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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CAMPUS CAMPOS DOS GOYTACAZES CURSO DE PSICOLOGIA INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA TEMA: PSICOLOGIA HOSPITALAR DOCENTE: PROF. MS. JHAYANA COUTO RIBEIRO DISCENTES: DAYANNE DOMINGUES DE SOUZA HERTZ FERNANDES DE MOURA FILHO ISABELLA DE SOUZA PANISSET GUIMARÃES LUIZA FERNANDES DA SILVA SOUZA MARIANA LIMA MOSER 2 INTRODUÇÃO O campo da psicologia hospitalar é incipiente dentro da própria psicologia, porém, não menos importante. A atuação de psicólogos em ambiente hospitalar no Brasil, segundo o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (2004), iniciou-se de forma isolada a partir de meados do século XX, tendo como percussora desta área, a psicóloga Mathilde Neder, a partir do momento em que, como a mesma afirma: Em 1954, no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas, então Clínica Ortopédica e Traumatológica – COT, iniciamos nosso trabalho psicológico neste hospital, colaborando com o Dr. Eurico de Toledo Freitas e com a equipe de enfermagem, na Clínica Cirúrgica de coluna, - no atendimento preparatório, durante o processamento cirúrgico e na pós cirurgia (NEDER, 1991, p.6) Porém, é apenas em 2000, que o CFP – Conselho Federal de Psicologia, através da resolução nº 14, reconhece a psicologia hospitalar enquanto especialidade da Psicologia, concedendo a partir de então, o título de especialista aos profissionais com formação nesta área que queiram submeter-se à prova para tal titulação. Tal área tem como objeto de atuação os aspectos psicológicos presentes no processo de adoecimento onde envolve não só o paciente hospitalizado, como também seus familiares e os próprios profissionais de saúde, não delimitando-se às doenças de causas psíquicas, visto que, segundo Simonetti (2004, p. 15) “toda doença está repleta de subjetividade, e por isso, pode beneficiar-se da psicologia hospitalar”, sendo assim, entende-se que o psicólogo hospitalar lida com os aspectos psicológicos, isto é, às manifestações dessa subjetividade do indivíduo frente à doença, tais como: sentimentos, desejos, falas, crenças, sonhos, conflitos, entre outras. 3 DESENVOLVIMENTO O Psicólogo hospitalar atua geralmente segundo um modelo biopsicossocial que assim como a abordagem holística busca observar o indivíduo em todos sistemas com quem interage simultaneamente e com inter- relações constantes entre elas. Mas também existem psicólogos mais voltados para a psicologia clínica atuando geralmente junto com a psiquiatria em hospitais psiquiátricos ou em centros especializados em aconselhamento. Para lidar com essa dimensão afetiva/emocional, a Psicologia Hospitalar é a especialidade da Psicologia que disponibiliza para doentes, familiares e profissionais da equipe de saúde, o saber psicológico, que vem a resgatar a singularidade do paciente, suas emoções, crenças e valores. (Bruscato et al, 2004). Segundo Queiroz e Araújo (2007), o psicólogo hospitalar contribui para a equipe multidisciplinar de saúde participando ativamente da tomada de decisões, principalmente ao fornecer e solicitar mais informações e ao expandir discussões durante as reuniões de equipe. Essas atitudes ajudam a manter uma visão global do paciente e chamar atenção para outros pontos de vista. Suas contribuições são maiores quando os pacientes são acompanhados desde a chegada ao hospital e a equipe do hospital já tem padrões de comunicação bem estruturados para uma abordagem multidisciplinar adequada. A atuação deve caminhar dentro dos princípios morais e éticos. Geralmente, as abordagens mais usadas são a psicologia cognitiva, a psicologia comportamental, a https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Biopsicossocial&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Hol%C3%ADstica https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_cl%C3%ADnica https://pt.wikipedia.org/wiki/Psiquiatria https://pt.wikipedia.org/wiki/Hospitais_psiqui%C3%A1tricos https://pt.wikipedia.org/wiki/Hospitais_psiqui%C3%A1tricos 4 psicologia sistêmica e a psicanálise. segundo Rodriguez-Marín (2003), as seis tarefas básicas da Psicologia Hospitalar são: 1) Função de coordenação: Atividades realizadas com os funcionários da instituição; 2) Função de ajuda à adaptação: O psicólogo intervém na qualidade do processo de adaptação e recuperação do paciente internado; 3) Função de interconsulta: Ajuda outros profissionais a lidarem com o paciente; 4) Função de enlace: intervenção, através de atividades conjuntas com outros profissionais, para modificar ou instalar comportamentos adequados dos pacientes; 5) Função assistencial direta: Atuação direta com o paciente; 6) Função de gestão de recursos humanos: Busca aprimorar os serviços dos profissionais da organização; Além disso, de acordo com as definições do CFP (2001), cabe ao psicólogo hospitalar: 1) atuar em instituições de saúde de nível secundário ou terciário; 2) atuar em instituições de ensino superior ou centros de estudo e de pesquisa voltado para o aperfeiçoamento de profissionais ligados à sua área de atuação; 3) atender a pacientes, familiares, comunidade, equipe, e instituição visando o bem estar físico e mental do paciente; 4) atender a pacientes clínicos ou cirúrgicos, nas diferentes especialidades médicas; 5) realizar avaliação e acompanhamento em diferentes níveis do tratamento para promover e ou recuperar saúde física e mental do paciente; e 6) intervir quando necessário na relação do paciente com a equipe, a família, os demais pacientes, a doença e a hospitalização. 5 As modalidades de intervenção variam conforme a demanda e formação do profissional. Apesar de já ser uma especialidade reconhecida, tem se debatido muito sobre a especificidade dos serviços psicológicos oferecidos em hospitais. O profissional desta área atua conjuntamente a uma equipe multidisciplinar. Esta é formada a partir das necessidades do paciente, portanto, não é pré-definida. Com a demanda, os profissionais se integram, visando a satisfação das necessidades do indivíduo, proporcionando seu bem-estar. Segundo Angerami-Camon (2003), os pacientes adquirem novas características no processo de ressignificação da sua subjetividade. Alguns exemplos: • Passa a significar a partir dos diagnósticos: seu espaço vital agora torna-se algo que dependa da escolha médica. • Hábitos anteriores terão que se transformar: Rotina e práticas que eram realizadas, são abandonadas para adaptar-se ao espaço hospitalar. • Fragmentação do paciente: Não existe um sujeito na sua totalidade. Ele torna-se o diagnóstico e seu tratamento é fragmentado por meio de diferentes especialidades médicas. • Invasão e abuso: Quando o paciente não é respeitado, o acesso a ele torna-se invasivo. Ele torna-se um sujeito impossibilitado de escolher o que é melhor para si, visto como alguém vulnerável e apto para ser controlado pelo corpo médico. Sendo assim, diante da reflexão apresentada sobre o papel do psicólogo hospitalar, pode-se ressaltar, que tanto na cidade de Campos dos Goytacazes, quanto na cidade de São Fidélis, a atuação desse profissional mostra-se essencial. Tal importância faz-se evidente no atual momento em que vivenciamos, de pandemia, e isolamento social, exacerbando questões emocionais envolvidas durante processo de 6 internação dos pacientes com diagnóstico suspeito e/ou comprovado de COVID-19. Em determinado hospital da rede privada de saúde de Campos dos Goytacazes, a psicologia hospitalar auxiliou no desenvolvimento de um projeto psicossocial de humanização no atendimento aos pacientes e familiares com suspeita e/ou confirmação do diagnóstico pelo COVID-19, além disso, a psicologia hospitalar faz parte de uma equipe transdisciplinar intitulada “Time de Cuidados Paliativos”, desenvolvendo trabalho com pacientes e familiares a partir de diagnósticode doença que ameace a continuidade da vida. CONCLUSÃO Concluiu-se que, a psicologia hospitalar, assim como outras áreas da psicologia, propõe-se a trabalhar com o sofrimento da pessoa, porém, voltado para o processo de adoecimento, vivenciado no período de sua hospitalização, não objetivando a cura da patologia que o acomete, mas dar mecanismos para que esse sujeito ressignifique seu adoecimento e aprenda a lidar melhor com essa transição. Sendo-se assim, pode-se afirmar que o psicólogo atua diretamente nas categorias vistas em sala de aula denominadas sensação e percepção, onde o paciente, através de seus sentidos (sensação), percebe o meio onde se encontra no momento, neste caso, o hospital, organizando e interpretando os estímulos recebidos (percepção). Tais percepções são nomeadas por: visual, auditiva, olfativa, gustativa, tátil, temporal, espacial, cinestesia. Estas percepções possibilitam o paciente realizar sua definição da situação que se encontra durante seu período de internação, e o psicólogo 7 hospitalar possui papel de auxiliá-lo na busca de ressignificação de sua situação, levando em conta sua subjetividade. Assim, podemos afirmar que a psicologia hospitalar possui compromisso de se construir a cada dia em sua prática, tendo como técnica, amenizar o sofrimento e auxiliar no campo preventivo para que o caso não evolua, através da escuta e intervenção terapêutica. Nesse sentido, é um trabalho que lida diretamente com a subjetividade do outro e que necessita largamente de um compromisso ético com a condição humana. 8 BIBLIOGRAFIA Bruscato, W.L. A psicologia no Hospital da Misericórdia: um modelo de atuação. In W.L. Bruscato; C. Benedetti & S.R.A. Lopes (org). (2004). A prática da psicologia hospitalar na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo: novas páginas em uma antiga história. São Paulo: Casa do Psicólogo. CHIATTONE, H. B. C. A Significação da Psicologia no Contexto Hospitalar. In Angerami-Camon, V. A. (org.). Psicologia da Saúde – um Novo Significado Para a Prática Clínica. São Paulo: Pioneira Psicologia, 2000, pp. 73-165. CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO. Uma questão de saúde: Trajetória da Psicologia Hospitalar em São Paulo. São Paulo: Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, 2004. Vídeo (46 min.), DVD. Conselho Federal de Psicologia – CFP. Resolução 14 / 2000. http://site.cfp.org.br/wp- content/uploads/2006/01/resolucao2000_14.pdf. Acesso em: 10 de Maio de 2020. Conselho Federal de Psicologia. Resolução 02 / 2001. http://site.cfp.org.br/wpcontent/uploads/2006/01/resolucao2001_2.pdf. Acesso em 09 de Maio de 2020. NEDER, M. O psicólogo no hospital. Revista de Psicologia Hospitalar. São Paulo, p.6-15,1991. RODRÍGUEZ-MARÍN, J. En Busca de un Modelo de Integración del Psicólogo en el Hospital: Pasado, Presente y Futuro del Psicólogo Hospitalario. In Remor, E.; Arranz, P. & Ulla, S. (org.). El Psicólogo en el Ámbito Hospitalario. Bilbao: Desclée de Brouwer Biblioteca de Psicologia, 2003, pp. 831-863. QUEIROZ, E., Araujo, T. C. C. F. R. Trabalho em equipe: um estudo multimetodológico em instituição hospitalar de reabilitação. Interam. j. Psicol, 2007. SIMONETTI, Alfredo. Manual de psicologia hospitalar – O mapa da doença. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004. SANTOS, Fabia Mônica Souza dos; JACO-VILELA, Ana Maria. O psicólogo no hospital geral: estilos e coletivos de pensamento. Ribeirão Preto, v. 19, n. 43, p. 189- 197, agosto de 2009. http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2006/01/resolucao2000_14.pdf http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2006/01/resolucao2000_14.pdf http://site.cfp.org.br/wpcontent/uploads/2006/01/resolucao2001_2.pdf
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