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Responsabilidade Ambiental e Crimes

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Aula 04
Direito Ambiental p/ Delegado Polícia Civil-PE
Professor: Rosenval Júnior
Direito Ambiental 
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AULA 04 Responsabilidade Ambiental 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
Poder de Polícia Ambiental. Crimes e infrações 
administrativas contra o meio ambiente (Lei nº 
9.605/1998 e regulamentos). Responsabilidade 
ambiental: conceito de dano e reparação ambiental. 
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Questões comentadas 41 
Lista de questões + gabarito 91 
MEMOREX 113 
MUITO IMPORTANTE!!! 
ATENÇÃO PARA A ATUALIZAÇÃO NA JURISPRUDÊNCIA SOBRE A 
RESPONSABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA! 
Estudem com atenção a atualização na jurisprudência do STF 
e do STJ a partir da página 7. 
Em 2013, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a 
possibilidade de se processar penalmente uma pessoa jurídica, 
mesmo não havendo ação penal em curso contra pessoa física com 
relação ao crime. De acordo com o STF, é admissível a condenação 
de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ainda que 
absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou 
de direção do órgão responsável pela prática criminosa. 
Em 2015, a Quinta e a Sexta Turma do Superior Tribunal de 
Justiça reiteraram o entendimento da Primeira Turma do Supremo 
Tribunal Federal no sentido de que a Constituição (art. 225, § 3.º) 
não exige a necessidade de dupla imputação das pessoas natural e 
jurídica nos crimes ambientais. 
Dessa forma, é possível a responsabilização penal da pessoa 
jurídica por delitos ambientais independentemente da 
responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu 
nome. 
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CRIMES AMBIENTAIS - LEI 9.605/98 
 
LEI 9.605/98 
Capítulo I Disposições gerais Art. 1º - 5º 
Capítulo II Da aplicação da pena Art. 6º - 24 
Capítulo III Da apreensão do produto e do 
instrumento de infração 
administrativa ou de crime 
Art. 25 
Capítulo IV Da ação e do processo penal Art. 26 - 28 
Capítulo V Dos crimes contra o meio 
ambiente 
Art. 29 - 69-A 
Capítulo VI Da infração administrativa Art. 70 - 76 
Capítulo VII Da cooperação internacional para 
a preservação do meio ambiente 
Art. 77 - 78 
Capítulo VIII Disposições finais Art. 79 - 82 
 
 
CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE (Capítulo V) 
Seção I Contra a Fauna Art. 29 - 37 
Seção II Contra a Flora Art. 38 - 53 
Seção III Poluição e outros Crimes Ambientais Art. 54 - 61 
Seção IV Contra o Ordenamento Urbano e 
Patrimônio Cultural 
Art. 62 - 65 
Seção V Contra a Administração Ambiental Art. 66 - 69-A 
 
 
 
 
 
 
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Responsabilidade Ambiental 
 
 A Constituição Federal, em seu art. 225,§3º, prevê a possibilidade 
de responsabilização da pessoa física e jurídica nas esferas penal, 
civil e administrativa. 
“As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais 
e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os 
danos causados.” Art. 225,§3º da CF/88. 
A Lei 9.605/98 regulamenta a norma constitucional e dispõe sobre 
os crimes ambientais e as infrações administrativas. Aplicam-se 
subsidiariamente à Lei 9.605/98 as disposições do Código Penal e do Código 
de Processo Penal. 
 
 
 
 
 
Responsabilidade
pessoa física e 
pessoa jurídica
PENAL
CIVIL
ADMINISTRATIVA
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Responsabilidade Penal SUBJETIVA, 
É imprescindível a comprovação do elemento subjetivo da conduta (dolo 
ou culpa). Ou seja, precisa comprovar. 
 
Responsabilidade Civil OBJETIVA, 
Prescinde da comprovação de culpa, bastando confirmação do dano e do 
nexo causal. Obs.: prescindir é não precisar, dispensar. 
Assim, segundo o art. 14, § 1º da Lei 6.938/81, é o poluidor obrigado, 
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os 
danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua 
atividade. 
A responsabilidade civil além de objetiva, segundo o STJ, é também 
solidária (permite demandar o poluidor direto ou indireto ou, ainda, os 
dois). 
O STJ admite a inversão do ônus da prova nas ações de reparação 
dos danos ambientais, dessa forma, pode recair sobre o poluidor o 
ônus de provar a inexistência do dano ou, no caso de existência, que este 
não foi de sua autoria. 
Por último, cabe salientar que há precedente do STJ de que a 
responsabilidade civil objetiva é norteada pela Teoria do Risco 
Integral, em que não se admite a existência de excludentes do nexo 
causal, como o fato de terceiro, caso fortuito ou a força maior. Segundo 
essa teoria, o poluidor deve assumir todos os riscos da sua atividade, 
sem exceção! 
O STJ admite, inclusive, de forma excepcional, a dispensa da 
comprovação do nexo causal nos casos de degradação de imóvel 
rural. Assim, a obrigação de recuperar a área de Reserva Legal 
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degradada é propter rem, inerente ao título e se transfere ao futuro 
proprietário. Ou seja, o proprietário rural deve recuperar a área de 
Reserva Legal degradada independentemente de ter sido ele ou não o 
responsável pela degradação. O novo Código Florestal (Lei 12.651/12) 
trouxe expressamente essa disposição em seu art. 2º, § 2º: “As 
obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao 
sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou 
posse do imóvel rural.” 
Portanto, a responsabilidade de reparação do dano ambiental é 
objetiva, solidária e imprescritível. Esse tem sido o entendimento do 
STJ e do TRF 2ª Região. 
 
Responsabilidade Administrativa 
 Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá 
dirigir representação às autoridades competentes para efeito do 
exercício do seu poder de polícia. 
O poder de polícia é a atividade da Administração que impõe 
limites ao exercício de direitos e liberdades. Em termos bem simples, 
pode ser entendido como toda limitação individual à liberdade e à 
propriedade em prol do interesse público. O âmbito de incidência é bem 
amplo, indo desde aspectos clássicos da segurança, até a preservação da 
qualidade do meio ambiente. 
O poder de polícia ambiental é o principal instrumento de 
controle para garantir o direito fundamental ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado previsto na CF/88. É o dever-poder exercido 
pela administração pública operando restrições com o objetivo de zelar 
pelo bem estar da sociedade. 
 
 
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Teoria Geral dos Crimes Ambientais 
 
 A lei de crimes ambientais adota a teoria monista ou unitária sobre 
o concurso de pessoas, na qual todos os agentes respondem pelo 
mesmo crime, na medida de sua culpabilidade. 
 Diretores, gerentes, administradores, membro de conselho de órgão 
técnico de pessoa jurídica respondem por crimes ambientais tanto por ação 
quanto por omissão (omissão penalmente relevante), de acordo com o 
art. 2º da Lei 9.605/98. 
 "Quem, de qualquer forma, concorre para a práticados crimes 
previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida 
da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro 
de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou 
mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de 
outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para 
evitá-la." (Art. 2º, da Lei 9.605/98) 
 Sobre a responsabilidade da pessoa jurídica há três correntes 
doutrinárias. Entretanto, a teoria mais aceita e adotada pelas bancas de 
concursos é a de que a pessoa jurídica pode cometer crime. 
 De forma direta, para a prova objetiva de concurso, as pessoas 
jurídicas têm capacidade de culpabilidade e de sanção penal. 
Responsabilidade
Penal Subjetiva
Civil Objetiva
Administrativa
Objetiva/Subjetiva 
(Há divergência na 
Doutrina)
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Obviamente, não há para a pessoa jurídica pena privativa de liberdade, 
para essas pessoas a Lei 9.605/98 prevê outras sanções (Artigos 21, 22, 
23, e 24 da Lei 9.605/98). 
 
 A base para defender a responsabilidade penal das pessoas jurídicas 
está no artigo 225,§3º da CF/88 e no artigo 3º da Lei 9.605/98. 
Memorizem, decorem, podem tatuar esses dispositivos no cérebro, pois são 
muito recorrentes nas provas de concursos e por isso precisam estar no 
sangue! 
 
 "As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais 
e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os 
danos causados." Art. 225, §3º da CF/88. 
 
 "As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, 
civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a 
infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou 
contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua 
entidade." Art. 3º, da Lei 9.605/98. 
 
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 Para que haja a responsabilização penal da pessoa jurídica, o crime 
deverá ser cometido no interesse ou benefício da entidade E por 
decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão 
colegiado. ATENÇÃO! Precisa dessas duas condicionantes para que a 
pessoa jurídica seja responsabilizada. 
 A denúncia genérica tem sido rejeita pelos Tribunais Superiores nos 
crimes societários. Assim, para incluir os administradores das pessoas 
jurídicas na denúncia é necessário descrever a sua conduta, sob risco de 
inépcia e trancamento da ação. 
 O STJ e o STF admitem a responsabilização penal da pessoa 
jurídica em crimes ambientais. 
ATENÇÃO! 
Em 2013, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a 
possibilidade de se processar penalmente uma pessoa jurídica, 
mesmo não havendo ação penal em curso contra pessoa física com 
relação ao crime. De acordo com o STF, é admissível a condenação 
de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ainda que 
absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou 
de direção do órgão responsável pela prática criminosa. 
Em 2015, a Quinta e a Sexta Turma do Superior Tribunal de 
Justiça reiteraram o entendimento da Primeira Turma do Supremo 
Tribunal Federal no sentido de que a Constituição (art. 225, § 3.º) 
não exige a necessidade de dupla imputação das pessoas natural e 
jurídica nos crimes ambientais. 
Dessa forma, é possível a responsabilização penal da pessoa 
jurídica por delitos ambientais independentemente da 
responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu 
nome. 
 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM MANDADO DE 
SEGURANÇA. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA 
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POR CRIME AMBIENTAL: DESNECESSIDADE DE DUPLA IMPUTAÇÃO 
CONCOMITANTE À PESSOA FÍSICA E À PESSOA JURÍDICA. 
1. Conforme orientação da 1ª Turma do STF, "O art. 225, § 3º, da 
Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa 
jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa 
física em tese responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional 
não impõe a necessária dupla imputação." (RE 548181, Relatora Min. ROSA 
WEBER, Primeira Turma, julgado em 6/8/2013, acórdão eletrônico DJe-
213, divulg. 29/10/2014, public. 30/10/2014). 
2. Tem-se, assim, que é possível a responsabilização penal da pessoa 
jurídica por delitos ambientais independentemente da responsabilização 
concomitante da pessoa física que agia em seu nome. Precedentes desta 
Corte. 
3. A personalidade fictícia atribuída à pessoa jurídica não pode servir de 
artifício para a prática de condutas espúrias por parte das pessoas naturais 
responsáveis pela sua condução. 
4. Recurso ordinário a que se nega provimento. 
(RMS 39.173/BA, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, 
QUINTA TURMA, julgado em 06/08/2015, DJe 13/08/2015) 
 
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PLEITO DE 
TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE 
JUSTA CAUSA. INÉPCIA DA DENÚNCIA. EXORDIAL ACUSATÓRIA 
QUE ATENDE AO DISPOSTO NO ART. 41 DO CPP. AUSÊNCIA DE 
NECESSIDADE DA DUPLA IMPUTAÇÃO EM CRIMES AMBIENTAIS, 
QUANDO HÁ DENÚNCIA EM DESFAVOR SOMENTE DA PESSOA 
FÍSICA. DESPROVIMENTO DO RECURSO. 
Esta Corte pacificou o entendimento de que o trancamento de ação penal 
pela via eleita é cabível apenas quando manifesta a atipicidade da conduta, 
a extinção da punibilidade ou a ausência de provas da existência do crime 
e de indícios de autoria. 
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2. Devidamente descrito o fato delituoso, com indicação dos indícios de 
materialidade e autoria, não há como trancar a ação penal, em sede de 
habeas corpus, por falta de justa causa ou inépcia da denúncia, pois 
plenamente assegurado o amplo exercício do direito de defesa, em face do 
cumprimento dos requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal. 
3. De acordo com o entendimento jurisprudencial sedimentado nesta Corte 
de Justiça e no Supremo Tribunal Federal, o ato judicial que recebe a 
denúncia, ou seja, aquele a que se faz referência no art. 396 do Código de 
Processo Penal, por não possuir conteúdo decisório, prescinde da motivação 
elencada no art. 93, IX, da Constituição da República (AgRg no HC n. 
256.620/SP, Ministro Og Fernandes, Sexta Turma, DJe 1º/7/2013). 
4. A responsabilidade da pessoa física que pratica crime ambiental não está 
condicionada à concomitante responsabilização penal da pessoa jurídica, 
sendo possível o oferecimento da denúncia em desfavor daquela, ainda que 
não haja imputação do delito ambiental a esta. 
5. Recurso em habeas corpus improvido. 
(RHC 53.208/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA 
TURMA, julgado em 21/05/2015, DJe 01/06/2015) 
 
O posicionamento já havia sido externado pela própria Quinta Turma, em 
obter dictum, como demonstra a seguinte decisão: 
 
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. NÃO-
CABIMENTO. PROCESSUAL PENAL. CRIMES DOS ARTS. 54, CAPUT, 
E 60, AMBOS DA LEI N.º 9.605/98. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. 
MEDIDA EXCEPCIONAL. DENÚNCIA GERAL. POSSIBILIDADE. 
INÉPCIA NÃO CONFIGURADA. ATIPICIDADE DA CONDUTA 
ENQUADRADA COMO CRIME DE POLUIÇÃO. NECESSIDADE DE 
DILAÇÃO PROBATÓRIA. VIA ELEITA INADEQUADA. EXCLUSÃO DA 
PESSOA JURÍDICA DO POLO PASSIVO DA AÇÃO PENAL. 
INVIABILIDADE. AUSÊNCIA DE FLAGRANTE ILEGALIDADEQUE 
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PERMITA A CONCESSÃO DE ORDEM EX OFFICIO. ORDEM DE HABEAS 
CORPUS NÃO CONHECIDA. 
1. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal e ambas as Turmas desta 
Corte Superior, após evolução jurisprudencial, passaram a não mais admitir 
a impetração de habeas corpus em substituição ao recurso ordinário, nas 
hipóteses em que esse último é cabível, em razão da competência do 
Pretório Excelso e deste Tribunal Superior tratar-se de matéria de direito 
estrito, prevista taxativamente na Constituição da República. 
2. Entretanto, a impetração de writ substitutivo de recurso ordinário não 
impede a concessão de ordem de habeas corpus de ofício, em situações de 
flagrante ilegalidade. 
3. A teor do entendimento desta Corte, é possível o oferecimento de 
denúncia geral quando uma mesma conduta é imputada a todos os 
acusados e, apesar da aparente unidade de desígnios, não há como 
pormenorizar a atuação de cada um dos agentes na prática delitiva. No 
caso, a denúncia não é inepta, mas apenas possui caráter geral, e 
tampouco prescinde de um lastro mínimo probatório capaz de justificar o 
processo criminal. Precedentes. 
4. Nos crimes de autoria coletiva, é prescindível a descrição minuciosa e 
individualizada da ação de cada acusado, bastando a narrativa das 
condutas delituosas e da suposta autoria, com elementos suficientes para 
garantir o direito à ampla defesa e ao contraditório, como verificado na 
hipótese. 
5. "[O]s denunciados causaram poluição em nível possível de resultar 
danos à saúde humana, bem como fizeram funcionar estabelecimento 
potencialmente poluidor contrariando as normas legais e regulamentares 
pertinentes." Tais fatos, em tese, amoldam-se aos tipos penais descritos 
nos arts. 54 e 60, ambos da Lei n.º 9.605/98, a evidenciar que a denúncia 
atende o disposto no art. 41 do Código do Processo Penal, sendo inviável o 
prematuro encerramento da persecução penal. 
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6. A alegação de que o crime de poluição não se configurou, ante a falta de 
comprovação de perigo concreto à saúde humana, esbarra na necessidade 
de dilação probatória, incompatível com a via estreita do habeas corpus. 
7. A pessoa jurídica também denunciada deve permanecer no polo passivo 
da ação penal. Alerte-se, em obiter dictum, que a Primeira Turma do 
Supremo Tribunal Federal reconheceu que a necessidade de dupla 
imputação nos crimes ambientes viola o disposto no art. 225, 3.º, da 
Constituição Federal (RE 548.818 AgR/PR, 1.ª Turma, Rel. Min. ROSA 
WEBER, Informativo n.º 714/STF). 
8. Ausência de patente constrangimento ilegal que, eventualmente, 
imponha a concessão de ordem ex officio. 
9. Ordem de habeas corpus não conhecida. 
(HC 248.073/MT, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, 
julgado em 01/04/2014, DJe 10/04/2014) 
 
Importante destacar que esses julgados demonstram uma mudança 
importante no posicionamento do STJ, tendendo a uma uniformização e 
consolidação no tratamento do tema. 
Assim, atualmente, tem-se que há uma uniformidade na 
jurisprudência quanto à desnecessidade de aplicação da teoria da dupla 
imputação para fins de responsabilização penal da pessoa jurídica por 
crimes ambientais. 
No entanto, convém acompanhar a matéria, pois o acórdão do STF 
não foi proferido pelo Pleno, mas por órgão fracionário (Primeira Turma), 
em decisão que não foi unânime. 
Lembrem-se ainda de que a pessoa jurídica somente poderá ser 
responsabilizada se presentes dois pressupostos cumulativos: 
1. Que o crime tenha sido cometido por decisão de seu representante 
legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado; 
2. Que o crime ambiental tenha se consumado no interesse ou benefício 
da entidade. 
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 A pessoa jurídica poderá ser desconsiderada sempre que sua 
personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à 
qualidade do ambiente, Art. 4º da Lei 9.605/98. (Teoria Menor). Para isso, 
basta a impossibilidade da Pessoa Jurídica de arcar com a reparação 
ambiental. Atenção, pois esse dispositivo é muito cobrado em prova! 
 A pessoa jurídica constituída ou utilizada, 
preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a 
prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação 
forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e 
como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional (Art. 24 da 
Lei 9.605/98). 
 De acordo com o art. 26, a ação penal é pública incondicionada 
nas infrações penais previstas Lei 9.605/98. Embora a Lei 9.605/98 
seja omissa, é cabível a ação privada subsidiária da pública, quando o 
Ministério Público não oferecer denúncia no prazo legal (Art. 5º, LIX da 
CF/88). Nos casos dos crimes ambientais, além de PÚBLICA a ação penal é 
INcondicionada, ou seja, não possui nenhum requisito. Dessa forma, a 
ação pode ser iniciada sem a representação do ofendido (vítima) ou de 
quem tiver qualidade para representá-lo e sem a requisição do Ministro da 
Justiça, sendo suficiente a vontade do Ministério Público. 
 Assim, na ação penal pública incondicionada, a ação é exercida pelo 
Ministério Público, que representa o Estado, como autor da ação. 
 
 
 Leiam com especial atenção a jurisprudência abaixo. 
 
STF: Crime ambiental: absolvição de pessoa física e 
responsabilidade penal de pessoa jurídica 
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É admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime 
ambiental, ainda que absolvidas as pessoas físicas ocupantes de 
cargo de presidência ou de direção do órgão responsável pela 
prática criminosa. Com base nesse entendimento, a 1ª Turma, por 
maioria, conheceu, em parte, de recurso extraordinário e, nessa parte, deu-
lhe provimento para cassar o acórdão recorrido. Neste, a imputação aos 
dirigentes responsáveis pelas condutas incriminadas (Lei 9.605/98, art. 54) 
teria sido excluída e, por isso, trancada a ação penal relativamente à pessoa 
jurídica. Em preliminar, a Turma, por maioria, decidiu não apreciar a 
prescrição da ação penal, porquanto ausentes elementos para sua aferição. 
Pontuou-se que o presente recurso originara-se de mandado de segurança 
impetrado para trancar ação penal em face de responsabilização, por crime 
ambiental, de pessoa jurídica. Enfatizou-se que a problemática da 
prescrição não estaria em debate, e apenas fora aventada em razão da 
demora no julgamento. Assinalou-se que caberia ao magistrado, nos autos 
da ação penal, pronunciar-se sobre essa questão. Vencidos os Ministros 
Marco Aurélio e Luiz Fux, que reconheciam a prescrição. O Min. Marco 
Aurélio considerava a data do recebimento da denúncia como fator 
interruptivo da prescrição. Destacava que não poderia interpretar a norma 
de modo a prejudicar aquele a quem visaria beneficiar. Consignava que a 
lei não exigiria a publicação da denúncia, apenas o seu recebimento e, quer 
considerada a data de seu recebimento ou de sua devolução ao cartório, a 
prescrição já teria incidido. 
RE 548181/PR, rel. Min. Rosa Weber, 6.8.2013. 
 
No mérito, anotou-se que a tese do STJ, no sentido de que a persecução 
penal dos entes morais somente se poderia ocorrer se houvesse, 
concomitantemente, a descrição e imputação de uma ação humanaindividual, sem o que não seria admissível a responsabilização da pessoa 
jurídica, afrontaria o art. 225, § 3º, da CF. Sublinhou-se que, ao se 
condicionar a imputabilidade da pessoa jurídica à da pessoa humana, estar-
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se-ia quase que a subordinar a responsabilização jurídico-criminal do ente 
moral à efetiva condenação da pessoa física. Ressaltou-se que, ainda que 
se concluísse que o legislador ordinário não estabelecera por completo os 
critérios de imputação da pessoa jurídica por crimes ambientais, não 
haveria como pretender transpor o paradigma de imputação das pessoas 
físicas aos entes coletivos. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Luiz Fux, 
que negavam provimento ao extraordinário. Afirmavam que o art. 225, § 
3º, da CF não teria criado a responsabilidade penal da pessoa jurídica. Para 
o Min. Luiz Fux, a mencionada regra constitucional, ao afirmar que os ilícitos 
ambientais sujeitariam “os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a 
sanções penais e administrativas”, teria apenas imposto sanções 
administrativas às pessoas jurídicas. Discorria, ainda, que o art. 5º, XLV, 
da CF teria trazido o princípio da pessoalidade da pena, o que vedaria 
qualquer exegese a implicar a responsabilidade penal da pessoa jurídica. 
Por fim, reputava que a pena visaria à ressocialização, o que tornaria 
impossível o seu alcance em relação às pessoas jurídicas. 
RE 548181/PR, rel. Min. Rosa Weber, 6.8.2013. 
 
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. DESNECESSIDADE DE 
DUPLA IMPUTAÇÃO EM CRIMES AMBIENTAIS. 
É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos 
ambientais independentemente da responsabilização concomitante da 
pessoa física que agia em seu nome. Conforme orientação da Primeira 
Turma do STF, "O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não condiciona a 
responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à 
simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no 
âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária dupla 
imputação" (RE 548.181, Primeira Turma, DJe 29/10/2014). Diante dessa 
interpretação, o STJ modificou sua anterior orientação, de modo a entender 
que é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos 
ambientais independentemente da responsabilização concomitante da 
pessoa física que agia em seu nome. Precedentes citados: RHC 53.208-SP, 
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Sexta Turma, DJe 1º/6/2015; HC 248.073-MT, Quinta Turma, DJe 
10/4/2014; e RHC 40.317-SP, Quinta Turma, DJe 29/10/2013. RMS 
39.173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015, 
DJe 13/8/2015. Informativo n. 0566. Período: 8 a 20 de agosto de 2015. 
 
Nos crimes previstos na Lei de Crimes Ambientais, a suspensão 
condicional da pena (sursis) pode ser aplicada nos casos de 
condenação a pena privativa de liberdade não superior a 3 anos (Art. 
16). 
 Obs.: CUIDADO! Muitas provas colocam dois anos, pois no Código 
Penal será cabível o sursis se a condenação a pena privativa de liberdade 
não for superior a 2 anos, observada outras condições. Então, atenção, vou 
repetir, segundo a Lei de Crimes ambientais, a suspensão 
condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a 
pena privativa de liberdade não superior a 3 anos! 
 A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; 
se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser 
aumentada até 3 vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica 
auferida. 
 A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser 
aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório. 
 A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor 
mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os 
prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente. 
 
 
 
FIXAÇÃO DA PENA BASE (Mnemônico: SANGRA) 
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APLICAÇÃO DA PENA - DOSIMETRIA DAS SANÇÕES (Art. 6º) 
Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente 
observará: 
 a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e 
suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; 
 os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da 
legislação de interesse ambiental; 
 a situação econômica do infrator, no caso de multa. 
 
 Fixada a pena base, o juiz analisará as circunstâncias atenuantes e 
agravantes. (Mnemônico: BARCOCO) 
ATENUANTES (Art. 14) 
 baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; 
 arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea 
reparação do dano, ou limitação significativa da 
degradação ambiental causada; 
 comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de 
degradação ambiental; 
 colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do 
controle ambiental. 
 
AGRAVANTES (Art. 15) 
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; 
II - ter o agente cometido a infração: 
a) para obter vantagem pecuniária; 
b) coagindo outrem para a execução material da infração; 
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde 
pública ou o meio ambiente; 
d) concorrendo para danos à propriedade alheia; 
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e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, 
por ato do Poder Público, a regime especial de uso; 
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos 
humanos; 
g) em período de defeso à fauna; 
h) em domingos ou feriados; 
i) à noite; 
j) em épocas de seca ou inundações; 
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; 
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de 
animais; 
n) mediante fraude ou abuso de confiança; 
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou 
autorização ambiental; 
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou 
parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos 
fiscais; 
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais 
das autoridades competentes; 
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. 
 
 
 
 
 
PENAS APLICÁVEIS 
Pessoas Físicas Pessoas Jurídicas 
Privativa de Liberdade 
Restritiva de Direitos 
Multa 
Prestação de Serviços à 
Comunidade 
Restritiva de Direitos 
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Multa 
 
PENAS aplicadas às PESSOAS FÍSICAS 
Privativas de Liberdade (Detenção/Reclusão) 
Restritivas de Direito (Art. 8º) 
 prestação de serviços à comunidade; 
 interdição temporária de direitos; 
 suspensão parcial ou total de atividades; 
 prestação pecuniária (+ que 1 salário e no máximo 360 
salários); 
 recolhimento domiciliar. 
Multa 
 
Penas Restritivas de Direito da PESSOA FÍSICA. 
A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao 
condenado de tarefas gratuitas junto a: 
 Parques e jardins públicos e unidades de conservação, 
 No caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na 
restauração desta, se possível. (Art. 9º) 
 
As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o 
condenado contratar como Poder Público, de receber incentivos 
fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de 
licitações, pelo prazo de: 
 5 anos, no caso de crimes dolosos, 
 3 anos, no de crimes culposos. (Art. 10) 
 
 A suspensão de atividades será aplicada quando estas não 
estiverem obedecendo às prescrições legais. (Art. 11.) 
 
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 A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à 
vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de 
importância, fixada pelo juiz, não inferior a 1 salário mínimo nem 
superior a 360 salários mínimos. O valor pago será deduzido do 
montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator. (Art. 
12.) 
 
 O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de 
responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, 
frequentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido 
nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado 
a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória. 
(Art. 13) 
 
PENAS aplicadas às PESSOAS JURÍDICAS (Art. 21) 
Prestação de Serviços à Comunidade (Art. 23) 
 custeio de programas e de projetos ambientais; 
 execução de obras de recuperação de áreas degradadas; 
 manutenção de espaços públicos; 
 contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. 
Restritivas de Direitos (Art. 22) 
 suspensão parcial ou total de atividades; 
 interdição temporária de estabelecimento, obra ou 
atividade; 
 proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele 
obter subsídios, subvenções ou doações (Máx. 10 anos). 
Multa 
 
 Notem que tanto pessoas físicas quanto pessoas jurídicas possuem 
penas restritivas de direito e multa. Entretanto, nas penas restritivas de 
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direito há algumas diferenças. Algumas penas restritivas de direitos são 
diferentes e aplicam-se só à Pessoa Jurídica ou só a Pessoa Física. 
 Observem, também, que prestação de serviço à comunidade é um 
tipo de pena restritiva de direito para as pessoas físicas. 
 As bancas examinadoras misturam as penas, e as questões exigem 
o conhecimento de quais penas são aplicadas às pessoas físicas ou às 
pessoas jurídicas. 
 Penas restritivas de liberdade (reclusão/detenção) e a restritiva de 
direito (recolhimento domiciliar) aplicam-se apenas à Pessoa Física, por 
óbvio. 
 Por fim, nas infrações administrativas NÃO cabe nenhuma pena 
restritiva de liberdade. As sanções administrativas são: multa, advertência, 
suspensão, demolição, embargo, cancelamento, proibição... 
 Pessoal, eu sei que para quem nunca estudou essa lei pode ficar meio 
confuso, pode parecer complicado, mas fiquem calmos! Leiam uma vez, 
duas, tentem entender. No final da aula, eu inseri alguns mapas mentais 
sobre as penas, imprimam esses mapas, colem na parede, no espelho do 
banheiro, no guarda-roupa...leiam todos os dias, em poucos minutos é 
possível fazer uma revisão e até o dia da prova já estará tudo memorizado. 
 
 
 Para as Pessoas Jurídicas a pena de proibição de contratar com o 
Poder Público ou receber subsídios, subvenções ou doações não poderá 
exceder o prazo de 10 anos (Art. 22, III e §3º). 
 Já para as Pessoas Físicas a pena de interdição temporária de 
direito consiste na proibição de o condenado contratar com o Poder Público, 
de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de 
participar de licitações, pelo prazo de 5 anos para crime doloso e 3 anos 
para crime culposo. (Art. 10). 
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 O artigo 37 traz as excludentes de ilicitude. Costuma cair muito 
em concurso. 
 Tomem nota: 
NÃO é crime o abate de animal, quando realizado (Art.37): 
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de 
sua família; 
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória 
ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente 
autorizado pela autoridade competente; 
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo 
órgão competente. 
 
ATENÇÃO, pois a Lei nº 13.052, de 2014 alterou o art. 25 da Lei 
9.605/98. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e 
instrumentos, lavrando-se os respectivos autos. 
Os animais serão prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo 
tal medida inviável ou não recomendável por questões sanitárias, 
entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para 
guarda e cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados. Até que 
os animais sejam entregues a essas instituições, o órgão autuante zelará 
para que eles sejam mantidos em condições adequadas de 
acondicionamento e transporte que garantam o seu bem-estar físico. 
Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados 
e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins 
beneficentes. 
Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos 
ou doados a instituições científicas, culturais ou educacionais. 
Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, 
garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem. 
 
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Competência para Julgamento dos Crimes Ambientais 
 
 Em regra, compete à Justiça Estadual julgar as contravenções e os 
crimes ambientais, exceto se o delito for contra bens, serviços ou interesse 
da União, de suas autarquias ou empresas públicas, pois neste caso será 
competência da Justiça Federal - art. 109, IV, da CF/88. 
O entendimento predominante na jurisprudência, do STF e do STJ, é 
de que o interesse da União para atrair a competência da Justiça Federal 
deve ser direto e específico. 
Assim, a competência da Justiça Federal só ocorre quando a infração 
penal é praticada em detrimento de bens, serviços ou interesses da União 
como tal, ou seja, de bens ou serviços que possua, ou de seu interesse 
direto e específico. 
 
 
 Segundo o STJ são situações específicas de competência da Justiça 
Federal: 
 Delito envolvendo espécies ameaçadas de extinção, em termos 
oficiais; 
 Conduta envolvendo ato de contrabando de animais silvestres, peles 
e couros de anfíbios ou répteis para o exterior; 
 Introdução ilegal de espécie exótica no país; 
 Pesca predatória no mar territorial; 
 Crime contra a fauna perpetrado em parques nacionais, reservas 
ecológicas; ou áreas sujeitas ao eminente domínio da Nação; 
 Conduta que ultrapassa os limites de um único estado ou as fronteiras 
do país. 
(STJ: CC 34.689 - SP, Relator Min. Gilson Dipp, julgado em 
22/5/2002.) 
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 Liberação ilegal de organismos geneticamente modificados. 
(STJ: CC 41.301, Relator Min. Gilson Dipp, julgado em 12/5/2004.) 
Para a incidência da norma constitucional (art. 109, IV), basta a 
ofensa direta a bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades 
autárquicas ou empresas públicas. 
Os bens da União estão elencados no art. 20, da Constituição Federal: 
I - os que atualmente lhe pertencem e os quelhe vierem a ser atribuídos; 
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das 
fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à 
preservação ambiental, definidas em lei; 
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu 
domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros 
países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem 
como os terrenos marginais e as praias fluviais; 
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as 
praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as 
que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao 
serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; 
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica 
exclusiva; 
VI - o mar territorial; 
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; 
VIII - os potenciais de energia hidráulica; 
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; 
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-
históricos; 
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. 
 
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 A floresta Amazônica Brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do 
Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira embora sejam 
patrimônio nacional, não se enquadram, por si só, na definição de bens 
da União, e por isso compete à justiça estadual processar e julgar 
contravenções e crimes ambientais nessas áreas. 
 Portanto, não há que confundir patrimônio nacional com bem (ou 
patrimônio) da União. 
 Apenas caberá à justiça federal o crime perpetrado em detrimento de 
bens, serviços ou interesses diretos e específicos da União, ou de suas 
autarquias ou empresas públicas. 
 
 
 Após a edição da Lei 9.605/98, o STJ cancelou a Súmula 91, que 
atribuía à Justiça Federal a competência de processar e julgar os crimes 
praticados contra a fauna. 
 Agora, após o cancelamento da referida Súmula, caso não se 
verifique a hipótese do art. 109, IV da CF/88, a competência para 
processar e julgar tanto os crimes contra a flora quanto contra a 
fauna será da Justiça ESTADUAL. 
 
 
Cooperação Internacional para a Preservação do Meio Ambiente 
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 Resguardados a soberania nacional, a ordem pública e os bons 
costumes, o Governo brasileiro prestará, no que concerne ao meio 
ambiente, a necessária cooperação a outro país, sem qualquer ônus, 
quando solicitado para: 
I - produção de prova; 
II - exame de objetos e lugares; 
III - informações sobre pessoas e coisas; 
IV - presença temporária da pessoa presa, cujas declarações tenham 
relevância para a decisão de uma causa; 
V - outras formas de assistência permitidas pela legislação em vigor ou 
pelos tratados de que o Brasil seja parte. 
 Essa solicitação será dirigida ao Ministério da Justiça, que a 
remeterá, quando necessário, ao órgão judiciário competente para decidir 
a seu respeito, ou a encaminhará à autoridade capaz de atendê-la. 
 Observando a reciprocidade da cooperação internacional, deve ser 
mantido sistema de comunicações apto a facilitar o intercâmbio rápido e 
seguro de informações com órgãos de outros países. 
 Notem que a solicitação é dirigida ao Ministério da Justiça. O ilustre 
Examinador pode colocar Ministério do Meio Ambiente, por exemplo, para 
tentar confundir os desavisados. 
 
 
 
 
 
Princípio da Insignificância (bagatela) 
 
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O princípio da insignificância, de acordo com o glossário jurídico do 
STF, tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, ou 
seja, não considera o ato praticado como um crime, por isso, sua aplicação 
resulta na absolvição do réu e não apenas na diminuição e substituição da 
pena ou não sua não aplicação. 
Para ser utilizado, faz-se necessária a presença de certos requisitos, 
tais como: 
(a) a mínima ofensividade da conduta do agente, 
(b) a ausência de periculosidade social da ação, 
(c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do 
comportamento e 
(d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
Mnemônico para a prova: MARI 
Sua aplicação decorre no sentido de que o direito penal não se deve 
ocupar de condutas que produzam resultado cujo desvalor - por não 
importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes - não represente, 
por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao titular do bem jurídico 
tutelado, seja à integridade da própria ordem social. 
 Há controvérsia na sua aplicação no caso de danos ambientais. No 
entanto, no segundo semestre de 2012, o Supremo Tribunal Federal aplicou 
o princípio da insignificância ou bagatela em um caso de pesca. Abaixo 
colacionamos jurisprudência do STJ e do STF a respeito do tema. 
 
Jurisprudência 
 
PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME AMBIENTAL. PESCA PREDATÓRIA. 
PEQUENA QUANTIDADE DE PESCADO DEVOLVIDO AO HABITAT NATURAL. 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. 
PARTICULARIDADES DO CASO CONCRETO. RELEVÂNCIA PENAL DA 
CONDUTA. CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE. ESPECIAL RELEVO. ORDEM 
DENEGADA. I. Hipótese em que o paciente foi denunciado como incurso 
nas penas do art. 34, parágrafo único, II, da Lei 9.605/98, porque teria 
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sido flagrado pela Polícia Militar de Proteção Ambiental, praticando pesca 
predatória de camarão, com a utilização de petrechos proibidos em período 
defeso para a fauna aquática e sem autorização dos órgãos competentes. 
II. A quantidade de pescado apreendido não desnatura o delito descrito no 
art. 34 da Lei 9.605/98, que pune a atividade durante o período em que a 
pesca seja proibida, exatamente a hipótese dos autos, isto é, em época de 
reprodução da espécie, e com utilização de petrechos não permitidos. III. 
Paciente que, embora não possua carteira profissional de pescador, faz da 
pesca a sua única fonte de renda. IV. Para a incidência do princípio da 
insignificância devem ser considerados aspectos objetivos referentes à 
infração praticada, assim a mínima ofensividade da conduta do agente, a 
ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau de 
reprovabilidade do comportamento, bem como a inexpressividade da lesão 
jurídica causada (HC 84.412/SP, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 
19/11/2004), que não restou demonstrado in casu. V. A Constituição 
Federal de 1988, consolidando uma tendência mundial de atribuir maior 
atenção aos interesses difusos, conferiu especial relevo à questão 
ambiental, ao elevar o meio-ambiente à categoria de bem jurídico tutelado 
autonomamente, destinando um capítulo inteiro à sua proteção. VI. 
Interesse estatal na repreensão da conduta, em se tratando de delito contra 
o meio-ambiente, dada a sua relevância penal. VII. Ordem denegada. 
(STJ - HC: 192696 SC 2010/0226460-0, Relator: Ministro GILSON DIPP, 
Data de Julgamento: 17/03/2011, T5 - QUINTA TURMA, Data de 
Publicação: DJe 04/04/2011) 
 
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PENAL. CRIME DE PESCA EM 
LOCAL PROIBIDO. ART. 34, CAPUT, LEI 9.605/ 1998. PESCA EM LOCAL 
PROIBIDO. PEDIDO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. INCIDÊNCIA DO 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. IRRELEVÂNCIA PENAL DA CONDUTA. 
RECURSO PROVIDO.1. Recorrente foi denunciado como incursos nas 
sanções do art. 34, caput, da Lei n. 9.605/1998, porque teria sido, em 20 
de abril de 2012, surpreendido por Policiais Militares do meio ambiente 
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pescando em local proibido pela Portaria IEF n.º 129, de 10 de setembro 
de 2004, publicado no Diário do Executivo - Minas Gerais, em 11 de 
setembro de 2004; 2. Nessa ocasião, o Recorrente já havia pescado 10 
(dez) peixes, conhecidos popularmente como lambari, totalizando 240 
(duzentos e quarenta) gramas de pescado, apreendidos e, posteriormente, 
descartados. 3. A aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra 
o meio ambiente, reconhecendo-se a atipicidade material do fato, é restrita 
aos casos onde e a conduta do agente expressa pequena reprovabilidade e 
irrelevante periculosidade social. Afinal, o bem jurídico tutelado é a 
proteção ao meio ambiente, direito de natureza difusa assegurado pela 
Constituição Federal, que conferiu especial relevo à questão ambiental. 4. 
Verifica-se que se insere na concepção doutrinária e jurisprudencial de 
crime de bagatela a conduta do Recorrente, surpreendido em atividade de 
pesca com apenas uma vara de pescar retrátil e 240 (duzentos e quarenta) 
gramas de peixe. 5. Recurso ordinário provido para, aplicando-se o 
princípio da insignificância, determinar o trancamento da Ação Penal n.º 
0056.12.012562-2. 
(STJ - RHC: 39578 MG 2013/0241325-5, Relator: Ministra LAURITA VAZ, 
Data de Julgamento: 05/11/2013, T5 - QUINTA TURMA, Data de 
Publicação: DJe 19/11/2013) 
 
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PENAL. CRIME DE PESCA COM 
PETRECHO NÃO PERMITIDO. ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO, INCISO II, DA 
LEI N.º 9.605/98. PEDIDO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. 
INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. 
ANÁLISE DO CASO CONCRETO. IRRELEVÂNCIA PENAL DA CONDUTA. 
RECURSO PROVIDO. 1. A aplicação do princípio da insignificância nos 
crimes contra o meio ambiente, reconhecendo-se a atipicidade material do 
fato, é restrita aos casos onde e a conduta do agente expressa pequena 
reprovabilidade e irrelevante periculosidade social. Afinal, o bem jurídico 
tutelado é a proteção ao meio ambiente, direito de natureza difusa 
assegurado pela Constituição Federal, que conferiu especial relevo à 
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questão ambiental. 2. Verifica-se que se insere na concepção doutrinária e 
jurisprudencial de crime de bagatela a conduta do Recorrente - sem 
antecedentes criminais, a quem não se atribuiu a pesca profissional ou 
reiteração de conduta -, que não ocasionou expressiva lesão ao bem 
jurídico tutelado, já que foi apreendido apenas petrecho (rede), sem, 
contudo, nenhum espécime ter sido retirado do local, o que afasta a 
incidência da norma penal. 3. Recurso ordinário provido para, aplicando-se 
o princípio da insignificância, determinar o trancamento da Ação Penal n.º 
5003126-41.2012.404.7101 . 
(STJ - RHC: 35122 RS 2013/0004163-4, Relator: Ministra LAURITA VAZ, 
Data de Julgamento: 26/11/2013, T5 - QUINTA TURMA, Data de 
Publicação: DJe 09/12/2013) 
 
HABEAS CORPUS. CRIME AMBIENTAL. PESCA EM PERÍODO PROIBIDO. 
APLICAÇÃODO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. 
ESPECIALREPROVABILIDADE DA CONDUTA NO CASO CONCRETO. HABEAS 
CORPUS DENEGADO. 1. A aplicabilidade do princípio da insignificância nos 
crimes contra o meio ambiente, reconhecendo-se a atipicidade material do 
fato, é restrita aos casos onde e a conduta do agente expressa pequena 
reprovabilidade e irrelevante periculosidade social. Afinal, o bem jurídico 
tutelado é a proteção ao meio ambiente, direito de natureza difusa 
assegurado pela Constituição Federal, que conferiu especial relevo à 
questão ambiental. 2. Não se insere na concepção doutrinária e 
jurisprudencial de crime de bagatela a conduta do Paciente, pescador 
profissional, que foi surpreendido pescando com petrecho proibido em 
época onde a atividade é terminantemente vedada. Há de se concluir, como 
decidiram as instâncias ordinárias, pela ofensividade da conduta do réu, a 
quem se impõe maior respeito à legislação ambiental, voltada para 
preservação da matéria prima de seu ofício. 3. E, apesar de terem sido 
apreendidos apenas 05 kg (cinco quilos) de peixe, nos termos da 
jurisprudência desta Corte Superior: "A quantidade de pescado apreendido 
não desnatura o delito descrito no art. 34 da Lei 9.605/98, que pune a 
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atividade durante o período em que a pesca seja proibida, exatamente a 
hipótese dos autos, isto é, em época de reprodução da espécie, e com 
utilização de petrechos não permitidos." (HC 192696/SC, 5.ª Turma, Rel. 
Min. GILSON DIPP, DJe de04/04/2011.) 4. Ordem de habeas corpus 
denegada. 
(STJ - HC: 192486 MS 2010/0225552-4, Relator: Ministra LAURITA VAZ, 
Data de Julgamento: 18/09/2012, T5 - QUINTA TURMA, Data de 
Publicação: DJe 26/09/2012) 
 
AÇÃO PENAL. Crime ambiental. Pescador flagrado com doze camarões e 
rede de pesca, em desacordo com a Portaria 84/02, do IBAMA. Art. 34, 
parágrafo único, II, da Lei nº 9.605/98. Rei furtivae de valor insignificante. 
Periculosidade não considerável do agente. Crime de bagatela. 
Caracterização. Aplicação do princípio da insignificância. Atipicidade 
reconhecida. Absolvição decretada. HC concedido para esse fim. Voto 
vencido. Verificada a objetiva insignificância jurídica do ato tido por 
delituoso, à luz das suas circunstâncias, deve o réu, em recurso ou habeas 
corpus, ser absolvido por atipicidade do comportamento. 
(STF - HC: 112563 DF , Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Data de 
Julgamento: 21/08/2012, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-241 
DIVULG 07-12-2012 PUBLIC 10-12-2012) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Reparação do Dano Ambiental 
 
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O dano ambiental constitui atividade lesiva ao meio ambiente, 
acarretando a depreciação dos recursos naturais que o compõem. Segundo 
Edis Milaré, “é a lesão aos recursos ambientais, com consequente 
degradação - alteração adversa ou in pejus - do equilíbrio ecológico e da 
qualidade de vida”. 
Os recursos ambientais são, nos termos do inc. V, do art. 3º, da Lei 
nº 6.938/1981, a atmosfera, as águas interiores, superficiais e 
subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os 
elementos da biosfera, a fauna e a flora. 
O dano ambiental, como o de qualquer outra espécie, enseja a 
responsabilidade do causador, ficando este obrigado a repará-lo. 
As previsões legislativas precursoras, que servem de fundamento 
para essa responsabilização na esfera ambiental, fundamentam-se na Lei 
nº 6.938/1981 (que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente), por 
dispor sobre a obrigação de o degradador responder pelos danos causados. 
O § 3º do art. 225 da Constituição Federal dispõe que a 
responsabilização, tanto da pessoa física como da jurídica, pelas condutas 
e atividades consideradas nocivas ao meio ambiente poderá se dar nas 
esferas administrativa, penal e civil, de forma independente e cumulativa. 
A reparação do dano ambiental pode ocorrer por meio da restauração 
natural e pela indenização pecuniária ou compensação econômica. 
A restauração natural consiste em uma obrigação de fazer, enquanto 
queo pagamento da indenização constitui uma obrigação de dar. A 
obrigação de não fazer existe, mas entende a doutrina que esta se 
apresenta de forma contígua, pois sempre que se pretender impor a 
cessação de uma atividade danosa é postulada conjuntamente a execução 
de uma prestação positiva, até porque de nada adiantaria a reparação do 
dano se o mesmo continuasse a ocorrer. 
É perfeitamente possível condenar o responsável pelo dano ecológico 
a cumprir cumulativamente a obrigação de dar e a de fazer, porque os 
pedidos têm fundamento diverso, inexistindo bis in idem. 
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O art. 225 da Constituição e a Lei 6.938/81 consagram o princípio da 
reparação in integrum, consistente nos deveres de restaurar e reparar 
danos ambientais, de forma objetiva, sem a exigência de prova de culpa e 
independentemente de eventuais sanções penal e administrativa cabíveis. 
Finalmente, não se podem esquecer as ações judiciais úteis para a 
obtenção em juízo da reparação do dano ambiental, tais como a ação civil 
pública, a ação popular e o mandado de segurança coletivo. 
A jurisprudência do STJ é unânime no sentido de que a lesão ao meio 
ambiente deve ser reparada na sua integralidade. 
 
PROCESSO CIVIL. DIREITO AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA 
TUTELA DO MEIO AMBIENTE. OBRIGAÇÕES DE FAZER, DE NÃO FAZER E 
DE PAGAR QUANTIA. POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DE PEDIDOS ART. 
3º DA LEI 7.347/85. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA. ART. 225, § 3º, DA 
CF/88, ARTS. 2º E 4º DA LEI 6.938/81, ART. 25, IV, DA LEI 8.625/93 E 
ART. 83 DO CDC. PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO, DO POLUIDOR-PAGADOR E 
DA REPARAÇÃO INTEGRAL. 
1. O sistema jurídico de proteção ao meio ambiente, disciplinado em 
normas constitucionais (CF, art. 225, 3º) e infraconstitucionais (Lei 
6.938/81, arts. 2º e 4º), está fundado, entre outros, nos princípios da 
prevenção, do poluidor-pagador e da reparação integral. Deles decorrem, 
para os destinatários (Estado e comunidade), deveres e obrigações de 
variada natureza, comportando prestações pessoais, positivas e negativas 
(fazer e não fazer), bem como de pagar quantia (indenização dos danos 
insuscetíveis de recomposição in natura), prestações essas que não se 
excluem, mas, pelo contrário, se cumulam, se for o caso. 
2. A ação civil pública é o instrumento processual destinado a propiciar a 
tutela ao meio ambiente (CF, art. 129, III). Como todo instrumento, 
submete-se ao princípio da adequação, a significar que deve ter aptidão 
suficiente para operacionalizar, no plano jurisdicional, a devida e integral 
proteção do direito material. Somente assim será instrumento adequado e 
útil. 
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3. É por isso que, na interpretação do art. 3º da Lei 7.347/85 ("A ação civil 
poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de 
obrigação de fazer ou não fazer"), a conjunção “ou” deve ser considerada 
com o sentido de adição (permitindo, com a cumulação dos pedidos, a 
tutela integral do meio ambiente) e não o de alternativa excludente (o que 
tornaria a ação civil pública instrumento inadequado a seus fins). É 
conclusão imposta, outrossim, por interpretação sistemática do art. 21 da 
mesma lei, combinado com o art. 83 do Código de Defesa do Consumidor 
("Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código 
são admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua 
adequada e efetiva tutela.") e, ainda, pelo art. 25 da Lei 8.625/1993, 
segundo o qual incumbe ao Ministério Público “IV - promover o inquérito 
civil e a ação civil pública, na forma da lei: a) para a proteção, prevenção 
e reparação dos danos causados ao meio ambiente (...)”. 
4. Exigir, para cada espécie de prestação, uma ação civil pública autônoma, 
além de atentar contra os princípios da instrumentalidade e da economia 
processual, ensejaria a possibilidade de sentenças contraditórias para 
demandas semelhantes, entre as mesmas partes, com a mesma causa de 
pedir e com finalidade comum (medidas de tutela ambiental), cuja única 
variante seriam os pedidos mediatos, consistentes em prestações de 
natureza diversa. A proibição de cumular pedidos dessa natureza não existe 
no procedimento comum, e não teria sentido negar à ação civil pública, 
criada especialmente como alternativa para melhor viabilizar a tutela dos 
direitos difusos, o que se permite, pela via ordinária, para a tutela de todo 
e qualquer outro direito. 
5. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido. 
(REsp 605323/MG, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, Rel. p/ Acórdão Ministro 
TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, DJ 17/10/2005 p. 179). 
 
Ausência de bis in idem 
 
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Na linha do estatuído no texto constitucional, o art. 4º da Lei 
6.938/1981 dispõe que a Política Nacional do Meio Ambiente visará, entre 
outras medidas: VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação 
de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da 
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. 
Por sua vez, o art. 14, § 1º, da referida lei estabelece a 
responsabilidade objetiva do poluidor da seguinte forma: “Sem obstar a 
aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, 
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos 
causados ao meio ambiente e a terceiros , afetados por sua atividade. O 
Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor 
ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio 
ambiente.” 
Convém frisar que os deveres de indenização e recuperação 
ambientais não são “pena”, mas providências ressarcitórias de natureza 
civil que buscam, simultânea e complementarmente, a restauração do 
status quo ante da biota afetada e a reversão à coletividade dos benefícios 
econômicos auferidos com a utilização ilegal e individual de bem que, nos 
termos do art. 225 da Constituição, é “de uso comum do povo”. 
A reparação ambiental deve ser feita da forma mais completa 
possível, de modo que a condenação a recuperar a área lesionada não 
exclui o dever de indenizar, sobretudo pelo dano que permanece entre a 
sua ocorrência e o pleno restabelecimento do meio ambiente afetado (= 
dano interino ou intermediário), bem como pelo dano moral coletivo e pelo 
dano residual (= degradação ambiental que subsiste, não obstante todos 
os esforços de restauração). 
Com efeito, vimos acima, vigora em nosso sistema jurídico o princípio 
da reparação integral do dano ambiental juntamente com o princípio do 
poluidor-pagador, a estatuir a responsabilização por todos os efeitos 
decorrentes da conduta lesiva, incluindo o prejuízo suportado pela 
sociedade, até que haja completa e absoluta recuperação in natura do bem 
lesado. 
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Se a recuperação é imediata e plena, não há, como regra, falar em 
indenização. Contudo, hipóteses existem em que a recuperação é lenta e 
leva muitos anos, quando não é parcialmente irreversível. Em tais 
situações, poderá haver um remanescente de prejuízo coletivo (e até 
individual), naquele primeiro caso até o completo retorno ao status quo 
ante ecológico. 
O princípio da reparação integral deve conduziro meio ambiente e a 
sociedade a uma situação na medida do possível equivalente à de que 
seriam beneficiários se o dano não tivesse sido causado. 
Nesse sentido, a reparação integral do dano ao meio ambiente deve 
compreender não apenas o prejuízo causado ao bem ou recurso ambiental 
atingido, como também, toda a extensão dos danos produzidos em 
consequência do fato danoso, o que inclui os efeitos ecológicos e ambientais 
da agressão inicial a um bem ambiental corpóreo que estiverem no mesmo 
encadeamento causal, como, por exemplo, a destruição de espécimes, 
habitats, e ecossistemas inter-relacionados com o meio afetado; os 
denominados danos interinos, vale dizer, as perdas de qualidade ambiental 
havidas no interregno entre a ocorrência do prejuízo e a efetiva 
recomposição do meio degradado; os danos futuros que se apresentarem 
como certos, os danos irreversíveis à qualidade ambiental e os danos 
morais coletivos resultantes da agressão a determinado bem ambiental. 
Importante mais uma vez salientar que não há bis in idem, pois a 
indenização não é para o dano especificamente já reparado, mas para os 
seus efeitos, especialmente a privação temporária da fruição do patrimônio 
comum a todos os indivíduos, até sua efetiva recomposição. 
A partir da compreensão de que o dano ambiental tem uma dimensão 
material a que se encontram associados danos extrapatrimoniais, que 
abarcam os danos morais coletivos, a perda pública decorrente da não 
fruição do bem ambiental, e a lesão ao valor de existência da natureza 
degradada, importa definir diferentes formas de reparação para cada classe 
de danos. 
 
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Formas de Reparação do Dano Ambiental 
 
 RESTAURAÇÃO NATURAL: 
 Recuperação in natura ou restauração ecológica; 
 Compensação Ecológica ou ambiental. 
 
 COMPENSAÇÃO ECONÔMICA ou INDENIZAÇÃO PECUNIÁRIA 
 
Restauração Natural 
 
A prioridade do sistema de reparação é a restauração natural, isto é, 
busca-se o retorno ao status quo ante do meio ambiente. 
A intenção do legislador é colocar em primeiro plano a recomposição 
do dano ambiental; apenas quando esta for inviável haverá a indenização, 
conforme o previsto no inciso VII do art. 4º da Lei nº. 6.938/1981, que 
dispõe a obrigação do degradador de “recuperar e/ou indenizar os danos 
causados”. Essa também deve ser a interpretação quanto ao disposto no 
§1º12 do art. 14 da lei referida. 
 
“A Política Nacional do Meio Ambiente visará: à imposição, ao poluidor e ao 
predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, 
ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins 
econômicos.” Art. 4º, VII da Lei 6.938/81. 
 
“Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor 
obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou 
reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por 
sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade 
para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados 
ao meio ambiente.” Art. 14, § 1º da Lei 6.938/81. 
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Faz-se necessário estabelecer a distinção entre as duas formas 
de restauração possíveis: a recuperação in natura ou restauração 
ecológica, e a compensação ecológica ou ambiental. 
 
Restauração: 
 Recuperação in natura ou restauração ecológica; 
 Compensação Ecológica ou ambiental. 
 
Recuperação In Natura ou Restauração Ecológica 
 
Trata-se da atividade voltada justamente para reabilitação dos bens 
naturais da área que foi originariamente degradada. É a recuperação in situ 
(no local), forma ideal e completa de reparação. 
A recuperação in natura, feita mediante a imposição de obrigações 
de fazer, buscará a recuperação da capacidade funcional do ambiente 
degradado, por meio da reconstituição de ecossistemas e habitats 
comprometidos e que estavam em desequilíbrio ecológico devido à lesão. 
Em grande parte dos casos será possível a aplicação da reparação in 
natura e da compensação ecológica, devendo a primeira ser a opção 
principal. Apenas quando for impossível tal recuperação é que se deve 
optar por medidas compensatórias. 
Uma vez imposto o dever da recuperação in natura do dano 
ambiental, esta deve ser realizada de acordo com as normas técnicas 
exigidas pelo órgão público competente (§ 2º do art. 225 da Constituição 
Federal). Necessária se faz a apresentação de um plano de recuperação da 
área degradada, a fim de viabilizar a medida e torná-la mais eficiente. 
 
Compensação Ecológica ou Ambiental 
 
A reparação do dano ambiental deverá ser realizada pela 
compensação ecológica quando a recuperação in natura for impossível 
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(danos irreversíveis, não retorno ao status quo ante) ou desproporcional 
(desigualdade entre custo e benefício). 
A compensação ecológica tem por objetivo a reconstituição da 
integridade e funcionalidade do meio ambiente, mas como um efeito 
ecológico equivalente, através de recuperação de área distinta daquela 
degradada. 
Compensa-se o patrimônio ambiental com outro equivalente. Sendo 
irreversível o dano ecológico na área lesada, o propósito é trocar a 
recuperação in situ pela compensação ecológica de área similar, 
contribuindo para a permanência da qualidade ambiental do todo, de modo 
que o patrimônio natural permaneça quantitativa e qualitativamente 
inalterado. 
Seus fundamentos decorrem do caráter global e unitário (sistêmico) 
do meio ambiente, pressupondo que o dano a uma parte incide sobre o 
todo e, portanto, a recuperação de uma parcela importa na melhoria da 
totalidade. 
Da mesma forma que a recuperação in natura, a compensação 
ecológica para ser posta em prática deve ser precedida de um projeto 
técnico (caráter interdisciplinar), expedido pelo órgão público competente, 
de acordo com as exigências legais (§ 2º, do art. 225 da Constituição 
Federal). 
Não sendo possível o restabelecimento das condições ecológicas 
anteriores ao evento danoso através da recuperação in situ, e se não for 
possível a aplicação da compensação ecológica, o ressarcimento deverá ser 
feito através de indenização pecuniária. 
 
 
Compensação Econômica ou Indenização pecuniária 
 
Em caráter residual, a indenização pecuniária será a última hipótese 
para reparação do dano ambiental. 
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Atribuir um valor econômico aos bens ambientais tem sido uma 
dificuldade dos aplicadores do direito. Porém sua conversão monetária para 
fins de indenização pecuniária não deve deixar de ser feita, para que não 
subsista a impunidade. 
 
 
 Pessoal, essa parte teórica precisa estar muito bem assimilada. 
Leiam, releiam, façam anotações. Vocês precisam memorizar o art. 3º da 
Lei 9.605/98 e o art. 225, §3º da CF/88. Além disso, é preciso diferenciar 
penas aplicadas às Pessoas Físicas e às Pessoas Jurídicas, saibam quais são 
as atenuantes e agravantes, além das excludentes de ilicitude. Leiam várias 
vezes os capítulos I, II, III e IV da Lei 9.605/98. 
 Fiquem de olho nos aspectos doutrinários e também jurisprudenciais. 
Há bastante jurisprudência sobre crimes ambientais. Inclusive no segundo 
semestre de 2012, o STFaplicou o princípio da insignificância ou bagatela 
em um caso de pesca. É bom ficar antenado, pois as Bancas Examinadoras 
adoram jurisprudência. 
 
 
 
 
 
 
Questões comentadas 
 
1 - (Cespe/UnB - Juiz - TJ-PB - 2011) 
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As sanções penais aplicáveis às pessoas físicas pela prática de 
crimes ambientais são as penas restritivas de direitos e multa, mas 
não, as privativas de liberdade. 
 
Errado. 
 As penas aplicadas as pessoas físicas são: 
 privativa de liberdade; 
 restritiva de direitos; e 
 multa. 
 
2 - (Cespe/UnB - Juiz - TJ-PB - 2011) 
Por se tratar de ente fictício, a pessoa jurídica não pode ser sujeito 
ativo dos crimes ambientais. 
 
Errado. 
 Pode sim! Questão mais batida sobre crimes ambientais. 
 Sobre a responsabilidade da pessoa jurídica há três correntes 
doutrinárias. Entretanto, a teoria mais aceita e adotada pelas bancas de 
concursos é a de que a pessoa jurídica pode cometer crime, inclusive esse 
tem sido o entendimento do STJ. 
 De forma direta, para a prova objetiva de concurso, as pessoas 
jurídicas têm capacidade de culpabilidade e de sanção penal. Obviamente, 
não há para a pessoa jurídica pena privativa de liberdade, para essas 
pessoas a Lei 9.605/98 prevê outras sanções (Artigos 21, 22, 23, e 24 da 
Lei 9.605/98). 
 Afirmem tranquilamente na prova que as pessoas jurídicas podem 
responder por crimes ambientais, com fundamento no art. 3º da Lei 
9.605/98 e no art. 225,§3º da CF/88. 
 As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, 
civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a 
infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou 
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contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua 
entidade.(Art. 3º da Lei 9.605/98). 
 Além disso, a CF/88 prevê a possibilidade de responsabilização da 
pessoa física e jurídica nas esferas administrativa, civil e penal, 
conforme art. 225,§3º da CF/88. É uma tríplice responsabilização. 
 
3 - (Cespe/UnB - Juiz - TJ-PB - 2011) 
Incidem nas penas previstas em lei, na medida de sua 
culpabilidade, as pessoas que, tendo conhecimento da conduta 
criminosa de alguém contra o ambiente e podendo agir para evitá-
la, deixem de impedir sua prática. 
 
Certo. 
 Art. 2º da Lei 9.605/98. Omissão penalmente relevante. 
"Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos 
nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua 
culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho 
e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de 
pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de 
impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la." 
 
4 - (Funiversa - Auditor Fiscal de Atividades Urbanas - Controle 
Ambiental - SEPLAG-DF - 2011) 
Uma madeireira, por decisão unânime de sua diretoria, resolve 
cortar árvores de área de preservação permanente e vender toda a 
madeira cortada, com obtenção de vantagem patrimonial 
incorporada ao patrimônio da empresa. 
Acerca dessa situação hipotética e com base na proteção penal do 
meio ambiente prevista na Lei n.º 9.605/1998, assinale a 
alternativa correta em relação à responsabilização criminal. 
(A) A madeireira não pode ser responsabilizada criminalmente. 
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(B) Os diretores da madeireira não podem ser responsabilizados 
criminalmente. 
(C) Só a madeireira pode ser responsabilizada criminalmente. 
(D) Tanto a madeireira quanto seus diretores estão amparados por 
lei, pois não há crime ambiental na situação em exame. 
(E) A madeireira e os seus dirigentes poderão ser responsabilizados 
criminalmente. 
 
Gabarito: E. 
 Uma vez que a infração foi cometida por decisão da diretoria e, além 
disso, a empresa obteve benefício com o crime, certamente a madeireira e 
os seus dirigentes poderão ser responsabilizados, de acordo com os artigos 
2º e 3º da Lei de Crimes Ambientais. 
 A empresa e a diretoria responderiam por crime contra a flora, 
conforme disposto no art. 38 da Lei 9.605/98. 
 "Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação 
permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das 
normas de proteção: 
 Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
 Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à 
metade." 
 
5 - (CESPE - Advogado - AGU - 2009) 
As pessoas físicas e as jurídicas estão sujeitas às mesmas sanções 
penais decorrentes da prática de crime ambiental, quais sejam: 
penas privativas de liberdade, restritivas de direito e multas. 
 
Errado. 
 As penas das pessoas físicas e das pessoas jurídicas não são iguais, 
por isso o item está errado. 
 As penas aplicadas às pessoas físicas são: 
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 privativa de liberdade; 
 restritiva de direitos; e 
 multa. 
 
 Já as penas aplicadas às pessoas jurídicas são: 
 prestação de serviços à comunidade; 
 restritiva de direitos; e 
 multa. 
 Para pessoa jurídica NÃO cabe pena privativa de liberdade! 
 
6 - (CESPE - Advogado - IBRAM-DF - 2009) 
A pessoa jurídica poderá ser responsabilizada penalmente pela 
prática de crime ambiental, estando sujeita a pena de prestação de 
serviços à comunidade. 
 
Certo. 
 Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente 
às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são: 
I - multa; 
II - restritivas de direitos; 
III - prestação de serviços à comunidade. 
 
7 - (CESPE - Delegado de Polícia - PC-TO - 2008) 
Considere que um fazendeiro, nos limites de sua propriedade rural, 
abata espécime da fauna silvestre brasileira sem autorização do 
órgão competente, visando proteger seu rebanho da ação 
predatória do animal. Nessa situação, o fato é atípico, pois a 
legislação ambiental expressamente prevê essa excludente. 
Errado. 
 É fato típico e depende de autorização da autoridade competente. 
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado: 
82539546897
Direito Ambiental 
Delegado Polícia Civil PE 
Prof. Rosenval Júniorʹ Aula 04 
 
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I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de 
sua família; 
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória 
ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente 
autorizado pela autoridade competente; 
III – (VETADO) 
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo 
órgão competente. 
 
8 - (CESPE - OAB - Primeira Fase - Jun/2010) 
Não constitui crime o abate de animal quando realizado, entre 
outras hipóteses, em estado de necessidade, para saciar a fome do 
agente ou de sua família. 
 
Certo. Art. 37 da Lei de crimes ambientais. 
 Não é crime o abate de animal, quando realizado: 
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou 
de sua família; 
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória 
ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente 
autorizado pela autoridade competente; 
III – (VETADO) 
IV

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