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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO – UNICID NATHALIA DIAS FUNARI TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES São Paulo/SP 2019 NATHALIA DIAS FUNARI TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Direito, da Universidade Cidade de São Paulo - UNICID como requisito para a obtenção do grau de bacharel. Orientador: Profº Dr. Maurício Lazzarin São Paulo/SP 2019 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho primeiramente а Deus, por permitir minha caminhada até aqui, dedico também ao meu pai Wellington, minha mãe Kátia, aos meus avós, meu noivo Lucas e toda minha família. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por me dar saúde e força para superar todas as dificuldades enfrentadas durante esta jornada. Aos meus pais, por todo o amor que me deram, além do apoio, educação e esforços feitos para que eu pudesse chegar até aqui. Ao meu noivo, pela paciência que teve comigo no decorrer do curso e que sempre me incentivou a nunca desistir. A esta faculdade e todo seu corpo docente, além da direção e administração que me proporcionara as condições necessárias para que eu alcançasse meus objetivos. Ao meu orientador Maurício Lazzarin, por todo o tempo que dedicou a me ajudar durante o processo de realização deste trabalho, embora sua jornada fosse complicada. E enfim, a todos que contribuíram para que este trabalho pudesse ser realizado, seja de forma direta e indireta, fica registrado aqui o meu muito obrigada! RESUMO O presente trabalho visa mostrar um estudo sobre o tráfico de animais silvestres, seja ele nacional ou internacional. Partindo da observação de que as penas são brandas, além de não ser tratado com a devida importância, pois não há mudanças na Lei e os praticantes normalmente saem impunes do ato infracional cometido. O formato escolhido fora a utilização do método Qualitativo e se apoiando em revisão bibliográfica, sendo demonstrado em seu decorrer como foi originado esse tráfico de animais no Brasil, demonstrando suas rotas e principais animais traficados, as medidas tomadas e órgãos responsáveis. Com tal trabalho, é esperado que os leitores percebam a importância real em tratar do referido assunto com mais seriedade e que esse crime precisa ser combatido com maior penalidade e mais visibilidade. Palavras-chave: Tráfico de animais silvestres; importância; Leis, mais visibilidade. ABSTRACT This school paper shows the study about the wildlife trafficking, national or international. Starting from the observation that the feathers are soft, in addition to not being treated with due importance, as there are no changes in the law and practitioners usually get away with the offense committed. The format selected is the utilization of qualitative method and relying on bibliographic review, demonstrating in it’s course how this animal trafficking originated in Brazil, showing it’s routes and main trafficked animals, the measures taken and the responsible organs. With this school paper, readers are expected to realize the real importance of treating the issue more seriously and that this crime needs to be tackled with greater penalty and more visibility. Key-words: Wildlife trafficking; importance; Law, more visibility. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS § - parágrafo Art. – artigo P. – página Nº - número SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO ................................................................................................11 2 – CONCEITO DE DIREITO AMBIENTAL E A FAUNA......................................13 2.1 - Princípios do que regem o Direito Ambiental......................................13 2.1.1 - Princípio da Solidariedade Intergeracional............................14 2.1.2 - Princípio da Obrigatoriedade da Proteção Ambiental..........15 2.1.3 – Princípio da Participação........................................................15 2.1.4 – Princípio da Cooperação Internacional.................................15 2.2 - Conceito Etimológico de Fauna............................................................16 2.3 - Conceito Doutrinário de Fauna.............................................................16 2.4 - Natureza Jurídica da Fauna...................................................................17 2.5 - Principais causas de extinção das espécies de animais silvestres..18 3 - DO TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES...........................................................18 3.1 - Dos crimes contra a fauna brasileira.................................................... 3.2 - Do tráfico nacional e internacional de animais silvestres..................20 3.3 - Principais rotas do tráfico.....................................................................22 3.4 - Das práticas de tortura para o tráfico dos animais.............................25 4 - ATUAÇÃO DO PODER PÚBLICO NO COMBATE AO TRÁFICO DE ANIMAIS.26 4.1 - Órgãos de proteção ambiental no Brasil.............................................26 4.1.1 – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio..................................................................................................27 https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124490 https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124492 https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124493 https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124495 https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124505 https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124506 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Silvestres – CETAS........... 4.1.5 - Polícia Militar Ambiental..........................................................29 4.2 - Cooperações Internacional Para A Preservação Do Meio Ambiente.30 4.3 - Criação do Código Nacional da Fauna Silvestre................................32 4.4 - Conscientização da população sobre a extinção das espécies devido ao tráfico de animais......................................................................................33 5 - A EFICÁCIA DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NO COMBATE (AO CRIME) E PUNIÇÃO (DOS CRIMINOSOS) NO TRÁFICO DE ANIMAIS..................................34 5.1 - Análise das legislações brasileiras atuais..........................................34 5.1.1 - Comparação entre o artigo 29 da Lei 9.605/98 e o artigo 180, Caput do Código Penal......................................................................35 5.1.2 - Artigo 30 da Lei 9.605/98........................................................37 5.2 - Da Infração Administrativa na Lei 9.605/98........................................39 5.2.1 - Advertência..............................................................................41 5.2.2 - Multa.........................................................................................41 5.2.3 - Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, objetos e equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração.........................................43 5.2.4 - Destruição ou inutilização do produto..................................43 5.3 - As penas comidas são condizentes com os crimes praticados?....44 6 - CONCLUSÃO.......................................................................................................45 https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124517 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http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10615757/artigo-180-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124527 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11334628/artigo-30-da-lei-n-9605-de-12-de-fevereiro-de-1998 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1036358/lei-de-crimes-ambientais-lei-9605-98 https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124530 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1036358/lei-de-crimes-ambientais-lei-9605-98 https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124531 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https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124543 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................47 11 1- INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como finalidade compreender o funcionamento do Direito Ambiental em relação ao crime de Tráfico de Animais Silvestres, visando o conhecimento aprofundado das relações do Direito Ambiental com o crime acima citado. A sociedade tem como direito e dever a proteção do meio ambiente, e não somente a atuação estatal tem, de certa forma, responsabilidade com isso, pois todos dependem do meio ambiente para a própria existência. O trabalho que se segue terá como foco os Crimes contra a Fauna, em específico o Tráfico de Animais Silvestres, contidos na Lei 9.605/1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais. Nosso país é considerado como o que possui maior biodiversidade devido ao seu ecossistema, pois possui grandes áreas territoriais com diversos biomas, por este motivo que o Brasil está entre os principais países do mundo onde ocorre a comercialização e exportação de espécies da fauna silvestre de maneira ilegal. Pode ser considerada como a grande ameaça à biodiversidade brasileira a ação humana, tendo como principal meio o tráfico de animais, crime que abastece o mercado internacional com espécies raras de animais silvestres que, quanto mais ameaçados de extinção, mais valor comercial possuem. Tal atividade atinge a fauna brasileira com o passar dos anos e algumas espécies correm sério risco de extinção. 12 É necessário que haja uma fiscalização mais eficaz com o aumento da quantidade de guardas ambientais. Cabe ao Governo a divulgação e ensino de educação ambiental em todas as escolas, como diz o Princípio da Educação Ambiental queestá no artigo 1ª da Lei nº 6938/81, conhecida como Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, com a finalidade para que o comércio ilegal não seja estimulado. “Art 1º - Esta lei, com fundamento nos incisos VI e VII do art. 23 e no art. 235 da Constituição, estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e institui o Cadastro de Defesa Ambiental.” Atualmente, o comércio ilegal de animais é o maior negócio clandestino do mundo atual, estando interligado com problemas financeiros, educacionais e culturais da população, devido à falta de opções econômicas, fazendo com que tal comércio seja um complemento de suas rendas ou a sua única fonte de renda. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art23vi http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art23vii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art23vii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art225 13 2 – CONCEITO DE DIREITO AMBIENTAL E A FAUNA Segundo o Professor Tycho Brahe Fernandes Neto temos como conceito de Direito Ambiental o “conjunto de normas e princípios editados objetivando a manutenção de um perfeito equilíbrio nas relações do homem com o meio ambiente”. (MACHADO, Paulo Affonso Leme, 2014). Nesta mesma doutrina, o autor cita que o Direito Ambiental “é um Direito sistematizador, que faz a articulação da legislação, da doutrina e da jurisprudência concernentes aos elementos que integram o ambiente”. O conceito de fauna é, basicamente, o conjunto de espécies animais de um determinado país ou região, tendo como animal silvestre o da selva como o não domesticado. A Constituição Federal Brasileira de 1988 incluiu o tema “fauna” como competência da União e dos Estados, conforme consta em seu artigo 24, inciso VI: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;” (BRASIL, 1988) 2.1 – Princípios que Regem o Direito Ambiental Princípios são “normas jurídicas impositivas de uma optimização, compatíveis com vários graus de concretização, consoante os condicionalismos fáticos e jurídicos. Permitem o balanceamento de valores e interesses (não obedecem, como as regras, á ‘lógica do tudo ou nada’), consoante o seu peso e https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124490 14 ponderação de outros princípios eventualmente conflitantes”. São padrões “juridicamente vinculantes radicados nas exigências de “justiça” (Dworkin) ou na “ideia de direito” (Larenz)” (p. 1034 – 1035, CANOTILHO, José Joaquim Gomes) O Direito Ambiental possui vários princípios, os quais possuem a finalidade básica de proteger a vida em qualquer forma que ela esteja presente, e para garantir a existência dos seres humanos e próximas gerações. São princípios que regem o Direito Ambiental o “princípio do Meio Ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental”, “princípio da solidariedade intergeracional”, “princípio da natureza publica da proteção ambiental”, “ princípio do desenvolvimento sustentável”, “princípio do poluidor pagador”, “princípio do usuário pagador”, “princípio da prevenção e precaução”, princípio da participação”, princípio da ubiquidade ou transversalidade”, “princípio da cooperação internacional” e “ princípio da função socioambiental da propriedade”. Tais princípios estão enquadrados no artigo 225 da Constituição Federal. 2.1.1 – Princípio da Solidariedade Intergeracional Conforme consta no artigo 225 da Constituição Federal: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. (BRASIL, 1988) Fundamenta que todos devem cuidar para que o meio ambiente não seja desequilibrado, ou seja, se os animais silvestres que vivem nele e dependem dele 15 para sobreviver forem extintos, todos sairão prejudicados, tanto nessa geração quanto as próximas. 2.1.2 – Princípio da Obrigatoriedade da Proteção Ambiental Ainda com base no artigo 225 da Constituição Federal, que fora citado anteriormente, o Princípio da Obrigatoriedade da Proteção Ambiental é dever irrenunciável do Poder Público para que atue como garantidor da proteção do meio ambiente. Tal princípio é aplicado tanto à propriedade rural quanto à urbana, tendo a propriedade como função socioambiental a exigência de que a mesma seja gerida de forma que não afete a preservação ambiental. 2.1.3 – Princípio da Participação Através deste princípio, a população deve ajudar com a preservação ambiental, pois o mesmo cita o envolvimento de toda a sociedade nas questões ambientais como sendo exercício de cidadania. Ele se manifesta das mais variadas formas, fazendo com que a sociedade tenha responsabilidade pela preservação do meio ambiente, na fauna e na flora ambiental. 2.1.4 – Princípio da Cooperação Internacional O referido princípio mostra que deve haver colaboração entre os Estados para que ocorra a preservação do meio ambiente. 16 O primeiro texto normativo que cita tal princípio foi a Declaração de Estocolmo, criada no ano de 1972, onde cita em seu Princípio 24: “Todos os países, grandes e pequenos, devem ocupar-se com espírito e cooperação e em pé de igualdade das questões internacionais relativas à proteção e melhoramento do meio ambiente. É indispensável cooperar para controlar, evitar, reduzir e eliminar eficazmente os efeitos prejudiciais que as atividades que se realizem em qualquer esfera, possam Ter para o meio ambiente,, mediante acordos multilaterais ou bilaterais, ou por outros meios apropriados, respeitados a soberania e os interesses de todos os estados”, tal proteção deveria ser imposta através de tratados, acordos ou qualquer outro meio eficaz desde que, respeitados e resguardados a soberania e o interesse dos Estados”. (ONU, 1972) 2.2 - Conceito Etimológico de Fauna Pode-se considerar “fauna” em seu conceito etimológico como palavra originária do Latim “fauna,ae”, irmã e mulher do Fauno que era considerado na mitologia romana como deus protetor dos rebanhos e dos pastores, também conhecido como demônio dos campos e florestas. Porém, segundo o dicionário Michaelis, fauna é “conjunto de espécies animais de um país, região, distrito, estação ou, ainda, período geológico”. (2008) 2.3 – Conceito Doutrinário de Fauna Do ponto de vista de Paulo Affonso Leme Machado, “A fauna pode ser conceituada como conjunto de espécies animais de um determinado país ou região.” (p. 938, 2014). https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124505 17 Já Celso Antonio Pacheco Fiorillo cita que a Constituição Federal Brasileira de 1988, em seu artigo 225, §1º, inciso VII, não delimitou um conceito para fauna, devido a tal fato o autor cita o artigo 1º da Lei nº 5.197/67, conhecida como Lei de Proteção à Fauna: “Art. 1º - Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha”. (BRASIL, 1967) 2.4 – Natureza Jurídica da Fauna O Professor Paulo AffonsoLeme Machado conceitua que o meio ambiente é um bem coletivo que deve ser desfrutado individualmente e de modo geral ao mesmo tempo, sendo o meio ambiente de cada pessoa, porém não exclusivamente dela, ou seja, é, ao mesmo tempo, transindividual. Tendo como base o citado acima, podemos dizer que o meio ambiente compreende todas as coisas vivas e não-vivas existentes no planeta, as quais afetam a vida dos seres e ecossistemas que nela vivem, tratando-se de um bem difuso. O Direito Ambiental pode adequar-se à categoria de interesse difuso, pois não se baseia em uma só pessoa, mas para uma coletividade indeterminada. Pode-se constatar que o Meio Ambiente é um bem jurídico de uso comum da população e necessário à qualidade de vida, lembrando que a fauna é um dos principais componentes da biodiversidade dele, podendo ser configurada em sua natureza jurídica como bem de uso comum das pessoas e um bem difuso. 18 2.5 - Principais causas de extinção das espécies de animais silvestres A extinção dos animais pode ocorrer de diversas formas, como ocorreu há milhões de anos com os dinossauros através de um asteroide, mas hoje em dia ela se dá, em maior parte, pelo pior causador possível que são os seres humanos, mas também há muitas outras causas da extinção como por exemplo o desmatamento, a poluição, a caça predatória, o tráfico de animais e as queimadas. O fato de o tráfico de animais silvestres hoje em dia está mais visível e há uma pena para isso, conforme cita o artigo 29 da Lei 9.605/98, porém tal pena não impede que o crime seja cometido, pois a mesma é muito branda. Com isso, os caçadores e comerciantes de animais silvestres, devido aos maus tratos que são submetidos, acabam fazendo com que muitos morram no transporte e pela caça, os machucam e destroem seus habitats naturais. 3 - DO TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES Fonte: https://www.seropedicaonline.com/noticias/trafico-de-animais-silvestres/ Podemos classificar animais silvestres como “todos aqueles que em qualquer fase de seu desenvolvimento que vive naturalmente fora do cativeiro”, conforme consta no artigo 1º da Lei 5.197/67. https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124508 https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124509 19 Pode ser considerado como animal silvestre o não doméstico como também o da selva. Lafayette Rodrigues Pereira subdividia os animais “mansos ou domésticos, bravios ou silvestres e domesticados” (p. 95, DIREITO DAS COISAS). O crime de tráfico de animais silvestres pode ser encontrado na Lei 9.605/98, em artigo 29, §1º, inciso lll que diz: “Art. 29 – Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes de fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida. Pena – detenção de seis meses a um ano, e multa.”. § 1º Incorre nas mesmas penas: [...] III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.” (BRASIL, 1998) Só ocorre a ilicitude da conduta quando há provas de que o detentor possui permissão dos órgãos oficiais para que possua os animais.” No parágrafo 4º do mesmo dispositivo citado acima consta que a pena poderá ser aumentada nos casos onde é praticado contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, mesmo que somente no local onde ocorreu a infração, em período o qual a caça é proibida, durante a noite, em unidades de conservação, através de abuso de licença e com o uso de métodos capazes de provocar destruição em massa. Ainda sobre o aumento de pena, cita o 5º parágrafo do artigo 29 que a pena será triplicada caso o crime ocorra por exercício da caça profissional. 20 O artigo 32, caput e seu §2º da Lei de Crimes Ambientais aduz que “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos, nativos ou exóticos: Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.” “A pena é aumentada de 1/6 a 1/3, se ocorre a morte do animal”. Sendo assim, além do transporte ilegal desses animais, existe uma pena caso ocorra maus-tratos, abuso, ferimentos ou mutilação dos mesmos, além do aumento de pena no caso da morte do animal. 3.1 - Dos crimes contra a fauna brasileira Utilizando-se da Lei 9.605/98, mais conhecida como Lei de Crimes Ambientais, nela, em seu Capítulo V, Seção l estão contidos os crimes contra a fauna, dos quais estão nos caputs dos artigos 29 a 37, onde estão sendo explicados de forma detalhada em seus parágrafos e incisos, os tipos de crime, além das penas. “Art. 29 - Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida; Art. 30 - Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente; Art. 31 - Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente; Art. 32 - Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. Art. 33 - Provocar, pela emissão de efluentes ou carregamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras. Art. 34 - Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente” [...] (BRASIL, 1998) https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124510 21 A primeira lei que introduziu no mundo jurídico o conceito de fauna, foi a Lei de Proteção a Fauna, Lei nº 5.197/67. Alguns anos depois, foi criada a Lei de Crimes Ambientais, que até hoje em dia tem a função de garantir o bem-estar e integridade biológica dos animais. Ela foi a única que dispôs sobre as sanções penas e administrativas causadas pelas atividades que lesionam o meio ambiente. Tais práticas criminosas estão contidas nos artigos 29 a 37 da Lei 9605/98, em modalidades culposa e dolosa. 3.2 - Do tráfico nacional e internacional de animais silvestres Uma das maiores biodiversidades do mundo está no Brasil, que é algo que atrai a atenção de diversos países, até mesmo os que estão do outro lado do mundo. Relacionado a industrialização e como decorrência dela a degradação ambiental juntamente com os efeitos do aquecimento global, se torna preocupação mundial a proteção de países como o Brasil. Porém, pode-se considerar que boa parte da população, tanto nacional quanto internacional não está preocupada ou têm a conscientização da importância de proteger o meio ambiente. As indústrias que apenas desmatam, por exemplo, não possuem a preocupação com projetos de realentar. Também são exemplos os madeireiros que apenas desarborizam matas fechadas e os que normalmente enriquecem utilizando-se da exploração de venda ilegal da fauna brasileira. Pensar que o tráfico de animais silvestres é um problema atual é um erro, pois já na época da colonização do país, através de Portugal, tal prática se tornou costumeira. Naquela época os animais eram presenteados a monarquia portuguesa 22 para representar poder e riqueza. Os principaisanimais silvestres que seriam levados eram os papagaios, macacos e araras vermelhas e azuis, os quais seriam domesticados. Mais tarde, os animais seriam tratados como moedas de troca, o antigo escambo, onde seriam trocados por favores ou produtos e alimentos. Atualmente, o mercado negro constitui por volta de 20 (vinte) bilhões de dólares por ano no mundo todo, sendo o Brasil contribuinte com, aproximadamente 1 (um) bilhão e meio a 2 (dois) bilhões de dólares anualmente, ocupando a terceira posição como a maior atividade ilícita do mundo. O maior fornecedor de animais silvestres para o mundo todo é o Brasil, sendo recolhidos de seus habitats naturais cerca 12 (doze) milhões de animais por ano, equivalendo-se de que a cada 10 (dez) animais retirados da natureza, 8 (oito) deles acabam morrendo devido ao trajeto de sua venda por causa das condições as quais são transportados ou até mesmo durante sua captura. Vale ressaltar que, na atual legislação, não há distinção entre o tráfico nacional ou internacional de animais silvestres. 3.3 – Principais rotas do tráfico As fontes de exportação mais relevantes do referido tráfico são países que ainda estão em desenvolvimento, onde pode ser encontrado o Brasil, e entre os principais países podem ser citados Arábia Saudita, Grécia, França, Bélgica, México, Portugal, Tailândia e Espanha, onde normalmente é pode ser feita a legalização da vida silvestre contrabandeada, conforme cita, no ano de 2014, o 1º Relatório Nacional sobre o Tráfico de Fauna Silvestre. 23 No Brasil, as rotas internacionais normalmente têm início em cidades com voos internacionais, como por exemplo Rio de Janeiro/RJ, Campo Grande/RS, Belo Horizone/MG, Manaus/AM, São Paulo/SP, Recife/PE e Belém/PA. Ainda de acordo com o 1º Relatório Nacional sobre o Tráfico de Fauna Silvestre - RENCTAS, o estado do Paraná é conceituado como um dos principais mercados brasileiros do tráfico internacional de animais, onde por volta de 80% dos animais vendidos no estado vão para o mercado internacional, sendo apenas 20% vendidos ilegalmente para os paranaenses. O tráfico tem início com o contato entre dois traficantes que encomendam a quantidade e espécie que desejam, combinando assim a data, local de transação e o preço. No local de encontro, juntamente com os traficantes, há um Agente Ambiental previamente recrutado para garantir a segurança do comércio e um intermediário responsável pela “análise da mercadoria”. Após feita a compra, o Agente Ambiental encaminha os animais para o aeroporto e outorga a outro integrante do grupo, o qual novamente irá transferir para outro membro que já está no voo como um passageiro normal (RENCTAS, 2014). Quando os animais chegam ao destino, é dada uma ordem de pagamento ao traficante que solicitou os animais para que ele pague todos os envolvidos. Existe uma espécie de hierarquia entre os traficantes, onde os que são chamados de “grande porte” são os que contatam os de “médio porte” e realizam a encomenda, e caso o traficante de “médio porte” esteja passando por fiscalização, imediatamente ele procura avisar seus contatos para que a ação seja desarmada e, se liberado após a fiscalização, retornam as atividades (RENCTAS, 2014). 24 Pode ser considerada uma das maiores dificuldades no combate ao tráfico aqui citado as ações de fiscalização aérea e marítima, devido a agilidade e dificuldade com que as operações de desembarque e embarque acontecem. Devido ao envolvimento de autoridades da alfandega ou sanitárias estrangeiras, normalmente existem bons resultados, fazendo com que os animais retornem ao seu país de origem, porém não existem dados que ajudem na identificação dos traficantes envolvidos e qual a finalidade da “mercadoria” traficada. De modo geral, existem 4 (quatro) subgrupos do tráfico internacional de animais, sendo eles o tráfico de ovos, tráfico sob encomenda, tráfico para subsistência e tráfico de animais raros. O tráfico para subsistência é o que normalmente acontece nas estradas, onde visam o próprio sustento, algo que comumente acontece nas estradas da Bahia e áreas extrativistas, onde tal venda se torna a única fonte de renda para o sustento das famílias (RENCTAS, 2014, p.79) e normalmente são vendidos a um valor extremamente baixo, em torno de R$0,50 até $2,50. O tráfico realizado em feiras livres é chamado de tráfico sob encomenda, que é aquele onde traficantes entregam os animais que foram anteriormente encomendados com outros traficantes, onde tem como objetivo ludibriar os policiais, escondendo assim a mercadoria em depósitos nos locais próximos a essas feiras. O tráfico que, normalmente, tem como foco colecionadores é chamado de tráfico de animais raros, pois essas pessoas possuem aprazimento em obter tais animais, tanto no exterior como no Brasil. Outro tipo de tráfico que está se tornando comum é o tráfico de ovos, algo que é muito mais vantajoso para os traficantes, pois caso sejam pegos pela fiscalização, os traficantes podem, de forma fácil, destruir os ovos devido ao uso de maleta ou coletes de fibras de carbono para conservar os ovos. 25 3.4 – Das práticas de tortura para o tráfico de animais A domesticação, comércio e captura dos animais selvagens apresentam grandes impactos ambientais para a biodiversidade e até chegou a extinguir algumas espécies. Mas, junto com a perda para a coletividade e meio ambiente, outro fato de grande impacto é o modo como os animais são retirados de seus locais de origem, revendidos e transportados. Os criminosos operam de modo cruel, não se importando com a forma a qual irão transportar ou capturar os animais até que cheguem ao seu destino final, fazendo com que tais animais sejam maltratados e transportados de modo ultrajante, onde na maioria dos casos eles não sobrevivem ao traslado. Como forma de não chamar atenção da fiscalização e facilitar o transporte, os animais são submetidos aos demasiados tipos de tortura, como por exemplo as cobras que têm seus olhos furados, aves com ossos quebrados e são escondidos em tubos de PVC. São submetidos também ao transporte inadequado dentro de sacos plásticos e caixas, onde não possuem água, alimentação, iluminação e principalmente ventilação. Na maior parte dos casos, esses animais são dopados, fazendo com que assim pareçam ser mais mansos, facilitando a comercialização deles. Todas as pessoas que obtêm um animal silvestre através do tráfico, contribui para que ele continue existindo, fazendo com que esse comércio ilegal aumente, tendo como resultado a destruição da natureza e um futuro desequilíbrio ambiental. Algo que as pessoas não ponderam é que o animal de origem selvagem não pede os mesmos cuidados que os animais domésticos, podendo também 26 transmitir algumas doenças que podem até causar epidemias, podendo levar até a morte. Como exemplo, temos a aspergilose, que pode ser transmitida por aves e a febre amarela, que pode ser transmitida por macacos. E até mesmo os humanos podem contaminar os animais com algumas doenças, como as verminoses e gripes. Deve ser lembrado que o animal silvestre engendrado pela natureza, onde é seu local de procriar, crescer e se alimentar de acordo com as condições climáticas do ambiente. Quando ocorre dele ser forçadamente retirado de seu local de origem, as condições do clima também mudam e tais causas podem gerar até a morte destes animais. 4 - ATUAÇÃO DO PODER PÚBLICO NO COMBATE AO TRÁFICO DE ANIMAIS 4.1 – Órgão de proteção ambiental no Brasil No Brasil, tem-se como órgão central o Ministério do Meio Ambiente. Os órgãos nacionais que são vinculados ao Ministério são IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis, ANA – Agência Nacional de Águas, Serviço Florestal Brasileiro e ICMBIO – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.Existem também as Polícias Militares Ambiental no Brasil, as quais estão presentes em 25 estados, os Ministérios Públicos e as Secretarias estaduais. Os responsáveis pela fiscalização de ilícitos que tenham relação a animais silvestres são as Polícias Militares. https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124514 27 4.1.1 – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) Fonte: http://www.icmbio.gov.br/portal/ O ICMBIO é uma forma de governo atuante para que haja melhoria do estado de conservação das espécies que integram a fauna brasileira. Tem como finalidade a definição de programas e projetos que proporcionem a conservação de espécies e ecossistemas do Brasil, estejam eles ou não ameaçados de extinção. Para tal, são empregadas três metodologias que são a identificação de cenários de perda da biodiversidade, a definição e implementação de Planos de Ação Nacionais e a avaliação do risco de extinção das espécies. A identificação de cenários de perda da biodiversidade ocorre quando se permite discernir as áreas de maior delicadeza para a perda de espécies. A definição de implementação de Planos de Ação Nacionais permite que seja feita a identificação das ações que possuem mais importância para que as espécies ameaçadas de extinção sejam conservadas. Por fim, não menos importante, a avaliação do risco de extinção das espécies, onde é feita a atualização das Listas Nacionais Oficiais das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção. 28 4.1.2 - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA Fonte: http://ibama.gov.br/ É uma entidade governamental que possui vínculo com o Ministério do Meio Ambiente que possui como objetivos a melhoria, recuperação e preservação da qualidade ambiental, além de propiciar o desenvolvimento sustentável e econômico dos recursos naturais. O IBAMA foi criado através da amalgama de 4 órgãos que operavam de forma separada na área ambiental, porém tiveram suas funções unificadas e assim foi criado tal órgão. Referido órgão tem como responsabilidade executar a Lei 6.938/81, conhecida como Política Nacional do Meio Ambiente, além de responsabilidade de autorizar o uso de recursos naturais, como a água, solo, fauna e flora por exemplo, também tem responsabilidade de controlar a qualidade ambiental, conceder ou não o licenciamento ambiental de empreendimentos e, não menos importante, monitorar e fiscalizar o controle ambiental. Para que consiga atingir suas metas, foi concedido ao IBAMA o poder de polícia ambiental, incluindo assim ao órgão as funções de gerar e disseminar informações que tenham relação com o meio ambiente; monitoramento ambiental https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124516 https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124516 http://ibama.gov.br/ 29 precipuamente no que se refere ao controle e prevenção de desmatamentos, incêndios florestais e queimadas; efetivar o Cadastro Técnico Federal; aplicar penalidades administrativas através de fiscalização ambiental; execução de programas que ajudem na educação ambiental, entre outras. Também é responsabilidade do IBAMA administrar os Sistemas de Registros de Animais, utilizando-se de todas as informações necessárias. 4.1.3 – Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres - RENCTAS Fonte: http://www.renctas.org.br/ A Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres é uma organização não-governamental, sem fins lucrativos, fundada em 1999 a qual luta pela conservação da biodiversidade, tendo sua sede em Brasilia – DF, atuando em todo o Brasil através de parcerias com a iniciativa privada, o terceiro setor e o poder público. Possui como objetivo colaborar para a manutenção da biodiversidade por meio da conservação da fauna silvestre brasileira. Utiliza como estratégia a promoção da conscientização ambiental da sociedade através da realização de campanhas educativas, palestras, filmes, documentários, exposições, mobilização da mídia, cursos e seminários. A RENCTAS também apoia e incentiva a criação de política públicas com a publicação de relatórios e estudos, seminários, realização de https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124518 https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124518 http://www.renctas.org.br/ 30 encontros e congressos. Também apoia os órgãos de controle e fiscalização ambiental com a realização de eventos destinados à capacitação e qualificação profissional, publicação de material didático e repasse de dados e informações, além de promover a conservação das espécies silvestres com o apoio e desenvolvimento de projetos que tenham destino à pesquisa e proteção da fauna silvestre. 4.1.4 – Centros de Triagem de Animais Silvestres – CETAS Os Centros de Triagem de Animais Silvestres, CETAS, são unidades do IBAMA as quais são responsáveis pelo manuseamento dos animais silvestres que são recebidos através de entrega voluntária de particulares, fiscalizações ou resgate. Tem como desígnio marcar, avaliar, receber, recuperar, identificar, reabilitar, triar e destinar esses animais silvestres, tendo como objetivo principal a devolução dos mesmos à natureza, além de subvencionar e realizar pesquisas científicas, extensão e ensino, sendo essas pesquisas solicitadas a Superintendência do Ibama. Com base no site do próprio Ibama, nos últimos 10 anos, os CETAS já devolveram mais de 200.000 animais apreendidos, entregues espontaneamente ou resgatados. 4.1.5 - Polícia Militar Ambiental Fonte: http://www3.policiamilitar.sp.gov.br/unidades/cpamb/ https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124519 https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124520 31 A maior força policial ambiental do Estado que tem como foco a proteção da natureza da América Latina é o Policiamento Ambiental, a qual é uma das unidades especializadas da Polícia Militar do Estado de São Paulo, atuante nos 645 municípios e no litoral. Dispõe de 116 unidades de atendimento que possui mais de 2.200 mulheres e homens laboriosos ao policiamento ambiental, possui também mais de 400 viaturas, motocicletas e embarcações, contando ainda com um helicóptero para a fiscalização dos mosaicos da Mata para o monitoramento da Serra do Mar e litoral. Desfruta de recursos de monitoramento através de satélites que atuam no monitoramento das regiões de difícil acesso. Age de forma especial nas regiões onde há maior interesse ambiental, tendo como exemplo as Unidades de Conservação do Estado, que possuem, juntas, mais de 760 mil hectares. 4.2 - Cooperações Internacional Para A Preservação Do Meio Ambiente Quando se fala em cooperação, tal expressão começou a ser utilizada de forma usualmente através do plano internacional através da proclamação da Carta das Nações Unidas, que previu ser um de seus objetivos. Do que se trata sobre direito internacional do meio ambiente, o doutrinados Guido Soares cita que: “É um ramo relativamente novo nas legislações internas dos Estados, e sua feição internacional pode ser creditada, a partir dos anos 1960, a uma consciência de que inexistemEstados isolados e que a proteção ao meio ambiente é um fenômeno que exigiria expressão em normas internacionais, https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124521 32 com formidável necessidade de cooperação, em sua feitura e implementação. São dignos de nota a rapidez e o volume de normas internacionais em tal campo, constituídas de um sem-número de tratados bilaterais e multilaterais, tanto sub-regionais e regionais, quanto globais [...]” (SOARES, 2003). O meio ambiente equilibrado e saudável tem sido considerado como a quarta geração dos direitos humanos. Sendo assim, todas os territórios têm o dever de proteger e cuidar. Para que tal proteção seja assegurada, são pactuados tratados internacionais entre países. Não obstante, se o Estado trabalhar sozinho, ele não é apto a amparar as necessidades de toda uma sociedade. Para tal, foram criadas Organizações Não-Governamentais (ONGs), para que o Estado tenha auxílio na defesa dos direitos. Na Lei 9.605/98, em seu artigo 77, está prevista a cooperação internacional para a preservação do meio ambiente. Conservados os bons costumes, a soberania nacional e a ordem pública, o governo do Brasil deverá prestar a cooperação necessária a outro país. O pedido é apresentado ao Ministério da Justiça e, se for necessário, tal solicitação será despachada ao poder judiciário, para que assim seja analisado o mérito. Para que seja mais fácil o trabalho em grupo, é necessário que haja comunicação entre os países e sejam compartilhadas com os órgãos de ambos os países as informações referentes ao pedido acima citado. 4.3 - Criação do Código Nacional da Fauna Silvestre A Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres entregou a Câmara dos Deputados o 1º Relatório Sobre Gestão e Uso Sustentável da Fauna https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124522 33 Silvestre, que estuda as implicações jurídicas, sociais, econômicas e ambientais que tem envolvimento com a fauna do Brasil. A Constituição Federal abrange em seu texto que os direitos ao meio ambiente é um direito de uso comum do povo, onde cabe ao ser humano protegê-la, porém ele vem utilizando-a de forma desapoderada e irrefletida. Após a edição da Lei 9.605/98, onde está prevista a sanção administrativa e penal para quem cometa algum dos delitos tipificados. Porém, apenas com tal edição, não foi gerada eficácia, pois as penas lá contidas são brandas e a fiscalização ainda é falha. Com base no mesmo documento, faltam também incentivos para que sejam realizadas pesquisas que tenham relação com a preservação da biodiversidade e da fauna por iniciativa do governo. 4.4 - Conscientização da população sobre a extinção das espécies devido ao tráfico de animais A cultura do país é enraizada de que os recursos naturais são renováveis, que a biodiversidade brasileira não tem fim, pesca e caça são práticas que não afetam em nada, que tirar um animal silvestre de seu habitat natural para que o force a ser um animal doméstico é algo normal e não irá gerar dano algum ao planeta. Porém, o que a maior parte da população não sabe é que tal prática “inofensiva”, atualmente, é uma das ações ilícitas que mais dão lucro em todo o mundo, tanto que tal ato já levou a extinção de várias espécies, o que acaba causando um desequilíbrio ambiental. Lembrando também de que doenças podem ser transmitidas entre animais e humanos, e vice-versa. https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124523 https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124523 34 Um relatório feito pelo Congresso Nacional em 2001, sugere que os Estados, Municípios e a União criem e implementem programas para que seja gerada renda para as comunidades mais pobres que tenham envolvimento no comércio ilegal de animais silvestres. De forma global, é recomendada uma interpelação diversa, que inclua educação comunitária e incentivo aos moradores de tais áreas para que valorizem a vida silvestre, regulação internacional coordenada e maior reserva de recursos nacionais para a área de fiscalização e controle do comercio ilegal que tenha efetividade. Vale lembrar que, mesmo que já existam ações para o combate ao tráfico de animais silvestres, é indispensável maior destaque nas atividades como, por exemplo, o aumento de funcionários nos órgãos de fiscalização, maior foco na capacitação dos agentes, entre outros. 5 - A EFICÁCIA DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NO COMBATE (AO CRIME) E PUNIÇÃO (DOS CRIMINOSOS) NO TRÁFICO DE ANIMAIS 5.1 - Análise das legislações brasileiras atuais Já se sabe que o tráfico de animais silvestres traz prejuízos que não tem reparação no meio ambiente, o que acarreta a extinção de algumas espécies. A Lei 9.605/98, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, em seu artigo 29, parágrafo segundo, é previsto pelo legislador a não aplicação da pena se o animal for mantido de forma doméstica e sua espécie não esteja ameaçada de extinção. “§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.” (BRASIL, 1998) https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124524 https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124524 https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124525 35 Já no parágrafo quarto, do mesmo artigo e da mesma lei, o legislador traz causas que contribuem para o aumento da pena, o que pode ocorrer em até metade dela. § 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado: I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração; II - em período proibido à caça; III - durante a noite; IV - com abuso de licença; V - em unidade de conservação; VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa”. (BRASIL, 1998) As penas postas no artigo citado são fracas, sendo a que pode ser aplicada é a que se refere ao crie que se origina da caça profissional, a qual pode ser aumentada até o triplo da pena prevista no Caput do artigo. Conforme já previsto no artigo 29 da referida lei, o crime será processado pela Lei 9.099/95, conhecida como Lei dos Juizados Especiais, pois é considerado crime de menor potencial ofensivo, dividindo espaço com os crimes de lesão corporal, desacato, crimes contra a honra, ameaça, entre outros, algo que acaba, por muitas vezes, transmitindo a sociedade a sensação de impunidade. 5.1.1 - Comparação entre o artigo 180, Caput do Código Penal e artigo 29 da Lei 9.605/98 As condutas mencionadas nos artigos 29 da Lei de Crimes Ambientais e no artigo 180, Caput do Código Penal são semelhantes, salvo pela conduta da https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124526 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11335070/artigo-29-da-lei-n-9605-de-12-de-fevereiro-de-1998 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1036358/lei-de-crimes-ambientais-lei-9605-98 36 exportação descrita no artigo 29 faltosa no artigo 180. São descritos no artigo 29, em seu parágrafo 1º , os verbos guardar, exporà venda, ter em depósito ou cativeiro e vender, os quais não estão presentes no artigo 180, porém o referido artigo do Código Penal cita a ação de receber, fato que ocorre anteriormente às ações de expor à venda, ter em depósito ou cativeiro, guardar ou vender. A atuação do indivíduo que caça está contida no artigo 29, Caput, nos núcleos apanhar, matar, perseguir e caçar, salvo a ação de comercialização que não é criminalizada, considerada assim como uma simples efetivação do crime. A ação do consumidor final está descrita também no Caput do artigo 29 através do verbo utilizar, falando assim sobre animais originários de seus habitats naturais. Alguns doutrinadores entendem que o propósito da Lei de Crimes Ambientais em estereotipar atividades como crime de menor potencial ofensivo tenha sido para livrar caçadores amadores ou casuais em desvantagem dos traficantes. Quando se trata do verbo utilizar, o mesmo não pode ser relacionado aos verbos expor à venda, transportar ou vender, porque eles são empregados pelo legislador para tipificar crimes relacionados ao comércio ilegal, como o crime de receptação, por exemplo. Por conseguinte, o “utilizador” dos animais silvestres não é o que vende, caça ou transporta a fim de lucrar com isso, e sim o adquirente como consumidor final, utilizando o animal para experiências, para exibição, trabalho forçado ou domesticá- lo, entre outras formas. No parágrafo 1º, inciso lll, também do artigo 29, está prevista a conduta do comprador final quando tratar de animais originários de criadouros clandestinos ou ilegais. Vale ressaltar que criadouros clandestinos são aqueles que, mesmo 37 cumprindo as especificações necessárias, não possuem licença para funcionar ou para reprodução dos animais que estão em cativeiro, porém podem ser regularizados a qualquer momento, já os criadouros ilegais são os que tiveram sua autorização negada ou caçada, ou foram interditados pela administração pública, devido ao não cumprimento dos requisitos necessários para tal. 5.1.2 - Artigo 30 da lei 9.605/98. O artigo citado aduz que a exportação de peles e couros de anfíbios e répteis de modo bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente, obterá pena de um até três anos, juntamente com multa. A previsão de exportação de animais está contida no artigo 29, §1º, inciso lll, e a pena pode variar de seis meses até um ano. Isto é, o fato de exportar peles de animais possui pena mais grave comparada a pena de exportação do próprio animal. Inclusive o indivíduo que matar algum animal, a pena pode chegar, no máximo, a um ano, segundo o Caput do artigo 29. Quando se fala na conduta própria de traficar animais, não existe nada previsto como crime na Lei nº 9.605/98. A Lei 5197/67 cita em seu artigo 27 que é constituído crime que possa ser punido com pena de reclusão de dois a cinco anos a violação do disposto nos artigo 2º, 3º, 17 e 18, da mesma Lei, onde o artigo 3º cita a proibição do comércio de espécies da fauna silvestre e produtos e objetos que colaborem com a destruição, apanha, caça ou perseguição. Por conseguinte, a pena mais inexorável para o crime de tráfico de animais é a que consta na Lei 5.197/67, podendo variar de dois a cinco anos de reclusão. Porém, https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124527 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11334628/artigo-30-da-lei-n-9605-de-12-de-fevereiro-de-1998 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1036358/lei-de-crimes-ambientais-lei-9605-98 38 para o Supremo Tribunal de Justiça, a revogação da Lei 5.197/67 em face da Lei 9.605, tem fundamento nas ações de comercializar e receber animais silvestres provenientes da natureza não estão impunes, entretanto estão acolhidas pelo artigo 180 do Código Penal, independente do crime de receptação. Se trata de um crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode cometer receptação. Sendo assim, somente o traficante poderia responder pelo crime e não o caçador. Conforme consta no texto do artigo 180, anteriormente citado, o tipo penal relaciona-se a coisa e não a seres vivos. Todavia, para o ordenamento jurídico pátrio, animais são categorizados como coisa, apesar de que para o direito no Brasil, tudo que não for sujeito de direito, é considerado como coisa. No artigo 82 do Código Civil, estão classificados como móveis os bens que são passíveis de próprio movimento ou que o faça por força alheia, não obtendo alteração da destinação econômico-social e nem da substância. No tocante do artigo 30, da Lei 9.605/98, ele apenas prevê a exportação de peles e couros de animais, porém não do animal silvestre que foi capturado da natureza, o que entende o ordenamento jurídico que é para aqueles que exportam animais serão enquadrados no artigo 334 do Código Penal, isto é, por crime de contrabando. Sendo assim, a pessoa que obtém um animal silvestre de um caçador e futuramente o exportará, irá responder pelos dois crimes, tanto a receptação como o contrabando, os quais estão previstos no Código Penal. Em se tratando do termo “mercadoria”, contido no artigo 334, referente aos animais silvestres, é conhecimento consolidado de que, conforme os animais estão 39 sendo retirados da natureza e estão sendo comercializados com valor de mercado, estão classificados como mercadorias. Comparando os artigos citados anteriormente, pode-se perceber que existe divergência nos aplicadores da Lei em relação ao artigo que o agente traficante de animais pode ser enquadrado. O que acontece é que os casos devem ser analisados com suas especificidades. 5.2 – Da Infração Administrativa na Lei 9.605/98 Toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de promoção, uso, gozo, recuperação ou proteção do meio ambiente é classificado como infração administrativa conforme consta no artigo 70 da Lei de Crimes Ambientais, Lei nº9.605/98. A Lei Federal nº 9.605/98 regularizou as infrações administrativas entre os artigos 70 e 76 e a posteriori, regulamentada pelo decreto 3.179/99, sendo viabilizado aos estados suplementação e pelos municípios. Destaca-se que as leis suplementares não podem ir de modo contrário ou fazer alterações na Lei Federal. Conforme informado pela instrução normativa, seja qual for a pessoa que averiguar o ato de infração administrativa será capaz de representar para as autoridades competentes. Quando se fala em autoridades competentes, a autuação não é de livre escolha como para qualquer pessoa. Para elas, se ocorrer flagrante, a autuação é vinculada, sendo seguida por instauração de processo administrativo. Compete aos funcionários de órgãos ambientais que integram o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, lavrar o auto de infração assim como 40 instaurar processe administrativo, assim como compete também aos agentes do Ministério da Marinha e Capitania dos Portos. Ely Lopes Meirelles conceitua o procedimento administrativo como o “iter legal a ser percorrido pelos agentes públicos para obtenção dos efeitos regulares de um ato administrativo principal.” (2008, p.133) Através de processo administrativo autônomo é que são analisadas as infrações administrativas ambientais, sendo assim assegurados o direito à ampla defesa e ao contraditório, assim como os princípios da publicidade, legalidade, eficiência, impessoalidade e moralidade. Vale ressaltar que, para que seja apurada a infração ambiental, os prazos a serem respeitados são: a) Vinte dias para que o infrator recorra a sentença condenatória para a instância superior dos órgãos que integram o SISNAMA ou para a Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da Marinha, conforme o tipo de autuação; b) Vinte dias para que o infrator impugne ou faça defesa contra o auto infracional, que serãocontados a partir da data que foi tomada ciência a autuação c) Cinco dias para que seja realizado o pagamento de multa, que serão contados partindo da data de recebimento da notificação; 41 d) Trinta dias para que a autoridade a que compete julgar o auto de infração, sendo contados a partir da data da lavratura, mesmo que a impugnação ou defesa tenha sido ou não apresentada. Sendo assim, findo o prazo, a Administração Pública deverá promover a cobrança judicial da dívida. Quando o processo administrativo for finalizado, o descumpridor poderá ser penalizado com uma das penas contidas no artigo 72 da Lei de Crimes Ambientais. 5.2.1 – Advertência Caso haja inobservância do regulamento ou da lei e a irregularidade não for sanada, o infrator será submetido a advertência. 5.2.2 – Multa A multa simples poderá ser aplicada caso o agente, devido ao dolo ou negligência, for notificado devido a irregularidades realizadas, e deixando de saná- las no prazo escolhido pelo órgão competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, ou pela Capitania dos Portos do Ministério da Marinha, ou também se adversar embargo à fiscalização dos órgãos da Capitania dos Portos do Ministério da Marinha ou do SISNAMA. Sendo assim, existe a possibilidade de que a multa seja transformada em serviços para recuperação da qualidade do meio ambiente, preservação e melhoria. 42 Compõem o SISNAMA os órgãos e entidades dos Municípios, Estados, União e Distrito Federal, e Fundações fundadas pelo Poder Público, as quais tem a responsabilidade de melhorar e proteger a qualidade ambiental. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis - IBAMA é o órgão executor do SISNAMA no meio federal. Juntando também com a colaboração dos Órgãos Seccionais que as entidades ou órgãos estaduais que tem a responsabilidade por executar projetos, programas e controle e fiscalização de atividades que tem a capacidade para provocar degradação do meio ambiente e com os Órgãos Locais, os quais são municipais, que tem a responsabilidade de fiscalizar e controlar essas atividades, em suas jurisdições. Cabe aos Municípios, Estados e Distrito Federal a implementação das medidas criadas pelo SISNAMA, através da elaboração de padrões supletivos e complementares e com a elaboração de normas. Os órgãos locais e seccionais devem expedir relatórios anuais para o Ministério do Meio Ambiente o qual deve despachar uma avaliação sobre a atual situação do meio ambiente no país. Em se tratando de multa diária, ela será aplicada sempre que houver o prolongamento de tempo da consumação da infração, até o seu término eficaz ou 43 até que seja regularizada através da realização de um termo de compromisso de reparação do dano pelo autor da infração. Os valores pagos com a referida multa irão para o Fundo Naval, Fundo Nacional do Meio Ambiente, fundos municipais ou estaduais de meio ambiente, segundo fruir o órgão arrecadador. Será utilizado como base para a multa o metro cúbico, unidade, quilograma, hectare ou qualquer outra que esteja de correlacionada e concordante com o objetivo jurídico que foi lesado. Caso o infrator cometa duas ou mais infrações de modo simultâneo, as sanções penais serão realizadas de forma cumulativa. 5.2.3 - Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, objetos e equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração Após realizada a apreensão, os animais serão devolvidos ao seu habitat natural e os veículos, subprodutos e produtos irão ser triados e possivelmente doados para a caridade, instituições hospitalares ou científicas, e os equipamentos vendidos mediante garantia de descaracterização. 5.2.4 - Destruição ou inutilização do produto O objeto de origem da flora e da fauna irá ser desmantelado ou estará indisponível para uso, ou, incomumente, doado para alguma instituição cultura, educacional ou científica. https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124534 https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124534 https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124534 https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124535 44 5.3 - As penas comidas são condizentes com os crimes praticados? Crime tem como definição ser uma violação ao direito, em se tratando de crimes contra a fauna, eles são direitos fundamentais, independente de qual for a violação ao Meio Ambiente sustentável. Quando se fala na Lei 9.605/98, a mesma prevê como crime e infração administrativa, os quais são suscetíveis de punição. As penas contidas na Lei de Crimes Ambientais variam conforme o nível de gravidade da infração cometida, pois, quanto mais relevante a ação, mais severa será a punição, que pode ser restringindo a liberdade do indivíduo, substituindo assim a prisão com a prestação de serviços sociais, por exemplo; ou privativa de liberdade. Sendo assim, conforme visto precedentemente, no artigo 29 da Lei 9.605/98 para o crime de tráfico de animais, a pena é de seis meses podendo chegar a 1 ano, de detenção, onde pode ocorrer de que seja agravada da metade ou no máximo em até três vezes caso o autor da mesma cometa ato de caça profissional. Existem casos onde existirá a possibilidade de ser aplicado ao caso o artigo 180 do Código Penal, o qual se trata de receptação tendo pena cominada de um até quatro anos de reclusão juntamente com multa. As penas que estão previstas nos artigos citados acima são moderadas, o que acaba significando como algo que é tratado como impunidade. Na maior parte dos casos, o autor da infração não é penalizado com a pena privativa de liberdade, mas sim, apenas com a restritiva de direitos. Tal fato ocorre por apenas algum período determinado pela Justiça ou apenas são aplicadas multas, coisa que não é suficiente para que o infrator deixe de possivelmente cometer o mesmo ato novamente. https://fernandapossatti21.jusbrasil.com.br/artigos/499907979/crimes-contra-a-fauna-brasileira-do-trafico-de-animais-silvestres-brasilia-df-2017#_Toc492124542 45 6 – CONCLUSÃO O crime de tráfico de animais silvestres é uma adversidade muito grave, e que, devido a isso, necessita de uma maior discussão de toda a coletividade a favor de encontrar meios que sejam usados como solução para avaliar o problema, sendo assim, possivelmente, evitada a extinção de algumas espécies que estejam ameaçadas. Tem-se a noção de que existem outros fatores demasiadamente preocupantes que afetam a existência e sobrevivência de algumas espécies, como por exemplo o desmatamento que vem causando a ausência de vários biomas naturais. Porém, necessárias são algumas ações de modo imediato, as quais permitam que os locais onde os animais possam viver e conviver no meio ambiente sejam recuperados. Nesse diapasão, é necessário no Brasil que haja um plano de conservação para poder definir e organizar prioridades para ações de diversas organizações e profissionais, além da determinação de primazias nacionais que serão utilizadas para que exista a conservação e o manejo das espécies que estão ameaçadas e das áreas às quais são importantes para a conservação, promover também políticas públicas para proteção dos animais que estão ameaçados de extinção. A Lei de Crimes Ambientais, Lei nº 9605/98, independentemente de ser um início, não auxilia muito para o controle de ações ilegais, fazendo com que o agente causador seja condenado em penas fracas e/oumultas que normalmente não são pagas. Sendo assim, acabam saindo impunes. 46 Em se tratando de Educação Ambiental, a mesma deveria entrar como matéria nas escolas privadas e públicas, pois conscientizando os jovens sobre a importância que tem a natureza, as futuras gerações estarão preocupadas em cuidar do meio ambiente, o que possivelmente fará com que estejam mais aptos com o cuidado e caucionar a subsistência da biodiversidade, além das gerações que virão. É necessário que seja feito o aumento do efetivo utilizado para a fiscalização de áreas de proteção ambiental, técnicas e equipamentos necessários para tal feito. Se houver a junção de educação, tecnologia e ser humano, vamos ser capazes de fazer com que seja diminuído ou deixe de existir essa, de certa forma, violência, com o planeta e, consequentemente, o próprio ser humano. 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Lei nº 5197, de 3 de janeiro de 1967. Dispõe sobre a proteção a fauna e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 03 jan. 1967. ______. Lei nº 6938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 31 ago. 1981. ______. Lei nº 9605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 12 fev. 1998. ______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Emendas Constitucionais de Revisão. Diário Oficial da União. Brasília, 05 out. 1988. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 2.ed. Coimbra: Almedina, 1998. DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2. Ed. São Paulo: Melhoramentos, 2008. FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 22. ed. São Paulo: Malheiros, 2014. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 16.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO. Suécia: 1972 – Disponível em < http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Meio- Ambiente/declaracao-de-estocolmo-sobre-o-ambiente-humano.html.> Acesso em: 15 out. 2019 PEREIRA, Lafayette Rodrigues. DIREITO DAS COISAS. VOL. I. 48 RENCTAS. 1º Relatório Nacional sobre o Tráfico de Fauna Silvestre. 1999. Disponível em < http://www.renctas.org.br/wpcontent/uploads/2014/02/REL_RENCTAS_pt_final.pdf > Acesso em: 25 set. 2019. SANTOS, Celeste Leite dos. Crimes Contra o Meio Ambiente: Responsabilidade e Sanção Penal. 3. ed. São Paulo: Jurarez de Oliveira Ltda., 2002 SOARES, Guido Fernando Silva. A Proteção Internacional do Meio Ambiente. Barueri: Manole, 2003. http://www.renctas.org.br/wpcontent/uploads/2014/02/REL_RENCTAS_pt_final.pdf DECLARAÇÃO DE VERACIDADE DE AUTORIA Declaro, para todos os fins e efeitos de direito, a quem interessar possa que o Trabalho de Curso – TC depositado é de minha autoria exclusiva e que, caso seja constatado “plágio ou realização da pesquisa por terceira pessoa”, estou ciente de que minha REPROVAÇÃO será automática e sumária, nos termos do Regulamento Geral do Trabalho de Curso. Declaro, mais e ainda, para os devidos fins e efeitos de direito, a “veracidade de minha autoria do presente Trabalho de Curso – TC”, sob pena das sanções cíveis e penais previstas na legislação pertinente, especialmente quanto ao enquadramento no art. 184 do Código Penal, e na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Sem mais e colocando-me à inteira disposição para eventuais esclarecimentos, que se façam necessários, subscrevo-me, Atenciosamente, Nome do Acadêmico (a) RGM nº TURMA SEMESTRE DATA ASSINATURA DO ACADÊMICO (A)
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