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AULA 2 H EDUCACAO NA IDADE MÉDIA

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EDUCAÇÃO NA IDADE MÉDIA 
 
Definição 
ducação na Europa Ocidental no período da Idade 
Média (entre os séculos V e XV). Legados medievais na forma 
de pensar a Educação: Artes Liberais, “monopólio” do campo 
educacional pelo clero, influência árabe para a cultura 
europeia, método de ensino da Escolástica e aparecimento das 
universidades. 
Propósito 
emonstrar que a base da Educação ocidental é 
fortemente influenciada pelas tradições educacionais 
desenvolvidas na Idade Média, em especial o papel da Igreja e 
a formação moral do sujeito, marca recorrente ainda na 
maneira como a Educação é vista e empreendida no Brasil e no 
mundo. 
Objetivos 
Identificar as principais características da transição da 
Educação entre a Antiguidade e a Idade Média 
Descrever a importância das artes liberais para a formação dos 
sujeitos na Idade Média 
 
Comparar aspectos da Reforma Carolíngia e da Educação 
islâmica na Europa Ocidental 
 
Determinar a importância da Escolástica para as escolas 
urbanas e universidades na Baixa Idade Média 
 
Introdução 
Como você imagina a Idade Média? 
 
Castelos e princesas, lembrando as histórias infantis? 
 
Lutas de espadas e as ações da Igreja, como nos filmes e séries? 
 
Professores que explicam que a Idade Média era a Idade das 
Trevas? 
 
Essas visões construídas fazem parte do nosso cotidiano e têm 
relação com os iluministas, que queriam se afirmar contra o 
pensamento da Igreja. Além disso, há o Romantismo, que 
idealizou as figuras do cavaleiro e da donzela e, por fim, o 
cinema e a literatura contemporânea que veem com certo 
fascínio a Idade Média. 
tarefa de resumir a Idade Média a esses conceitos é difícil, pois 
um milênio não é representado por uma coisa só. De fato, esse olhar 
europeu só tem sentido se pensamos nos legados medievais. As 
sociedades atuais são frutos de influências europeias e do seu auge, que 
gerou o colonialismo e o imperialismo. Esse período fez com que as 
instituições europeias e suas diversas formações dessem base às nossas 
estruturas sociais, políticas e, principalmente, educacionais. 
A Idade Média concentra os fundamentos da moral ocidental, 
marcados pela tradição judaico-cristã da Igreja. As referências da 
Antiguidade foram reconstruídas e marcam nossa forma de ver o 
mundo. Apesar de ter sido reconhecida de maneira pejorativa como 
apenas um período de transição, uma época de trevas, a Idade Média 
apresenta práticas que fazem parte de nosso cotidiano mesmo que nós 
não percebamos. 
Nosso objetivo, portanto, é demonstrar que as tais trevas tinham 
intelectuais importantes, debates vigorosos, além de disputas entre 
grupos sociais para organizar e manter a Educação. 
1º MÓDULO 
Identificar as principais características da transição da Educação entre 
a Antiguidade e a Idade Média 
Contexto 
A Idade Média é um período marcado pelo surgimento de um novo 
tipo de intelectual na Europa Ocidental: os padres cristãos. Esse grupo 
foi o principal responsável por manter uma Educação formal (escolas) 
na Europa entre os séculos V e XV. Os primeiros a inaugurarem esse 
novo pensamento são conhecidos como membros da Patrística. 
 
A Igreja Cristã foi a única instituição que atravessou todo o período de 
transição da Antiguidade para a Idade Média. 
m meados do século III, o Império Romano apresentava 
graves sinais de crise econômica e política. Na busca de reformulações 
que permitissem sua permanência, foram procuradas novas formas de 
governo – chega-se a ter quatro imperadores de uma só vez. 
Outra tentativa foi a organização das mensagens e preceitos religiosos 
que dessem sentido à nova construção imperial. Quando o Imperador 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html
Constantino se converteu ao cristianismo, houve um movimento que 
pode ser interpretado como uma tentativa de coesão pela religião. 
Mesmo assim, após a fragmentação do Império Romano Ocidental, a 
Educação foi creditada à Igreja, já que valorizava os princípios 
educacionais herdados da Antiguidade para ocupação dos seus 
quadros e para sua pregação. 
Constantino, primeiro imperador cristão, foi canonizado pela Igreja 
Ortodoxa. 
 
Scriptorium - Copiste au travail. Bibl. nat. de France, manuscrit français 
n°9198, f. 19. 
 
A Igreja, por meio de seus membros, transmitiu uma mistura das 
culturas antigas (greco-romana) cristianizadas. Sua pregação era 
levada às praças, para o cotidiano dos reis, para todos que ouviam a 
Igreja, fazendo com que a Educação fosse difundida por meios não 
formais. No entanto, sua estrutura de manutenção era formal, 
organizada em centros de formação desses clérigos. 
O saber antigo preservou-se nos livros que os mosteiros e as igrejas 
agasalharam carinhosamente (NUNES, 2018). 
 Clique na tocha para visualizar o conteúdo. 
 
Curiosidade histórica 
O clero impulsionou fundamentalmente o fenômeno de latinização nos 
séculos IV e V, o que representou o embrião das línguas neolatinas, fio 
condutor que fez possível também a transmissão de elementos culturais 
da Antiguidade Clássica até a Baixa Idade Média. 
Conceitos 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html
essa época, a Igreja Católica foi muito importante para o 
desenvolvimento da ciência e para a preservação da cultura. Além 
disso, foi fundamental na manutenção da Educação. Os monges 
copistas foram responsáveis pela armazenagem do saber, pois 
copiavam e guardavam os registros escritos. Assim, toda a produção de 
conhecimento nas civilizações antigas – principalmente dos sábios 
gregos – foi preservada e retomada no período do Renascimento. 
Mesmo com a expansão do cristianismo, ainda na Antiguidade, bem 
como nos séculos subsequentes, os jovens romanos e cristãos 
frequentavam as mesmas escolas, liam os mesmos textos, recebiam a 
mesma instrução. O ensino da cultura clássica era necessário, 
sobretudo para aqueles oriundos das classes médias e altas, que 
formariam os quadros das carreiras administrativas. 
Por conta dessa característica, a cultura clássica influenciava os 
principais intelectuais da Igreja de forma intensa. 
 
O modelo educacional da Igreja era uma cópia do modelo do Império 
Romano. 
 
A arte da transição é um bom exemplo dessa mistura. De um 
lado, a forma é romana, de outro, o discurso é cristão. Repare 
nesta imagem. A Bíblia e a cruz, o pergaminho em grego e as 
roupas da nobreza. 
 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html
As obras clássicas foram adotadas, seus pensadores 
reconhecidos, sua forma de educar valorizada, mas os objetivos 
e formas universalistas foram abandonados e substituídos por 
elementos cristãos 
Por outro lado, a cultura romana também foi muito influenciada pelo 
catolicismo. As pinturas, as esculturas e os livros eram marcados pela 
temática religiosa. Os vitrais das igrejas apresentavam cenas bíblicas, 
pois essa era uma forma didática de transmitir o evangelho a uma 
população quase toda formada por iletrados. Assim como os romanos 
faziam com seus monumentos e afrescos, a Igreja repaginou e 
permaneceu com sua utilização. 
 
 Clique na tocha para visualizar o conteúdo. 
 
Curiosidade histórica 
Gregório (papa entre os anos 590 e 604) criou o canto gregoriano – 
outra forma de disseminar as informações e os conhecimentos 
religiosos por meio de um instrumento simples e interessante da 
tradição romana: a música. 
Quer entrar no clima da Idade Média? 
Clique abaixo e ouça o canto gregoriano. 
 
 
Correntes filosóficas medievais 
Pode-se dividir, de forma generalista, a Idade Média, no que diz 
respeito à Educação, em duas linhas principais: 
Agostinho de Hipona 
 
 
Patrística 
Pretende expor racionalmente adoutrina religiosa, com destaque para 
Agostinho de Hipona. 
Tomás de Aquino 
 
Escolástica 
Predominante nos espaços escolares durante o Renascimento 
Carolíngio e readaptada a partir do racionalismo cristão e de Tomás 
de Aquino. 
 
O termo patrística foi criado para designar os primeiros 
intelectuais da Igreja Romana, como Justino, Tertuliano, 
Orígenes, Atenágoras, Clemente. No entanto, dedicaremos 
nosso olhar a um membro tardio, mas fundamental para a 
Educação na Idade Média: Agostinho de Hipona 
A Patrística se configurou como uma corrente de pensamento fundada 
pelos padres da Igreja Católica que procuravam estabelecer uma 
concepção racional dos fundamentos dos dogmas da fé cristã e uma 
resposta às suas perspectivas antagônicas, que eles denominavam de 
heresias. 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html
Educação 
base do pensamento educacional na Idade Média é 
o neoplatonismo cristão. Essa corrente filosófica misturava traços da 
leitura de Platão e princípios diversos filosóficos do Mediterrâneo, 
como estoicismo, e os preceitos da religião cristã. 
O nome mais importante para a Educação formulada para a Igreja e 
para além dela é o bispo africano Agostinho de Hipona (354-430). Ele 
estruturou seu pensamento como os demais membros da Patrística, 
isto é, combinando elementos da fé a princípios filosóficos de nomes 
importantes da cultura clássica, como Platão (428 a.C.-347 a.C.) e 
Plotino (204 d.C.-270 d.C.). 
A influência de Agostinho de Hipona no campo educacional foi notória 
na Idade Média com suas obras: 
A doutrina cristã 
De Magistro 
Clique para ver as obras. 
Um dos legados é a ideia de que religião e Educação podem ser 
tratadas como elementos indissociáveis, isto é, a formação educacional 
e a formação religiosa podem e devem ser feitas com base nos mesmos 
instrumentos e para o mesmo fim. Veja que as escolas de matriz 
religiosa, por exemplo, continuam fortemente reconhecidas no nosso 
cotidiano. Além disso, os pastores, padres e afins assumem funções 
didáticas com seus fiéis nas pregações e nas homílias, demonstrando a 
proximidade, que bebe, sem dúvida, na tradição inaugurada por 
Agostinho. 
Vimos que para Agostinho o conhecimento era advindo de 
Deus, mas para quem se destinava os ensinamentos? 
Quem eram os alunos? 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html#collapse01-01
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html#collapse02-02
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html
 
Quem estudava, nesse momento, era a elite. 
Essa escola servia para formar novos quadros de clérigos, mas 
acabava também servindo à elite local. 
Resumo 
Neste vídeo, veremos um resumo dos principais tópicos deste módulo, 
com foco no principal representante da corrente filosófica Patrística: 
Agostinho de Hipona. 
 
O professor Rodrigo Rainha explica a importância de Agostinho de 
Hipona na formação da educação na Idade Média. 
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Figuras relevantes 
Vamos conhecer alguns dos sujeitos que foram apresentados ao longo 
deste módulo. 
 
Primeiro imperador romano a professar a religião cristã. 
 
Criador do canto gregoriano. 
 
Representante da corrente Patrística que influenciou fortemente a 
Educação medieval. 
 
Representante da corrente Escolástica, com influências na Filosofia e 
Teologia. 
 
Disseminou a religião entre os gentios. 
 
Traduziu a Bíblia para a primeira versão em latim, chamada 
de Vulgata. 
 
Alcançou multidões com suas pregações, expandido a doutrina cristã. 
Verificando o Aprendizado 
 
Atenção! 
1. Quando o historiador medievalista Ronaldo Amaral afirma que, 
“para predicar a verdade contida na literatura cristã, sobretudo a 
bíblica, poder-se-ia usar as doutrinas dos pagãos, sendo tal postura 
apenas permissível, caso preparassem para o entendimento 
daquela (...)”, possibilita que compreendamos o processo em que 
se deu a transição da Idade Antiga para a Medieval. Neste sentido, 
podemos afirmar: 
 
a) As obras clássicas foram destituídas de suas essências e sentido 
abrangente, sendo utilizadas conforme as necessidades do cristianismo. 
 
b) O cristianismo conquistou a história e nesta se colocou em 
decorrência de seu Deus ter encarnado. 
 
c) Autores como Platão foram utilizados, ganhando características 
cristianizadas em suas proposições. 
 
d) Os padres da Igreja não fizeram uso de absolutamente nada da 
cultura clássica porque consideravam que ela era imprópria para os 
desígnios divinos. 
Responder 
2. O latim “foi o fundamento da unidade cultural que viria a ser 
proporcionada pelas escolas mantidas pela Igreja” (Arminda 
Campos). Ao entendermos a frase no contexto do processo 
educacional que se concebe no início da Idade Média, como 
podemos resumir a posição de Agostinho de Hipona? 
 
a) A ideia de que o homem deve seguir sua natureza, explorá-la e 
melhorá-la como processo educacional. 
 
b) A ideia de que o imperador romano era uma liderança política e 
deveria ser tratado como tal. 
 
c) A ideia de usar autores não cristãos, o que poderia configurar uma 
heresia, para explicações religiosas. 
 
d) A ideia de formular debates teológicos, uma vez que a divindade e a 
mensagem divina não deveriam ser discutidas. 
Responder 
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2º MÓDULO 
Descrever a importância das artes liberais para a formação dos 
sujeitos na Idade Média 
Introdução 
oa parte do conhecimento originário da Antiguidade foi 
preservado graças ao papel desempenhado pelos mosteiros e igrejas, 
que reproduziram manuscritos clássicos e elaboraram manuais e 
enciclopédias. Depois da Patrística, uma nova geração de bispos se 
notabilizou por escrever, defender e disseminar a Educação, como 
Marciano Capela, Cassiodoro, Boécio, Isidoro de Sevilha e Beda. 
 Clique na tocha para visualizar o conteúdo. 
 
Curiosidade histórica 
No século IV, houve o aparecimento do códice, que levou ao 
desaparecimento do papiro – formato de pergaminho. Tal invenção 
teve consequências psicológicas fundamentais, pois permitiu dispensar 
um escravo leitor quando havia necessidade de se tomar nota. Podia-se 
estudar o texto com uma das mãos e escrever com a outra, ou seja, ler e 
escrever simultaneamente, o que reforçou a prática da leitura mental. 
Também ofereceu a facilidade de copiar um texto ou comparar vários 
exemplares ao mesmo tempo. 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html#modulo-01
 
evemos lembrar que o pensamento de Agostinho é 
referência na orientação dos estudos nessa fase, o que significa que 
continuamos com a figura dos mestres e dos discípulos, com a relação 
pessoal e com a Educação como um caminho para a Salvação. Por 
outro lado, os conhecimentos do mundo antigo permanecem vivos e 
presentes. 
O modelo patrístico é um dos mais longos e presentes. Por isso, neste 
segundo módulo, estudaremos seu modelo “curricular”. As aspas não 
são à toa, pois seria anacronismo imaginar a existência de um 
currículo escolar nesse momento. Porém, há conteúdos que são 
centrais para a Educação ao longo de toda Idade Média e um legado 
que ainda nos influencia atualmente. 
Antes de nos aprofundarmos, vamos conhecer melhor o contexto 
histórico. 
 
O professor Rodrigo Rainha nos explica os principais pontos da Alta 
Idade Média, expondo os motivos que levaram à conversão dos povos 
pagãos ao cristianismo. 
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As Sete Artes Liberais 
uando falamos em Educação no período em questão, 
notamos a prevalência do modelo chamado de Sete Artes Liberais, que 
foi criado por Marciano Capela. Essa divisão é marcada por três artes 
da alma (Trivium), inspiradas por Deus, equatro artes humanas 
(Quadrivium), como veremos a seguir. 
Trivium 
A capacidade de bem falar, bem escrever e bem argumentar é 
atribuída à Santíssima Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo. 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html
 
DIALÉTICA 
Exercício filosófico do convencimento, o ponto preciso para se atingir a 
verdade. É uma das grandes bases de relação entre o exercício da 
cultura gre co-romano e a religião. 
 
RETÓRICA 
Exercício do bem falar, da praça pública, e lida com estilo, com o 
envolvimento. 
 
GRAMÁTICA 
Exercício de escrever, dominar os aspectos do que já havia sido escrito, 
reproduzir e construir a escrita com perfeição. O latim era uma língua 
entendida como sagrada. 
Quadrivium 
As artes humanas tinham relação direta com a mão humana, trabalhos 
artesanais e com a interpretação do mundo. 
 
ARITMÉTICA 
Representa a interpretação do mundo, a base matemática de 
explicação das coisas. Ela fez com que muitos clérigos virassem 
contadores, ou controladores dos reinos. Os números são seu principal 
objeto. 
 
GEOMETRIA 
Era usada nos exercícios de medida, normalmente voltados à prática e 
à interpretação da prática, como construção de moinhos, rodas de 
transportes e construções como igrejas e muralhas. Envolve também a 
medida de distâncias, rios e trajetos diversos. 
 
MÚSICA 
Muitos não sabem, mas existiam escalas e teoria musical na Idade 
Média. No entanto, é importante destacar que, para a Igreja, só era 
música aquilo que tinha as escalas corretas, tocadas nos ambientes 
corretos e com o objetivo de aproximar o homem de Deus. Músicas de 
festa e cantos de guerra eram duramente recriminados. 
 
ASTRONOMIA 
A mais contestada das artes. Muitos defendiam que era perigosa por 
ser confundida com relações pagãs, pois era responsável pelas 
colheitas, marcação de datas e calendários e ainda efeitos 
Todas as artes eram adaptações ordenadas de estudos que já existiam 
no mundo grego. De alguma forma, é como se tivessem criado um 
currículo. 
 
O homem comum aprendia o quadrivium , mas o trivium era 
para aqueles que gostariam de assumir uma outra condição, de 
líderes, de próximos à Igreja. 
Ao passo que as instituições escolares oficiais e a dos mestres 
particulares (literatores) iam sumindo, a Igreja passou a adotar 
medidas para garantir a formação dos pretendentes ao sacerdócio, 
com o objetivo de promover a instrução básica indispensável para o 
ofício do ministério sacerdotal. A fase inicial desse ensino era realizada 
nas escolas paroquiais, enquanto o nível superior nas 
episcopais/catedralícias. 
ambém devemos destacar as escolas monásticas. Estas se 
originaram a partir dos mosteiros, ainda sem a adesão dos estudos 
filosóficos. A regra agostiniana, por exemplo, recomenda muitas horas 
de estudo, enquanto a Regula Monachorum, de São Jerônimo, sugere 
instruir-se com os filósofos segundo a sua utilidade religiosa. Por fim, 
os mosteiros beneditinos, na prática, podem ser avaliados como 
“escola”, afinal, a própria Regra de São Bento indica duas noções 
pedagógicas em seu capítulo 30: 
 
“Cada idade e cada inteligência deve ser tratada segundo medidas 
próprias e os que cometem faltas serão punidos com muitos jejuns ou 
refreados com ásperas varas, acris verberibus”. 
São Bento. 
 
É importante informar que a cultura intelectual estava monopolizada 
pela Igreja. Isso fazia da Educação um campo feito de sacerdotes para 
sacerdotes, com os conteúdos orientados às necessidades do culto. 
Desse modo, nas escolas paroquiais, episcopais e, especialmente, nas 
monásticas – diga-se de passagem, na realidade, as únicas existentes –, 
lecionava-se as denominadas Sete Artes Liberais. 
Você sabe por que 7 é um número tão importante para o 
cristianismo? 
O numeral é a referência da perfeição, são as idades do mundo, é 
marca do escolhido. 
 
Philosophia et septem artes liberales (Filosofia e As Sete Artes liberais) 
Herrad de Landsberg, da obra Hortus Deliciarum (século XII) 
 
Ainda não entendeu o conceito e o papel das artes liberais? 
Veja os exemplos a seguir: 
1 
O bispo Isidoro de Sevilha, pensador visigodo da passagem do século 
VI para o VII, em sua obra Etimologias, definiu as artes liberais da 
seguinte forma: 
“As artes liberais consistem em sete disciplinas. A primeira é a 
gramática, isto é, a capacidade de falar. A segunda, a retórica, que, 
pela elegância e recursos da eloquência, é considerada extremamente 
essencial nos assuntos civis. Terceiro, a dialética, também chamada de 
lógica, que, com os argumentos mais sutis, separa o verdadeiro do 
falso. Quarta, aritmética, cujo conteúdo são os fundamentos e divisões 
dos números. A quinta é a música, que lida com esquemas e métricas. 
O sexto, a geometria, que inclui as medidas e dimensões terrestres. E a 
sétima, astronomia, que lida com as leis das estrelas”. 
Isidoro de Sevilha. 
 
Mas por que elas eram tão importantes para o bispo? 
Ele era um conselheiro do rei, líder de uma das cidades mais 
importantes do reino. Assim, mostrar o quanto era educado para seus 
pares e para o povo indicava o quão diferente ele era. 
 
Na Alta Idade Média, a erudição e o domínio das Sete Artes 
Liberais eram considerados fatores de diferenciação e 
importância dentro e fora da Igreja. 
2 
Teodorico, o Grande - Rei dos Ostrogodos. 
 
O reino ostrogodo tinha, ao longo do século VI, a referência do 
monarca Teodorico, seguidor de uma versão herética do cristianismo 
conhecida como arianismo. Depois de vencer os romanos, negociou 
com o bispo de Roma, Gregório Magno. 
Para que uma certa autonomia fosse dada à Igreja na cidade de Roma, 
ao mesmo tempo, a Igreja deveria legitimar e reconhecer o seu poder. 
Para facilitar esse trabalho, foi chamado Boécio, retórico importante, 
membro vinculado à Igreja, que deveria comandar a construção 
legislativa nas negociações com as lideranças locais e na articulação 
política de Teodorico. 
Teodorico adotou práticas dos antigos imperadores romanos e, como 
forma de garantir essa disseminação, permitiu a ampliação das escolas 
– escolas de bispos e monásticas que formavam novos clérigos e um 
corpo burocrático cristão para administrar querelas que remetessem à 
atuação econômica, como cobrança de impostos, e mediadores em 
questões políticas. 
 
Os “currículos” dessas escolas eram todos pautados nas Sete 
Artes Liberais. 
Histórias arturianas 
urante a Alta Idade Média, os reinos viviam um quadro de 
constante disputas, quedas e substituição das estruturas políticas. 
Nesse momento, aparece uma das principais iconografias 
representativas da Idade Média: as histórias arturianas. 
Nos séculos anteriores, as ilhas britânicas eram o verdadeiro fim do 
mundo romano. As muralhas de Adriano representavam, de alguma 
forma, o fim da civilidade. 
A ideia de fim do mundo acaba sendo um processo dúbio. Por um lado, 
o centro-sul da Ilha se afirmava com um bastião romano. O norte e a 
Irlanda, por sua vez, eram um espaço 
místico, bárbaro e iconográfico. Durante as “invasões saxônicas” à 
ilha, passaram a coexistir três tradições – as locais, tidas como 
místicas, as romanas e a dos novos grupos, entendidos como bárbaros. 
Tapeçaria retratando Arthur usando uma vestimenta com 
um brasão geralmente atribuído a sua figura. 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html
 
Ainda que derrotados pelos saxões, a ideia de que um libertador 
reuniria as forças locais e expulsaria os inimigos passa a ser fortemente 
construída. A figura de Arthur só ganhou seus contornos mais típicos 
nos textos franceses do século XII, mas já revelava um certo espírito 
das ilhas britânicas em imaginar um salvador político. 
 
Por que essa história é importante para a Educação? 
A ideia de um unificador, um salvador que uniria aqueles povos, 
também seria utilizada pela religião, mas de forma diferente. Se um 
une pelaespada, o outro une pela palavra, pela proposta de unir as 
pessoas sob uma mensagem de cunho religioso. A Educação teria a 
função de mostrar esse papel. Existem muitos “mitos” britânicos nesse 
sentido, mas o mais famoso é Beda, o Venerável, que, na Irlanda, 
fundou mosteiros, recuperou Patrício como herói que trouxe o 
cristianismo aos bárbaros e explicou como a Educação, pautada nas 
Sete Artes Liberais, era o caminho para a religião e, por consequência, 
para a Salvação. 
Estudo da Teologia 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html
inalizadas as etapas do Trivium e do Quadrivium, passava-
se para o último nível: o estudo da Teologia. Vale lembrar que a 
Teologia era considerada na Idade Média o saber capital, ao qual os 
eclesiásticos se voltariam por toda a vida. Em razão do ambiente 
cultural e do próprio objetivo que se conferia ao conhecimento, o pleno 
desenvolvimento das “ciências investigativas” ficava restrito. 
Prevalecia o princípio de que o fim último do homem era chegar ao 
Reino de Deus e que a Revelação se encontrava nas Sagradas 
Escrituras. Dessa maneira, não se procurava contemplar a natureza 
com o intuito de formular deduções explicativas ou mesmo elaborar 
hipóteses, mas unicamente para procurar os símbolos dos desígnios 
divinos. 
Bíblia medieval. 
Figuras relevantes 
Vamos conhecer alguns dos sujeitos que foram apresentados ao longo 
deste módulo. 
 
Organizador de um casamento entre a cultura clássica e os saberes 
cristãos, estabelecendo-o em um modelo que pudesse ser disseminado. 
 
Primado do reino visigodo – uma espécie de arcebispo – educou reis e 
organizou uma escola importante em Sevilha. Sua obra mais 
importante são as Etimologias – que buscavam reunir todo o 
conhecimento do mundo até aquele momento. 
 
Monge, fundador do mosteiro de Vivarium. Foi conselheiro de 
Teodorico e, com a queda deste, se refugiou em Constantinopla, onde 
foi acusado de traição. 
 
Líder romano e cristão da península Itálica durante grande parte do 
governo Ostrogodo. Organizou bibliotecas, escolas e criou uma nova 
dinâmica de relação com os “bárbaros”. Por conta de intrigas foi 
julgado e condenado à morte. 
 
Consolidador do cristianismo nas ilhas britânicas a partir de um 
modelo de criação de mosteiros. Pregava em língua local, traduzindo 
textos, organizando uma teologia que fizesse sentido para aqueles 
povos. 
 
Considerado um dos primeiros santos ocidentais do cristianismo. 
Criador da Regra Beneditina, um dos regulamentos de vida monástica 
mais importantes e utilizados. 
 
Monarca ostrogodo conhecido como O Grande, era um estrategista 
militar de excelência. Permitiu a ampliação das escolas de bispos e 
monásticas que formavam novos clérigos. 
Verificando o Aprendizado 
 
Atenção! 
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corretamente uma das questões a seguir. 
1. Herdadas da Antiguidade Clássica e organizadas na Idade 
Média, as artes liberais eram divididas em: 
 
a) Trivium (Dialética, Gramática e Música) e Quadrivium (Aritmética, 
Lógica, Química e Filosofia). 
 
b) Quadrivium (Música, Química e Retórica) e Trivium (Dialética, 
Astronomia, Filosofia e Geometria). 
 
c) Trivium (Astronomia, Música e Retórica) e Quadrivium (Química, 
Filosofia, Gramática e Geometria). 
 
d) Trivium (Dialética, Gramática e Retórica) e Quadrivium (Aritmética, 
Astronomia, Música e Geometria). 
Responder 
2. Marciano Capela foi um dos que mais contribuiu para o 
desenvolvimento e consolidação das Sete Artes Liberais. O 
conjunto conhecido como Quadrivium tem no seu entorno um grupo 
de conhecimentos que listamos, cujo fim era: 
 
a) Treinar e preparar o homem para as práticas do século. 
 
b) Fazer com que o sujeito pudesse se desenvolver neste mundo. 
 
c) Dominar o mundo conforme o desejo expresso na Criação. 
 
d) Liderar os homens para que pudessem alcançar a Salvação. 
Responder 
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E, com isso, você conquistou: 
 A capacidade de descrever a importância das artes liberais para a 
formação dos sujeitos na Idade Média. 
3º MÓDULO 
Comparar aspectos da Reforma Carolíngia e da Educação islâmica na 
Europa Ocidental 
Introdução 
gora vamos falar da segunda grande reforma da Educação na 
Idade Média: a Escolástica. Muitos manuais de História da Educação 
citariam Tomás de Aquino e a recuperação de textos aristotélicos, um 
movimento chamado de racionalismo cristão. Mas falta uma peça 
desse quebra-cabeça, pois, é claro, que não foi uma mudança repentina 
a ideia de mudar o caminho filosófico que seguíamos e, com isso, a 
Educação. 
A Escolástica é um movimento que vem de diversas influências. 
Optamos por duas delas: 
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REFORMA CAROLÍNGIA 
Termo histórico inventado para mostrar como importantes 
mudanças da Educação na corte de Carlos Magno foram 
iniciadas e abriram caminho para a Escolástica. 
 
 
 
INFLUÊNCIA DOS MUÇULMANOS 
Maomé não trouxe só outra religião. A partir da sua fundação, 
um novo mundo, um novo sistema de governo e uma nova 
forma de ver a Educação foram criados. O tamanho e o poder 
dessa presença foram tão grandes que fizeram com que eles 
dominassem norte da África, sul da Europa e partes 
importantes da Ásia. Mas não era pela espada, era uma 
expansão que tinha muito comércio e cultura. 
Contexto: Império carolíngio x Islamismo 
ssas duas culturas desempenharam importante papel na 
História da Educação e a junção dessas influências possibilitam a 
compreensão do surgimento da Escolástica. A seguir, identificaremos o 
ponto de vista dessas culturas tão diferentes e muito importantes para 
o desenvolvimento da Educação. 
 
Especialistas debatem o ponto de vista de cada uma das culturas. 
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ENVIAR 
Veremos, a seguir, como cada cultura, cristã e islâmica, se desenvolveu, 
além de suas influências na Educação durante a passagem da Alta 
Idade Média para a Baixa Idade Média. 
Cultura cristã x islâmica 
Será que é possível comparar as duas culturas? Sim, é. Vamos 
perceber as características de um modelo e de outro e, dessa forma, 
mostrar como a Escolástica bebe desta relação. 
Erudição 
 
ISLAMISMO 
Essa cultura teve dois tipos de escola: elementar e superior. Na escola 
elementar, o foco do ensino era o Alcorão, que possui um conteúdo 
interdisciplinar, pois aborda, além da questão religiosa, assuntos sobre 
direito, política, sociedade e noções básicas sobre ciências. Já no ensino 
superior, além da abordagem religiosa, havia várias áreas do saber, 
como a Química e a Erontologia, estudo do sexo, e a Medicina – 
inclusive com o desenvolvimento de cirurgias. 
A erudição se manifestava pela tradução de intelectuais de diversas 
religiões e partes do mundo para o árabe, permitindo que suas ideias 
circulassem. 
 
CRISTIANISMO 
O que dá legitimidade a algum elemento, ou seja, o que deixa algo 
reconhecido de forma viva e valorizada? Mostrar que existem 
antecessores importantes e pares poderosos. Esse é um traço da cultura 
escolar construída. O tempo todo afirma-se por meio de herdeiros de 
santos, herdeiros de intelectuais, pares de reis, bispos, ou seja, criando 
uma rede, que é valorizada ao dizer que um estudou com o outro e isso 
foi tônica durante o Renascimento Carolíngio. 
A pregação é feita sempre usando as Sagradas Escrituras, mas nunca 
apenas elas. Primeiramente, o pregador mostra como é erudito e busca 
as palavras de um clérigo importante que tenha comentado sobre a 
mesma passagem. 
Escrita 
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Para mostrar e difundir este olhar sobre a Educação, não basta uma 
revisão superficial do texto bíblico, que já tinha sido modificado no 
decorrer dosséculos. Era preciso ir além. Assim, duas inovações foram 
seguidas. A primeira foi a adoção de uma escrita de melhor qualidade. 
Dessa forma, os clérigos carolíngios generalizam o uso da minúscula 
carolíngia, espécie de letra menor e mais elegante, que foi utilizada nos 
séculos precedentes. Essa mudança tornou os livros mais manuseáveis 
e legíveis. 
A segunda mudança, também na época carolíngia, foi a adoção do 
hábito de separar as palavras e as frases umas das outras com um novo 
sistema de pontuação em oposição ao modo antigo de escrita que o 
ignorava completamente. 
Essas duas alterações, acrescidas de uma melhor 
organização dos scriptoria favoreceu a popularização da escrita. 
Língua 
O crescimento de seu domínio e o despertar do interesse de governos 
gerava uma ampla circulação de pessoas, que desejavam conhecer e 
dominar a língua e os ensinamentos. O reino do Gana, por exemplo, 
vai aos principais intelectuais pedir ajuda para se converter. Turcos e 
mongóis, que surgem como inimigos da religião e do domínio 
muçulmano, acabam sendo convertidos pelos seus líderes à nova 
religião. 
Professores e intelectuais eram contratados nas cidades maiores e 
circulavam pelo mundo muçulmano dedicados a ensinar a língua e 
outros fundamentos da cultura e da religião. Esse interesse se dava 
pelo que representava seus conhecimentos. Sua expansão fazia com 
que o mundo conhecesse seus domínios de medicina, leis, navegação 
etc. As trocas constantes e intensas geraram uma rica dinâmica 
comercial e cultural. Não é exagero dizer que, durante a Idade Média, 
o mundo muçulmano representava os mais importantes centros de 
cultura, pesquisa e comércio, atraindo vários povos. 
Outra forma de divulgação das obras antigas é a perpetuação de um 
conhecimento regular das regras do latim, que faz com que a 
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gramática e a retórica sejam as principais disciplinas da erudição 
carolíngia. Vale lembrar que estamos em um período em que a língua 
latina evolui de maneira distinta em cada região. Nesse momento, os 
eclesiásticos carolíngios adotam uma decisão que conduziu o futuro 
linguístico da Europa. Eles admitiam que as línguas faladas pelas 
populações se distanciavam irrevogavelmente do latim clássico, a ponto 
de aconselharem que os sermões fossem traduzidos para as distintas 
línguas vulgares. 
De um lado, havia uma multiplicidade de línguas vernáculas faladas 
localmente pela população e, de outro, uma língua erudita, aquela do 
texto sagrado e da Igreja, incompreensível para os fiéis. 
Escolas 
A instrução básica ocorria em centros formados dentro das mesquitas. 
Deveria ser ensinado a todos uma formação básica no idioma e alguns 
rudimentos de filosofia/religião islâmica. 
Os estudos avançados eram realizados em centros maiores conhecidos 
como “Casas de Cultura” chamados por muitos de embriões das 
universidades medievais. Esses espaços reuniam escritos, sábios de 
regiões diversas e o ensino era marcado pelo ecletismo. Só poderiam 
participar muçulmanos ou povos dos livros – salvo quando cristãos e 
muçulmanos estavam em conflito. 
As escolas cristãs eram organizadas principalmente nos mosteiros. A 
partir dos oito anos, as crianças seguiam para esses locais e, ao 
completarem 18 anos, poderiam escolher se seguiriam a vida 
eclesiástica ou não. No período do governo Franco de Carlos Magno, 
surgem as primeiras escolas nas cidades, com profissionais que 
ofereciam seus serviços como professores particulares. Esses locais 
eram reconhecidos como escolas menores. Elas eram depreciadas pelas 
grandes escolas monacais e, por isso, tratadas com desdém, como 
escolinhas ou Escolástica. Em pouco tempo, esses professores e as 
escolas dos centros urbanos motivaram uma importante mudança no 
pensamento medieval. 
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Podemos dizer que os francos salvaram a cultura ocidental? 
Claro que não! Há outros povos importantes. Quer conhecer 
mais? Leia o texto Os visigodos no Explore +. 
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Curiosidade histórica 
Muitos imaginam que somente os homens escreviam e que as mulheres 
estavam fora desse processo, mas não era bem assim. Alcuíno, 
conselheiro de Carlos Magno, é também o conselheiro de Gisele, irmã 
de Carlos Magno e abadessa de Chelles. Ela foi estimulada a 
desenvolver uma vida intelectual e uma intensa atividade de cópia de 
manuscritos em seu mosteiro. Uma grande aristocrata da Aquitânia, 
Dhuoda, longe da corte, transmitiu saber, no começo do século IX, ao 
seu filho Bernardo, duque de Septimânia, redigindo para ele um 
manual educativo. 
 
Abadessa de Chelles. 
Desenvolvimento da Educação na cultura islâmica 
povo árabe foi, de alguma forma, aquele que reinseriu a cultura 
clássica no Ocidente. Esse fato foi possível em virtude, do 
entendimento que tiveram da ciência grega, o que não se caracterizou 
como imitação. Dessa maneira, ao inserir seus elementos religiosos e 
científicos, acabaram difundindo elementos gregos que tinham sido 
remodelados. O ensino árabe também recebeu forte influência das 
escolas gregas e romanas. 
Escola Islâmica. 
 
Em parte, isso se deu pelo ensinamento de Maomé que mandou que seu 
povo fosse atrás do conhecimento não importando onde tivesse que 
chegar. Trilhando esse princípio, filósofos e sábios árabes edificaram 
uma grande civilização que incorporou a cultura e o conhecimento de 
outros povos. Foi dessa maneira que os árabes transmitiram grande 
conhecimento à Europa, como ocorreu, por exemplo, com a bússola, o 
astrolábio, o papel e a pólvora (PILETTI; PILETTI, 2012, p. 51-52). 
A religião islâmica se expandiu para além das fronteiras do mundo 
árabe. Em 711, consolidava seu domínio na península Ibérica, 
dominando uma parte importante deste território, como mostra o 
mapa a seguir. 
Expansão do Islã na península Ibérica. 
 
A expansão muçulmana cessa com a vitória de Carlos Martel em 
Poitiers. Ainda que os carolíngios sejam exaltados por essa vitória, não 
devemos imaginar anos de conflito na relação entre cristãos e 
muçulmanos. Depois da expansão no século VIII, os séculos seguintes 
foram marcados pela intensa troca comercial entre esses povos. Como 
sabemos, o comércio leva bem mais que seus produtos. Dessa forma, 
elementos da cultura árabe-islâmica se difundiram e influenciaram o 
pensamento cristão. 
Durante o domínio muçulmano na península Ibérica, os cristãos que 
permaneceram em suas regiões aprenderam a falar e escrever em 
árabe e nas línguas locais. Essa troca permitiu que tradutores 
recuperassem textos da Grécia Clássica – Aristóteles, principalmente –
, que só existiam, até então, em árabe para as línguas conhecidas, 
fundamentando o caminho para o racionalismo cristão no século XII. 
Normalmente, imaginamos um mundo de conflito, em especial quando 
começam os movimentos das Cruzadas, em 1095, mas a relação de 
troca no mundo mediterrânico foi intensa. Em um primeiro momento, 
os textos gregos traduzidos para o árabe ajudam a consolidar os 
espaços culturais muçulmanos conhecidos como casas de 
cultura. Depois, esses mesmos materiais foram traduzidos do árabe 
para as línguas românticas (início das línguas modernas). 
Desenvolvimento da Educação na cultura cristã 
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s reformas realizadas por Carlos Magno e seus conselheiros 
foram importantes. A principal delas foi a reforma da escrita. A nova 
escrita, minúscula carolíngia, é clara,normalizada, elegante, mais fácil 
de ler e escrever. Podemos dizer que foi a primeira escrita europeia. 
Numa intensa atividade de cópia de manuscritos 
nos scriptoria monásticos, reais e episcopais, Alcuíno introduziu uma 
nova preocupação com a clareza e a pontuação. 
Exemplo de minúscula carolíngia. 
 
Carlos Magno também buscou corrigir o texto da Bíblia. Esse cuidado 
de correção, que animará a grande atividade de exegese bíblica no 
Ocidente Medieval, é uma preocupação importante que concilia o 
respeito pelo texto sagrado original e a legitimidade das emendas 
devidas ao progresso dos conhecimentos e da instrução. 
 
A renascença carolíngia impõe-se ainda hoje, sobretudo pela 
riqueza de sua ilustração, as iluminuras. 
Alguns evangeliários ou saltérios (salmos) são obras de arte carolíngia. 
O gosto pelo texto dos salmos, que atravessará a Idade Média, fez 
nascer na Europa um atrativo pela poesia bíblica que dura até hoje. 
Rumo à Escolástica 
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A Educação urbana, considerada menor, que passou a se organizar e 
se difundir a partir da Reforma Carolíngia, é fortalecida com o 
crescimento das cidades. Assim, aumentaram as trocas comerciais e 
culturais com o mundo muçulmano. A soma destes dois fatores criou 
um terreno fértil para outra cultura educacional. 
Por isso, o movimento intelectual conhecido como Escolástica, que 
marca a mudança do pensamento educacional medieval, só pode ser 
compreendido a partir do entendimento deste novo mundo. 
Figuras relevantes 
Vamos conhecer alguns dos sujeitos que foram apresentados ao longo 
deste módulo. 
 
O profeta dos muçulmanos. Como portador da mensagem, lidera o 
processo político-religioso de fundamentar a umma – união dos 
seguidores do profeta – sua ação praticamente unifica a península 
Arábica e, com suas propostas, fundamenta os pilares da nova religião. 
 
Foi coroado pelo papa em Roma e aclamado como imperador. 
Manteve uma apurada política de vitórias militares e não se afastou 
dos ideais políticos francos, deixando o reino para todos seus filhos. 
 
Foi importante conselheiro de Carlos Magno, fundamentando a 
organização das principais escolas do reino, tanto para formar nobres 
como para organizar os mosteiros – femininos e masculinos. 
 
Filósofo e teólogo que fundamenta um movimento aristotélico no 
mundo muçulmano, atuando na aproximação entre as questões 
políticas e filosóficas. O conhecimento é algo integrado. 
 
Filósofo que fundamentava seu olhar em Aristóteles, estudou Teologia, 
Medicina, Direito, Filosofia e Matemática. Sua grande contribuição foi 
por seus comentários às obras de Aristóteles, que foram de suma 
importância para o Renascimento na Europa medieval. 
Verificando o Aprendizado 
 
Atenção! 
Para desbloquear o próximo módulo, é necessário que responda 
corretamente uma das questões a seguir. 
1. O povo árabe teve grande relevância para a cultura ocidental e, 
na questão educacional, contribuiu muito para o avanço da ciência 
e filosofia do período medieval. O ensino do árabe e sua difusão era 
parte fundamental deste processo, ainda que as populações 
islâmicas não fossem necessariamente de origem árabe. O domínio 
da língua árabe como base do fundamento da educação constituiu-
se por qual motivo? 
 
a) Os árabes acreditavam que a sua grafia era divina, inspirada por 
Alá para difundir a religião e, por isso, precisava ser preservada. 
 
b) A tradição árabe exigia que a sua língua étnica fosse mantida para 
garantir uma unidade política. 
 
c) OAlcorão foi revelado em árabe e envolvia o domínio da língua para 
sua compreensão, passando a ser a base da alfabetização das regiões de 
expansão da religião. 
 
d) O Alcorão conta a história dos povos árabes e as ações de Alá e, por 
isso, era exigida a manutenção da língua árabe para identidade de 
grupo. 
Responder 
2. O Império Carolíngio, com Carlos Magno, cercou-se de letrados e 
de sábios, os chamados “intelectuais do Palácio”. Entre os nomes 
estão, por exemplo, o lombardo Paulo, o Diácono, o italiano Paulino 
de Aquileia, o espanhol Teodulfo de Orleans, o abade de Fleury-
sur-Loire e, sobretudo, o anglo-saxão Alcuíno. Esse movimento 
ficou conhecido por Renascimento Carolíngio por ter promovido 
uma série de avanços na questão cultural e educacional que 
impactaram a Europa medieval. Com base nisso, identifique quais 
foram os dois principais avanços desse período: 
 
a) Redefinir usos litúrgicos e normatizar a vida monástica do império. 
 
b) Fizeram uso de uma escrita de melhor qualidade, a minúscula 
carolíngia, e os escribas adotaram uma escrita com a separação das 
palavras, ou seja, um sistema de pontuação. 
 
c) Expandiu a Educação para as mulheres e criou o francês, língua que 
até hoje é utilizada. 
 
d) Introduziu elementos da cultura germânica na Educação como a 
prática da oralidade e o resgate das práticas da retórica das escolas 
romanas. 
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E, com isso, você conquistou: 
 A capacidade de comparar aspectos da Reforma Carolíngia e da 
Educação islâmica na Europa Ocidental. 
4º MÓDULO 
Determinar a importância da Escolástica para as escolas urbanas e 
universidades na Baixa Idade Média 
Introdução 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html#modulo-03
A Escolástica não é algo fácil de entender. Para facilitar a 
compreensão, veja algumas chaves de explicação: 
 
Ela é um movimento relacionado ao crescimento do comércio e 
dos centros urbanos na Europa e, consequentemente, marcado 
pela disputa de intelectuais. 
 
Ela muda o lugar de Deus. Sim! Se Deus era algo a ser 
alcançado, agora Ele está dentro de cada um de nós e alcançá-
lo é uma operação racional. 
 
O papel da Educação nisso é preparar o sujeito para que ele 
possa ativar sua centelha divina, seu lugar de razão e 
mergulhar em si para poder alcançar a Deus e explicar o 
mundo. 
Neoplatonismo x Neoaristotelismo 
e um lado, temos uma tradição histórica, monástica, que bebe 
nos chamados pais da Igreja, com uma forma reconhecida e 
reafirmada: o modelo neoplatônico. Do outro lado, aparecem os 
movimentos urbanos e as novas tendências educacionais recebidas pelo 
mundo árabe. As cidades se tornam um local de debates públicos e 
valorização da razão. Lembrando que é uma razão cristianizada. 
Filosoficamente, esses modelos têm questões fundamentais com a 
Educação: 
 
 
NEOPLATONISMO 
Herdeiro da Patrística, partindo especialmente de Agostinho – Deus 
deve ser sentido, ele não precisa de uma explicação racional. 
Precisamos de mestres para conduzir os sujeitos pela prática, pela 
repetição de nomes da Igreja para alcançar Deus. Como Deus é tudo, 
inclusive todo o conhecimento, a busca por Ele é um exercício 
constante de alcançar a verdade em algum lugar. 
 
NEOARISTOTELISMO 
Herdeiro da Escolástica, em especial de Tomás de Aquino – Deus deve 
ser explicado. Todo homem tem uma essência, um caminho racional 
que explica tudo. Essa essência, no caso dos homens, é divina. Logo, 
Deus não está em um lugar que deva ser alcançado, mas deve ser 
buscado dentro de cada um. Se minha capacidade de pensar e entender 
o mundo é centelha divina e a razão é divina, é divino fomentar o 
conhecimento e o racionalismo. Deus deve ser conhecido. 
Veja, a seguir, uma comparação entre essas duas correntes filosóficas. 
 
O professor Rodrigo Rainha explica as principais diferenças entre 
Patrística e Escolástica. 
 
Mas por que isso acontece? Vamos ver o contexto. 
século XIII europeu, caracterizado pelo crescimento urbano e 
comercial, foi também, no ambiente citadino, o século da Europa 
escolar e universitária. Assistiu-se, a partir do século XII, beneficiadas 
pelos burgueses, a multiplicação das escolas urbanas. Por extensão, 
criou-se uma fundaçãocapital para o ensino na Europa, o nascimento 
mais extraordinário e que introduziu uma tradição ainda viva 
atualmente: a das “escolas superiores”, também chamadas de 
universidades. 
Essas escolas superiores ganharam, ao término do século XII, a 
denominação de stadium generale (escola geral), que significava uma 
condição superior e uma instrução de traço enciclopédico. As 
universidades, localizadas em regiões de grande presença de 
organização de ofícios urbanos, aparelharam-se em corporação como 
os outros ofícios e adotaram a terminação “universidade”, que 
expressava corporação. Tal vocábulo foi usado pela primeira vez em 
Paris, no ano de 1221, para indicar o grupo de mestres e de estudantes 
parisienses (universitas magistrorum et scholarium). 
Manuscrito medieval mostrando uma reunião de doutores na Universidade 
de Paris. BNF, Français 1537, fol. 27v. 
 
 
MODELO BOLONHÊS 
Apenas os alunos constituíam juridicamente a universitas. 
 
MODELO PARISIENSE 
Mestres e estudantes compunham uma única comunidade. 
Somente o exemplar parisiense chegou aos dias atuais. 
As universidades 
A primeira universidade foi a de Bolonha, ainda que tenha sido 
regulamentada pelo papa apenas em 1252. Desde 1154, o Imperador 
Frederico Barba Ruiva conferira prerrogativas aos mestres e aos 
estudantes de Bolonha. Só para entendermos, há várias associações de 
mestres que transformavam as cidades em polos de atração de alunos. 
Esses alunos eram famosos pelas bebedeiras, festas e pelo 
conhecimento, mas estas escolas não eram reconhecidas como nada 
diferente do que um centro de cultura. 
Universidade Escolástica. 
(VOLTOLINA, Laurentius. Liber ethicorum des Henricus de Alemannia. 
The Yorck Project (2002) 10.000 Meisterwerke der Malerei (DVD-ROM)) 
 
A partir do final do século XII, principalmente ao longo do XIII, 
vemos a consolidação de uma instituição, com regras e cátedras 
(cadeiras) reconhecidas pelo papa. Seu modelo era semelhante ao de 
um mosteiro, mas, ao invés de um abade, havia um rector (reitor). 
Além disso, o reconhecimento do título passa a ter uma cerimônia em 
que o mestre, representando ser o portador do conhecimento, dá a 
outorga ao aluno, transformando-o em um novo portador do dom. 
 
Para entender isso melhor, olhe para os cerimoniais de 
formatura que ainda existem hoje. Todos ainda se baseiam na 
tradição e sua reprodução. O magnífico reitor outorga o grau – 
não mais por Deus, mas pelo Estado e pela instituição – 
colocando o aluno na condição de membro da Universitas. 
A Universidade de Bolonha é um exemplo. Podemos ver processos 
parecidos destas duas fases – organização e status formal de 
universidade – igualmente em Paris: 
 1174 
 1200 
 1215 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html#pills-01
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html#pills-02
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html#pills-03
 1231 
Clique para ver as obras. 
1174 
Mestres e estudantes de Paris ganham privilégios do Papa Celestino 
III. 
 
As novas universidades não nasceram do nada. São filhas das 
escolas que se formaram desde Carlos Magno, mas seu modo de 
pensar e operar, sua formalização, dependeu do novo momento 
político, vivido no século XIII. As universidades são campos 
abertos para novas ideias. Não à toa, são espaços vitais da 
Escolástica e do pensamento aristotélico. 
 Clique na tocha para visualizar o conteúdo. 
 
Curiosidade histórica 
A Bula Universitas Parens Scientiarum conferida à Universidade de 
Paris pelo Papa Gregório IX continha um elogio famoso a respeito da 
instituição universitária e da Teologia, que se tornara na universidade, 
segundo expressão do Padre Chenu, uma “ciência”. 
Fundamento aristotélico da Escolástica 
Dois grandes nomes se destacam na corrente Escolástica. São eles: 
 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html#pills-04
 
ARISTÓTELES 
De certo modo, foi o principal teórico das universidades do século XIII 
e, especialmente, da Universidade de Paris. Apesar de seus textos já 
terem sido traduzidos para o latim há muitos séculos, foi a partir do 
século XIII que se destacaram nessas traduções oriundas do árabe 
para línguas vernáculas a sua metafísica, sua ética e sua política. 
Assim, podemos afirmar que houve um aristotelismo medieval por 
volta de 1260-1270, pois suas ideias estavam presentes em quase todo o 
ensino universitário. 
 
 
TOMÁS DE AQUINO 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0393/te0005/index.html
Foi um dos grandes introdutores do pensamento aristotélico nas 
universidades. No entanto, aproximadamente em 1270, o aristotelismo 
recuou por causa da condenação de tradicionalistas, como Estêvão 
Tempier, e pelos ataques de mestres mais “modernos”, que opunham a 
ele ideias mais místicas e menos racionalistas, tais como os franciscanos 
João Duns Escoto (1266-1308) e Guilherme de Ockham (1285-1347), 
além do dominicano Meister Eckhart (1260-1328). 
 
O legado da ação intelectual, especialmente a universitária, do 
século XIII, foi a série de métodos e de textos que foram 
categorizados como Escolástica, inicialmente no século XII, e, 
mais profundamente, nas universidades no século XIII. 
Escolástica deriva do desenvolvimento da Dialética, uma 
das artes que compõem o Trivium, “a arte de argumentar por 
perguntas e respostas numa situação de diálogo”. O fundador da 
Escolástica é Anselmo de Cantuária (1033-1109), para quem a 
Dialética é o procedimento principal da sustentação da reflexão 
ideológica. O objetivo da Dialética é a inteligência da fé, cuja 
fórmula ficou famosa desde o período medieval: fé em busca de 
entendimento (fides quaerens intellectum). 
Esse método era baseado em três etapas: 
1 
 
QUAESTIO 
Elaboração de um problema, ou seja, na exposição de uma 
questão. 
2 
 
A DISPUTATIO 
Discussão do questionamento entre mestres e alunos. 
3 
 
A DETERMINATIO 
Resolução do problema por parte do mestre. 
Vale lembrar que, no século XII, no programa das universidades, 
havia um exercício cujo fim era a demonstração do talento intelectual 
dos mestres. Nessas oportunidades, duas vezes ao ano, os discentes 
propunham ao mestre uma questão de qualquer temática. O renome e 
o status dos mestres, muitas vezes, se faziam em cima de sua 
competência de replicar a esses assuntos. 
 Clique na tocha para visualizar o conteúdo. 
 
Curiosidade histórica 
No século XIII, o filósofo que promoveu a transição real do platonismo 
para uma forma mais sofisticada de Filosofia foi Tomás de Aquino 
(1225-1274): o grande nome da Escolástica. Sua obra-prima, Summa 
Theologica (1485), é o maior exemplo desse método de aprendizagem. 
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Escolástica ampliou-se quando Tomás de Aquino 
introduziu ao método elementos da Filosofia de Aristóteles. 
Historicamente, na Idade Média latina, a partir da segunda metade do 
século XIII e no século XIV, a Filosofia apresentava-se de duas formas 
distintas. Vejamos: 
 
 
FILOSOFIA ARTICULADA À TEOLOGIA 
Sob a regência normativa da Teologia – ou, como diria Tomás de 
Aquino, subalternada a essa ciência –, tal Filosofia era oficialmente 
praticada nas Faculdades de Artes das universidades. Esse era o 
degrau necessário para atingir a Faculdade de Teologia. 
 
FILOSOFIA VOLTADA À TRADIÇÃO ANTIGA 
Esta Filosofia retomava, pela mediação do ideal de vida filosófica – 
renascido em terras do Islã –, a tradição antiga do exercício de 
filosofar como fonte do mais alto prazer e da felicidade. 
As universidades foram fundadas a partir das disciplinas disponíveis 
nas faculdades. Existiam quatro faculdades que faziam parte de todas 
as universidades: 
 
DIREITO 
Elaboração de um problema, ou seja, na exposição de uma 
questão. 
 
TEOLOGIA 
Estudo da exegese bíblicae da fundamentação filosófica de 
Deus. 
 
MEDICINA 
Dava à Medicina uma aparência mais livresca e teórica do que 
experimental e prática. 
 
ARTES 
Onde se lecionavam as Artes, principalmente as 
do Quadrivium . 
 
Mas vale lembrar que, acima de todas elas, no que tange ao status e ao 
reconhecimento social, impunha-se a faculdade suprema: a de 
Teologia. 
Com muita frequência, uma faculdade prevalecia por sua importância 
sobre as outras da universidade. Nesse sentido: 
 Bolonha foi prioritariamente uma Faculdade de Direito; 
 Paris foi uma Faculdade de Teologia. 
 Montpellier foi uma Faculdade de Medicina. 
 
Representação dos jograleses – prática comum entre os estudantes durante 
o período. Fonte: Livro Germânico de Música – ilustrado por Heinrich von 
Meißen. 
 
avia uma hierarquia pelo lugar no curriculum e pela 
reputação entre uma faculdade de base propedêutica. Na prática, a 
Faculdade de Artes foi frequentemente dominada pelas disciplinas que 
hoje chamaríamos de científicas. Do ponto de vista social, a faculdade 
foi povoada por estudantes mais jovens, mais turbulentos, menos ricos, 
e só uma minoria deles prosseguia seus estudos em uma faculdade 
superior (Direito, Teologia e Medicina). 
Assista ao vídeo a seguir, que trata das universidades e suas 
características na Idade Média. 
 
Entrevista com o professor Rodrigo Rainha sobre as quatro faculdades 
existentes na Idade Média, e a comparação entre as universidades 
medievais e atuais. 
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Figuras relevantes 
Vamos conhecer alguns dos sujeitos que foram apresentados ao longo 
deste módulo. 
 
A proximidade com a península Ibérica e as traduções de Aristóteles 
acabam por transformar Anselmo no fundador da Escolástica. 
 
Principal nome da Escolástica, foi um dos grandes introdutores do 
pensamento aristotélico nas universidades. 
 
Imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Morreu partindo 
para as Cruzadas antes mesmo de lutar. 
 
Filósofo escocês que seguiu a Escolástica e explicou a origem filosófica 
de Deus. 
 
Defendia que a única forma de atingir a verdade era a adoção da razão 
para chegar a fé. 
 
Papa que “convocou” a primeira Cruzada. 
Verificando o Aprendizado 
 
Atenção! 
Para desbloquear o próximo módulo, é necessário que responda 
corretamente uma das questões a seguir. 
1. A cultura europeia no período conhecido como Baixa Idade 
Média pode ser caracterizada pelo(a): 
 
a) Esforço de Santo Isidoro de Sevilha em estruturar os conceitos da 
Filosofia Clássica. 
 
b) Aparecimento e difusão da cultura muçulmana. 
 
c) Difusão do dogma escolástico baseado na negação da união entre a 
fé e a razão para a busca da verdade. 
 
d) Decadência do ensino urbano seguido de sua ruralização. 
Responder 
2. O fundador da Escolástica foi Anselmo de Cantuária, para quem 
a Dialética era o procedimento principal que sustentava a reflexão 
ideológica. O objetivo da Dialética era a inteligência da fé, cuja 
fórmula ficou famosa – fé em busca de entendimento. De acordo 
com o que foi visto, como se dava a aplicação desse método nas 
universidades: 
 
a) Elaborar uma questão, discutir essa questão entre mestre e alunos e, 
por último, chegar a uma solução. 
 
b) Elaborar uma tese, depois escrevê-la e, por último, apresentá-la por 
meio de uma defesa. 
 
c) Discutir com os alunos sobre todo e qualquer assunto até se 
esgotarem as possibilidades positivas e negativas do assunto debatido. 
 
d) Elaborar uma questão para que, em seguida, o mestre imponha a 
solução finalizada sobre o assunto, fazendo com que os alunos 
aprendam segundo a visão de seus mestres. 
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Você alcançou 
o Santo Graal! 
E, com isso, você conquistou: 
 A capacidade de determinar a importância da Escolástica para 
as escolas urbanas e universidades na Baixa Idade Média. 
 Retornar para o início do módulo 4 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
inalizamos nossa jornada sobre a Educação na Idade Média 
estudando os elementos que a Igreja Católica resgatou da Antiguidade 
e as características das escolas romanas e do Trivium e Quadrivium e a 
readequação desses princípios da cultura clássica pela Patrística, com 
destaque para Agostinho de Hipona, o Renascimento Carolíngio e o 
contraponto da cultura do Islã e sua influência na Europa medieval até 
chegarmos nas universidades e o método da Escolástica com destaque 
para Tomás de Aquino. 
evemos pensar a Educação como um evento que pode assumir 
formas e maneiras diversas dependendo dos diferentes grupos 
humanos e suas correspondentes etapas de organização. Dessa forma, a 
Educação resulta em intencionalidade, bem como em imposição para 
alcançar seus propósitos, procurando que seus elementos cheguem a 
todas as partes que compõem a sociedade, como modo de se legitimar, 
buscando, assim, determinar uma série de valores e práticas 
particulares. No nosso caso, o período medieval. 
Esse percurso não se finda aqui, pois a caminhada pela Educação é só 
o começo. 
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Podcast 
0:00 
23:14 
 
Conquistas Adquiridas 
 A capacidade de identificar as principais características da transição 
da Educação entre a Antiguidade e a Idade Média. 
 A capacidade de descrever a importância das artes liberais para a 
formação dos sujeitos na Idade Média. 
 A capacidade de comparar aspectos da Reforma Carolíngia e da 
educação islâmica na Europa Ocidental. 
 A capacidade de determinar a importância da Escolástica para as 
escolas urbanas e universidades na Baixa Idade Média. 
SÍNTESE 
VISUALIZAR 
Referências Bibliográficas 
DI BERNARDINO, A. D. (Org.). Dicionário Patrístico e de 
Antiguidade Cristã. Petrópolis: Vozes, 2002. 
GARCÍA DE CORTÁZAR, J. A. História de España. 2. La época 
medieval. Madrid: Alianza Editorial, 2004. 
LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. Petrópolis: 
Vozes, 2007. 
LOPEZ, Roberto. Nascimento da Europa. Lisboa: Cosmos, 1965. 
MELO, J. J. P. A educação em Santo Agostinho. In: Luzes sobre 
a Idade Média. Maringá: UEM, 2002, pp. 65-78. 
NUNES, R. A. C. História da Educação na Antiguidade Cristã: O 
pensamento educacional dos mestres e escritores cristãos no fim 
do mundo antigo. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1978. 
NUNES, R. A. C. História da educação na Idade Média. São 
Paulo: EPU: Universidade de São Paulo, 1979. 
NUNES, R. A. C. História da Educação na Idade Média. 2. ed. 
Campinas: Kírion, 2018. 
PILETTI, C; PILETTI, N. História da Educação: De Confúcio a Paulo 
Freire. São Paulo: Contexto, 2012. 
RUCQUOI, A. História medieval da Península Ibérica. Lisboa: 
Editorial Estampa, 1995. 
SANTOS, B. S.; COSTA, R. da. História da Filosofia 
Medieval. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, 2015. 
SÃO BENTO. Regra. São Paulo: Grafa, 2004. 
SAYAS ABENGOCHEA, J. J; GARCÍA MORENO, L. A. Romanismo y 
germanismo el despertar de los pueblos hispânicos (siglos 
IV-X). Barcelona: Editorial Labor, 1982. 
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VELASQUEZ SORIANO, I. Ambitos y ambientes de la cultura 
escrita en Hispania (s. VI) : De Martín de Braga a Leandro de 
Sevilla. In: Studia Ephemeridis Augustinianum, Roma, N° 46, 1994, 
pp. 329-351. 
 
Explore+ 
 Se quiser conhecer mais sobre a vertente Patrística, leia o 
livro Introdução à Teologia Patrística, de Luigi Padovese. 
 Para entender melhor as artes liberais, leia o texto O sentido da 
Filosofia Medieval. 
 Os carolíngios se destacaram em muitos aspectos no final da 
Alta Idade Média, inclusive no campo educacional. Porém, não 
foram os únicos. Para enriquecer o debate, veja um pouco mais 
sobre os visigodos. 
 Assista ao filme O Físico, que, apesar de ser uma obra de ficção, 
ilustrao desenvolvimento do ensino superior. 
 Assista também ao filme O Nome da Rosa, onde Sean Connery 
interpreta um monge franciscano. 
 Em Nome de Deus é outro filme interessante, baseado em fatos 
reais. retrata o romance medieval francês do século XII entre 
Pedro Abelardo e Heloísa. 
 
 
 
 
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