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Asma - Abordagem da crise aguda Antonio Carlos Pastorino Asma - Abordagem da crise aguda Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 CRISE ASMÁTICA: DEFINIÇÃO É UM EPISÓDIO DE EXACERBAÇÃO AGUDA, PROGRESSIVA DE OBSTRUÇÃO BRÔNQUICA, CAUSADA POR ESPASMO MUSCULAR, INFLAMAÇÃO DA MUCOSA E POR AUMENTO DE SECREÇÃO, MANIFESTANDO-SE CLINICAMENTE POR APARECIMENTO SÚBITO OU SUBAGUDO DE TOSSE, DISPNEIA, SIBILÂNCIA. DESENCADEANTES DE CRISES Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 Asma - Abordagem da crise aguda • Exposição a alérgenos: • ácaros, animais domésticos, baratas, pólens • Exercício e hiperventilação • Drogas e corantes – AINH, AAS • Fatores ambientais – não alérgicos/irritantes • Mudanças climáticas • Exposição à fumaça de cigarro • Exposição a poluentes atmosférico • Falta de uso de medicações de controle • Infecções respiratórias - vírus respiratórios - rinovírus Fatores de risco para asma potencialmente fatal: • Crise anterior grave ou com rápida piora • Crise anterior com falência respiratória (IOT, UTI) ou com alteração de sistema nervoso central • > 3x em pronto-socorro ou > 2x internação/asma no último ano • Uso de > 1 frasco b-2 agonista de curta ação por mês • Incapacidade em reconhecer a gravidade da crise • História de doença ou problemas psiquiátricos • Falta ou não adesão ao tratamento ambulatorial • Alergia alimentar associada à asma Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 Classificação da crise de asma: Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 CLASSIFICAÇÃO DA CRISE INDEPENDE DO CONTROLE DA ASMA Utilização de sistemas de pontuação - escores Critérios subjetivos Critérios objetivos Medida de Pico de Fluxo (“peak flow”) Oximetria de pulso – prático/pré-consulta Gasometria arterial – doloroso/só na UTI x Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 Avaliação inicial de exacerbações agudas de asma em crianças < ou = 5 anos Sintomas Leves Graves* Estado de consciência alterado Não Agitada, confusa ou sonolenta Oximetria na apresentação (Sat O2)** > 95% < 92% Pronuncia *** Frases Palavras Frequência de pulso < 100 bpm >200 bpm (0 – 3 anos) >180 bpm (4 – 5 anos) Cianose central Ausente Provavelmente Intensidade do chiado Variável O tórax pode estar silencioso *Qualquer uma dessas características pode indicar exacerbação grave **Oximetria antes do tratamento com oxigênio ou broncodilatador ***Levar em conta a capacidade normal da criança de acordo com seu estágio de desenvolvimento Abordagem inicial no pronto-socorro Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 • História clínica objetiva • Exame físico detalhado + saturação O2 basal • Classificação da crise • Tratamento medicamentoso • Orientações de alta – plano de ação • Educação – sinais de alerta Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 • Duração da crise atual, intensidade e atendimento médico p/ esta crise • Fatores desencadeantes • Qualquer sintoma de anafilaxia • Terapêutica prévia (Tipo? Dose?) e resposta à terapêutica • Terapêutica em uso (última dose) • Internações anteriores (UTI ou não) • Melhor PFE e atual (quando possível) • Limitação física e sono Caracterização da crise atual • Crise anterior grave (IOT ou UTI) • 2 ou + internações por asma < 1 ano • 3 ou + visitas a PS no ano anterior • internação ou PS no último mês • Uso de > 1 frascos de b2 inal/mês • Dificuldade de percepção da gravidade dos sintomas • Sem plano de ação escrito • Co-morbidades: doença cardiovascular/doença pulmonar crônica/ obesidade/alergia alimentar Fator de risco para óbito por asma 1 - HISTÓRIA – Caracterizar crise atual e fatores de risco de evolução grave 2- EXAME FÍSICO: • Coloração da pele • Uso da musculatura acessória - presença de retrações intercostais e/ou de fúrcula • Frequência cardíaca/Frequência respiratória/PA • Fala • Caracterização dos ruídos respiratórios (presença de murmúrio, sibilância, simetria) • Nível de consciência Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 2- EXAME FÍSICO : Sinais de falência respiratória iminente: Alteração da consciência Incapacidade para falar Ausência de murmúrio vesicular Cianose central Diaforese Intolerância para o decúbito Pulso paradoxal Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 Pontos principais para o tratamento da crise: • Oxigênio • Agonistas b2 Adrenérgicos • Corticosteroides • Outros agentes: • Anticolinérgico – Brometo de Ipratrópio • Sulfato de Magnésio • Teofilina • Antileucotrienos Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 Scarfone R et al. UpToDate, 2016 GRADE 1A REAVALIAÇÕES FREQUENTES Quando utilizar Oxigênio Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 Scarfone R et al. UpToDate, 2016 Oxigênio – para todos os pacientes com SatO2 < 95% (outros aa < 92%) Em crianças - SatO2 < 92% - chance de hospitalização (Geelhoed GC et al., Ann Emerg Med 1994) (Evidência C ) Raro recaídas quando SatO2 inicial > 95% (Geelhoed GC et al., BMJ 1988) Lembrete: SatO2 cai > 5% nos 30’ após b2 Acessórios para fornecimento de O2 Tenda facial fluxo: 10-15 L FiO2 < 40% Máscara simples fluxo: 6-10 L/min FiO2: 30-60% COM SATURAÇÃO NORMAL NÃO OFERECER O2 Máscara não reinalante fluxo: 10-12 L/min FiO2: 95% Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 PFE normal até 80% do esperado Radiografia torácica • Não está indicada de rotina • Exceções: • Crise grave • Doente intubado/ventilado • Suspeita de barotrauma • Suspeita de atelectasia • Suspeita de pneumonia • Febre > 39ºC • Suspeita de sibilância de outra etiologia • Aspiração de corpo estranho, cardiopatia Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 Scarfone R et al. UpToDate, 2016 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO • Beta-2 agonistas de curta duração • Salbutamol • Terbutalina • Fenoterol • Corticosteroides sistêmicos • Prednisona/Prednisolona – Via oral • Hidrocortisona • Metilprednisolona • Brometo de Ipratrópio • Sulfato de Magnésio Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 Scarfone R et al. UpToDate, 2016 Beta-2 agonistas de curta ação • b2 agonistas são os broncodilatadores + utilizados • Induzem broncodilatação dose-relacionada • O efeito é > se doses frequentes são utilizadas • b2 agonistas possuem maior índice terapêutico quando usados por via inalatória do que por via oral/intravenosa • Não há vantagens do uso de b2 por via SC (terbutalina ou adrenalina) x b2 com aerocâmara Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 Scarfone R et al. UpToDate, 2016 Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 Scarfone R et al. UpToDate, 2016 β2-Agonistas: todos são iguais? Rápida Rápido início, curta duração Terbutalina inalada Salbutamol inalado Fenoterol inalado Rápido início, longa duração Formoterol inalado Lenta Lento início, curta duração Terbutalina oral Salbutamol oral Lento início, longa duração Salmeterol inalado Bambuterol oral Curta LongaV e lo c id a d e d e I n íc io d e A ç ã o Duração de Ação Modo de usar e doses: Beta-2 agonistas de curta ação Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 MEDICAÇÃO DOSE Salbutamol 100 mcg aerosol dosimetrado < 5 anos 2 – 6 jatos para crianças > 5 anos 4 – 10 jatos - 3x 20/20’ Reavaliar após 1 h Salbutamol para nebulização 0,15 mg/kg (1 gota/ 2-3 kg máx 20 gotas) Fenoterol para nebulização 0,25 mg (1 gota/3 kg) máx 10 gotas • estabilização membranas lisossomais/celulares • inibição da liberação mediadoresinflamatórios • redução da migração neutrófilos • sobrevida de eosinófilos/mastócitos • aumento da atividade beta-2 adrenérgica • aumento da síntese surfactante CORTICOSTEROIDES: EFEITOS Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 USO PRECOCE NA CRISE reduz risco de internação (OR=0,24) se administrada pré-chegada ao PS ou até 1 h após chegada PS (Evidência A) MANTER POR 3-5 dias (Evidência B) PARENTERAL (IV ou IM) se não aceitar VO Metilprednisolona - 1 a 2 mg/kg/dose (máx 125 mg) Hidrocortisona - 5 a 10 mg/kg/dose (máx 200 mg) ORAL Prednisona - 1 a 2 mg/kg/dose (máx 40 mg) Prednisolona sol. oral - 1 a 2 mg/kg/dose (máx 40 mg) CORTICOSTEROIDES: MODOS DE UTILIZAÇÃO • Crises repetidas > 3x/mês • Internação prévia em UTI no último ano • > 1 consultas ao PS pela mesma crise • > 3 internações no último ano • Internação recente • Crise moderada ou grave • Usar Prednisona/Prednisolona – 3-5 dias • Lembrar: associar b2 curta, plano escrito crise, reavaliação com especialista em < 1 mês Corticosteroide oral na alta Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 • Inibe tônus parassimpático: Ach • Bloqueia receptores muscarínicos M3: broncodilatação • Efeito dose-dependente • Uso inalatório: nebulização x aerossol • Uso em asma moderada ou grave • Doses máximas: 250 mcg = 20 gtas (< 20 kg) ou 500 mcg = 40 gtas (> 20 kg) Baren JM et al. Pediatr Emerg Med Report 2002 Scarfone et al. UpToDate, 2016 Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 ANTICOLINÉRGICO – Brometo de Ipratrópio • Menor potência que b2 adrenérgicos • Efeito broncodilatador mais lento que os resorcinóis 15 min (máx ação em 30-60 min) • Meia-vida de ~ 8h - via inalatória • Uso em associação aos b2 - efeito aditivo – crise mod/grave • Cada mL de solução para nebulização de Brometo de ipratrópio = 250 mcg de ipratrópio DOSE : 1 mL = 250 mcg ~ 25 mcg/kg SÓ EM CRISE MOD/GRAVE < 10 kg = 150 mcg (10 gotas)/> 10 kg = 250 mcg (20 gotas) máx 40 gotas ANTICOLINÉRGICO – Brometo de Ipratrópio Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 •A absorção pela via inalatória é mínima, com poucos efeitos tóxicos sistêmicos. • Secura da boca e gosto amargo. •O risco de retenção urinária pode estar aumentado em pacientes com uropatia obstrutiva preexistente. • Outros: obstipação, diarreia e vômito, cefaleia. Brometo de Ipratrópio Efeitos colaterais Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 Antagonismo de transporte de Ca+2 em membranas • Diminui a captação de Ca++ pela mm brônquica, levando relaxamento de mm liso de vias aéreas • inibição da degranulação mastócitos • liberação de Ach em terminais nervosos • redução da excitabilidade da fibra muscular SULFATO DE MAGNÉSIO Ações Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 SULFATO DE MAGNÉSIO Ações Fora do Brasil já existe Sulfato Mg inalatório - CRISES GRAVES COM SatO2 < 92% Considerar o uso de 3 doses de sulfato de magnésio isotônico por nebulizador (150 mg) na primeira hora para crianças acima de 2 anos com exacerbação grave. Sulfato de magnésio EV (somente em > 2 anos) 50 mg/kg (25-75 mg/kg - dose máx 2 g) infundir em 20’ Com monitoração da PA Scarfone et al. UpToDate, 2016 Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 Scarfone et al. UpToDate, 2016 Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 Broncodilatação Contratilidade diafragma Diurético Liberação catecolaminas endógenas Vômitos/piora de RGE Irritabilidade Taquicardia/Arritmias Convulsões X nível terapêutico próximo do tóxico Teofilina / Aminofilina Papel histórico no tratamento da asma Antileucotrieno - Montelucaste VO ou EV Sem indicação na crise aguda Scarfone et al. UpToDate, 2016 Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 MEDICAÇÃO DOSE Salbutamol 100 mcg aerosol dosimetrado < 5 anos 2 – 6 jatos para crianças > 5 anos 4 – 10 jatos - 3x 20/20’ Reavaliar após 1 h Salbutamol para nebulização 0,15 mg/kg (1 gota/ 2-3 kg máx 20 gotas) Fenoterol para nebulização 0,25 mg (1 gota/3 kg) máx 10 gotas Brometo de Ipratrópio para nebulização (0,25 mg/mL) < 1 ano: 10 gotas (0,125 mg) 1 – 12 anos: 20 gotas (0,25 mg) > 12 anos: 40 gotas (0,5 mg) – 3X 20/20’ Brometo de Ipratrópio aerosol dosimetrado – Atrovent N® Cada puff = 20 mcg 4 – 8 puff - 3x a cada 20 min Corticoide sistêmico prednisolona, prednisona metilprednisolona 1 – 2 mg/kg/dia - máx 40 mg/dia 1 mg/kg/ dose a cada 6 – 12 h Sulfato de magnésio 50 mg/kg (dose máx 2 g) infundir em 20’ Terbutalina/Salbutamol EV contínuo Dose de ataque 10 mcg/kg Manutenção contínua: 0,1 - 3 mcg/kg/min AMINOFILINA/TEOFILINA ANTIBIÓTICOS Não usar Não usar de rotina Doses de medicações para crise Recomendações GINA Global Initiative for Asthma - GINA, 2016 Não subestimar a gravidade de uma crise Tratamento imediato Pacientes de risco • História de asma quase fatal (intubação, ventilação mecânica) • Em uso (atual ou recente) de corticosteroides orais • Uso excessivo de β2-agonistas • Doença psiquiátrica ou problemas psicossociais • História de não adesão ao tratamento © Copyright©2017 Editora Manole Ltda. 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