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Trabalho de Pesquisa em serviço social
Unidade III
7 O que é metOdOlOgia e cOmO utilizá‑la na abOrdagem pesquisa?
Quando nos referimos à metodologia da pesquisa, estamos tratando da metodologia científica. Pensar 
em pesquisa nos remete a pensar no que é e como se deve pesquisar. Nesse caso, temos necessidade 
de uma prática consciente, científica, para que sejam alcançados os resultados concretos no que diz 
respeito às questões sociais, o objeto de ação do assistente social.
O conceito de pesquisa refere‑se a algo que se busca para atender a determinados objetivos, por 
exemplo, saber qual o perfil socioeconômico de um determinado município. Pesquisar é se debruçar 
sobre uma variedade de coisas, situações e problemas que possibilitem atender aos objetivos definidos 
pelo pesquisador. Pesquisar é ainda ser criterioso na forma de buscar informações suficientes para 
responder a determinadas questões e buscar sistematicamente dados para saber sobre as causas e os 
efeitos de um fenômeno.
 Observação
Em pesquisa social, pesquisar é buscar saber quais fatores podem explicar determinados fenômenos 
sociais, como o desemprego, a pobreza, a violência etc.
Minayo et al (2000, p. 17) ensinam que a pesquisa é “a atividade básica da ciência na construção da 
realidade”.
A pesquisa é um labor artesanal, que se não prescinde da criatividade, se 
realiza fundamentalmente por uma linguagem fundada em conceitos, 
proposições, métodos e técnicas, linguagem esta que se constrói com um 
ritmo particular (MINAYO et al, 2000, p. 25).
A afirmação dos autores é muito pertinente, pois relaciona pesquisa com o labor artesanal: a 
atividade da pesquisa não é algo pronto e acabado que deve ser visto como um único padrão. A 
pesquisa requer trabalho e arte, o que se apresenta no cotidiano do pesquisador e nas inúmeras 
situações com as quais se defronta no seu cotidiano, para chegar à resposta de um determinado 
problema.
Os autores também lembram que a pesquisa implica uso de linguagens, conceitos, métodos e 
técnicas; portanto, não se pesquisa sem uma compreensão sobre um determinado assunto ou objeto de 
estudo. Da mesma forma, é preciso saber que caminho o pesquisador deve seguir para chegar a reunir 
os elementos necessários à resolução de determinadas questões.
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Unidade III
A metodologia da pesquisa diz respeito à forma como se faz a pesquisa, é o caminho a ser percorrido 
pelo pesquisador para alcançar seus objetivos. É ainda, conforme Minayo et al (2000, p. 16), “o caminho 
do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade”.
Os autores afirmam que:
a metodologia inclui as concepções teóricas de abordagem, a teoria e a 
metodologia caminham juntas e intrincavelmente inseparáveis. Enquanto 
conjunto de técnicas, a metodologia deve dispor de um instrumental claro, 
coerente, elaborado, capaz de encaminhar os impasses teóricos para o 
desafio da prática (MINAYO et al, 2000, p. 16).
A metodologia implica o uso de métodos e de técnicas para se chegar a um fim, mas como nos alerta 
os autores, não é somente isso. Também requer o uso de instrumentos e uma visão crítica do profissional 
a respeito da realidade na qual vive e estuda.
No Serviço Social, a metodologia da pesquisa é indispensável, contanto que o assistente social não 
conceba a pesquisa como uma mera tarefa de coletar dados sem nenhum propósito claro.
As principais metodologias utilizadas no Serviço Social, conforme o objeto e os objetivos, podem ser 
de caráter quantitativo e ou qualitativo. Assim, temos uma variedade de métodos e de técnicas a serem 
utilizados pelo pesquisador e assistente social.
A metodologia quantitativa dá prioridade a tudo o que pode ser mensurado, como o uso de 
questionários, escalas, amostragens. O profissional que adota esse método tem uma percepção 
generalizada quando confia piamente nos dados coletados e transformados em gráficos, tabelas e/
ou escalas.
Na prática, geralmente, o assistente social é impelido a assumir essa conduta “objetivista”. Um 
exemplo do uso dessa postura se dá na adoção demasiada de aplicação de formulários e de questionários 
junto à população, sem que o profissional tenha a noção de fato da realidade em que foi inserido para 
trabalhar, muitas vezes, pela instituição a que está ligado.
Almeida (2001, p. 1) assevera que:
a pesquisa como forma de investigar a realidade social já era utilizada 
pelo Serviço social desde 1917, por meio da metodologia do diagnóstico 
social criada por Mary Richmond. A autora refere “a investigação ou 
coleta dos dados reais” como primeiro passo para a realização do 
diagnóstico, seguindo‑se “o exame crítico e a comparação das realidades 
averiguadas” para ser possível a interpretação e esclarecimento da 
dificuldade social.
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Trabalho de Pesquisa em serviço social
A base teórica que orientou por muito tempo a pesquisa no Serviço Social era de caráter 
positivista, portanto mais voltado para o objetivismo, com o uso acentuado de técnicas e 
instrumentos de mensuração da realidade social. A partir da década de 1980, com o Movimento 
de Reconceituação, a pesquisa ganha um novo enfoque, agora com uma preocupação com o 
homem e sua totalidade.
O que reclamava o Movimento de Reconceituação era uma maior articulação da teoria com a 
prática. Almeida (2001, p. 1) ensina que “a pesquisa é resgatada como condição básica para a construção 
teórico‑metodológica do projeto profissional de ruptura”. Nesse sentido, buscava‑se a superação do 
pragmatismo tradicional na profissão, conforme acentua o autor.
A partir de então, a pesquisa no Serviço Social passou a utilizar uma metodologia do tipo qualitativa, 
com o uso de técnicas e instrumentos voltados para os aspectos subjetivos e comportamentais, antes 
ignorados na metodologia tradicional.
Originalmente, a pesquisa qualitativa foi desenvolvida pelos antropólogos e depois pelos 
sociólogos. Mais tarde foi descoberta por educadores e outras áreas do conhecimento (ALMEIDA, 
2001, p. 2).
As principais orientações teóricas que permeiam a abordagem qualitativa são: a fenomenologia, o 
interacionismo simbólico e a análise compreensiva, cuja ênfase está no indivíduo e não na sociedade como 
um todo. As principais técnicas de pesquisa qualitativa são: estudo de caso, observação participante, 
história de vida, entrevista, entre outras.
Veremos o método em ciências humanas e a pesquisa social. Perceba como, ao longo do tempo, os 
cientistas sociais buscaram novos caminhos que os fizessem aproximarem‑se de uma explicação mais 
concreta das realidades sociais, tarefa que não é tão simples.
7.1 O método em ciências humanas e a pesquisa social
As ciências humanas apresentam características peculiares que as diferenciam das chamadas naturais 
ou exatas. A diferença fundamental está na natureza do seu objeto de estudo: o ser humano e a sociedade. 
Sem dúvida, trata‑se de um objeto que exige bastante atenção e paciência da parte do pesquisador.
A partir de agora, serão desenvolvidos os conteúdos sobre os métodos em ciências humanas, com 
destaque para suas particularidades e seus principais aspectos. Você vai estudar sobre os principais 
métodos e técnicas das ciências humanas e saber sua importância na investigação da realidade.
Comoo nome indica, as ciências humanas se ocupam em estudar o ser humano e a sociedade. 
Você deve estar se perguntando: como é isso? Como se estuda o homem e a sociedade? Pois bem, essa 
é a pergunta que os cientistas sociais fizeram ao longo do tempo e, ainda hoje, continuam a fazer, 
especialmente quando precisam realizar alguma pesquisa social. É na procura por responder a questões 
como essa que surgiram as metodologias a serem adotadas nas pesquisas que tratam da sociedade. 
Estamos nos referindo ao método nas ciências humanas.
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Na tentativa de estudar cientificamente a sociedade por parte de estudiosos, Augusto Comte 
se baseou nos métodos utilizados nas ciências naturais, isto é, Comte pensava na objetividade 
das ciências sociais tal qual se pode encontrar nas ciências seguintes: química, física, biologia, 
matemática e astrologia. Entretanto, por que será que o precursor do Positivismo resolveu fazer 
isso? Podemos dizer que, na visão desse estudioso, como as ciências exatas trabalham com métodos 
e técnicas que permitam mensurar, quantificar, experimentar para se chegar a um resultado 
comprovável no que diz respeito à identificação das causas dos fenômenos, assim ele imaginou 
que isso poderia ser feito para estudar os fenômenos sociais. Em outras palavras, Comte percebia 
que existem leis naturais que regem a sociedade, portanto ela pode ser estudada, assim como se 
faz nas ciências da natureza.
Com essa ideia, Augusto Comte funda o Positivismo que, mais tarde, influenciaria significativamente 
os estudos da sociedade. As ciências sociais fundam‑se sob a égide positivista. A Sociologia, a Antropologia, 
a Economia, o Direito, a Psicologia social, a História passam a adotar, a partir de seus pesquisadores, 
toda uma metodologia que auxiliasse nas pesquisas e nos estudos da sociedade de modo claro, objetivo, 
mensurável e sem rodeios.
A partir de então, os pesquisadores buscam compreender as diferentes culturas, a política e as 
diversas realidades sociais por meio do paradigma positivista, cuja metodologia se coloca a serviço da 
sociedade industrial e capitalista.
O modelo positivista é adotado como o único considerado científico pelo fato de trabalhar 
com a mesma lógica e metodologia das ciências naturais. Para saber as causas de determinados 
fenômenos sociais, acreditava‑se que, de posse de instrumentos e de técnicas de mensuração, tudo 
seria esclarecido.
A ideia central do modelo positivista de pesquisa e análise da sociedade defende a neutralidade 
científica, de modo que se buscasse nas ciências naturais a metodologia da mensuração e da 
experimentação.
Observe que essa forma de abordagem você viu também em teorias sociológicas, especialmente 
sobre o Positivismo e o Funcionalismo em Comte e Durkheim, respectivamente.
Em uma sociedade que se industrializava de forma acelerada, esse modelo seria suficiente e único 
para encontrar respostas concretas aos fenômenos sociais; pelo menos é o que se esperava. Mais tarde, à 
medida que as pesquisas e os estudos eram difundidos, começou a se formar um ambiente de discussões. 
De um lado, pesquisadores e cientistas sociais pareciam maravilhados com os resultados alcançados. De 
outro lado, surgiam várias críticas ao modelo quantitativista, que também foi acusado de cientificista, 
devido à “frieza” com que tratava as questões sociais.
No Positivismo, “a realidade é exterior ao indivíduo e a apreensão dos fenômenos é feita de forma 
fragmentada” (BAPTISTA, 1994, p. 19). Esse é um dos problemas centrais da abordagem objetivista. A 
partir dessa perspectiva, o indivíduo é tratado como mero objeto de pesquisa, sem que possa intervir na 
realidade e alterá‑la.
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Baptista (1994, p. 20) afirma que:
as pesquisas orientadas sob esse paradigma utilizam a experimentação, 
que é uma criação artificial cuja operacionalização faz uso de uma lógica 
hipotético‑dedutiva. A metodologia da experimentação busca a veracidade 
ou falsidade de hipóteses, validadas por processos dedutivos matemáticos, 
tipo causa e efeito. Os resultados são expressos em número, intensidade e 
ordenação; a realidade é exterior ao sujeito, com interdependência entre 
sujeito e objeto; as relações são lineares, ou seja, o processo é unilateral 
entre pesquisa e pesquisador: buscam‑se o consenso, conhecimentos 
operacionais, índices quantitativos.
O modelo positivista nas ciências sociais aos poucos dá lugar à abordagem qualitativa. Baptista 
(1994, p. 21) acrescenta:
A abordagem quantitativa, quando não exclusiva, serve de fundamento ao 
conhecimento produzido pela pesquisa qualitativa. Para muitos autores 
a pesquisa quantitativa não deve ser oposta à pesquisa qualitativa, mas 
ambas devem sinergicamente convergir na complementaridade mútua, sem 
confinar os processos e questões metodológicas a limites que atribuam, 
sem confinar os processos e questões metodológicas a limites que atribuam 
os métodos quantitativos exclusivamente ao Positivismo ou aos métodos 
qualitativos ao pensamento interpretativo, ou seja, a fenomenologia, a 
dialética, a hermenêutica.
Observe que a autora não ignora o uso da metodologia quantitativa quando se refere à qualitativa, 
mas sim lembra que uma pode muito bem ser usada com a outra. Não se esqueça de que estamos tratando 
de ciência e, portanto, trabalhar com a abordagem qualitativa é mais uma opção do pesquisador, no 
sentido de vislumbrar os aspectos internos, isto é, interpretar, buscar uma explicação do fenômeno social 
a partir de dentro. Isso significa considerar os valores, intenções, ideologias, crenças e comportamentos, 
por exemplo.
Na metodologia qualitativa, em vez da objetividade, damos lugar à subjetividade, à interpretação. 
Essa perspectiva ajuda a uma maior compreensão do fenômeno, uma vez que o pesquisador passa a dar 
maior atenção ao informante e à sua realidade.
É importante saber que o fato de ter surgido outra proposta metodológica, em contraposição ao 
objetivismo, como é o caso da análise interpretativa, não significa que agora o pesquisador deve se 
apoiar apenas nessa nova metodologia para atender a todas as necessidades de análise social. É para 
isso que Baptista (1994, p. 21) chama a atenção.
Para atuar com base no objetivismo, o assistente social se utiliza de 
instrumentos e técnicas de mensuração dos dados. Assim, faz uso de 
questionários, estatísticas, escalas experimentação. Em vários casos, é 
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evidente que é necessário esse tipo de abordagem da realidade. Mas, por 
outro lado, não se deve ter o objetivismo como único e perfeito para a análise 
e a compreensão dos fenômenos sociais: pobreza, violência, prostituição, 
corrupção, desemprego, entre outros.
No caso da adesão à análise interpretativa, o assistente social prioriza as formas de inserção 
da realidade que permitam compreender os fatores subjetivos, os motivos das ações sociais, os 
comportamentos, entre outros.
As pesquisas qualitativas fazem uso de instrumentos e técnicas como a observação participante, a 
história de vida, o estudo de caso, a história oral, a análise de conteúdo, as entrevistas, a pesquisa‑ação 
e os estudos etnográficos, como aponta Baptista (1994, p. 23). Esses métodose técnicas de pesquisas 
serão trabalhados no capítulo subsequente.
 saiba mais
Sobre as metodologias qualitativas, leia:
HAGUETTE, T. M. F. Metodologias qualitativas na sociologia. Petrópolis: 
Vozes, 1987.
Veja também como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais em:
GOLDEMBERG, M. A arte de pesquisar. Rio de Janeiro: Record, 1999.
Os métodos nas ciências humanas requerem uma postura da parte do pesquisador ou do cientista 
social de muita atenção, paciência e, acima de tudo, atitude crítica. O objeto de estudo das ciências 
humanas é de natureza diferente das ciências naturais ou exatas, por isso necessita de flexibilidade para 
a pesquisa e a análise da realidade. Na busca da objetividade, predominou por muito tempo o paradigma 
positivista, o que levou a uma conduta indiferente da parte do pesquisador com os sujeitos/indivíduos, 
estes verdadeiros responsáveis pela realidade social. As lacunas deixadas pela prática objetivista levaram 
à formulação de novos métodos e técnicas de análise social: a metodologia qualitativa, com prioridade 
para a interpretação da realidade.
É importante que você tenha percebido que a pesquisa é indispensável para se chegar à compreensão 
de um determinado fenômeno. Para tanto, é necessário o uso de uma metodologia adequada, de 
modo a proporcionar ao pesquisador e ao profissional das ciências sociais elementos suficientes para a 
compreensão das realidades.
Ao relacionar com o Serviço Social, você deve ter percebido nas metodologias qualitativas e 
quantitativas formas de busca de compreensão e de explicação da sociedade. Em outros termos, significa 
a utilização de uma conduta científica, seja a partir de um olhar da objetividade ou da subjetividade. O 
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uso do modelo subjetivo não significa adotar uma prática alheia à ciência, nem descartar totalmente a 
objetividade, mas sim optar por uma conduta flexível e introspectiva.
Você estudará sobre métodos e técnicas de ação e de pesquisa no Serviço Social. Serão destacados 
os principais métodos e as técnicas de pesquisa e de ação no Serviço Social e sua importância para a 
análise das realidades e das questões sociais.
8 Os métOdOs e as técnicas de pesquisa nO serviçO sOcial: 
cOletandO dadOs e analisandO‑Os
O trabalho do assistente social demanda uma gama de recursos teóricos e metodológicos necessários 
para atender à sociedade e ao próprio profissional da área. No Serviço Social se detinha em um tipo 
de trabalho voltado para o atendimento social, mais especificamente de uma maneira sutil, sem uma 
preocupação maior com a mudança social.
O trabalho do assistente social se resumia a ações isoladas, no auxílio aos menos favorecidos, mas 
como se fosse uma ação de caridade, de modo que via no assistido um problema isolado, alheio aos 
mecanismos que mantêm a estrutura injusta da sociedade e ao modelo econômico e social responsável 
pela desigualdade social.
A forma de pesquisa e de prática do Serviço Social nasceu com base em uma perspectiva 
teórica e metodológica positivista; o que significa ter uma postura dos problemas sociais 
conforme a lógica e os interesses da sociedade industrial capitalista. Na prática, o assistente 
social atuava de forma pontual, munido de instrumentos e técnicas objetivistas: formulários, 
questionários, experimentos.
Como aponta Setubal (1995, p. 38), a pesquisa, como forma de investigar a realidade social, já 
era utilizada pelo Serviço Social desde 1917, por meio da metodologia do diagnóstico social criado 
por Mary Richmond. Essa autora refere “a investigação ou coleta dos dados como reais”, como 
primeiro passo para a realização do diagnóstico, seguindo‑se “o exame crítico e a comparação das 
realidades averiguadas” (RICHMOND apud SETUBAL, 1995, p. 38) para ser possível a interpretação e o 
esclarecimento da realidade social.
No Brasil, a metodologia quantitativista foi também por muito tempo a principal forma de prática 
do Serviço Social, seja no que diz respeito à ação ou à pesquisa social. Somente com o Movimento de 
Reconceituação, nos anos 1980, é que a pesquisa é resgatada como condição básica para a construção 
teórico‑metodológica do projeto profissional de ruptura.
8.1 as metodologias quantitativas e qualitativas no serviço social
No Serviço Social, o uso das duas metodologias (quantitativa e qualitativa) pode ser encontrado 
em diversas situações. Conforme você já estudou até aqui, nota‑se a predominância de técnicas 
quantitativas, especialmente quando se usam questionários, formulários, dados estatísticos, amostras, 
escalas e outras formas de mensuração de dados da realidade social.
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Como o próprio termo já indica, a metodologia quantitativa prioriza o 
que pode ser medido, enquanto a qualitativa prioriza o não quantificável, 
como é o caso de estudar os comportamentos e os sentidos dados às 
ações sociais.
As duas metodologias têm sido fundamentais para estudar aspectos da realidade social. Quando se 
precisa saber sobre índices da saúde, da segurança, sobre moradia, epidemias, entre outros, os dados 
quantitativos são indispensáveis.
As diversas organizações da sociedade, como empresas, escolas, hospitais, prefeituras e demais órgãos 
(públicos ou privados), em geral, para fazer algum tipo de acompanhamento de qualquer segmento da 
sociedade, necessitam levar em conta os dados quantitativos.
É importante também saber que dados quantitativos podem ser utilizados para fazer uma leitura 
qualitativa de determinada realidade social. Portanto, não se deve pensar em utilizar apenas uma 
metodologia em qualquer pesquisa social. De acordo com os objetivos e objeto a ser estudado, é possível 
escolher instrumentos e técnicas qualitativas e/ou quantitativas.
Conclui‑se que as metodologias quantitativas e qualitativas apresentam diferenças fundamentais 
na prática do Serviço Social. Ambas são importantes para a compreensão de determinados fenômenos 
sociais, todavia não devem ser supervalorizadas a fim de que não se adote uma postura objetivista nem 
tampouco interpretativa demais.
8.2 O que é pesquisa quantitativa: características gerais e referências
Vimos que existem dois tipos básicos de pesquisas: qualitativa e quantitativa, agora o que faz de fato 
uma pesquisa ser quantitativa?
A pesquisa quantitativa pode ser definida como aquela cujos objetivos, métodos e técnicas visam 
a quantificar aspectos da realidade. Para compreender melhor, vejamos alguns gráficos que dizem 
respeitos à pesquisa quantitativa, conforme apresentamos no quadro a seguir:
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Quadro 12 – Tipos de gráficos
Tipos de gráfico Exemplos
Coluna
Série 1
Série 2
Série 3
Categoria 1 Categoria 2 Categoria 3 Categoria 4
6
2
4
0
Figura 10 
Linha
Série 1
Série 3
Série 3
Ca
teg
ori
a 1
Ca
teg
ori
a 2
Ca
teg
ori
a 3
Ca
teg
ori
a 4
6
2
4
0
Figura 11 
Pizza
1º Tri
2º Tri
3º Tri
4º Tri
VENDAS
Figura 12 
Barra
Série 1
Série 2
Série 3
Categoria 4 
Categoria 3
 Categoria 2
 Categoria 1
Figura 13 
98
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Unidade III
Área
35
30
25
20
15
5/1
/20
02
6/1
/20
02
7/1
/20
02
8/1
/20
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9/1
/20
02
Série 1
Série 2
10
5
0
Figura 14 
X Y Dispersão
Valores Y
Valores Y
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
0
Figura 15 
Ações
70
60
50
Abrir
Alto
Baixo
Fechar
40
30
20
10
0
5/1
/20
02
6/1
/20
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7/1
/20
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/20
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/20
02
Figura 16 
99
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Trabalho de Pesquisa em serviço social
Superfícies
Ca
teg
ori
a 1
Ca
teg
ori
a 2
Ca
teg
ori
a 3
Ca
teg
ori
a 4
Série 3
Série 1
6
4
2
0
4‑6
2‑4
0‑2
Figura 17 
Rosca
Vendas
1º Tri
2º Tri
3º Tri
4º Tri
Figura 18 
Bolha
Valores Y
Valores Y
4
3
2
1
0
0 1 2 3 4
Figura 19 
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Unidade III
Radar 0
10
20
30
40
5/1/2002
9/1/2002 6/1/2002
Série 1
Série 2
7/1/20028/1/2002
Figura 20 
Os gráficos são utilizados para melhor visualização dos dados apresentados na pesquisa 
quantitativa. Para saber sobre os principais aspectos de um município, suas características gerais 
e suas carências, é necessário ter em mãos dados que demonstrem aspectos da realidade social 
em números.
Costa (1987, p. 207) assevera que:
qualquer acontecimento pode ser quantificável. Isso quer dizer que o 
investigador cria mecanismos segundo os quais um comportamento 
humano qualquer pode ser medido. Por exemplo, se quero investigar o grau 
de amizade que une as pessoas, posso criar algum critério pelo qual uma 
relação de amizade possa ser medida por dados observáveis.
Observe que a autora afirma ser possível quantificar qualquer acontecimento; isso é verdade, todavia 
o pesquisador precisa ter cuidado para não se basear apenas no que pode ser quantificado, no caso de 
qualquer pesquisa que precise realizar.
A possibilidade de poder quantificar qualquer acontecimento tem sua importância quando existe 
um olhar crítico acerca dos fatos e acontecimentos. Se um acontecimento ou situação pode ser 
quantificado, também é passível de ser manipulado, uma vez que vai depender de como os instrumentos 
são utilizados, o momento de sua aplicação, as pessoas, o contexto, entre outros fatores.
Costa (1987, p. 207) afirma:
os dados quantitativos fornecem também a possibilidade de ordenar 
os indivíduos segundo determinadas características. Por exemplo, seria 
possível determinar os alunos de baixa, média e alta frequência às aulas, 
e assim por diante.
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Trabalho de Pesquisa em serviço social
No Serviço Social, é muito comum a utilização de dados quantitativos quando o profissional trabalha 
com determinados segmentos da sociedade – mulheres, negro, menores de rua, trabalhadores urbanos, 
agricultores, entre outros – e precisa ter algum dado geral sobre esse grupo.
É de posse dos dados sobre o perfil dos meninos de rua, por exemplo, que o assistente social poderá 
estabelecer os critérios e ações a serem realizadas no sentido de contribuir para a solução de um 
determinado problema.
Para a realização de uma pesquisa, o pesquisador social precisa se perguntar o que quer e o que 
vai pesquisar. Até que ponto os dados quantitativos que o assistente social pode ter acesso, vão servir 
para ajudar a responder as suas necessidades? Por outro lado, é possível trabalhar sobre determinadas 
questões sociais sem se debruçar sobre dados quantitativos?
Questões como as apontadas anteriormente certamente servirão de base para que o assistente 
aocial saiba o que precisa ou, pelo menos, reflita sobre as necessidades de se aproximar o máximo 
possível da realidade.
Em geral, pode‑se perceber como o profissional que atua em alguma instituição trabalha 
constantemente com a pesquisa quantitativa: os questionários e formulários preenchidos em hospitais, 
nas secretarias estaduais e municipais e nas prisões são exemplos de como podem ser importantes os 
dados quantificados.
Há uma forte tendência por parte de quem trabalha nas instituições e organizações sociais em 
generalizar acerca de um grupo ou segmento estudado. É evidente que uma das funções da pesquisa 
quantitativa é generalizar, a partir de elementos extraídos de uma amostra; no entanto, esse procedimento 
pode levar a conclusões equivocadas.
Para evitar conclusões precipitadas por parte do pesquisador, é necessário que se tenha o cuidado de 
verificar a metodologia adotada na pesquisa e na análise. Aquilo que é mostrado de forma geral, a partir 
dos dados quantitativos, só tem o seu devido valor quando se sabe quais os procedimentos adotados 
na oportunidade da coleta de dados. Nesse caso, se o próprio pesquisador é também o profissional, 
no caso o assistente social que vai trabalhar determinada questão social, tem‑se clareza quanto aos 
procedimentos, do contrário, a situação fica mais delicada.
Uma das maiores dificuldades, por parte daquele que vai trabalhar com a pesquisa quantitativa, 
está na divisão de trabalho que, muitas vezes, é feita para se realizar um levantamento de dados; uma 
pesquisa pode demandar um trabalho em equipe, o que apresenta suas vantagens e desvantagens. A 
vantagem está na possibilidade de se realizar uma pesquisa mais ampla em curto período; a desvantagem 
está na fragmentação do trabalho e na falta de um maior controle da pesquisa.
No Serviço Social, quando se tem um levantamento de dados sobre o grupo ou segmento 
social sobre o qual se está desenvolvendo algum tipo de trabalho, o profissional precisa ter 
consciência de que o material a que tem acesso refere‑se apenas a uma parte significativa, mas 
nunca a algo absoluto.
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Unidade III
É importante ainda levar em consideração que, quando se trabalha com dados coletados por 
terceiros, o material que se tem em mãos pode estar defasado, isto é, pode ocorrer de ser um material 
já superado por novas pesquisas, ou até mesmo por falta de critérios mais rígidos quando da pesquisa 
e da análise.
No caso de um pesquisador precisar coletar dados sobre indicadores sociais como emprego, renda, 
educação, moradia, entre outros, é importante consultar os órgãos públicos ou privados que tenham 
realizado algum levantamento. Para tanto, é necessário também ter clareza quanto aos dados disponíveis 
e se não há outros que, por algum motivo, não são do conhecimento do pesquisador.
Têm sido de grande valia dados coletados por institutos de pesquisa que realizam censo e pesquisas 
de opinião. As estatísticas oficiais devem ser consideradas sempre que o pesquisador necessitar de dados 
sobre a população.
Conclui‑se que um estudo sobre algum problema ou fenômeno social, por meio de uma 
metodologia quantitativa, tem sua importância para se fazer um levantamento geral. É 
evidente que nenhuma pesquisa sobre questões sociais deve ignorar o que envolve a maioria, 
como defendem os positivistas, por isso é que as pesquisas quantitativas têm sua relevância 
em diversas situações.
8.2.1 Instrumentos de coleta de dados em pesquisa quantitativa
Toda pesquisa precisa ser feita com instrumentos e técnicasque favoreçam o pesquisador para uma 
percepção mais ampla possível acerca do problema estudado.
Assim, ao longo do tempo, os cientistas sociais foram criando pouco a pouco um leque de instrumentos 
e de técnicas, conforme as necessidades e os contextos nos quais se encontravam. Veja alguns aspectos 
desse tipo de abordagem.
8.2.1.1 Amostragem
Lakatos e Marconi (1991, p. 30) ensinam que “a amostra é uma parcela convenientemente selecionada 
do universo (população); é um subconjunto do universo”.
População Amostragem
Figura 21 
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Trabalho de Pesquisa em serviço social
As amostras podem ser:
• simples;
• sistemáticas;
• aleatórias de múltiplo estágio;
• estratificada proporcional e estratificada não‑proporcional;
• por conglomerado;
• por tipicidade; e
• por quotas.
As autoras descrevem cada tipo de amostra e apresentam as suas vantagens e desvantagens. Observe 
o quadro a seguir.
Quadro 13 – Tipos de amostras – um comparativo
Tipo Descrição Vantagens Desvantagens
1. Aleatória simples
Atribuir a cada 
elemento da 
população um 
número único: 
selecionar a amostra 
utilizando números 
aleatórios.
• Requer o mínimo de 
conhecimento antecipado 
da população.
• Livra de possíveis erros de 
classificação.
• Facilita a análise de dados e 
o cálculo de erros.
• O conhecimento da 
população, que o 
pesquisador possa ter, é 
desprezado. Para a mesma 
extensão da amostra, os 
erros são mais amplos do 
que na amostragem.
2. Sistemática
Usar ordem natural 
ou ordenar a 
população; selecionar 
ponto de partida 
aleatório entre 1 e 10; 
selecionar a amostra 
segundo intervalos 
correspondentes ao 
número escolhido.
• Dá como efeito a 
estratificação e, portanto, 
reduz a variabilidade em 
comparação com A, se a 
população é ordenada com 
respeito à propriedade 
relevante.
• Simplifica a colheita 
de amostra; permite 
verificação fácil. 
• Se o intervalo de 
amostragem se relaciona a 
uma ordenação periódica 
da população, pode ser 
introduzida variabilidade 
crescente.
• Se há efeito de 
estratificação, as 
estimativas de erro 
tendem a ser altas.
3. Aleatória de múltiplo 
estágio
Usar uma forma de 
amostragem aleatória 
em cada um dos 
estágios, quando 
há pelo menos dois 
estágios.
• Oferece listas de 
amostragem, identificação 
e numeração apenas para 
elementos das unidades de 
amostragem selecionadas.
• Diminui os custos de 
viagem se as unidades de 
amostragem são definidas 
geograficamente.
• Os erros tendem a ser 
maiores do que em A ou B, 
para a mesma extensão da 
amostra.
• Os erros crescem com o 
decréscimo do número de 
unidades de amostragem 
escolhidas
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Unidade III
4. Estratificada:
a) Proporcional
b) Não proporcional
a) Escolher, de 
cada unidade 
de amostragem, 
amostra aleatória 
proporcional 
à extensão da 
unidade de 
amostragem.
b) É a mesma que 
a anterior, exceto 
que a extensão 
da amostra não 
é proporcional 
à extensão da 
unidade de 
amostragem, 
mas ditada por 
considerações 
analíticas ou de 
conveniência.
a) Assegura 
representatividade com 
respeito à propriedade que 
dá base para classificar as 
unidades; garante, pois, 
menor variabilidade que A 
ou C.
• Decresce a possibilidade 
de deixar de incluir 
elementos da população 
por causa do processo 
classificatório.
b) Podem ser avaliadas as 
características de cada 
estrato, pois são feitas 
comparações.
• É mais eficiente que a 
anterior para comparações 
de estratos.
a) Sob pena de aumentar o 
erro, requer informação 
acurada acerca da 
proporção de população 
em cada estrato.
• Se não há listas 
estratificadas disponíveis, 
prepara‑las pode 
ser dispendioso; 
possibilidade de 
classificação errônea 
e de aumento da 
variabilidade.
b) Menos eficaz do que 
a 1 para determinar 
características da 
população, isto é, maior 
variabilidade para a 
mesma extensão da 
amostra.
5. Por conglomerado
Selecionar unidades 
por alguma forma 
de amostragem 
aleatória; as unidades 
últimas são grupos; 
selecioná‑los 
aleatoriamente e 
fazer contagem 
completa de cada 
uma.
• Possibilita baixos custos de 
campo se os conglomerados 
são definidos 
geograficamente.
• Requer relacionamento 
de indivíduos apenas nos 
conglomerados escolhidos.
• Podem ser avaliadas 
as características dos 
conglomerados, bem como 
da população.
• É suscetível de utilização 
em amostras subsequentes, 
já que os selecionados são 
os conglomerados e não os 
indivíduos e a substituição 
de indivíduos pode ser 
permitida.
• Erros maiores para 
extensões semelhantes, 
do que os que ocorrem 
em outras amostras 
probabilistas.
• Capacidade para colocar 
elemento da população 
em um só conglomerado 
é exigida; a incapacidade 
de assim agir pode resultar 
em duplicação ou omissão 
de indivíduos.
6. Por tipicidade
Selecionar um 
subgrupo de 
população que, à 
luz das informações 
disponíveis, possa ser 
considerado como 
representativo de 
toda a população; 
fazer contagem 
completa ou 
subamostragem desse 
grupo.
Reduz custo de preparação 
da amostra e do trabalho de 
campo, pois unidades últimas 
podem ser escolhidas de 
modo que fiquem próximas 
umas das outras.
• Variabilidade e desvios das 
estimativas não podem ser 
controlados ou medidos.
• Generalizações arriscadas 
ou considerável 
conhecimento da 
população e do subgrupo 
selecionado é requerido.
7. Por quotas
• Igual a 6.
• Introduzir 
algum efeito de 
estratificação.
• Desvios devido à 
classificação que o 
observador faz dos sujeitos 
e à seleção não aleatória 
em cada classe são 
introduzidos.
Fonte: Lakatos; Marconi (1991, p. 57‑58)
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Trabalho de Pesquisa em serviço social
As considerações das autoras são importantes para perceber como uma pesquisa social pode ser 
feita de várias formas. Contudo, é necessário saber que técnica pode ser mais útil para o estudo de 
determinada questão social. Você pode perceber também como cada uma das formas apresentadas 
apresenta suas vantagens e desvantagens no que diz respeito à confiabilidade que oferece.
Conforme Lakatos e Marconi (1991), a escolha do instrumental metodológico está diretamente 
relacionada com o problema a ser estudado; a escolha dependerá dos vários fatores relacionados com 
a pesquisa, ou seja, a natureza dos fenômenos, o objeto da pesquisa, os recursos financeiros, a equipe 
humana e outros elementos que possam surgir no campo da investigação.
Lembre‑se de que uma amostra tem sua relevância quando de fato ela representa algo, isto é, se 
oferece condições para que se tenha um perfil ou noção do universo (população) estudado.
Laville e Dione (1999, p. 169) afirmam:
o caráter representativo de uma amostra depende evidentemente da 
maneira pela qual ela é estabelecida. Diversas técnicas foram elaboradas para 
assegurar tanto quanto possível tal representatividade; mas apesar de seu 
requinte, que permite diminuir muitas vezes os erros de amostragem, isto é, 
as diferenças entre as características da amostra e as da população de que 
foi tirada, tais erros continuam sempre possíveis, incitando os pesquisadores 
a exercer vigilância e seu senso crítico.
A representatividade significa que a pesquisa feita aponta aquilo que a maioria ou a totalidade 
pensa ou sabe sobre algo, muito embora seja por amostra,uma vez que é praticamente impossível saber 
tudo sobre algo ouvindo toda a população.
8.2.1.2 Questionários e formulários
Consiste em uma das formas mais comuns de pesquisa quantitativa e apresenta‑se de três formas:
• aberto;
• fechado;
• misto.
No aberto, temos uma pergunta que permite ao respondente apresentar livremente sua opinião 
sobre o assunto. Veja a seguir um exemplo, partindo da seguinte pergunta:
O que significa o curso de Serviço Social para você?
No questionário fechado, temos uma pergunta e, em seguida, um conjunto de opções para que o 
pesquisado responda. Observe o exemplo.
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Unidade III
Como você analisa o curso de Serviço Social?
a) Ruim.
b) Regular.
c) Bom.
d) Ótimo.
Observe que esse tipo de questão obriga o respondente a escolher uma das opções apontadas, isto 
é, trata‑se de um tipo de questionário que não apresenta liberdade para o indivíduo pesquisado. Assim, 
é possível uma maior manipulação. Em outros termos, significa que as respostas poderão não revelar de 
fato aquilo que se apresenta.
Quanto ao misto, inclui os dois tipos de questões, abertas e fechadas. Veja o exemplo seguir.
Como você analisa o curso de Serviço Social?
a) Ruim.
b) Regular.
c) Bom.
d) Ótimo.
Por quê?
Conforme Costa (1987, p. 185), os questionários são necessários sempre que um cientista não dispõe 
de dados previamente coletados pelas instituições públicas sobre determinados dados anteriormente 
coletados.
8.2.1.3 Formulário
O formulário é um tipo de questionário que, em geral, apresenta um nível de questões que exige a 
presença do pesquisador para preencher.
Em geral, o assistente social que trabalha em algum órgão público ou privado lança mão desses 
instrumentos de pesquisa. No caso dos órgãos públicos, tem sido muito comum a sua utilização.
Veja no quadro a seguir as vantagens e desvantagens dos questionários e formulários, conforme 
aponta Lakatos e Marconi (1991).
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Trabalho de Pesquisa em serviço social
Quadro 14 – Questionário e formulários – um comparativo
Instrumentos Vantagens Desvantagens
Questionário
• Economiza tempo, viagens e obtém grande 
número de dados.
• Atinge maior número de pessoas 
simultaneamente.
• Abrange área geográfica mais ampla.
• Economiza pessoal, tanto em adestramento 
quanto em trabalho de campo.
• Obtém respostas mais rápidas e precisas.
• Há maior liberdade nas respostas, em razão do 
anonimato.
• Há mais segurança, pelo fato de as respostas 
não serem identificadas.
• Há menos risco de distorção, pela não 
influência do pesquisador.
• Há mais tempo para responder e em hora mais 
favorável.
• Há mais uniformidade na avaliação, em virtude 
da natureza impessoal do instrumento.
• Obtém respostas que materialmente seriam 
inacessíveis.
• Percentagem pequena dos questionários 
que voltam.
• Grande número de perguntas sem respostas.
• Não pode ser aplicado a analfabetos.
• Impossibilidade de ajudar o informante em 
questões mal compreendidas.
• A dificuldade de compreensão, por parte 
dos informantes, leva a uma uniformidade 
aparente.
• Na leitura de todas as perguntas, antes de 
respondê‑las, pode uma questão influenciar 
a outra.
• A devolução tardia prejudica o calendário ou 
sua utilização.
• O desconhecimento das circunstâncias 
em que foram preenchidos torna difícil o 
controle e a verificação.
• Nem sempre é o escolhido quem responde 
ao questionário.
• Exige um universo mais homogêneo.
Formulário
• Utilizado em quase todo segmento da 
população: analfabetos, alfabetizados, 
populações heterogêneas etc., porque seu 
preenchimento é feito pelo entrevistador.
• Oportunidade de estabelecer rapport, devido 
ao contato pessoal.
• Presença do pesquisador, que pode 
explicar os objetivos da pesquisa, orientar 
o preenchimento do formulário e elucidar 
significados de perguntas que não estejam 
muito claras.
• Flexibilidade, para adaptar‑se às necessidades 
de cada situação, podendo o entrevistador 
reformular itens ou ajustar o formulário à 
compreensão de cada informante.
• Obtenção de dados mais complexos e úteis.
• Facilidade na aquisição de um número 
representativo de informantes, em 
determinado grupo.
• Menos liberdade nas respostas, em virtude 
da presença do entrevistador.
• Risco de distorções, pela influência do 
aplicador.
• Menos prazo para responder às perguntas; 
não havendo tempo para pensar, elas podem 
ser invalidadas.
• Mais demorado, por ser aplicado a uma 
pessoa de cada vez.
• Insegurança das respostas, por falta do 
anonimato.
• Pessoas possuidoras de informações 
necessárias podem estar em lugares muito 
distantes, tornando a resposta difícil, 
demorada e dispendiosa.
Fonte: Lakatos; Marconi (1991, p. 98‑112)
Tanto o questionário quanto o formulário requerem bastante cuidado e responsabilidade na sua 
formulação. As perguntas devem ser pensadas conforme o objetivo que se pretende alcançar com a 
pesquisa. É importante ainda ter muita atenção quando se está aplicando esses instrumentos; em geral, 
os principais problemas que se percebem no uso dos questionários é a falta de uma orientação maior por 
parte do pesquisador em relação ao pesquisado. Talvez seja por esse motivo que uma parte significativa 
dos questionários enviados para serem respondidos não retorna ao pesquisador.
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Após a coleta dos questionários e formulários, o pesquisador deve fazer a tabulação dos dados, que 
consiste em ordenar e classificar as respostas, para, em seguida, saber o percentual de cada questão 
respondida. Feito isso, podem‑se utilizar planilhas, gráficos e tabelas, como forma de apresentação dos 
dados.
8.2.1.4 Escala
Conforme destaca Lakatos e Marconi (1991, p. 114), a escala “é um instrumento científico de 
observação e mensuração dos fenômenos sociais. Foi idealizada com a finalidade de medir a intensidade 
das atitudes e opiniões na forma mais objetiva possível”.
Podem ser utilizadas escalas em pesquisas de opinião referente a preconceito, patriotismo, 
preferências, entre outras.
8.2.1.5 Os testes
Lakatos e Marconi (1991, p. 125) ensinam que os testes são instrumentos utilizados com a finalidade 
de obter dados que permitem medir o rendimento, a competência, a capacidade ou a conduta dos 
indivíduos, em forma quantitativa. Essa técnica é bastante utilizada na Psicologia e no Serviço Social, e 
pode ser importante em determinadas situações. Entre os testes, temos a sociometria, cuja finalidade é 
medir as relações entre o indivíduo e um grupo, para verificar sua influência ou sua liderança.
Os instrumentos e as técnicas quantitativas apresentadas são comuns na pesquisa social e 
apresentam sua relevância. É importante que o pesquisador tenha uma conduta crítica para o uso deste 
ou daquele tipo de instrumento ou técnica. Assim seu trabalho pode ter maior credibilidade. Cada tipo 
de técnica apresenta também suas vantagens e suas desvantagens, o que exige muito cuidado por parte 
do pesquisador social.
A utilização de métodos e técnicas quantitativas no Serviço Social pode ocorrer, por exemplo, da 
seguinte maneira: quando o assistente social é convocado para realizar uma pesquisa cujo objetivo é 
diagnosticar o perfil socioeconômico das famílias de um determinado setor ou bairro da cidade;nesse 
caso, o profissional visita as famílias munido de um questionário, cujos itens centrais podem ser a renda 
familiar, as condições de moradia, de saúde, de educação, número de filhos, entre outros. Esse tipo de 
diagnóstico geralmente é realizado pelos órgãos públicos para que, de posse dos dados, se faça um 
plano de ação visando a atender às principais necessidades da população carente. Esse tipo de pesquisa 
é também feita por escolas que destinam vagas para pessoas de baixa renda.
Note que esse tipo de pesquisa quantitativa é importante para atender a algumas necessidades e 
exigências dos setores públicos e privados no que diz respeito à ação junto à população. O que gerou 
várias críticas ao modelo quantitativo adotado por instituições é o fato de se priorizar sempre esse 
tipo de metodologia e de abordagem, sem levar em consideração um trabalho mais efetivo junto à 
população, especialmente ouvindo mais as pessoas, vivenciando seus dilemas, respeitando as diferenças 
e buscando uma ação junto à comunidade de forma participativa; portanto, sem trazer projetos prontos 
para serem aplicados às populações, sem ter clareza das reais necessidades e interesses das pessoas.
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 Observação
A abordagem qualitativa se mostra mais próxima da realidade da 
população, todavia também não deve ser a única a ser adotada nas diversas 
situações. O uso indiscriminado de uma metodologia qualitativa, sem que 
se leve em conta a dimensão real do problema; a compreensão clara das 
ideias e dos conceitos que orientam a ação ou a pesquisa também não leva 
a lugar nenhum.
A metodologia qualitativa busca muito mais a interpretação da realidade do que a prática objetivista, 
com o uso contínuo de dados quantitativos. As principais técnicas utilizadas no Serviço Social, 
relacionadas a esse tipo de metodologia, são: história de vida, estudo de caso, entrevista, observação 
participante, entre outras.
Assim, observamos que os métodos e as técnicas de pesquisa social do Serviço Social surgiram a 
partir das demandas sociais e também fundamentados em interesses e ideologias. Por exemplo, o tipo 
de metodologia que prioriza o objetivismo vai se adequar muito mais à sociedade industrial capitalista. 
Como a realidade se mostra objeto de estudo complexo para compreender, surge uma nova abordagem 
(qualitativa), cuja prioridade é o indivíduo como sujeito da realidade.
A metodologia qualitativa se apoia em instrumentos e técnicas contrárias às do Positivismo. Logo, 
aqueles que trabalham as questões sociais passam a adotar em larga medida as técnicas de observação 
participante, entrevistas, história de vida, entre outras.
8.2.1.6 Métodos de abordagem: métodos quantitativos no Serviço Social
Já sabemos que a metodologia quantitativa prioriza os aspectos que possibilitam a mensuração 
dos dados: questionários, estatísticas, experimentação, amostras. No Serviço Social, essa metodologia, 
embora tenha sua importância, contribui muito mais para uma prática conservadora. Não se pode negar 
a relevância dos métodos quantitativos para verificar algo da realidade social; o que não deve haver é 
uma supervalorização do uso de métodos e técnicas quantitativas, levando a falhas na percepção da 
realidade, uma vez que há uma forte tendência em considerar realidade apenas aquilo que pode ser 
medido por meio de estatísticas, gráficos, tabelas ou demonstrado com experimentações.
O Serviço Social, quando se preocupava apenas com o diagnóstico quantitativo de uma dada 
realidade social, deixava de lado determinados aspectos da realidade que não apareciam nos dados 
quantitativos. Isso levava a interpretações muitas vezes precipitadas e atitudes de indiferença no que se 
refere à relação pesquisador e pesquisado – no caso, assistente social e assistidos.
A metodologia quantitativa surgiu a partir da necessidade de se ter algo concreto que possibilitasse 
uma compreensão acerca de determinados fenômenos sociais. O termo quantitativo diz respeito à 
quantidade, isto é, aquilo que pode ser mensurado.
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Minayo et al. (2000, p. 30) nos ensinam que:
a questão do quantitativo traz a reboque o tema da objetividade. Isto é, 
os dados relativos à realidade social seriam objetivos se produzidos por 
instrumentos padronizados, visando a eliminar fontes de propensões de 
todos os tipos e apresentar uma linguagem observacional neutra.
Como destacam os autores, a questão da objetividade constitui uma preocupação central à 
necessidade de objetividade, isto é, daquilo que pode ser demonstrado com propriedade e segurança, 
a ponto de não deixar nenhuma dúvida. Com isso, surge o quantitativismo na pesquisa social: o uso 
indiscriminado de instrumentos e técnicas, como questionários, formulários, tabelas, amostras, escalas, 
experimentos, entre outros recursos que possibilitem a mensuração.
Para os adeptos da metodologia quantitativa, a realidade social poderia ser mensurada de tal 
forma que seria possível o controle total de determinados fenômenos sociais. Entretanto, o uso de 
métodos e técnicas quantitativas, embora tenha sua importância, pode iludir o pesquisador na busca da 
objetividade. Por exemplo, não é pelo fato de se ter aplicado um questionário, utilizando estatística, que 
se deve ter como verdade absoluta uma determinada pesquisa. Foi por isso que surgiram os métodos e 
as técnicas qualitativos, os quais percorrem um caminho diferente da perspectiva quantitativa. Optar 
pela metodologia qualitativa é adotar um caminho oposto ao da quantitativa.
Esse tipo de pesquisa se preocupa “nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode 
ser quantificado [...] trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e 
atitudes”, afirma Minayo et al. (2000, p. 22).
Esse tipo de metodologia se opõe à objetividade e à rigidez adotada na quantitativa. Qualitativo significa 
se preocupar com a qualidade e não com a quantidade. Aspectos comportamentais, significados, valores, 
costumes, entre outros aspectos, são estudados a partir da abordagem qualitativa, que veremos adiante.
Para alguns autores, como é o caso de Minayo et al. (2000, p. 15), o “objeto das ciências sociais é 
essencialmente qualitativo. A realidade social é o próprio dinamismo da vida individual e coletiva com 
toda riqueza de significados dela transbordante”. Veja, portanto, como as ciências sociais apresentam 
fortes discussões, como esta que você pode perceber: será que devemos utilizar somente uma dessas 
metodologias e ignorar a outra? Evidentemente que não, pois ambas têm sua importância no estudo 
dos fenômenos sociais.
Para atender à necessidade de compreensão dos fenômenos sociais, as ciências sociais, entre elas 
a Sociologia, nasceram com base positivista, de modo a priorizar uma metodologia quantitativa para 
o estudo da sociedade. Foi com o processo de industrialização que a pesquisa social se desenvolveu. 
A dinâmica social protagonizada pelo surgimento das indústrias, pela urbanização e pelo mercado 
demandou estudos diversos com vistas à formação de uma sociedade organizada.
Os estudos realizados acerca das populações e de suas demandas têm contribuído significativamente 
para que os gestores das cidades saibam que ações devem ser realizadas a curto, médio e longo prazo.
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É de posse dos indicadores sociais que é possível adotar medidas necessárias para as áreas como: 
saúde, educação, moradia, segurança, entre outras necessidades sociais.
Baptista (1994, p. 25) nos ensina que:
ao invés de serem excludentes ou opostas, as técnicas qualitativas e 
quantitativas, se devidamente utilizadas em uma pesquisa, poderão ser 
igualmente eficazes no aproveitamento e conhecimento do tema em 
estudo. O importante é ressaltar que o pesquisador deve não só estar seguro 
das referências teórico‑metodológicas em que se está apoiando para que 
possa transitar e se movimentar sem se sentir em uma camisa de força de 
uma ou outra linha metodológica.
A pesquisa social pode ser feita com base em métodos quantitativos ou qualitativos. Estes 
últimos têm sido bastante priorizados para o estudo de questões sociais. Não se pode radicalizar 
quanto à importância desta ou daquela metodologia, mas é importante saber até que ponto uma 
complementa a outra.
O surgimento de estudos com bases qualitativas trouxe importantes descobertas e contribuiu para se 
ter uma visão mais ampla sobre determinadas realidades. No Serviço Social, o uso das duas metodologias 
(quantitativa e qualitativa) pode ser encontrado em diversas situações. Conforme você já estudou até 
aqui, nota‑se a predominância de técnicas quantitativas, especialmente quando se usam questionários, 
formulários, dados estatísticos, amostras, escalas e outras formas de mensuração de dados da realidade 
social.
As duas metodologias têm sido fundamentais para estudar aspectos da realidade social. Quando se 
precisa saber sobre índices da saúde, da segurança, sobre moradia, epidemias, entre outros, os dados 
quantitativos são indispensáveis. As diversas organizações da sociedade, como empresas, escolas, hospitais, 
prefeituras e demais órgãos (públicos ou privados), em geral, para fazer algum tipo de acompanhamento 
de qualquer segmento da sociedade, necessitam levar em conta os dados quantitativos.
É importante também saber que dados quantitativos podem ser utilizados para fazer uma leitura 
qualitativa de determinada realidade social. Portanto, não se deve pensar em utilizar apenas uma 
metodologia em qualquer pesquisa social. De acordo com objetivos e objeto a ser estudado, é possível 
escolher instrumentos e técnicas qualitativas e ou quantitativas.
 saiba mais
Para aprofundar o assunto desenvolvido até aqui, leia:
BARRILI, H. C. et al. A pesquisa em Serviço Social e nas áreas humano‑sociais. 
Rio Grande do Sul: Edipucrs, 1998.
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8.2.2 Como se analisam dados quantitativos?
Até o momento tratamos da pesquisa quantitativa, suas características, instrumentos e técnicas. 
Contudo, é necessário saber como se faz para analisar os dados obtidos das mais variadas formas: 
questionários, testes, formulários, escalas, conforme estudamos anteriormente.
Alguns procedimentos são necessários para a análise dos dados. Primeiro, é preciso levar em conta 
os objetivos da pesquisa. Nesse caso, vale rever o projeto de pesquisa, item por item, uma vez que tudo 
está relacionado ao problema e objetivos da pesquisa.
Feita a pesquisa por meio de aplicação de questionário, levantamentos estatísticos e testes, o 
pesquisador precisa saber como tratar os dados, fazer comparações para tirar suas conclusões.
No caso de o pesquisador ter aplicado questionários ou formulários em um determinado ambiente 
em estudo, primeiramente precisa fazer a tabulação, a classificação e as comparações necessárias.
A análise de dados quantitativos é feita pelo profissional capacitado, no caso, um estatístico; essa 
fase, evidentemente, trata‑se de uma análise tipicamente estatística.
Segundo Laville e Dionne (1999, p. 199), a análise estatística é habitualmente realizada em dois 
tempos: um primeiro em que se descrevem e caracterizam os dados e um segundo em que se estudam 
os nexos e as diferenças, em que se fazem inferências etc.
Não vamos nos ater à esfera da estatística propriamente dita, nem à matemática ou a qualquer 
operação que envolva cálculo, até mesmo por entender que não é da alçada do pesquisador social saber 
todo tipo de cálculo.
Para a análise quantitativa, é fundamental que o pesquisador tenha segurança de que o material 
coletado que está ao seu dispor é de confiança. Isto é uma regra básica: caso os dados tenham sido 
coletados pelo próprio pesquisador, é evidente que não ocorrerão problemas de procedência. Agora, 
resta saber o que fazer com o material em suas mãos.
É importante que quem for fazer a análise tenha clareza quanto aos objetivos e hipóteses que lhes 
servirão de ponto de partida para sua análise.
No caso de se precisar de um especialista, “deve‑se dar ao trabalho de dialogar com o expert para 
fazer com que este compreenda o que ele pretende e lhe explique os tratamentos sugeridos”, afirmam 
Laville e Dionne (1999, p. 204).
Você já deve ter percebido, em determinadas apresentações de dados, que, em geral, fazem‑se 
análises a partir de comparações, considerando o maior índice ou o menor. Devem‑se ainda verificar os 
índices que se repetem. Essa repetição, provavelmente, revela algo importante, conforme seja o objetivo 
da pesquisa. Outro ponto a ser considerado é quando um índice pode ser relacionado:
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[...] a outro, de modo a apontar determinadas implicações. Rudio (1992, p. 
98‑99) nos ensina que a partir dos dados obtidos, o pesquisador terá diante 
de si um amontoado de respostas que precisam ser ordenadas e organizadas 
para que possam ser analisadas e interpretadas. Para isso, devem ser 
codificadas e tabuladas, começando‑se o processo pela classificação.
Rudio (1992) se refere a três etapas importantes na análise: codificação, tabulação e classificação. É 
esse o caminho básico para qualquer análise que se precisa fazer:
classificar é dividir um todo em partes, dando ordem às partes e colocando 
cada uma no seu lugar. Para que haja classificação é necessário que um todo 
ou universo seja dividido em suas partes, sob um determinado critério ou 
fundamento que é a base da divisão a ser feita.
À medida que se segue tal procedimento de classificação, percebe‑se também uma conduta com 
vistas à objetividade, à clareza e à precisão por parte do pesquisador.
A classificação não deve ser feita de forma aleatória, lembra Rudio (1992), mas é necessário que 
determinadas normas sejam obedecidas, sendo geralmente indicadas as seguintes:
• na mesma classificação não pode haver mais de um critério;
• as categorias em que o todo é dividido devem abranger cada um dos indivíduos, pertencentes 
ao universo, sem deixar nenhum de fora. Não se pode, por exemplo, dar apenas as categorias 
solteiro e casado para dividir os professores de uma faculdade, uma vez que ficariam de fora os 
desquitados, divorciados, entre outros;
• a classificação também deve ser constituída por categorias que se excluam mutuamente, de forma 
que não seja possível que um indivíduo fique em mais de uma categoria. Quanto à codificação, 
ela significa “o processo pelo qual se coloca uma determinada informação, isto é, o dado que ela 
oferece, na categoria que lhe compete, de modo a atribuir a cada categoria um item e dando‑se 
para cada item um símbolo” (Rudio 1992, p. 99). Esse símbolo pode ser em forma de letras ou 
números, entre outros possíveis. Veja um exemplode codificação:
Imaginemos, para exemplo, que foi aplicado a um grupo de alunos da 
faculdade W um questionário somente com a seguinte pergunta fechada: 
Qual o seu julgamento, de modo geral, sobre a competência dos professores 
desta faculdade? Sublinhe a alternativa que indica sua resposta: ótima – boa 
– regular – má – péssima. Para codificar as respostas obtidas é necessário, 
primeiro, classificar as indagações do questionário, tendo em vista uma 
previsão das diversas possibilidades de serem respondidas. Assim, vamos 
supor, então, que haja um item A, referente às características dos informantes 
9 no começo do questionário) e um item B, referente às respostas para 
a pergunta (foi uma só) do questionário. Como se vê, para cada item foi 
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assinalado um símbolo, respectivamente “A” e “B”. Imaginemos que para o 
ítem A foram pedidas apenas duas características: idade e sexo. Podemos, 
então, atribuir para o primeiro o símbolo I e para o segundo, o símbolo II. 
Mas estas duas categorias devem ser subdivididas. Teremos, então, para o 
item A – características dos informantes: A.1 – sexo: A.1.1 – masculino e 
A.2‑ Idade: A.2.1 – até 18 anos completos; A.2.2 – de mais de 18 até 19 anos; 
A.2.3 – de mais de 19 anos até 20 anos completos; A.2.4 – de mais de 20 
anos até 21 anos completos (imaginemos que na referida classe não exista 
ninguém de menos de 18 anos e nem de mais de 21 anos). E teremos para o 
item B – respostas para a pergunta: B.2 p‑ boa; B.3 – regular; B.4 – má; B.5 
péssima (RUDIO, 1992, p. 100).
A partir do exemplo apontado de codificação, é possível passar para o processo de tabulação, tendo 
em vista que foram atribuídos na classificação os itens, categorias e símbolos. Depois, pode‑se organizar 
tudo o que foi classificado e, com isso, é possível ter uma visão geral do que foi pesquisado, isto é, a 
opinião, conforme os pesquisados.
Após os dados serem codificados e tabulados, vem agora a necessidade da análise: busca‑se saber o 
que significam aqueles dados, o que revelam. Após a análise, é possível, portanto, interpretar os dados.
Conclui‑se que não é possível uma análise favorável, isto é, objetiva, sem que se saiba como fazer, 
quais os procedimentos a serem seguidos. É por isso que o pesquisador deve ter os conhecimentos 
básicos sobre organização, classificação, codificação e tabulação, a fim de que saiba o que revelam 
os números.
8.3 O que é pesquisa qualitativa: características gerais e referências
 lembrete
A metodologia qualitativa nasce em contraposição à rigidez 
protagonizada pelos modelos baseados nas ciências naturais.
A característica marcante da metodologia qualitativa é “o fato de que as pesquisas são formuladas 
para fornecerem uma visão de dentro do grupo pesquisado”, afirmam Victoria et al. (2000, p. 37).
Considerar a visão interna do grupo nesse tipo de pesquisa é uma postura totalmente diferente da 
utilizada na quantitativa; significa ouvir os indivíduos na sua forma mais completa possível.
Quando o pesquisador social adota essa metodologia, ele deve estar ciente de que não interessa 
saber simplesmente o que a maioria pensa sobre algo, mas também perceber nas entrelinhas como 
de fato a realidade de um determinado grupo se apresenta nos seu aspecto mais comezinho, mais 
íntimo possível.
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Trabalho de Pesquisa em serviço social
Minayo (2004, p. 10) considera:
as metodologias de pesquisa qualitativa entendidas como aquelas capazes 
de incorporar a questão do significado e da intencionalidade como inerentes 
aos atos, às relações, e às estruturas sociais, sendo essas últimas tomadas 
tanto no seu advento quanto na sua transformação, como construções 
humanas significativas.
É com o foco no significado das ações e na intencionalidade que o pesquisador social se coloca em 
uma posição mais humana. Desse modo, não atua como se o objeto estudado fosse algo estranho à 
vida. Em outros termos, podemos afirmar que se trata de um olhar mais atento e com muito respeito 
aos pesquisados; na abordagem qualitativa as pessoas não são meros informantes, nem tampouco o que 
dizem se traduz em números ou estatísticas.
Surgidas a partir de sociólogos e antropólogos, a pesquisa qualitativa foi sendo aos poucos 
reconhecida como fundamental nas ciências sociais.
Triviños (1987, p. 120) nos ensina que: “os pesquisadores perceberam rapidamente que muitas 
informações sobre a vida dos povos não podem ser quantificadas”, mas sim interpretadas de forma 
muito mais ampla, de modo a abandonar as metodologias quantitativas típicas do Positivismo e do 
Funcionalismo.
Uma das formas de estudo qualitativo se dá com o que os cientistas sociais chamam de trabalho 
de campo: quando o pesquisador deixa sua postura técnica e burocrática para conhecer novas culturas 
e modos de vida. Foi dessa forma que os antropólogos realizaram estudos com base em visitas e 
convivências com nativos. São exemplos dessa postura as pesquisas realizadas por Franz Boas, entre 
1883 e 1902, e, também, as experiências de campo de Bronislow Malinowski nas Ilhas Trobriand, ente 
1915 a 1916, conforme destaca Goldenberg (1999, p. 20‑21).
Os estudos de Franz Boas foram marcantes para as ciências sociais, especialmente para a 
Antropologia, tendo inspirado vários pesquisadores na primeira metade do século XX. Entre os 
estudiosos destacam‑se Ralph Linton, Ruth Bemedict e Margareth Mead, os quais são considerados 
representantes da Antropologia cultural americana. Tais estudiosos utilizaram “métodos e técnicas 
de pesquisa qualitativa somada a modelos conceituais próximos da psicologia e psicanálise”, afirma 
Goldenberg (1999, p. 21).
Já nos anos 1970, nos Estados Unidos, destacam‑se as pesquisas de Clifford Geertz, que propõem 
uma análise cultural hermenêutica, inspiradas nas ideias de Weber. Seus trabalhos situam‑se em uma 
ótica interpretativa. Para Geertz, o estudioso deve fazer uma descrição em profundidade (descrição 
densa) das culturas como textos vividos como teias de significados que devem ser interpretados 
(GOLDENBERG, 1999).
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Unidade III
8.3.1 O Interacionismo simbólico e a Escola de Chicago
A Escola de Chicago se tornou um dos importantes centros de estudos e de pesquisas sociológicas 
dos Estados Unidos. A partir de 1915, o Departamento de Sociologia realiza estudos na cidade de Chicago 
com o intuito de produzir conhecimentos que contribuíssem para a solução de determinados problemas 
sociais, como imigração, ato infracional, criminalidade, desemprego, vulnerabilidade econômica e social, 
entre outros.
O método dos pesquisadores dessa Escola é conhecido como interacionismo simbólico, cujo propósito 
é “compreender as significações que os próprios indivíduos põem em prática para construir seu mundo 
social” (GOLDENBERG, 1999, p. 27).
Vale lembrar que a Escola de Chicago, muito embora tenha iniciado um estudo interacionista 
simbólico, também trabalhou com dados quantitativos; todavia, sua preocupação maior é com o 
tratamento qualitativo. Goldenberg (1999, p. 30) aponta que:
em 1929, Shaw e outros pesquisadores publicaram uma obra sobre a 
delinquência urbana em que recensearam cerca de 60 mil domicílios de 
“vagabundos, criminosos e delinquentes” de Chicago, para demonstrar as 
taxasde criminalidade em diferentes bairros.
A abordagem qualitativa, com o apoio de dados quantitativos, constitui uma importante forma de 
estudo das questões sociais. Não se pode radicalizar acerca dos métodos e técnicas de pesquisa social; 
para cada situação, conforme seja o objetivo da pesquisa, é necessário o uso de estatísticas para que se 
tenha uma visão mais concreta do fenômeno em questão.
Estudos com base nessa metodologia interacionista podem contribuir para uma maior compreensão 
de certos problemas sociais e as ações dos seus atores.
No Serviço Social, essa perspectiva metodológica tem sua importância no caso dos assistentes 
sociais que atuam junto aos indivíduos e grupos sociais em situação de risco: crianças e adolescentes em 
situação de rua, presos, infratores, entre outros sujeitos que se encontram à margem da marginalidade.
A questão que não pode ser ignorada pelos pesquisadores, cientistas sociais e assistentes sociais 
é quanto à necessidade da realização de um estudo sobre qualquer questão social com base na 
credibilidade. Para isso, os métodos, instrumentos e técnicas utilizadas devem ser suficientes para a 
explicação de determinados fenômenos sociais.
Conclui‑se que as pesquisas, tanto quantitativa quanto qualitativa, exigem a coerência e a capacidade 
de responder aos dilemas da sociedade, de modo a contribuir para ações cada vez mais competentes no 
sentido de promover uma vida melhor.
A preocupação em estudar os fenômenos sociais a partir de dentro do grupo (caso da pesquisa 
qualitativa) é uma opção fundamental para não se prender às regras científicas, objetivistas, que muitas 
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Trabalho de Pesquisa em serviço social
vezes, em vez de ajudar na compreensão de uma dada realidade, somente complicam. Não cabe negar 
a importância de cada uma das metodologias, mas deve‑se saber como melhor utilizá‑las com vistas à 
aproximação máxima da realidade.
8.3.2 Sobre os instrumentos e técnicas na pesquisa qualitativa
Toda atividade de pesquisa requer seus instrumentos adequados para a coleta de dados. Conforme 
os objetivos fixados criteriosamente no projeto, o pesquisador necessita saber a forma mais adequada 
para a realização do seu trabalho. Alguns instrumentos e técnicas de pesquisa qualitativa são, em geral, 
também encontrados na quantitativa, como questionários, entrevistas e outros recursos.
Todavia, outros instrumentos são peculiares da qualitativa, tendo em vista a necessidade de se ter 
uma representação da realidade a ser estudada a partir de dentro do grupo.
Vimos os instrumentos e técnicas que estão disponibilizados, como entrevista, questionário, formulário, 
diário de campo, história de vida, observação, análise documental (técnicas); quanto aos instrumentos 
destacados foram: questionário, formulário, o diário de campo, gravador, máquina fotográfica. Contudo, 
conforme o contexto em que o pesquisador esteja atuando, são várias as possibilidades de utilização de 
instrumentos de pesquisa.
Tendo em vista já termos desenvolvido o tema, serão destacados aqui alguns aspectos relevantes 
quanto aos instrumentos de pesquisa qualitativa, afinal não faz sentido saber apenas quais os 
instrumentos, mas principalmente por que e como eles podem ser utilizados.
O pesquisador necessita, acima de tudo, encontrar a forma mais adequada para coletar as informações 
necessárias à sua empreitada. Ele deve, consequentemente, evitar improvisos.
Quando se elabora o projeto de pesquisa, o pesquisador já deve ter definido, na metodologia, as 
técnicas que servirão ao seu trabalho; para o atingimento de cada objetivo define‑se a metodologia 
mais adequada.
Quando se pesquisa em situações totalmente adversas, é preciso ser criativo e saber aproveitar a 
oportunidade; nesse sentido, vale lançar mão das diferentes técnicas as mais originais possíveis.
Em uma observação de campo, lápis, papel e gravador são fundamentais. Entretanto, para não 
perder a oportunidade de informações, caso não se tenha no momento esses instrumentos, resta contar 
com a criatividade. Há casos em que é preciso ter uma memória fotográfica e, mais tarde, quando o 
pesquisador retorna a sua casa, colocar no papel tudo aquilo de que se lembra.
Na observação, tudo é importante para o pesquisador, desde que se tenha critérios claros em função 
dos objetivos definidos anteriormente. Laville e Dionne (1999, p. 181) são da opinião de que:
um instrumento é dito válido se ele faz bem seu trabalho, isto é, se permite 
trazer as informações para as quais foi construído. Um instrumento é 
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Unidade III
dito fidedigno, se conduz aos mesmos resultados quando se estuda, em 
momentos diversos, um fenômeno ou uma situação que não deveria ter 
mudado no intervalo.
Há que se ter o cuidado na forma como o pesquisador se coloca para a coleta de dados. Para não 
inibir a pessoa ou grupo pesquisado, é importante propiciar uma situação mais tranquila e original 
possível, até mesmo porque não se trata de teatro ou situação em que as pessoas posassem para uma 
seção de fotos. Nesse caso, é fundamental a familiaridade, a convivência com os pesquisados, a fim de 
que se criem oportunidades para que a observação do fenômeno ou de uma dada situação‑problema 
seja a mais natural possível. É esse o sentido que os autores destacam, quando se referem à validade e 
à fidedignidade.
O gravador é uma opção do pesquisador, todavia é preciso saber em que situação usá‑lo. Uma regra 
básica é que nenhum pesquisador deve desrespeitar os direitos dos pesquisados; assim, jamais devem 
ser gravadas conversas ou entrevistas sem que a outra parte esteja ciente e tenha aceitado. Para tanto, 
é importante combinar hora e local com antecedência, bem como assegurar‑se de que o momento é 
oportuno. Há casos em que embora o pesquisador tenha combinado, o contexto não se apresenta propício.
Talvez você já tenha ouvido algum profissional dizer que perdeu seu tempo, pois uma entrevista que 
havia marcado não foi como esperava: ocorre, por exemplo, de o entrevistado, embora tendo aceitado, 
se mostrar arredio ou apressado, de modo que tudo fica praticamente impossível.
Goldenberg (1999, p. 90) assevera que:
como qualquer relação pessoal, a arte de uma entrevista bem sucedida 
depende fortemente da criação de uma atmosfera amistosa e de confiança. 
As características pessoais do pesquisador e dos pesquisado são decisivas. 
É muito importante não criar antagonismos nas primeiras abordagens. As 
atitudes e opiniões do pesquisador não podem aparecer em primeiro plano. 
Ele deve tentar ser o mais neutro possível, não sugerindo respostas.
O uso do gravador apresenta vantagem quando o pesquisador sabe exatamente o momento certo, 
a pessoa entrevistada, o ambiente, bem como não esquece que é preciso uma postura ética perante o 
respondente. Contudo, é possível adotar a entrevista sem o uso desse instrumento, o que exige anotações 
a partir das perguntas realizadas. Esse recurso deve ser utilizado sem que provoque qualquer sinal de 
inibição ou mal‑estar no entrevistado.
É recomendável que, ao retornar, o pesquisador tenha o cuidado e a paciência de transcrever a 
entrevista que conseguiu gravar, a fim de que não se perca no meio do trabalho; é preferível que esse 
trabalho seja feito pelo próprio pesquisador. No entanto, caso não tenha tempo suficiente, em função 
da demanda de trabalho, o pesquisador deve encontrar alguém de confiança para essa empreitada.
Todo esse cuidado deve ser tomado, por que há vantagens para o pesquisador

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