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SISTEMA 
ACUSATÓRIO E SEUS 
CONSECTÁRIOS
PACOTE ANTICRIME | 
LEI Nº 13.964/2019
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SUMÁRIO
1. Adoção Expressa do Sistema Acusatório e seus Consectários (Art. 3-A do CPP) 3
2. Adoção Expressa do Sistema Acusatório .................................................... 4
2.1 Sistema Inquisitivo ............................................................................... 4
2.2 Sistema Acusatório............................................................................... 5
2.3 Alteração Feita pela Lei nº 13.964/2019 (Adoção Expressa do 
Sistema Acusatório) ................................................................................... 6
3. Vedação à Iniciativa Acusatória do Juiz ..................................................... 7
4. Vedação ao Juiz à Substituição da Atuação Probatória do Órgão de Acusação . 11
Estudo Dirigido .......................................................................................... 15
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Sistema Acusatório e Seus Consectários | Pacote Anticrime Lei nº 13.964/2019
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1. ADOÇÃO EXPRESSA DO SISTEMA ACUSATÓRIO E SEUS CONSECTÁRIOS 
(ART. 3-A DO CPP)
A Lei nº 13.964/2019 inseriu no Código de Processo Penal o seguinte 
dispositivo:
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a 
iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação 
probatória do órgão de acusação. 
Há três pontos que merecem destaque em relação ao referido dispositivo:
(i) a adoção expressa do sistema acusatório no processo penal brasileiro;
(ii) a vedação à atuação de ofício do juiz na fase de investigação (iniciativa 
acusatória);
(iii) a vedação ao juiz da substituição da atuação probatória do órgão de 
acusação.
Sobre esses tópicos, registra-se inicialmente que os dois últimos pontos 
referidos acima são consequências do primeiro. É dizer: são consectários da adoção 
expressa do sistema acusatório no processo penal brasileiro.
Dito isso, analisaremos agora, em detalhes, cada um dos pontos relevantes 
desse dispositivo.
SISTEMA ACUSATÓRIO E SEUS CONSECTÁRIOS
PACOTE ANTICRIME | LEI Nº 13.964/2019
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2. ADOÇÃO EXPRESSA DO SISTEMA ACUSATÓRIO
Estudaremos aqui a primeira parte do art. 3-A do CPP (“o processo 
penal terá estrutura acusatória...”).
Nesse trecho, o dispositivo adotou, de forma expressa, o sistema acusatório 
no processo penal brasileiro.
Para entender o que isso significa, é importante saber que, de acordo com a 
doutrina tradicional, o processo penal pode se classificar de duas formas distintas, a 
depender dos princípios que venham a informá-lo: podemos ter o processo penal de 
estrutura inquisitiva ou o processo penal de estrutura acusatória. 
Falamos assim em dois sistemas processuais possíveis: o sistema inquisitivo 
e o sistema acusatório.
Vejamos agora as características de cada um desses sistemas.
2.1 Sistema Inquisitivo
O sistema inquisitivo concentra em figura única (juiz) as funções de investigar, 
acusar, defender e julgar. Há, portanto, uma concentração de funções na figura 
do magistrado. 
O juiz é classificado como “juiz-inquisidor”, pois a ele é outorgada a iniciativa 
acusatória, ou seja, a possibilidade de atuar de ofício na fase preliminar de apuração 
da infração penal e a possibilidade de acusar alguém de ter praticado a infração à lei 
penal. 
A gestão da prova cabe ao juiz, que tem ampla liberdade para determinar 
a produção de provas na fase processual. É dizer, neste sistema, o juiz é dotado de 
ampla iniciativa probatória, posto que não depende de provocação para determinar 
a produção de quaisquer espécies de provas no curso do processo penal.
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O procedimento é, via de regra, escrito e sigiloso.
Não há contraditório e ampla defesa, nem haveria de ter, pois não há 
contraposição entre acusação e defesa. 
No sistema inquisitivo, vige o princípio da verdade real, de acordo com 
o qual o juiz orienta sua atividade para buscar a verdade dos acontecimentos, de 
forma que a convicção do juiz não é limitada às informações documentadas pelas 
partes no processo.
O sistema de apreciação da prova adotado é o sistema tarifado de provas 
(ou sistema da verdade legal), de forma que a confissão é entendida como a rainha 
das provas.
O acusado, no sistema inquisitivo, não é tratado como sujeito de direitos, 
mas sim como objeto do processo.
2.2 Sistema Acusatório
No sistema acusatório, há separação das funções de acusar, defender e 
julgar, posto que esse sistema busca preservar a imparcialidade do órgão julgador.
O juiz deve observar o princípio da inércia da jurisdição (ne procedat iudex ex 
officio). De forma que, nesse sistema, não é outorgada ao magistrado a iniciativa 
acusatória. É dizer, no sistema acusatório o juiz não pode atuar de ofício na fase 
preliminar de apuração da infração penal nem dispõe da prerrogativa de acusar 
alguém de ter praticado a infração à lei penal. 
No sistema acusatório, o juiz não é o gestor da prova, papel que é 
desempenhado precipuamente pelas partes. Ou seja, neste sistema não é outorgada 
ao juiz ampla iniciativa probatória: não pode o magistrado substituir a atuação 
probatória do órgão de acusação.
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O procedimento é, via de regra, regido pela publicidade dos atos processuais. 
Ademais, preza-se pela oralidade dos atos do processo.
O contraditório e a ampla defesa regem todo o processo judicial, sendo 
obrigatória sua observância sob pena de nulidade.
A doutrina moderna aduz que, no sistema acusatório, aplica-se o princípio 
da busca da verdade, posto que alcançar a verdade real seria uma utopia (o juiz 
pelas limitações naturais do ser humano apenas consegue obter a verdade por meio 
dos elementos levados a ele).
O sistema de apreciação das provas adotadoé o do livre convencimento 
motivado (persuasão racional), de forma que o magistrado tem liberdade para formar 
a sua convicção, mas deve fundamentá-la valorando todas as provas produzidas no 
processo, ainda que para refutá-las.
O acusado, no sistema acusatório, é tratado como sujeito de direitos, não 
como mero objeto do processo.
2.3 Alteração Feita pela Lei nº 13.964/2019 (Adoção Expressa do 
Sistema Acusatório)
Mesmo antes da edição da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), os 
processualistas brasileiros e a jurisprudência dos tribunais superiores pátrios já eram 
pacíficos quanto à adoção, pelo nosso ordenamento jurídico, do sistema acusatório 
de processo penal.
Não obstante, antes do Pacote Anticrime, a adoção do sistema acusatório 
não era expressa em nosso ordenamento jurídico.
Em verdade, a adoção do referido sistema processual era algo implícito, 
extraída da análise sistemática dos princípios constitucionais aplicáveis ao processo 
penal, em especial, ao art. 129, I, da CF/1988, que outorga ao Ministério 
Público a exclusividade da iniciativa acusatória na ação penal pública:
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Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
A situação foi alterada com a publicação da Lei nº 13.964/2019 (Pacote 
Anticrime). Esse diploma legal inseriu no art. 3º-A, do Código de Processo Penal, a 
seguinte previsão:
Código de Processo Penal, Art. 3º-A. O processo penal terá 
estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de 
investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de 
acusação.
Com o dispositivo acima, a adoção do sistema acusatório pelo nosso 
ordenamento jurídico deixou de ser implícita e passou a ser expressamente 
prevista em nosso Código de Processo Penal.
Registra-se, por fim, que estrutura inquisitiva sequer poderia ter sido adotado 
pelo processo penal brasileiro, tendo em vista que seus princípios informadores 
violam a garantia de imparcialidade prevista na Convenção Americana de Direitos 
Humanos (CADH), o princípio constitucional do devido processo legal (art. 5º, LIV, 
CF/1988) e a outorga constitucional da iniciativa acusatória ao Ministério Público 
(art. 129, I, da CF/1988).
3. VEDAÇÃO À INICIATIVA ACUSATÓRIA DO JUIZ
Fala-se em “iniciativa acusatória” no que diz respeito à atuação de ofício na 
fase pré-processual da persecução penal (fase de investigação preliminar de uma 
infração penal).
Em relação ao tema, estudaremos agora a segunda parte do art. 3-A do 
Código de Processo Penal:
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Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a 
iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da 
atuação probatória do órgão de acusação. 
Vê-se, com clareza, que o dispositivo acima vedou expressamente a 
iniciativa acusatória do juiz, ou seja, proibiu a atuação de ofício do juiz na fase 
pré-processual da persecução criminal.
É dizer: o juiz na fase de investigação apenas pode agir após ser provocado 
pelo Ministério Público ou pelo Delegado de Polícia (deve atuar como “juiz-espectador” 
e não como “juiz-inquisidor”). 
Neste ponto, registra-se que, mesmo antes do novo art. 3º-A do CPP, a 
doutrina majoritariamente já entendia que a atuação de ofício do juiz na fase de 
investigação violava o sistema acusatório.
Ademais, o próprio Supremo Tribunal Federal já havia se manifestado nesse 
sentido em algumas oportunidades.
Citamos como exemplo, a ADI nº 1.570, em que o STF entendeu que a agora 
revogada Lei nº 9.034/1995 seria inconstitucional por violar o sistema acusatório 
ao prever a possibilidade de o magistrado determinar de ofício (e pessoalmente) a 
quebra do sigilo de dados.
EMENTA: “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 9034/95. LEI 
COMPLEMENTAR 105/01. SUPERVENIENTE. HIERARQUIA SUPERIOR. REVOGAÇÃO 
IMPLÍCITA. AÇÃO PREJUDICADA, EM PARTE. “JUIZ DE INSTRUÇÃO”. REALIZAÇÃO DE 
DILIGÊNCIAS PESSOALMENTE. COMPETÊNCIA PARA INVESTIGAR. INOBSERVÂNCIA 
DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. IMPARCIALIDADE DO MAGISTRADO. OFENSA. 
FUNÇÕES DE INVESTIGAR E INQUIRIR. MITIGAÇÃO DAS ATRIBUIÇÕES DO MINISTÉRIO 
PÚBLICO E DAS POLÍCIAS FEDERAL E CIVIL. 1. Lei 9034/95. Superveniência da Lei
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Complementar 105/01. Revogação da disciplina contida na legislação antecedente 
em relação aos sigilos bancário e financeiro na apuração das ações praticadas por 
organizações criminosas. Ação prejudicada, quanto aos procedimentos que incidem 
sobre o acesso a dados, documentos e informações bancárias e financeiras. 2. Busca 
e apreensão de documentos relacionados ao pedido de quebra de sigilo realizadas 
pessoalmente pelo magistrado. Comprometimento do princípio da imparcialidade 
e consequente violação ao devido processo legal. 3. Funções de investigador e 
inquisidor. Atribuições conferidas ao Ministério Público e às Polícias Federal e Civil 
(CF, artigo 129, I e VIII e § 2o; e 144, § 1o, I e IV, e § 4o). A realização de inquérito 
é função que a Constituição reserva à polícia. Precedentes. Ação julgada procedente, 
em parte” (ADI 1570. Relator Mnº Maurício Corrêa. Julgada em 12/02/2004. DJ 
22/10/2004).
Também nesse sentido, o STF, no HC nº 94.641, anulou o julgamento de 
um indivíduo condenado por atentado violento ao pudor contra a própria filha, 
porque o magistrado que julgou a causa teria atuado no procedimento preliminar de 
investigação de paternidade. Vejamos:
EMENTA: “HABEAS CORPUS. Processo Penal. Magistrado que atuou como autoridade 
policial no procedimento preliminar de investigação de paternidade. Vedação ao 
exercício jurisdicional. Impedimento. Art. 252, incisos I e II, do Código de Processo 
Penal. Ordem concedida para anular o processo desde o recebimento da denúncia.” 
(HC 94.641, Rel. Minº Ellen Gracie. Julgado em 11/11/2008. Segunda Turma. DJe 
05/03/2009).
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Por fim, cumpre informar que, em que pese o legislador ter vedado 
expressamente a iniciativa acusatória do juiz, esqueceu-se de revogar expressamente 
as normas que estavam em vigor e que permitem ao juiz agir de ofício na fase de 
investigação.
Citamos alguns casos em que isso ocorreu:
(i) Art. 26 do CPP
Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de 
prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade 
judiciária ou policial.
(ii) Art. 156, I, do CPP
CPP, art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado 
ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690/2008)
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de 
provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e 
proporcionalidade da medida;
(iii) Arts. 241 e 242 do CPP
CPP, art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar 
pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedida da expedição de mandado.
CPP, art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de 
qualquer das partes.
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(iv) Art. 20 da Lei Maria da Penha
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá 
a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento 
do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial.
(v) Art. 3º da Lei de Interceptações Telefônicas
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo 
juiz, de ofício ou a requerimento:
I - da autoridade policial, na investigação criminal;
II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução 
processual penal.
Nesses casos, de acordo com a doutrina majoritária, deve-se entender que o 
novo art. 3º-A do CPP revogou tacitamente a possibilidade de atuação de ofício do 
magistrado na fase de investigação, até mesmo porque a maior parte dos autores 
já defendia a inconstitucionalidade desses dispositivos especificamente no que dizia 
respeito à iniciativa acusatória do magistrado.
4. VEDAÇÃO AO JUIZ À SUBSTITUIÇÃO DA ATUAÇÃO PROBATÓRIA DO 
ÓRGÃO DE ACUSAÇÃO
Fala-se em “iniciativa probatória” no que diz respeito à produção de provas 
de ofício no curso da instrução processual penal (fase judicial da persecução penal).
Em relação ao tema, estudaremos aqui a última parte do art. 3-A do Código 
de Processo Penal:
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Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas 
a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da 
atuação probatória do órgão de acusação. 
O dispositivo veda expressamente que o juiz substitua o Ministério 
Público em seu papel de produzir as provas da materialidade e da autoria 
do crime.
Em relação a essa vedação, surgiram duas correntes na doutrina. Para uma 
primeira corrente, mesmo com a referida vedação, o juiz poderia produzir provas 
de ofício na fase judicial, desde que de forma subsidiária (diante da inércia do MP) e 
quando a atuação fosse relevante ao esclarecimento da verdade dos fatos.
Nesse sentido, para Antônio Scarance Fernandes e Gustavo Badaró, instaurada 
a ação penal, como o juiz já teria sido provocado, não haveria problema em agir de 
ofício, desde que preenchidos os requisitos citados anteriormente.
Essa corrente fundamenta seu posicionamento em alguns dispositivos do CPP. 
Citamos:
(i) Art. 156, II, do CPP
CPP, art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, 
facultado ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690/2008)
(...)
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a 
realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
(ii) Art. 196 do CPP
CPP, art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo 
interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das 
partes.
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(iii) Art. 209 do CPP
CPP, art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, 
além das indicadas pelas partes.
§ 1º Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas 
se referirem.
§ 2º Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse 
à decisão da causa.
(iv) Art. 234 do CPP
CPP, art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a 
ponto relevante da acusação ou da defesa, providenciará, independentemente de 
requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se possível.
(v) Art. 366 do CPP
CPP, art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir 
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o 
juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o 
caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
Por outro lado, para a segunda corrente, a iniciativa probatória do juiz 
sempre é inconstitucional por violar o sistema acusatório e a imparcialidade do 
julgador.
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Sistema Acusatório e Seus Consectários | Pacote Anticrime Lei nº 13.964/2019
Professores Carlos Alfama e Paulo Igor
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Nesse sentido, para Renato Brasileiro de Lima e Geraldo Prado, o juiz que 
determina de ofício a produção de provas, ainda que na fase judicial, contamina-
se psicologicamente com a intenção de condenar o acusado, o que não pode ser 
admitido, sob pena de violar a imparcialidade dele esperada.
De acordo com essa corrente doutrinária, a nova redação do art. 3º-A do CPP 
teria revogado tacitamente todos os dispositivos que permitem ao juiz agir de ofício, 
até mesmo aqueles que se referem à fase de instrução processual penal.
QUAL CORRENTE ADOTAR EM PROVA DE CONCURSOS?
O tema é extremamente divergente e está longe de ser pacificado. Em provas 
discursivas, o candidato deve apresentar as duas correntes e os fundamentos de 
cada uma delas. Em questões objetivas, acreditamos que as provas vão se limitar a 
cobrar a letra delei.
No entanto, na hipótese de a questão objetiva exigir um posicionamento do 
candidato, recomendamos que seja adotado o entendimento da primeira corrente, 
ou seja, o entendimento no sentido de que o juiz pode sim determinar provas de 
ofício na fase judicial, desde que preenchidos os requisitos da subsidiariedade e da 
relevância da prova.
Nesse sentido, o Enunciado nº 5 da PGJ-CGMP (Enunciado conjunto da 
Procuradoria-Geral de Justiça e Corregedor-Geral do Ministério Público de São Paulo) 
preceitua que “O art. 3º-A do CPP não revogou os incisos I e II do art. 156 do mesmo 
diploma, salvo no caso do inciso I no que tange à possibilidade de determinar de 
ofício a produção antecipada da prova na fase investigatória”.
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Sistema Acusatório e Seus Consectários | Pacote Anticrime Lei nº 13.964/2019
Professores Carlos Alfama e Paulo Igor
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1. Transcreva o novo art. 3º-A do CPP.
2. Quais são os sistemas processuais penais existentes (tipos de processo penal)?
3. Quais são as características do sistema inquisitivo?
4. Quais são as características do sistema acusatório?
5. Qual foi a alteração promovida pela Lei nº 13.964/2019 em relação ao sistema 
processual adotado em nosso Direito Processual Penal?
6. O que é a iniciativa acusatória no processo penal?
7. O art. 3º-A permitiu ou vedou a iniciativa acusatória do juiz no processo penal 
brasileiro?
8. Antes da Lei nº 13.964/2019, qual era o entendimento da doutrina majoritária em 
relação à iniciativa acusatória do juiz?
9. Antes da Lei nº 13.964/2019, qual era o entendimento da jurisprudência do STF 
em relação à iniciativa acusatória do juiz?
10. Ainda há, no ordenamento jurídico brasileiro, normas que autorizam expressamente 
a iniciativa acusatória do juiz? O que a doutrina entende em relação a eles?
11. O que o art. 3º-A do CPP prevê em relação à iniciativa probatória do juiz?
12. Quais correntes doutrinárias existem em relação à atuação de ofício do juiz na 
fase judicial? Explique seus fundamentos.
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	4.2_Sistema_Acusatório
	_bookmark2
	art3i
	art3ii
	1. ADOÇÃO EXPRESSA DO SISTEMA ACUSATÓRIO E SEUS CONSECTÁRIOS (ART. 3-A DO CPP)
	2. ADOÇÃO EXPRESSA DO SISTEMA ACUSATÓRIO
	2.1 Sistema Inquisitivo
	2.2 Sistema Acusatório
	2.3 Alteração Feita pela Lei nº 13.964/2019 (Adoção Expressa do Sistema Acusatório)
	3. VEDAÇÃO À INICIATIVA ACUSATÓRIA DO JUIZ
	4. VEDAÇÃO AO JUIZ À SUBSTITUIÇÃO DA ATUAÇÃO PROBATÓRIA DO ÓRGÃO DE ACUSAÇÃO
	ESTUDO DIRIGIDO

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