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ética e bioética

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Prévia do material em texto

1 
BIOÉTICA EM ENFERMAGEM: uma revisão integrativa da literatura 
SAUTHIER, Marta 1 
SEIXAS, Ana Paula Ribeiro 2 
 
O compromisso ético dos profissionais de enfermagem, especialmente, ao 
cuidado humano, deve pautar-se na bioética, como prática de ações permeadas 
por uma postura crítica e reflexiva, em que pesem a dignidade humana. Neste 
pensamento, construímos a seguinte questão norteadora: Qual o pensamento que 
vem sendo construído em relação às dimensões bioéticas sobre o cuidado de 
enfermagem ao cliente e a dignidade humana? Como objeto, constituímos: a 
bioética em enfermagem e o compromisso dos enfermeiros com a dignidade 
humana. Os objetivos foram: Levantar as publicações recentes sobre bioética 
em enfermagem; reconhecer os problemas bioéticos emergentes na área e 
caracterizar o compromisso dos profissionais de enfermagem com os desafios da 
bioética na enfermagem atual Metodologia : Utilizamos a revisão integrativa da 
literatura, desenvolvida na obtenção, interpretação e integração dos resultados 
nessa prática. Assim, as etapas seguidas foram: 1.Identificação do tema e 
seleção da questão norteadora; 2. Estabelecimento de critérios para inclusão e 
exclusão de estudos; 3.Definições das informações extraídas dos estudos 
selecionados e categorização; 4.Realizamos a avaliação dos estudos incluídos na 
revisão integrativa; 5.Interpretamos os resultados e 6. Apresentamos a revisão e 
síntese do conhecimento. Os resultados analisados mostram que há deficiência 
de produção sobre o tema nos últimos dez anos em língua portuguesa, no Brasil. 
E ainda, traz a tona os problemas políticos sociais e econômicos que interferem 
nas estratégias de cuidado, o que contribui para riscos e erros, comprometendo a 
ética do cuidado. Considerações finais : Os dilemas no âmbito das ciências da 
vida podem influenciar o comportamento do enfermeiro e equipe, especialmente 
associados aos seus valores, crenças e conhecimentos. A enfermagem deve ter 
bem firme a coerência e conhecimento sobre as implicações éticas na busca do 
desenvolvimento tecnocientífico, enfatizando a legislação vigente 196/96. 
 
1 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunto I da EEAN/UFRJ. Coordenadora do PCI VII. 
Docente da disciplina Ética Profissional. 
2 Enfermeira. Especialista em Enfermagem. Docente SENAC/Petrópolis. anaseixasenf@gmail.com. 
 
7838
Trabalho 1631 - 1/12
 2 
Palavras-chave: Bioética em Enfermagem. Dignidade H umana. Direitos 
Humanos 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
A bioética, um neologismo que ganhou poder com Potter em 1971 (1), se 
originou a partir de questões sobre os limites das pesquisas e ou experimentos 
com seres humanos. Atualmente abarca as questões limítrofes vida /morte, 
dignidade dos seres humanos, vida no planeta, conduta e pesquisa com animais, 
direitos individuais e coletivos, sendo mais ampla do que as dimensões éticas no 
enfoque dos atos humanos. 
O compromisso ético dos profissionais de enfermagem, em especial, no 
que tange ao seu objeto, que é o cuidado humano, deve pautar-se na bioética, 
como prática de ações permeadas por uma postura crítica e reflexiva, em que 
pese a dignidade humana, direitos e a própria vida do planeta, de forma 
interdisciplinar, transcultural, dialógica e plural, sedimentada pelos princípios da 
bioética: justiça, autonomia, beneficiência e não-maleficiência. 
Os enfoques dos problemas éticos estão em permanentemente discussão, 
não há um recorte temporal entre eles, os dados temporais referem-se ao 
emergirem novas questões. Assim, o estudo dos problemas em bioética, antes 
dos anos 90 e após os anos 90, se dá de forma didática e permanente. Temos 
como pressuposto que os dilemas no âmbito das ciências da vida podem 
influenciar o comportamento do enfermeiro e equipe, especialmente associados 
aos seus valores, crenças e conhecimentos. Assim, associamos a conduta ética 
do cuidado com qualidade e competência com a prevenção de riscos ao cliente, 
sendo necessário o diálogo multidisciplinar e decisões que envolvem os direitos 
dos clientes, em que o consentimento livre e esclarecido e os princípios bioéticos 
devem ser seguidos. 
Neste pensamento, construímos a seguinte questão norteadora: Qual o 
pensamento que vem sendo construído em relação às dimensões bioéticas sobre 
o cuidado de enfermagem ao cliente e a dignidade humana? Como objeto, 
constituímos: a bioética em enfermagem e o compromisso dos enfermeiros com a 
dignidade humana. Os objetivos foram: Levantar as publicações recentes sobre 
7839
Trabalho 1631 - 2/12
 3 
bioética em enfermagem, nos últimos dez anos, por considerarmos esse espaço 
temporal como característico de publicações atuais na área da enfermagem; 
reconhecer os problemas bioéticos emergentes na área da enfermagem e 
caracterizar o compromisso dos profissionais de enfermagem com os desafios da 
bioética na enfermagem atual, a partir das publicações na área. 
Olhar a enfermagem em uma ótica de dimensão subjetiva é atitude ética, 
em que pesem as relações humanas, face às decisões que envolvam direitos e 
dignidade humana. Os debates devem ser pluralistas, aplicando os princípios 
bioéticos, salvaguardando os interesses do sujeito em detrimento dos interesses 
da ciência. 
Esta pesquisa torna-se imprescindível aos profissionais de enfermagem 
que pretendam uma assistência ética, com uma visão progressista, com 
problematização das questões relacionadas à vida e à saúde, bem como, às inter-
relações no ambiente do cuidado, contribuindo para terminar com as atitudes que 
mantenham o cliente passivo frente às decisões sobre sua saúde. 
Além disso, a falta de espaços ou momentos de reflexão sobre as 
responsabilidades ético-legais, que envolvem o cuidado em enfermagem e os 
problemas oriundos das condições dessa prática assistencial, reclama pela 
atitude de levantamentos desses problemas, dimensão ampla e publicação como 
proposta de ampliar essas responsabilidades com a vida e a saúde dos clientes e 
profissionais em relação. 
Compreendemos ainda que os aspectos que interferem na prática dos 
enfermeiros também atingem os clientes, o que ratifica a necessidade de 
identificação desses problemas e busca de soluções para o resgate da autonomia 
e direitos que envolvem essa relação. 
Se considerarmos a Bioética como uma ponte entre ciências e as 
humanidades (1), e ainda, se a compreendermos como propõe a OMS (2) (2001) 
”...uso criativo do diálogo para formular, articular e, na medida do possível, 
resolver os dilemas que são propostos pela investigação sobre a vida, a saúde e 
o meio ambiente”, estaremos mais próximos do cuidado ético relacionado à vida e 
à saúde. 
 
2. METODOLOGIA 
7840
Trabalho 1631 - 3/12
 4 
Utilizamos a revisão integrativa da literatura, que, além de possibilitar a 
síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto, permitem a 
constatação de lacunas que precisam ser preenchidas (3). Embora este método de 
pesquisa englobe vários estudos, também permite sua síntese, possibilitando 
conclusões gerais. A maior importância desse método é a contribuição aos 
profissionais, que buscam a compreensão ou atualização sobre um determinado 
tema. Por reconhecermos que os estudos baseados em evidências associam 
resultados oriundos de pesquisas na prática clínica (para resolução de 
problemas), sendo pilar para esse método, o enfermeiro, que realiza a pesquisa 
integrativa, deve se desenvolver na obtenção, interpretação e integração dos 
resultados nessa prática. Assim, as etapas seguidas foram: 1.Identificação do 
tema e seleção da questão norteadora, supracitados; 2. Estabelecimento de 
critérios para inclusão e exclusão de estudos, amostragem ou busca na literatura, 
onde selecionamos apenas os artigos publicados na BVS, pois contêm 
publicações de todas as fontes, como LILACS, SCIELLO, IBECS, MEDLINE, 
entre outros e publicações emlíngua portuguesa nos últimos dez anos, o que 
refinou a pesquisa, resultando em 34 artigos que serviram como fonte de 
consulta, sendo vinte e três (23) sobre Bioética em enfermagem; um (1) sobre 
dignidade humana na área e dez (10) sobre direitos humanos em enfermagem. 3. 
As definições das informações extraídas dos estudos selecionados e 
categorização foram: autonomia e direitos dos clientes – questões limítrofes vida-
morte – formação problematizadora – pesquisa com seres humanos – bioética 
com interface no cuidado de enfermagem e humanização e bioética e política de 
saúde. 4. Como quarta etapa, realizamos a avaliação dos estudos incluídos na 
revisão integrativa. 5. Na quinta etapa, interpretamos os resultados e na sexta e 
última etapa, apresentamos a revisão e síntese do conhecimento, seguindo os 
critérios metodológicos exigidos para este tipo de pesquisa. 
Os dados literários foram selecionados, codificados entre parênteses com o 
nome da revista em que os artigos encontravam-se publicados e ano. Após esse 
passo, categorizamos os dados utilizando: 3.1 Questões limítrofes sobre a vida e 
a morte; 3.2 Autonomia e responsabilidade dos seres em relação e seus direitos; 
3.3 Formação profissional; 3.4 Humanização e modelos de cuidado e 3.5 
Pesquisa com seres humanos. 
7841
Trabalho 1631 - 4/12
 5 
 
3. RESULTADOS ANALISADOS 
De forma geral, a busca literária mostrou que há deficiência de produção 
sobre o tema nos últimos dez anos em língua portuguesa, no Brasil. E ainda, traz 
a tona os problemas políticos sociais e econômicos que interferem nas estratégias 
de cuidado, contribuindo para riscos e erros, comprometendo a ética do cuidado. 
Os estudos em bioética apontam mais para as questões limítrofes vida/morte, do 
que para as questões da sustentabilidade ou ambiente do cuidado. Os temas 
abordados com maior profundidade referem-se à humanização no cuidado de 
enfermagem, em que a dimensão do cuidado encontra princípios e valores 
humanos como transversais, e ainda, apresenta os maiores desafios da bioética 
na enfermagem atual como sendo a busca de equilíbrio entre aspectos técnico-
operativos e ético-morais; a busca de autonomia e responsabilidade dos seres em 
inter-relação, integrando princípios e competências técnicas, respeitando a 
dignidade humana. 
 
3.1 Questões limítrofes sobre a vida e a morte 
Dentre os artigos que envolvem a temática, levantamos as que se seguem: 
“Morte cerebral como presente para a vida.” (Texto e Contexto) 
“A distanásia geradora de dilemas éticos em UTI.” (Acta Paulista) 
“Agir do enfermeiro em bloco cirúrgico.” (Ver. Baiana) 
“Problemas atuais de bioética.” (Loyola) 
Esses artigos trazem um enfoque da participação de clientes e 
profissionais em relação aos posicionamentos, atuações e decisões sobre os 
dilemas que envolvem a morte e o aproveitamento de órgãos para a manutenção 
da vida através de transplantes. Conseqüentemente, abordam de forma pluralista 
e multidisciplinar essas práticas culturais contemporâneas. 
O papel do enfermeiro transcende a atuação técnica no cuidado do órgão 
transplantado, incidindo na captação, informação, acompanhamento e elucidação 
dessas práticas, para as quais nem todos nós profissionais, estamos preparados. 
Essas práticas culturais contemporâneas levantam uma série de questões 
que nos reportam a atitudes, crenças, mitos e interferência do desenvolvimento 
7842
Trabalho 1631 - 5/12
 6 
científico nessas questões culturais que sofrem transformação interferindo nas 
sociedades, leis e culturas.(4) 
Portanto, os profissionais, que atuam como captadores e que cuidam de 
clientes e familiares, seja na doação ou recebimento de órgãos, devem estar 
preparados para tais questões, garantindo a autonomia dos clientes e seus 
direitos, com uma atuação transcultural e problematizadora. (5) 
 
3.2 Autonomia e responsabilidade dos seres em relaç ão e seus direitos 
“Autonomia da criança hospitalizada frente aos procedimentos.” (Texto e 
Contexto) 
“Direitos do cliente como questão ética.” (Rev. Bras. Enferm.) 
“Bioética e enfermagem: uma interface no cuidado.” (Mundo Saúde) 
“O sentido de ser humano: base reflexiva para o cuidado de enfermagem.” 
(Rev. Enferm. UERJ) 
“Autonomia do doente institucionalizado na percepção de enfermeiras...” 
(São Paulo-Tese) 
“Autonomia do paciente: o vivencial de alunos de graduação.” 
“Participação da mulher com câncer na escolha do seu tratamento.” (Rev. 
Lat Amer Enfermagem) 
“Autonomia do paciente no processo terapêutico com valor para a saúde.” 
 “A querela dos direitos: loucos, doentes mentais...” (Paidéia – RP) 
Os artigos abordam as questões que envolvem a vida no que tange aos 
direitos e autonomia dos clientes frente ao tratamento que recebem. 
Nesse sentido, fazer valer tais direitos requer profissionais conscientes 
desses direitos e preparados para informar os clientes, oferecendo a eles 
respostas às suas questões, especialmente, contribuindo para que possam optar 
com conhecimento sobre seu estado de saúde, cuidados de enfermagem e 
tratamentos de enfermagem que serão oferecidos. 
Os artigos trazem à luz dos principais problemas que interferem na 
autonomia, como a capacidade de decidir com conhecimento e segurança, visto 
que, por vezes, os profissionais apresentam informações que se contrapõem, seja 
por falta de atualização, seja por seguirem diferentes correntes ou opiniões. Ou 
seja, falta de uniformização e normalização das informações. 
7843
Trabalho 1631 - 6/12
 7 
Os fatores impeditivos para autonomia são: cuidado paternalista, 
maternalista; sobrecarga de trabalho; tempo e condições materiais; 
responsabilidade não só da enfermagem, mas da instituição de saúde organizada 
pela administração; falta de informação de médicos e enfermeiras; importância 
menor dada à comunicação. (6) 
A informação e o diálogo “funcionam para evidenciar interesse, respeito, 
aceitação, definir diferenças, e nem tanto para expressar idéias ou informações” 
no cotidiano da saúde. (6) 
Só existe uma relação que vincula enfermeiro e cliente, que contribui na 
ética do cuidado com interface da bioética e da enfermagem que é o ideal de 
cuidado: “atividades de relacionamentos, de perceber e responder às 
necessidades, de tomar conta do mundo, buscando a manutenção da teia de 
conexão de um modo que ninguém seja deixado sozinho.” (7) 
Há nessas palavras a assertiva da interconexão e interdependência 
humana. Apenas uma artigo atual enfoca a auto-avaliação dos enfermeiros sobre 
sua prática com enfoque sobre os direitos dos clientes, ou seja, com interface da 
bioética sobre o cuidado: 
“A percepção das enfermeiras acerca da sua atuação ante os direitos dos 
clientes.” (Rev. Esc. Enf. USP) 
Nesse estudo, os autores evidenciaram que o melhor desempenho das 
enfermeiras estava em preservar a individualidade do cliente, sendo que a 
autonomia e identificação pessoal do cliente ficaram em um nível intermediário, 
sendo a informação para a tomada de decisão, o construto que apresentou 
menos desempenho dessas profissionais. 
Ratificado está que há necessidade de fornecer condições e empreender 
esforços para garantir aos enfermeiros e motivá-los para atuação mais eficaz 
efetiva no que tange às informações aos clientes. Como vimos, essa é a base 
para a decisão. 
Compreendemos, assim, que a bioética serve de meio para integrar o 
cuidado técnico e ético, em que pesem competências do saber/fazer e que se 
traduz na informação efetiva, eficaz e eficiente, como responsabilização percebida 
por nós dos enfermeiros com a autonomia e direitos dos clientes. 
 
7844
Trabalho 1631 - 7/12
 8 
3.3 Formação profissional 
Os artigos atuais enfocam a formação reflexiva e problematizadora como 
campo rico para o cuidado com a transversalidade bioética, especialmente, com 
enfoque da Filosofia: 
“A contribuição da área de filosofia, ética e bioética na Escola de 
Enfermagem deRibeirão Preto – USP.” (Brazilian Journal Nursing) 
“Educação em Bioética: desafios para a formação crítico-criativa dos 
profissionais de Enfermagem.” (Mundo Saúde) 
“Diretrizes curriculares para o ensino da Ética na graduação em 
enfermagem.” 
“Ética em enfermagem: um ensaio com enfoque deontológico para uma 
aprendizagem baseada na pedagogia da problematização.” 
A pedagogia da problematização dá importância ao desenvolvimento da 
capacidade de observação da realidade imediata, buscando soluções originais e 
criativas. Cabe lembrar aqui a existência de diferenças individuais entre as 
pessoas e a diferença entre os esquemas de assimilação em que cada uma 
possa estar. Compete aos educadores atentarem para o fato de que é importante 
se certificarem de que ao se encerrar a discussão de um assunto, todos tenham 
tido a possibilidade do entendimento global do mesmo. (8) 
 
3.4 Humanização e modelos de cuidado 
Há produção maior por autores como FERREIRA (2005) ( 9); CASSATE & 
CORREA (2005) (10) e LUNARDI (2006) (11), entre outros autores, que 
empreendem esforços no sentido de estudar o cuidado com enfoque na ética e 
bioética. 
Tais autores explicitam a inserção das questões sobre humanização como 
projeto político a partir dos anos 90 e também explicam que o cuidado na 
atualidade é caracterizado pela globalização; afeta a forma de olharmos o mundo 
e como ele se apresenta. Especialmente com a redefinição de papéis, família, 
sexualidade, interações e as relações de trabalho. Além disso, expõem que o 
cuidador é essencial ao cuidado do outro, estando atrelado à dignidade humana e 
solidariedade. Outro enfoque importante nesses estudos é o de que o novo 
7845
Trabalho 1631 - 8/12
 9 
paradigma holístico mostra que a cura está atrelada ao cuidado, mas o cuidado 
existe independente da cura. 
“Há a necessidade de que o enfermeiro reavalie seu cuidado, de maneira a 
perceber que os princípios bioéticos devem reger sua prática sempre, de 
forma a auxiliar no respeito ao paciente e no cuidado humanizado de 
Enfermagem, fazendo com que o cuidado não se torne apenas a aplicação 
de técnicas de Enfermagem, mas sim, uma prática complexa que considera 
que aquele a quem se presta este cuidado é um Ser digno, com 
necessidades não apenas biológicas, mas psicológicas, sociais e espirituais.” 
(R ev Bras Enferm) 
Todas essas percepções sobre o cuidado encontram viés na ética e na 
bioética, em que pese a transversalidade no cuidado. 
Os artigos em estudo explicitam que os sujeitos do cuidado trazem uma 
bagagem de experiências e vivências, as quais devam ser consideradas, como 
atitude ética, visando à promoção à saúde e prevenção de doenças na busca do 
restabelecimento do ser humano. 
Trazem em seu bojo que é a relação de ajuda do tipo sujeito pressupõe os 
seres em relação como pessoas com a mesma dignidade pessoal, mesmo com 
funções diferentes; que o cuidado exige diálogo e informações para a tomada de 
decisão, pois o sujeito necessita aprender a escolher e a responsabilizar-se por 
suas escolhas, tendo poder de decisão sobre si. 
Assim, o cuidado pode ser praticado apenas interpessoalmente, a partir de 
modelos pautados na interação cliente/profissional com qualidade, visando a 
interação terapêutica efetiva, percebendo o cliente como único na sua 
subjetividade e formas de expressividade. Nesse pensamento aponta Modelos de 
Cuidado, a saber: restauradores e reabilitadores; que resgatam a integridade 
pessoal dos sujeitos; integradores do meio e expressivo.(9) 
 
 
 
3.5 Pesquisa com seres humanos 
7846
Trabalho 1631 - 9/12
 10 
“A enfermagem e as questões éticas envolvendo a pesquisa com crianças 
e adolescentes.” (Esc. Anna Nery Rev. Enferm / 2002) 
“Vulnerabilidade e riscos em pesquisa com entrevistas” (Nursing, SP, 2007) 
Os artigos em enfermagem abordam a ética em pesquisa no que tange às 
determinações da Resolução CNS 196/96, que determina critérios para pesquisas 
com seres humanos exigindo: a construção do Consentimento Livre e Esclarecido 
de forma clara, contendo informações sobre todos os aspectos da pesquisa, 
desde seu objeto, objetivos, até a garantia de anonimato dos depoentes, bem 
como, garantindo a eles o livre arbítrio quanto à permanência ou não como 
integrante/depoente da pesquisa. 
Igualmente, exigindo a submissão do estudo a um Comitê de Ética em 
Pesquisa e autorização da instituição estudada. Essas exigências, conforme os 
artigos são essenciais para garantir a conduta ética dos pesquisadores, entretanto 
há necessidade de implementar esforços em manter os depoentes menos 
vulneráveis e mais instruídos ou informados sobre os objetivos dos estudos, que 
nem sempre ficam claros nos textos redigidos. 
E, ainda, abordam a questão do livre arbítrio e da necessidade de 
tratamento como questões que se cruzam, se contrapõem muitas vezes 
mascarando sintomas, o que interfere nos resultados dos estudos. 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Os dilemas no âmbito das ciências da vida podem influenciar o 
comportamento do enfermeiro e equipe, especialmente associados aos seus 
valores, crenças e conhecimentos. Assim, associamos a conduta ética do cuidado 
com qualidade e competência com a prevenção de riscos ao cliente, sendo 
necessário o diálogo multidisciplinar e decisões que envolvam os direitos dos 
clientes, em que o consentimento livre e esclarecido e os princípios bioéticos 
devem ser seguidos. 
A perspectiva da enfermagem em uma ótica de dimensão subjetiva é 
atitude ética em que pesem as relações humanas, apresentadas em face às 
decisões que envolvam direitos e dignidade humana. Há necessidade de enfoque 
tanto nas relações entre os sujeitos, quanto com o meio ambiente e social 
observando a transparência nas tomadas de decisões no devido 
7847
Trabalho 1631 - 10/12
 11 
compartilhamento do conhecimento, aplicando os princípios bioéticos, 
salvaguardando os interesses do sujeito em detrimento dos interesses da ciência. 
Compreendemos que a enfermagem deve ter bem firme a coerência e 
conhecimento sobre as implicações éticas na busca do desenvolvimento 
tecnocientífico da área, envidando esforços para promover a formação e 
educação em bioética, enfatizando a legislação vigente 196/96. Especialmente, 
todo ato em enfermagem deverá ser pautado nos direitos humanos, às liberdades 
fundamentais e à dignidade humana, inserindo nos artigos publicados estudos 
sobre a formação acadêmica para proporcionar evidências da dinâmica 
problematizadora, transcultural, favorecendo a aprendizagem, questionamentos, 
novas hipóteses e possibilidades. 
 
 
5. REFERÊNCIAS 
1 Potter VR. Bioethics. Bridge to the future. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 
1971:2. 
2 OMS (2001) 
3 Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM Revisão integrativa: método de 
pesquisa para a Incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto 
Contexto Enferm, Florianópolis, 2008 Out-Dez; 17(4): 758-64. 
4 Pessini, L; Barchifontaine, C. de P. de. Problemas atuais de Bioética. 3º Ed. 
São Paulo: Edições Loyola.2001. 
5 Santos LR; Beneri RL, Lunardi VL.Questões éticas no trabalho da equipe de 
saúde: o (des) respeito aos direitos do cliente. Rev Gaucha Enferm. 2005; 26 
(3): 403-13. 
6 Zoboli ELCP, Sartorio NA. Bioética e enfermagem: uma interface no cuidado. 
O Mundo Saúde 2006;30(3):382-97. 
7 Gilligan C. In a different voice: psychological theory and women’s 
development. 31st reimpr. Cambridge: Harvard University; 1998. 
8. Bordenave, J. E.D. - “La transferencia de Tecnologia Apropriada ao Pequeño 
 Agricultor” Revista Interamericana de Educação de Adultos-vol. 3,no 1-2,1980- 
PRDE-OEA 
7848
Trabalho 1631 - 11/12
 12 
9 Ferreira, M.A; Castro, E. S; Mendes, P. W.; A integração no cuidado: uma 
questão na enfermagem fundamental. Esc. Anna Nery. Rev.de Enfermagem. 
A.9, n.1, p. 39-45, abr,2005. 
10 Casate, J. C.; Corrêa, A. K. Humanização do atendimento em saúde:conhecimento veiculado na literatura brasileira de enfermagem, Rev. Latino-
Americana de Enfermagem, v.13, n.1, p.105-111, jan-fev, 2005. 
11. Bakes, D. S.; Lunardi, V. L.; Lunardi Filho, W. D. A humanização hospitalar 
como expressão da ótica. Rev. Latino-Americana de Enfermagem, v,14, n.1, p. 
132-135, jan-fev, 2006. 
12. Barbosa I. A; Silva M J P . Cuidado humanizado de enfermagem: o agir com 
respeito em um hospital universitário Rev. bras. 
enferm. vol.60 no.5 Brasília Sept./Oct. 2007 
 
 
7849
Trabalho 1631 - 12/12

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