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1 História do Acre Resumida (LIVRO) ultima versao

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Tem alg 
 
 
 
 
 
C289h 
Todos os direitos dessa edição pertencem a 
Eduardo de Araújo Carneiro. 
Nenhuma parte desta obra digital poderá ser reproduzida ou im-
pressa por qualquer meio ou forma sem a autorização prévia do 
autor pelo e-mail eduardoaraujocarneiro@gmail.com. 
 
Editor Geral 
 Prof. Dr. Eduardo de Araújo Carneiro 
 
Capa, Diagramação, Preparação do Texto, 
 Ilustração, Projeto Gráfico e Arte Final 
Eduardo de Araújo Carneiro 
 
Revisão 
Profa. Me. Nathassia Maria de Farias Guedes 
 
 
 
Carneiro, Eduardo de Araújo. 
História do Acre: resumão para concurso. /Eduardo de 
Araújo Carneiro. Rio Branco: EAC Editor, 2017, 81 p. : il. 
ISBN 
I. História do Acre; II. Concurso público; III. Mapas men-
tais; I Título. 
CDD 981.12 
 
 
 
 
http://eaceditor.blogspot.com.br/ 
eac.editor@gmail.com 
EAC 
Editor 
mailto:eac.editor@gmail.com
 
 
 
Dedicatória 
 
 
Ao ilustre Prof. Dr. Carlos Alberto Alves de Souza (UFAC), 
 
Pelo gesto de respeito e solidariedade acadêmica em ter “elogiado” esta 
obra e, consequentemente o autor dela, antes mesmo de ela ter sido publi-
cada, ou seja, fez seus comentários “engrandecedores” mesmo sem ter lido 
uma linha sequer. Atitudes como esta “devem” ser compartilhadas, pois são 
dignas de um homem de respeito. A manifestação de seu “honroso” juízo de 
valor prévio nas redes sociais serviu-me de grande incentivo na finalização 
desta obra. Mesmo correndo o risco de ele mudar a opinião, espero que o 
mesmo agora possa lê-lo. A ele eu dedico esta obra e só não anexo cópia 
dos comentários que fez para poupá-lo de excessiva bajulação. 
 
Os erros e acertos desse “Resumão” podem ser 
depositados na minha conta, afinal, não tive 
ajuda de bolsistas ou de estagiários da UFAC 
nem para pesquisar e nem para redigir esta obra 
[...] sou 100% autor e editor dela. 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
PREFÁCIO 06 
 
Parte 1 – ACRE EM DATAS 07 
 
Parte 2 - POVOS INDÍGENAS EM TERRITÓRIO ACRIANO 11 
 
Parte 3 - PROCESSO DE ABRASILEIRAMENTO DO TERRITÓ-
RIO QUE HOJE CHAMAMOS DE ACRE 
15 
 
Parte 4 - “EVOLUÇÃO” ECONÔMICA DO ACRE 23 
 
4.1 Primeiro Surto da Borracha 27 
4.2 Sistema de Aviamento da borracha 30 
4.3 Segundo Surto da Borracha 33 
4.4 Expansão (agro)pecuária e os movimentos de defesa da floresta 
no Acre 
36 
4.5 Agricultura no Acre: das colônias agrícolas aos projetos de as-
sentamento dirigidos 
41 
4.6 Desenvolvimento sustentável e reservas extrativistas 44 
 
PARTE 5 - “EVOLUÇÃO” POLÍTICA E ADMINISTRATIVA DO 
ACRE MOVIMENTO AUTONOMISTA ACRIANO 
48 
 
PARTE 6 - ASPECTOS SÓCIO-GEOGRÁFICOS DO ACRE 58 
 
6.1 Demografia 58 
6.2 Educação 58 
6.3 Transporte 59 
6.4 Energia 60 
6.5 Comunicação 61 
6.6 Solo 61 
6.7 Clima 62 
6.8 Relevo 62 
6.9 Vegetação 62 
6.10 Hidrografia 63 
6. 11 Fuso horário 63 
 
PARTE 7 - FLUXOS MIGRATÓRIOS NO ACRE 65 
 
PARTE 8 - GLOSSÁRIO 67 
 
PARTE 9 - QUESTÕES DE CONCURSO RESPONDIDAS 68 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 6 
 
PREFÁCIO 
 
Este livro foi escrito para ajudar os concurseiros a terem êxito 
nas provas que contenha História do Acre. Por isso, procurei redigi-lo 
em forma de síntese, resumão mesmo, com uma linguagem simples e 
fazendo uso de “mapas mentais” para potencializar o aprendizado. Ao 
final, respondi algumas questões sobre o Acre de concursos anteriores. 
O interesse pela redação do mesmo aconteceu devido ao fato 
de inúmeros amigos e internauta solicitarem um material de estudo 
mais didático e direto. Relutei por alguns dias, mas as cobranças au-
mentaram e foi assim que escrevi esse Resumão em praticamente dez 
dias. A rapidez da redação não implica em perda na qualidade, uma 
vez que os assuntos abordados aqui ainda estavam “frescos” na me-
mória, pois além de já ter livros publicados sobre a História do Acre, 
também já tive a oportunidade de lecionar tal disciplina no curso de 
História da UFAC. 
Foram dez dias de abnegação e dedicação aos concurseiro. Es-
pero que tamanho sacrifício seja retribuído com uma postura anti-
plágio, incentivando, com isso, o escritor a novos projetos autorais. 
Portanto, que o leitor tenha a honestidade de não repassar este material 
aos concorrentes, estimulando os mesmos a adquirirem diretamente 
com o autor. Afinal de contas, é justo que a minha iniciativa seja re-
compensada. A versão impressa ficará pronta ainda nesse semestre e 
a versão digital estará on line logo após o concurso. 
Desejo boa sorte a todos os concurseiros. 
 
Rio Branco, 22 de março de 2017. 
 
Prof. Dr. Eduardo de Araújo Carneiro 
 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 7 
 
PARTE 1 
 
1493 – Bula Papal Intercoetera (o território que 
hoje pretende ao Acre passou a ser da Espanha). 
1494 – Tratado de Tordesilhas (o Acre continua 
sendo área da Espanha). 
1542 – O padre espanhol Gaspar de Carvajal na-
vega o Rio Amazonas. 
1616 – Os portugueses começam a (des) povoar 
a Amazônia. Desrespeitam o Tratado de Tordesi-
lhas e fundam o Forte do Presépio em Belém. 
1750 – Tratado de Madri (passa a vigorar o uti 
possidetis). O Acre ainda pertencia à Espanha. 
Foi este tratado que primeiro mencionou a linha 
Madeira-Javari. 
1761 – Tratado de Prado (os limites voltam ao 
prescrito pelo Tratado de Tordesilhas). 
1777 – Tratado de Santo Idelfonso (territórios já 
conquistados seriam dos Portugueses). O Acre 
ainda espanhol, pois pertencia ao Vice-Reino do 
Peru. 
1809-25 – Independência da Bolívia (Desligou-
se do Vice-Reino do Peru). 
1822 – Independência do Brasil. 
1839 – A descoberta da VULCANIZAÇÃO, fun-
damental para a economia da borracha. 
1844 – A Bolívia tenta franquear o rio Amazonas 
à navegação internacional. 
1850 – 5 de setembro (Criação da Província do 
Amazonas, desmembrada do Pará). 
1852 – A região do Acre é administrada pelo Es-
tado do Amazonas, fazendo parte da comarca do 
Rio Negro. 
1854 – João da Cunha Correia (expedição explo-
ratória no Juruá). 
1860\66 – Manuel Antônio da Encarnação (expe-
dição exploratória no Purus, percorre o Rio 
Acre). 
1864 – William Chandless trafega o Juruá; 
1867 – Tratado de Ayacucho. 
1874 – Tentativa de definição de fronteiras entre 
Bolívia e Peru. 
1877 - Grande seca no Nordeste. 
1878 – João Gabriel de Carvalho e Melo faz o 
primeiro povoamento oficial na região. 
1894 – Relatório de Pando sobre a ocupação das 
terras pelos brasileiros. 
1895 - Protocolo Medina-Carvalho. Instruía a co-
missão mista a traçar uma linha geodésica entre 
os rios Madeira e Javari, passando pelo rio Acre 
e avançando preferencialmente por terra. 
1897 - Thaumaturgo de Azevedo pede demissão 
da comissão demarcatória e torna público o seu 
relatório, afirmando que o Brasil perderia o Acre. 
1897 – O ministro brasileiro Dionísio Cerqueira 
autoriza Cunha Gomes a fazer nova exploração 
do Rio Javari para identificar o ponto em extremo 
oeste da linha demarcatória entre o Brasil e a Bo-
lívia, tendo por base o Tratado de Ayacucho. 
1898 - Cunha Gomes é nomeado chefe da Comis-
são de Limites. 
1898 – Foi traçada a Linha Cunha Gomes, o Acre 
seria terras estrangeiras. 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 8 
1898 - O Ministro do Exterior do Brasil, General 
Dionísio Cerqueira autoriza os bolivianos a cons-
truírem uma alfândega em Puerto Alonso (atual 
Porto Acre). 
1898 - Olinto de Magalhães substitui Dionísio 
Cerqueira no Ministério das Relações Exteriores. 
1899 – Os bolivianos implantam uma alfândega 
em Puerto Alonso, tributando a produção da bor-
racha na região. 
1899 – O General Pando assume a presidência da 
Bolívia. 
1899 – É organizada a Junta Revolucionária no 
Acre. 
1988, 01 de maio de 1899, José Carvalho lidera 
aquilo que ficou chamado de Primeira Insurrei-
ção Acriana. 
1899 – A Bolívia negocia com consórcio interna-
cional oque seria a origem do Bolivian Syndi-
cate. 
1899, 14 de julho de 1899 – o espanhol Luiz Gal-
vez proclama o Estado Independente do Acre. 
1899, 30 de outubro – é assinado o PROTO-
COLO entre Brasil e a Bolívia que forma uma 
comissão mista que verificaria a real posição da 
nascente do rio Javari, fundamental para a de-
marcação das terras do Acre. 
1900, 15 de março - fim do Estado Independente 
do Acre. 
1900, 23 de julho - Silvério Neri substituiu Ra-
malho Junior no Governo do Amazonas. 
1900, 16 de novembro – A famosa Expedição dos 
Poetas sai de Manaus em direção ao Acre com o 
objetivo de expulsar as autoridades bolivianas. 
São derrotados facilmente. 
1900, 2 de dezembro - Rodrigo de Carvalho foi 
aclamado presidente do Acre pelos "poetas". 
1901, 11 de julho - criado em Londres o Bolivian 
Syndicate. 
1902, 03 de abril, Dr. Lino Romero da Bolívia 
chega à região para preparar a entrega do Acre 
aos representantes do Bolivina Syndicate. 
1902, 1º de julho – a Junta Revolucionária é re-
organizada, sendo composta por Joaquim Vitor, 
Rodrigo de Carvalho, José Galdino, Gentil Nor-
berto e Plácido de Castro. Os três primeiros já ha-
viam participado de outras manifestações contrá-
rias à soberania boliviana na região. 
1902, 6 de agosto – tem início a chamada Revo-
lução Acriana liderada militarmente por Plácido 
de Castro. 
1902, 03 de dezembro – Barão de Rio Branco é 
nomeado como Ministro das Relações Exterio-
res. 
1903, 15 a 24 de janeiro - Vitória das tropas acri-
anas lideradas por Plácido de Castro contra os 
bolivianos em Porto Acre). 
1903, 26 de janeiro - Bolivian Syndicate renuncia 
seus pretensos direitos sobre a região acriana. 
1903, 28 de janeiro – Decreto nº 03 de Plácido de 
Castro, define os limites do Estado Independente 
do Acre. 
1903, 21 de março – é assinado o MODUS VI-
VENDI entre a Bolívia e o Brasil. 
Após a assinatura, o Acre foi dividido em ACRE 
MERIDIONAL (alto Acre, sede em Xapuri) e 
ACRE SETENTRIONAL (baixo Acre). O pri-
meiro governado por Plácido de Castro e o se-
gundo pelo General brasileiro Olímpio da Sil-
veira (3 de abril). 
1903, 13 de maio – General Olímpio desorganiza 
as tropas de Plácido de Castro em Xapuri). Plá-
cido de Castro não revidou, foi ao Rio de Janeiro 
denunciar ao Barão de Rio Branco o ocorrido, 
que para evitar problemas, preferiu substituir o 
general pelo Cel. Cunha Matos. 
1903, 28 de julho - primeira proposta oficial feita 
a Bolívia sobre permutas de terras e concessões 
que definiria a nacionalização do Acre. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/1898
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 9 
1903, 17 de novembro – é assinado o Tratado de 
Petrópolis. 
1903, 28 de dezembro – O presidente convoca o 
Congresso Nacional em caráter extraordinário 
para aprovar o Tratado de Petrópolis. 
1903, 30 de dezembro – O Congresso se reúne 
para avaliar o Tratado de Petrópolis. 
1904, 13 de janeiro - Comissão de Diplomacia e 
Tratados aprova o Tratado de Petrópolis. 
1904, 25 de fevereiro - o Congresso aprova e o 
presidente sanciona a abertura de créditos para o 
pagamento das despesas oriundas do Tratado de 
Petrópolis e autoriza o Governo Federal a admi-
nistrar diretamente o Acre. 
1904, 07 de abril – primeira organização territo-
rial do Acre. É criado três departamentos: Alto 
Acre, Alto Purus e Alto Juruá. 
1904, 12 de junho – é assinatura do Modus Vi-
vendis entre o Brasil e o Peru. Euclides da Cunha 
representava o Brasil. 
1908, 11 de agosto - Plácido de Castro é assassi-
nado. 
1909, 08 de setembro - Tratado Brasil e Peru é 
assinado, a Questão do Acre termina definitiva-
mente. 
1909, 25 de junho - o Manifesto Autonomista do 
Alto Juruá é publicado nos jornais de Manaus. 
1910 – Deu-se a primeira Revolta Autonomista 
em Cruzeiro do Sul. 
1912 - Revoltas Autonomistas em Sena Madu-
reira. 
1912: Nova Administração Política. 4 Departa-
mentos e 5 Municípios (Rio Branco, Sena Madu-
reira, Xapuri, Tarauacá e Cruzeiro do Sul). 
1918 – Deu-se a revolta autonomista do Alto 
Acre. 
1920 – Foi criado o governo geral no Território 
do Acre, os departamentos foram extintos. 
1938 - Foram criados os municípios de Feijó e 
Brasileia. 
1942, em janeiro - o Japão invade e domina mili-
tarmente a Malásia, maior fornecedora de borra-
cha aos aliados da segunda guerra mundial. 
1942, março – é Assinado os Acordos de Wa-
shington. 
1942 – Chegada dos “soldados da borracha” ao 
Acre. 
1957 - Guiomard Santos redigiu a Proposta de 
Lei (PL) que elevaria o Território do Acre à ca-
tegoria de Estado. 
1962, 15 de junho - o presidente João Goulart 
(PTB) sancionou a Lei que elevou o Acre à cate-
goria de Estado. 
1963 – É promulgada a 1° Constituição do Es-
tado do Acre. 
1966 – O BASA substituiu o Banco de Crédito 
da Amazônia. 
1971 - O BASA revoga as linhas de crédito aos 
seringais endividados. 
1972 - O INCRA e a Delegacia do Trabalho pas-
saram a funcionar no Acre. 
1972 – Criação do Programa de Incentivo à Pro-
dução da Borracha (PROBOR I). 
1975 – Fundação do Sindicato dos Trabalhadores 
Rurais em Brasileia. 
1976 – A FUNAI foi instalada no Acre. 
1976 – Fundação do Sindicato dos Trabalhadores 
Rurais em Rio Branco e Cruzeiro do Sul. 
1976 – Apesar de já terem sido criados, os muni-
cípios Mâncio Lima, Assis Brasil, Epitaciolân-
dia, Manuel Urbano, Plácido de Castro e Quinarí 
(Senador Guiomard), partir de então, são plena-
mente instalados. 
1977 – Fundação do Sindicato dos Trabalhadores 
Rurais em Xapuri. 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 10 
1992 - Em 1992, foram criados mais dez municí-
pios, a saber: Acrelândia (desmembrado de Plá-
cido de Castro), Bujari (separado de Rio Branco), 
Capixaba (separado de Rio Branco), Epitaciolân-
dia (separada de Brasileia), Jordão (desmem-
brado de Tarauacá), Marechal Thaumaturgo (se-
parado de Cruzeiro do Sul), Porto Acre (des-
membrado de Rio Branco), Porto Walter (sepa-
rado de Cruzeiro do Sul), Rodrigues Alves (de 
Mâncio Lima e Cruzeiro do Sul) e Santa Rosa do 
Purus (desmembrado de Manuel Urbano). 
1998 - Vitória da Frente Popular do Acre nas 
eleições para o governo do Estado. Inicialmente 
ela era composta pelos seguintes partidos: PT, 
PC do B, PSB, PDT, PSDB, PMN, PL, PPS, PV, 
PTB, PT do B. 
1982 – Criação da UNI – União das Nações Indí-
genas do Acre. 
1985 - 1° Encontro Nacional dos Seringueiros. 
1990 – Criação da Reserva Extrativista Alto Ju-
ruá e Chico Mendes. 
2000 – Criação da Organização dos Professores 
Indígenas do Acre (OPIAC). 
2002 – Primeiro empréstimo contraído pela 
Frente Popular perante o Banco Interamericano 
de Desenvolvimento (BID). Financiou o projeto 
de desenvolvimento sustentável do Acre. 
2008 - O Supremo Tribunal Federal (STF) apro-
vou um aumento territorial do Acre, acrescen-
tando 1,2 milhão de hectares advindos da incor-
poração de parte dos municípios amazonenses de 
Guajará, Ipuxuma, Eurunepé, Lábrea e Boca do 
Acre. 
2014, maio - é aprovada a Emenda Constitucio-
nal Nº 78, que previu o pagamento de R$ 
25.000,00 (vinte e cinco mil reais) aos “solda-
dos” vivos e pensionistas dos já falecidos1. 
2015 – Os soldados da borracha recebem RS 25 
mil do Governo Federal a título de indenização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 O Sindicato dos Soldados da Borracha (AC e RO) exigia 
uma indenização ou reparação no valor de R$ 700 mil para 
cada soldado, para compensar as perdas dos anos anteriores. 
No entanto, a deputada Perpetua Almeida (PC do B/Ac) 
preferiu ser porta-voz do governo, tentando ludibriar os 
extrativistas, afirmando que o valor de R$ 25 mil estava 
ótimo. Nesse sentido, os soldados da borracha, a exemplo 
dos “negros” que lutaram na Guerra do Paraguai, se tornaram 
em mais uma vítima do calote daPátria. 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 11 
 
PARTE 2 
 
A genealogia do Acre começa quando a 
história de inúmeros povos nativos termina. O 
contato entre nativos e nordestinos não foi har-
mônico. Acontece que a história do Acre sempre 
é contada a partir de um ponto de vista etnocên-
trico. Muito esforço foi feito para inocentar os 
primeiros acrianos da chacina. 
Primeiramente, tentaram mostrar a ine-
xistência dos nativos ou a pouca quantidade nu-
mérica deles na região. Para isso, foram usadas 
expressões do tipo “deserto ocidental”, “terra va-
zia”, etc. Depois, impossibilitados de negar a 
existência das inúmeras nações, buscaram expli-
car a redução dramática delas por meio de hipó-
teses alheias à exploração da borracha. 
Vários argumentos foram empregados 
para explicar a dizimação dos nativos. Dizem que 
os fatores responsáveis pelo desaparecimento de-
les foram os assassinatos cometidos por peruanos 
e bolivianos, conflitos intertribais, doenças, além 
de outros. 
Raramente os primeiros acrianos são res-
ponsabilizados pelo genocídio. Quando a violên-
cia é admitida, eles não figuram como agressores. 
Explica-se que o uso da força foi em legítima de-
fesa, uma reação à “barbárie” dos nativos. E tal 
enfrentamento ainda serviu para enaltecer ainda 
mais a coragem nordestina. 
As “correrias” foram consequências dire-
tas da economia gumífera. Eram que objetivava 
a expulsão dos indígenas que moravam em áreas 
ricas em seringueiras, a captura de indígenas para 
trabalhar como escravos expedições com o obje-
tivo de matar índios. As correrias também tinham 
como objetivo e o sequestro de mulheres para se-
rem abusadas sexualmente, etc. 
Com as informações que se têm hoje não 
dá para negar a possibilidade de o Vale do Acre 
ter sido milenarmente habitado por indígenas. 
Nesse sentido, o processo de formação do Acre 
enquanto território brasileiro é apenas um capí-
tulo da história humana na região. O menor capí-
tulo por sinal e o mais nefasto do ponto de vista 
de perdas humanas. 
 A população nativa na região acriana bai-
xou consideravelmente após a migração nordes-
tina. Em menos de meio século estima-se que 
mais de 50 mil nativos tenham sido vítimas do 
“contato” com o acriano. 
Durante o período de 1900 a 1957, nada 
menos que 36 grupos étnicos foram extintos. Em 
2000, a população estimada de indígenas no Acre 
era de 8.009 (IBGE, 2010), e em 2010 passou 
para 15.921 nativos. Mesmo com o crescimento 
demográfico, a população indígena no Acre 
ainda não ultrapassa 2,2% da população total do 
Estado. Algumas tribos são: Ashaninka, Jami-
nawa Arara, Katukina, Poyanawa, Madija, Man-
chineri, Apolima Arara, Jaminawa, Kaxinawá, 
Nawa, Nukini, Yawanawá, Apolima, Kaxarari, 
Shanenawa e Arara. 
Na década de 1970, foram descobertos 
inúmeros geoglifos no Acre. O Estado decidiu 
promover a pecuária para posto de principal ati-
vidade econômica da região e, como consequên-
cia disso, florestas inteiras foram derrubadas para 
a feitura de pastos. Foi exatamente esse desmata-
mento que possibilitou a observação dos geogli-
fos a partir de uma posição aérea de longa distân-
cia. Eles podem servir como prova da presença 
milenar do ser humano no território. 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 12 
Os geoglifos (geo = terra + glifos = dese-
nhos) são desenhos gigantescos feitos na superfí-
cie da terra. Eles tomam formas geométricas, zo-
omorfas e antropomorfas. Ainda não se sabe exa-
tamente como foram feitos. As técnicas empre-
gadas ainda são desconhecidas. É possível que 
eles tenham sido produzidos pelo menos há dois 
mil anos. 
O importante aqui não é saber o que levou 
esses povos “pré-colombianos” a fazer tais dese-
nhos na terra. Muito menos especular sobre a ori-
gem desses povos. O certo é que os geoglifos 
apontam para a milenar presença humana na re-
gião. O que faz da história da sociedade acriana 
apenas mais uma das inúmeras que possivel-
mente palmilharam nesse solo. 
 
SÍNTESE DA POPULAÇÃO INDÍGENA 
NO ACRE (2013) 
Fonte: Acre em Números, 2013, p. 24. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www.agencia.ac.gov.br/acre-con-
centra-vasta-diversidade-de-povos-indigenas/ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 13 
c 
 
 
 
 
POVOS INDÍGENAS DO ACRE 
SOCIEDADE 
♦ A maior parte dos indígenas habitava nas mar-
gens dos rios amazônicos (várzeas) - devido à facili-
dade para encontrar alimentos. Além disso, a ferti-
lidade das praias estimulou-os a praticarem a agri-
cultura nestes locais. 
♦ Habitavam em menor quantidade nas terras fir-
mes, pois tinham que derrubar a floresta e fazer 
queimadas para o cultivo de roçados. 
♦ Os índios não concebiam a terra como mercado-
ria, mas como o lugar onde se vive comunitaria-
mente a cultura, as crenças e as tradições. 
♦ A organização social das tribos baseava-se em fa-
mílias extensas, que habitavam povoações isoladas 
sob a liderança de um ancião. 
♦ Índios arredios ou “brabos” são aqueles que não 
assimilaram a cultura do branco, ou que nem ao 
menos tiveram convivência com o homem branco. 
♦ Os índios se deslocavam para as cidades acrianas 
para: a) comercializarem produtos florestais; b) 
buscarem auxílio de órgãos de proteção ao índio; c) 
buscarem tratamento de saúde; d) praticarem a 
mendicância (principalmente os jaminawas). 
♦ As malocas são feitas de paxiúba; 
♦ Alguns grupos desenvolveram com perfeição a 
cerâmica e o artesanato. 
♦ A cura de várias doenças era obtida com remé-
dios naturais; 
♦ A educação é transmitida pelos mais velhos, res-
ponsáveis por todo o legado cultural da tribo. 
♦ Os pajés, líderes espirituais das tribos, têm uma 
função especial na realização de festividades, na 
contação de histórias e na preservação do legado 
cultural da tribo. 
♦ Atualmente, as Terras Indígenas somam uma 
área aproximada de 14% da extensão territorial do 
Acre, perfazendo um total de 2.167.146 hectares. 
Sendo que das 580 terras indígenas do Brasil, 31 lo-
calizam-se em solo acreano. 
♦ O Estado do Acre é a unidade da federação com 
maior diversidade biológica e étnica. Há certa de 34 
terras indígenas no Acre, quase 15% do território 
do Acre. Há 15 povos indígenas e 3 ainda isolados, 
o que somam quase 3% da população do Acre. 
 
 
ECONOMIA 
♦ Nos séculos XVI e XVII, era 
costume o comércio do exce-
dente de produção entre as tri-
bos indígenas. Para o indígena, a 
seringueira não era uma árvore 
dotada de valor especial. 
♦ Os índios foram os primeiros a 
manipular o látex da serin-
gueira. Muitas tribos davam-lhe 
um sentido cultural, transfor-
mando-a em objetos. 
♦ Os índios dedicavam-se à 
pesca, à caça e a guerra. As ín-
dias contribuíam no trabalho 
agrícola e na fabricação de cerâ-
micas. 
♦ Os povos indígenas da Amazô-
nia eram todos agricultores. A 
terra pertencia a todos. 
♦ O trabalho de toda a tribo po-
deria ser concluído em 3 ou 4 
horas. 
♦ A produção era para sustentar 
toda a aldeia. 
♦ O arco e a flecha foram as prin-
cipais armas utilizadas pelos na-
tivos da região. 
♦ Os índios participaram do pri-
meiro surto da borracha como 
“mateiros” e guias em busca de 
novos locais de exploração da 
borracha. 
♦ Com a primeira grande crise da 
empresa extrativa a partir de 
1912, a mão-de-obra indígena 
substitui, em grande parte, a de 
seringueiros nordestinos. 
♦ Aos poucos, foram integrados 
à economia extrativa, tornando-
se dependentes dos bens avia-
dos pelo barracão, embora 
nunca tenham deixado à pesca e 
à caça. 
 
 
ÓRGÃOS INDIGENISTAS 
♦ A FUNAI foi criada em 1967. No Acre ela foi instalada 
em 1976, com o objetivo de prestar assistência às co-
munidades indígenas, vítimas das empresas agropecu-
árias. 
♦ Durante muitos anos a FUNAI restringiu-se a delimitar 
terras indígenas, ao invés de demarcá-las. Além de ofe-
receruma precária assistência médica aos índios. 
♦ A FUNAI também tinha como preocupação o desen-
volvimento de projetos econômicos de base comunitá-
ria, principalmente envolvendo atividades agrícolas. 
♦ Atualmente a política da Funai é de que não seja rea-
lizado qualquer contato com os índios isolados. Agem 
apenas localizando e delimitando as áreas nas quais vi-
vem, para impedir a entrada de brancos. 
♦ Outros órgãos foram criados para subsidiar a luta in-
dígena – Comissão Pró-Índio (CPI/AC), Conselho de 
Missão entre Índios (COMIN) e o Centro de Trabalho In-
digenista (CTI). 
♦ Em 1982, foi idealizada a criação da UNI – União das 
Nações Indígenas do Acre – que passou a cobrar da FU-
NAI e de outros órgãos a demarcação urgente das ter-
ras indígenas. 
♦ Em 2000, é criada a Organização dos Professores In-
dígenas do Acre (OPIAC), com o objetivo de promover 
a educação escolar indígena de forma diferenciada. 
♦ Nas eleições municipais de 1996, foram eleitos 5 ve-
readores dos 14 candidatos indígenas e 1 prefeito. Nas 
eleições de 2002, foram eleitos 27 vereadores. 
 
Conclusão 
♦ Até 2004, cerca de 65% das terras indígenas ainda 
não eram demarcadas. A demarcação é o procedi-
mento legal pelo qual a União determina oficialmente 
os limites de uma área indígena. 
♦ Desde 1996, a Comissão Pró-Índio desenvolve tam-
bém um projeto para formação de agentes agroflores-
tais indígenas. Os índios aprendem a zelar mais pelos 
recursos naturais existentes em suas terras, servindo 
como verdadeiros fiscais em seu território. 
♦ Em 2000, a Comissão Pró-Índio catalogou a existência 
de 85 escolas e 137 professores indígenas. 
♦ No primeiro mandato da Frente Popular do Acre no 
Poder Executivo do Estado, foi criada a secretaria dos 
Povos Indígenas do Acre, nomeando o primeiro indí-
gena a secretário de Estado - Francisco da Silva Pinhatã, 
(da etnia Ashaninka). 
 
INTRODUÇÃO 
♦ O termo “índio” foi uma invenção do europeu para caracterizar os 
povos que habitavam na América. O termo oculta toda a diversidade 
cultural existente entre os nativos. 
♦ A hipótese mais aceita sobre a origem humana no continente ame-
ricano é a de que houve uma migração da Ásia durante o período da 
Idade do Gelo, entre os anos 40.000 e 12.000 a.C., pelo estreito de 
Bering. 
♦ Acredita-se que os primeiros habitantes da Amazônia chegaram por 
volta de 1.500 a.C. (alguns pesquisadores defendem a hipótese de 
que a presença indígena na Amazônia remonta os anos de 31.500 
a.C.). 
♦ Cerca de 6 milhões de nativos habitavam na Amazônia antes da 
chegada dos portugueses em 1616. 
♦ No território onde hoje chamamos de Acre, na segunda metade do 
século XIX, viviam cerca de 150 mil índios, distribuídos em 50 povos. 
♦ Em 1989, a população indígena em território acreano era em torno 
de 5 mil. Em 1996, o número passou para 8.511. No ano de 2001, a 
FUNAI notificou a existência de 10.478 índios em todo Estado do Acre, 
distribuídos em 12 povos. Esse tímido aumento pode ser explicado 
pela atuação de organizações indigenistas. 
♦ Os índios nunca abriram mão de suas terras sem colocarem em prá-
tica várias formas de resistências, dentre as quais o confronto com o 
homem branco. 
♦ Algumas das causas da diminuição demográfica indígena: 
a) assassinatos cometidos pelos coletores de “drogas do sertão”; 
b) assassinatos cometidos pelos seringueiros brasileiros através das 
“correrias”; c) doenças transmitidas pelos brancos; d) assassinatos co-
metidos por caucheiros peruanos e soldados bolivianos; e) assassina-
tos cometidos por capangas de fazendeiros a partir dos anos 1970. 
♦ Os caucheiros eram nômades (desbravavam continuamente no-
vos territórios para descobrirem caucho), por isso constituíram num 
dos principais inimigos dos indígenas. 
♦ As correrias eram organizadas pelos seringalistas que reuniam até 
50 homens armados para atacarem as aldeias, matavam os líderes, 
escravizavam vários índios e cooptavam as índias para servirem de 
mulheres no seringal. 
 
TRONCOS LINGUÍSTICOS 
♦ No Acre, os indígenas estão divididos em dois grandes troncos indí-
genas: a) Aruaque ou Aruak, que dominavam a bacia do Rio Purus (Ku-
linas, Ashaninkas / Kampas e Manchibery.; b) Pano, que dominavam a 
região do rio Juruá (Kaxinawás, Yawanawás, Poyanawás, Jaminawas, 
Nukinis, Araras, Katukinas, Shaneanawa, Nawas, e Kaxararis). OBS: al-
guns estudiosos preferem a divisão em três troncos: Pano, Aruak e 
Arawá. 
 
 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 14 
 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 15 
 
PARTE 3 
 
A história do Acre enquanto território 
habitado por brasileiros não teve origem com a 
chegada dos nordestinos, pois jamais teriam 
migrado para a região sem que houvesse uma 
motivação para tal. Por isso, é preciso compre-
ender o processo de anexação a partir de um 
ponto de vista internacional. Primeiro de tudo, 
a borracha teve que se tornar uma mercadoria 
desejada pelos países desenvolvidos. Isso 
aconteceu quando cientistas europeus desco-
briram nela certas propriedades economica-
mente úteis à indústria. 
Na segunda metade do século XIX, a 
Europa passou por um processo de industriali-
zação acelerada, e novos mercados e oportuni-
dades de negócios foram abertos. O capita-
lismo enquanto sistema econômico exige isso, 
já que o capital está sempre em busca de opor-
tunidades de inversão lucrativa. Foi nesse con-
texto que a borracha foi descoberta como ma-
téria prima. 
A Inglaterra, a maior potência indus-
trial da época, tratou logo de investir na produ-
ção de borracha amazônica, a única região que 
ofertava o produto. Isso porque o Brasil e a ini-
ciativa privada nacional ficaram indiferentes a 
essa nova oportunidade de negócios, centrado 
como estavam na economia cafeeira. 
Foi assim que o capital internacional 
potencializou a cadeia de aviamento então 
existentes, financiando toda a migração de nor-
destinos para a Amazônia brasileira. Bancos 
ingleses abriram filiais em Manaus e Belém 
oferecendo linhas de créditos convidativas. 
Mas isso não foi gratuito, já que, no topo da 
cadeia de aviamento estava as Casas Exporta-
doras, responsáveis pela distribuição internaci-
onal da borracha, ou seja, a Inglaterra monopo-
lizou a comercialização mundial do produto, 
ficando com o grosso do lucro da economia go-
mífera. 
Como o Nordeste sofria de uma grande 
seca, não foi difícil convencer os cearenses a 
migrarem para o “inferno verde”. Mentia-se di-
zendo que eles ficariam ricos com a extração 
da borracha e rapidamente voltariam para as 
suas respectivas cidades natais. 
A extração da borracha inicialmente 
aconteceu de forma predatória, de modo que as 
seringueiras rapidamente se tornavam inutili-
záveis, obrigando o seringueiro a migrar para 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 16 
áreas mais férteis. E foi assim que os nordesti-
nos ultrapassaram a fronteira do Brasil e inva-
diram território estrangeiro. Foi em conse-
quência disso que surgiu a Questão do Acre, 
que ao nosso ver, nada mais foi do que um re-
sultado da inserção da região na rede comercial 
capitalista. 
Tudo ia muito bem até que um dos can-
didatos a dono do território, a Bolívia2, resol-
veu exercer sua soberania na região, cobrando 
impostos sobre a produção da borracha. E foi 
por isso que surgiu a Questão do Acre – uma 
consequência direta da incorporação da região 
à cadeia produtiva e comercial capitalista cujo 
topo estavam os países desenvolvidos3. Acon-
tece que a história ensinada nas escolas “es-
conde” as motivações econômicas e prefere di-
vulgar uma visão “romântica”, afirmando que 
os acrianos recusaram o governo boliviano por 
que eram patriotas. 
Podemos dividir o processo de nacio-
nalização do Acre em três etapas: 1) Invasiva; 
2) Militar; e 3) Diplomática. A primeira foi a 
principal, ou seja, sem a ocupação(invasão) do 
território pelos brasileiros nada teria aconte-
cido. A segunda foi a resistência militar que fi-
zeram contra a soberania boliviana na região 
do Purus e contra a peruana no Juruá. A ter-
ceira foi a que de fato resolveu a Questão do 
 
2 Bolívia e Peru disputavam o território que hoje conhe-
cemos como Acre. Já que a região acriana fazia parte do 
Vice-Reino do Peru, uma colônia espanhola que deu ori-
gem à Bolívia e ao Peru. 
3 O Acre, portanto, surge como parte integrante da 
periferia do capitalismo desenvolvido, e nessa condição 
Acre, dando ao Brasil o direito de exercer so-
berania no território perante a comunidade in-
ternacional. 
Em consequência da assinatura do Tra-
tado de Petrópolis (1903) o Brasil teve, dentre 
outros, que: a) construção da Estrada de Ferro 
do Madeira ao Mamoré; b) indenização de 
2.000.000 (dois milhões de libras esterlinas); 
dentre outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ele está até hoje, ou seja, é um mero produtor de matérias 
primas, só que agora exportador de madeira em vez de 
borracha. 
A disputa territorial só aconteceu por causa da valoriza-
ção da borracha no mercado Internacional e porque era 
um estratégico reservatório natural de seringueiras. 
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CENTRO DA ECONOMIA-MUNDO 
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A formação histórica de uma dada periferia só se 
torna compreensível na “longa-duração” e quando re-
lacionada ao Sistema Mundo que a (re)criou. 
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Em busca de novos ciclos sistêmicos de acumulação, a ativi-
dade expansionista do centro econômico (re)cria periferias 
com as quais mantêm relações produtivas, comerciais e finan-
ceiras. Esse “intercâmbio” resulta em uma distribuição sócio 
geográfica desigual da riqueza. 
 
PERIFERIA DA ECONOMIA-MUNDO 
(REGIÃO AMAZÔNICA) 
CASAS EXPORTA-
DORAS 
+ 
BANCOS 
CASAS EXPORTA-
DORAS 
Invasão do território abaixo 
da linha “Javari-Madeira” 
TRATADOS INTERNA-
CIONAIS 
(1903 e 1909) 
CONFLITOS ARMADOS 
(nativos, brasileiros, 
peruanos e bolivianos) 
( 
CRÉDITOS + LETRAS DE CÂMBIO 
= 
 Migração, abertura de seringais 
e compra de produtos importados 
 
BORRACHA 
ECONOMIA-MUNDO CAPITALISTA 
ANEXAÇÃO DO ACRE 
AO BRASIL 
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PRIMEIRO 
SURTO DA BORRACHA 
(1876-1814) 
CONSOLIDAÇÃO DO VALOR COMERCIAL DA BORRACHA 
(Forma-se o mercado consumidor do “ouro negro”) 
 
 
O CAPITAL MONOPOLISTA INTERNACIONAL 
financia toda a produção Gomífera 
 
 
(A Amazônia se torna alvo do Imperialismo) 
 
Mão de obra 
nordestina 
Abundância de 
seringueiras 
VULCANIZAÇÃO 
Goodyear - 1839 
PNEUMÁTICA 
Dunlop - 1888 
Migrantes nordestinos invadem território es-
trangeiro em busca da hevea brasiliense. 
Ao governos bolivianos e peruanos reclamam o 
território e tentam exercer soberania na região. 
Os "brasileiros do Acre" se re-
voltam contra os estrangeiros 
TRATADO DE PETRÓPOLIS 
(1903) 
ABRASILEIRAMENTO DO TERRITÓRIO QUE HOJE CONHECEMOS COMO ACRE 
O caráter predatório da economia gumífera forçava a 
constante ocupação de novas áreas, uma vez que extração 
do látex era feita de modo a tornar a seringueira inutilizá-
vel. 
TRATADO BRASIL-PERU 
(1909) 
MÚLTIPLOS INTERESSES 
Seringueiro: perdão de suas dívidas perante o se-
ringalista. 
Seringalista: garantia da propriedade privada da 
terra, dos títulos fundiários, do livre comércio, va-
lor dos tributos mais “baixos”. 
MÚLTIPLOS INTERESSES 
Governos de Manaus e Belém: garantia de 
controlar a cobrança de impostos. 
Liberais: oculação de cargos públicos. 
CONTRA OS BOLIVIANOS 
CONTRA OS PERUANOS 
Revolução Acriana 
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PROCESSO DE ANEXAÇÃO DO ACRE AO BRASIL 
(1877-1909) 
 
PRIMEIRA REPÚBLICA 
(Contexto Nacional) 
 
Valorização do café como principal pro-
duto de exportação. Indiferença do Brasil 
quanto à Amazônia. 
FASE MILITAR 
 (1897-1904) 
 
FASE DIPLOMÁTICA 
 (1867-1909) 
 
Em fins de 1902, o Governo Federal decide intervir em fa-
vor dos brasileiros e anexar o Acre. 
 
José Carva-
lho 
(Maio/1899
) 
 Luiz 
Galvez 
(Jul./ 1899) 
 
Orlando Lo-
pes 
(Dez./1900) 
 
Plácido 
de Castro 
(Ago./1902) 
 
 
TRATADO DE PE-
TRÓPOLIS 
 
 
17/Nov./1903 
 
TRATADO 
BRASIL-PERU 
 
 
08/Set./1909 
FASE DA INVASÃO 
(A partir da segunda me-
tade do século XIX) 
BELLE ÉPOQUE AMAZONENSE 
(Contexto Regional) 
 
Desde 1852, o Estado do Amazonas go-
verna parte do território do atual Acre por 
meio do município Floriano Peixoto. 
BRASIL x BOLÍVIA 
(1899-1902) 
 
O governo brasileiro 
aceitou a soberania boli-
viana na região. 
PERU x BRASIL 
(1897-1904) 
 
O Governo Federal se tor-
nou indiferente às solici-
tações peruanas em prol 
do arbitramento 
Juruá-Mi-
rim (1897) 
 
Amônea 
(Out./1902) 
 
Chandless 
(Jun./1903) 
 
Chandless 
(Mar./1904
) 
 
 
ACORDO COM O 
BOLÍVIAN SYNDI-
CATE 
 
26/Jan./1903 
Conflito de Nov./ 1904 
CONQUISTA DA NEUTRALIDADE NORTE-AMERICANA 
O Brasil teve que se render à Doutrina Monroe. 
GOVERNO DO AMAZONAS 
IMPERIALISMO 
(Contexto Internacional) 
 
Crescente demanda internacional por borracha 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 21 
 
CAUSAS:
- A insistência do
Governo brasileiro em
reconhecer as Terras
Acreana como
propriedade
estrangeira;
- Instalação da
Aduana boliviana em
Puerto Alonso em
jan/1899.
- O descontentamento
dos seringalistas e do
governador do
Amazonas com a
soberania boliviana
na região.
- José de Carvalho,
líder da 1°
insurreição,
conseguiu
convencer os
bolivianos a saírem
da região sem
precisar fazer uso da
violência.
- O Brasi logl
interveio no caso e o
Acre (região banhada
pelo rio Acre) passou
a ser administrado
novamente pelos
bolivianos.
CAUSA:
- A descoberta do
plano bolíviano de
provável
arrendamento do
Acre para um
Sindicato
Internacio-nal.
 - O espanhol Luiz
Galvez, patrocinado
pelo governo do
Amazonas,
proclama o Acre um
país independente,
tanto do Brasil,
quanto da Bolívia.
 Seu governo
durou pouco, pois
criou muitos
inimigos,
principalmente
quando proíbe a
comercialização da
borracha com o
Brasil.
- Galvez é deposto
em 28/12/1899.
Volta para ao cargo
em 12/1/1900. No
dia 15 de fevereiro
é definitivamente
deposto pelo
Governo brasileiro,
e retorna à Europa.
CAUSAS:
- A ocupação
militar do Acre
pelas tropas
bolvianas, após a
der- rota de
Galvez.
- O fato de o
Brasil ter
confirmado a
posse boliviana.
- Silvéria Nerí,
novo governador
do Ama- zonas,
elege-se pro-
metendo "libertar
o Acre".
- Foi composta por
homens "letrados"
e financiada pelo
go- verno do
Amazônas.
- Foram
derrotados em
menos de uma
hora decombate.
CAUSAS:
- A permanencia dos
bolvianos na região
acreana e o Bolivian
Sindicate. .
 - Foi financiado pelo
governo amazonense
e por alguns
seringalistas locais.
- Os dois principais
combates foram:
1°) Xapurí, 06 de
agosto de 1902 - a
vitória foi conquistada
sem derramamento
de sangue;
2°) Puerto Alonso, 15
a 24 de janeiro de
1903, quando os
bolivanos ser rendem
e Plácido é aclamado
governador do
Estado Independente
do Acre.
 -Em maio de
1903, o general
brasileiro Olímpio,
dissolve desbarata as
tropas acreanas.
CAUSAS:
- Tentar resolver de
fez os conflitos
armados entre
bolivianos e
brasileiros na região.
- O Barão de Rio
Branco, ministro do
Exterior, conseguiu
negociar com a
Bolívia, um "acordo
de permuta de
territórios e outras
compensações",
através do qual
o Acre seria
nacionalizado por
meio:
a) De pagamento
de 2 milhões de
libra;
b) Da contrução da
ferrovia
madeira/mamoré;
 c) Obtenção da
área de 2.296 KM²;
d) Liber- dade de
trânsito nos rios
acreanos.
,CAUSAS:
- O fato de o Peru
reivindicar o Acre
e parte do
Amazonas,
além dos vários
conflitos arma-
dos
desencadeados
na região do
Juruá e Purus.
 O consenso
entre os dois
países demorou
quase cinco anos,
até que o Brasil
resolveu ceder
quase 40 mil KM²
ao Peru, pondo
fim de vez à
Questão do Acre.
 Deste modo, o
Acre passou
pertencer ao
Brasil,
definitivamente,
ou seja, "de fato e
de direito".
CONTEXTO INTERNACIONAL
IMPERIALISMO
(Valorização da Borracha)
J. Carvalho
Maio/1899
Galvez
Julho/1899
 Poetas
Dez/1900
Plácido de Castro
Agosto/1902
FASE MILITAR
(REVOLUÇÃO ACREANA)
Indiferença do Governo Federal
com a "Questão do Acre".
Petrópoles
17/nov/1903
Brasil-Peru
08/set/1909
FASE DIPLOMÁTICA
(TRATADOS)
O Governo Federal soluciona
a "Questão do Acre".
Processo de Anexação
do Acre ao Brasil
(1877 - 1909)
CONTEXTO NACIONAL
REPÚBLICA VELHA
(Valorização do café)
FASE INVASIVA 
(Ocupação do território por 
brasileiros a partir de 1877) 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 22 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 23 
 
PARTE 4 
 
 O termo “evolução” transmite uma 
ideia de progresso ou melhoria com o passar 
dos anos. A aplicação do termo com relação à 
economia acriana deve ser feita entre “aspas”, 
uma vez que o nosso Estado ainda é um dos 
mais pobres do país. Como no início do século 
XX, o Acre é, ainda hoje, um produtor de ma-
térias-primas com alto custo unitário e pouco 
valor agregado. A economia ainda está concen-
trada em atividades primárias - agropecuária e 
extrativismo. 
O acanhado parque industrial acriano 
só funciona à custa de subsídios governamen-
tais, incentivos fiscais e, muitas das vezes, da 
própria demanda estatal por certos bens e ser-
viços. De acordo com dados “Contas Regio-
nais do Brasil em 2011”, divulgados pelo 
IBGE em novembro de 2013, a indústria extra-
tivista4 e de transformação5 do Acre representa 
0,0% de todo o ciclo de produção nacional. 
 A condição socioeconômica da popu-
lação acriana ainda é uma das mais precárias 
do Brasil. Segundo dados do IBGE (2010)6, em 
média 40,9% da população está abaixo da li-
nha de pobreza7 e 37 % se encontra na extrema 
pobreza8, dos quais 240.790 (duzentos e qua-
renta mil, setecentos e noventa) acrianos foram 
 
4 A produção do Estado do Pará, da região norte, 
representa 15,2% da produção nacional. 
5 A produção do Estado do Amazonas, da região norte, 
representa 3,2% da produção nacional. 
6 Cf. <Http://www.censo2010.ibge.gov.br> acessado em 
junho de 2013. 
7 Renda mensal per capita menor que 1/2 do salário 
mínimo de 2010 (RS 510,00). 
8 Renda mensal per capita menor que 1/4 do salário 
mínimo de 2010 (RS 510,00). 
identificados como sem renda. O valor do ren-
dimento mediano9 mensal per capita dos do-
micílios particulares permanentes é de apenas 
RS 302,50 (trezentos e dois reais, cinquenta 
centavos). 
 
PESSOAS DE 10 ANOS OU MAIS DE IDADE 
SEM RENDIMENTO NO ACRE EM 201010 
Fonte: dados do IBGE/2010 (gráfico do autor) 
 
 De acordo com dados “Contas Regio-
nais do Brasil em 2011”, divulgados pelo 
IBGE em novembro de 2013, o PIB per ca-
pita11 do Estado do Acre foi de R$ 11.567,0012 
(onze mil, quinhentos e sessenta e sete reais), 
o que o deixa na lista dos dez mais baixos do 
país. A média brasileira do ano foi de R$ 
19.766,33. Já a renda per capita foi de R$ 
9 Isso significa que 1/2 da população terá valores 
inferiores ou iguais à mediana e 1/2 da população terá 
valores superiores ou iguais à mediana. 
10 Renda nominal mensal domiciliar igual a zero. 
11 É a soma dos salários de toda a população dividida pelo 
número de habitantes. 
12 Em 2008, dezessete municípios acrianos obtiveram o 
PIB per capita menor que a média do Estado. 
http://www.censo2010.ibge.gov.br/
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 24 
471,00 (quatrocentos e setenta e um reais), o 
que o deixa na décima sétima posição do ran-
king do Brasil. 
 De acordo com o Ministério do De-
senvolvimento Social e Combate à Fome, o 
Acre em 2012 recebeu o pior Índice de Desen-
volvimento da Família13 entre as unidades fe-
derativas, que foi de 0,5514. Em 2010, a inse-
gurança alimentar afetou 48% da população 
acriana, cerca de 12% dela sobrevive com uma 
quantidade insuficiente de alimento (CELEN-
TANO, 2010, p. 23). 
O Coeficiente de Gini15 do Acre em 
2010 foi de 0,64. O Índice de Desenvolvimento 
Humano (IDH)16 em 200817 foi de 0,75. O mu-
nicípio do Jordão, no centro-oeste do Acre, fi-
gura entre os cinco piores IDHs do país. Em 
2009, a Razão de Renda18 no Acre foi de 
28,319; a do Brasil, só para comparar, foi de 
18,7. 
O Produto Interno Bruto (PIB) do 
Acre20 no ano de 2010 (IBGE) foi de R$ 
8.476.515.000,0021 (oito bilhões, quatrocentos 
e setenta e seis milhões, quinhentos e quinze 
mil reais), o equivalente a 0,2% do PIB nacio-
nal e a 4,2% do PIB da região norte do Brasil. 
Isso o deixa no penúltimo lugar no ranking da 
 
13 IDF = O indicador analisa as 
vulnerabilidades das famílias com renda per 
capita de até meio salário mínimo ou 
renda familiar de até três salários. O indicador varia de 0 
a 1, quanto melhor as condições da família, mais 
próximo de 1 (hum). IDF é elaborado a partir do estudo 
de seis aspectos: 1) Vulnerabilidade; 2) Acesso ao 
conhecimento; 3) Acesso ao trabalho; 4) 
Disponibilidade de recursos; 5) Desenvolvimento 
infantil e 6) Condições habitacionais. 
14 Fonte: <Http://www.mds.gov.br/noticias/indice-de-
desenvolvimento-da-familia-idf-aponta-o-nivel-de-vida-
da-populacao-mais-pobre-e-permite-priorizar-politicas-
sociais> acessado em março de 2013. 
15 Mensura o grau de concentração da distribuição de 
renda per capita. O valor do índice varia no intervalo 
entre 0 (zero) e 1 (um), em que o valor 0 reflete completa 
igualdade e uma ótima distribuição de renda e 1 
representa a completa desigualdade. 
16 É um dado utilizado pela Organização das Nações 
Unidas (ONU) para analisar a qualidade de vida e bem-
estar de uma determinada população. É uma medida 
participação dos Estados no PIB brasileiro, ou 
seja, é o segundo Estado que menos produz ri-
queza no país. 
Em 2010, o setor econômico do Es-
tado do Acre produziu um Valor Adicionado 
(VA)22 bruto a preços básicos de R$ 
7.743.000.00023 (sete bilhões, setecentos e 
quarenta e três milhões de reais). O VA é uma 
informação contábil importante, pois eviden-
cia, de forma sintética, os valores correspon-
dentes à formação da riqueza gerada (valor cri-
ado) por um agente econômico em um deter-
minado período. A participação do Acre no 
ValorAdicionado Nacional é de 0,2%. 
 
PARTICIPAÇÃO DO ACRE NO PRODUTO IN-
TERNO BRUTO DO BRASIL (1995-2000). 
 
 
 
 
Fonte: <http://www.sidra.ibge.gov.br>, acessado em 
março de 2013. 
 
 Em 2012, o Acre pagou à União o va-
lor de R$ 385.309.712,0024 (trezentos e oitenta 
e cinco milhões, trezentos e nove mil, setecen-
tos e doze reais) e recebeu dele o valor de R$ 
comparativa que engloba três dimensões: riqueza, 
educação e expectativa de vida ao nascer. O Índice de 
Desenvolvimento Humano varia de 0 a 1, quanto mais se 
aproxima de 1, melhor o IDH de um local. 
17 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
(PNUD) - 2008. 
18 Número de vezes que a renda dos 20% mais ricos 
supera a dos 20% mais pobres. Expressa a concentração 
da renda pessoal. 
19 Fonte: <Http://tabnet.datasus.gov.br> acessado em 
março de 2013. 
20 PIB a preços correntes, ou seja, o preço utilizado no 
ano em questão. 
21 Só a cidade de Manaus, capital do Estado do 
Amazonas, tem um PIB quase seis vezes maior. 
22 É calculada a partir da diferença entre o valor de sua 
produção e o dos bens e serviços produzidos por terceiros 
utilizados no processo de produção da empresa. 
23 IBGE, 2012, p. 21. 
24 Fonte: <Http://www.receita.fazenda.gov.br/Historico/ 
Arrecadacao/PorEstado/2012/default.htm> acessado em 
março de 2013. 
http://www.mds.gov.br/
http://www.mds.gov.br/
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 25 
3.022.714.792,0025 (três bilhões, vinte e dois 
milhões, setecentos e quatorze mil, setecentos 
e noventa e dois reais). O que isso quer dizer? 
Isso mesmo, que a economia acriana é INSUS-
TENTÁVEL. 
 A receita estadual acriana para o refe-
rido ano foi de R$ 4.451.476.617,00 (quatro bi-
lhões, quatrocentos e cinquenta e um milhões, 
quatrocentos e setenta e seis mil, seiscentos e 
dezessete reais) e o montante que o Governo 
Federal enviou ao Acre correspondeu a 67% da 
receita total do Estado. 
 Tudo isso demonstra o quanto as fi-
nanças públicas do Estado do Acre e a própria 
iniciativa privada nessa unidade federativa são 
dependentes dos repasses federais e outras ver-
bas da União. Por conta dessa situação de de-
pendência econômica, o jornalista Leandro 
Narloch (História Politicamente Incorreta do 
Brasil, 2009, p. 158-159), que não é bem visto 
por muitos historiadores, fez o seguinte co-
mentário: 
 
Até hoje, mais de um século após 
a região passar a fazer parte do 
Brasil, o estado continua custando 
milhões por ano. Em 2007, o Acre, 
que tem um Produto Interno Bruto 
tão grande quanto o da cidade de 
Limeira, no interior de São Paulo, 
arrecadou 177 milhões de reais em 
impostos federais. No mesmo ano, 
o orçamento federal executado (a 
quantia que o Acre tirou do Te-
souro Nacional) foi três vezes 
maior: 605 milhões de reais. Os 
números foram parecidos em 
2008: 627 milhões de orçamentos 
executados, arrecadação de impos-
tos de 204 milhões, novamente três 
vezes menor. Ou seja: a cada ano, 
o estado custa mais 400 milhões de 
 
25 Total destinado ao governo do Estado = R$ 
2.282.723.562 (dois bilhões, duzentos e oitenta e dois 
milhões, setecentos e vinte e três mil, quinhentos e 
sessenta e dois reais). Total destinado aos municípios do 
Estado R$739.991.229 (setecentos e trinta e nove 
milhões, novecentos e noventa e um mil, duzentos e vinte 
reais à nação. O custo Acre pode 
ser ainda maior, já que o orça-
mento federal não inclui investi-
mentos diretos dos ministérios 
nem gastos com deputados fede-
rais e senadores. 
 
 A atividade econômica "serviços" 
contribuiu 66,8% para o VA do Acre em 2010 
(IBGE). O valor é auto pois o serviço da Ad-
ministração, Saúde e Educação Públicas e Se-
guridade Social são aí contabilizados ai. Sozi-
nhos correspondem por 33,4% do VA do 
Acre26. Segundo as Informações Básicas Esta-
duais (ESTADIC) de 2012, o Acre é o segundo 
Estado do país em percentuais de contratações 
na esfera pública (Cf. IBGE, 2012). 
 A administração pública é o grande 
motor gerador de demanda no Estado do Acre. 
A economia é dependente dos gastos que o Es-
tado faz, principalmente em serviços públicos. 
É por isso que nesse Estado os empresários 
bem-sucedidos geralmente são aqueles com 
“ligações” com o Poder Executivo. É por isso 
também que é difícil de vencer eleição quando 
se está “fora” do poder, pois o Estado enquanto 
“cabide de emprego”, garante o “voto de ca-
bresto” nos servidores públicos indicados. 
 Desde 2002, o governo do Estado do 
Acre, quase que anualmente, firma contratos 
de empréstimos e financiamentos com inúme-
ras instituições de crédito como Banco Intera-
mericano de Desenvolvimento (BID), 
Banco Internacional para Reconstrução e De-
senvolvimento (BIRD), Banco do Brasil (BB), 
Banco Nacional do Desenvolvimento Econô-
mico e Social (BNDES), Caixa Econômica Fe-
deral. A dívida pública consolidada bruta do 
Estado já chega à ordem dos R$ 
e nove reais). <Http://www.portaltransparencia.gov.br/ 
PortalTransparenciaListaUFs.asp?Exercicio=2012&Pag
ina=1> acessado em março de 2013. 
26 A contabilização desse tipo de VA é muito criticada, 
uma vez que a produção no setor público não segue a 
mesma lógica da iniciativa privada. 
http://www.portaltransparencia.gov.br/PortalTransparenciaListaAcoesUF.asp?Exercicio=2012&SelecaoUF=1&SiglaUF=AC&NomeUF=ACRE&ValorUF=
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 26 
3.000.000.000,0027 (três bilhões). Só em 2012, 
o governo do Estado contraiu quase R$ 
1.000.000.000,00 (um bilhão) em emprésti-
mos. 
 No ranking do índice de transparência 
das contas públicas, o Acre ocupou a posição 
23º em 201028. Ou seja, está entre os cinco pi-
ores Estados do Brasil em termos de democra-
tização de informações sobe a execução orça-
mentária e financeira dos poderes Executivo, 
Legislativo e Judiciário. 
 O índice de Qualidade do Gasto Pú-
blico (IQGP)29 nos fornece alguns dados inte-
ressantes. Na função Educação, o Acre em 
2005 recebeu a pontuação 0,48 (BRUNET, 
2007, p. 18), que o deixou no último lugar en-
tre os Estados. Na Função Saúde, recebeu 0,64 
pontos (idem, p. 22), que o deixaram na 24º po-
sição entre os Estados. Na Função Segurança 
Pública recebeu 0,80 pontos (idem, p. 27) e fi-
cou na 23º posição. 
 Em 2012, de acordo com o Serasa Ex-
perian30, o Acre ocupou a terceira posição na-
cional no ranking de cheques devolvidos. De 
cada 100 cheques, 10 estavam sem provisão de 
fundos. Outro dado relevante a ser considerado 
é o Indicador Social de Desenvolvimento dos 
Municípios (ISDM)31 divulgado pela Funda-
ção Getúlio Vargas (FGV)32. Ele apontou o 
município de Rio Branco na 22ª posição dentre 
as 27 capitais brasileiras em 2010. 
 Administrar riqueza produzida por 
outro Estado em forma de repasses constituci-
onais e ocupar os cargos políticos criados em 
 
27 Disponível em <Http://www.ac24horas.com/2012/ 
05/19/em-13-anos-administracoes-da-fpa-ja-contrairam-
17-bilhao-de-emprestimos-dividas-do-estado-com-os-
bancos-e-precatorios-somam-mais-r-19-bi/> acessado 
em fevereiro de 2013. 
28 Fonte: <http://indicedetransparencia.com /acre-
2010/> acessado em outubro de 2012). 
29 O índice classifica as unidades da federação segundo a 
qualidade da despesa realizada nas áreas mais 
significativas da atuação dos governos estaduais: 
Educação, Saúde, Segurança Pública, Judiciária e 
Legislativa. Tem a ver com a quantidade da despesa e o 
consequência da dita elevação do Acre à cate-
goria de Estado parece ter sido as reais motiva-
ções do Movimento Autonomista Acriano. 
Pois os “heróis autonomistas” pouco ou nada 
fizeram em favor da autonomia econômica do 
Acre. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
nível de bem-estar social que a mesma gerou.(Cf. 
BRUNET, 2007). 
30 Fonte: <Http://www.serasaexperian.com.br/release/ 
noticias/2013/noticia_01067.htm> acessado em março 
de 2013. 
31 Tem como objetivo sintetizar em um único indicador 
vários aspectos referentes ao desenvolvimento social de 
um município. Ao todo são 28 indicadores separados em 
cinco áreas: habitação, renda, trabalho, educação e 
saúde/segurança. 
32 Fonte: <Http://cmicro.fgv.br/data-sets> acessado em 
fevereiro de 2013. 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 27 
 
 
Iniciaremos esse tópico realizando um 
breve comentário sobre alguns termos frequente-
mente associados à economia gumífera, tais 
como boom, ciclo, rush, surto, crise e depres-
são. O termo “boom” é uma palavra inglesa 
que é traduzida em português como “explo-
são”. Em economia, ela é usada para designar 
um período em que ocorre uma rápida e elevada 
expansão de uma atividade econômica por 
conta da demanda de um determinado produto 
ou serviço 
O termo “ciclo” está associado à 
ideia de “ciclos econômicos” que, por sua vez, 
tem a ver com o fato de a economia capitalista ex-
perimentar regularmente períodos alternados de 
picos e declínios, durante os quais a produção de 
bens e serviços ora se expande ora se retrai. 
A fase expansiva do ciclo é também chamada 
de recuperação e o seu ponto auge de surto. Já 
a fase descendente é chamada de recessão e o 
seu ponto mais baixo de depressão. 
Com relação à economia acriana, 
o uso do termo “ciclo” passou a ser empre-
gado com maior frequência após 1942, quando 
a economia extrativista da borracha na 
Amazônia foi revigorada por uma demanda 
internacional efêmera e ocasional. Passou-se 
a designar como Primeiro Ciclo da borracha 
aquele que durou até a primeira metade da 
década de 1910, e de Segundo Ciclo aquele 
da primeira metade da década de 1940. No 
entanto, a utilização do mesmo não é aconse-
lhável, uma vez que sugere uma falsa ideia 
de que a economia gumífera passará por regu-
lares fases de expansão e retração. 
O termo “rush” é de origem inglesa e 
pode ser traduzida por “ímpeto” e transmite a 
ideia de um movimento repentino e intenso. 
Ela indica um período em que uma dada eco-
nomia fica voltada exclusivamente para a pro-
dução de um dado bem. O termo “rush da bor-
racha amazônica” significa que durante certo 
período houve um rápido e intenso emprego 
dos fatores de produção na atividade gumí-
fera. Portanto, esse conceito não guarda re-
lação alguma com a ideia de “ciclo”, apenas 
quer dizer que em um breve momento houve 
uma “corrida” de capital e de trabalho para 
a extração da borracha. 
Já o termo “surto”, da forma como o 
empregamos aqui, faz referência a um período 
marcado pela sensação de prosperidade eco-
nômica que, no caso em questão, foi susten-
tado pelo interesse do mercado internacional 
em adquirir a borracha. É possível que essa 
“sensação” tenha se firmado na Amazônia entre 
os anos 1876-7 (início do exponencial au-
mento do preço da borracha e das migra-
ções nordestinas para a Amazônia) e 1913-14 
(início da recessão e da depressão da econo-
mia gomífera). 
Até 1910, o Brasil ainda produzia a 
maior parte da borracha circulada no mundo 
(57,1%). No ano seguinte, a participação 
mundial brasileira cairia para 49,3% tendo em 
vista o aumento de produção ocorrido na 
Malásia. 
Acreditamos que o início da re-
cessão econômica tenha acontecido em 1913, 
quando a queda da exportação da borracha 
se somou à queda dos preços, produzindo 
uma crescente diminuição da renda agregada 
e um desestímulo à produção. A partir de 
então, a recessão econômica perdurou até ao 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 28 
nível da depressão, quando a borracha dei-
xou de figurar como o principal bem de pro-
dução da região. 
Resolvemos escolher os anos de 1914 e 
1915 para marcar o início da depressão30. Isso 
porque o ano de 1913 assinalou o fim de uma 
sequência de anos em que a demanda pela borra-
cha natural era sempre maior do que a oferta. 
Também marcou a incapacidade do Governo 
Federal em tentar “salvar” a economia gumí-
fera amazônica, pois ao final do citado ano, o 
Plano de Defesa da Borracha, posto em prática 
em 1912, já dava sinais de insucesso. E em 1913, 
foi também o ano em que a produção brasileira é 
superada pela asiática. 
Tudo indica que em fins de 1915, já não 
havia mais dúvida quanto ao destino final da eco-
nomia gumífera na Amazônia, uma vez que o 
centro dinâmico da produção da borracha estava 
definitivamente em outro continente. 
Há, no entanto, outras interpretações. 
Uma delas é a de Antonio Loureiro que em 
seu livro A Grande Crise (Valer Editora, 
2008), defendeu a seguinte cronologia para o 
“ciclo da borracha”: a) boom ou fase áurea 
(1894-1906); b) crise ou “grande crise” 
(1907-1916) e; c) depressão (1917-1940). 
Como podemos observar no esquema 
abaixo, toda a estrutura do sistema de avia-
mento fora montada para atender às demandas 
oriundas do centro da Economia-Mundo capi-
talista. Por conta disso, o fim do interesse ex-
terno pelo produto amazônico ocasionou uma 
profunda crise na economia gumífera. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 30 
 
 
O aviamento enquanto prática de adianta-
mento de mercadorias a crédito com pagamento 
em produtos já fazia parte da cultura amazônica 
desde o período colonial. No entanto, estava asso-
ciada à produção de pequena escala, envolvendo em 
especial as chamadas “drogas do sertão”. 
Fizemos dois esquemas-resumos para que 
o leitor compreenda como acontecia o sistema de 
aviamento da borracha na prática. O primeiro se 
adequa melhor à produção gomífera até 1880. O 
segundo vai de 1880 até a crise do primeiro surto 
da borracha. 
Como se pode observar nas imagens 
abaixo, os países do centro da Economia-Mundo 
capitalista figuram no topo da cadeia. Foram eles 
quem orquestraram toda a complexa teia de rela-
ções financeiras e mercantis que terminavam no 
seringal, mais precisamente, na colocação onde o 
seringueiro produzia a borracha. Portanto, a cadeia 
de aviamento estava à serviço do imperialismo. O 
surto da borracha amazônico aconteceu para aten-
der à demanda externa e só se realizou por conta 
dos investimentos feitos pela Inglaterra em forma 
de linhas de créditos. 
Tanto estas quanto a maioria das Casas 
Aviadoras sediadas em Belém e em Manaus eram 
administradas por estrangeiros. Em 1900, as prin-
cipais Casas Aviadoras já detinham o monopólio 
da comercialização dos produtos consumidos 
pela engrenagem do sistema de aviamento ama-
zônico. Portanto, a base do sistema - o processo 
produtivo propriamente dito - foi dominada por 
brasileiros, e topo do sistema por estrangeiros 
(comerciantes portugueses e capitalistas ingleses 
e norte-americanos)firmas. 
As Casas Exportadoras da borracha33 
eram quem, inicialmente, realizavam a importa-
ção dos produtos e instrumentos de trabalho uti-
lizados no seringal (Cf. SANTOS, 1980, p. 124). 
Em parceria com os bancos estrangeiros, elas ofere-
ciam mercadorias a crédito e faziam adiantamento 
em espécie a fim de fomentar a contratação de mais 
mão de obra e a abertura de novos seringais. As 
principais tomadoras desses créditos eramas Ca-
sas Aviadoras sediadas em Belém e em Manaus. 
Seus donos, em sua maioria estrangeiros, ofere-
ciam mercadorias a crédito e certa quantidade de 
dinheiro em espécie àqueles que se aventuravam 
na abertura de novos seringais 
A partir de 1880, as Casas Exportadoras fo-
ram deixando o mercado da importação de bens. As-
sumem tal função as Casas Aviadoras de Belém e de 
Manaus, que passaram a comprar os produtos dire-
tamente dos fornecedores nacionais (sulistas) e/ou es-
trangeiros. 
 
“O capital mercantil, através das casas aviado-
ras, financiadas pelas exportadoras ligadas ao ca-
pital monopolista internacional, controlava o 
sistema de aviamento na medida em que finan-
ciava efetivamente todo o processo”. 
PAVANI, Jacira Leonora. Contribuição para o 
estudo da economia gomífera do Acre (1900-
1920). São Paulo: USP, 1982, p. 114. (Disserta-
ção de Mestrado em História). 
 
 
33 Firmas estrangeiras que detinham o monopólio da 
distribuição mundial da matéria-prima 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MERCADO FINANCEIRO INTERNACIONAL 
MERCADO DE CRÉDITO NA AMAZÔNIA 
BANCOS 
ESTRANGEIROS 
(Crédito Financeiro) 
CASAS EXPORTADORAS E IMPORTADORAS 
ESTRANGEIRAS 
(Crédito de Bens) 
Governos 
MERCADO DE BENS INTERNACIONAL 
CENTRO DA ECONOMIA-MUNDO CAPITALISTA 
 E O COMÉRCIO INTERNACIONAL DA BORRACHA 
Pessoa Jurídica 
Pessoa Física 
DINAMIZAR A ECONOMIA GUMÍFERA 
• Agenciar mão de obra e abertura de seringais; 
• Compra de mercadorias, ferramentas, barcos; 
• Criação de Casas Aviadoras; 
• Abertura de Seringais; 
• Infraestrutura, etc. 
 
MERCADO DE BENS NA AMAZÔNIA 
$
$ 
G
O
M
A 
CASAS AVIADORAS DE BELÉM E MANAUS 
LETRAS DE CÂMBIO 
LETRAS DE 
CÂMBIO BORRACHA 
MERCADORIAS DINHEIRO EMPRÉSTIMOS 
B
E
N
S 
V
A
L
O
R 
+ 
J
U
R
O
S 
SERINGALISTA 
SERINGUEIROS 
B
E
N
S 
B
O
R
R
A
C
H
A 
 
CASAS AVIADORAS 
PERIFERIA DA ECONOMIA-MUNDO CAPITALISTA 
 Economia Gomífera na Amazônia 
$
$ 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mercado 
Cambial 
Hegemonia dos portugueses 
 
 
CASAS EXPORTADO-
RAS 
ESTRANGEIRAS 
BENS IMPORTA-
DOS 
(Pagos à vista) 
BENS 
NACIONAIS 
(Pagos à crédito) 
MERCADORIAS 
(à crédito e/ou em dinheiro) 
 
OUTRAS CASAS AVIADORAS 
(Venda de mercadoria à crédito) 
COMÉRCIO NA-
CIONAL 
 
BORRACHA 
Dinheiro e/ou 
Letras de Câmbio 
 
L 
SERINGALISTA 
COMÉRCIO INTER-
NACIONAL 
 
SERINGUEIROS 
Notas Pro-
missórias 
G
O
M
A 
B
E
N
S 
Capital próprio 
 ou financiado 
BORRACHA 
BORRACHA 
Firmas Estrangeiras 
 
BANCOS ESTRAN-
GEIROS 
Letras de Câmbio 
 
L 
DINHEIRO 
D
I
N
H
E 
I 
R
O 
Os sulistas 
D
I
N
H
E 
I 
R
O 
Emprésti-
mos 
Hipoteca e 
dinheiro 
REGATÃO 
Negociantes fluviais que “burla-
vam” a fiscalização dos seringalistas 
e mantinham relações comerciais 
com o seringueiro. 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 33 
 
O Acre enquanto território habitado 
por brasileiros foi uma consequência direta 
da expansão econômica do capitalismo euro-
peu. Foi a partir do momento que o capita-
lismo incorporou tal região à teia de relações 
produtivas e comerciais mundiais, que o 
mesmo passou a atrair migrantes. Portanto, o 
Acre mantém, desde o início, uma economia 
voltada para atender a demandas externas, e 
os ciclos migratórios para esta região acom-
panham esse ritmo. 
O chamado segundo surto da borracha 
é um exemplo disso. Em nível internacional, 
a partir de 1942, novamente houve uma de-
manda por borracha. Vivia-se o contexto da 
Segunda Guerra Mundial, em que Japão, nos 
primeiros meses do referido ano, havia inva-
dido a Malásia34, até então a maior produtora 
de borracha do mundo, e a principal fornece-
dora do produto ao mundo ocidental. 
A goma elástica era uma indispensável 
matéria-prima para a indústria bélica. Por 
conta disso, após a invasão da Malásia, os 
Estados Unidos (EUA) firmaram os famosos 
Acordos de Washington com o Brasil. O ob-
 
34 A origem da economia gomífera na Malásia tem a ver 
com o primeiro caso internacional de biopirataria que se 
tem notícia, já que o botânico inglês Henry Wickham 
(1846-1928), na segunda metade do século XIX, aden-
trou na Amazônia brasileira para realizar “pesquisas”, e 
em 1876 contrabandeou do Pará para Londres cerca de 
70 mil sementes de hevea brasiliensis. Quando chegou 
em Londres, as sementes foram encaminhadas para ao 
Royal Botanic Gardens (Jardim Botânico Real) e depois 
jetivo era criar condições para que os serin-
gais amazônicos fossem reativados e produ-
zissem ao menos 70 mil t de borracha, o que 
exigia, no mínimo, a migração de mais de 70 
mil extratores. 
Os EUA se comprometeu em comprar 
toda a produção gomífera. No entanto, o go-
verno brasileiro se mostrou incapaz de mobi-
lizar o contingente necessário e a organizar a 
produção de forma eficiente. Ao final, so-
mente 50 mil "soldados da borracha" foram 
alistados para a "batalha", dos quais cerca 30 
mil morreram de inaptidão à vivência na flo-
resta e de doenças tais como malária e febre 
amarela. 
Em 1939, antes portanto da assinatura 
dos Acordos de Washington, já havia 35 mil 
seringueiros na Amazônia que produziam 17 
mil toneladas (t) de borracha, o que represen-
tava 2% da produção mundial. Em 1944, no 
auge da produção dos “soldados da borra-
cha”, o Brasil teve a pífia produção de 25 mil 
toneladas (t)35. Isso quer dizer que, apesar 
dos investimentos norte-americanos feitos, a 
produção brasileira foi “desastrosa”. Nessa 
mesma época, com investimentos menores, 
plantadas na Malásia, então colônia inglesa. As semen-
tes roubadas foram ali cultivadas racionalmente, o que 
tornou a Malásia na maior produtora de borracha do 
mundo. 
35 Em 1910, no primeiro surto, produziu-se 34,2 mil t, e 
em 1912, 42,2 mil t. Em 1942, o presidente Getúlio Var-
gas dizia aos representantes dos EUA que o Brasil tinha 
um potencial produtivo de 800 mil t ao ano. 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 34 
Índia, Ceilão e Libéria, produziram mais de 
140 mil toneladas. 
Além do mais, apesar da importância 
estratégica da borracha, acreditamos ser um 
exagero dizer que ela era o “nervo da 
guerra”. Em 1942, só os EUA tinham em es-
toque mais de 580 mil t de borracha. E em 
1945, eles tinham mais de 900 mil t de bor-
racha sintética. 
A historiografia regional, marcada pela 
visão epopeica, fez de tudo para exaltar a co-
laboração dada pelos “soldados da borracha” 
à vitória dos Aliados na Segunda Guerra 
Mundial. Isso foi uma retórica criada para 
sensibilizar a opinião pública e convencer o 
Governo Federal conceder a eles uma apo-
sentadoria similar a dada aos “pracinhas” que 
combateram nas trincheiras da Europa36. 
O financiamento do segundo surto da 
borracha pelos EUA acabou com o fim da 
Segunda Guerra Mundial em 1945. Os “sol-
dados da borracha” foram abandonados no 
"inferno verde". Inicialmente foram incluí-
dos no FUNRURAL para ganhar meio salá-
rio mínimo. A partir da Constituição Federal 
(1988) passaram a receber dois salários mí-
nimos. Em 2015, receberam uma indeniza-
ção de RS 25 mil do Governo Federal, uma 
forma de amenizar a dor daqueles que sonha-
ram com uma aposentadoria comparável a 
dos “pracinhas”. 
Em resumo, o segundo curto da borra-
cha foi um reflexo das características primá-
rio exportadora do Brasil, ou seja, depen-
dente, periférica e subserviente ao capitalin-
ternacional, ou melhor, ao centro dinâmico 
 
36 Como a maioria deles residiam no Acre, para a elite, 
isso significava mais dinheiro circulando na região. Por 
do capitalismo mundial. Assim sendo, o 
drama dos soldados da borracha foi apenas 
mais um capítulo da negra história do traba-
lho rural no Brasil. País que sempre faz “vis-
tas grossas” ao trabalho compulsório campe-
sino em favor dos latifundiários e empresá-
rios que direcionam sua produção à exporta-
ção. 
Esses interesses exógenos, neste caso, 
tinham a ver com uma guerra, ou seja, o re-
sultado produtivo dos Soldados da Borracha 
era destinado à indústria bélica, cujo objetivo 
era a matança de seres humanos. Bastaria 
isso para desacreditarmos a narrativa heroifi-
cadora dos soldados da borracha. Ou seja, 
precisamos desmistificar a história oficial, 
uma vez que a contribuição produtiva que 
deram foi pífia, além do mais, ainda era des-
tinada à indústria de “cadáveres”. Beatificar 
a guerra e os seus participantes é elevar a bar-
bárie humana ao status de apoteose. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
isso, foi construída uma retórica de exaltação aos solda-
dos da borracha. 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 35 
 
 
 
 
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL 
O Japão invade a Malásia em 1942 
(a maior fornecedora de borracha natural aos “Aliados”) 
EUA 
➢ Financiaram a reativação dos seringais. 
➢ Comprariam a produção da borracha até 1947. 
SEGUNDO SURTO DA BORRACHA 
A “BATALHA DA BORRACHA” (1942-45) 
 
“Enfim, se lembram que o Acre existe” 
 
“Enfim, se lembram que o Acre existia”. 
BRASIL 
➢ O Brasil produziria borracha em grande quantidade 
em um período de 5 anos. 
 
“Para isso, o vazio demográfico precisa ser habitado”. 
“O Acre volta a produzir borracha em grande quantidade, 
dessa vez, para subsidiar a indústria de cadáveres” 
- Na época da 2° Guerra, três eram as principais matérias-
primas da indústria bélica: aço, petróleo e borracha. Com a 
invasão da Malásia pelos japoneses, o fornecimento de 
borracha se tornou um problema para os “aliados”, uma 
vez que o estoque do produto era limitado. 
- Os Acordos de Washington puseram fim às ambiguidades 
da política externa do presidente Getúlio Vargas, muito 
tendencioso à Alemanha. A partir de então, o Brasil passa 
a se posicionar abertamente em favor dos Aliados. 
- Os comerciantes de Manaus e de Belém foram contra 
qualquer tentativa do Governo Federal em “aviar” direta-
mente as mercadorias aos seringueiros. 
 
BANCO DE CRÉDITO 
 DA BORRACHA 
 
 
Acordos de Washington 
(3 de março de 1942) 
SEMTA 
Criação do Serviço de 
Encaminhamento de 
trabalhadores para a 
Amazônia 
CAETA 
Criação da Comissão 
Administrativa do En-
caminhamento de 
Trabalhadores para a 
Amazônia 
- Dizia-se aos nordestinos que tinham duas opções: ir às trincheiras da Europa ou ir ao Acre. 
- O Nordeste foi mais uma vez o grande fornecedor de mão de obra para a produção de 
borracha. Uma grande seca em 1942 outra vez contribuiu para a migração. 
- Cerca de 50 mil “soldados da borracha” migraram para a Amazônia, o que representa mais 
que o dobro dos militares brasileiros designados para o combate na Europa. 
- Os nordestinos migraram sob o controle do governo brasileiro, que se responsabilizou 
pelo transporte, pelo alojamento, e pelo material logístico básico de sobrevivência no se-
ringal. 
- O Governo exigiu que os seringalistas assinassem um contrato de trabalho com o serin-
gueiro a fim de garantir direitos básicos aos últimos, tão explorados no início do século 
durante o primeiro surto da Borracha. Porém, tal medida não saiu do “papel”, uma vez que 
não havia fiscalização nos seringais. 
 
- Foi fundado com capital norte-americano e brasileiro; 
- Reativou antigos seringais e criou novas zonas de produção; 
- Financiou e comprou a borracha produzida nos seringais acreanos, exercendo um verda-
deiro monopólio nessa atividade. 
- Contribuiu para melhorar o sistema de transporte. 
- Combateu a utilização da machadinha para o corte da seringa, pois a considerava um 
instrumento de trabalho predatório. 
- Tentou substituir o defumador pela coagulação química do látex. 
- De certo modo, substituiu as Casas Aviadoras, que tiveram papel secundário nesse Se-
gundo Ciclo. 
- O sucesso do banco como agente de financiamento foi incontestável. 
SAVA 
Superintendência para o abasteci-
mento do Vale Amazônico 
 
- A finalidade era abastecer os seringueiros de gêneros alimentícios 
e outros materiais de primeira necessidade. 
CONCLUSÃO 
- A partir de 1945, com o fim da guerra, a produção da bor-
racha no Acre entrou novamente em crise, principalmente 
pela queda do preço da goma elástica no mercado interna-
cional. No entanto, a borracha continuou a ser o principal 
produto de exportação do Acre. 
- Morreram nos seringais cerca de 20 mil seringueiros. Nas 
trincheiras europeias, apenas 450 “pracinhas” perderam a 
vida. 
- A Constituição de 1988 previu a concessão de dois salários 
mínimos aos soldados da borracha, sem direito à 13° salá-
rio. 
- Durante vários anos os Soldados da Borracha lutaram sem 
sucesso por uma aposentadoria equivalente aos dos “pra-
cinhas” que guerrearam na Itália. 
 
 
 
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 36 
 
A pecuária é a atividade econômica li-
gada à domesticação e criação de gado (bovino, 
suíno, ovino, etc.). A agropecuária é a atividade 
econômica rural realizada por pequenos produ-
tores que reúne a prática da agricultura e da pe-
cuária. 
No início dos anos 1970, o governo do 
Estado do Acre pôs em prática uma política 
econômica de pecuarização37 regional. O go-
verno militar no Brasil endossava políticas de 
ocupação na Amazônia e o Acre, por ser um Es-
tado de fronteira, teve prioridade38. O extrati-
vismo da borracha e até a agricultura foi secun-
darizados, houve abertura de linhas de crédito e 
facilidades para a criação de gado no Acre39. 
Tudo isso atraiu empreendedores sulistas, que 
adquiriam terras na região a preços baixos. 
 Acontece que muitas dessas terras ad-
quiridas já estavam ocupadas, ora por nativos, 
ora por seringueiros ou ribeirinhos. Depois de 
compradas, os fazendeiros e/ou especuladores 
fundiários tentavam, de forma pacífica ou não, 
retirar os posseiros. Isso gerou uma série de 
consequências humanas, cujo resultado mais 
sabido foi o assassinato de inúmeros trabalha-
dores rurais e líderes comunitários, o êxodo ru-
ral e o crescimento desordenado dos bairros pe-
riféricos nos municípios acrianos, em especial 
no de Rio Branco. 
 
37 Ou, como preferem alguns, “expansão da pecuária”, 
que no Acre aconteceu no modelo “extensivo”, que quer 
dizer a utilização de grandes áreas de terras com baixo 
emprego de tecnologias. 
38 É nesse contexto que há um novo padrão de organiza-
ção do espaço acriano não mais baseado no transporte 
 Geralmente vemos um crescente nú-
mero de livros culpabilizando os fazendeiros 
por todos esses males, no entanto, dão uma es-
pécie de “salvo-conduto” para o Estado, o res-
ponsável pelo processo de rearticulação do es-
paço acriano do Acre. 
O Estado também deveria ser denunci-
ado e responsabilizado pela sua conduta pró 
ativa em favor dos fazendeiros e da pecuariza-
ção extensiva do Acre. Afinal de contas, a pe-
cuarização e a consequente chegada dos “pau-
listas” foram endossadas pela política de desen-
volvimento econômico posta em prática pelo 
Estado. Ou seja, foi uma decisão governamen-
tal que acabou gerando uma externalidade ne-
gativa – efeito colateral não desejado a priori. 
É bom dizer que a mudança do extrati-
vismo para a pecuária não trouxe maiores mu-
danças com relação a base econômica do Es-
tado, que continuou baseada em atividades pri-
márias (exploração econômico dos recursos da

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