagismo Mirtazapina Ação NA/5HT Efeito anti-histamínico sedação, ↑ apetite ↑ peso em 20% dos casos predomina em doses baixas contrabalançado em doses mais altas por efeito noradrenérgico (ativador) Baixo risco de interação medicamentosa Poucos efeitos sexuais Dosagem e administração dose única à noite doses mais baixas: insônia importante, idosos ISRS – Nome comercial ANTIDEPRESSIVOS ISRS Nome Químico Nome Comercial Fluoxetina Prozac, Daforim, Deprax, Fluxene, Nortec, Verotina Nefazodona Serzone Paroxetina Aropax, Cebrilim, Pondera, Benepax Sertralina Zoloft, Tolrest, Novativ, Assert Citalopram Cipramil, Procimax, Cittá OUTROS ANTIDEPRESSIVOS • Venlafaxina (Efexor®, Venlift®) • Desvenlafaxina (Pristiq®) • Duloxetina (Cymbalta®) • Bupropiona (Zybam®, Wellbutrin®) • Reboxetina (Prolift®) • Maprotilina (Ludiomil®) • Mirtazapina (Remeron®) • Trazodona (Donaren®) • Nefazodona (Serzone®) • Agomelatina (Valdoxan®) Tricíclicos Imipramina, clomipramina, amitriptilina, nortritpilina, (maprotilina) Efeitos colaterais: Anticolinérgicos: boca seca, obstipação, retenção urinária, visão turva Ganho de peso, sedação Disfunção sexual Hipotensão ortostática, taquicardia, alterações de condução cardíaca Risco de crises convulsivas Sudorese Segurança letais em doses excessivas (arritimias cardíacas) atualmente, 2a ou 3a linha Tricíclicos Dose e administração iniciar com doses baixas múltiplos ajustes antes de se chegar à dose eficaz (mais 2 semanas para observar resposta) monitorar ECG nível sérico - nortriptilina Indicações depressão transtorno do pânico TOC síndromes dolorosas profilaxia da enxaqueca enurese Interação com diversos medicamentos Tricíclicos – Nome comercial Amitriptilina - Tryptano, Amytril Maprotilina - Ludiomil Nortriptilina - Pamelor CONTRA- INDICAÇÕES – IMAO (2 semanas de washout) – Contraindicado para pós-IAM - Arritmias Cardíacas – Cuidado em pacientes com glaucoma e convulsões – Cuidado em usar com estimulantes, por aumentar risco cardíaco – Cuidado com anticoagulantes: podem aumentar níveis plasmáticos IMAOs IMAOs de primeira geração (tranilcipromina) – Nome comercial - PARNATE poucos efeitos sobre recaptação ou bloqueio de receptores inibem a MAO em vários órgãos MAO-A - NA, 5-HT MAO-B - outras monoaminas (DA) MAO-A também é encontrada na mucosa do trato gastro-intestinal Inibidores seletivos e reversíveis da MAO MAO-B: selegilina (l-deprenil) MAO-A: moclobemida (IMAR) IMAOs Indicações depressão (que não respondeu a outros medicamentos) ansiedade social transtorno do pânico doença de Parkinson Interações medicamentosas opióides: crise hipertensiva (contra-indicado) bupropiona: crise hipertensiva, convulsões ISRS: síndrome serotoninérgica carbamazepina: crise hipertensiva simpatomiméticos: crise hipertensiva tiramina = diversos alimentos Escolhendo a medicação Levar em conta efeitos colaterais (desejáveis e indesejáveis) Considerar uso de outros medicamentos, condição de saúde Eficácia antidepressiva comparável (50-70%) Critério remissão (ao invés de “melhora”) - drogas de ação mais complexa > ISRS Depressão melancólica - medicação essencial Depressão atípica - ISRS, bupropiona; IMAOs Pacientes geriátricos: citalopram, sertralina, venlafaxina e mirtazapina; se tricíclico, nortriptilina Homens - drogas mais NA Mulheres - drogas mais 5HT ? Dose / Duração do tratamento Dose ideal = menor dose eficaz menos efeitos colaterais Sem melhora após 4 semanas pequena probabilidade de reposta Resposta parcial em 4 semanas prediz resposta mais completa em 8 semanas, mesmo sem aumento de dose aumentos graduais (2 sem) Tratamento de um episódio duração de 6-12 meses após a remissão Episódiso recorrentes considerar manutenção (dose mais baixa?) Curva de Kupfer Psicofarmacologia dos transtornos psicóticos Transtornos Psicóticos Esquizofrenia Paranóide Desorganizada Indiferenciada Catatonica Residual Transtorno esquizofreniforme (entre 1 mês e 6 meses; sem prejuízo) Transtorno esquizoafetivo CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA A ESQUIZOFRENIA 1. Pelo menos um dos seguintes sintomas está presente durante pelo menos um mês: Delírios Alucinações Discurso desorganizado (descarrilamento frequente ou incoerência) Comportamento altamente desorganizado Sintomas negativos (ex; humor não-modulado, falta de motivação, pobreza de fala, inabilidade de experimentar prazer) CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA A ESQUIZOFRENIA 2. O funcionamento em áreas como trabalho, relações sociais e auto cuidado encontram-se marcantemente abaixo de níveis anteriores. 3. Os sintomas persistem durante pelo menos seis meses. 4. Os sintomas não são decorrentes de um transtorno de humor maior (depressão, mania). 5. Os sintomas não são decorrentes de abuso de substância, medicamentos ou de uma condição médica geral. Delírios Os delírios são pensamentos/juízos falseados caracterizados por: Certeza inabalável Irremovíveis Incompreensíveis em sua origem Alterações do pensamento – juízo de realidade Vivência delirante - Saliência Tipos de delírios Persecutório Auto-referente Grandeza Messiânico De influência De culpa e auto-acusação Alucinações São percepções sem que haja um estímulo apropriado. Na esquizofrenia predominam as auditivas, seguidas pelas visuais Sintomas negativos São os As: Atenção Avolição Alogia Anedonia Afeto achatado Difíceis de compreender e lidar Histórico antipsicóticos Primeiro antipsicótico: clorpromazina (1950) pesquisa de medicação pré-anestésica indiferença em relação ao ambiente, tranqüilidade 1952: efetividade para tratar mania e esquizofrenia inaugurada a era da psicofarmacologia moderna incontáveis estudos confirmando achados originais Inicialmente chamados de “tranqüilizantes maiores” Drogas mais potentes são menos sedativas ex. haloperidol efeitos colaterais na motricidade (extrapiramidais) “neurolépticos” Histórico antipsicóticos Termo “antipsicótico” descreve melhor o efeito Não são exclusivos para o tratamento de psicoses: também são úteis no tratamento da mania, agitação psicomotora e alterações comportamentais na demência. Antipsicóticos atípicos (década de 1990) clozapina (década de 1970) risperidona, olanzapina, quetiapina, ziprasidona e aripiprazol praticamente tomaram o lugar das drogas “típicas” menor risco de efeitos extrapiramidais possibilidade de atuação em sintomas negativos ANTIPSICÓTICOS • Também conhecidos como neurolépticos. Dividem-se em típicos (1a geração), que são baratos e atípicos (2a geração), que são muito caros. • Alguns possuem apresentações injetáveis de depósito . • Indicações: – Síndromespsicóticas. – Delirium e agitação psicomotora. – Controle do impulso. – Como estabilizador no TB. – Relatos de melhora de sintomas de ansiedade e depressão em pacientes refratários (atípicos). – Como adjuvante em diversos quadros. CONCEITOS CHAVE • Todos os neurolépticos são igualmente eficazes em tratar síndromes psicóticas, inclusive a esquizofrenia, mas diferem na sua tolerabilidade. • Todos os neurolépticos bloqueiam um ou mais tipos de receptores de DOPAMINA, mas diferem nos seus outros efeitos neuroquímicos. • Todos os neurolépticos têm uma demora significativa em se tornar eficazes. • Todos os neurolépticos produzem efeitos adversos significativos. Mecanismo de ação Bloqueadores razoavelmente potentes dos receptores dopaminérgicos tipo D2 - exceto a clozapina (mais efeitos D1) AP atípicos também bloqueiam receptores para serotonina 5-HT2 Efeito esperado: diminuição e remissão dos sintomas, em especial delírios e alucinações. Vias dopaminérgicas Bloqueio nigro- estriatal: efeito AP e sintomas extra- piramidais. Bloqueio tuberoinfundibu lar: aumento de prolactina Bloqueio mesolímbico e mesocortical: efeito AP Classificação Antipsicóticos Primeira geração ou típicos ou convencionais Segunda geração ou atípicos ou nova geração Antipsicóticos atípicos Eficácia esquizofrenia (todos aprovados pelo FDA) esquizofrenia resistente ao tratamento (clozapina) mania (olanzapina aprovada pelo FDA) depressão, ansiedade, agitação AP atípicos clozapina risperidona olanzapina quetiapina ziprasidona aripiprazol asenapina ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS • Olanzapina (Zyprexa®) também IM • Risperidona (Risperdal®) • Clozapina (Leponex®) • Quetiapina (Seroquel®) • Amisulprida (Socian®) • Aripiprazol (Abilify®) • Ziprasidona (Geodon®) também IM • Paliperidona (Invega®) Antipsicóticos atípicos Efeitos colaterias ganho de peso (menor com ziprasidona?) sedação acatisia hipotensão ortostática tonturas ↑ triglicérides sintomas extrapiramidais (menos que drogas típicas) síndrome neuroléptica maligna (rara) agranulocitose (clozapina) convulsões (clozapina) Antipsicóticos atípicos Benefícios integrais 4 semanas a 6 meses Suspensão sintomas físicos desagradávies recidiva rápida reduzir tão gradualmente quanto ocorreu o aumento Antipsicóticos típicos Clorpromazina, flufenazina, trifluoperazina, haloperidol, levomepromazina Eficácia esquizofrenia (sintomas positivos) - FDA Mania (apenas clorpromazina - FDA) Depressão psicótica (+ antidepressivos) Psicose induzida por drogas Agitação, náuseas e soluços Antipsicóticos típicos Efeitos colaterais extrapiramidais - drogas de alta potência boca seca, obstipação, retenção urinária, sedação, ganho de peso - mais comuns com drogas de baixa potência endócrinos: ↑ prolactina, galactorréia Princípios gerais de uso Eficácia Todos os antipsicóticos disponíveis são mais eficazes que placebo (esquizofrenia aguda e crônica) Natureza e escala temporal da resposta clínica é insatisfatória sob muitos aspectos 6 semanas: 75% melhoram (25% com placebo) muitos nunca chegam a obter remissão completa 30% dos que não respondem a um antipsicótico típico respondem a clozapina em 12 semanas outros 15-30% respondem entre 6-12 meses Tendem a agir de modo lento e gradativo Efeitos colaterais devido ao bloqueio D2 Efeitos colaterais extrapiramidais Mais prováveis com AP típicos e de alta potência Também são possíveis com AP atípicos ou típicos de baixa potência Distonia primeiras horas ou dias Pseudo-parkinsonismo 5 dias a 4 semanas Acinesia redução de movimentos espontâneos Acatisia sensação de inquietude Discinesia tardia movimentos involuntários, surge com tempos prolongados Síndrome neuroléptica maligna hipertermia, quadro extrapiramidal grave (ex. rigidez muscular), disfunção autonômica Efeitos colaterais histaminérgicos Efeitos colaterais anticolinérgicos
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