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Estudo dos Tipos de Fundacoes de Edificios de Multiplos Pavimentos na Regiao Metropolitana de Fortaleza

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
CENTRO DE TECNOLOGIA 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUÇÃO CIVIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VICTOR DIEGO DE FRANÇA BRAGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTUDO DOS TIPOS DE FUNDAÇÕES DE EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS 
PAVIMENTOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2009 
 
 
 ii 
VICTOR DIEGO DE FRANÇA BRAGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTUDO DOS TIPOS DE FUNDAÇÕES DE EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS 
PAVIMENTOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia submetida à Coordenação do 
Curso de Engenharia Civil da Universidade 
Federal do Ceará, como requisito parcial para 
obtenção do grau de Engenheiro Civil. 
 
Orientador: Prof. Dr. Alexandre Araújo Bertini 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2009 
 
 
 iii 
 
VICTOR DIEGO DE FRANÇA BRAGA 
 
 
 
 
 
 
ESTUDO DOS TIPOS DE FUNDAÇÕES DE EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS 
PAVIMENTOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA 
 
 
 
 
 
Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal 
do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Civil. 
 
 
 
 
 
Aprovada em _____/_____/______ 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
_______________________________________________________ 
Prof. Dr. Alexandre Araújo Bertini (Orientador) 
Universidade Federal do Ceará - UFC 
 
 
 
 
_______________________________________________________ 
Prof. MSc. Aldo de Almeida Oliveira 
Universidade Federal do Ceará - UFC 
 
 
 
 
________________________________________________________ 
 Prof. MSc. Ricardo Marinho de Carvalho 
Universidade Federal do Ceará - UFC 
 
 
 
 iv 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha mãe, Maria Diomédia de França, pelo 
exemplo de caráter e por tudo aquilo que me 
proporcionou. 
 
 
 
 v 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus, por iluminar minha mente nos momentos mais difíceis e por me proteger, 
diariamente, dos riscos eminentes na corrida da vida. 
Ao meu orientador, professor Alexandre Araújo Bertini, pelo fornecimento dos 
relatórios de seus alunos e que foram fundamentais para a realização deste trabalho. 
À professora Tereza Denyse Pereira de Araújo, pelas sugestões dadas durante a 
realização da pesquisa. 
Ao engenheiro e professor Hugo Alcântara Mota, pelo exemplo de profissional 
dedicado à Engenharia Civil. 
Ao engenheiro e professor Antônio Nunes de Miranda, pelas valiosas explicações 
fornecidas. 
Ao engenheiro Antônio José Nóbrega Júnior, pelos esclarecimentos relevantes 
para este trabalho. 
À minha namorada, Lariza Cristina Maia Lima, pela paciência, compreensão e 
amor dedicados ao longo destes cinco anos. 
Aos meus amigos, pelo incentivo e por todo apoio dados durante as longas horas 
extras do curso. 
E aos demais que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a realização desta 
monografia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 vi 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O talento educa-se na calma, 
o caráter no tumulto da vida. 
 
Johann Wolfgang Von Goethe.
 
 
 vii 
RESUMO 
 
A partir do conhecimento sobre a evolução da engenharia de fundações no Brasil, 
é possível compreender as técnicas atualmente utilizadas na Região Metropolitana de 
Fortaleza (RMF). Dada a contextualização histórica do problema, surgem os principais 
questionamentos: quais foram os tipos de fundações realizadas nas primeiras edificações da 
cidade de Fortaleza, quais são os tipos de fundações que vêm sendo executadas nos edifícios 
de múltiplos pavimentos desta metrópole e quais são os fatores que determinam a adoção do 
tipo a ser empregado. Partindo-se destes questionamentos, pretende-se responder estas 
indagações, contribuindo para a comunidade acadêmica como um material disponível para 
futuras consultas àqueles que se interessarem pelo tema. Assim, após a realização de uma 
pesquisa bibliográfica, foi possível compreender as investigações geotécnicas de campo, os 
tipos de fundações de acordo com a classificação da NBR 6122 (ABNT, 1996), e os seus 
diversos processos executivos, ressaltando as vantagens e desvantagens das fundações 
profundas e os fatores que determinam a escolha da solução a ser adotada. Em seguida, fez-se 
uma caracterização da RMF quanto à geologia e às características geotécnicas, destacando o 
histórico das fundações executadas na capital. Com base nos relatórios de alunos da disciplina 
de Projeto e Construção de Edifícios, do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal 
do Ceará, foi feito um levantamento das obras realizadas nos últimos cinco anos nesta região 
e, a partir dos resultados expostos, concluiu-se que a estaca raiz é o tipo de fundação mais 
utilizada nos edifícios de múltiplos pavimentos localizados na RMF. 
 
 
 
Palavras-chaves: Tipos de fundações. Edifícios. Fortaleza. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 viii 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1.1 – Arquitetura romana............................................................................................... 2 
Figura 2.1 – Tripé empregado na execução do ensaio SPT...................................................... 8 
Figura 2.2 – Sapata isolada com dimensões na vista em planta e na vista em perfil................ 10 
Figura 2.3 – Radier em perspectiva.......................................................................................... 11 
Figura 2.4 – Viga de fundação em perspectiva......................................................................... 11 
Figura 2.5 – Bloco em perspectiva........................................................................................... 12 
Figura 2.6 – Mecanismo de resistência da fundação profunda.................................................13 
Figura 2.7 – Escavação a céu aberto para execução de fundação superficial...........................13 
Figura 2.8 – Execução de lastro de concreto magro.................................................................14 
Figura 2.9 – Colocação das formas e armaduras da fundação..................................................14 
Figura 2.10 – Concretagem do elemento de fundação..............................................................15 
Figura 2.11 – Reaterro da vala de escavação............................................................................ 15 
Figura 2.12 – Fundações superficiais assentes em cotas diferentes..........................................15 
Figura 2.13 – Detalhe de sapata isolada concretada................................................................. 16 
Figura 2.14 – Detalhe de bloco de fundação concretado.......................................................... 16 
Figura 2.15 – Processo executivo da estaca Franki.................................................................. 18 
Figura 2.16 – Execução de estaca tipo broca............................................................................ 19 
Figura 2.17 – Execução das estacas tipo Strauss com cravação da piteira............................... 20 
Figura 2.18 – Equipamento para execução de estaca escavada mecanicamente com trado 
 helicoidal............................................................................................................21 
Figura 2.19 – Fases de execução das estacas do tipo hélice contínua...................................... 22 
Figura 2.20 – Equipamento para execução de estaca tipo hélice contínua............................... 24 
Figura 2.21 – Etapas de execução das estacas raiz................................................................... 25 
Figura 2.22 – Execução de estaca raiz...................................................................................... 26 
Figura 2.23 – Estacas metálicas com diferentes seções transversais........................................ 27 
Figura 2.24 – Soldagem dos perfis de estaca metálica............................................................. 27 
Figura 2.25 – Estacas de pré-moldadas de concreto com diferentes seções transversais .........28 
Figura 2.26 – Tubulão a céu aberto em perspectiva e corte longitudinal................................. 29 
Figura 2.27 – Execução de tubulão a ar comprimido com camisa de concreto........................ 30 
Figura 3.1 – Mapa da Região Metropolitana de Fortaleza........................................................ 32 
Figura 3.2 – Mapa de situação dos bairros de Fortaleza........................................................... 33 
 
 
 ix 
Figura 3.3 – Mapa de situação das Secretarias Executivas de Fortaleza.................................. 34 
Figura 3.4 – Esboço geológico da Região Metropolitana de Fortaleza.................................... 35 
Figura 3.5 – Corte da direção norte-sul.................................................................................... 36 
Figura 3.6 – Horizontes dos solos das regiões cristalinas......................................................... 38 
Figura 3.7 – Leito conglomerático da Formação Barreiras...................................................... 38 
Figura 5.1 – Mapa geral de localização das obras pesquisadas................................................ 46 
Figura 5.2 – Distribuição das obras pesquisadas na Região Metropolitana de Fortaleza......... 47 
Figura 5.3 – Distribuição das obras pesquisadas na cidade de Fortaleza................................. 47 
Figura 5.4 – Distribuição das obras pesquisadas na área da SER II......................................... 48 
Figura 5.5 – Distribuição das obras pesquisadas na área da SER IV....................................... 48 
Figura 5.6 – Distribuição das obras pesquisadas na área da SER VI....................................... 49 
Figura 5.7 – Identificação geral dos tipos de fundações executadas na RMF.......................... 49 
Figura 5.8 – Tipos de fundações diretas executadas na RMF...................................................50 
Figura 5.9 – Tipos de fundações profundas executadas na RMF............................................. 50 
Figura 5.10 – Identificação detalhada dos tipos de fundações executadas na RMF................. 51 
Figura 5.11 – Identificação das faixas por número de pavimentos na RMF............................ 51 
Figura 5.12 – Tipos de fundações executadas na faixa de 3 a 10 pavimentos na RMF........... 52 
Figura 5.13 – Tipos de fundações executadas na faixa de 11 a 20 pavimentos na RMF......... 52 
Figura 5.14 - Tipos de fundações executadas na faixa de 21 a 32 pavimentos na RMF.......... 53 
Figura A.1 – Exemplo de perfil individual de sondagem......................................................... 58 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 x 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 2.1 – Principais equipamentos para investigações de campo em uso no Nordeste.......9 
Tabela 4.1 – Levantamento de obras visitadas no ano de 2005................................................ 42 
Tabela 4.2 – Levantamento de obras visitadas no ano de 2006................................................ 43 
Tabela 4.3 – Levantamento de obras visitadas no ano de 2007................................................ 44 
Tabela 4.4 – Levantamento de obras visitadas no ano de 2008................................................ 44 
Tabela 4.5 – Levantamento de obras visitadas no ano de 2009................................................ 45 
 
 
 
 
 
 
 xi 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 1 
1.1 Contexto histórico................................................................................................... 1 
1.2 Justificativa............................................................................................................. 3 
1.3 Objetivos................................................................................................................. 4 
1.4 Metodologia............................................................................................................ 5 
1.5 Estrutura do trabalho............................................................................................... 6 
2 FUNDAÇÕES.............................................................................................................. 7 
2.1 Investigações geotécnicas....................................................................................... 7 
2.2 Tipos de fundações................................................................................................. 10 
2.2.1 Fundações diretas ou superficiais........................................................................... 10 
2.2.2 Fundações profundas.............................................................................................. 12 
2.3 Processo executivo de fundações superficiais........................................................ 13 
2.4 Processos executivos de fundações profundas........................................................ 17 
2.4.1 Estacas tipo Franki.................................................................................................. 17 
2.4.2 Estacas tipo broca................................................................................................... 19 
2.4.3 Estacas tipo Strauss................................................................................................. 19 
2.4.4 Estacas escavadas mecanicamente com trado helicoidal........................................ 21 
2.4.5 Estacas tipo hélice contínua.................................................................................... 22 
2.4.6 Estacas raiz..............................................................................................................24 
2.4.7 Estacas pré-moldadas.............................................................................................. 26 
2.4.8 Tubulões.................................................................................................................. 28 
2.5 Escolha do tipo de fundação................................................................................... 30 
3 CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA DE 
FORTALEZA.............................................................................................................. 32 
3.1 Características gerais.............................................................................................. 32 
3.2 Geologia.................................................................................................................. 35 
3.3 Características geotécnicas..................................................................................... 37 
3.4 Histórico de fundações da cidade de Fortaleza....................................................... 40 
4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS COLETADOS................................................... 42 
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................ 46 
 
 
 
 xii 
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES.............................................................................. 54 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................56 
ANEXO – EXEMPLO DE PERFIL INDIVIDUAL DE SONDAGEM............................. 58 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 1 
1 INTRODUÇÃO 
 
1.1 Contexto histórico 
 
A evolução da engenharia de fundações confunde-se com a própria evolução da 
engenharia geotécnica (área que engloba os conhecimentos de fundações, barragens, obras de 
contenção e mecânica dos solos). De um modo geral, a história da engenharia geotécnica 
remonta aos primórdios da civilização humana, expressando os anseios do homem de adequar 
o meio em que habita às suas necessidades. 
Desde a Pré-história, ainda que sejam simples, já se têm relatos de obras 
realizadas pelo homem. De acordo com Nápoles Neto (1998), no período Paleolítico, o 
homem abrigava-se em cavernas rochosas ou em abrigos subterrâneos improvisados para 
proteger-se dos animais e das intempéries. Estes abrigos eram obtidos a partir de escavações 
verticais de até 2,0 metros de profundidade, o que já demonstrava alguma noção em 
estabilidade dos solos. No período Neolítico, com o advento da pedra lascada, o homem 
passou a trabalhar de forma rudimentar a madeira, construindo suas primeiras habitações 
sobre estacas de madeira, as palafitas, em regiões inundáveis. Cabanas de pedra eram feitas 
nos locais onde havia escassez de madeira. 
A descoberta dos metais promoveu um grande salto no desenvolvimento e na 
evolução do homem, pois podia fabricar ferramentas mais eficientes, o que permitiu escavar o 
solo e aperfeiçoar as técnicas construtivas, tornando possível a construção de obras de maior 
porte. No período dos antigos impérios do Oriente Próximo, o tijolo cerâmico e a pedra eram 
os materiais de construção mais utilizados na Mesopotâmia e no Egito, respectivamente. 
Sendo esses materiais mais pesados que a madeira, foram desenvolvidas novas técnicas de 
fundação por conta dos inúmeros problemas verificados nos terrenos. Obras como castelos, 
palácios, templos, dentre outras, eram assentadas sobre fundações arrumadas com restos de 
outras estruturas, misturadas ao solo e convenientemente compactadas. Assim, as construções 
eram erguidas uma sobre as outras sucessivamente (NÁPOLES NETO, 1998). 
Durante a Idade Clássica, as construções gregas caracterizavam-se pelo belo 
aspecto arquitetônico, com grandes pórticos e colunas em seus palácios e templos (Figura 
1.1). Contudo, essas obras concentravam cargas nas fundações, que passaram a ser feitas de 
blocos superpostos em uma ou duas camadas. As fundações das construções gregas de menor 
porte eram basicamente constituídas por sapatas isoladas. Quando havia terrenos fracos, os 
 
 
 2 
gregos detinham a técnica de melhoria do solo, misturando cinzas de carvão, calcário mole ou 
pedregulho ao solo e, em seguida, realizando a compactação. Diferentemente dos gregos, os 
romanos contribuíram significativamente para o desenvolvimento das técnicas construtivas de 
fundações. O uso da técnica de construção em arcos pelos romanos permitiu a realização de 
obras de maiores dimensões e mais pesadas do que aquelas executadas pelos gregos, 
necessitando, portanto, de fundações mais resistentes e eficientes. O destaque da execução de 
fundações pelos romanos era o uso de um concreto romano, preparado a partir da mistura de 
pozolana com calcário e daí, pela adição de pedaços de pedra ou de tijolos cozidos 
(NÁPOLES NETO, 1998). 
 
Na Idade Média, foram realizados poucos avanços em relação às técnicas 
construtivas de fundações. Entretanto, com o crescente uso de estacas de madeira, pode ser 
citada a invenção do bate-estaca por Francesco di Giorgio, em 1450, bastante próximo do 
bate-estaca moderno (NÁPOLES NETO, 1998). 
Na Idade Moderna, o Renascimento proporcionou grande desenvolvimento 
científico, destacando os diversos projetos de aperfeiçoamento do bate-estaca por Leonardo 
da Vinci. A partir do século XVIII, com o conhecimento até então acumulado, surgiram 
diversas teorias, tais como, as leis de atrito e de coesão de Charles Coulomb (1776), o estado 
de tensão dos solos de William Rankine (1845), a percolação d’água nas areias por Henri 
Darcy (1856) e os estudos de adensamento e consolidação das argilas por Karl Terzaghi 
(1925), considerado o pai da Mecânica dos Solos (NÁPOLES NETO, 1998). 
No Brasil, existem poucos registros sobre as primeiras obras de fundações 
utilizadas. Segundo Vargas (1998, p. 34), sabe-se através de documentos localizados no 
Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro, que havia “a tradição dos alicerces das obras 
comuns constituídos por pedras socadas em valas escavadas ao longo das paredes” nas 
 
Figura 1.1 – Arquitetura romana (Fonte: DANTAS NETO, 2008). 
 
 
 3 
construções do período colonial. Já no período do Império, a grande atividade da engenharia 
era a construção de estradas de ferro, que utilizavam fundações em blocos, provavelmente de 
alvenaria de pedra, em cavas abertas no terreno firme. 
Com o aprimoramento das técnicas de fundações, grandes edificações passaram a 
ser construídas no Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Manaus como, por exemplo, o Teatro 
Amazonas, construído entre 1884 e 1896. Aquele tipo de alicerce de pedras, citado nos 
documentos do Mosteiro de São Bento, deu lugar às sapatas e blocos de alvenaria de tijolos 
ou de pedra, sobre solos apiloados e, pelo menos, em cavas com 1,0 m de profundidade 
(VARGAS, 1998). 
No início do século XX e com o advento do concreto armado, foram construídos 
os primeiros edifícios no Rio de Janeiro e em São Paulo. Porém, não há registros sobre os 
tipos de fundações utilizadas. As informações mais precisas sobre fundações de edifícios 
surgem a partir de 1930, quando os edifícios construídos em concreto armado já se apoiavam 
sobre fundações diretas, do tipo sapatas de concreto armado ou blocos de concreto simples. 
Nas situações em que eram utilizadas fundações profundas, optava-se pelo uso de estacas de 
madeira ou estacas pré-moldadas de concreto armado (VARGAS, 1998). 
De acordo com Gusmão Filho (2005), quanto à região Nordeste do Brasil, 
destaca-se o pioneirismo da cidade do Recife, através da sua importância histórica na região, 
com registros de obras de fundações sobre o Forte das Cinco Pontas (1633) e do Teatro Santa 
Isabel (1840), sendo que este foi erguido sobre fundações de pedra argamassada com cal e 
assente em terreno de areia média e fofa, material comum nos aterros antigos do Recife. Por 
conta da forte presença de depósitos de argila mole orgânica na cidade, foram crescentes os 
avanços tecnológicos com o uso de fundações profundas, destacando-se o emprego da estaca 
Strauss como o primeiro tipo de estaca usada no Nordeste. 
 
1.2 Justificativa 
 
Diante da contextualização do tema no mundo, no Brasil e no Nordeste brasileiro, 
surge o seguinte questionamento sobre a problemática da pesquisa: 
• Quais são os tipos de fundações que vêm sendo utilizadas nos edifícios da 
Região Metropolitana de Fortaleza? 
 
 
 
 4 
Assim, através desta pesquisa pretende-se obter respostas para esta pergunta, além 
de conseguir informações sobre: as investigações geotécnicas, os processos executivos de 
fundações, os fatores que determinam a escolha do tipo de fundação, as vantagens e 
desvantagens de cada tipo e o histórico de fundações executadas na cidade de Fortaleza. 
Espera-se, dessa forma, desenvolver um material amplo, interessante e que seja 
útil à comunidade acadêmica e à sociedade em geral, servindo-lhes para futuras consultas 
sobre as fundações empregadas na Região Metropolitana de Fortaleza. 
 
1.3 Objetivos 
 
O objetivo geral consiste em investigar os tipos de fundações utilizadas nos 
edifícios de múltiplos pavimentos, residenciais ou comerciais, na Região Metropolitana de 
Fortaleza (RMF), executadas no período entre 2005 e 2009. 
Para atingir o objetivo geral,é necessário que os objetivos específicos sejam 
alcançados. Assim, podem ser citados como objetivos específicos: 
• Apresentar os processos executivos de fundações superficiais e profundas; 
• Apresentar as vantagens e desvantagens dos diversos processos executivos de 
fundações profundas; 
• Investigar os fatores que influenciam a escolha do tipo de fundação; 
• Identificar os tipos de solos existentes na RMF; 
• Identificar as características geotécnicas destes solos e que influenciam os 
projetos e a execução de fundações de edifícios; 
• Obter informações sobre os tipos de fundações realizadas nas primeiras 
edificações de Fortaleza; 
• E levantar quantitativamente os tipos de fundações executadas nos últimos 
cinco anos na RMF. 
 
 
 
 5 
1.4 Metodologia 
 
A metodologia desenvolvida para realização deste trabalho consistiu em fazer, 
primeiramente, um levantamento da literatura existente sobre os diversos tipos de 
investigações geotécnicas de campo. Foram pesquisadas informações sobre os tipos de 
fundações, superficiais e profundas, bem como os seus processos executivos, expondo as 
principais vantagens e desvantagens de cada processo de execução das fundações profundas, 
obtidas através da NBR 6122 (ABNT, 1996), de livros e de artigos técnicos que tratam dos 
assuntos. 
Através de visitas a alguns canteiros de obras, em Fortaleza, foi possível 
acompanhar a execução das suas fundações, além de verificar, em campo, as vantagens e 
desvantagens dos tipos de fundações realizadas. 
Posteriormente, pesquisou-se sobre as características gerais da área escolhida para 
o estudo deste trabalho, a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), destacando as 
informações sobre a geografia da região e sobre os dados gerais quanto à economia e à 
divisão política, em especial da cidade de Fortaleza. Foram pesquisadas informações quanto 
às características geológicas e geotécnicas dos solos encontrados na RMF e que influenciam 
no projeto de execução das fundações de edifícios. 
Em seguida, realizou-se a coleta de dados sobre os tipos de fundações executadas 
nos edifícios de múltiplos pavimentos localizados na RMF, e que tenham sido construídos nos 
últimos cinco anos. Estes dados foram obtidos através de trabalhos, em grupo, de alunos da 
disciplina de Projeto e Construção de Edifícios, ministrada pelos professores Alexandre 
Araújo Bertini e Ricardo Marinho de Carvalho, do curso de Engenharia Civil da Universidade 
Federal do Ceará. 
Foram consideradas, ao todo, 107 obras distintas, constituídas por edificações 
residenciais e comerciais a partir de três pavimentos. As obras foram agrupadas conforme o 
ano em que foram estudadas pelos alunos do curso de Engenharia Civil, tendo o cuidado de 
não repeti-las na apresentação dos dados. Com o uso do software Microsoft Excel, estes dados 
foram analisados e organizados em planilhas, nas quais as obras foram indicadas por números, 
que variam de 1 a 107, localização, número de pavimentos e tipo de fundação executada. 
 
 
 6 
Embora, em algumas obras, tenham sido utilizados mais de um tipo de fundação, 
para os interesses desta pesquisa foi considerado apenas o tipo principal, correspondente 
àquele que foi executado no edifício. 
Como resultado da pesquisa realizada, os dados presentes nas planilhas foram 
agrupados sob a forma de gráficos, também através do Microsoft Excel. 
Além disso, foram realizadas entrevistas com os engenheiros civis Antônio José 
Nóbrega Júnior, situação na qual foram obtidas informações quanto aos fatores que são 
considerados na escolha do tipo de fundação, Hugo Alcântara Mota e Antônio Nunes de 
Miranda, com quem foram obtidas as explicações sobre o histórico das fundações utilizadas 
na cidade de Fortaleza. 
 
1.5 Estrutura do trabalho 
 
Este trabalho encontra-se dividido em seis capítulos, sendo o primeiro 
correspondente a esta introdução que trata da contextualização do problema, da justificativa, 
dos objetivos e da metodologia utilizada. O segundo capítulo aborda as investigações 
geotécnicas, os tipos de fundações e os seus processos executivos, bem como as vantagens e 
desvantagens de cada tipo de fundação profunda, ressaltando os fatores que determinam a 
escolha mais apropriada. O terceiro refere-se à caracterização da Região Metropolitana de 
Fortaleza, quanto aos seus aspectos gerais, à sua geologia e às suas características 
geotécnicas, além de apresentar o histórico de fundações realizadas na cidade de Fortaleza. 
No quarto capítulo são divulgados os dados coletados na pesquisa através de tabelas. No 
quinto, por meio de gráficos, são apresentados os resultados e a discussão. As conclusões e 
sugestões são abordadas no sexto e último capítulo, seguidas pelas referências bibliográficas 
que sustentam os fundamentos desta pesquisa. Ao final do trabalho, é disponibilizado um 
exemplo de perfil de sondagem. 
 
 
 
 7 
2 FUNDAÇÕES 
 
2.1 Investigações geotécnicas 
 
Segundo Quaresma et al. (1998), para elaboração de projetos de fundações é 
preciso conhecer de forma adequada o solo, ou seja, identificar e classificar as diversas 
camadas que o compõem. Isso pode ser obtido através de ensaios de investigação (ou 
prospecção) geotécnica, classificados em: ensaios de laboratório e ensaios de campo. 
Na prática, há predominância na realização de ensaios de campo, podendo-se 
destacar: 
• O Standard Penetration Test (SPT); 
• O ensaio de sondagem rotativa; 
• O ensaio de penetração de cone (CPT); 
• O ensaio de penetração de cone com medida das pressões neutras ou piezocone 
(CPT-U); 
• O ensaio de palheta (Vane Test); 
• Pressiômetros (PMT); 
• O dilatômetro de Marchetti (DMT); 
• Os ensaios de carregamento de placa ou provas de carga; 
• E os ensaios geofísicos como, por exemplo, o ensaio de Cross-Hole. 
Em situações nas quais se quer uma análise detalhada do solo, recomenda-se a 
realização dos ensaios de CPT ou CPT-U. A sondagem rotativa é recomendada quando se 
atinge um estrato rochoso, matacão ou solos impenetráveis à percussão. Para a determinação 
da resistência ao cisalhamento dos depósitos de argila mole, recomenda-se a realização do 
ensaio de palheta, conhecido também por Vane Test. Já os ensaios de provas de carga, 
bastante utilizados entre 1940 e 1960, estão em desuso atualmente. Contudo, o ensaio de 
campo mais executado no mundo e no Brasil é o SPT, que consiste numa sondagem de 
simples reconhecimento à percussão, na qual é possível medir a resistência do solo ao longo 
da profundidade perfurada (QUARESMA et al., 1998). 
 
 
 
 8 
Os objetivos esperados ao realizar uma sondagem do tipo SPT são: 
• Conhecer o tipo de solo atravessado, a partir da amostra obtida a cada metro 
perfurado; 
• Obter a resistência pelo solo à cravação do amostrador padrão, obtida a cada 
metro perfurado; 
• E durante a perfuração, localizar a posição do nível d’água. 
A execução do ensaio SPT (Figura 2.1) consiste na cravação do amostrador 
padrão no fundo de uma escavação realizada, seja ela revestida ou não, através de quedas 
sucessivas do martelo de 65 kg, que cai de uma altura de 75 cm. O Índice de Resistência à 
Penetração (N) corresponde ao número de golpes do martelo que faz com que o amostrador 
padrão penetre 30 cm no solo, após a cravação inicial de 15 cm (QUARESMA et al., 1998). 
 
Durante a realização do ensaio de penetração, amostras de solo devem ser 
coletadas a cada metro pelo amostrador padrão, a partir do primeiro metro de profundidade, 
ou quando houver mudança de material, para análise táctil-visual do material coletado, 
procedendo-se a medida do Índice N. A perfuração nos solos coesivos (argilas) e acima do 
nível d’água é feita por meio de trados. Nas situações em que os solos são do tipo não-
 
Figura 2.1 – Tripé empregadona execução do ensaio SPT (Fonte: DANTAS NETO, 2008). 
 
 
 9 
coesivos (areias) ou estão abaixo do nível d’água, ou mesmo porque a perfuração ficou muito 
profunda, a escavação é feita através da circulação de água (QUARESMA et al., 1998). 
De acordo com Dantas Neto (2008), as vantagens deste ensaio com relação ao 
demais são: a simplicidade do equipamento, o seu baixo custo e a possibilidade de obter um 
valor numérico útil para realização dos projetos de fundações. 
O ensaio SPT tem sido usado para muitas aplicações como “amostragem para 
identificação dos horizontes de solo, previsão da tensão admissível de fundações diretas em 
solos granulares e correlações com outras propriedades geomecânicas dos solos” (DANTAS 
NETO, 2008, p. 18). 
Segundo Cavalcante e Bezerra (2005), o ensaio SPT é o método mais utilizado no 
Nordeste para analisar as características geotécnicas dos solos (Tabela 2.1). O Índice N, por 
muitas vezes, torna-se o único parâmetro considerado nos projetos de fundações da região. 
Além disso, é possível verificar, não apenas no Nordeste como em todo o Brasil, o 
descumprimento de alguns procedimentos quanto à execução do ensaio como, por exemplo, a 
falta de controle da altura de queda e do tamanho e peso do martelo. Conseqüentemente, essas 
condições podem influenciar a determinação do Índice N. 
 
Tabela 2.1 – Principais equipamentos para investigações de campo em uso no Nordeste. 
Ensaio Quantidade de empresas que executam 
Estado Quantidade 
Alagoas 3 
Bahia 12 
Ceará 12 
Maranhão * 
Paraíba 3 
Piauí * 
Pernambuco 13 
Rio Grande do Norte 2 
SPT 46 
Sergipe 1 
Demais tipos de ensaios de campo 
PMT 1 ATECEL/UFCG 
CPT/CPT-U 4 POLI/UFBA, LSI/UFPE, UFC, UFCG 
DMT 1 LSI/UFPE 
Palheta (Vane Test) 3 POLI/UFBA, LSI/UFPE, UFS 
* = Informação não disponibilizada. 
Fonte: Cavalcante e Bezerra (2005). 
 
 
 
 
 
 10 
2.2 Tipos de fundações 
 
Segundo Azeredo (1997), as fundações de um edifício são elementos estruturais 
com a finalidade de transmitir ao terreno as cargas provenientes da estrutura (carregamento 
próprio e sobrecarga). 
De acordo com a NBR 6122 (ABNT, 1996), as fundações são dividas em duas 
categorias: as fundações diretas ou superficiais e as fundações profundas. 
 
2.2.1 Fundações diretas ou superficiais 
 
As fundações diretas ou superficiais são aquelas em que a carga é transmitida ao 
solo, predominantemente pelas tensões distribuídas sob a base do elemento estrutural de 
fundação. A NBR 6122 (ABNT, 1996) afirma ainda que a profundidade de assentamento de 
uma fundação superficial em relação ao terreno adjacente deve ser inferior a duas vezes a 
menor dimensão, em planta, do elemento estrutural. Enquadram-se nesta definição: 
• Sapata isolada (Figura 2.2): é um elemento de concreto armado dimensionado 
de tal maneira que as tensões de tração geradas não sejam resistidas pelo 
concreto, mas sim pelo uso do aço. A base apresenta-se, geralmente, em planta, 
de forma quadrada, retangular ou trapezoidal; 
 
 
(a) Sapata isolada - planta 
 
 
(b) Sapata isolada - perfil 
 
Figura 2.2 – Sapata isolada com dimensões na vista em planta e na vista em perfil (Fonte: DANTAS NETO, 
2008). 
 
 
 11 
• Sapata associada: corresponde a uma sapata comum a vários pilares cujos 
centros de gravidade não estejam situados no mesmo alinhamento; 
• Sapata corrida: é uma sapata sujeita à ação de uma carga distribuída 
linearmente; 
• Radier (Figura 2.3): corresponde a uma fundação superficial que abrange todos 
os pilares da obra ou carregamentos distribuídos; 
 
 
Figura 2.3 – Radier em perspectiva (Fonte: ABCP, s.d.). 
 
 
• Viga de fundação (Figura 2.4): é um elemento de fundação comum a vários 
pilares cujos centros de gravidade, em planta, estejam situados no mesmo 
alinhamento; 
 
 
 
 
 
Figura 2.4 – Viga de fundação em perspectiva (Fonte: DANTAS NETO, 2008). 
 
 
 12 
• Bloco (Figura 2.5): elemento de concreto simples, dimensionado de forma que 
as tensões de tração geradas sejam resistidas unicamente pelo concreto. 
Apresenta-se, em planta, com seção quadrada ou retangular. 
 
 
Figura 2.5 – Bloco em perspectiva (Fonte: ABCP, s.d.). 
 
 
2.2.2 Fundações profundas 
 
Segundo a NBR 6122 (ABNT, 1996), as fundações profundas são aquelas em que 
a carga é transmitida ao terreno pela sua base (resistência de ponta), por sua superfície lateral, 
também denominada de fuste (resistência lateral), ou por uma combinação destas (Figura 2.6), 
estando assente a uma profundidade superior ao dobro da sua menor dimensão em planta, ou 
de no mínimo 3 metros. Enquadram-se nesta definição: 
• Tubulões: são elementos de fundação em que a carga é transmitida pela base 
(resistência de ponta), havendo descida de operário na escavação realizada pelo 
menos na fase final de execução; 
• Estacas: são elementos de fundação executadas inteiramente por ferramentas 
ou equipamentos, não ocorrendo descida de operário em qualquer de suas fases 
de execução; 
• Caixões: são elementos de fundação de forma prismática, concretados na 
superfície e inseridos no terreno por meio de escavação interna. 
 
 
 
 13 
 
Figura 2.6 – Mecanismo de resistência da fundação profunda (Fonte: RODRIGUES, s.d.). 
 
 
2.3 Processo executivo de fundações superficiais 
 
O procedimento para execução de fundações superficiais é comum a todos os seus 
tipos, exceto quanto ao bloco por não utilizar armadura de aço. 
Deve-se realizar, primeiramente, a escavação a céu aberto (Figura 2.7), podendo-
se fazer inclinação de talude de 1:2 (horizontal: vertical) ou outra, dependendo da estabilidade 
do terreno. A escavação deve ser feita de tal forma que permita a execução do elemento de 
fundação nas dimensões e cotas previstas no projeto. 
 
 
Figura 2.7 – Escavação a céu aberto para execução de fundação superficial (Fonte: DANTAS NETO, 2008). 
 
 
 
 
 14 
Porém, a NBR 6122 (ABNT, 1996) recomenda que o elemento de fundação esteja 
assentado a uma profundidade mínima de 1,50 m, exceto se houver a presença de rocha. É 
importante, também, que se faça um espaço de 50 cm em volta das dimensões da base para 
facilitar os trabalhos dos operários na vala. 
Em seguida, executa-se um lastro de concreto magro (Figura 2.8) com espessura 
de 5,0 cm, inclusive nas laterais da base com medida de 50 cm. 
 
 
Figura 2.8 – Execução de lastro de concreto magro (Fonte: DANTAS NETO, 2008). 
 
A partir daí, são colocadas as formas e as armaduras (Figura 2.9), exceto nos 
blocos, conforme projeto de estrutura de fundação, e posteriormente faz-se a concretagem do 
elemento de fundação (Figura 2.10). 
 
 
Figura 2.9 – Colocação das formas e armaduras da fundação (Fonte: DANTAS NETO, 2008). 
 
 
 
 
 
 15 
 
Figura 2.10 – Concretagem do elemento de fundação (Fonte: DANTAS NETO, 2008). 
 
Após a etapa de concretagem e cura do concreto, faz-se o reaterro da vala de 
escavação (Figura 2.11), tomando-se o cuidado de compactar o material de reaterro, como 
forma de prevenir possíveis recalques por acomodação do material utilizado. 
 
 
Figura 2.11 – Reaterro da vala de escavação (Fonte: DANTAS NETO, 2008). 
 
A NBR 6122 (ABNT, 1996) também recomenda que, numa situação na qual 
existam duas fundações vizinhas assentadas em cotas diferentes (Figura 2.12), a fundação 
situada em cota de maior profundidade seja executada em primeiro lugar, a menos que sejam 
tomados cuidados especiais. 
 
Figura 2.12 – Fundações superficiais assentes em cotas diferentes (Fonte: DANTAS NETO, 2008). 
 
 
 16 
Na Figura 2.13, obtida numa visita a um canteiro de obras localizado no Campus 
do Pici, em Fortaleza,é possível visualizar uma sapata isolada após a etapa de concretagem. 
 
 
Figura 2.13 – Detalhe de sapata isolada concretada. 
 
Já na Figura 2.14, obtida na mesma visita ao canteiro de obras citado acima, é 
possível visualizar um bloco de fundação após a etapa de concretagem. Vale ressaltar que o 
bloco de fundação foi executado apenas com concreto simples (sem armaduras). 
 
 
Figura 2.14 – Detalhe de bloco de fundação concretado. 
 
 
 
 
 17 
2.4 Processos executivos de fundações profundas 
 
A seguir, são apresentados os processos executivos dos principais tipos de 
fundações profundas, bem como as vantagens e desvantagens oferecidas por cada um deles. 
 
2.4.1 Estacas tipo Franki 
 
De acordo com Maia (1998), a estaca tipo Franki é uma estaca de concreto 
armado moldada in loco, que usa um tubo de revestimento cravado com a ponta fechada por 
meio de uma bucha (mistura de areia e brita) e que, ao final da execução, é recuperado ao ser 
concretada a estaca. 
As etapas de execução da estaca tipo Franki (Figura 2.15) são apresentadas a 
seguir: 
• Etapa 1: corresponde ao posicionamento do tubo de revestimento e à formação 
da bucha, através de compactação pelo impacto do pilão; 
• Etapa 2: corresponde à cravação do tubo no terreno, através dos golpes do pilão 
na bucha; 
• Etapa 3: finalizada a cravação, prende-se o tubo ao bate-estacas e a bucha é 
então expulsa através dos golpes do pilão, dando início ao alargamento da 
base; 
• Etapa 4: coloca-se, então, a armadura da estaca; 
• Etapa 5: concreta-se o fuste com sucessivas camadas de pequena altura de 
concreto, recuperando o tubo com apiloamento das camadas; 
• Etapa 6: corresponde à finalização do processo, concretando até 30 cm acima 
da cota de arrasamento. 
 
 
 18 
 
Figura 2.15 – Processo executivo da estaca Franki (Fonte: MAIA, 1998). 
 
A execução de uma estaca tipo Franki para ser bem sucedida depende “da 
observância ao método executivo, do uso de equipamentos adequados e de mão-de-obra 
especializada e experiente” (MAIA, 1998, p. 329). 
A principal vantagem oferecida por este tipo de estaca é a grande capacidade de 
carga obtida pelo alargamento de sua base. Contudo, devido às características do processo 
executivo das estacas tipo Franki, estas não são recomendadas para obras situadas em áreas 
urbanas, pois as construções vizinhas podem não suportar as grandes vibrações produzidas, 
além de solos com presença de argila mole saturada, devido a possíveis problemas de 
estrangulamento do fuste (falha de concretagem da estaca ocasionada em solos moles). É 
preciso, também, que o terreno seja plano devido às limitações do bate-estaca (MAIA, 1998). 
 
 
 
 19 
2.4.2 Estacas tipo broca 
 
Segundo Falconi et al. (1998), a estaca tipo broca é usualmente escavada com 
trado tipo concha, manualmente, e sempre executada acima do nível d’água. Devido à 
perfuração manual, sua utilização é restrita a pequenas cargas, além de atingir profundidades 
na ordem de 6,0 m, sem garantia de verticalidade do furo. 
Portanto, o processo executivo da estaca broca (Figura 2.16) consiste na 
perfuração com trado manual até a profundidade máxima de 6,0 m, com posterior 
concretagem in loco. As estacas tipo broca apresentam como principal vantagem o fato de não 
provocar vibrações durante a sua execução, nem necessitar de mão-de-obra e equipamentos 
especializados. Entretanto, têm como principal desvantagem a baixa capacidade de carga, 
além do fato de não poder ser executadas em terrenos com nível d’água, principalmente em 
solos arenosos, ou em solos com presença de argila mole saturada, devido ao risco de 
estrangulamento do fuste. 
 
Figura 2.16 – Execução de estaca tipo broca (Fonte: DANTAS NETO, 2008). 
 
 
2.4.3 Estacas tipo Strauss 
 
Segundo Falconi et al. (1998), a estaca tipo Strauss é executada através do uso de 
guincho acoplado a um motor, de soquete de 300 kg, de tripé e de tubulações e cabos de aço, 
além de uma piteira (Figura 2.17), que corresponde a um tipo de sonda mecânica que 
promove a retirada de solo durante a perfuração, com uso parcial ou total de revestimento 
recuperável. 
 
 
 20 
 
 
Figura 2.17 – Execução das estacas tipo Strauss com cravação da piteira (Fonte: DANTAS NETO, 2008). 
 
Posteriormente, é realizada a concretagem in loco, podendo as estacas tipo Strauss 
ser armadas (armaduras longitudinais com estribos helicoidais) ou não-armadas. Neste último 
caso, ao final do processo, são colocados os aços de espera para amarração aos blocos ou 
baldrames, com o concreto ainda fresco, deixando-os acima da cota de arrasamento 
(FALCONI et al., 1998). 
Dentre as vantagens oferecidas pela execução das estacas tipo Strauss, podem ser 
citadas: 
• Leveza e simplicidade do equipamento, o que possibilita a sua utilização em 
locais confinados, em terrenos acidentados ou ainda no interior de construções 
existentes, com pé direito reduzido; 
• O processo executivo não causa vibrações que poderiam causar danos nas 
edificações vizinhas; 
• Permite realizar comparação com a sondagem à percussão, devido à 
constatação das diversas camadas do solo durante o processo executivo. 
Contudo, como desvantagem, não é recomendável seu uso em terrenos com 
presença de nível d’água ou com argila mole saturada, devido ao risco de estrangulamento do 
fuste. 
 
 
 
 21 
 
2.4.4 Estacas escavadas mecanicamente com trado helicoidal 
 
Corresponde a um tipo de estaca escavada no terreno com o auxílio de um trado 
helicoidal mecânico (Figura 2.18). 
 
Figura 2.18 – Equipamento para execução de estaca escavada mecanicamente com trado helicoidal (Fonte: 
DANTAS NETO, 2008). 
 
De acordo com Falconi (1998), seu processo executivo é constituído das seguintes 
etapas: 
• Etapa 1: instalação, nivelamento e posicionamento do trado; 
• Etapa 2: perfuração do solo com o uso da haste helicoidal até a cota desejada; 
• Etapa 3: remoção da haste, fazendo-a girar no sentido contrário ao da 
perfuração a cada 2,0 m; 
• Etapa 4: apiloamento do furo com soquete de concreto; 
• Etapa 5: concretagem do furo; 
• Etapa 6: vibração do concreto nos 2,0 m superiores da estaca; 
• Etapa 7: colocação da armadura, deixando 50 cm acima da cota de 
arrasamento. 
 
 
 22 
A utilização deste tipo de estaca oferece como vantagens: 
• A grande mobilidade, versatilidade e produtividade; 
• Não produz vibração no terreno; 
• Permite realizar a amostragem do solo escavado. 
Contudo, como desvantagens, a execução deste tipo de estaca é limitada pelo 
nível d’água e pela presença de solos com argila mole saturada, devido ao risco de 
estrangulamento do fuste. 
 
2.4.5 Estacas tipo hélice contínua 
 
Segundo Antunes e Tarozzo (1998), a estaca tipo hélice contínua é um exemplo 
de fundação profunda por concreto moldado in loco e executada com trado helicoidal 
contínuo e com injeção de concreto através da haste central do trado, que por meio do 
monitoramento contínuo da pressão proporciona a retirada simultânea da haste enquanto é 
realizada a concretagem do fuste. 
O processo executivo da estaca tipo hélice contínua é dividido em três etapas 
(Figura 2.19): 
 
Figura 2.19 – Fases de execução das estacas do tipo hélice contínua (Fonte: DANTAS NETO, 2008). 
 
 
 
 23 
• Etapa A (perfuração): corresponde a cravação do trado helicoidal contínuo até 
a cota especificada em projeto; 
• Etapa B (concretagem): bombeia-se o concreto pela haste, de maneira a 
preencher o vazio deixado pela hélice, que é retirada simultaneamente à 
concretagem; 
• Etapa C (armadura): consiste na colocação de armaduras após a concretagem; 
De acordo com Antunes e Tarozzo (1998), as principaisvantagens do processo 
executivos deste tipo de estaca são: 
• A elevada produtividade, promovida pela versatilidade do equipamento, que 
conseqüentemente gera economia devido à redução do cronograma de obra; 
• Adaptabilidade na maioria dos tipos de terreno, exceto quando ocorrem 
matacões e rochas; 
• Não produz distúrbios e vibrações às construções vizinhas; 
• Controle de qualidade dos serviços executados; 
• Além de não causar descompressão do terreno, durante a execução. 
Entretanto, Antunes e Tarozzo (1998), ressaltam as desvantagens do processo 
executivo de estacas do tipo hélice contínua, tais como: 
• É necessário que o terreno seja plano e que ofereça fácil movimentação para o 
grande porte do equipamento; 
• É necessária a existência de uma central de concreto nas proximidades da obra, 
por conta da alta produtividade deste processo executivo; 
• É necessário um número mínimo de estacas para compensar os custos com a 
mobilização dos equipamentos envolvidos; 
• É necessário haver no canteiro de obras uma pá-carregadeira para realizar a 
limpeza e remoção do material extraído da perfuração. 
A Figura 2.20 mostra o equipamento utilizado para execução de estacas tipo 
hélice contínua, obtida através de visita a um canteiro de obras localizado na Avenida 
Humberto Monte, no bairro Pici, em Fortaleza. 
 
 
 
 24 
 
Figura 2.20 – Equipamento para execução de estaca tipo hélice contínua. 
 
 
2.4.6 Estacas raiz 
 
De acordo com Alonso (1998a), a estaca raiz corresponde a um tipo de fundação 
injetada, ou seja, um tipo de fundação executada por meio do uso de injeção de calda de 
cimento ou de argamassa de cimento e areia sob pressão, garantindo, dessa forma, a 
integridade do fuste e aumentando a resistência lateral, de ponta, ou de ambas. 
O processo executivo das estacas raiz é dividido em quatro etapas (Figura 2.21): 
• Etapa 1: perfuração do terreno por meio de circulação de água; 
• Etapa 2: colocação da armadura; 
• Etapa 3: preenchimento do furo com argamassa, utilizando um tubo de injeção 
que é levado até o final da perfuração e a realização da injeção, de baixo para 
cima, até que a argamassa, ou calda de cimento, extravase pela abertura 
superior do tubo de revestimento; 
• Etapa 4: aplicação de golpes de ar comprimido com remoção simultânea dos 
tubos de revestimento rosqueáveis. 
 
 
 25 
 
Figura 2.21 – Etapas de execução das estacas raiz (Fonte: ALONSO, 1998a). 
 
A principal vantagem da estaca raiz é a elevada tensão de trabalho do fuste, que é 
constituído por argamassa de cimento e areia, e o fato de ser inteiramente armada ao longo de 
todo o seu comprimento. Além disso, por conta do tamanho relativamente pequeno do 
equipamento, é uma boa sugestão para fundações em locais de difícil acesso. Contudo, como 
desvantagens, o processo executivo de estacas raiz exige um estoque de sacos de cimentos no 
canteiro, assim como, a necessidade de reservatório de água na obra e o aspecto de sujeira, 
devido à lama resultante do processo de circulação de água, durante a escavação do solo. 
Na Figura 2.22, obtida numa visita realizada a um canteiro de obras localizado na 
Rua Barão de Aratanha, no bairro de Fátima, em Fortaleza, é possível visualizar a lama 
acumulada resultante do processo de execução das estacas tipo raiz. 
 
 
 26 
 
Figura 2.22 – Execução de estaca raiz. 
 
 
2.4.7 Estacas pré-moldadas 
 
Segundo Alonso (1998b), as estacas pré-moldadas caracterizam-se de acordo com 
o método de execução, podendo ser cravadas no terreno por percussão, prensagem ou 
vibração, classificadas no grupo das estacas de deslocamento. Em geral, são constituídas por 
um único material, podendo ser aço, madeira, concreto armado ou protendido. Quando houver 
a associação de dois desses materiais, passa a receber a denominação de estaca mista. 
As estacas de madeira são normalmente cravadas por percussão, necessitando de 
proteção na cabeça da estaca através do uso de anel cilíndrico de aço, para evitar o 
rompimento ou desgaste da madeira devido à ação do pilão. Caso a estaca tenha que 
atravessar camadas resistentes de solo, é preciso que a ponta da estaca seja protegida com 
uma ponteira de aço. Uma das vantagens é o fato de apresentar vida útil praticamente 
ilimitada, desde que seja mantida permanentemente abaixo do nível d’água. Entretanto, como 
desvantagem, é a necessidade de receber tratamento contra o apodrecimento precoce e o 
ataque de insetos (ALONSO, 1998b). 
As estacas metálicas (Figura 2.23) são constituídas por “peças de aço laminado ou 
soldado, tais como perfis de seção I e H, chapas dobradas de seção circular, quadrada, 
retangular bem como os trilhos, estes reaproveitados após sua remoção de linhas férreas” 
(ALONSO, 1998b, p. 375). Dentre as vantagens, apresentam elevada capacidade de suporte, 
 
 
 27 
são executadas com grande rapidez e geram perturbações menores do que àquelas geradas por 
outros tipos de estacas cravadas por percussão. Contudo, deve-se ter um cuidado especial 
quanto à soldagem de perfis que constituem uma mesma estaca, de forma a garantir uma 
união eficiente. Conforme Alonso (1998b), um problema comum é o drapejamento, ou seja, o 
encurvamento do eixo da estaca metálica, durante a cravação por percussão, através de solos 
de baixa resistência (argila mole). 
 
Figura 2.23 – Estacas metálicas com diferentes seções transversais (Fonte: ABCP, s.d.). 
 
Na Figura 2.24, obtida numa visita realizada a um canteiro de obras localizado na 
Avenida José Bastos, no bairro Couto Fernandes, em Fortaleza, é possível visualizar o serviço 
de soldagem de dois perfis de uma estaca metálica. 
 
 
Figura 2.24 – Soldagem dos perfis de estaca metálica. 
 
 
 
 
 28 
As estacas de concreto (Figura 2.25) podem ser armadas ou protendidas (seção 
circular), adensadas por centrifugação (seção circular) ou por vibração (seção quadrada ou 
circular). Dentre suas vantagens está o controle de qualidade exercido na confecção das 
estacas (diferentemente das moldadas in loco). Entretanto, devem-se tomar cuidados quanto 
ao transporte, para que não haja quebras, e quanto ao uso em terrenos com presença de 
matacões ou camadas pedregulhosas, devido aos riscos de ruptura por conta dos elevados 
esforços de cravação (DANTAS NETO, 2008). 
 
Figura 2.25 – Estacas de pré-moldadas de concreto com diferentes seções transversais (Fonte: ABCP, s.d.). 
 
Segundo Dantas Neto (2008), o controle da capacidade de carga das estacas pré-
moldadas é feito através da determinação da nega. A nega corresponde à penetração 
permanente da estaca promovida pela aplicação de um golpe do pilão. Normalmente é medida 
através de uma série de dez golpes. 
 
2.4.8 Tubulões 
 
De acordo com a NBR 6122 (ABNT, 1996), os tubulões são elementos de 
fundação profunda executados em escavações abertas no terreno, na qual ocorre descida de 
operário pelo menos na sua fase final. Podem ser do tipo tubulão a céu aberto ou tubulão a ar 
comprimido. 
Segundo a NBR 6122 (ABNT, 1996), o procedimento executivo de tubulões a céu 
aberto consiste na escavação de um poço aberto no terreno, realizando o alargamento de sua 
base e posterior concretagem. São executados, geralmente, acima do nível d’água, a menos 
que se faça o rebaixamento do lençol freático, como forma de evitar riscos de 
 
 
 29 
desmoronamento da perfuração. Nas situações em que houver apenas carregamento vertical, 
pode-se utilizar apenas armadura no topo para fazer a amarração com o bloco de coroamento 
(Figura 2.26). 
 
 
 
(a) Perspectiva 
 
 
(b) Corte longitudinal 
Figura 2.26 – Tubulão a céu aberto em perspectiva e corte longitudinal (Fonte: DANTAS NETO, 2008). 
 
De acordo com a NBR 6122 (ABNT,1996), os tubulões a ar comprimido, sejam 
com camisa de concreto (Figura 2.27) ou de aço, são utilizados nas situações nas quais a 
escavação é feita abaixo do nível d’água e não é possível realização de rebaixamento do 
lençol freático. Permitem profundidades de até 30 m abaixo do nível d’água, desde que sejam 
tomadas as precauções quanto à pressão máxima de ar comprimido. 
 
 
 
 30 
 
Figura 2.27 – Execução de tubulão a ar comprimido com camisa de concreto (Fonte: DANTAS NETO, 2008). 
 
As principais vantagens deste processo executivo estão na elevada capacidade de 
carga dos tubulões, devido ao alargamento da base e que conseqüentemente gera economia 
por não utilizar armaduras, além das grandes profundidades obtidas nas escavações, 
principalmente quando se utiliza o tubulão com ar comprimido. Entretanto, dentre as 
desvantagens, a principal está nos riscos aos quais os operários estão envolvidos 
(desmoronamentos e falhas na compressão e descompressão do ar), o que exige uma equipe 
médica durante a execução das atividades. 
 
 
2.5 Escolha do tipo de fundação 
 
Segundo o engenheiro geotécnico Antônio José Nóbrega Júnior, diretor técnico da 
empresa Geobrasil/Fundações Projetos e Engenharia Ltda., empresa especializada na área de 
projetos e execução de fundações em Fortaleza, podem ser considerados como fatores 
 
 
 31 
principais que determinam a escolha de um determinado tipo de fundação: 
• A carga da edificação, ou seja, a carga proveniente dos pilares. Assim, é 
importante conhecer o carregamento dos pilares, identificando a ocorrência de 
esforços de compressão, tração ou de flexão; 
• O tipo de solo, que através dos relatórios de sondagem, é possível identificar a 
presença de argilas moles orgânicas, de solos muito resistentes, de nível d’água 
e de matacões; 
• A vizinhança, pois a localização da obra tem sido um fator determinante na 
escolha, visto que alternativas à percussão como estacas pré-moldadas de 
concreto, metálicas e Franki são evitadas devido aos incômodos sofridos pelos 
vizinhos; 
• O cronograma de execução, buscando alternativas com menor prazo de 
execução; 
• E o custo, um fator importante, mas que não pode superar os fatores técnicos 
de projeto. 
Na situação em que é apontado o uso de fundações profundas do tipo estaca, 
parte-se então para a comparação do custo. Na determinação do preço final de uma 
alternativa, é preciso levar em consideração três itens importantes: a mão-de-obra, ou seja, a 
execução do serviço; o material que será gasto na realização daquela estaca; e o volume do 
bloco de coroamento (estrutura de transição entre a fundação e os pilares). O preço final será a 
composição destes três itens. 
Às vezes, é possível que uma solução seja mais econômica quando se analisa os 
custos do serviço, porém quando se adicionam os custos relativos ao volume do bloco de 
coroamento (concreto e aço), ela pode torna-se menos atraente. 
Embora não seja um fator determinante na escolha, o layout do canteiro de obras 
pode influenciar na utilização de determinada solução, como por exemplo, a estaca tipo hélice 
contínua. Em canteiros de profundidade elevada (três ou quatro níveis de subsolo) e que não 
disponham de rampa, não permitem a entrada da máquina de execução deste tipo de estaca. 
Enquanto isso, o equipamento de estaca raiz é favorecido, pois pode entrar no canteiro com o 
auxílio de um guindaste. 
 
 
 
 32 
3 CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA 
 
3.1 Características gerais 
 
A Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), também conhecida por Grande 
Fortaleza, foi criada pela Lei Complementar Federal nº 14, de 8 de junho de 1973. 
Atualmente é formada por 15 municípios (Figura 3.1): Fortaleza, Caucaia, Maranguape, 
Pacatuba, Aquiraz, Maracanaú, Eusébio, Guaiúba, Itaitinga, Chorozinho, Pacajus, Horizonte, 
São Gonçalo do Amarante, Pindoretama e Cascavel (estas duas últimas ingressaram em 2009 
por decisão do governo estadual). Apresenta uma área de 5.785,82 km2 e uma população de 
3.665.259 habitantes (WIKIPÉDIA, 2009). 
A RMF correponde, em população, à terceira maior região metropolitana do 
Nordeste (após as regiões metropolitanas de Salvador e do Recife), gerando como área de 
influência, além do estado do Ceará, o oeste do Rio Grande do Norte, o centro-norte do Piauí, 
o leste do Maranhão e a região de divisa entre o estados do Ceará e de Pernambuco. Uma das 
maiores dificuldades enfrentadas pela RMF é a integração de suas cidades, pois o transporte 
coletivo é pouco abrangente. Além disso, a cidade de Fortaleza detém a quase totalidade dos 
equipamentos urbanos da metrópole (WIKIPÉDIA, 2009). 
 
 
 
 
Figura 3.1 – Mapa da Região Metropolitana de Fortaleza (Fonte: WIKIPÉDIA, 2009). 
 
 
 33 
Quanto à economia da RMF, pode-se observar que no entorno do Porto do Pecém, 
localizado entre os municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, está sendo estruturado 
o Complexo Industrial e Portuário do Pecém, que abrigará também a Usina Siderúrgica do 
Ceará. Já o Distrito Industrial de Maracanaú abriga boa parte das indústrias da metrópole, 
sendo outra parte localizada no corredor da Rodovia BR-116, ao longo de Horizonte e 
Pacajus. O turismo e a expansão imobiliária estão entre as principais atividades dos 
municípios litorâneos, tais como São Gonçalo do Amarante, Caucaia, Aquiraz e Cascavel. 
Fortaleza possui 313,8 km2 e 2.505.552 habitantes. Além disso, possui 34 km de 
praias e está situada a uma altitude média de 21 m, é dividida em 114 bairros (Figura 3.2) e 
em 6 unidades administrativas diretas da prefeitura denominadas de Secretarias Executivas 
Regionais (SERs), conforme Figura 3.3 (WIKIPÉDIA, 2009). 
 
Figura 3.2 – Mapa de situação dos bairros de Fortaleza (Fonte: WIKIPÉDIA, 2009). 
 
 
 
 34 
 
Um setor que tem se destacado na economia de Fortaleza é o da indústria da 
construção civil. O acelerado crescimento da cidade tem proporcionado a construção de um 
grande número de edificações verticais, principalmente nos bairros localizados na SER II da 
capital, tais como Aldeota, Meireles, Praia de Iracema, Mucuripe, Cocó e Dionísio Torres. 
Enquanto que nas outras regiões da capital e nos outros municípios da RMF, há a 
predominância de edificações horizontais, com alguns ninhos de edificações verticais. 
A localização privilegiada de Fortaleza proporciona para a RMF a criação de um 
pólo turístico importante tanto para o Nordeste quanto para o Brasil. Devido às belezas de 
suas praias, os municípios litorâneos atraem cada vez mais um fluxo maior de turistas 
brasileiros e estrangeiros, que por sua vez favorecem a geração de renda e de emprego, em 
especial no setor da construção civil. 
Fortaleza possui clima quente, com temperatura média de 26,5 ºC, e vegetação 
tipicamente litorânea com áreas de mangue do Parque Ecológico do Cocó, sendo esta a maior 
área verde da cidade com área de 1.155 hectares. Dentre as capitais do Nordeste, Fortaleza 
possui o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB), perdendo apenas para Salvador. O 
destaque é dado para o comércio, principal atividade responsável por gerar riquezas na 
economia fortalezense (WIKIPÉDIA, 2009). 
 
 
 
Figura 3.3 – Mapa de situação das Secretarias Executivas de Fortaleza (Fonte: WIKIPÉDIA, 2009). 
SER I 
SER II 
SER III 
SER IV 
SER VI 
SER V 
 
 
 35 
3.2 Geologia 
 
Segundo Miranda (2005), a geologia da RMF é caracterizada pela existência das 
seguintes feições geológicas: rochas cristalinas dos tipos metamórficas e ígneas do Complexo 
Nordestino, sedimentos terciários do Grupo Barreiras e dunas dos tipos edafizadas e móveis 
(Figura 3.4). Todas elas são cortadas por cursos d’água do sistema fluvial, nos quais os 
sedimentos recentes estãodepositados. 
 
Figura 3.4 – Esboço geológico da Região Metropolitana de Fortaleza (Fonte: MOURA, 1997). 
Depósitos fluvio-aluvionares e de mangue 
Dunas 
Páleo-dunas 
Formação Barreiras 
Coberturas colúvio-aluvionares 
Granitos pós-tectônicos 
Complexo Gnáissico-Migmático 
Complexo Granítico-Migmático 
 
 
 36 
As rochas cristalinas do Complexo Nordestino consistem de metassedimentos, 
gnaisses, xistos, quartzitos e calcários, com migmáticos e rochas graníticas associadas ao 
período Pré-Cambriano. Os gnaisses de coloração cinza claro, com granulometria média, 
constituídos de quartzo, feldspato e mica, são comuns na RMF. Estão presentes na região que 
compreendem as cidades de Maracanaú, Maranguape e Caucaia, sendo que na região próxima 
ao litoral de Fortaleza elas encontram-se abaixo do Grupo ou Formação Barreiras (Figura 
3.5). Nas Serras de Maranguape, da Aratanha e de Camará estão localizadas pedreiras 
industriais que fornecem pedras britadas ou em blocos para o setor da construção civil. Nestas 
elevações existem, também, depósitos de colúvios, resultantes do transporte dos solos de 
alteração (MIRANDA, 2005). 
 
Figura 3.5 – Corte da direção norte-sul (Fonte: MIRANDA, 2005). 
 
A Formação Barreiras, segundo Miranda (2005, p. 296), “distribui-se como uma 
faixa sedimentar de largura variável (até 30 km) acompanhando a linha da costa, parcialmente 
recoberta junto ao litoral por dunas e areias marinhas”. Tais sedimentos consistem de argilas 
variegadas e arenitos avermelhados com níveis caulínicos ou ricos em cascalho, apresentando 
camadas laterizadas e conglomerações grosseiras com cimento ferruginoso. Em áreas como a 
Volta da Jurema, Mucuripe e Iguape, “este processo de oxidação chega a formar camadas 
resistentes, que afloram em alguns pontos do litoral resistindo ao avanço do mar e definindo o 
formato da costa”. 
As dunas edafizadas, ou páleo-dunas, e as dunas móveis consistem de areias bem 
selecionadas de granulação fina a média, às vezes siltosas, quartzosas e quartzo-feldspáticas, 
 
 
 37 
com coloração amarela, laranja ou acinzentada. Encontram-se sobre os sedimentos da 
Formação Barreiras e, na RMF, as dunas estão quase completamente descaracterizadas por 
conta do avanço da urbanização. Enquanto isso, as páleo-dunas estão cobertas por uma 
camada de areia com matéria orgânica, mostrando-se com coloração cinza ou marrom 
(MIRANDA, 2005). 
Seguindo a rede fluvial da RMF, são encontrados os depósitos de sedimentos 
aluvionares. Esses depósitos são formados por sedimentos de granulometria grossa ao longo 
da calha dos rios nas regiões das rochas cristalinas. Já nas planícies de inundação, são 
formadas por areias finas, siltes e argilas, geralmente com matéria orgânica. Enquanto isso, 
nas áreas próximas ao litoral, sobre as dunas e os sedimentos da Formação Barreiras, existem 
depósitos mais possantes de sedimentos finos com presença de matéria orgânica nas regiões 
de lagoas e mangues, como é o caso do depósito de argila orgânica de 12 metros de espessura 
da região da Avenida Engenheiro Santana Júnior com o Rio Cocó (MIRANDA, 2005). 
 
3.3 Características geotécnicas 
 
Segundo Miranda (2005, p. 297), “os solos da região [RMF] apresentam 
características geotécnicas bem definidas que influenciam o projeto e a execução das obras de 
engenharia”. Conseqüentemente, essas características são importantes em relação ao suporte 
das fundações das edificações. 
A região das rochas cristalinas apresenta três níveis horizontais distintos (Figura 
3.6). O primeiro, superficial, apresenta-se como arenoso-argiloso com pedregulhos, marrom, 
com presença de raízes e de matérias orgânicas. O segundo horizonte, conhecido no meio 
científico por solo residual maduro, apresenta-se como areia argilosa com pedregulhos, 
vermelha ou amarela. Por fim, o terceiro horizonte, conhecido por solo residual jovem (ou 
saprolito), apresenta-se com a aparência da rocha gnáissica com frações de areia, silte e argila 
(MIRANDA, 2005). 
 
 
 38 
 
Figura 3.6 – Horizontes dos solos das regiões cristalinas (Fonte: MIRANDA, 2005). 
 
Assim, Miranda (2005, p. 299) afirma que “estacas pré-moldadas de concreto, 
hélice contínua, Franki e tubulões geralmente se apóiam sobre o horizonte saprolítico”. No 
caso das estacas raízes, pelo fato de serem executadas com perfuratrizes rotativas, e das 
estacas metálicas, por conta das elevadas capacidades e reduzidas seções, elas conseguem 
ultrapassar essa camada e atingem a rocha. 
Na região da Formação Barreiras, os solos são constituídos por areia, silte e argila 
em variadas proporções com níveis ricos em cascalho, com camadas de areias argilosas, areias 
siltosas e argilas areno-siltosas, de coloração cinza claro ao vermelho, passando por amarelo e 
laranja. Além disso, há a existência de camadas conglomeráticas e laterizadas formando 
arenitos de cimento ferruginoso, presentes em cotas próximas ao nível do mar e que irão 
influenciar o projeto de fundações para edifícios à beira-mar (Figura 3.7). No caso das estacas 
metálicas, a cravação é geralmente interrompida ao atingir estas camadas (MIRANDA, 2005). 
 
 
Figura 3.7 – Leito conglomerático da Formação Barreiras (Fonte: MIRANDA, 2005). 
 
 
 
 
 39 
Portanto, na maioria das obras realizadas nesta região, haverá o predomínio de 
camadas de areia e argila, pouco permeáveis, com formação de lençol freático e com 
consistência e compacidade que variam de forma crescente conforme a profundidade, 
medidos através de ensaios de investigação geotécnica, como o SPT, por exemplo. Miranda 
(2005, p. 301) afirma que estas condições “não constituirão problema para as fundações de 
obras de pequeno porte, mas exigirão fundações profundas em estacas ou tubulões para obras 
de maior concentração de cargas”. 
Ainda assim, quanto às fundações na Formação Barreiras, segundo Miranda 
(2005, p. 301), “as estacas pré-moldadas de concreto, Franki, raiz, hélice contínua e tubulões 
geralmente atingem profundidades entre 10 a 15 metros, já as estacas metálicas avançam até 
profundidades da ordem de 25 metros”. Entretanto, as estacas metálicas não conseguem 
atingir tal profundidade em regiões com presença de arenitos e conglomerados ferruginosos, 
como explicitados anteriormente. 
Na região de dunas, os solos são constituídos por areias finas e médias, algumas 
vezes siltosas, de coloração cinza claro, amarela e laranja, com espessuras de até 15 metros e 
compacidade crescente. Estes solos são excelentes para suportar pequenas edificações, 
assentadas sobre fundações diretas. No caso de edificações com maiores concentrações de 
carga, é exigido o emprego de fundações profundas. De acordo com Miranda (2005, p. 306), 
“geralmente as estacas metálicas, Franki, raiz, hélice contínua e tubulões alcançam 
profundidades entre 5 a 15 metros. As estacas metálicas não atingem nega nesta camada, indo 
buscar apoio nos sedimentos terciários subjacentes”. 
Quanto aos depósitos de sedimentos aluvionares, estes são constituídos por areias 
grossas e pedregulhos nas calhas dos rios das regiões cristalinas. Neste caso, as obras deverão 
se apoiar em fundações profundas sobre o solo residual subjacente ou sobre a rocha do 
embasamento. Nas regiões das planícies de inundação, os solos aluvionares são constituídos 
por areias finas, siltes e argilas, quase sempre com matéria orgânica, e exigindo fundações 
profundas por conta do grande risco de ocorrência de recalques com uso de fundações diretas. 
De forma similar, os solos aluvionares da região de rios, mangues e lagoas sobre a Formação 
Barreiras e sobre as dunas apresentam, também, granulometria fina com matéria orgânica e 
exigindo, de forma obrigatória, o uso de fundações profundas devido aos riscos de recalques 
que são oferecidos no caso das fundaçõesdiretas (MIRANDA, 2005). 
 
 
 40 
3.4 Histórico de fundações na cidade de Fortaleza 
 
 O que se sabe da história das fundações executadas em Fortaleza é através de 
relatos de profissionais da área geotécnica, como os do engenheiro civil e consultor Antônio 
Nunes de Miranda e da área de estruturas de edificações, como os do engenheiro estrutural 
Hugo Alcântara Mota, ex-diretores do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do 
Ceará. 
Até meados da década de 60, havia muitos edifícios de 3 andares executados 
sobre fundações diretas, baseados nas condições de carga do solo de dunas, e sendo admitida 
nos projetos a capacidade de suporte de 1 kgf/cm2 (ou 100 kPa). Esta capacidade podia variar 
de 0,5 kgf/cm2 (nas regiões de dunas depositadas sobre lagoas) a 1,5 kgf/cm2. Assim eram 
comuns os recalques sofridos pelas edificações naquela época, contudo ocorriam em 
condições aceitáveis. 
Um fato que chama a atenção era o edifício do IAPC (Instituto de Aposentadoria e 
Pensão dos Comerciários), onde está localizado atualmente o INSS (Instituto Nacional de 
Seguridade Social), e recentemente denominado por Previdência Social. Consiste no primeiro 
grande edifício de Fortaleza, até a década de 60, com aproximadamente 12 andares, feito em 
estrutura de concreto armado e assente sobre fundações diretas do tipo sapatas. Este edifício 
ficou famoso, em noticiários da época, pelos recalques relativamente grandes ocorridos, sendo 
abandonado por diversas vezes pelos seus usuários. Atualmente, nota-se que a estrutura 
encontra-se num ponto de equilíbrio devido à acomodação de suas fundações. 
Na década de 70, com a valorização dos terrenos, passou-se a construir edifícios 
de 8 andares, cuja capacidade, em geral, não era mais suportada pelas sapatas. Nessa época, 
destacam-se as estacas pré-moldadas de concreto. Contudo, com a construção de edifícios de 
12 andares, e pelas limitações dimensionais das estacas pré-moldadas da época que 
necessitava de comprimentos maiores, adotou-se a solução de construir um nível de subsolo. 
Assim as sapatas voltaram a ser empregadas, pois se conseguia capacidades de suportes de 2 
kgf/cm2. 
Essa época caracteriza-se, também, pelo uso de estacas metálicas, especialmente 
na região do litoral de Fortaleza, onde é comum encontrar a camada de arenito, citado 
anteriormente. Nessa região, as estacas pré-moldadas não conseguiam atravessar esta camada 
resistente, com SPT de 20 a 25 golpes, favorecendo o uso das estacas metálicas que, em geral, 
 
 
 41 
penetravam a camada de arenito. Com o tempo, os trilhos utilizados na cravação de estacas 
metálicas, até então consideradas sucatas de ferrovias desativadas, tiveram seus preços 
majorados, pois o comércio de trilhos ficou concentrado nas mãos de poucas pessoas. Além 
do mais, o barulho e a vibração produzidos durante a cravação passou a gerar incômodos à 
vizinhança. 
Na década de 90, os edifícios chegavam a 18 andares e passaram a ser executados 
em estacas, destacando-se como novidade a estaca raiz. Este tipo de fundação passou a 
substituir as estacas metálicas, pois como a perfuração é feita com uma broca diamantada, 
conseguia atravessar qualquer tipo de terreno, especialmente a camada de leito 
conglomerático ferruginoso, localizado na área dos bairros Meireles e Aldeota. 
Algumas situações comuns enfrentadas pelos engenheiros da época era a 
ocorrência de estacas metálicas de tamanhos diferentes num mesmo bloco de coroamento. 
Numa obra realizada na Avenida Beira Mar, aconteceu a situação, num mesmo bloco, haver 
uma estaca com comprimento de 4 m e outra, distante 60 cm, ter comprimento de 17 m, pois 
nem sempre se conseguia atravessar a camada do conglomerático. Assim, era comum a 
utilização de triplo trilho (consiste numa seção transversal triangular formada por três trilhos 
soldados), até encontrar o conglomerático, e o uso de trilho simples, onde era possível 
atravessar essa camada. Com o uso da estaca raiz, foi possível homogeneizar o tamanho das 
estacas de um bloco, facilitando a execução destas no canteiro e oferecendo mais segurança 
ao projetista. 
Outra solução também utilizada nos edifícios de 18 andares foi a construção de 
subsolo com 2 a 3 níveis (atualmente existem subsolos de até 4 níveis em Fortaleza), na qual 
se obtêm capacidades de suporte da ordem de 3 a 4 kgf/cm2. Voltando a serem usadas as 
sapatas como alternativa. 
Recentemente, surgiu a estaca hélice contínua, caracterizada pela alta 
produtividade e que, atualmente oferece preço competitivo com a estaca raiz. 
Curiosamente, sabe-se da construção de um edifício em tubulão a céu aberto, 
localizado na Avenida Borges de Melo, e hoje pertencente à Telemar Norte Leste S/A. 
Enquanto as fundações do edifício sede do Banco do Nordeste, no Centro, foram realizadas 
com estacas de grande diâmetro moldadas in situ. 
 
 
 
 
 42 
4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS COLETADOS 
 
A seguir, são apresentados os dados obtidos da pesquisa realizada e que foram 
coletados através dos trabalhos, em grupo, de alunos da disciplina de Projeto e Construção de 
Edifícios, dos últimos cinco anos, ministrada pelos professores Alexandre Araújo Bertini e 
Ricardo Marinho de Carvalho, do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do 
Ceará, dentre os quais foram extraídas as informações quanto à localização, ao número de 
pavimentos e ao tipo de fundação executada. Ao todo, foi realizado um levantamento de 107 
obras distintas. 
Neste levantamento, foram consideradas somente as edificações residenciais e 
comerciais a partir de três pavimentos. As obras foram agrupadas conforme o ano em que 
foram estudadas pelos alunos do curso de Engenharia Civil. 
A Tabela 4.1 fornece os dados sobre 21 obras visitadas no ano de 2005. Nela, é 
possível observar que 5 delas encontram-se no Meireles e outras 5 no Cocó. Das 21 obras, 6 
foram executadas em fundação direta e as outras 15 foram executadas em fundação profunda . 
 
Tabela 4.1 – Levantamento de obras visitadas no ano de 2005. 
Obra Localização 
Nº de 
pavimentos Tipo de fundação 
1 Avenida Beira Mar - Meireles 26 Estaca raiz 
2 Avenida Beira Mar - Meireles 26 Estaca raiz 
3 Rua Aloyzio Soriano Aderaldo - Cocó 26 Estaca hélice contínua 
4 Avenida Padre Antônio Tomás - Cocó 25 Estaca Franki 
5 Avenida Padre Antônio Tomás - Cocó 26 Sapata 
6 Rua João Brígido - Aldeota 25 Estaca metálica 
7 Rua Leonardo Mota - Aldeota 22 Sapata 
8 Rua João Augusto Lima - Guararapes 18 Estaca hélice contínua 
9 Porto das Dunas (Aquiraz) 4 Sapata 
10 Rua Gonçalves Ledo - Centro 27 Estaca hélice contínua 
11 Estrada do Ancuri - Ancuri 3 Radier 
12 Avenida Rui Barbosa - Joaquim Távora 20 Estaca raiz 
13 Rua Silva Paulet - Meireles 27 Estaca metálica 
14 Rua Silva Paulet - Meireles 27 Sapata 
15 Rua Conselheiro Tristão - Fátima 22 Estaca raiz 
16 Rua Mauro Freire - Cidade dos Funcionários 22 Estaca raiz 
17 Rua Paurilo Barroso - Maraponga 4 Radier 
18 Avenida Abolição - Meireles 16 Estaca raiz 
19 Rua Batista de Oliveira - Cocó 24 Estaca hélice contínua 
20 Avenida Engenheiro Santana Júnior - Cocó 28 Estaca raiz 
21 Rua Napoleão Laureano - Fátima 19 Estaca raiz 
 
 
 43 
Já a Tabela 4.2 fornece os dados sobre 25 obras visitadas no ano de 2006. Nela, é 
possível observar que 8 obras encontram-se no Meireles, 4 delas estão no Cocó e outras 3 na 
Aldeota. Das 25 obras visitadas, 9 foram executadas em fundação direta, enquanto que 16 
foram executadas em fundação profunda. 
 
Tabela 4.2 – Levantamento de obras visitadas no ano de 2006. 
Obra Localização 
Nº de 
pavimentos Tipo de fundação 
22 Avenida Conselheiro Gomes de Freitas - Edson Queiroz 3 Estaca pré-moldada de concreto 
23 Rua General Tertuliano Potiguara - Aldeota 26 Estaca raiz 
24 Rua Padre Guerra - Pici 16 Estaca hélice contínua 
25 Rua Andrade

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