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Bioenergética Bioquímica do Exercício 2019 - EEFERP Prof. Dr. Tiago R. Figueira O desafio bioenergético do exercício físico Objetivos Compreender o desafio bioenergético que representa o exercício físico Na sequência, compreender detalhadamente os sistemas metabólicos que sustentam a regeneração de ATP no repouso e no exercício Sumário 1. Introdução: glossário e conceitos básicos 2. Quantificação do desafio bioenergético durante o exercício 3. Alta demanda energética é sustentada por pouco tempo: relação com a bioenergética Introdução: glossário e conceitos básicos Matéria • tudo aquilo que contém massa • Massa é a medida de quantidade de matéria Energia • tudo aquilo que realiza trabalho • é a capacidade de transformar a matéria ou produzir movimento 4 Introdução: glossário e conceitos básicos Potência: • fluxo de energia • quantidade de energia liberada por unidade de tempo Unidade de medida: Watts (W) 1 W = 1J/s 1 kcal = ~4,2 kJ 5 Introdução: glossário e conceitos básicos Em organismos vivos, energia é necessária para promover trabalho biológico 6 • Síntese de biomoléculas • Transferência de informação genética • Gradientes elétrico e químico • Trabalho mecânico • Produção de luz O Exercício Físico Aumenta a Demanda por Energia (hidrólise de ATP) ADP+Pi ATP Processos Celulares (eg. contração muscular) A performance física em algumas atividades reflete a capacidade do organismo re-sintetizar ATP Sumário 1. Introdução: glossário e conceitos básicos 2. Quantificação do desafio bioenergético durante o exercício 3. Alta demanda energética é sustentada por pouco tempo: relação com a bioenergética Evidências fundamentais do desafio bioenergético durante o exercício em humanos 9 • É fácil a mensuração do trabalho biológico mecânico externo • Liberação de energia na forma mecânica Raciocinemos “do meio externo” para o “interno” A capacidade de liberar energia mecânica tem um amplo espectro 10 Homem de 70 kg 0 200 400 600 Potência mecânica no cicloergômetro (W) saudável não treinado 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 Potência mecânica no cicloergômetro (W) saudável não treinado atleta de elite (sprinter) 11 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 Potência mecânica no cicloergômetro (W) saudável não treinado atleta de elite (sprinter) Qual é a quantidade de energia requerida pelo organismo para sustentar estes trabalhos ? Biologia e duas leis da termodinâmica norteiam a resposta Qualitativamente podemos responder 12 Se um corpo libera energia mecânica em uma determinada taxa (ex. 600 W), o total de energia química liberada por unidade de tempo, internamente, será um valor superior. ΔH = ΔG + TΔS Entropia •Energia não útil ao sistema Energia útil •Entalpia (total de energia) A eficiência do organismo humano na produção de trabalho mecânico 13 ΔH = ΔG + TΔS Do total de energia : • ~20% (15-24%) trabalho mecânico • o restante para 100% é calor Custo energético da geração de trabalho mecânico 14 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 0 10 20 30 40 50 60 70 80 so me nte at let as "s pr int er s" D e m a n d a d e e n e rg ia t o ta l (v e z e s a t a x a d e r e p o u s o ) Potência mecânica (W) Custo energético do estado de repouso = ~1,23 kCal/min X (W) Y (vezes) Energia (kCal/min) 25 3 3,8 325 16 20 600 29 35 Sumário 1. Introdução: glossário e conceitos básicos 2. Quantificação do desafio bioenergético durante o exercício 3. Alta demanda energética é sustentada por pouco tempo: relação com a bioenergética Alta demanda energética (energia por unidade de tempo) é sustentada por pouco tempo 16 ∆E ∆T Elevada Potência Exercício tolerado por pouco tempo ∆E ∆T Baixa Potência Exercício tolerado por mais tempo Analisemos os records mundiais em provas do atletismo (fonte: IAAF) 17 Distance (km) Word record time (s) Speed (km/h) 0,1 9.58 37.58 0.2 19.19 37.52 0.4 43.03 33.47 0.8 100.91 28.54 1.0 131.96 27.28 1.5 206.00 26.21 1.6 223.13 25.81 2.0 284.79 25.28 3.0 440.67 24.51 5.0 757.35 23.77 10.0 1577.53 22.82 20.0 3386.00 21.26 30.0 5207.40 20.74 ∆E ∆T 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 0 1200 2400 3600 4800 T im e t o le ra te d ( s ) Speed of locomotion (km/h) Records mundiais: tempo vs. velocidade 18 ∆E ∆T Taxa de trabalho mecânico Ou gasto energético por unidade de tempo = Intensidade de Esforço 4 16 64 256 1024 4096 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 Sp ee d of lo co m ot io n (k m /h ) Time tolerated (s) Se o gráfico for invertido e o eixo X for em escala log, temos 19 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 0 1200 2400 3600 4800 T im e t o le ra te d ( s ) Speed of locomotion (km/h) 200 m (19,19s) 1000 m (132s) 4 16 64 256 1024 4096 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 Sp ee d of lo co m ot io n (k m /h ) Time tolerated (s) Essa três zonas resultam do recrutamento diferencial de três sistemas distintos de liberação de energia 20 Os três sistemas de liberação de energia química são nomeados: 21 Sistema Anaeróbio Imediato Metabolismo Aeróbio Sistma Anaeróbio Lático CrP Glicolítico Oxidativo (Resp. Mitocondrial) Os três sistemas de liberação de energia degradam diferentes substratos 22 Metabolismo Anaeróbio Imediato Metabolismo Aeróbio Metabolismo Anaeróbio Lático Estoques endógenos fosfatados (ex. CP) Carboidratos Ácidos graxos Aminoácidos Diferenças bioenergéticas primordiais entre os três sistemas São bem distintos em relação: •Capacidade (total de energia) •Potência (taxa de transformação de energia) Anaeróbio Imediato Anaeróbio Lático Metabolismo Aeróbio Capacidade Potência Questões 1. Quais teorias permitem concluirmos que o gasto energético aumenta durante o exercício em comparação ao repouso? 2. Quais os trabalhos biológicos celulares ocorrem em maior intensidade durante o exercício? 3. Quem é o intermediário energético que sustenta os trabalhos celulares? Qual é a forma de energia contida nele? 4. Quais sistemas energéticos regeneram o ATP? 5. Em um determinado tipo de exercício cíclico, como a corrida, qual é o gasto energético? 6. Qual a relação da intensidade com o recrutamento dos sistemas metabólicos e com a tolerância ao exercício? Recapitulação final 25 • O exercício pode elevar muito a demanda energética em relação ao basal • Altas intensidades de esforço (fluxo energético) são toleradas por pouco tempo • A intensidade de esforço influencia o sistema energético predominantemente recrutado • O ATP é o intermediário energético e já foi discutido anteriormente que seu ∆G é mutável Referências Referências 1. Brooks GA, Fahey TD, Baldwin KM. Exercise physiology: human bioenergetics and its applications. 4o ed. Nova York: McGraw-Hill; 2004. 876 p. 2. Dorel S, Hautier CA, Rambaud O, Rouffet D, Van Praagh E, Lacour J-R, et al. Torque and Power-Velocity Relationships in Cycling: Relevance to Track Sprint Performance in World- Class Cyclists. Int J Sports Med. 2005;26(9):739–46. 3. Mourão-Junior CA, Abramov DM. Biofísica Essencial. Primeira. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2015. 196 p. 4. Nelson DL, Cox MM. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6o ed. Porto Alegre: Artmed; 2014. 1220 p. 5. Nicholls DG, Ferguson SJ. Bioenergetics 3. 3o ed. Londres: Elsevier; 2002. 297 p. 6. Nickleberry BL, Brooks GA. No effect of cycling experience on leg cycle ergometer efficiency. Med Sci Sports Exerc. 1996;28(11):1396–401 7. Pazin N, Bozic P, Bobana B, Nedeljkovic A, Jaric S. Optimum loading for maximizing muscle power output: the effect of training history. Eur J Appl Physiol. 2011;111(9):2123–30. 8. Swain DP. Energy cost calculations for exercise prescription:an update. Sports Med. 2000;30(1):17–22. 27