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Módulo 1 - Desenvolvimento Sustentável: Um Paradigma em Construção
Módulo 1: Desenvolvimento Sustentável: Um Paradigma em Construção
O termo sustentabilidade traz em si, conceitos múltiplos, daí a dificuldade para ser definido.
Somente com uma reflexão crítica sobre o ambiente em que o indivíduo está inserido é que este pode identificar os problemas existentes e intervir na sua própria realidade na busca por melhores condições de vida.
Inicialmente, SACHS (1993) classificou em cinco as dimensões da sustentabilidade: social, econômica, ecológica, espacial e cultural. Através do desdobramento dessas dimensões, o mesmo autor, em artigo recente, apresentou oito pilares da sustentabilidade (SACHS 2000, p. 54). Segundo ele, “Quer seja denominado ecodesenvolvimento ou desenvolvimento sustentável, a abordagem fundamentada nos objetivos sociais, ambientais e econômicos não se alterou desde o encontro de Estocolmo, na Suécia em 1972”.
Há uma crescente preocupação da sociedade com as questões relacionadas e Sustentabilidade que são diretamente ligadas ao meio ambiente. Com isso, aumentou a importância de uma atuação efetiva para o equacionamento da sua problemática  tornando, então, indispensável à condução sistematizada de um conjunto de ações visando se promover a melhoria ambiental.
Para atender às suas necessidades básicas, a sociedade acaba interferindo no ambiente alterando das condições de qualidade ambiental. Assim, as demandas sociais levam a determinadas interações e justificam intervenções que podem resultar em diferentes impactos ambientais (AGRA FILHO, 2010).
Ainda segundo o mesmo autor, a concretização da melhoria ambiental consiste na condução harmoniosa dos diversos processos de intervenções humanas, visando à sustentabilidade. Para isso, é preciso que haja uma efetiva influência ou interferência nas diversas atividades que constituem os modos de interação humana com o ambiente, mediante formas e instrumentos que implementem um processo de desenvolvimento compatível com as capacidades ecológicas do ambiente natural e com as pretensões de qualidade de vida da população. Portanto, a educação ambiental deve compreender tanto ações destinadas a assegurar a manutenção das condições indispensáveis a um ambiente sadio, quanto ações que promovam a condução de alternativas de desenvolvimento social sustentável.
A despeito dos avanços tecnológicos do ser humano, a ciência também  trouxe em seu bojo, inúmeros questionamentos que vão muito além dos benefícios.
Umas das consequências da revolução tecno-científica ocorrida nos meados do século XX proporcionou que os sistemas de informação criassem inúmeras bases de dados via satélites que puderam constatar mundialmente a destruição da natureza e consequente danos aos recursos naturais, bem como permitiu ter uma visão global por meio de fotos sobre os efeitos da poluição do ar e da água, as queimadas, o degelo dos polos e o avanço da degradação ambiental de modo geral.
Isso contribuiu  ao lado das conferencias internacionais contribui muito para se politizar tais questões que transcenderam da esfera científica para a midiática e desta para a esfera internacional.
Sustentabilidade – Distribuição de custos – Natureza Ecológica
Linha do tempo da sustentabilidade
Fim do século 19: Donas-de-casa dos EUA criam a “New York Consumers League”.
-1906: EUA lançam a Regulamentação para Inspeção de Carnes e a Lei de Alimentos e Medicamentos. 
-1911: Estabelecida a primeira reserva florestal do Brasil, no então território do Acre. 
-1927: Fundado o Food and Drugs Administration (FDA), órgão que normatiza a venda de alimentos e medicamentos nos Estados Unidos. 
-1934: O Código Florestal Brasileiro e o Código de Águas são sancionados. 
-1937: Criado o Parque de Itatiaia (RJ), o primeiro parque nacional do Brasil. 
-1938: O FDA normatiza a produção e venda de cosméticos (nos EUA). 
-1948: Surge a IUPN, nos EUA, depois chamada de IUCN (Internacional Union for Conservation of Nature and Natural Resources), cuja lista vermelha de espécies em extinção se tornaria padrão mundial em 1994. 
-1960: Fundação da Organização Internacional das Uniões de Consumidores, atual Consumidores Internacional. 
-1961: É criada a World Wildlife Fund (WWF), em Zurique, Suíça, por um grupo de cientistas. 
-1962: A bióloga marinha Rachel Carson lança o livro Primavera Silenciosa, provando que pesticidas e inseticidas contaminam o ambiente. 
-1962: O presidente John Kennedy (EUA) reconhece, no dia 15 de março, os direitos básicos dos consumidores. Nasce o Dia Mundial do Consumidor. 
-1964: O presidente americano Lyndon Johnson designa Esther Peterson como assistente presidencial para assuntos dos consumidores. É um marco dentro da perspectiva produção-consumo. 
-1965: Criada a primeira organização de consumidores de um país em desenvolvimento, a Associação de Consumidores dos Territórios Federais e de Selangor, na Malásia. 
-1967: No Brasil são editados os códigos de Caça, de Pesca, de Mineração e a Lei de Proteção à Fauna. 
-1968: Paris sedia a Conferência da Biosfera, que debate os aspectos científicos da conservação do ambiente natural. 
-1972: Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, em Estocolmo (Suécia). O termo “sustentabilidade” começa a ser delineado. 
-1975: O Brasil adere à Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites), assinada, atualmente, por 175 países. 
-1980: O termo “diversidade biológica” é usado pela primeira vez pelo biólogo americano Thomas Lovejoy. 
-1981: É editada a lei que estabelece no Brasil a Política Nacional de Meio Ambiente. 
-1985 a 1995: A Mata Atlântica perde mais de 1 milhão de hectares entre São Paulo e Santa Catarina. 
-1986: O termo “biodiversidade” é usado pela primeira vez, em um fórum americano sobre diversidade biológica. 
-1987: Surge, no Brasil, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). 
-1987: Definido oficialmente no âmbito da ONU o conceito de “desenvolvimento sustentável” no Relatório “Nosso Futuro Comum”, elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ficou conhecido como Relatório Brundtland:
“O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais.” 
-1988: É instituída a Comissão de Defesa do Consumidor da OAB/SP. 
-1989: Nasce o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). 
-1990: Promulgado no Brasil o Código de Defesa do Consumidor. 
-1990: São instituídas as seis primeiras unidades de conservação estaduais no Amazonas. 
-1992: Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), no Rio, lança as bases da Agenda 21, que propõe “mudanças nos padrões de consumo”. 
-1992: Criação da Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS), pela Assembleia Geral da ONU. 
-1994: Realizada a primeira Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP), nas Bahamas. 
-1995: A Comissão de Desenvolvimento Sustentável da ONU documenta o conceito de consumo sustentável:
“É o uso de serviços e produtos que respondem às necessidades básicas de toda a população e trazem a melhoria na qualidade de vida, ao mesmo tempo em que reduzem o uso dos recursos naturais e de materiais tóxicos, a produção de lixo e as emissões de poluição em todo o ciclo de vida, sem comprometer as necessidades das futuras gerações.”
-1997: É ratificado o Protocolo de Kyoto, que estabelece metas de redução das emissões de gases de efeito estufa pelas nações industrializadas. Os EUA não assinam. 
-1998: No Brasil, é publicada a Lei Federal nº 9.605, que dispõe sobre crimes ambientais. 
-1998: A Eslováquia abriga a COP4 sobrebiodiversidade. O encontro estabelece os próximos passos em relação à biossegurança e trata de questões da diversidade no ambiente aquático. 
-2000: Assembleia Geral da ONU adota 22 de maio como o Dia Internacional da Biodiversidade. 
-2000: Com 50 milhões de assinaturas, o Manifesto 2000 para uma Cultura de Paz e de Não-violência defende o “consumo responsável”. 
-2000: Surge a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), que prevê mecanismos para a defesa dos ecossistemas e de preservação dos recursos naturais. 
-2002: A COP6, na Holanda, estabelece metas de preservação da biodiversidade para 2010. 
-2002: O governo federal cria o programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) para proteger 50 milhões de hectares na região e conservar a biodiversidade. 
-2003: Entra em vigor o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, com o objetivo de garantir a segurança de manuseio, transporte e uso de organismos vivos modificados. 
-2006: Curitiba sedia a COP 8 da biodiversidade. 
-2008: A ONU e o governo da Noruega inauguram a Caixa-Forte de Sementes, com capacidade de armazenar 4,5 milhões de amostras. 
-2008: O Ministério do Meio Ambiente do Brasil publica o livro vermelho das espécies ameaçadas, com 627 nomes. 
-2009: O Ministério do Meio Ambiente do Brasil institui 15 de outubro como o Dia Nacional do Consumidor Consciente.
-2010: É declarado o Ano Internacional da Biodiversidade pela ONU.
Distribuição de custos e benefícios ambientais
Quanto aos recursos e quanto à distribuição de custos e benefícios. Na sua essência:
"é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e às aspirações humanas" (WCED, 1991, p.49].
Além de ter aumentado a percepção do mundo em relação aos problemas ambientais, a comissão de Gro Harlem Brundtland não se restringiu somente a estes aspectos. O Relatório mostrou que a possibilidade de um estilo de desenvolvimento sustentável está intrinsecamente ligado aos problemas de eliminação da pobreza, da satisfação das necessidades básicas de alimentação, saúde e habitação e, aliado a tudo isto, à alteração da matriz energética, privilegiando fontes renováveis e o processo de inovação tecnológica.
Os pontos centrais do conceito de desenvolvimento sustentável elaborados pela CMMAD e contidos no relatório Nosso Futuro Comum (WCED, 1991) e que se tornaram a linha mestra da Agenda 21:
"... tipo de desenvolvimento capaz de manter o progresso humano não apenas em alguns lugares e por alguns anos, mas em todo o planeta e até um futuro longínquo. Assim, o "desenvolvimento sustentável" é um objetivo a ser alcançado não só pelas nações ‘em desenvolvimento’, mas também pelas industrializadas.
"... atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades. Ele contém dois conceitos chaves: i) o conceito de ‘necessidades’, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres do mundo, que devem receber a máxima prioridade e: ii) "a noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõem ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras.
"Em essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas".
A "Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento" - CNUMAD (mais conhecida por "Rio-92" ou "Eco-92") buscou o consenso internacional para a operacionalização do conceito do desenvolvimento sustentável. A partir desta conferência, o termo desenvolvimento sustentável ganhou grande popularidade e vem sendo alvo de muitos estudos e tentativas de estabelecimento de políticas de gestão que buscam contemplar os seus princípios centrais.
O processo histórico relativo à preservação do meio ambiente implica simultaneamente transformações no Estado e no comportamento das pessoas. Essas transformações têm haver com alguns fatores, tais como o crescimento da importância da esfera institucional do meio ambiente entre os anos 70 e o final do século XX;
Os conflitos sociais em nível local e seus efeitos na interiorização de novas práticas; a educação ambiental como novo código de conduta individual e coletiva; a questão da participação; e, finalmente, a questão ambiental como nova fonte de legitimidade e de negociação nos conflitos. Esse conjunto de fatores implica na necessidade de se estabelecer uma nova ordem moral.
Economia e Natureza Ecológica
As questões que envolvem o homem e a natureza, foram potencializadas a partir da revolução industrial, ou seja, a partir do século XVIII. No ano de 1972 Dennis L. Meadows e um grupo de pesquisadores publicaram o estudo Limites do crescimento no mesmo ano aconteceu a conferência de Estocolmo sobre ambiente humano. Nem a publicação do Clube de Roma, nem a conferência de Estocolmo caíram do céu.
Elas foram a consequência de debates sobre os riscos da degradação do meio ambiente que, de forma esparsa, começaram nos anos 60, e ganharam no final dessa década e no início dos anos 70 uma certa densidade, que possibilitou a primeira grande discussão internacional culminando na Conferência de Estocolmo em 1972. O estudo do Clube de Roma reconhece a importância dos trabalhos anteriores e escreve: “As conclusões que seguem emergiram do trabalho que empreendemos até agora”.
Não somos, de forma alguma, o primeiro grupo a formulá-las. Nestes últimos decênios, pessoas que olharam para o mundo com uma perspectiva global e a longo prazo, chegaram a conclusões semelhantes.” (Meadows, 1972:19).
As teses e conclusões básicas do grupo de pesquisadores coordenado por Dennis
Meadows (1972:20) são:
Se as atuais tendências de crescimento da população mundial industrialização, poluição, produção de alimentos e diminuição de recursos naturais continuarem imutáveis, os limites de crescimento neste planeta serão alcançados algum dia dentro dos próximos cem anos. O resultado mais provável será um declínio súbito e incontrolável, tanto da população quanto da capacidade industrial.
É possível modificar estas tendências de crescimento e formar uma condição de estabilidade ecológica e econômica que se possa manter até um futuro remoto. O estado de equilíbrio global poderá ser planejado de tal modo que as necessidades materiais básicas de cada pessoa na Terra sejam satisfeitas, e que cada pessoa tenha igual oportunidade de realizar seu potencial humano individual.
Se a população do mundo decidir empenhar-se em obter este segundo resultado, em vez de lutar pelo primeiro, quanto mais cedo ela começar a trabalhar para alcançá-lo, maiores serão suas possibilidades de êxito.
Para alcançar a estabilidade econômica e ecológica, Meadows et al. propõem o congelamento do crescimento da população global e do capital industrial; mostram a realidade dos recursos limitados e rediscutem a velha tese de Malthus do perigo do crescimento desenfreado da população mundial. A tese do crescimento zero, necessário, significava um ataque direto à filosofia do crescimento contínuo da sociedade industrial e uma crítica indireta a todas as teorias do desenvolvimento industrial que se basearam nela.
As respostas críticas às teses de Meadows et al. surgiram consequentemente entre os teóricos que se identificaram com as teorias do crescimento. O prêmio Nobel em Economia, Solow, criticou com veemência os prognósticos catastróficos do Clube de Roma (Solow, 1973 e 1974).
Também intelectuais dos países do sul manifestaram-se de forma crítica. Assim Mahbub ul Haq (1976) levantou a tese de que as sociedades ocidentais, depois de um século de crescimento industrial acelerado, fecharam este caminho de desenvolvimento para os países pobres, justificandoessa prática
com uma retórica ecologista.
Essa foi uma argumentação frequentemente formulada na UNCED no Rio, em 1992, mostrando a continuidade de divergências e desentendimentos no discurso global sobre a questão ambiental e o desequilíbrio socioeconômico. 
Módulo 2 - Premissas da Sustentabilidade I
Módulo 2: Premissas da Sustentabilidade
Inicialmente, SACHS (1993) classificou em cinco as dimensões da sustentabilidade: social, econômica, ecológica, espacial e cultural (que serão tratadas detalhadamente no Módulo 2.1).
Através do desdobramento dessas dimensões, o mesmo autor, em artigo recente, apresentou oito pilares da sustentabilidade (SACHS 2000, p. 54).
Segundo ele, “Quer seja denominado ecodesenvolvimento ou desenvolvimento sustentável, a abordagem fundamentada nos objetivos sociais, ambientais e econômicos não se alterou desde o encontro de Estocolmo, na Suécia em 1972 e é válida a recomendação da utilização dos oito critérios distintos de sustentabilidade”, que são:
1. Sustentabilidade Social
2. Sustentabilidade Cultural
3. Sustentabilidade Ecológica
4. Sustentabilidade Ambiental
5. Sustentabilidade Territorial
6. Sustentabilidade Econômica
7. Sustentabilidade da Política Nacional:
8. Sustentabilidade da Política Internacional”
Há outras definições que envolvem sustentabilidade, a primeira refere-se ao desenvolvimento sustentável apresentada pela “Relatório Brundtland - nosso futuro comum” publicado em 1987, que diz que desenvolvimento sustentável é “suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas”, ou seja,  defendia a necessidade de se harmonizar o crescimento econômico e global com o equilíbrio natural, buscando mecanismos de produção mais limpos, racionalizando o consumo e priorizando ao máximo a erradicação da pobreza global.
Já segundo PELICIONI (1998), o conceito de desenvolvimento sustentável vem sendo discutido e aplicado a partir de diferentes enfoques, servindo inclusive, para manter as desigualdades sociais e econômicas vigentes no mundo.
De acordo com vários autores, entre eles, PELICIONI (1998), REIGOTA (2001) e JACOBI (2005), há inúmeras representações sociais sobre sustentabilidade, nos meios políticos e econômicos (como vimos acima), porém entre esses mesmos autores há consenso na necessidade de realizar uma ação imediata sobre os problemas ambientais que afetam e levam a riscos concretos para a saúde da população, seja pela poluição do ar que produz problemas respiratórios, ou pela qualidade da água, cada vez mais comprometida em suas propriedades essenciais, pela terra contaminada com adubos e inseticidas químicos, pelos gases do efeito estufa e pelo aquecimento global que também geram consequências nefastas: a desertificação, o aumento do nível dos oceanos, as inundações, os tornados e furacões, as secas entre tantos outros danos causados pelo descontrole das ações antrópicas.
Em qualquer caso, há a necessidade de reconstruir valores para que haja mudança de atitudes nas relações socioculturais de produção e consumo, nesse mesmo sentido, a educação ambiental mostra-se como importante instrumento capaz de promover tais transições.
As potencialidades fundamentais da educação ambiental referem-se, dentre as diversas articulações culturais, a desconstruir e reconstruir em bases mais justas as representações sociais a respeito do ambiente e do desenvolvimento econômico.
É por meio da educação ambiental que os indivíduos e a coletividade poderão dispor de instrumentos que lhes possibilitem a compreender a complexidade ambiental, que resulta de diversos fatores que vão além dos biofísicos. A cultura, a economia e a política, entre outros, devem ser considerados nesse contexto.
Os problemas ambientais tem se apresentado decorrentes de múltiplos fatores causais. O pensamento complexo de Edgar MORIN (2002) é no mesmo sentido: as ciências fracionadas não possuem capacidade para indicar soluções. A integração das especificidades pode conduzir a uma melhor compreensão cientifica.
Atualmente, o olhar sistêmico se faz necessário contra a fragmentação que envolve o saber e o fazer científico. MORIN (1995) propõe então uma  solução: a reconstrução do pensamento racional alicerçado em novas bases, de modo sistêmico e abrangente.
O mesmo autor, refletindo sobre a sociedade ao exaltar as especificidades do conhecimento, afirma que nela se segmenta tanto que se perde o referencial maior integrado ao conjunto, ao todo. “Nos ensinam a isolar os objetos (de seu meio ambiente), a separar as disciplinas (em vez de reconhecer suas correlações), a dissociar os problemas, em vez de reunir e integrar, obrigam-nos a reduzir o complexo ao simples, isto é, a separar o que está ligado; a decompor, e não a recompor; e a eliminar tudo que causa desordens ou contradições em nosso entendimento (MORIN, 1995).
Em CAPRA (1996) encontram-se os questionamentos dos diversos pensadores articuladores precursores do pensamento sistêmico. VARELA (1974); BERTALANFLY (1950), entre outros autores, estabelecem conexões entre os mais diversos campos do conhecimento.
Premissas da Sustentabilidade II
Conforme exposto no módulo 2, SACHS (1993) classificou em cinco as dimensões da sustentabilidade: social, econômica, ecológica, espacial e cultural, sendo que a partir do desdobramento dessas dimensões, o mesmo autor, apresenta oito pilares da sustentabilidade (SACHS 2000, p. 54).
Nesse sentido, segundo ele, “Quer seja denominado ecodesenvolvimento ou desenvolvimento sustentável, a abordagem fundamentada nos objetivos sociais, ambientais e econômicos não se alterou desde o encontro de Estocolmo, na Suécia em 1972 e é válida a recomendação da utilização dos oito critérios distintos de sustentabilidade”, que são:
1. Sustentabilidade Social: que se entende como a distribuição de renda justa e igualdade no acesso aos recursos e serviços sociais reduzindo a pobreza e as desigualdades sociais e promovendo a justiça e a equidade;
2. Sustentabilidade Cultural: que prevê o equilíbrio entre o respeito à tradição e à inovação desenvolvendo a capacidade para elaboração de um projeto nacional integrado e endógeno. Esse pilar deve ser sustentável na conservação de um sistema de valores, de práticas e de símbolos de identidade;
3. Sustentabilidade Ecológica: que consiste na preservação do potencial do capital natural, por meio da produção de recursos renováveis e da limitação do uso dos recursos não renováveis;
4. Sustentabilidade Ambiental: que deve respeitar e realçar a capacidade de autodepuração dos ecossistemas naturais e preservar a biodiversidade;
5. Sustentabilidade Territorial: procura a melhoria do ambiente urbano com o emprego de estratégias de desenvolvimento ambientalmente seguras para áreas ecologicamente frágeis. Elaboração de projetos que respeitem as características urbanas e rurais locais e, também, busquem a superação das disparidades regionais;
6. Sustentabilidade Econômica: desenvolvimento econômico intersetorial equilibrado, segurança alimentar, capacidade de modernização contínua dos instrumentos de produção e razoável nível de autonomia na pesquisa científica e tecnológica;
7. Sustentabilidade da Política Nacional: democracia definida em termos de respeito universal dos direitos humanos, desenvolvimento da capacidade do estado para implementar um projeto nacional, em parceria com todos os empreendedores, com razoável nível de coesão social;
8. Sustentabilidade da Política Internacional: eficácia do sistema de Prevenção de Guerras da Organização das Nações Unidas, na garantia da paz e na promoção da cooperação internacional; controle efetivo do sistema internacional financeiro e de negócios, e do princípio de precaução, na gestão do meio ambiente e dos recursos naturais; um pacote Norte-Sul de co-desenvolvimento, baseado no princípio da igualdade. Prevenção das mudanças globais negativas e proteção da diversidade biológica e cultural. Inclui também um efetivo sistema internacional de cooperação científica e tecnológica, e a eliminação parcial do caráter de commodityda ciência e da tecnologia, considerando-a como propriedade da herança comum da humanidade”. (SACHS 2000, p. 54)
Módulo 3 - O Conceito de Desenvolvimento Sustentável 
Módulo 3 – O Conceito de Desenvolvimento Sustentável
O termo sustentabilidade traz em si, conceitos múltiplos, daí a dificuldade para ser definido.
Somente com uma reflexão crítica sobre o ambiente em que o indivíduo está inserido é que este pode identificar os problemas existentes e intervir na sua própria realidade na busca por melhores condições de vida. 
A definição que tem sido mais aceita no meio científico sobre desenvolvimento sustentável foi apresentada pela “Relatório Brundtland - nosso futuro comum” publicado em 1987, que diz que desenvolvimento sustentável é “suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas”, ou seja,  defendia a necessidade de se harmonizar o crescimento econômico e global com o equilíbrio natural, buscando mecanismos de produção mais limpos, racionalizando o consumo e priorizando ao máximo a erradicação da pobreza global.
Direito do Desenvolvimento e Direito Internacional Ambiental – Educação Ambiental
Direito do Desenvolvimento e Direito Internacional Ambiental
Neste ponto devemos ter presente a convergência doutrinal registada ao longo da década de 90 em torno de um conceito de “desenvolvimento sustentável”, que esteve no cerne das discussões das Conferências das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento do Rio de Janeiro e de Joanesburgo, e o seu acolhimento em fontes de natureza convencional, como o preâmbulo do Acordo OMC. Assim, a principal justificação para a autonomia do Direito Internacional do Desenvolvimento parece ser a consideração de dimensões sociais e culturais do desenvolvimento, as quais serão de difícil apreensão por um direito dirigido aos mercados internacional.
A Declaração na sessão de Estrasburgo em 04/09/1997 do Instituto de Direito Internacional afirmou igualmente que todo o ser humano tem o direito de viver em um ambiente sadio. Luigi BRAVO (1998:303) a esse respeito declarou “A tendência preponderante dos membros do Instituto foi a de considerar o direito a um meio sadio como direito individual a gestão coletiva”.
Assim a institucionalização das questões ambientais atinge toda a sociedade direta ou indiretamente. A universidade  precisa organizar-se frente aos desafios que despontaram desde a Conferência de Estocolmo, 1972.
Há uma necessidade crescente de formação de recursos humanos em que em todas áreas que tenham capacidade de lidar com as recentes descobertas da amplitude e complexidade da temática ambiental.
Principalmente os estudantes área do direito que em breve se tornarão profissionais deverão lidar com causas de diversas origens dentro do temática ambiental.
A falta de preparo dos profissionais é dentre outros reflexo das políticas públicas em relação à educação no país que não inclui a obrigatoriedade da  temática ambiental transversal de forma multidisciplinar. Não há sequer a exigência que ela exista nos diversos níveis de ensino, seja público ou privado.
Desde agosto de 1981 foi  sancionada a Lei Federal n. 6.938, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, incluindo as finalidades e os mecanismos de formulação e execução. A educação ambiental foi considerada como um de seus alicerces, devendo se voltar a todos os níveis de ensino, inclusive para a educação da comunidade, a fim de capacitá-la para a participação ativa na defesa do meio ambiente (BRASIL, 1981).
Educação Ambiental
Segundo PELICIONI e PHILIPPI JR (2005 p.04), “conforme a Lei Federal n. 9.795 de 1999, que dispõe sobre a politica nacional de educação ambiental, todos têm direito à educação ambiental, componente essencial e permanente da educação nacional, que deve ser exercida de forma articulada em todos os níveis e modalidades de ensino, sendo de responsabilidade do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), do Sistema Educacional, dos meios de comunicação, do Poder Público e da Sociedade em geral (Brasil 1999).
Em seu art. 5º, a lei estabelecia entre seus objetivos fundamentais:
O incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável na preservação do equilíbrio do meio ambiente, estendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania (IV);
Conforme ZIONI in PELICIONI e PHILLIP JR. (2005 p.56): “Diante do impasses gerados para conjuntura social, faz-se extremamente urgente uma rediscussão sobre normas, valores, orientações culturais e formas de conhecimento em todas as sociedades. A crise ambiental é a maior razão para que isso ocorra com amplitude e profundidade”.
SANTOS (2000, p.26) considera que parte dos problemas da sociedade decorre do paradigma científico da modernidade no que se refere a elaboração de uma teoria crítica moderna que pode ser considerada subparadigmática, isto é, procura desenvolver possibilidades emancipatórias dentro do paradigma dominante. Para o autor “isso é impossível: essa teoria só acredita em emancipação rompendo o paradigma moderno...”.
Segundo PELICIONI e PHILLIP JR. (2005 p.07) o modelo de desenvolvimento econômico e tecnológico da sociedade capitalista urbano-industrial ocorre desigualmente em países com realidades socioeconômicas distintas.
Nesse sentido, segundo os mesmos autores (2005 p.08) “a redução da desigualdade é primordial para atingir plenamente a sustentabilidade em todas as suas dimensões...”.
A educação ambiental se apresenta neste contexto, portanto, como um processo educativo que conduz a um saber ambiental baseado nos valores éticos e nas regras políticas de convívio social e que vai contribuir para a redução de desigualdade. Tem a responsabilidade de construir uma cultura ecológica que compreenda natureza e sociedade como dimensões intrinsecamente relacionadas e que não podem ser pensadas de forma separada, independente ou autônoma (SORRENTINO et al., 2005, p.142).
Nesse sentido, MOUSINHO (2003 p.88) define Educação Ambiental como o  processo em que se busca despertar a preocupação individual e coletiva para a questão ambiental, garantindo o acesso à informação em linguagem adequada, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica e estimulando o enfrentamento das questões ambientais e sociais.
Desenvolve-se num contexto de complexidade, procurando trabalhar não apenas a mudança cultural, mas também a transformação social, assumindo a crise ambiental como uma questão ética e política” 
Um dos objetivos da educação ambiental então é melhorar a gestão dos recursos naturais e reduzir os danos ao ambiente.
PHILIPPI Jr (2002); PELICIONI (2001) e COIMBRA (2000), lembram que "a Educação Ambiental é muito mais do que o ensino ou a defesa da Ecologia, é um processo voltado para a apreciação crítica da questão ambiental sob a perspectiva histórica, antropológica, econômica, social, cultural, política e, naturalmente, ecológica, isto exige, portanto uma abordagem interdisciplinar" (p.182).
A Educação Ambiental trata da urgente transformação social que visa à superação das injustiças ambientais, da desigualdade social, da apropriação capitalista e funcionalista da natureza e da própria humanidade.  Compete à ela promover processos que impliquem no aumento do poder das minorias, hoje submetidas a uma ampla degradação ambiental socializada, de sua capacidade de autogestão e o fortalecimento de sua resistência à dominação de suas vidas e de seus espaços (SORRENTINO et al., 2005, p.144).
A Educação Ambiental tem um caráter formador que favorece a compreensão e mostra as determinações da realidade humana. O indivíduo torna-se capaz de compreender e agir de forma autônoma sobre sua própria realidade histórica, construída pelas relações sociais. Portanto, a Educação Ambiental tem como objetivo contribuir para a formação de indivíduos críticos e reflexivos capazes de (re) pensar sua própria prática social (JANKE e TOZONI-REIS, 2008 p.48).
A atual crise ambiental exige, para seu enfrentamento, maior dinamismo daEducação Ambiental, aumentando a urgência de se promover a mobilização coletiva para a alteração de valores e atitudes sociais (SISNEA, 2008).
No entanto, nem sempre é preciso alterar os valores, mas, muitas vezes reforçá-los ou resgatá-los. 
Quando nos referimos à Educação Ambiental, é importante destacarmos um de seus principais objetivos que é a educação para a cidadania. Assim, ela passa a ser um elemento determinante para a consolidação de sujeitos - cidadãos. É preciso que haja o fortalecimento da cidadania para a população como um todo, e não para um grupo restrito, concretizando-se pela possibilidade de cada pessoa ser portadora de direitos e deveres, e de se tornar ator corresponsável na defesa da qualidade de vida (JACOBI, 2003).
Módulo 4 - Conferência de Bandoeng
Módulo 4 – Conferência de Bandung
Entre 18 e 24 de Abril de 1955, reuniram-se na Conferência de Bandung, na Indonésia, os líderes de vinte e nove Estados asiáticos, sendo estes o Afeganistão, Arábia Saudita, Birmânia, Cambodja, Laos, Líbano, Ceilão, República Popular da China, Filipinas, Japão, Índia, Paquistão, Turquia, Síria, Israel, República Democrática do Vietnam, Irã, Iraque, Vietnam do Sul, Nepal e o Iémen do Norte, bem como os seguintes países africanos, como a Etiópia, Líbia, Libéria e o Egito, perfazendo uma população total de 1350 bilhões de habitantes. O patrocínio desta Conferência foi da responsabilidade da Indonésia, Índia, Birmânia, Sri Lanka e do Paquistão. O objetivo da mesma era a promoção da cooperação económica e cultural afro-asiática, como forma de oposição ao que era considerado colonialismo ou neocolonialismo dos Estados Unidos da América, da União Soviética ou de outra nação considerada imperialista.
Foi a primeira Conferência a falar e a afirmar que o Imperialismo e o Racismo são crimes. Transmitiram a idéia de criar o Tribunal da Descolonização, para julgar os culpados deste grotesco crime contra a humanidade, o Imperialismo, mas a iniciativa foi abafada pelos países centrais. Falaram também sobre as Responsabilidades dos Países Imperialistas, que existem até hoje. Responsabilidade que significa ajudar a reconstruir os estragos que os antigos colonos fizeram no passado.
Também foi apresentado nesta conferência a noção de Terceiro Mundo e os princípios básicos dos Países Não-alinhados, ou seja, uma postura diplomática e geopolítica de equidistância das Super-potências. Apesar do não-alinhamento, todos os países declararam que eram socialistas mas não se iriam alinhar ou sofrer influência Soviética. O Não-Alinhamento não foi possível no contexto da Guerra Fria, onde a URSS e os EUA cada vez mais procuraram expandir as suas áreas de influências. No lugar do conflito leste-oeste, Bandung criou o conceito de Conflito norte-sul, expressão de um mundo dividido entre países ricos e industrializados e países pobres exportadores de produtos primários.
Os Dez Princípios da Conferência de Bandung:
1. Respeito aos direitos fundamentais, de acordo com a Carta da ONU;
2. Respeito à soberania e integridade territorial de todas as nações;
3. Reconhecimento da igualdade de todas as raças e nações, grandes e pequenas;
4. Não-intervenção e não-ingerência nos assuntos internos de outro país;
5. Respeito pelo direito de cada nação defender-se, individual e colectivamente, de acordo com a Carta da ONU;
6. Recusa na participação dos preparativos da defesa colectiva destinada a servir os interesses particulares das Super-potências;
7. Abstenção de um acto ou ameaça de agressão, ou do emprego da força, contra a integridade territorial ou a independência política de outro país;
8. Solução de todos os conflitos internacionais por meios pacíficos, de acordo com a Carta da ONU;
9. Estímulo aos interesses mútuos de cooperação;
10. Respeito pela justiça e obrigações internacionais.
O Clube de Roma – Limites do Crescimento – Educação Ambiental
O conceito de desenvolvimento sustentável surge para enfrentar a crise ecológica, sendo que pelo menos duas correntes alimentaram o processo. Uma primeira, centrada no trabalho do Clube de Roma, reúne suas idéias, publicadas sob o título de Limites do crescimento em 1972, segundo as quais, para alcançar a estabilidade econômica e ecológica propõe-se o congelamento do crescimento da população global e do capital industrial, mostrando a realidade dos recursos limitados e indicando um forte viés para o controle demográfico (ver Meadows et al., 1972). Uma segunda, está relacionada com a crítica ambientalista ao modo de vida contemporâneo, e se difundiu a partir da Conferência de Estocolmo em 1972.
Tem como pressuposto a existência de sustentabilidade social, econômica e ecológica. Estas dimensões explicitam a necessidade de tornar compatível a melhoria nos níveis e qualidade de vida com a preservação ambiental. Surge para dar uma resposta à necessidade de harmonizar os processos ambientais com os socioeconômicos, maximizando a produção dos ecossistemas para favorecer as necessidades humanas presentes e futuras. A maior virtude dessa abordagem é que, além da incorporação definitiva dos aspectos ecológicos no plano teórico, ela enfatiza a necessidade de inverter a tendência auto destrutiva dos processos de desenvolvimento no seu abuso contra a natureza ( Jacobi, 1997).
Dentre as transformações mundiais das duas últimas décadas, aquelas vinculadas à degradação ambiental e à crescente desigualdade entre regiões assumem um lugar de destaque no reforço à adoção de esquemas integradores.
Articulam-se, portanto, de um lado, os impactos da crise econômica dos anos 80 e a necessidade de repensar os paradigmas existentes; e de outro, o alarme dado pelos fenômenos de aquecimento global e a destruição da camada de ozônio, dentre outros problemas.
A partir de 1987, a divulgação do Relatório Brundtlandt, também conhecido como "Nosso futuro comum" 1, defende a idéia do "desenvolvimento sustentável" indicando um ponto de inflexão no debate sobre os impactos do desenvolvimento. Não só reforça as necessárias relações entre economia, tecnologia, sociedade e política, como chama a atenção para a necessidade do reforço de uma nova postura ética em relação à preservação do meio ambiente, caracterizada pelo desafio de uma responsabilidade tanto entre as gerações quanto entre os integrantes da sociedade dos nossos tempos. Na Rio 92, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global coloca princípios e um plano de ação para educadores ambientais, estabelecendo uma relação entre as políticas públicas de educação ambiental e a sustentabilidade. Enfatizam-se os processos participativos na promoção do meio ambiente, voltados para a sua recuperação, conservação e melhoria, bem como para a melhoria da qualidade de vida.
Quando nos referimos à Educação Ambiental, é importante destacarmos um de seus principais objetivos que é a educação para a cidadania. Assim, ela passa a ser um elemento determinante para a consolidação de sujeitos - cidadãos. É preciso que haja o fortalecimento da cidadania para a população como um todo, e não para um grupo restrito, concretizando-se pela possibilidade de cada pessoa ser portadora de direitos e deveres, e de se tornar ator corresponsável na defesa da qualidade de vida (JACOBI, 2003).
Segundo PELLICIONI e PHILLIP JR. (2005), educar no comando da cidadania responsável exige novas estratégias de fortalecimento da consciência crítica a fim de habilitar grupos de pressão para uma ação social comprometida com a reforma do sistema capitalista.
A educação ambiental ao formar para a cidadania poderia contribuir para formar uma coletividade que é responsável pelo mundo que habita (SORRENTINO et al., 2005). Isso envolve numerosas variáveis ligadas por diferentes tipos de relações, além de ser baseada numa nova ética, que pressupõe outros valores morais e uma forma diferente de ver o mundo e os homens.
A problemática ambiental exige que a educação ambiental seja incorporada às políticas governamentais, o que significará contribuir para o exercício da cidadania, paracriação de espaços participativos e para o despertar de valores éticos na busca da reversão do atual estado de exploração do meio ambiente, que foi transformado e degradado pelo homem (BUSTOS, 2003; JACOBI, 2003).
Educar para o enfrentamento da complexidade ambiental é uma grande oportunidade de mobilizar novos atores sociais para a apropriação da natureza, para um processo educativo articulado e compromissado com a sustentabilidade e a participação, apoiado numa lógica que privilegia o diálogo e a interdependência de diferentes áreas do saber. Além disso, a reflexão aí proporcionada vai permitir também, questionar valores e premissas que norteiam as práticas sociais, levando às mudanças na forma de pensar, transformação no conhecimento e em práticas educativas inovadoras (JACOBI, 2003, p.193).
Existe, portanto, segundo JACOBI (2003, p.194), a necessidade de melhorar os meios de informação e o acesso a eles. Ademais, é preciso também repensar o papel do poder público nos conteúdos educacionais, como caminhos possíveis para alterar o quadro atual de degradação socioambiental.
Trata-se de promover o crescimento da consciência ambiental para fortalecer a corresponsabilidade da população na fiscalização e no controle dos agentes de degradação ambiental ao expandir a possibilidade da população participar em um nível mais alto no processo decisório, a partir de seu empowerment.
A educação ambiental é um aprendizado social, baseado no diálogo e na interação, em um processo constante de recriação e reinterpretação de informações, conceitos e significados, que podem se originar do aprendizado em sala de aula ou da experiência pessoal do aluno. É importante ressaltar que ela não poderá superar uma relação pouco harmoniosa entre os indivíduos e o ambiente mediante práticas localizadas e pontuais, muitas vezes distantes da realidade social de cada cidadão (JACOBI, 2003, p. 194).
Segundo QUINTAS (2004), “a Educação no processo de gestão ambiental, é uma outra concepção de educação que toma o espaço da Gestão Ambiental como elemento estruturante na organização do processo de ensino-aprendizagem, construído com os sujeitos nele envolvidos, para que haja de fato controle social sobre as decisões que afetam o destino de muitos, senão de todos, destas e de futuras gerações” (p. 115).
O desenvolvimento da educação ambiental pode ser considerado prioritário no momento atual da história da humanidade. A retomada de consciência deve acontecer com o apoio de profissionais das diversas áreas de conhecimento uma vez que se deve considerar a inter-relação existente nos diversos elementos da natureza, assim como a conexão entre os saberes na promoção de mecanismos, meios e ações baseadas em racionalidade ambiental (BUSTOS, 2003; SILVA e PESSOA, 2010).
É importante na educação ambiental trabalhar os problemas específicos de cada grupo social. Os grupos possuem peculiaridades ligadas as diferentes realidades, ambientes e modos de vida, assim como formas diferentes de interagir com o outro e a perceber qualitativativamente dos problemas.
Exige profissionais habilitados, que dominem conhecimentos e metodologias específicas para o desenvolvimento de processos de ensino-aprendizagem com pessoas pertencentes a contextos sociais diferentes (IBAMA, 2003; QUINTAS, 2004).
Dentro da problemática ambiental, busca-se um modo de conhecer a realidade, que supere o olhar fragmentado sobre o mundo real, é preciso organizar uma prática educativa onde o ato pedagógico seja um ato de construção do conhecimento sobre este mundo, fundamentado na unidade dialética entre teoria e prática.
Portanto, o reconhecimento da complexidade do conhecer implica em assumir a complexidade do aprender.  A questão ambiental ao exigir outro modo de conhecer, coloca também, o desafio de organizar processos de ensino-aprendizagem, onde o ato pedagógico seja um ato de construção coletiva do conhecimento sobre a realidade num processo dialético de ação-reflexão (QUINTAS, 2004, p.133).
Segundo QUINTAS (2004, p.133), “o reconhecimento da complexidade do ato de conhecer implica necessariamente no reconhecimento da complexidade do ato de aprender-ensinar. Trata-se da criação de processos de ensino-aprendizagem que, como alerta Paulo Freire, superem a contradição entre educadores e educandos”.
Portanto, neste sentido, teoria e prática são indissociáveis, são faces de uma mesma moeda. Os elementos conformadores da prática consciente e a unidade dialética entre teoria e prática, na construção do conhecimento sobre a realidade para transformá-la com a mediação de critérios éticos, são elementos fundamentais.
Módulo 5 - Principio da Desigualdade Compensadora
Módulo 5 – Princípio da Desigualdade Compensadora
O direito internacional contemporâneo é construído a partir de uma desigualdade Norte- Sul e contribuiu para reproduzir esta desigualdade. Ele conhece uma expansão importante e trata de domínios que antes eram da competência exclusiva dos Estados. Este processo de  expansão é um processo gradual, começado no fim do século XIX, mas que se acelera  fortemente depois da segunda guerra mundial.
Entre os domínios nos quais o crescimento do direito internacional é mais marcante, sobretudo após os anos 1990, figuram o direito internacional ambiental e o direito internacional econômico.     Três razões contribuem a este fenômeno de expansão: de um modo geral, o fim da bipolaridade política e militar, após a queda do império soviético e a emergência de uma multipolaridade política mais ativa no plano internacional.
De forma mais específica, constata-se, no direito internacional ambiental, o crescimento de um movimento internacional de proteção da natureza e o fortalecimento das instâncias democráticas, com a inclusão da proteção ambiental nas agendas políticas e jurídicas dos governos e dos cidadãos.
No tocante ao direito internacional econômico, deve-se notar a intensificação das trocas comerciais e a emergência, em nível governamental, de um consenso que a favor desta liberalização, considerada como uma forma de desenvolvimento econômico. O direito internacional econômico visa, sobretudo, o desenvolvimento das nações. É em torno deste conceito de desenvolvimento que ele se constrói, mais especificamente com a utilização de um conceito operacional mais detalhado: o de desenvolvimento sustentável.
É interessante notar que o conjunto de normas jurídicas para o desenvolvimento emanadas desde a Segunda Guerra Mundial originam-se de dois conjuntos normativos distintos, o direito internacional econômico e o direito internacional ambiental, que deveriam ser homogêneos, porque o direito deveria ser uma só sistema, harmônico, como bem dispõe o artigo 31, 3, c, da Convenção de Viena.
No entanto, o direito internacional, ao contrário do direito doméstico, não é um todo harmônico, mas sim um conjunto de vários conjuntos herméticos de normas jurídicas, com lógicas próprias que se acumulam ao longo do tempo, formando antagonismos cada vez mais acentuados, a coexistência de várias entidades não-articuladas, tribunais e órgãos de solução de controvérsias não-hierarquizados, característicos  de um processo de mundialização econômica, política e jurídica.
São assuntos de interesse para a Sustentabilidade, as linhas gerais formam a base do direito internacional econômico e o direito internacional ambiental e a construção jurídica, a implementação de normas e o controle das normas destes dois ramos distintos do direito, em três importantes atores internacionais: a Organização Mundial do Comércio, a Organização das Nações Unidas e as Organizações Não-Governamentais, com enfoque na desigualdade Norte-Sul.
Conferência de Estocolmo
Declaração da Conferência de ONU no Ambiente Humano,
Estocolmo, 5-16 de junho de 1972
(tradução livre)
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, reunida em Estocolmo de 5 a 16 de junho de 1972, e, atenta à necessidade de um critério e de princípios comuns que ofereçam aos povos do mundo inspiração e guia para preservar e melhorar o meio ambiente humano,
Proclamaque:
1. O homem é ao mesmo tempo obra e construtor do meio ambiente que o cerca, o qual lhe dá sustento material e lhe oferece oportunidade para desenvolver-se intelectual, moral, social e espiritualmente. Em larga e tortuosa evolução da raça humana neste planeta chegou-se a uma etapa em que, graças à rápida aceleração da ciência e da tecnologia, o homem adquiriu o poder de transformar, de inúmeras maneiras e em uma escala sem precedentes, tudo que o cerca. Os dois aspectos do meio ambiente humano, o natural e o artificial, são essenciais para o bem-estar do homem e para o gozo dos direitos humanos fundamentais, inclusive o direito à vida mesma.
2. A proteção e o melhoramento do meio ambiente humano é uma questão fundamental que afeta o bem-estar dos povos e o desenvolvimento econômico do mundo inteiro, um desejo urgente dos povos de todo o mundo e um dever de todos os governos.
3. O homem deve fazer constante avaliação de sua experiência e continuar descobrindo, inventando, criando e progredindo. Hoje em dia, a capacidade do homem de transformar o que o cerca, utilizada com discernimento, pode levar a todos os povos os benefícios do desenvolvimento e oferecer-lhes a oportunidade de enobrecer sua existência. Aplicado errônea e imprudentemente, o mesmo poder pode causar danos incalculáveis ao ser humano e a seu meio ambiente. Em nosso redor vemos multiplicar-se as provas do dano causado pelo homem em muitas regiões da terra, níveis perigosos de poluição da água, do ar, da terra e dos seres vivos; grandes transtornos de equilíbrio ecológico da biosfera; destruição e esgotamento de recursos insubstituíveis e graves deficiências, nocivas para a saúde física, mental e social do homem, no meio ambiente por ele criado, especialmente naquele em que vive e trabalha.
4. Nos países em desenvolvimento, a maioria dos problemas ambientais estão motivados pelo subdesenvolvimento. Milhões de pessoas seguem vivendo muito abaixo dos níveis mínimos necessários para uma existência humana digna, privada de alimentação e vestuário, de habitação e educação, de condições de saúde e de higiene adequadas. Assim, os países em desenvolvimento devem dirigir seus esforços para o desenvolvimento, tendo presente suas prioridades e a necessidade de salvaguardar e melhorar o meio ambiente. Com o mesmo fim, os países industrializados devem esforçar-se para reduzir a distância que os separa dos países em desenvolvimento. Nos países industrializados, os problemas ambientais estão geralmente relacionados com a industrialização e o desenvolvimento tecnológico.
5. O crescimento natural da população coloca continuamente, problemas relativos à preservação do meio ambiente, e devem-se adotar as normas e medidas apropriadas para enfrentar esses problemas. De todas as coisas do mundo, os seres humanos são a mais valiosa. Eles são os que promovem o progresso social, criam riqueza social, desenvolvem a ciência e a tecnologia e, com seu árduo trabalho, transformam continuamente o meio ambiente humano. Com o progresso social e os avanços da produção, da ciência e da tecnologia, a capacidade do homem de melhorar o meio ambiente aumenta a cada dia que passa.
6. Chegamos a um momento da história em que devemos orientar nossos atos em todo o mundo com particular atenção às consequências que podem ter para o meio ambiente. Por ignorância ou indiferença, podemos causar danos imensos e irreparáveis ao meio ambiente da terra do qual dependem nossa vida e nosso bem-estar. Ao contrário, com um conhecimento mais profundo e uma ação mais prudente, podemos conseguir para nós mesmos e para nossa posteridade, condições melhores de vida, em um meio ambiente mais de acordo com as necessidades e aspirações do homem. As perspectivas de elevar a qualidade do meio ambiente e de criar uma vida satisfatória são grandes. É preciso entusiasmo, mas, por outro lado, serenidade de ânimo, trabalho duro e sistemático. Para chegar à plenitude de sua liberdade dentro da natureza, e, em harmonia com ela, o homem deve aplicar seus conhecimentos para criar um meio ambiente melhor. A defesa e o melhoramento do meio ambiente humano para as gerações presentes e futuras se converteu na meta imperiosa da humanidade, que se deve perseguir, ao mesmo tempo em que se mantém as metas fundamentais já estabelecidas, da paz e do desenvolvimento econômico e social em todo o mundo, e em conformidade com elas.
7. Para se chegar a esta meta será necessário que cidadãos e comunidades, empresas e instituições, em todos os planos, aceitem as responsabilidades que possuem e que todos eles participem equitativamente, nesse esforço comum. Homens de toda condição e organizações de diferentes tipos plasmarão o meio ambiente do futuro, integrando seus próprios valores e a soma de suas atividades. As administrações locais e nacionais, e suas respectivas jurisdições são as responsáveis pela maior parte do estabelecimento de normas e aplicações de medidas em grande escala sobre o meio ambiente. Também se requer a cooperação internacional com o fim de conseguir recursos que ajudem aos países em desenvolvimento a cumprir sua parte nesta esfera. Há um número cada vez maior de problemas relativos ao meio ambiente que, por ser de alcance regional ou mundial ou por repercutir no âmbito internacional comum, exigem uma ampla colaboração entre as nações e a adoção de medidas para as organizações internacionais, no interesse de todos. A Conferência encarece aos governos e aos povos que unam esforços para preservar e melhorar o meio ambiente humano em benefício do homem e de sua posteridade.
 
II
PRINCÍPIOS
Expressa a convicção comum de que:
Princípio 1
O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar, tendo a solene obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente para as gerações presentes e futuras. A este respeito, as políticas que promovem ou perpetuam o apartheid, a segregação racial, a discriminação, a opressão colonial e outras formas de opressão e de dominação estrangeira são condenadas e devem ser eliminadas.
Princípio 2
Os recursos naturais da terra incluídos o ar, a água, a terra, a flora e a fauna e especialmente amostras representativas dos ecossistemas naturais devem ser preservados em benefício das gerações presentes e futuras, mediante uma cuidadosa planificação ou ordenamento.
Princípio 3
Deve-se manter, e sempre que possível, restaurar ou melhorar a capacidade da terra em produzir recursos vitais renováveis.
Princípios 4
O homem tem a responsabilidade especial de preservar e administrar judiciosamente o patrimônio da flora e da fauna silvestres e seu habitat, que se encontram atualmente, em grave perigo, devido a uma combinação de fatores adversos. Conseqüentemente, ao planificar o desenvolvimento econômico deve-se atribuir importância à conservação da natureza, incluídas a flora e a fauna silvestres.
Princípio 5
Os recursos não renováveis da terra devem empregar-se de forma que se evite o perigo de seu futuro esgotamento e se assegure que toda a humanidade compartilhe dos benefícios de sua utilização.
Princípio 6
Deve-se por fim à descarga de substâncias tóxicas ou de outros materiais que liberam calor, em quantidades ou concentrações tais que o meio ambiente não possa neutralizá-los, para que não se causem danos graves e irreparáveis aos ecossistemas. Deve-se apoiar a justa luta dos povos de todos os países contra a poluição.
Princípio 7
Os Estados deverão tomar todas as medidas possíveis para impedir a poluição dos mares por substâncias que possam por em perigo a saúde do homem, os recursos vivos e a vida marinha, menosprezar as possibilidades de derramamento ou impedir outras utilizações legítimas do mar.
Princípio 8
O desenvolvimento econômico e social é indispensável para assegurar ao homem um ambiente de vida e trabalho favorável e para criar na terra as condições necessárias de melhoria da qualidade de vida.
Princípio 9
As deficiências do meioambiente originárias das condições de subdesenvolvimento e os desastres naturais colocam graves problemas. A melhor maneira de saná-los está no desenvolvimento acelerado, mediante a transferência de quantidades consideráveis de assistência financeira e tecnológica que complementem os esforços internos dos países em desenvolvimento e a ajuda oportuna que possam requerer.
Princípio 10
Para os países em desenvolvimento, a estabilidade dos preços e a obtenção de ingressos adequados dos produtos básicos e de matérias primas são elementos essenciais para o ordenamento do meio ambiente, já que há de se Ter em conta os fatores econômicos e os processos ecológicos.
Princípio 11
As políticas ambientais de todos os Estados deveriam estar encaminhadas para aumentar o potencial de crescimento atual ou futuro dos países em desenvolvimento e não deveriam restringir esse potencial nem colocar obstáculos à conquista de melhores condições de vida para todos. Os Estados e as organizações internacionais deveriam tomar disposições pertinentes, com vistas a chegar a um acordo, para se poder enfrentar as consequências econômicas que poderiam resultar da aplicação de medidas ambientais, nos planos nacional e internacional.
Princípio 12
Recursos deveriam ser destinados para a preservação e melhoramento do meio ambiente tendo em conta as circunstâncias e as necessidades especiais dos países em desenvolvimento e gastos que pudessem originar a inclusão de medidas de conservação do meio ambiente em seus planos de desenvolvimento, bem como a necessidade de oferecer-lhes, quando solicitado, mais assistência técnica e financeira internacional com este fim.
Princípio 13
Com o fim de se conseguir um ordenamento mais racional dos recursos e melhorar assim as condições ambientais, os Estados deveriam adotar um enfoque integrado e coordenado de planejamento de seu desenvolvimento, de modo a que fique assegurada a compatibilidade entre o desenvolvimento e a necessidade de proteger e melhorar o meio ambiente humano em benefício de sua população.
Princípio 14
O planejamento racional constitui um instrumento indispensável para conciliar às diferenças que possam surgir entre as exigências do desenvolvimento e a necessidade de proteger e melhorar o meio ambiente.
Princípio 15
Deve-se aplicar o planejamento aos assentamentos humanos e à urbanização com vistas a evitar repercussões prejudiciais sobre o meio ambiente e a obter os máximos benefícios sociais, econômicos e ambientais para todos. A este respeito devem-se abandonar os projetos destinados à dominação colonialista e racista.
Princípio 16
Nas regiões onde exista o risco de que a taxa de crescimento demográfico ou as concentrações excessivas de população prejudiquem o meio ambiente ou o desenvolvimento, ou onde, a baixa densidade d4e população possa impedir o melhoramento do meio ambiente humano e limitar o desenvolvimento, deveriam se aplicadas políticas demográficas que respeitassem os direitos humanos fundamentais e contassem com a aprovação dos governos interessados.
Princípio 17
Deve-se confiar às instituições nacionais competentes a tarefa de planejar, administrar ou controlar a utilização dos recursos ambientais dos estados, com o fim de melhorar a qualidade do meio ambiente.
Princípio 18
Como parte de sua contribuição ao desenvolvimento econômico e social deve-se utilizar a ciência e a tecnologia para descobrir, evitar e combater os riscos que ameaçam o meio ambiente, para solucionar os problemas ambientais e para o bem comum da humanidade.
Princípio 19
É indispensável um esforço para a educação em questões ambientais, dirigida tanto às gerações jovens como aos adultos e que preste a devida atenção ao setor da população menos privilegiado, para fundamentar as bases de uma opinião pública bem informada, e de uma conduta dos indivíduos, das empresas e das coletividades inspirada no sentido de sua responsabilidade sobre a proteção e melhoramento do meio ambiente em toda sua dimensão humana. É igualmente essencial que os meios de comunicação de massas evitem contribuir para a deterioração do meio ambiente humano e, ao contrário, difundam informação de caráter educativo sobre a necessidade de protegê-lo e melhorá-lo, a fim de que o homem possa desenvolver-se em todos os aspectos.
Princípio 20
Devem-se fomentar em todos os países, especialmente nos países em desenvolvimento, a pesquisa e o desenvolvimento científicos referentes aos problemas ambientais, tanto nacionais como multinacionais. Neste caso, o livre intercâmbio de informação científica atualizada e de experiência sobre a transferência deve ser objeto de apoio e de assistência, a fim de facilitar a solução dos problemas ambientais. As tecnologias ambientais devem ser postas à disposição dos países em desenvolvimento de forma a favorecer sua ampla difusão, sem que constituam uma carga econômica para esses países.
Princípio 21
Em conformidade com a Carta das Nações Unidas e com os princípios de direito internacional, os Estados têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos em aplicação de sua própria política ambiental e a obrigação de assegurar-se de que as atividades que se levem a cabo, dentro de sua jurisdição, ou sob seu controle, não prejudiquem o meio ambiente de outros Estados ou de zonas situadas fora de toda jurisdição nacional.
Princípio 22
Os Estados devem cooperar para continuar desenvolvendo o direito internacional no que se refere à responsabilidade e à indenização às vítimas da poluição e de outros danos ambientais que as atividades realizadas dentro da jurisdição ou sob o controle de tais Estados causem a zonas fora de sua jurisdição.
Princípio 23
Sem prejuízo dos critérios de consenso da comunidade internacional e das normas que deverão ser definidas a nível nacional, em todos os casos será indispensável considerar os sistemas de valores prevalecentes em cada país, e, a aplicabilidade de normas que, embora válidas para os países mais avançados, possam ser inadequadas e de alto custo social para países em desenvolvimento.
Princípio 24
Todos os países, grandes e pequenos, devem ocupar-se com espírito e cooperação e em pé de igualdade das questões internacionais relativas à proteção e melhoramento do meio ambiente. É indispensável cooperar para controlar, evitar, reduzir e eliminar eficazmente os efeitos prejudiciais que as atividades que se realizem em qualquer esfera, possam Ter para o meio ambiente, mediante acordos multilaterais ou bilaterais, ou por outros meios apropriados, respeitados a soberania e os interesses de todos os estados.
Princípio 25
Os Estados devem assegurar-se de que as organizações internacionais realizem um trabalho coordenado, eficaz e dinâmico na conservação e no melhoramento do meio ambiente.
Princípio 26
É’ preciso livrar o homem e seu meio ambiente dos efeitos das armas nucleares e de todos os demais meios de destruição em massa. Os Estados devem-se esforçar para chegar logo a um acordo – nos órgãos internacionais pertinentes - sobre a eliminação e a destruição completa de tais armas.
Módulo 6 - Estruturação do conceito de Desenvolvimento Sustentável 
Módulo 6 - Estruturação do conceito de Desenvolvimento Sustentável
A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.
Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental.
Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos.
Esse conceito representou uma nova forma de desenvolvimento econômico, que leva em conta o meio ambiente.
Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento econômico, que depende do consumo crescente de energia e recursos naturais. Essetipo de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende.
Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da base de recursos naturais dos países. Desses recursos depende não só a existência humana e a diversidade biológica, como o próprio crescimento econômico. 
O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e da reciclagem.
O desenvolvimento econômico é vital para os países mais pobres, mas o caminho a seguir não pode ser o mesmo adotado pelos países industrializados. Mesmo porque não seria possível. 
Caso as sociedades do Hemisfério Sul copiassem os padrões das sociedades do Norte, a quantidade de combustíveis fósseis consumida atualmente aumentaria 10 vezes e a de recursos minerais, 200 vezes. 
Ao invés de aumentar os níveis de consumo dos países em desenvolvimento, é preciso reduzir os níveis observados nos países industrializados.
Os crescimentos econômico e populacional das últimas décadas têm sido marcados por disparidades. 
Embora os países do Hemisfério Norte possuam apenas um quinto da população do planeta, eles detêm quatro quintos dos rendimentos mundiais e consomem 70% da energia, 75% dos metais e 85% da produção de madeira mundial.
As Dimensões do Desenvolvimento Sustentável
AS TRÊS DIMENSÕES OU PILARES
De acordo com Buarque, as ações de desenvolvimento sustentável devem buscar atuar simultaneamente nas três dimensões, econômica, social e ambiental.
Pilar Econômico
De acordo com Elkington (2001:77), na visão convencional, o pilar econômico se resume ao lucro da empresa, portanto para calculá-lo os contadores utilizam apenas dados numéricos. A abordagem que será feita desse pilar, entretanto, requer uma busca de sustentabilidade econômica da empresa a longo prazo. E preciso entender como as empresas avaliam se suas atividades são economicamente sustentáveis e isso passa necessariamente pela compreensão do significado de capital econômico.
Em uma visão simplista, ainda segundo o autor, o capital de uma empresa é a diferença entre seus ativos e suas obrigações e pode ser encontrado de duas formas principais: capital físico e capital financeiro.
Ao avaliar este pilar, levando-se em consideração o conceito de DS, será preciso incutir na ideia de capital econômico, o capital humano e intelectual, conceitos que, conforme Elkington (2001), gradativamente foram incorporados ao entendimento de capital econômico, sem mencionar os conceitos de capital natural e social, que a longo prazo passam a ser fundamentais para a avaliação deste pilar.
O Pilar Social
Para muitos teóricos a questão da desigualdade social, educação, entre outros não fazem parte do conceito de sustentabilidade assim como a questão econômica e ambiental. O que realmente é pensado por esses autores, é que, se o sistema social não estiver equalizado, isto é, estiver progredindo como um todo, a questão ambiental e também a economia não irão progredir de maneira desejada.
John Elkington (2001) trata dessa questão como “em parte ela (capital social) considera o capital humano, na forma de saúde, habilidades e educação, mas também deve abranger medidas mais amplas de saúde da sociedade e do potencial de criação de riqueza”.
Francis Fukuyama autor do livro Trust: the social virtues and the criation of prosperity, afirma que “o capital social é uma capacidade que surge da prevalência da confiança em uma sociedade ou em partes dela”. E, “capacidade de as pessoas trabalharem juntas, em grupos ou organizações, para um objetivo comum”. Essa união da sociedade para tentar se desenvolver pode ser benéfica para que o objetivo das ações sejam atingidos.
Ainda o autor menciona que se a sociedade trabalhar junta, em contato com as normas e regras, a obtenção do objetivo-resultados, será atingida de maneira mais facilitada.
A sustentabilidade a longo prazo pode ser verificada através da relação entre os membros da organização com os seus consumidores. Essa relação de transparência gera maiores resultados para a organização, pois com a consciência adquirida pela sociedade atual faz com que a relação entre ambos seja estreita e ainda aumente o anseio de as empresas participarem cada vez mais de ações em prol social e assim aumentar a capacidade de disseminar a desigualdade social.
O próximo pilar a ser tratado será o ambiental, que se relaciona com a questão social e também com a econômica.
Pilar Ambiental
Segundo Elkington (2001:81), quando se pensa na pobreza, na escravidão e no trabalho infantil, pode-se considerar que as iniciativas sociais tenham uma história mais ampla que as iniciativas ambientais. No entanto, o autor afirma que apesar de uma série de interesses sobre a questão social e auditoria na década de 1970, a agenda ambiental deve ganhar destaque na atualidade.
Elkington (2001:83) afirma que as empresas precisam saber avaliar se são ambientalmente sustentáveis e, para isso, é preciso antes de mais nada, compreender o significado da expressão capital natural.
O conceito de riqueza natural não é de fácil definição. Elkington comenta essa dificuldade utilizando o exemplo de uma floresta. Na opinião do autor, não basta contar o número de árvores para se avaliar seu capital natural, é preciso avaliar, entre outros aspectos, a “riqueza natural que sustenta o ecossistema da floresta”, os benefícios por ela gerados, a flora, a fauna e os produtos dela extraídos, que podem ser comercializados.
Elkington (2001:83) defende a existência de duas formas principais de capital natural: O ‘capital natural crítico’, que seria aquele fundamental para a perpetuidade do ecossistema e o capital natural renovável ou substituível, sendo este, no entendimento do autor, os recursos naturais renováveis, recuperáveis ou substituíveis.
Após a compreensão dos conceitos acima, ainda segundo Elkington, as empresas precisam: identificar quais as formas de capital natural impactadas pelas suas operações, avaliar se elas são sustentáveis, se o nível de estresse causado é sustentável e, finalmente, se o equilíbrio da natureza está sendo afetado de forma significativa.
Em minha opinião aqui deveria ser colocado algo que “dissesse” ao leitor que a parte que fala dos pilares já foi finalizada. O que você acha?
De acordo com Almeida (2002:64), a maior dificuldade não está em elaborar o conceito de Desenvolvimento Sustentável, mas sim em colocá-lo em prática.
As empresas devem gerir o desenvolvimento sempre considerando os aspectos ambientais, sociais e econômicos.
Segundo o autor, para que o conceito seja colocado em prática é necessário:
•Democracia e estabilidade política;
•Paz;
•Respeito à lei e à propriedade;
•Respeito aos instrumentos de mercado;
•Ausência de corrupção;
•Transparência e previsibilidade de governos.
Conceito Legal de Meio Ambiente
Art. 3º, I da Lei 6938/91 - É o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem química, física e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
"O conceito de meio ambiente é unitário, na medida que é regido por inúmeros princípios, diretrizes e objetivos que compõem a Política Nacional do Meio Ambiente. Entretanto, quando se fala em classificação do meio ambiente, na verdade não se quer estabelecer divisões isolantes ou estanques do meio ambiente, até porque, se assim fosse, estaríamos criando dificuldades para o tratamento da sua tutela. 
Mas exatamente pelo motivo inverso, qual seja, de buscar uma maior identificação com a atividade degradante e o bem imediatamente agredido, é que podemos dizer que o meio ambiente, apresenta pelo menos 04 significativos aspectos. São eles:
1) natural;
2) cultural;
3) artificial e
4) do trabalho.
Desta forma, não estamos pretendendo fazer um esquartejamento do conceito de meio ambiente. Ao contrário, apenas almejamos dizer que as agressões ao meio ambiente (rectius= bem; ambiental= proteção da vida com saúde) podem se processar sob os diversos flancos que omeio ambiente admite existir.
Neste diapasão, releva dizer que sempre o objeto maior tutelado é a vida saudável e, se é desta forma, esta classificação apenas identifica sob o aspecto do meio ambiente (natural, cultural, trabalho e artificial) aqueles valores maiores que foram aviltados.
Aliás, como já tivemos oportunidade de salientar, esta divisão do meio ambiente não é de lege ferenda, vez que de lege lata está presente no Texto Constitucional. Portanto, para fins didáticos e de compreensão, podemos dizer que o meio ambiente recebe uma tutela imediata e outra mediata. Mediatamente, seria o próprio artigo 225 "caput", que determina o conceito de meio ambiente, bem ambiental, o direito ao meio ambiente, os titulares deste direito, a natureza jurídica deste direito, princípios de sua política (PNMA junto com a lei 6.938/81), etc. Assim, bastaria esta norma para que já se efetivasse por completo o direito em tela. Todavia, o legislador constituinte não parou por aí, já que procurou, por via destas divisões, que não são peremptórias ou estanques, alcançar a efetiva salvaguarda deste direito, fazendo, pois, o que didaticamente denominamos de tutela imediata."
Meio ambiente artificial
Por meio ambiente artificial entende-se aquele constituído pelo espaço urbano construído, consubstanciado no conjunto de edificações (espaço urbano fechado) e dos equipamentos públicos (espaço urbano aberto). Assim, vê-se que tal "tipo" de meio ambiente está intimamente ligado ao próprio conceito de cidade, vez que o vocábulo "urbano", do latim urbs, urbis significa cidade e, por extensão, os habitantes da cidade. Destarte, há de se salientar que o termo urbano neste sede não está posto em contraste com o termo "campo" ou "rural", já que qualifica algo que se refere a todos os espaços habitáveis, "não se opondo a rural, conceito que nele se contém: possui, pois, uma natureza ligada ao conceito de território".
No tocante ao meio ambiente artificial podemos dizer que, em se tratando das normas constitucionais de sua proteção, recebeu tratamento destacado, não só no artigo 182 e segs. da CF, não desvinculado sua interpretação do artigo 225 deste mesmo diploma, mas também no art. 21, XX, no art. 5º, XXIII, entre outros.
Portanto, não podemos desvincular o meio ambiente artificial do conceito de direito à sadia qualidade de vida, bem como aos valores de dignidade humana e da própria vida, conforme já fizemos questão de explicar. Todavia, podemos dizer, para fins didáticos, que o meio ambiente artificial está mediata e imediatamente tutelado pela CF. Mediatamente, como vimos, a sua tutela expressa-se na proteção geral do meio ambiente, quando refere-se ao direito à vida no art. 5º, caput, quando especifica no art. 225 que não basta apenas o direito de viver, mas também o direito de viver com qualidade; no art. 1º, quando diz respeito à dignidade humana como um dos fundamentos da República; no art. 6º, quando alude aos direitos sociais, e no art. 24 quando estabelece a competência concorrente para legislar sobre meio ambiente, visando dar uma maior proteção a estes valores, entre outros. Assim, neste diapasão, de modo didático em relação ao meio ambiente artificial, poderíamos dizer haver uma proteção mediata. Reservaríamos a proteção constitucional imediata do meio ambiente artificial aos artigos 182, 21, XX e 5º, XXIII.
Ao cuidar da política urbana, a CF/88, invariavelmente, acabou por tutelar o meio ambiente artificial. E o fez não só voltada para uma órbita nacional como também para uma órbita municipal. Partindo do maior para o menor temos o art. 21, inciso XX:
"Compete a União:(...)
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos".
Tal competência da União terá por fim delimitar as normas gerais e diretrizes que deverão nortear não só os parâmetros, mas principalmente os lindes constitucionais da política urbana que os Estados e Municípios deverão possuir. Neste caso diz tratar-se de uma política urbana macroregional.
Todavia, em sede municipal, temos o artigo 182 da CF, que acaba por trazer a própria função da política urbana, como se vê:
"A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público Municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em Lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes".
Percebe-se que o próprio Texto Constitucional alude à existência de uma lei fixadora de diretrizes gerais e, ademais, desde já, estabelece o verdadeiro objetivo da política de desenvolvimento urbano, qual seja, o desenvolvimento das funções sociais da cidade e o bem-estar dos seus habitantes.
Invoca-se, de plano, que em sendo a cidade entendida como o espaço territorial onde vivem os seus habitantes, que inclusive o direito de propriedade deverá ser limitado, no exato sentido que deverá atender às suas funções sociais, como bem esclarece o art. 5º, XXIII da própria CF. Na verdade, o que ocorre é que em sede de direito à vida, que é o sentido teológico dos valores ambientais, matriz e nuclear de todos os demais direitos fundamentais do homem, não há que se opor outros direitos. Ao revés, todos os demais direitos surgem da própria essência do estar vivo.
Exatamente porque relacionado com o objetivo maior - vida - a tutela do meio ambiente - onde se insere o artificial - há que estar acima de quaisquer outras considerações a respeito de outras garantias constitucionais como: desenvolvimento, crescimento econômico, direito de propriedade, etc. Isto porque, pelo óbvio, aquela é a essência e pressuposto de exercício de qualquer direito que possa existir, e, neste ponto, a tutela ambiental, por possuir a função de instrumentalizar a preservação de tal direito, deve, inexoravelmente, sobrepor-se aos demais.
Aduz-se, por exemplo, esta conclusão, quando de uma rápida leitura do artigo 170, que coloca a proteção ao meio ambiente como princípio da ordem econômica, ou ainda, mais expressa e diretamente, quando no artigo 5º, XXIII, atrelado à proteção do direito à vida estabelecido no caput, determina que a propriedade deverá atender a sua função social.
Com relação ao artigo 182, podemos desde já destacar que não se trata simplesmente de uma regra de desenvolvimento urbano mas também de estabelecer uma política de desenvolvimento, ou seja, assume fundamental importância na medida que deve estar em perfeita interação com o tratamento global reservado ao meio ambiente e a defesa de sua qualidade. Destarte, significa ainda que o desenvolvimento urbano deverá ser norteado por princípios e diretrizes que orientem a sua consecução, ou seja, por se tratar de matéria afeta ao meio ambiente, são estes, e não outros princípios, que deverão nortear sua implementação. Aliás, outro não é entendido quando de uma análise dissecada da norma in baila.
Dois são os objetivos da política de desenvolvimento urbano:
a) pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e
b) garantia do bem estar de seus habitantes.
a) em se tratando de desenvolvimento, que há de ser pleno, das funções sociais da cidade devemos nos reportar, inicialmente, ao art. 5º, caput, quando estabelece que todos possuem direito à vida, segurança, liberdade, igualdade e prosperidade; e, posteriormente ao art. 6º da CF, que estabelece e garante a todos os direitos sociais à educação, saúde, trabalho, lazer, segurança, previdência social, maternidade, infância, assistência aos desempregados, entre outros, e por fim, ao art. 30, VIII, que diz ser competência do Município, no que couber, o adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano.
Tudo isso, ligado ao fato de que possui o Município a competência suplementar residual (art. 30, I e II) em face das matérias estabelecidas no artigo 24, I, V, VI, VII, VIII, XII, XV, nos faz notar que a função social das cidades está ligada às normas citadas acima e, portanto, ao próprio artigo 225, de forma que o direito à vida com saúde,

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