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1 BIOÉTICA EM ENFERMAGEM: uma revisão integrativa da literatura SAUTHIER, Marta 1 SEIXAS, Ana Paula Ribeiro 2 O compromisso ético dos profissionais de enfermagem, especialmente, ao cuidado humano, deve pautar-se na bioética, como prática de ações permeadas por uma postura crítica e reflexiva, em que pesem a dignidade humana. Neste pensamento, construímos a seguinte questão norteadora: Qual o pensamento que vem sendo construído em relação às dimensões bioéticas sobre o cuidado de enfermagem ao cliente e a dignidade humana? Como objeto, constituímos: a bioética em enfermagem e o compromisso dos enfermeiros com a dignidade humana. Os objetivos foram: Levantar as publicações recentes sobre bioética em enfermagem; reconhecer os problemas bioéticos emergentes na área e caracterizar o compromisso dos profissionais de enfermagem com os desafios da bioética na enfermagem atual Metodologia : Utilizamos a revisão integrativa da literatura, desenvolvida na obtenção, interpretação e integração dos resultados nessa prática. Assim, as etapas seguidas foram: 1.Identificação do tema e seleção da questão norteadora; 2. Estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos; 3.Definições das informações extraídas dos estudos selecionados e categorização; 4.Realizamos a avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa; 5.Interpretamos os resultados e 6. Apresentamos a revisão e síntese do conhecimento. Os resultados analisados mostram que há deficiência de produção sobre o tema nos últimos dez anos em língua portuguesa, no Brasil. E ainda, traz a tona os problemas políticos sociais e econômicos que interferem nas estratégias de cuidado, o que contribui para riscos e erros, comprometendo a ética do cuidado. Considerações finais : Os dilemas no âmbito das ciências da vida podem influenciar o comportamento do enfermeiro e equipe, especialmente associados aos seus valores, crenças e conhecimentos. A enfermagem deve ter bem firme a coerência e conhecimento sobre as implicações éticas na busca do desenvolvimento tecnocientífico, enfatizando a legislação vigente 196/96. 1 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunto I da EEAN/UFRJ. Coordenadora do PCI VII. Docente da disciplina Ética Profissional. 2 Enfermeira. Especialista em Enfermagem. Docente SENAC/Petrópolis. anaseixasenf@gmail.com. 7838 Trabalho 1631 - 1/12 2 Palavras-chave: Bioética em Enfermagem. Dignidade H umana. Direitos Humanos 1. INTRODUÇÃO A bioética, um neologismo que ganhou poder com Potter em 1971 (1), se originou a partir de questões sobre os limites das pesquisas e ou experimentos com seres humanos. Atualmente abarca as questões limítrofes vida /morte, dignidade dos seres humanos, vida no planeta, conduta e pesquisa com animais, direitos individuais e coletivos, sendo mais ampla do que as dimensões éticas no enfoque dos atos humanos. O compromisso ético dos profissionais de enfermagem, em especial, no que tange ao seu objeto, que é o cuidado humano, deve pautar-se na bioética, como prática de ações permeadas por uma postura crítica e reflexiva, em que pese a dignidade humana, direitos e a própria vida do planeta, de forma interdisciplinar, transcultural, dialógica e plural, sedimentada pelos princípios da bioética: justiça, autonomia, beneficiência e não-maleficiência. Os enfoques dos problemas éticos estão em permanentemente discussão, não há um recorte temporal entre eles, os dados temporais referem-se ao emergirem novas questões. Assim, o estudo dos problemas em bioética, antes dos anos 90 e após os anos 90, se dá de forma didática e permanente. Temos como pressuposto que os dilemas no âmbito das ciências da vida podem influenciar o comportamento do enfermeiro e equipe, especialmente associados aos seus valores, crenças e conhecimentos. Assim, associamos a conduta ética do cuidado com qualidade e competência com a prevenção de riscos ao cliente, sendo necessário o diálogo multidisciplinar e decisões que envolvem os direitos dos clientes, em que o consentimento livre e esclarecido e os princípios bioéticos devem ser seguidos. Neste pensamento, construímos a seguinte questão norteadora: Qual o pensamento que vem sendo construído em relação às dimensões bioéticas sobre o cuidado de enfermagem ao cliente e a dignidade humana? Como objeto, constituímos: a bioética em enfermagem e o compromisso dos enfermeiros com a dignidade humana. Os objetivos foram: Levantar as publicações recentes sobre 7839 Trabalho 1631 - 2/12 3 bioética em enfermagem, nos últimos dez anos, por considerarmos esse espaço temporal como característico de publicações atuais na área da enfermagem; reconhecer os problemas bioéticos emergentes na área da enfermagem e caracterizar o compromisso dos profissionais de enfermagem com os desafios da bioética na enfermagem atual, a partir das publicações na área. Olhar a enfermagem em uma ótica de dimensão subjetiva é atitude ética, em que pesem as relações humanas, face às decisões que envolvam direitos e dignidade humana. Os debates devem ser pluralistas, aplicando os princípios bioéticos, salvaguardando os interesses do sujeito em detrimento dos interesses da ciência. Esta pesquisa torna-se imprescindível aos profissionais de enfermagem que pretendam uma assistência ética, com uma visão progressista, com problematização das questões relacionadas à vida e à saúde, bem como, às inter- relações no ambiente do cuidado, contribuindo para terminar com as atitudes que mantenham o cliente passivo frente às decisões sobre sua saúde. Além disso, a falta de espaços ou momentos de reflexão sobre as responsabilidades ético-legais, que envolvem o cuidado em enfermagem e os problemas oriundos das condições dessa prática assistencial, reclama pela atitude de levantamentos desses problemas, dimensão ampla e publicação como proposta de ampliar essas responsabilidades com a vida e a saúde dos clientes e profissionais em relação. Compreendemos ainda que os aspectos que interferem na prática dos enfermeiros também atingem os clientes, o que ratifica a necessidade de identificação desses problemas e busca de soluções para o resgate da autonomia e direitos que envolvem essa relação. Se considerarmos a Bioética como uma ponte entre ciências e as humanidades (1), e ainda, se a compreendermos como propõe a OMS (2) (2001) ”...uso criativo do diálogo para formular, articular e, na medida do possível, resolver os dilemas que são propostos pela investigação sobre a vida, a saúde e o meio ambiente”, estaremos mais próximos do cuidado ético relacionado à vida e à saúde. 2. METODOLOGIA 7840 Trabalho 1631 - 3/12 4 Utilizamos a revisão integrativa da literatura, que, além de possibilitar a síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto, permitem a constatação de lacunas que precisam ser preenchidas (3). Embora este método de pesquisa englobe vários estudos, também permite sua síntese, possibilitando conclusões gerais. A maior importância desse método é a contribuição aos profissionais, que buscam a compreensão ou atualização sobre um determinado tema. Por reconhecermos que os estudos baseados em evidências associam resultados oriundos de pesquisas na prática clínica (para resolução de problemas), sendo pilar para esse método, o enfermeiro, que realiza a pesquisa integrativa, deve se desenvolver na obtenção, interpretação e integração dos resultados nessa prática. Assim, as etapas seguidas foram: 1.Identificação do tema e seleção da questão norteadora, supracitados; 2. Estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos, amostragem ou busca na literatura, onde selecionamos apenas os artigos publicados na BVS, pois contêm publicações de todas as fontes, como LILACS, SCIELLO, IBECS, MEDLINE, entre outros e publicações emlíngua portuguesa nos últimos dez anos, o que refinou a pesquisa, resultando em 34 artigos que serviram como fonte de consulta, sendo vinte e três (23) sobre Bioética em enfermagem; um (1) sobre dignidade humana na área e dez (10) sobre direitos humanos em enfermagem. 3. As definições das informações extraídas dos estudos selecionados e categorização foram: autonomia e direitos dos clientes – questões limítrofes vida- morte – formação problematizadora – pesquisa com seres humanos – bioética com interface no cuidado de enfermagem e humanização e bioética e política de saúde. 4. Como quarta etapa, realizamos a avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa. 5. Na quinta etapa, interpretamos os resultados e na sexta e última etapa, apresentamos a revisão e síntese do conhecimento, seguindo os critérios metodológicos exigidos para este tipo de pesquisa. Os dados literários foram selecionados, codificados entre parênteses com o nome da revista em que os artigos encontravam-se publicados e ano. Após esse passo, categorizamos os dados utilizando: 3.1 Questões limítrofes sobre a vida e a morte; 3.2 Autonomia e responsabilidade dos seres em relação e seus direitos; 3.3 Formação profissional; 3.4 Humanização e modelos de cuidado e 3.5 Pesquisa com seres humanos. 7841 Trabalho 1631 - 4/12 5 3. RESULTADOS ANALISADOS De forma geral, a busca literária mostrou que há deficiência de produção sobre o tema nos últimos dez anos em língua portuguesa, no Brasil. E ainda, traz a tona os problemas políticos sociais e econômicos que interferem nas estratégias de cuidado, contribuindo para riscos e erros, comprometendo a ética do cuidado. Os estudos em bioética apontam mais para as questões limítrofes vida/morte, do que para as questões da sustentabilidade ou ambiente do cuidado. Os temas abordados com maior profundidade referem-se à humanização no cuidado de enfermagem, em que a dimensão do cuidado encontra princípios e valores humanos como transversais, e ainda, apresenta os maiores desafios da bioética na enfermagem atual como sendo a busca de equilíbrio entre aspectos técnico- operativos e ético-morais; a busca de autonomia e responsabilidade dos seres em inter-relação, integrando princípios e competências técnicas, respeitando a dignidade humana. 3.1 Questões limítrofes sobre a vida e a morte Dentre os artigos que envolvem a temática, levantamos as que se seguem: “Morte cerebral como presente para a vida.” (Texto e Contexto) “A distanásia geradora de dilemas éticos em UTI.” (Acta Paulista) “Agir do enfermeiro em bloco cirúrgico.” (Ver. Baiana) “Problemas atuais de bioética.” (Loyola) Esses artigos trazem um enfoque da participação de clientes e profissionais em relação aos posicionamentos, atuações e decisões sobre os dilemas que envolvem a morte e o aproveitamento de órgãos para a manutenção da vida através de transplantes. Conseqüentemente, abordam de forma pluralista e multidisciplinar essas práticas culturais contemporâneas. O papel do enfermeiro transcende a atuação técnica no cuidado do órgão transplantado, incidindo na captação, informação, acompanhamento e elucidação dessas práticas, para as quais nem todos nós profissionais, estamos preparados. Essas práticas culturais contemporâneas levantam uma série de questões que nos reportam a atitudes, crenças, mitos e interferência do desenvolvimento 7842 Trabalho 1631 - 5/12 6 científico nessas questões culturais que sofrem transformação interferindo nas sociedades, leis e culturas.(4) Portanto, os profissionais, que atuam como captadores e que cuidam de clientes e familiares, seja na doação ou recebimento de órgãos, devem estar preparados para tais questões, garantindo a autonomia dos clientes e seus direitos, com uma atuação transcultural e problematizadora. (5) 3.2 Autonomia e responsabilidade dos seres em relaç ão e seus direitos “Autonomia da criança hospitalizada frente aos procedimentos.” (Texto e Contexto) “Direitos do cliente como questão ética.” (Rev. Bras. Enferm.) “Bioética e enfermagem: uma interface no cuidado.” (Mundo Saúde) “O sentido de ser humano: base reflexiva para o cuidado de enfermagem.” (Rev. Enferm. UERJ) “Autonomia do doente institucionalizado na percepção de enfermeiras...” (São Paulo-Tese) “Autonomia do paciente: o vivencial de alunos de graduação.” “Participação da mulher com câncer na escolha do seu tratamento.” (Rev. Lat Amer Enfermagem) “Autonomia do paciente no processo terapêutico com valor para a saúde.” “A querela dos direitos: loucos, doentes mentais...” (Paidéia – RP) Os artigos abordam as questões que envolvem a vida no que tange aos direitos e autonomia dos clientes frente ao tratamento que recebem. Nesse sentido, fazer valer tais direitos requer profissionais conscientes desses direitos e preparados para informar os clientes, oferecendo a eles respostas às suas questões, especialmente, contribuindo para que possam optar com conhecimento sobre seu estado de saúde, cuidados de enfermagem e tratamentos de enfermagem que serão oferecidos. Os artigos trazem à luz dos principais problemas que interferem na autonomia, como a capacidade de decidir com conhecimento e segurança, visto que, por vezes, os profissionais apresentam informações que se contrapõem, seja por falta de atualização, seja por seguirem diferentes correntes ou opiniões. Ou seja, falta de uniformização e normalização das informações. 7843 Trabalho 1631 - 6/12 7 Os fatores impeditivos para autonomia são: cuidado paternalista, maternalista; sobrecarga de trabalho; tempo e condições materiais; responsabilidade não só da enfermagem, mas da instituição de saúde organizada pela administração; falta de informação de médicos e enfermeiras; importância menor dada à comunicação. (6) A informação e o diálogo “funcionam para evidenciar interesse, respeito, aceitação, definir diferenças, e nem tanto para expressar idéias ou informações” no cotidiano da saúde. (6) Só existe uma relação que vincula enfermeiro e cliente, que contribui na ética do cuidado com interface da bioética e da enfermagem que é o ideal de cuidado: “atividades de relacionamentos, de perceber e responder às necessidades, de tomar conta do mundo, buscando a manutenção da teia de conexão de um modo que ninguém seja deixado sozinho.” (7) Há nessas palavras a assertiva da interconexão e interdependência humana. Apenas uma artigo atual enfoca a auto-avaliação dos enfermeiros sobre sua prática com enfoque sobre os direitos dos clientes, ou seja, com interface da bioética sobre o cuidado: “A percepção das enfermeiras acerca da sua atuação ante os direitos dos clientes.” (Rev. Esc. Enf. USP) Nesse estudo, os autores evidenciaram que o melhor desempenho das enfermeiras estava em preservar a individualidade do cliente, sendo que a autonomia e identificação pessoal do cliente ficaram em um nível intermediário, sendo a informação para a tomada de decisão, o construto que apresentou menos desempenho dessas profissionais. Ratificado está que há necessidade de fornecer condições e empreender esforços para garantir aos enfermeiros e motivá-los para atuação mais eficaz efetiva no que tange às informações aos clientes. Como vimos, essa é a base para a decisão. Compreendemos, assim, que a bioética serve de meio para integrar o cuidado técnico e ético, em que pesem competências do saber/fazer e que se traduz na informação efetiva, eficaz e eficiente, como responsabilização percebida por nós dos enfermeiros com a autonomia e direitos dos clientes. 7844 Trabalho 1631 - 7/12 8 3.3 Formação profissional Os artigos atuais enfocam a formação reflexiva e problematizadora como campo rico para o cuidado com a transversalidade bioética, especialmente, com enfoque da Filosofia: “A contribuição da área de filosofia, ética e bioética na Escola de Enfermagem deRibeirão Preto – USP.” (Brazilian Journal Nursing) “Educação em Bioética: desafios para a formação crítico-criativa dos profissionais de Enfermagem.” (Mundo Saúde) “Diretrizes curriculares para o ensino da Ética na graduação em enfermagem.” “Ética em enfermagem: um ensaio com enfoque deontológico para uma aprendizagem baseada na pedagogia da problematização.” A pedagogia da problematização dá importância ao desenvolvimento da capacidade de observação da realidade imediata, buscando soluções originais e criativas. Cabe lembrar aqui a existência de diferenças individuais entre as pessoas e a diferença entre os esquemas de assimilação em que cada uma possa estar. Compete aos educadores atentarem para o fato de que é importante se certificarem de que ao se encerrar a discussão de um assunto, todos tenham tido a possibilidade do entendimento global do mesmo. (8) 3.4 Humanização e modelos de cuidado Há produção maior por autores como FERREIRA (2005) ( 9); CASSATE & CORREA (2005) (10) e LUNARDI (2006) (11), entre outros autores, que empreendem esforços no sentido de estudar o cuidado com enfoque na ética e bioética. Tais autores explicitam a inserção das questões sobre humanização como projeto político a partir dos anos 90 e também explicam que o cuidado na atualidade é caracterizado pela globalização; afeta a forma de olharmos o mundo e como ele se apresenta. Especialmente com a redefinição de papéis, família, sexualidade, interações e as relações de trabalho. Além disso, expõem que o cuidador é essencial ao cuidado do outro, estando atrelado à dignidade humana e solidariedade. Outro enfoque importante nesses estudos é o de que o novo 7845 Trabalho 1631 - 8/12 9 paradigma holístico mostra que a cura está atrelada ao cuidado, mas o cuidado existe independente da cura. “Há a necessidade de que o enfermeiro reavalie seu cuidado, de maneira a perceber que os princípios bioéticos devem reger sua prática sempre, de forma a auxiliar no respeito ao paciente e no cuidado humanizado de Enfermagem, fazendo com que o cuidado não se torne apenas a aplicação de técnicas de Enfermagem, mas sim, uma prática complexa que considera que aquele a quem se presta este cuidado é um Ser digno, com necessidades não apenas biológicas, mas psicológicas, sociais e espirituais.” (R ev Bras Enferm) Todas essas percepções sobre o cuidado encontram viés na ética e na bioética, em que pese a transversalidade no cuidado. Os artigos em estudo explicitam que os sujeitos do cuidado trazem uma bagagem de experiências e vivências, as quais devam ser consideradas, como atitude ética, visando à promoção à saúde e prevenção de doenças na busca do restabelecimento do ser humano. Trazem em seu bojo que é a relação de ajuda do tipo sujeito pressupõe os seres em relação como pessoas com a mesma dignidade pessoal, mesmo com funções diferentes; que o cuidado exige diálogo e informações para a tomada de decisão, pois o sujeito necessita aprender a escolher e a responsabilizar-se por suas escolhas, tendo poder de decisão sobre si. Assim, o cuidado pode ser praticado apenas interpessoalmente, a partir de modelos pautados na interação cliente/profissional com qualidade, visando a interação terapêutica efetiva, percebendo o cliente como único na sua subjetividade e formas de expressividade. Nesse pensamento aponta Modelos de Cuidado, a saber: restauradores e reabilitadores; que resgatam a integridade pessoal dos sujeitos; integradores do meio e expressivo.(9) 3.5 Pesquisa com seres humanos 7846 Trabalho 1631 - 9/12 10 “A enfermagem e as questões éticas envolvendo a pesquisa com crianças e adolescentes.” (Esc. Anna Nery Rev. Enferm / 2002) “Vulnerabilidade e riscos em pesquisa com entrevistas” (Nursing, SP, 2007) Os artigos em enfermagem abordam a ética em pesquisa no que tange às determinações da Resolução CNS 196/96, que determina critérios para pesquisas com seres humanos exigindo: a construção do Consentimento Livre e Esclarecido de forma clara, contendo informações sobre todos os aspectos da pesquisa, desde seu objeto, objetivos, até a garantia de anonimato dos depoentes, bem como, garantindo a eles o livre arbítrio quanto à permanência ou não como integrante/depoente da pesquisa. Igualmente, exigindo a submissão do estudo a um Comitê de Ética em Pesquisa e autorização da instituição estudada. Essas exigências, conforme os artigos são essenciais para garantir a conduta ética dos pesquisadores, entretanto há necessidade de implementar esforços em manter os depoentes menos vulneráveis e mais instruídos ou informados sobre os objetivos dos estudos, que nem sempre ficam claros nos textos redigidos. E, ainda, abordam a questão do livre arbítrio e da necessidade de tratamento como questões que se cruzam, se contrapõem muitas vezes mascarando sintomas, o que interfere nos resultados dos estudos. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os dilemas no âmbito das ciências da vida podem influenciar o comportamento do enfermeiro e equipe, especialmente associados aos seus valores, crenças e conhecimentos. Assim, associamos a conduta ética do cuidado com qualidade e competência com a prevenção de riscos ao cliente, sendo necessário o diálogo multidisciplinar e decisões que envolvam os direitos dos clientes, em que o consentimento livre e esclarecido e os princípios bioéticos devem ser seguidos. A perspectiva da enfermagem em uma ótica de dimensão subjetiva é atitude ética em que pesem as relações humanas, apresentadas em face às decisões que envolvam direitos e dignidade humana. Há necessidade de enfoque tanto nas relações entre os sujeitos, quanto com o meio ambiente e social observando a transparência nas tomadas de decisões no devido 7847 Trabalho 1631 - 10/12 11 compartilhamento do conhecimento, aplicando os princípios bioéticos, salvaguardando os interesses do sujeito em detrimento dos interesses da ciência. Compreendemos que a enfermagem deve ter bem firme a coerência e conhecimento sobre as implicações éticas na busca do desenvolvimento tecnocientífico da área, envidando esforços para promover a formação e educação em bioética, enfatizando a legislação vigente 196/96. Especialmente, todo ato em enfermagem deverá ser pautado nos direitos humanos, às liberdades fundamentais e à dignidade humana, inserindo nos artigos publicados estudos sobre a formação acadêmica para proporcionar evidências da dinâmica problematizadora, transcultural, favorecendo a aprendizagem, questionamentos, novas hipóteses e possibilidades. 5. REFERÊNCIAS 1 Potter VR. Bioethics. Bridge to the future. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1971:2. 2 OMS (2001) 3 Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM Revisão integrativa: método de pesquisa para a Incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2008 Out-Dez; 17(4): 758-64. 4 Pessini, L; Barchifontaine, C. de P. de. Problemas atuais de Bioética. 3º Ed. São Paulo: Edições Loyola.2001. 5 Santos LR; Beneri RL, Lunardi VL.Questões éticas no trabalho da equipe de saúde: o (des) respeito aos direitos do cliente. Rev Gaucha Enferm. 2005; 26 (3): 403-13. 6 Zoboli ELCP, Sartorio NA. Bioética e enfermagem: uma interface no cuidado. O Mundo Saúde 2006;30(3):382-97. 7 Gilligan C. In a different voice: psychological theory and women’s development. 31st reimpr. Cambridge: Harvard University; 1998. 8. Bordenave, J. E.D. - “La transferencia de Tecnologia Apropriada ao Pequeño Agricultor” Revista Interamericana de Educação de Adultos-vol. 3,no 1-2,1980- PRDE-OEA 7848 Trabalho 1631 - 11/12 12 9 Ferreira, M.A; Castro, E. S; Mendes, P. W.; A integração no cuidado: uma questão na enfermagem fundamental. Esc. Anna Nery. Rev.de Enfermagem. A.9, n.1, p. 39-45, abr,2005. 10 Casate, J. C.; Corrêa, A. K. Humanização do atendimento em saúde:conhecimento veiculado na literatura brasileira de enfermagem, Rev. Latino- Americana de Enfermagem, v.13, n.1, p.105-111, jan-fev, 2005. 11. Bakes, D. S.; Lunardi, V. L.; Lunardi Filho, W. D. A humanização hospitalar como expressão da ótica. Rev. Latino-Americana de Enfermagem, v,14, n.1, p. 132-135, jan-fev, 2006. 12. Barbosa I. A; Silva M J P . Cuidado humanizado de enfermagem: o agir com respeito em um hospital universitário Rev. bras. enferm. vol.60 no.5 Brasília Sept./Oct. 2007 7849 Trabalho 1631 - 12/12
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