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1 UNIVERSIDADE JOSÉ DO ROSÁRIO VELLANO HEMOSTASIA E COAGULAÇÃO SANGUÍNEA: APLICANDO OS CONCEITOS DE FEEDBACK Alfenas – Minas Gerais 2019 2 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................... 3 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 4 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................................. 5 MODELO BASEADO NAS SUPERFÍCIES CELULARES ......................................................... 5 1.EVENTOS DA HEMOSTASIA: ................................................................................................... 7 1.1 Constrição Vascular: ..................................................................................................... 7 1.2 Formação do Tampão Plaquetário: .............................................................................. 8 1.3 Coagulação Sanguínea no Vaso Lesado .................................................................. 10 1.4 Organização Fibrosa ou Dissolução do Coágulo Sanguíneo: ................................... 11 2.MECANISMO DA COAGULAÇÃO SANGUÍNEA .................................................................. 11 2.1 Protrombina e trombina .............................................................................................. 12 2.2 Conversão do fibrinogênio em fibrina: ........................................................................ 12 3.CONDIÇÕES QUE CAUSAM SANGRAMENTO EXCESSIVO EM SERES HUMANOS 13 3.1 Deficiência de vitamina K ............................................................................................ 14 3.2 Hemofilia ..................................................................................................................... 16 3.4 Púrpura trombocitopênica imunológica (PTI) ............................................................. 17 3.5 Sequestro esplênico:................................................................................................... 19 3.6 Trombocitopenias induzidas por drogas:.................................................................... 19 3.7 Trombocitopatias: ........................................................................................................ 19 4.CONDIÇÕES TROMBOEMBÓLICAS: .................................................................................... 20 4.1 Tratamento: ................................................................................................................. 20 4.2 Trombose femoral e embolia pulmonar maciça: ........................................................ 21 4.3 Coagulação intravascular disseminada: ..................................................................... 21 5.ANTICOAGULANTES PARA USO CLÍNICO: ........................................................................ 23 5.1 Cumarínicos como anticoagulantes: ......................................................................................... 23 5.2 Heparina como anticoagulante intravenoso: .............................................................. 24 5.3 Prevenção da coagulação sanguínea fora do corpo: ................................................. 24 6.TESTE DE COAGULAÇÃO SANGUÍNEA: ............................................................................. 25 6.2 Tempo de protrombina e proporção normalizada internacional: ............................... 25 6.3 Tempo de tromboplastina parcial ativada – TTPA: .................................................... 26 6.4 Tempo de Trombina – TT: .......................................................................................... 28 CONCLUSÃO .................................................................................................................................... 29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: .............................................................................................. 30 3 LISTA DE FIGURAS Figura 1- Esquema representativo das estruturas internas da plaqueta. Figura 2- Os três componentes da função plaquetária Figura 3- Mecanismo do tampão em vista hematológica Figura 4- Coagulação Sanguínea Figura 5- Mecanismo da varfarina. 4 INTRODUÇÃO A hemostasia é definida como uma complexa sequência de fenômenos biológicos que ocorre toda vez que o vaso sanguíneo sofre alguma lesão. Três processos são responsáveis por sua manutenção: hemostasia primária, hemostasia secundária (coagulação) e hemostasia terciária (fibrinólise). Os mecanismos envolvidos nesse processo devem ser regulados para contrapor a perda excessiva de sangue e evitar a formação de trombos intravasculares, garantindo, assim, a integridade vascular e tissular. Fazem parte desse sistema: plaquetas, vasos, proteínas da coagulação do sangue, anticoagulantes naturais e o sistema de fibrinólise. A coagulação sanguínea consiste em um processo de ativação e conversão de proteínas específicas desencadeado pelo endotélio ativado e finalizado na superfície das plaquetas ativadas, objetivando a formação de um polímero insolúvel, a fibrina, que forma uma rede de fibras elásticas que consolida o tampão plaquetário e o transforma em tampão hemostático. As reações enzimáticas que levam a formação de fibrina são sequenciais, e por isso didaticamente agrupadas na forma de “cascata”. O mecanismo tradicional de coagulação proposto por Macfarlane, Davie e Ratnoff em 1964 representa a concepção mais amplamente difundida quando o assunto é coagulação sanguínea, entretanto, observações clínicas e experimentais mais recentes, demonstram que esse modelo não é completamente reprodutível in vivo. Nesse sentido, um novo entendimento sobre o funcionamento da hemostasia in vivo foi proposto, sendo esse um modelo de coagulação baseado em superfícies celulares que substitui a hipótese da cascata e propõe a ativação do processo de coagulação sobre diferentes superfícies celulares em quatro fases que se sobrepõem: Iniciação, amplificação, propagação e finalização. Sendo assim, este trabalho tem o objetivo de desenvolver, por meio de uma revisão de literatura, um estudo que compare a cascata de coagulação e o modelo baseados nas superfícies celulares, ambos usados para explicar a hemostasia secundária. 5 REFERENCIAL TEÓRICO MODELO BASEADO NAS SUPERFÍCIES CELULARES O mecanismo de cascata representa a concepção mais amplamente difundida quando o assunto é hemostasia secundária, entretanto, observações clínicas e experimentais mais recentes, demonstram que esse modelo não é completamente reprodutível in vivo (SANTOS et al, 2015). Casos de deficiência no fator XII, pré-calicreína, ou quininogénio de alto peso molecular existem na ausência de hemorragia clínica, apesar de in vitro deficiências em qualquer um destes fatores prolongam significativamente a ativação da coagulação. Paralelo a isso, deficiência de fator VII (crucial para a ativação extrínseca) está associada a quadros hemorrágicos; esses dados levam a crer que, numa análise segregada e didática, a via extrínseca tem uma importância maior no ponto de vista clínico (SANTOS et al, 2015). Bioquimicamente, estudos recentes constataram que o complexo TF/FVII iniciador da via extrínseca pode também ativar o fator IX da via intrínseca; e que a trombina é ativadora fisiológica do fator XI, pulando as reações iniciais induzidas pelo contato. Estes estudos levam a conclusão que a ativação do complexo TF/FVII é o maior evento desencadeador da hemostasia (SANTOS et al, 2015). No entanto, experimentos conduzidos nasúltimas três décadas demonstraram que as vias intrínseca e extrínseca não exibem funcionamento independente, eles atuam de forma integrada na dependência de fatores localizados na superfície da membrana. Baseado nisso, atualmente, considera-se um sistema multifacetado, extremamente balanceado, no qual participam componentes celulares e moleculares (SANTOS et al, 2015) Neste modelo o FVII é capaz de se ligar ao FT expresso em membranas celulares, porém apenas a ligação do fator VIIa exibe função enzimática ativas na forma de um complexo FT-FVIIa. O complexo FT-FVIIa ativa os fatores IX e X, que disparam uma série de eventos moleculares que resultam na formação de trombina e fibrina. Hoje, entende-se que a simples exposição do sangue para as células que expressam TF 6 na sua superfície é necessário e suficiente para iniciar a coagulação do sangue in vivo (SANTOS et al, 2015) Didaticamente esse processo de hemostasia é descrito com três fases sobrepostas: iniciação, amplificação e propagação (SANTOS et al, 2015). A fase de iniciação do processo da coagulação diz respeito ao momento em que as células que expressam o FT em sua superfície são expostas aos componentes do sangue no sítio da lesão. In vitro, a formação de um coágulo de fibrina visível ocorre durante esta fase em níveis muito baixos de trombina, quando apenas 3% a 5% da quantidade total de trombina tem sido produzido, logo a maioria de trombina (95%) é assim gerada após a formação do coágulo (SANTOS et al, 2015). Já na fase de amplificação, pequenas quantidades de trombina interagem com as plaquetas e com o complexo FXIII/ fator de von Willebrand. Essa trombina produzida tem função de ativar o máximo de plaquetas, além de ativar o FXI. Essa ativação pela trombina na superfície das plaquetas explica porque o FXII não é necessário para a hemostasia normal. Simultaneamente, por mecanismos quimiotáticos, os fatores mencionados são atraídos à superfície das plaquetas onde se inicia rapidamente a fase de propagação, que nada mais é do que o recrutamento de um grande número de plaquetas para o sítio da lesão e pela produção dos complexos 7 tenase e protrombinase na superfície das plaquetas ativadas (SANTOS et al, 2015). O modelo de coagulação baseado em superfícies celulares trouxe um novo entendimento para os processos fisiopatológicos de coagulopatias como, por exemplo, da hemofilia que, segundo a teoria da cascata, envolve a incapacidade da via extrínseca em produzir quantidades suficientes de FX para compensar parcialmente a deficiência de FVIII ou FIX. O novo modelo propõe que a hemofilia esteja relacionada especificamente a uma deficiência de geração de FXa na superfície das plaquetas, resultando na falta de produção de trombina na superfície das mesmas (SANTOS et al, 2015). 1. EVENTOS DA HEMOSTASIA: Hemostasia significa prevenção de perda sanguínea. Toda vez que um vaso é lesionado a hemostasia é ativada por meio de diversos mecanismos como a constrição vascular, formação de tampão de plaquetas, formação de coágulo sanguíneo, como resultado da coagulação do sangue e eventual crescimento de tecido fibroso no coágulo para o fechamento permanente no orifício do vaso. 1.1 Constrição Vascular: Imediatamente após a lesão no vaso sanguíneo, este possui musculatura lisa que se contrai, levando a uma vasoconstrição reduzindo assim de forma instantânea o fluxo de sangue por aquele local. Essa contração resulta de espasmo miogênico local, fatores autacoides locais dos tecidos traumatizados e das plaquetas e reflexos nervosos. O vaso traumatizado os tecidos adjacentes emitem impulsos nervosos dolorosos ou sensoriais que desencadeiam os reflexos nervosos auxiliando assim na contração muscular do vaso. O grau maior de vasoconstrição é característica da contração miogênica local dos vasos sanguíneos, iniciada logo após a lesão do mesmo. Para os vasos menores, as plaquetas são as grandes responsáveis por grande parte da vasoconstrição por conta da liberação do tromboxano A2 (substância vasoconstritora). Quanto maior a gravidade do trauma ao vaso, maior será o grau do espasmo vascular, o qual pode dura minutos ou até mesmo horas, ocorrendo simultaneamente os processos de formação dos tampões plaquetários e de coagulação do sangue. 8 1.2 Formação do Tampão Plaquetário: O tampão plaquetário é a ferramenta mais frequentemente utilizada pelo organismo nas rupturas vasculares cotidianas e mais pequenas. Assim, para entender esse mecanismo é necessário compreender a natureza das plaquetas. As plaquetas, ou trombócitos, são diminutos discos formados na medula óssea a partir da fragmentação dos megacariócitos (células hematopoiéticas), ou mesmo pelo momento que esses se espremem nos capilares. Embora não possuam núcleos ou a capacidade de reproduzir, as plaquetas possuem muitas características funcionais de células completas, tais como: 1. Proteínas contráteis em seu citoplasma (moléculas de actina, miosina e trombostenina), responsáveis pela contração das plaquetas. 2. Resíduos do retículo endoplasmático e do complexo de golgi que sintetizam várias enzimas e armazenam grande quantidade de íons de cálcio. 3. Mitocôndrias e sistemas enzimáticos capazes de formar trifosfato de adenosina e difosfato de adenosina. 4. Sistemas enzimáticos que sintetizam prostaglandinas, ou por hormônios locais que causam várias reações vasculares e outras reações teciduais locais. 5. A proteína fator de estabilizador de fibrina. 6. O fator de crescimento, responsável pela multiplicação e crescimento das células do endotélio muscular, da musculatura lisa vascular e dos fibroblastos e pela posterior ajuda na reparação das paredes vasculares lesadas por esse crescimento celular. Além dessas características, na membrana celular das plaquetas ainda há uma camada de glicoproteínas as quais, não só impedem a aderência no epitélio normal, mas também favorecem a aderência nas áreas lesionadas da parede vascular, especialmente às células endoteliais ou qualquer colágeno exposto ali. Adiciona- se a isso o fato da membrana plaquetária possuir grande quantidade de fosfolipídeos, esses responsáveis por ativar os múltiplos estágios do processo de coagulação. Dessa forma, a plaqueta é uma estrutura ativa com meia vida de 8 a 12 dias, de modo que seus processos funcionais duram várias semanas. Após esse período, as 9 plaquetas são retiradas da circulação principalmente por meio dos macrófagos no baço. Figura 1- Esquema representativo das estruturas internas da plaqueta. Figura 2- Os três componentes da função plaquetária (adesão, ativação e agregação). Fonte: YIP, J. et al. Primary platelets adhesion receptors. IUBMB Life, v. 57, n. 2, p. 103-8, 2005 Várias funções da plaqueta são essenciais para o reparo plaquetário. Isso é visível quando as plaquetas entram em contato com a superfície vascular lesada, especialmente com as fibras de colágeno presente nela, e começam a dilatar, assumindo inúmeros pseudópodos e iniciando a contração de suas proteínas contráteis. Com essa contração, são liberados grânulos com fatores ativos pegajosos e aderentes ao colágeno dos tecidos e à proteína fator de Von Willebrand. Em seguida, essa proteína vaza do plasma para o tecido traumatizado, 10 secretando uma grande quantidade de ADP e formando, posteriormente, o tromboxano A2, que atuarão juntos nas plaquetas vizinhas a fim de ativá-las e aderi- las umas às outras. É em decorrência dessa ativação sucessiva de plaquetas que se forma o tampão plaquetário, que inicialmente fica solto, mas bloqueia a perda de sangue de uma abertura pequena. A seguir, são formados os filamentos de fibrilina que se prendem mais firmemente às plaquetas e constroem, enfim, o tampão compacto. Esse mecanismo é essencial para o fechamento das pequenas rupturasde vasos que ocorrem inúmeras vezes durante o dia em uma pessoa normal. No entanto, o mesmo não ocorre em áreas hemorrágicas sob a pele e tecidos de uma pessoa com poucas plaquetas. Figura 3- Mecanismo do tampão em vista hematológica. Fonte: McKenzie, Textbook of Hematology, 1996. 1.3 Coagulação Sanguínea no Vaso Lesado: Este é o terceiro mecanismo para a hemostasia, que é a formação do coágulo sanguíneo. Em uma lesão grave este coágulo se forma em torno de 15 a 20 segundos, se for uma lesão pequena ele demora em torno de 1 a 2 minutos para se formar. A parede do vaso traumatizado, as plaquetas e as proteínas sanguíneas produzem substâncias ativadoras, que irão se aderir à parede vascular traumatizada iniciando assim o processo de coagulação. 11 Figura 4- Coagulação Sanguínea Dentro de 3 a 6 minutos, após a ruptura do vaso, se a abertura não for muito grande, está estará fechada pelo coágulo e por volta de 20 minutos a 1 hora, o coágulo se retrai, lembrando que a plaquetas auxiliam e intensificam esse processo, levando a um maior fechamento do vaso. 1.4 Organização Fibrosa ou Dissolução do Coágulo Sanguíneo: Após a formação do coágulo ele poderá sofrer dois cursos: ele pode ser invadido por fibroblastos e se tornar um tecido conjuntivo ou ele pode se dissolver. O curso mais usual nos coágulos que se formam em pequenos orifícios, é que estes sejam invadidos com fibroblastos. Essa invasão ocorre algumas horas após a formação do coágulo (promovida em parte pelo fator de crescimento liberado pelas plaquetas). A invasão continua até a completa transformação do coágulo em tecido fibroso que dura em média de 1 a 2 semanas. Entretanto, quando há uma quantidade excessiva de sangue que vaza para os tecidos e/ou há formação de coágulos teciduais onde não eram necessários, substâncias especiais no interior do próprio coágulo são ativadas. Essas substâncias atuam como enzimas e causam a dissolução do coágulo. 2. MECANISMO DA COAGULAÇÃO SANGUÍNEA: Mais de 50 substâncias diferentes causam ou afetam a coagulação do sangue, algumas promovem a coagulação são chamadas procoagulantes, e outras inibem o processo são denominadas anticoagulantes. 12 Na corrente sanguínea geralmente há predominância das anticoagulantes, de modo que o sangue não coagula quando está circulando pelos vasos sanguíneos, contudo quando o vaso é rompido procoagulantes da área da lesão tecidual são ativados, desenvolvendo assim o coágulo, que ocorre em três etapas essenciais: 1- Após a ruptura do vaso há uma cascata de reações que resultam na ativação criando assim umn complexo chamado ativador de protrombina. 2- O ativador de protrombina catalisa a conversão de protrombina em trombina. 3- A trombina atua como enzima na conversão do fibrinogênio em fibras de fibrina, formando um emaranhado de plaquetas, células sanguíneas e plasma, para formar o coágulo. Para que ocorra a efetiva ativação e conversão de protrombina em trombina é necessário que os níveis de cálcio iônico plasmáticos estejam em um nível elevado. As plaquetas possuem também um papel importante na conversão, pois grande parte da protrombina fixa-se inicialmente nos seus receptores nas plaquetas já ligadas ao tecido lesado. 2.1 Protrombina e trombina: A protrombina é uma proteína plasmática, uma alfa-2-globulina, uma proteína muito grande e instável que pode se dividir facilmente em compostos menores, um dos quais sendo a trombina que possui metade do peso molecular da protrombina. A protrombina é continuamente formada no fígado, e esta também é continuamente utilizada na corrente sanguínea, caso o fígado deixe de produzir por cerca de 24 horas, as concentrações plasmáticas caem, e o corpo deixa de ser capaz de produzir a coagulação normal do corpo, a vitamina K é constantemente utilizada pelo corpo para a ativação da protrombina. 2.2 Conversão do fibrinogênio em fibrina: O fibrinogênio é formado no fígado e é essencial para a formação do coágulo, devido ao seu alto peso molecular geralmente a molécula não sai do interior do vaso sanguíneo para o líquido intersticial, desta forma não há coagulação do líquido intersticial. A trombina é uma enzima proteica com baixa capacidade proteolítica, desta forma ela atua sobre o fibrinogênio retirando quatro peptídeos de baixo peso molecular de 13 cada molécula de fibrinogênio, formando assim um monômero de fibrina, com capacidade de polimerizar outros monômeros de fibrina. O coágulo é formado por uma malha de fibras de fibrinas que cursam em todas as direções e que retêm células sanguíneas, plaquetas e plasma. As fibras de fibrina também aderem as superfícies lesadas dos vasos sanguíneos, desse modo o coágulo sanguíneo fica aderido a qualquer abertura vascular impedindo assim a perda de sangue. As plaquetas possuem um papel importantíssimo na formação do coágulo pois estas liberam substâncias procoagulantes, sendo umas das mais importantes o fator estabilizador de fibrina, além disso as plaquetas também atuam na formação da trombostenina que constitui uma proteína contrátil, desta forma a contração é ativada e acelerada por íons cálcio liberados nos reservatórios de cálcio das mitocôndrias. Assim que o coágulo sanguíneo se forma ele se estende rapidamente este mecanismo é denominado feedback positivo, criando assim um círculo vicioso, promovendo mais coagulação. Existem duas vias para o início da coagulação, a via extrínseca que possui como mecanismo ativador o trauma da parede vascular, que irá desencadear todas as vias e mecanismos da coagulação, enquanto que a via intrínseca constitui um trauma no próprio sangue ou exposição do sangue ao colágeno da parede vascular traumatizada. A heparina também constitui um anticoagulante muito potente, contudo a sua concentração plasmática é baixa, desta forma exerce efeitos anticoagulantes apenas situações bem especificas, entretanto a heparina é muito utilizada como agente farmacológico. 3. CONDIÇÕES QUE CAUSAM SANGRAMENTO EXCESSIVO EM SERES HUMANOS: O sangramento excessivo pode resultar de deficiência de qualquer um dos fatores da coagulação do sangue. Três tipos particulares de tendência ao sangramento: sangramento causado pela deficiência de vitamina K; hemofilia e trombocitopenia. 14 3.1 Deficiência de vitamina K: A vitamina K é lipossolúvel, principalmente, na coagulação sanguínea. Se apresenta sob as formas de filoquinona (K1 -predominante), dihidrofiloquinona (dK), menaquinona (K2 ) e menadiona (K3). Os fatores que interferem em sua absorção são: má absorção gastrintestinal, secreção biliar, ingestão insuficiente e uso de anticoagulantes, entre outros. As principais fontes de vitamina K são os vegetais e óleos, sendo esses os responsáveis pelo aumento da absorção da filoquinona. Os alimentos folhosos verde escuro, os preparados à base de óleo, oleaginosas e frutas como o kiwi, abacate, uva, ameixa e figo contêm teores significantes de vitamina K, enquanto que os cereais, grãos, pães e laticínios possuem teores discretos. A ingestão diária de aproximadamente 1µg por quilo de peso é considerada a mais segura, inclusive para a utilização de anticoagulantes orais, em que a concentração estável da vitamina proporciona a eficácia no tratamento. A droga anticoagulante oral geralmente utilizada é a varfarina, administrada como profilática e para tratamento de fenômenos tromboembólicos. Essa intervenção medicamentosa é monitorada pelo tempo de protrombina expresso pela razão normalizada internacional, tendo como objetivo estabelecer a faixa terapêutica entre 2 e 3, minimizando o risco de hemorragias. O efeito anticoagulante pode ser reduzido por fatores como ganho de peso, diarréia, vômito, idade menor que 40 anos e consumo excessivo de vitamina K na dieta alimentar. A vitamina K é absorvida no intestino delgado e transportadapelas vias linfáticas. Necessita de um fluxo normal de bile e suco pancreático, além de um teor adequado de gordura na dieta. Alguns fatores podem interferir na absorção como a fisiologia do indivíduo, doenças específicas, má absorção gastrintestinal, secreção biliar, estado nutricional, ingestão insuficiente das fontes dessa vitamina, uso de anticoagulantes cumarínicos, nutrição parenteral total (NPT) e ingestão de megadoses de vitaminas A e E (antagonistas da vitamina K). As maiores lipoproteínas carreadoras da vitamina K são os triglicérides, explicando a relação entre filoquinona e triglicérides plasmáticos. Independentemente da dose consumida, 20% é excretada pela urina em três dias, enquanto que entre 40 e 50% pelas fezes. Esse catabolismo mostra a rápida depleção das reservas hepáticas em pessoas com dieta pobre em vitamina K. A menor concentração plasmática encontra-se na terceira década de vida para 15 ambos os sexos, sendo aumentada após esse período. Os indivíduos acima de 60 anos (principalmente as mulheres) apresentam concentrações maiores que os abaixo de 40 anos. Isso pode se dever ao fato de que as pessoas da terceira idade consomem mais filoquinona que os de 20 a 50 anos. Foi relatado que os ossos podem agir como repositores de filoquinona e menaquinona em pessoas idosas. A deficiência da vitamina K é detectada através de sintomas como hemorragias, equimoses, melena, hematúria, hematêmese e osteoporose. A vitamina K atua como co-fator para a carboxilação de resíduos específicos de ácido glutâmico para formar o ácido gama carboxiglutâmico (Gla), aminoácido presente nos fatores de coagulação (fatores II, VII, IX e X)e que se apresenta ligado ao cálcio, podendo, ainda, regular a disposição do elemento cálcio na matriz óssea como parte da osteocalcina. A osteocalcina (proteína do osso) é uma das mais frequentes proteínas não-colagenosas na matriz extracelular do osso. Sua dosagem no sangue constitui importante marcador biológico da atividade osteoblástica. Há evidências de que a vitamina K seja importante no desenvolvimento precoce do esqueleto e na manutenção do osso maduro sadio. Quanto à coagulação sanguínea, ocorre a transformação do fibrinogênio em fibrina insolúvel com a interferência de uma enzima proteolítica (trombina), que se origina da protrombina (fator II), através de fatores dependentes da vitamina K: a pró-convertina (fator VII), o fator anti- hemofílico B (fator IX) e o fator Stuart (fator X). A vitamina K influi, ainda, na síntese de proteínas presentes no plasma, rins e talvez outros tecidos. A carboxilação da vitamina K está envolvida, portanto, na homeostase, metabolismo ósseo e crescimento celular. Estudos prévios mostraram efeitos inibitórios do crescimento de várias células neoplásicas (mieloma – human myeloma cell lines e non-myelomatous cell lines), provocados pela vitamina K2 e redução do risco de eventos mutagênicos na fase de proliferação celular rápida em fetos e recém-nascidos pré-termos. Alguns estudos apontam a hipovitaminose K como responsável pela hemorragia retroplacentária de abortamentos habituais. As drogas antivitamina K (AVK), cumarínicas ou anticoagulantes orais, como por exemplo a mais comumente usada varfarina (composto 4-hidroxicumarina), são administradas, às vezes, por mais de 60 anos, como profiláticas e para tratamento 16 de fenômenos tromboembólicos, inibindo a enzima hepática vitamina K epóxi- redutase, os fatores II, VII, IX e X e proteínas C e S. Para que os fatores II, VII, IX, X, proteínas C e S se tornem ativos é necessário que ocorra a gama carboxilação do ácido glutâmico, possibilitando assim a adesão dessas proteínas aos fosfolípides de superfície, acelerando o processo de coagulação. A vitamina K em forma reduzida (KH2 ) atua como co-fator essencial para o processo da gama carboxilação dos fatores de coagulação. Neste processo, a KH2 é oxidada a epóxi-vitamina K e a seguir retorna a KH2 pela ação de duas redutases, completando o ciclo da vitamina K. A varfarina inibe a ação das duas redutases, reduzindo a quantidade de vitamina KH2 disponível, limitando o processo de carboxilação. 3.2 Hemofilia É uma doença hereditária que acomete somente o sexo masculino e na maioria dos casos é causada por anormalidade ou deficiência do Fator VIII de coagulação do sangue - neste caso, esta enfermidade é chamada hemofilia A ou hemofilia clássica – o restante dos outros casos, ocorrem pela deficiência do Fator IX – hemofilia B. Esses dois fatores são geneticamente transmitidos por meio do cromossomo feminino. Portanto quase nunca se encontra mulher com hemofilia porque pelo menos um de seus dois cromossomos X apresenta os genes apropriados. Se um de seus cromossomos X for deficiente, ela será carregadora de hemofilia, transmitindo a doença para a metade de seus descendentes do sexo masculino, e o estado de carregadora, para a metade de seus descendentes do sexo feminino. (GUYTON, 2017) A hemofilia pode ser classificada conforme a quantidade de fator deficitário. Dessa forma, o traço hemorrágico terá graus de gravidade vinculado a deficiência genética. Há três categorias: grave (quando o fator é menor que 1%), moderada (de 1% a 5%) e leve (acima de 5%). É importante salientar que o Fator VIII possui dois componentes ativos, sendo um maior (com grande peso molecular) e um menor. Este último é de grande importância já que ele é quem vai pra via intrínseca, para a coagulação e sua ausência é que causa a hemofilia clássica. Por isso, quando o paciente com hemofilia clássica tem um sangramento prolongado e grave, a única terapia eficaz é 17 a injeção de Fator VIII purificado (entretanto, seu custo é alto e a disponibilidade limitada por só pode ser obtido através de sangue humano e em quantidades pequenas). Com relação a sintomatologia, em quadros graves e moderados os sangramentos são de repetição espontânea. Geralmente aas hemorragias são intramusculares e intra-articulares que desgastam primeiro as cartilagens e depois provocam lesões ósseas. Dor forte, aumento da temperatura e restrição do movimento são sintomas comuns. E as articulações do joelho, tornozelo e cotovelo costumam ser mais comprometidas. 3.3 Trombocitopenia: São decorrentes da diminuição de produção pela medula óssea, do aumento de destruição e de outras causas, como seqüestro esplênico.Usualmente, recorre-se ao mielograma para classificar as plaquetopenias. O aumento do número de megacariócitos indica destruição ou consumo, e a sua diminuição indica menor produção. Geralmente, contagens plaquetárias superiores a 50.000/ mm não são acompanhadas de sangramentos, que são apenas esperados com contagens inferiores a 20.000/mm. As transfusões de concentrados plaquetários não devem ser baseadas apenas nos exames. As plaquetas são fragmentos de células presentes no sangue, originárias da fragmentação citoplasmática dos megacariócitos. Após serem liberadas da medula óssea, elas são sequestradas no baço por 24 a 48 horas. O baço contém cerca de 30% das plaquetas circulantes, cujo período de vida é de aproximadamente 7 dias, sendo removidas da circulação sanguínea pelos macrófagos. O valor normal das plaquetas, em condições normais, varia de 0.000 a 4 0.000/mm no sangue periférico. Sua função está associada à chamada hemostasia primária da coagulação do sangue. 3.4 Púrpura trombocitopênica imunológica (PTI): Caracteriza-se por uma diminuição da contagem plaquetária, com produção aumentada na medula óssea. Devem-se pesquisar outras causas de trombocitopenias, como púrpuras secundárias a drogas, septicemia, coagulação intravascular disseminada (CIVD), púrpura trombocitopênica trombótica (PTT), e 18 doenças associadas, como o lúpus, outras doenças do colágeno, leucemia linfocítica crônica (LLC), linfomas, tuberculose, sarcoidose e, principalmente,síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). Apresenta-se em uma forma aguda (autolimitada, geralmente pós-viral, ou pós-vacina, observada em crianças), e em uma forma crônica recorrente, podendo as formas brandas passarem despercebidas por muitos anos, mantendo o paciente assintomático com plaquetas em níveis superiores a 50.000/mm. Nesses casos, os sintomas podem aparecer em um pós-operatório imediato ou após qualquer processo clínico grave. As formas agudas predominam em crianças com menos de 5 anos, e desaparecem em poucos meses, não necessitando, na maioria das vezes, de interferência terapêutica. As formas crônicas (95% dos casos em adultos) melhoram temporariamente com imunossupressão, mas a maioria permanece indefinidamente em níveis baixos de plaquetas, apesar das intervenções terapêuticas, e em vida normal, com mínima incidência de hemorragias importantes. O tratamento, quando indicado, deve ser iniciado com corticoide (exemplo: prednisona mg/kg/dia por, pelo menos, 3 semanas). Dois a três pulsos iguais devem ser tentados, caso não se obtenha resposta, até considerar outras tentativas terapêuticas. Agonistas da trombopoietina (exemplo: eltrombopag e romiplostim), anticorpo monoclonal anti CD-20 , esplenectomia, imunossupressores (vincristina, vinblastina, ciclofosfamida e azatioprina), danazol, colchicina e imunoglobulina endovenosa em altas doses são outras opções terapêuticas utilizadas. Essa última tem sido a mais usada em situações de pré-operatório, apesar dos riscos tromboembólicos pela hiperviscosidade que provoca. Transfusões de plaquetas devem ser reservadas a episódios de sangramento com risco de morte, pois a sobrevida das plaquetas transfundidas nessa doença pode ser resumida a minutos, além de agravar a autoimunidade e piorar o curso da doença. Plasmaférese, com retirada de 3L de plasma, e tratamentos com imunoadsorções baseadas em plasma perfusão em colunas contendo proteínas do estafilococo A (Prosorba), podem ser utilizados em situações de emergência, apesar do alto custo e de resultados temporários. Nos casos relacionados com lúpus eritematoso disseminado, leucemia linfocítica crônica (LLC), linfomas etc., o tratamento deve ser dirigido à doença de base, além das medidas preconizadas para PTI. 19 3.5 Sequestro esplênico: Ocorre na insuficiência hepática, acompanhada por cirrose e hipertensão portal, e em outras situações com esplenomegalia concorrente. Em geral, são trombocitopenias moderadas que raramente trazem problemas hemorrágicos. Contagens da ordem de 60.000/mm são comuns, e a esplenectomia está indicada apenas em casos raros de sangramentos importantes causados pela plaquetopenia. Geralmente, esses pacientes sangram devido à deficiência combinada de fatores de coagulação com fibrinólise exacerbada. O papel da plaquetopenia parece ser de pouca importância nos hepatopatas. 3.6 Trombocitopenias induzidas por drogas: O primeiro mecanismo possível é a diminuição da produção, por ação direta, como já descrito com diuréticos tiazídicos, etanol ou estrogênios. Um segundo mecanismo envolve aumento da destruição por causa imunológica. Muitas drogas podem ser responsabilizadas por trombocitopenias, embora raramente produzam estas alterações. Além das já citadas, a heparina, os sais de ouro e a quinidina provocam frequentemente trombocitopenia e há uma relação temporal da droga com a ocorrência de trombocitopenia. A melhor maneira de contornar essa situação é eliminar todas as drogas não-essenciais ao paciente, e reintroduzir as suspeitas criteriosamente, monitorizando-se, frequentemente, o paciente. Pode haver demora importante para o retorno ao normal após se eliminar a droga responsável. 3.7 Trombocitopatias: São alterações hereditárias ou adquiridas da função plaquetária. As plaquetas estão em números normais, mas, por alterações funcionais e estruturais da interação entre vaso e plaquetas, não desempenham corretamente a função de adesão e agregação plaquetária na formação do tampão plaquetário, provocando tendência hemorrágica. Trombocitopatias Hereditárias: a) Trombastenia de Glanzmann – deficiência da glicoproteína ΙΙb – ΙΙΙa; b) Síndrome de Bernard Soulier – deficiência de glicoproteína Ib-VIX; c) Doença do estoque plaquetário; d) Defeitos do mecanismo secretor Trombocitopatias Adquiridas: a) Induzidas por drogas; 20 b) Doença do estoque plaquetário adquirida; c) Doenças renais – doenças hepáticas; d) Paraproteinemias; e) Doenças mieloproliferativas – leucemias agudas. A principal trombocitopatia adquirida ocorre devido a drogas de ação antiagregante, como ácido acetilsalicílico, clopidogrel, ticagrelor, dipiridamol, ticlopidina e, em menor grau, vasodilatadores em geral. As alterações podem persistir até 1 semana após a suspensão das drogas. Outras situações que podem induzir as alterações plaquetárias são uremia, doenças hepáticas, paraproteinemias, doenças mieloproliferativas e leucemias agudas. Nesses casos, a melhor terapia é aquela dirigida contra a doença de base. Concentrados plaquetários poderão ser úteis em caso de hemorragias severas. O exame laboratorial com maior sensibilidade e especificidade para identificar alteração qualitativa das plaquetas, principalmente secundária a drogas, é o teste de agregação plaquetária. 4. CONDIÇÕES TROMBOEMBÓLICAS: Um coágulo anormal que se desenvolve no vaso ileso é chamado trombo, enquanto aqueles que se desprendem dos vasos pelo fluxo contínuo do sangue e circulam livremente são chamados êmbolos. Os êmbolos originados em grandes artérias ou no lado esquerdo do coração podem circular para a periferia e ocluir artérias ou arteríolas no cérebro, nos rins e em outros locais. Enquanto os êmbolos originados no sistema venoso ou no lado direito do coração fluem para os pulmões e causam embolia arterial pulmonar. As principais causas são arteriosclerose, infecção e trauma que levam a superfície endotelial de um vaso a ficar áspera, com exposição do fator tecidual. Além disso, quando o sangue flui muito lentamente, por congestionamento venoso, por exemplo, ocorre coagulação. 4.1 Tratamento: No tratamento de coágulos intravasculares é comum o uso de AP-t. Geralmente, é administrado por cateter na região acometida pelo trombo e age na transformação de plasminogênio em plasmina que, por sua vez, pode dissolver alguns coágulos. Sua eficácia é maior durante a primeira hora após oclusão trombótica de uma artéria coronária, poupando o coração. 21 4.2 Trombose femoral e embolia pulmonar maciça: Ocorre quando o fluxo sanguíneo é bloqueado durante muitas horas em qualquer vaso do corpo, como pacientes imobilizados por muito tempo no leito que levam à estase. O coágulo cresce preferencialmente na direção do sangue que se move lentamente, crescendo, às vezes, por todo comprimento da veia da perna podendo chegar na veia ilíaca comum e veia cava superior. Grande parte do coágulo se solta e circula livremente com o sangue venoso pelo lado direito do coração e das artérias pulmonares, ocluindo parcial ou totalmente um ou mais vasos. As consequências dependem do tamanho e do número de êmbolos, condição subjacente dos pulmões, grau de funcionamento do ventrículo direito (VR) e habilidade do sistema trombolítico intrínseco corporal de dissolver os coágulos. A morte ocorre em decorrência de uma falha no ventrículo direito. Quando grandes êmbolos ocluem as principais artérias pulmonares ou quando vários êmbolos pequenos ocluem > 50% dos vasos mais distais, a pressão no ventrículo direito aumenta, o que pode ocasionar insuficiência ventricular direita aguda, choque ou morte súbita. De acordo com os efeitos fisiológicos, a EP pode ser classificada como: a) Maciça: Função ventricular direita prejudicada com hipotensão, como definido por uma PA sistólica < 90 mm Hg ou uma quedana pressão arterial sistólica ≥ 40 mm Hg em relação à linha de base por um período de 15 min; prediz um risco significativo de morte dentro de horas ou dias. b) Submaciça: Função ventricular direita prejudicada sem hipotensão. c) Pequena: Ausência de comprometimento do ventrículo direito e ausência de hipotensão. A EP em sela descreve uma embolia pulmonar que se aloja na bifurcação da artéria pulmonar principal e nas artérias pulmonares direita e esquerda; EPs em sela geralmente são submaciças ou maciças. 4.3 Coagulação intravascular disseminada: A coagulação intravascular disseminada (CID) normalmente resulta da exposição do fator tecidual ao sangue, iniciando a cascata da coagulação. Além disso, a coagulação intravascular disseminada (CID) ativa a via fibrinolítica ( Via fibrinolítica.). Resulta da presença de tecido traumatizado ou necrótico no corpo, situação que 22 desencadeia o choque circulatório com grande liberação de fator tecidual no sangue. As principais causas podem ser: - Câncer, sobretudo adenocarcinomas que afetam as partes secretoras de mucina do pâncreas, adenocarcinomas de próstata e leucemia promielocítica aguda, em que as células do tumor expõem ou liberam a atividade do fator tecidual. - Complicações obstétricas (p. ex., descolamento prematuro da placenta, aborto terapêutico induzido por solução salina, feto morto ou produtos de concepção retidos, embolismo do líquido amniótico). O tecido placentário com atividade do fator tecidual entra ou é exposto à circulação materna. - Infecção, em particular com microrganismos Gram-negativos: a endotoxina Gram- negativa provoca geração ou exposição da atividade do fator tecidual em células fagocíticas, endoteliais e teciduais. - Aneurismas aórticos ou hemangiomas cavernosos (síndrome de Kasabach-Merritt) associados a lesão da parede do vaso e áreas da estase sanguínea. A estimulação das células endoteliais pelas citocinas e as alterações do fluxo sanguíneo microvascular provocam a liberação do fator de ativação do plasminogênio tecidual (tPA, do inglês tissue plasminogen activator) a partir das células endoteliais. Tanto o tPA como o plasminogênio se ligam aos polímeros da fibrina, e a plasmina (gerada pela clivagem do tPA do plasminogênio) cliva a fibrina em dímeros-D- e outros produtos de degradação da fibrina. Portanto, a coagulação intravascular disseminada causa tanto trombose como hemorragia. Esse fato ocorre principalmente em pacientes com septicemia disseminada, em que as bactérias circulantes ou as endotoxinas bacterianas ativam os mecanismos de coagulação. A CID pode se desenvolver de forma lenta ou rápida: - CID que evolui rapidamente, em contraste, causa trombocitopenia e depleção dos fatores de coagulação de plasma e fibrinogênio, o que provoca hemorragia. A hemorragia dentro dos órgãos, juntamente com tromboses microvasculares, pode acarretar disfunção e deficiência em múltiplos órgãos. A dissolução demorada de polímeros de fibrina pela fibrinólise pode resultar na ruptura mecânica de eritrócitos, produzindo esquistócitos e hemólise intravascular leve. - CID que se desenvolve lentamente ocasiona primariamente manifestações tromboembólicas venosas (p. ex., trombose venosa profunda, embolismo pulmonar), 23 embora, às vezes, ocorram vegetações da válvula cardíaca; hemorragia anormal é incomum. A obstrução dos vasos periféricos leva à hipóxia, razão pela qual a septicemia é letal em 84% dos casos. 5. ANTICOAGULANTES PARA USO CLÍNICO: Tendo em vista a importância do retardo no processo de coagulação nas condições tromboembólicas, desenvolveram-se anticoagulantes, sendo que os mais utilizados na clínica são os cumarínicos e a heparina. 5.1 Cumarínicos como anticoagulantes: Ao utilizar um cumarínico como a varfarina, o paciente tem suas quantidades de protrombina e dos Fatores VII, IX e X diminuídas. Esse efeito ocorre devido ao fato de que a varfarina inibe a enzima VKOR c1, responsável por reduzir a forma oxidase da vitamina K em sua forma ativa. Com a inibição, a varfarina reduz a disponibilidade da forma ativa da vitamina K nos tecidos, fazendo com que os fatores de coagulação fiquem biologicamente inativos por não serem carboxilados. Apesar de terem sua atividade coagulante reduzida, os fatores coagulantes não deixam de ser produzidos. Após a administração de dose efetiva de varfarina, o processo de coagulação não é bloqueado imediatamente, mas deve esperar pela degradação da protrombina ativa e dos outros fatores de coagulação afetados que já estão no plasma. A atividade anticoagulante diminui, aproximadamente, a metade da normal após 12 horas, e cerca de 20% da normal após 24 horas. A coagulação se normaliza entre 1 e 3 dias após a suspensão da terapia. 24 Figura 5- Mecanismo da varfarina. Fonte: Tondato F: Interação de fármacos e alimentos com warfarina. 5.2 Heparina como anticoagulante intravenoso: A heparina comercial é extraída de vários tecidos animais diferentes e preparada em forma quase pura. A injeção de quantidades relativamente pequenas, em torno de 0,5 a 1mg/kg do peso corporal, faz com que o tempo de coagulação sanguínea aumente do valor normal de 6 minutos para 30 ou mais minutos. Essa variação ocorre instantaneamente. A heparina injetada é destruída pela enzima do sangue, conhecida como heparinase. Sua ação é de aproximadamente 1,5 a 4 horas. 5.3 Prevenção da coagulação sanguínea fora do corpo: O sangue que é removido do corpo e depositado em tubo de ensaio de vidro coagula em cerca de 6 minutos, enquanto o sangue coletado em bolsas siliconizadas não coagula antes de 1 hora ou mais. Essa diferença de tempo se dá, pois a preparação das superfícies das bolsas com silicone impede a ativação pelo contato das plaquetas e do Fator XII, sendo ambos fatores desencadeantes do mecanismo intrínseco da coagulação. Inversamente, os receptores de vidro não tratado permitem a ativação por contato das plaquetas e do Fator XII com o rápido desenvolvimento de coágulos. A heparina também pode ser utilizada para a prevenção da coagulação do sangue fora do corpo, sendo útil em procedimentos cirúrgicos, nos quais o sangue deve passar por máquina coração-pulmão ou por rim artificial, circulando de volta para a pessoa. Ademais, diversas substâncias que diminuem a concentração dos íons cálcio no sangue também podem ser utilizadas para a prevenção da coagulação do sangue fora do corpo. O íon citrato carregado negativamente é valioso para esse propósito quando misturado ao sangue na forma de citrato de sódio, de amônia ou de citrato de potássio. Pois, ao se combinar com o cálcio no sangue, gera composto de cálcio não ionizado, e a falta de cálcio iônico impede a coagulação. Os anticoagulantes citratados apresentam vantagem importante sobre os anticoagulantes oxalatados, pois o oxalato é tóxico ao organismo. O íon citrato, após a injeção, é removido do sangue em minutos pelo fígado, sendo polimerizado na 25 glicose ou metabolizado diretamente para a produção de energia. Como consequência, a quantidade de sangue que ficou incoagulável pela presença de citrato pode ser transfundida para o receptor, em alguns minutos, sem grandes consequências. Entretanto, em presença de doença hepática ou se grandes quantidades de sangue ou plasma com citrato forem administrados, muito rapidamente o íon citrato pode não ser removido com a velocidade necessária, e o citrato pode, nessas condições, deprimir muito o nível de íons cálcio no sangue, o que pode levar à tetania e à morte por convulsões. 6. TESTE DE COAGULAÇÃO SANGUÍNEA: Quando há perfuramento da ponta do dedo ou do lóbulo da orelha, o sangramento dura entre 1 e 6 minutos, em geral. O tempo depende, principalmente da profundidade do ferimento e do grau de hiperemia no dedo ou no lóbulo da orelha no momento do teste. A ausênciade qualquer um dos fatores da coagulação pode prolongar o tempo de sangramento, porém esse tempo está de forma especial prolongado na ausência de plaquetas. 6.1 Tempo de coagulação: Existem muitos métodos para determinação do tempo de coagulação sanguínea. O principal é feito através da coleta de sangue em tubo de ensaio de vidro quimicamente limpo, e movendo a ponta do tubo para frente e para trás a cada 30 segundos até que o sangue tenha coagulado. Neste método, o tempo normal de coagulação é de 6 a 10 minutos. Há também procedimentos que necessitam de vários tubos de ensaio e estes se apresentam como sendo mais precisos na determinação do tempo de coagulação. Infelizmente tempo de coagulação possui uma grande variação, dependendo do método usado para sua medida, de moto que esse teste deixou de ser amplamente utilizado. Em vez dele é utilizado a dosagem dos próprios fatores de coagulação por procedimentos químicos sofisticados. 6.2 Tempo de protrombina e proporção normalizada internacional: O tempo de protrombina dá uma indicação da concentração de protrombina no sangue. O método para determinar o tempo de protrombina é o seguinte: 26 O sangue removido do paciente é imediatamente oxalatado, de modo que a protrombina não possa se transformar em trombina. A seguir, grandes quantidades de íons cálcio e de fator tecidual são rapidamente misturadas ao sangue oxlatado. O excesso de íons cálcio anula o efeito do oxalato, e o fator tecidual ativa a reação protrombina-trombina através da via extrínseca da coagulação. O tempo necessário para a coagulação é conhecido como "tempo de protrombina". A duração desse tempo é determinada principalmente pela concentração de protrombina. O tempo de protrombina normal é entorno de 12 segundos. Em cada laboratório, curva padrão, relacionando a concentração de protrombina com o tempo de protrombina, assim é traçada para o método utilizado, de modo que a protrombina no sangue possa ser quantificada. Os valores obtidos de tempo de protrombina podem variar muito, mesmo em uma única pessoa, caso ocorrerem diferenças na atividade do fator tecidual e no sistema analítico usado para realizar essa medida. O fator tecidual é isolado de tecidos humanos como o placentário, e diferentes amostras podem apresentar níveis distintos de atividade. A proporção normalizada internacional (PNI = INR) foi criada como meio de padronizar as medidas do tempo de protrombina. Para cada amostra de fator tecidual o produtor estabelece um índice internacional de sensibilidade (IIS = IsI), indicativo da atividade do fator tecidual, em relação a uma amostra padrão. O IIS varia entre 1,0 e 2,0. O PNI é a proporção entre o tempo de protrombina da pessoa e o da amostra de controle normal elevado à potência do IIS. A faixa normal de variação do PNI fica entre 0,9 e 1,3. Nível alto do PNI (por exemplo, 4 ou 5) indica alto risco de sangramento, enquanto o baixo PNI sugere a existência de coágulo. Os pacientes que utilizam varfarina tem, normalmente, PNI entre 2,0 e 3,0. Métodos semelhantes ao do tempo de protrombina foram desenvolvidos para determinar as quantidades de outros fatores da coagulação do sangue. A seguir outros testes de coagulação sanguínea semelhantes: 6.3 Tempo de tromboplastina parcial ativada – TTPA: O TTPA é o teste de triagem para a avaliação dos fatores das vias intrínseca e comum da coagulação. Deve ter sensibilidade para detectar as deficiências dos 27 fatores VIII, IX, XI e XII, precalicreína e cininogênio de alto peso molecular, além das deficiências moderadas e graves dos fatores II, V, X e fibrinogênio. Dependendo da sensibilidade do reagente, o TTPA pode ser mais sensível às deficiências de fator VIII e IX e menos sensível às deficiências dos fatores XI e XII ou dos fatores envolvidos na via comum. É usado como teste de triagem para detectar deficiências de fatores, presença de anticoagulante lúpico e monitorar níveis de heparina não fracionada no plasma. No caso de controle de heparinoterapia não fracionada, é importante realizar o teste o mais rápido possível (em até 1 hora) após a coleta, para evitar a neutralização heparina pelo fator plaquetário 4. A tromboplastina parcial (cefalina) utilizada no TTPA é incapaz de ativar a via extrínseca, que requer tromboplastina completa, isto é, o fator tecidual. Por consequência, este teste não é afetado pela deficiência de fator VII. A cefalina, também denominada de substituta de plaqueta, é composta por fosfolípides de origem animal ou vegetal e ativador com carga negativa (sílica, ácido elágico ou caulim). A sua sensibilidade depende principalmente da composição de fosfolípides e menos do ativador utilizado. Porém, na deficiência de pré-calicreína ou de cininogênio de alto peso molecular, o TTPA apresenta-se normal se o reagente for ativado por ácido elágico. Os resultados podem ser expressos em tempo de coagulação (segundos) e relação (R) do TTPA do plasma do paciente e TTPA do plasma normal. Os valores de referência do laboratório e do tempo de coagulação do R devem ser calculados utilizando a média geométrica de pelo menos 20 plasmas de doadores normais. Devem ser realizados a cada mudança de lote do reagente do TTPA. Os pacientes que apresentam sangramento e apenas prolongamento do TTPA a suspeita é de deficiência dos fatores VIII, IX, XI ou presença de inibidor da via intrínseca. Nos casos em que o paciente não apresenta manifestação hemorrágica, o prolongamento do TTPA pode ser interpretado como presença de inibidor inespecífico (anticoagulante lúpico) ou deficiência dos fatores da fase de contato (XII, cininogênio de alto peso molecular e precalicreína). 28 A investigação da causa do prolongamento do TTPA, assim como do TP, pode ser realizada pelo estudo das misturas (1 parte de plasma teste + 1 parte de PPN 1:1). Caso haja correção de mais de 50% da diferença existente entre os tempos de coagulação do plasma teste e da mistura, sugere-se a deficiência de um fator. Caso contrário, a ausência de correção indica a presença de um inibidor de um dos fatores da coagulação, ou do tipo não específico. É importante salientar que quando houver a suspeita de inibidor adquirido apenas a sua pesquisa pode não ser efetiva. Deve-se utilizar diretamente o método de quantificação de inibidor (Bethesda ou Bethesda modificado). Por outro lado, níveis elevados de um fator podem compensar níveis diminuídos de outros. Por exemplo, nível elevado de fator VIII pode levar a um TTPA normal na presença de deficiências leves de fatores IX ou XI. Assim, recomenda-se a determinação dos fatores da via intrínseca sempre que o paciente apresentar história pessoal ou familiar sugestiva de coagulopatia, mesmo que o TTPA seja normal. 6.4 Tempo de Trombina – TT: O TT avalia o tempo em que o fibrinogênio se transforma em fibrina, na presença de uma quantidade padronizada de trombina. O teste é prolongado na presença de heparina, altas concentrações de imunoglobulinas (por exemplo, na macroglobulinemia de Waldenstrom), nas disfibrinogenemias (alteração da função do fibrinogênio), na hipofibrinogenemia, na presença de produtos de degradação de fibrina e fibrinogênio e incoagulável na afibrinogenemia. O TT é um teste de alta sensibilidade à presença de heparina, sendo utilizado para detecção de heparina não fracionada contaminante de amostras colhidas de cateter de longa permanência, mantidos com heparina. Neste caso, o TT é incoagulável e o TTPA prolongado, devendo ser feita nova coleta, de preferência em sítio distante do vaso cateterizado. 29 CONCLUSÃO O conceito baseado no modelo de superfícies celulares abre espaço para que um melhor entendimento dos problemas clínicos que estão relacionados a algumas coagulopatias, diferentemente do modelo baseado na cascata de coagulação que, apesar de tersido classicamente aceito por mais de cinquenta anos, possui falhas por não explicar de forma clara os processos hemostáticos in vivo. Enfim, a nova teoria constitui um grande salto acerca do conhecimento do complexo mecanismo hemostático. 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: a) GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. b) FRANCO RF. 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