A LONGEVIDADE E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA O MUNDO DO TRABALHO – LuciaFrança. “A aposentadoria deve ser um período de maior liberdade, onde o indivíduo decide e aprende a como utilizar o seu tempo, mesmo que ele dedique algumas horas à atividade laborativa” Sob o prisma econômico, se a expectativa de vida está aumentando será inviável que a Previdência tenha recursos para pagar um contingente cada vez mais numeroso de aposentados. O desafio: manter os padrões de saúde e a independência (qualidade de vida) para os cidadãos idosos diante do aumento da longevidade. Políticas Públicas e Diretrizes sobre o envelhecimento Impacto no Mundo Organizacional? Quais medidas que o governo, organizações, e os próprios trabalhadores devem adotar para enfrentar este desafio? - quebra de reconceitos contra a idade; - a atualização dos trabalhadores mais velhos; - a integração de equipes intergeracionais; - preparação para a aposentadoria (Programas de Preparação para a Aposentadoria (PPAs)); Expectativa de Vida - Há meio século – 50 anos - em 2007 – 73 anos (69 anos para os homens e 76 anos para as mulheres) - projeções do IBGE (2008) para 2050 – 81 anos. Conceito de “envelhecimento ativo” – (Assembleia Mundial de Envelhecimento de Madri, 2002). Uma visão (individual e coletiva) que busca garantir qualidade de vida à medida que a população envelhece, considerando a otimização dos aspectos de saúde, participação e seguridade, visando independência, dignidade e direito às oportunidades, e inclui: - o direito a seguridade de todos os que trabalharam e contribuíram à previdência, mesmo àqueles que por motivos diversos se aposentam antes. - “mobilidade e seguridade” assegurada por uma pensão digna; - “participação social” - estimulada na família, no contato com a comunidade, ou na frequência aos serviços sociais, de lazer e de educação que precisam estar disponíveis para todos os idosos (iniciativas SESC e as Universidades Abertas da Terceira Idade). - Lei 8842 que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, e cria a Conselho Nacional do Idoso, sendo regulamentada pelo Decreto 1948/96. - artigo 10, a competência dos orgãos e entidades públicas na área do trabalho e previdência em “criar e estimular a manutenção de programas de preparação para aposentadoria nos setores público e privado com antecedência mínima de dois anos antes do afastamento”. - Lei 10741 (Ministério da Saúde, 2003) que regula o direito assegurado para as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, e o Estatuto do Idoso. A lei dispõe claramente quanto à proibição da discriminação de idade na contratação de empregados, dando preferência, inclusive, em caso de empate, a quem for mais velho. - redução do ageismo – preconceito contra idade; - políticas públicas e iniciativas privadas; Aposentadorias Antecipadas - fator previdenciário (ricos x pobres) - é um fator multiplicativo aplicado ao valor dos benefícios previdenciários que leva em conta o tempo de contribuição, a idade do segurado e a expectativa de sobrevida, criado pela Lei 9.876/99. - aposentadoria compulsória traz uma diminuição dos níveis de saúde e de satisfação com a vida. - incentivo à aposentadoria x mantê-los atualizados e satisfeitos (treinamento e atualização); - reter trabalhadores mais velhos = equilíbrio demanda de trabalhadores especializados num futuro próximo. - desperdício no descarte de especialistas no auge de sua formação profissional; - aumento de empregos temporários? - preparação para um novo formato de aposentadoria; Aposentadoria – saída do mercado de trabalho? - lazer, ajuda ao próximo, ócio; falta de propósito? - Aposentadoria êxito final? Não! - conhecimento e as habilidades – chave para o idoso manter-se no mercado; - organizações parceiras do processo de crescimento e mudança social do país, cuidam da sua família organizacional. - conflitos intergeracionais Papéis dos gerentes de Recursos Humanos e dos gestores de pessoas: - favorecer o processo do resgate e registro da memória institucional e do trabalho; - identificar aqueles que desejam e tem condições de saúde para continuar trabalhando para a organização; - apoiar os aposentáveis engajados em projetos pós-carreira; - facilitar a troca de habilidades dos mais velhos aos mais jovens; - repasse das novas práticas e tecnologias dos mais jovens para os mais velhos; Atitudes diante da aposentadoria - duas escalas: uma pautada na importância dos ganhos percebidos na aposentadoria (EPGR), outra que reflete a importância das perdas percebidas na aposentadoria (EPLR) (os preditores mais importantes para as atitudes positivas frente à aposentadoria foram a diversidade nas atividades na alocação do tempo (SOD), e a influência da família e dos amigos) a) EPGR: i) liberdade do trabalho (não ter mais que representar a empresa, não ter mais que gerenciar uma equipe, não ter mais responsabilidade pelo trabalho, que trabalhar sob pressão, compromisso de tempo, e ter maior liberdade para criar); ii) ter mais tempo para os relacionamentos (ter mais tempo para o relacionamento com os parceiros, com os filhos, com os pais, com os parentes e com os amigos); iii) novo começo (mais tempo para o trabalho voluntário, para a educação, participar na política, e a chance de realizar um trabalho diferente); iv) ter mais tempo para atividades culturais e de lazer (viajar (de férias), praticar esportes e atividades culturais, e participar em clubes e associações); v) ter mais tempo para os investimentos (ítem homônimo). b) EPLR: i) aspectos emocionais do trabalho (perda dos desafios do trabalho, responsabilidade do cargo, senso de ter um trabalho competitivo, liderança, poder de decisão, criatividade do trabalho, senso de pertencer à empresa); ii) aspectos tangíveis do trabalho (perda dos eventos e festas do trabalho, de ter uma secretária, status do cargo, do ambiente no trabalho, das oportunidades das viagens a trabalho; do senso de estar ocupado, reuniões e contatos como clientes, e da própria rotina; iii) relacionamentos do trabalho (com a equipe, e com os colegas de trabalho); iv) salários e benefícios (plano de assistência médica e da compensação do cargo). A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA DE PREPARAÇÃO PARA A APOSENTADORIA – PPA - aqueles que têm oportunidade para planejar, se aposentam mais tranquilos, e podem transformar esta fase numa oportunidade de avaliação de possibilidades e otimização da vida; - PPA deve considerar tanto os fatores de risco (econômicos e de saúde), como os aspectos que favoreçam o bem-estar (relacionamentos familiares e sociais, lazer, voluntariado, projetos pessoais), e mesmo o ócio pode figurar entre as necessidades dos aposentáveis. - poderá prever até mesmo uma reorientação profissional para aqueles que desejam experimentar uma atividade provisória, consultoria, ou voluntariado; - Vantagens: planejamento, bem-estar na aposentadoria nos aspectos sociológicos e psicológicos, aumento da credibilidade na organização, comprometimento dos trabalhadores, o cuidado da organização com os seus trabalhadores. - Deve ser iniciado, idealmente, cinco anos antes da decisão. Contudo o planejamento econômico precisa ser garantido assim que a pessoa ingressa no mercado de trabalho - O diagnóstico deve ser o ponto de partida do PPA – para que a demanda seja traduzida, e revele o desenho próprio para a organização. - Outras análises – a identificação das políticas de Recursos Humanos e a opinião das gerências frente à longevidade da organização, número dos trabalhadores que a organização prevê aposentar. Conteúdos do PPA - O PPA deve envolver a antecipação de aspectos de riscos (saúde e aspectos financeiros) e de bem-estar na aposentadoria (família, amigos, afetividade e sexualidade, lazer, desenvolvimento intelectual, participação social). Deverá incluir conteúdos informativos e "formativos", que são propostos através de módulos. - Módulo informativo; palestras, workshops (a criatividade, investimentos financeiros, inserção digital, empreendedorismo e hábitos saudáveis), contatos de psicólogos, economistas,