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Apostila Penal individuo

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TEXTO DE AUXÍLIO 
Prof. Caupolican 
DISCIPLINA: PROTEÇÃO PENAL AO INDIVÍDUO - UNIP 
 1 
 
1 
CRIMES CONTRA A VIDA 
 
1.1 
HOMICÍDIO 
 
OBJETO JURÍDICO: O objeto jurídico do homicídio é a vida humana. 
 
SUJEITOS DO DELITO 
 
Sujeito ATIVO do homicídio é o agente, que mata outrem, através de ação ou 
omissão, agindo individualmente ou em concurso, utilizando-se de meios próprios 
(sua força física ou seu intelecto), ou servindo-se de instrumentos, armas, venenos, 
animais, fogo etc. 
 
O sujeito PASSIVO do homicídio é o ser humano e, de acordo com alguns penalistas, 
também o Estado, que tem por dever, garantir a vida do cidadão. 
 
ELEMENTO SUBJETIVO 
 
No homicídio previsto no artigo 121 caput do Código Penal é o dolo, ou seja, a 
vontade consciente de injuridicamente destruir uma vida humana, sendo indiferente 
saber se o agente visava pessoa determinada ou indeterminada; se quis matar (dolo 
direto), ou assumiu a possibilidade de matar (dolo eventual). Basta saber se, através 
da ação ou omissão, quis destruir e efetivamente destruiu vida humana; ou através 
da ação ou omissão, assumiu o risco de matar e efetivamente matou outrem. 
 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: 
 
A consumação de um crime ocorre quando todos os elementos de sua definição 
legal foram integrados ou completados, vale dizer, ocorre quando a ação ou omissão 
se amolda integralmente ao tipo descrito na norma penal. No homicídio, a 
consumação se materializa com a morte do ser humano, ocasionada pela ação ou 
omissão alheia. 
 
A palavra morte é de origem latina. Vem de "mors-mortis", que significa "o fim da 
vida", ocasião em que o ser que era vivo passa a ser rotulado de "cadáver", palavra 
também de origem latina (cara data vermis), cujo significado literal é "carne para 
vermes". 
 
Obviamente, a ocorrência da morte deverá ser provada alem de qualquer dúvida. A 
prova em questão devera ser feita, necessariamente, através do exame de corpo de 
delito. Direto, sempre que possível. Ou de forma indireta, na impossibilidade de 
faze-lo diretamente. 
 
TEXTO DE AUXÍLIO 
Prof. Caupolican 
DISCIPLINA: PROTEÇÃO PENAL AO INDIVÍDUO - UNIP 
 2 
A autoria do homicídio bem como de qualquer outro delito, também deve ser 
provada sem qualquer possibilidade de dúvida. Mais, ainda: deverá ficar evidente 
que entre a morte e a ação ou omissão do agente, exista inequívoco nexo causal. 
 
A TENTATIVA: Quando alguém quer matar outrem, pratica atos sequenciais. Segue 
um iter criminis ou um determinado caminho. Por exemplo: X desejando matar Y 
idealiza como devera proceder. Arma-se com um punhal. A seguir, sabendo que Y 
frequenta determinado bar, àquele local também se dirige, na expectativa de 
encontra-lo e mata-lo. Encontrando-o, desfecha-lhe facadas, ferindo-o em região 
letal. 
 
É evidente que enquanto X apenas pensava em matar Y, ou se limitava a armar-se 
com o punhal, ou ia procura-lo, nenhum delito fora por ele praticado. Tudo que 
fizera fora cogitar ou preparar-se para praticar um homicídio, cogitação e 
preparação essas penalmente irrelevantes. No entanto, quando ele desfechou 
facadas em região letal de Y, certamente praticou ato executório de homicídio. Se a 
morte não ocorrer, porque Y foi medicado, ou porque terceiros impediram X de 
desfechar-lhe novas facadas, ou por outro motivo qualquer alheio a vontade do 
agressor, haverá tentativa de morte, conforme previsto no artigo 14, II do Código 
Penal. 
 
Quando o agente esta tentando matar, pode ser que ele, voluntariamente, desista 
da execução, ou tome providencias para que a morte não se consume. Na primeira 
hipótese, se a desistência for voluntária, a tentativa de homicídio fica 
descaracterizada e o agente somente respondera penalmente pelas consequências 
concretas de sua ação ou omissão. Na segunda hipótese, quando depois de praticar 
todos os atos executórios necessários para matar outrem, o agente se arrepende e 
toma providencias tão eficazes que a vitima consegue sobreviver, respondera ele, 
apenas pela conseqüência de seus atos. 
 
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO 
 
O crime de homicídio é privilegiado quando é praticado por motivo de relevante 
valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a 
injusta provocação da vitima. 
 
Duas são as hipóteses previstas para que o homicídio seja considerado privilegiado, 
também chamado de homicídio com pena diminuída ou especialmente atenuada. 
 
A primeira ocorre quando o agente mata outrem por motivo de relevante valor 
moral ou social, relevância esta que deve ser real e baseada nos efetivos valores 
éticos da coletividade, e não no critério pessoal ou individual do agente. 
 
Na segunda, exige-se que o agente pratique o ato após ser provocado. Mais ainda: 
exige-se que a provocação seja injusta, sendo que ocasione, em razão dela uma 
violenta emoção no agente que, logo em seguida, pratique o delito. 
TEXTO DE AUXÍLIO 
Prof. Caupolican 
DISCIPLINA: PROTEÇÃO PENAL AO INDIVÍDUO - UNIP 
 3 
HOMICÍDIO QUALIFICADO 
 
O homicídio qualificado está previsto no § 2o do artigo 121. 
 
Art. 121. (…) 
 
Homicídio qualificado 
 
§ 2º - Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
 
II - por motivo fútil; 
 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio 
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que 
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; 
 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de 
outro crime; 
 
Feminicídio (Incluído pela LEI Nº 13.104, DE 9 DE MARÇO DE 2015) 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino; 
 
VII - contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança 
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, 
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição: (Incluído pela LEI Nº 13.142, DE 6 DE JULHO DE 2015) 
 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
No caso de ser realizado mediante paga ou promessa de recompense, existe uma 
discussão jurisprudencial se o mandante também responderia por essa 
qualificadora. 
 
Por motivo TORPE, do latim turpis, entende-se aquilo que é "imoral, impudico, 
desonesto, obsceno, indecente, sórdido, ignóbil. 
 
Por FÚTIL (adjetivo oriundo do latim futilis), entende-se aquilo que é leviano, sem 
importância, frívolo. 
 
VENENO é qualquer substância que no seu estado natural ou em combinação com 
outra pode causar a destruição de uma vida humana. 
 
TEXTO DE AUXÍLIO 
Prof. Caupolican 
DISCIPLINA: PROTEÇÃO PENAL AO INDIVÍDUO - UNIP 
 4 
Por FOGO, entende-se meio cruel e também perigo comum; 
 
EXPLOSIVO refere-se as substancias que detonam, estouram, arrebentam. 
 
ASFIXIA é a interrupção da respiração, tanto por meio tóxico quanto mecânico. 
 
MEIO INSIDIOSO tem o significado de pérfido ou traidor. Palavra que vem do latim 
insidiosus (idem). 
 
CRUEL, expressão que vem do latim crudelem, tem o significado de desumano, sem 
piedade. 
 
Por TORTURA entende-se sofrimento, dor, aflição, ou angustia causados física ou 
psicologicamente. 
 
TRAIÇÃO, do latim traditionem, de tradere, significa de inopino, engana, dolo, 
enganoso, etc; 
 
EMBOSCADA equivale à expressão "tocaia", significando a ação daquele que fica 
escondido para melhor surpreender seu desafeto; 
 
DISSIMULAÇÃO implica em disfarçar ou ocultar a intenção criminosa; 
 
Por OUTRO RECURSO que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido, há que 
entender-se o emprego de qualquer meio idôneo possível de dificultar ou impedir a 
defesa do ofendido; 
 
Também é qualificado o homicídio quandoele é praticado para permitir que o 
homicida garanta a execução, a ocultação ou a vantagem de um outro crime. 
 
Em 2015 foi incluída a qualificadora do feminícidio, se caracrerizando pela morte 
realizada por razões da condição de sexo feminino. 
 
No sentido de estabelecer as condições normativas para que se interprete o 
feminicídio, o legislador descreveu o que ele entende por condições de sexo 
feminino no § 2o A do artigo 121: 
 
Art. 121 (...) 
 
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino 
quando o crime envolve: 
 
I - violência doméstica e familiar; 
 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
 
TEXTO DE AUXÍLIO 
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 5 
No caso do feminicídio o legislador ainda incluiu no §7o causas de aumento de pena 
em quatro situações: 
 
Art. 121 (...) 
 
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a 
metade se o crime for praticado: 
 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) 
anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que 
acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; 
(Redação dada pela LEI Nº 13.771, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2018) 
 
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da 
vítima; (Redação dada pela LEI Nº 13.771, DE 19 DE DEZEMBRO DE 
2018) 
 
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas 
nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de 
agosto de 2006. (Incluído pela LEI Nº 13.771, DE 19 DE DEZEMBRO DE 
2018) 
 
 
A última qualificadora, a do inciso VII do parágrafo segundo, diz respeito a realiação 
da morte de membros das forças armadas ou das forças de segurança pública, ou 
seus familiares. É importante ressaltar que para que essa qualificadora se caracterize 
é essencial que o agente deseje realizar a morte dessas vítimas no exercício de sua 
função ou em razão dela, ou seja, é preciso que haja um nexo funcional com relação 
ao homicídio. 
 
HOMICÍDIO QUALIFICADO PRIVILEGIADO 
 
Pode ocorrer a hipótese de, em um mesmo fato homicídio, ficar provada uma 
circunstância privilegiadora e uma qualificadora. Quando isso ocorrer se dará o 
chamado homicídio qualificado-privilegiado conforme o STJ. 
 
Veja-se a seguinte decisão do Superior Tribunal de Justiça: 
 
Superior Tribunal de Justiça - STJ. 
 
JÚRI - Homicídio privilegiado-qualificado - Compatibilidade - Violenta 
emoção e surpresa para a vítima - CP, art. 121, §§ 1º e 2º, IV. Não 
incompatibilidade na coexistência de circunstâncias que qualificam o 
homicídio e as que o tornam privilegiado. O reconhecimento pelo 
TEXTO DE AUXÍLIO 
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DISCIPLINA: PROTEÇÃO PENAL AO INDIVÍDUO - UNIP 
 6 
Tribunal do Júri de que o paciente agiu sob o domínio de violenta 
emoção com surpresa para a vítima não é contraditório, tendo em 
vista que as circunstâncias privilegiadoras, de natureza subjetiva, e 
qualificadoras, de natureza objetiva, podem concorrer no mesmo 
fato-homicídio. 
 
(STJ - REsp. nº 326.118 - MS - Rel. Min. Vicente Leal - J. 14.05.2002 - DJ 
17.06.2002). 
 
É importante ressaltar ainda que para os tribunais superiores o delito de homicídio 
qualificado-privilegiado não é considerado hediondo. 
 
HOMICÍDIO CULPOSO 
 
O homicídio culposo é o causado por ausência de cautela, podendo ser a 
imprudência, negligência ou imperícia. 
 
Aumento de Pena. Aumenta-se de um terço, a pena do homicídio culposo, quando o 
agente não observou regra técnica de profissão, arte ou oficio, bem como quando 
ele, podendo, deixa de prestar socorro imediato à vitima, não procura diminuir as 
conseqüências do seu ato, ou foge para evitar ser preso em flagrante. 
 
A omissão de Socorro também é prevista como crime autônomo no artigo 135 do 
Código Penal. Anote-se que uma mesma circunstância não pode ser empregada mais 
de uma vez em prejuízo do réu, ou seja, o sujeito ativo não pode responder por 
homicídio culposo e omissão de socorro ao mesmo tempo e sim, por homicídio 
culposo qualificado pela omissão de socorro. 
 
Se o homicídio culposo for praticado na direção de veículo automotor, o crime será o 
do artigo 302 do CTB (Código de Trânsito Brasileiro). 
 
Perdão Judicial. Se ao praticar o homicídio culposo o agente também sofrer 
consequências tão graves que a sanção penal se torne desnecessária, o juiz poderá 
deixar de aplicar-lhe qualquer pena. Trata-se do chamado "perdão judicial", 
concedido na sentença quando consequências sentimentais graves atingirem o 
próprio autor a ponto de tornar desnecessária a aplicação de qualquer outra sanção 
(um exemplo seria o pai que por imprudência gera a morte do filho, essa morte para 
esse pai já srviria como punição). Não significa que o crime não tenha ocorrido, ou 
que o agente não seja culpável, apenas deixa o juiz de aplicar a pena em razão de 
política criminal. 
 
1.2 
PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO 
 
O suicídio e sua tentativa são eventos não punidos na legislação penal. 
 
TEXTO DE AUXÍLIO 
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 7 
Entretanto, induzir ou instigar alguém a suicidar-se, bem como prestar auxílio para 
que alguém se suicide, caracteriza o crime previsto no artigo 122 do Código Penal, 
delito este apenado com 2 a 6 anos de reclusão se ocorre a morte; ou com 1 a 3 anos 
de reclusão se o agente sofre lesão corporal de natureza grave. 
 
SUJEITOS 
 
Qualquer pessoa pode ser SUJEITO ATIVO do delito de participação em suicídio. 
 
O SUJEITO PASSIVO é o ser humano com capacidade para ser convendido a se matar, 
por isso a pessoa sem o discernimento quanto ao que significa tirar a própria vida 
não pode ser considerada vítima desse delito. Convencer uma criança de 11 anos a 
se matar seria homicídio e não a participação em suicídio, uma vez que que a criança 
de 11 ano não tem ainda capacidade para entender o que é tirar a própria vida. 
 
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO (ELEMENTO OBJETIVO) 
 
INDUZIR, do latim inducere, significa convencer ou persuadir alguém a praticar um 
ato. No caso do artigo 122 do Código Penal, induzir alguém ao suicídio, significa 
convencê-lo ou persuadi-lo a pôr termo à própria vida. 
 
INSTIGAR, do latim instigare, quer dizer açular, estimular, excitar terceira pessoa. A 
instigação pressupõe que o agente já estava com a intenção de suicidar-se, ao passo 
que no induzimento, a intenção suicida é incutida ou plantada no agente por terceira 
pessoa. Na pratica, induzir ou instigar alguém ao suicídio são expressões sinônimas. 
 
O AUXÍLIO caracteriza-se por uma ação concreta ou positiva. Deve facilitar o suicídio, 
podendo ocorrer antes ou durante a ação do agente que quer destruir a própria 
vida. 
 
Há dúvida na doutrina se o auxilio ao suicídio pode ser feito de forma omissiva, 
sendo certo, porem, que a jurisprudência é firme no sentido de que o auxilio só pode 
ser feito através de ação objetiva e concreta. 
 
ELEMENTO SUBJETIVO 
 
O ELEMENTO SUBJETIVO do delito previsto no artigo 122 do Código Penal é o dolo, 
ou seja, a vontade livre e consciente de instigar, induzir ou auxiliar pessoa capaz a 
suicidar-se. 
 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
 
A Consumação ocorre quando, após o induzimento, a instigação ou o auxilio, o 
agente morre ou sofre lesão corporal de natureza grave. 
 
A Tentativa não é possível. É que na redação do artigo 122, o legislador já cominou 
TEXTO DE AUXÍLIO 
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pena de 1 a 3 anos de reclusão se da "tentativa de suicídio", ao invés da morte, 
ocorrer lesão corporal de natureza grave. 
 
AUMENTO DE PENA: A pena cominada àquele que, "agindo por motivo egoísta", 
induz ou instiga, ou auxiliaterceiro a suicidar-se é duplicada, ou seja, é de 4 a 12 
anos de reclusão se o suicídio se consuma, e de 2 a 6 anos de reclusão, se da 
tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. Também é de 4 a 12 
anos de reclusão quando ocorre a morte e o suicida "for menor ou tiver diminuída, 
por qualquer causa, sua capacidade de resistência". Se, ao invés da morte, ocorrer 
lesão corporal de natureza grave e o suicida for menor ou tiver sua capacidade de 
resistência reduzida, a pena será de 2 a 6 anos de reclusão. 
 
Por vítima menor, deve se entender com menos de 18 e mais que 14, uma vez que o 
menor de 14, por não ter o discernimento do que seja retirar sua própria vida, se for 
convencido a se matar, estar-se-ia diante de um crime de homicídio. A capacidade 
reduzida seria a pessoa deprimida, que por essa razão está com sua capacidade de 
resistir ao desejo de se matar diminuído. 
 
 
 
1.3 
INFANTICÍDIO 
 
 
CONCEITO 
 
O infanticídio caracteriza-se por ato da mãe que transtornada pelo puerpério mata o 
próprio filho, durante ou logo após o parto. 
 
Ressalte-se que nem sempre o puerpério ocasiona transtornos capazes de fazer com 
que a mãe mate o próprio filho. Por isso é necessário ficar bem demonstrado que a 
mãe sofreu transtornos durante ou logo após o parto e, ficando com o seu 
entendimento diminuído, matou seu próprio filho. Evidentemente, se ela, apesar do 
puerpério, não sofreu aqueles transtornos nem teve seu entendimento diminuído, a 
morte de seu filho, durante ou após o parto, será crime de homicídio. Em regra, a 
jurisprudência, em muitos casos, vem entendendo que o estado puerperal é 
deduzido. 
 
A expressão "durante o parto", significa que a morte foi consumada quando o filho 
começava a ser expulso do ventre materno. A respeito da expressão "logo após o 
parto", divergem os penalistas quanto ao seu significado. Já se entendeu que "logo 
após" significaria até sete dias após o nascimento. Também já se sustentou que 
dever-se-ia levar em consideração a data em que foi promovido o registro civil. 
Ademais, já enfatizaram que "logo após" tem o significado de "imediatamente 
depois do parto". 
 
TEXTO DE AUXÍLIO 
Prof. Caupolican 
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 9 
OBJETO JURÍDICO 
 
O objeto jurídico do infanticídio é a vida humana. 
 
SUJEITOS 
 
SUJEITO ATIVO do infanticídio é a própria mãe, seja ela solteira, casada ou viúva. 
 
SUJEITO PASSIVO é, durante o parto, o ser nascente; e, logo após o parto, o recém-
nascido. 
 
PUERPÉRIO: Não existe uma definição precisa de puerpério, palavra esta que vem do 
latim puerpera, de puer = criança, e parere = dar a luz. O estado puerperal, que 
acomete a mulher durante ou logo após o parto, pode, ou não, causar-lhe 
transtornos tanto de ordem psicológica quanto de ordem fisiopsicológica. 
 
 
1.4 
ABORTO 
 
ABORTO como crime é a interrupção consciente da gravidez. 
 
O Código Penal prevê três modalidades criminosas do aborto. 
 
O autoaborto, artigo 124 do CP, quando a própria gestante provoca ou consente que 
outro lhe provoque. Nesse caso o crime é próprio, só a gestante pode ser sujeito 
ativo do delito. 
 
O aborto não consentido, artigo 125 do CP, quando o agente provoca o aborto sem o 
consentimento da gestante. A discordância da gestante em sofrer o abortamento 
deve ser real ou pode ser presumida. É real, quando o terceiro utiliza-se, contra ela, 
de violência, grave ameaça ou fraude. É presumida, quando a gestante for menor de 
14 anos, alienada ou débil mental (artigo 126, parágrafo único, do CP). 
 
E o aborto consentido, artigo 126 do CP, quando o aborto é provocado com o 
consentimento da gestante. O importante nesse delito é que a gestante tenha 
capacidade para consenter. 
 
O artigo 127 do CP prevê aumento de pena se, em consequência do aborto ou dos 
meios empregados para provocá-lo, ocasionar lesão corporal de natureza grave ou a 
morte da gestante. 
 
O Código Penal, no artigo 128, descreve duas hipóteses especiais de exclusão de 
antijuridicidade, o aborto terapêutico e o sentimental. 
 
O ABORTO TERAPÊUTICO ocorre quando não há outro meio de se salvar a gestante 
TEXTO DE AUXÍLIO 
Prof. Caupolican 
DISCIPLINA: PROTEÇÃO PENAL AO INDIVÍDUO - UNIP 
 10 
(artigo 128, I do CP), exigindo a regra que seja praticado pelo medico. 
 
O ABORTO SENTIMENTAL OU MORAL, quando a gravidez resultar de estupro (artigo 
128, II do CP), nesse caso, além de ser praticado por médico, a regra exige prévio 
consentimento da gestante ou, se incapaz, de seu representante legal. 
 
Há ainda o chamado ABORTO EUGÊNICO OU EUGENÉSICO, que seria para impedir o 
nascimento de pessoas com sérios defeitos genéticos, como o caso de fetos 
anencefálicos, porém não há previsão legal para essa modalidade de aborto no CP. 
 
 
2 
DA LESÃO CORPORAL 
 
CRIME DE LESÃO CORPORAL 
 
 
CONCEITO 
 
O crime de lesão corporal consiste num dano causado à integridade corporal ou à 
saúde de terceira pessoa. 
 
A lesão prevista no artigo 129 do Código Penal não é, portanto, apenas a ofensa 
que causa dano ao corpo, mas, sim, também, a ofensa que comprometa a saúde 
ou as funções mentais. Pode se originar de ação dolosa, culposa ou 
preterintencional. Dolosa, quando o agente quis causá-la ou assumiu o risco de 
produzi-la. Culposa quando causada por imprudência, negligência ou imperícia. 
Preterintencional, quando causada dolosamente no antecedente e culposamente 
no resultado conseqüente. 
 
As lesões corporais são por regra leves, salvo quando corresponderem a uma das 
figuras descritas nos parágrafos primeiro e segundo, quando caracterizarão lesão 
corporal de natureza grave. Apenas didaticamente a doutrina trata as lesões 
corporais previstas no parágrafo segundo como gravíssimas. Mas tal sistemática 
revela a aplicação da regra da exclusão para se diferenciar a gravidade da lesão. 
 
SUJEITOS DO DELITO 
 
O sujeito ativo, assim como o passivo, pode ser qualquer pessoa. 
 
ELEMENTO SUBJETIVO: 
 
O que caracteriza o crime de lesão corporal é o que os autores chamam de 
animus laedendi ou animus nocendi, vale dizer, é a intenção livre e consciente de, 
através de ação ou omissão, causar dano ao corpo ou a saúde de terceira pessoa. 
 
TEXTO DE AUXÍLIO 
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 11 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: 
 
O crime de lesão corporal se consuma quando, em decorrência de ação ou 
omissão, ocorre um dano no corpo ou na saúde alheia. 
 
Discute-se, na doutrina e na jurisprudência, se a tentativa de lesão corporal é, ou 
não, admissível. Parece evidente que sendo um delito material, a tentativa é 
possível. 
 
LESÃO CORPORAL DE NATUREZA LEVE: 
 
Está prevista no caput do artigo 129. 
 
As lesões corporais leves são representadas frequentemente por danos 
superficiais, interessando apenas a pele, tela subcutânea, músculos superficiais, 
vasos arteriais e venosos de pequeno calibre. São as escoriações, equimoses, 
hematomas, feridas contusas, edemas e luxações. 
 
Constituem, pericialmente, cerca de 80% das lesões corporais. 
 
LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE: 
 
As lesões corporais de natureza grave, apenadas com 1(um) a 5(cinco) anos de 
reclusão, estão previstas nos incisos I, II, III e IV e suas penas são ainda 
aumentadas (parágrafo dez) se concorrem as circunstâncias do parágrafo novo 
(violência doméstica) ou se o crime for praticado contra portador de deficiência 
(parágrafo onze). 
 
INCAPACIDADE PARA AS OCUPAÇÕES HABITUAIS, POR MAIS DE 30 DIAS - A 
modalidade em questão ocorre quando a vítima de um crime de lesão corporal 
fica incapacitada, por mais de 30(trinta) dias, para exercer as ocupações que lhe 
são habituais. E, por ocupações habituais entende-se qualquer atividade lícita, 
ainda que não remunerada, independentemente daidade, profissão ou sexo da 
vítima. Cuida-se do conjunto de atividades que a vítima desenvolvia em sua vida 
rotineira, não necessariamente o trabalho, mas também estudos ou afazeres 
domésticos. 
 
Outrossim, a incapacidade em questão não necessita ser absoluta, bastando que 
impossibilite relativamente, por mais de 30 (trinta) dias, o exercício das 
ocupações habituais da vitima. 
 
PERIGO DE VIDA - Por perigo de vida entende-se que a vítima, em conseqüência 
da lesão corporal sofrida, correu o risco de morrer, possibilidade esta que deverá 
ser real, concreta e devidamente justificada pericialmente. Não basta que a 
morte tenha sido possível. Exige-se a probabilidade de sua ocorrência. 
 
TEXTO DE AUXÍLIO 
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DEBILIDADE PERMANENTE DE MEMBRO SENTIDO OU FUNÇÃO - Debilidade, 
palavra originária do latim debilitare, significa enfraquecer ou debilitar. Assim, 
quando em conseqüência de uma agressão ao seu corpo ou à sua saúde, a vítima 
sofre um enfraquecimento ou uma debilitação permanente em membro sentido 
ou função, seu agressor responderá pelo crime previsto no artigo 129, Parágrafo 
primeiro, III, do Código Penal. 
 
A expressão permanente, empregada pelo legislador, não quer dizer que a 
debilidade ou enfraquecimento perdure para sempre. Significa, sim, que ela 
deverá perdurar por lapso temporal razoavelmente longo, constatada pelo juiz, 
observadas a peculiaridade do caso e eventuais perícias médicas. 
 
Membros são partes do corpo humano. Os braços os antebraços e as mãos são 
chamados de superiores. As coxas, a pernas e os pés denominam-se inferiores. 
 
Os sentidos são: visão, audição, olfato, paladar e tato. 
 
Por função entende-se qualquer atividade de um órgão humano, como por 
exemplo, as funções digestiva, respiratória, reprodutora, circulatória, 
mastigatória etc. 
 
ACELERAÇÃO DE PARTO - A lesão corporal que causa aceleração do parto, 
apenada com 1 (um) a 5 (cinco) anos de reclusão, se caracteriza pela expulsão do 
feto antes do término da gravidez, ou seja, antes que o parto tenha se iniciado de 
forma espontânea. É indispensável que o feto nasça com vida e que a aceleração 
tenha sido causada traumática ou emotivamente. 
 
LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVÍSSIMA 
 
Lesões corporais de natureza gravíssima são aquelas previstas no artigo 129 , 
Parágrafo segundo, do Código Penal, incisos I, II, III, IV e V (incapacidade 
permanente para o trabalho; enfermidade incurável; perda ou inutilização de 
membro, sentido ou função; debilidade permanente; aborto) apenadas com 2 
(dois) a 8(oito) anos de reclusão. 
 
INCAPACIDADE PERMANENTE PARA O TRABALHO - A lesão corporal é 
considerada gravíssima quando o ofendido fica impossibilitado 
permanentemente de exercer qualquer atividade lucrativa. Não basta que ele 
fique impossibilitado de exercer o seu trabalho ou sua atividade habitual. Exige-
se que a lesão corporal por ele sofrida, impossibilite-o, física ou psiquicamente, 
de maneira permanente, da capacidade laborativa-lucrativa. Outrossim, a 
expressão permanente, não tem o significado de eterna. Deve ser entendida 
como permanente, a lesão corporal cuja a durabilidade no tempo, por ser muito 
duradoura, não pode ser determinada quando cessará. 
 
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ENFERMIDADE INCURÁVEL - Quando, em conseqüência de uma lesão corporal, a 
vítima é acometida de enfermidade incurável, o agressor responderá pelo delito 
previsto do artigo 129 Parágrafo segundo, II, do Código Penal, apenado com 
reclusão de 2(dois) a 8(oito) anos. 
 
Tanto a enfermidade quanto a incurabilidade, devem ser atestadas por perícia, 
sendo certo, porém, que não se exige infalibilidade ou absoluta certeza no 
prognóstico médico. Basta a probabilidade séria e fundamentada de que a vítima 
não poderá recuperar-se ou sarar. 
 
PERDA OU INUTILIZAÇÃO DE MEMBRO SENTIDO OU FUNÇÃO - Quando a lesão 
corporal ocasiona a perda ou inutilização de membro, sentido ou função, o 
agente será apenado com 2 (dois) a 8(oito) anos de reclusão. 
 
Perda implica na supressão de um membro ou órgão do corpo humano. 
 
Inutilização significa a impossibilidade de um órgão humano exercer sua 
atividade ou função. 
 
Entende-se que há perda sempre que algum membro, sentido ou função fique 
com sua capacidade de atuação normal reduzida em 80% ou mais. É irrelevante a 
estética. Ainda que o membro permaneça visivelmente intacto, prevalecerá a 
agravante, desde que sua capacidade funcional, em decorrência da lesão, foi 
inutilizada. 
 
No caso de órgão duplo, ocorrerá a agravante quando houver a perda ou 
inutilização de ambos, ou a perda total de um deles e parcial do outro. 
 
DEFORMIDADE PERMANENTE - Deformidade, expressão latina (deformitatem), 
significa alteração da forma, monstruosidade. É conseqüência de uma lesão 
corporal que causa à vítima um dano estético permanente, vexatório ou 
repugnante, visível a olho nú. 
 
ABORTO - A hipótese prevista no artigo 129, Parágrafo segundo, V, do Código 
Penal, punida com a pena de 2(dois) a 5(cinco) anos de reclusão, ocorre quando a 
gravidez é interrompida por violência que causa a morte do concepto. É 
indiferente que o concepto-morto seja expulso ou permaneça no ventre 
materno; ou que ele tenha morrido antes, ou logo após a expulsão, contanto que 
o óbito tenha sido conseqüência da lesão corporal. 
 
LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE 
 
Quando o agente agride a vítima apenas para feri-la, sem querer sua morte, ou 
sem assumir o risco de matá-la, mas ela vem a morrer, ele será responsabilizado 
pelo crime de lesão corporal seguida de morte, nos termos do artigo 129 
Parágrafo terceiro, do Código Penal. 
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Prevalece, portanto, a intenção do agressor, que é causar à vítima apenas um 
ferimento, sendo que a morte não foi por ele desejada nem assumida. É 
necessário que as circunstâncias, no caso concreto deixem evidente que o autor 
não pretendia matar, nem assumiu o risco de fazê-lo. 
 
DIMINUIÇÃO DE PENA: 
 
Quando o agente ofende a integridade corporal ou a saúde alheia, por motivo de 
relevante valor social ou moral, ou quando ele está sob o domínio de violenta 
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, essas situações 
funcionam como causas especiais de diminuição da pena, idêntico ao que 
ostudamos quando avaliamos o homicídio privilegiado. 
 
SUBSTITUIÇÃO DA PENA: 
 
Se a lesão corporal dolosa for de natureza leve, praticada por motivo de 
relevante valor social ou moral, ou sob domínio de violenta emoção, logo em 
seguida a injusta provocação do ofendido, ou quando as lesões são recíprocas, o 
juiz também pode substituir a pena de detenção pela de multa. 
 
LESÃO CORPORAL CULPOSA 
 
Os princípios que norteiam o crime de lesão corporal culposa são idênticos 
àqueles analisados quando estudamos o homicídio culposo. Ocorrem quando a 
lesão corporal sofrida pela vítima é causada por imprudência, negligência ou 
imperícia do agressor, que age sem dolo, mas voluntariamente. 
 
AUMENTO DE PENA 
 
Quando a lesão corporal culposa for conseqüência de inobservância de regra 
técnica de profissão, arte ou oficio, ou quando o agente deixa de prestar 
imediato socorro à vítima, não tentando diminuir as conseqüências do seu ato, 
ou quando foge para evitar prisão em flagrante, a pena a ser lhe imposta é 
aumentada de um terço, nos termos do artigo 121, parágrafo quarto, combinado 
com o artigo 129, parágrafo sexto, do Código Penal. 
 
DIMINUIÇÃO DE PENA - PERDÃO JUDICIAL 
 
O parágrafo oitavo manda aplicar à lesão culposa o disposto no parágrafo quinto 
do artigo 121. Assim, se ao causar lesão corporal culposa emterceira pessoa, o 
agente também for atingido de forma tão grave que a sanção penal se torne 
desnecessária, o juiz poderá deixar de aplicar-lhe qualquer sanção penal. Vide 
nota 10 ao artigo 121. 
 
 
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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 
 
É uma lesão corporal, classificada como crime próprio, uma vez que exige uma 
condição pessoal do sujeito ativo, devendo esse ser ascendente, descendente, 
irmão, cônjuge ou companheiro da vítima, ou conviva ou tenha convivido com 
ela, ou, ainda, tenha se prevalecido das relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade (conforme texto do § 9o do artigo 129 do Código Penal) 
 
 
3 
CRIMES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE 
 
São crimes que se caracterizam pelo ato de criar uma situação de 
perigo para o bem jurídico (que no caso é a vida ou a saúde), diferente dos 
outros que estudamos até agora, onde para que possam ser realizados há a 
necessidade de haver lesão ao bem jurídico, como a morte no homicídio e a 
ofensa à integridade corporal na lesão corporal por exemplo. 
 
 
3.1 
PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO 
 
MOLÉSTIA VENÉREA: O crime de contágio ou de transmissão de doença venérea 
começou a ser objeto de repressão penal apenas a partir de 1866, quando foi 
definido como crime na legislação dinamarquesa. 
 
No Brasil o evento foi considerado delito no atual Código Penal, artigo 130, que 
dispõe: Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a 
contagio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado. 
 
Venéreo, significa erótico, sensual, sexual, aplicando-se aos males provenientes 
de congressos sexuais com pessoas contaminadas, sifilíticas, blenorrágicas etc 
(Lat. Venereus, derivado de Venus, Veneris, Vênus a deusa do amor). 
 
Assim, expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a 
contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado, 
sujeita o agente à pena de 3 (três) meses a 1(um) ano de detenção, ou multa 
(artigo 130 do Código Penal). Se o agente tem intenção de transmitir a moléstia 
venérea, e pratica relações sexuais ou qualquer ato de libidinagem com terceira 
pessoa, será autor do crime previsto no parágrafo primeiro do referido artigo 130 
do Código Penal, sujeitando-se às penas de 1(um) a 4(quatro) anos de reclusão, e 
multa. 
 
As moléstias venéreas não estão relacionadas na nossa legislação penal. Seu rol é 
fornecido pela Medicina. 
 
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SUJEITOS DO DELITO: 
 
Sujeito ativo do delito é o homem ou a mulher que, sabendo ou devendo saber 
estar contaminado com a doença venérea, expõe terceiro ao contágio, 
praticando com ele relações sexuais ou qualquer ato libidinoso (artigo 130 do 
Código Penal). 
 
Sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa, independentemente da sua 
capacidade ou do seu sexo. 
 
Ressalte-se que o delito em questão estará caracterizado, ainda que o agente 
passivo saiba que o agente ativo está contaminado pela doença venérea e tenha 
concordado em manter relações sexuais ou praticar atos de libidinagem com ele. 
 
ELEMENTO SUBJETIVO: 
 
O elemento subjetivo é o dolo. 
 
Porém alguns autores, como Magalhães Noronho, afirmam que a expressão 
“deve saber que está contaminado”indicaria uma modalidade culposa para a 
conduta (Noronha, Direito Penal, 5a ed., pag. 81), o que é contestado por outros 
autores, como Roberto Bitencourt, essa expressão na realidade indica o dolo 
eventual e não a culpa em sentido estrito (Bitencourt, 10a ed., pag. 228). A 
posição de Bitencourt parece ser mais coerente com o artigo 18, parágrafo único 
do Código Penal, que só admite a modalidade culposa se estiver expresso. 
 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: 
 
A consumação do delito ocorre quando o agente, sabendo ou devendo saber que 
está contaminado, mantém relações sexuais ou pratica ato libidinoso com 
terceira pessoa. 
 
É possível a tentativa, admitida pela doutrina uma vez que os autores entendem 
que a conduta pode ser fracionada. 
 
3.2 
PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE 
 
MOLÉSTIA GRAVE: É a doença que pode causar a morte ou um dano de grave 
conseqüência à saúde, como por exemplo, a hanseníase, a tuberculose, o tifo, a 
febre amarela, a varíola, a sífilis e outras. 
 
Não é necessário que o sujeito passivo fique contaminado pela moléstia 
grave.Basta que o agente pratique, com o fim de transmitir a outrem moléstia 
grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio. 
 
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 17 
SUJEITOS DO DELITO: 
 
Sujeito ativo do delito pode ser qualquer pessoa contaminada de moléstia grave 
e que, intencionalmente, tenha praticado ato capaz de transmiti-la a outrem. 
 
Sujeito passivo é a pessoa com quem o agente ativo praticou ato capaz de 
transmitir-lhe a moléstia grave. 
 
SUBJETIVIDADE JURÍDICA: 
 
Exige-se, por parte do agente ativo, dolo específico. É indispensável, portanto, 
que ao praticar o ato transmissivo o agente, sabendo-se contaminado, tenha a 
intenção de contaminar terceira pessoa com a moléstia grave. 
 
3.3 
PERIGO PARA A VIDA OU A SAÚDE DE OUTREM 
 
SUJEITOS DO DELITO 
 
Qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo ou passivo do crime descrito no artigo 
132 do Código Penal. Ressalte-se, porém, que o sujeito passivo deverá, 
necessariamente, ser pessoa certa ou determinada, haja vista que a exposição 
de perigo direto e iminente para um número indeterminado de pessoas tipifica 
um dos crimes de perigo comum ou contra a incolumidade pública, previsto nos 
artigos 250 e seguintes do Código Penal 
 
AÇÃO FÍSICA: 
 
O crime previsto no artigo 132 do Código Penal se tipifica quando o sujeito 
passivo tem sua vida ou sua saúde exposta a perigo direto e iminente em 
conseqüência de ação ou omissão do agente ativo. O perigo não pode ser 
presumido ou simplesmente provável. Há que ser direto e iminente, isto é, deve 
ser objetivo, real e estar em vias de materializar-se. 
 
ELEMENTO SUBJETIVO: 
 
O elemento subjetivo é o dolo, ou seja, a ação ou omissão do agente ativo que 
exponha, intencionalmente, a vida ou saúde de outrem, a perigo direto e 
iminente. 
 
Não é admissível o crime culposo. 
 
AUMENTO DE PENA: 
 
No Parágrafo único do artigo 132 do Código Penal, acrescentado pela lei nº 9777, 
de 29/12/1998 e publicado no D. O. U. de 30/12/1998 a pena a ser imposta ao 
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infrator deverá ser aumentada de um sexto ate um terço, se a vida ou a saúde de 
terceira pessoa foi exposta a perigo direto e iminente, ao ser transportada em 
desacordo com as normas legais, para prestação de serviços em 
estabelecimentos de qualquer natureza. 
 
3.4 
ABANDONO DE INCAPAZ 
 
CARACTERÍSTICA 
 
No artigo 133 do Código Penal tutela-se a vida e a saúde. Visa-se garantir a 
segurança ou a integridade física do individuo que, estando sob o cuidado, 
guarda, vigilância ou autoridade de terceira pessoa, é colocado ou deixado por 
ela em estado de abandono, sem que tenha possibilidade, por qualquer motivo, 
de defender-se dos riscos resultantes daquele abandono. 
 
SUJEITOS DO DELITO 
 
Sujeito ativo do delito é o agente que tendo sob seu cuidado, sua guarda, sua 
vigilância ou sua autoridade alguma pessoa, abandona-a a própria sorte, sabendo 
que ela é incapaz de defender-se dos riscos resultantes daquele abandono. 
 
Trata-se de um crime próprio, uma vez que só pode ser atribuído a quem tenha o 
cuidado, a guarda, a vigilância ou a autoridade sobre a vítima. 
 
As relações de cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, podem provir da lei, do 
contrato ou de umfato. 
 
Sujeito passivo é a pessoa que está incapacitada de se defender dos riscos 
resultantes do abandono. Pode ser qualquer pessoa que estando impossibilitada 
de se defender dos riscos resultantes do abandono, foi colocada nesse estado 
pelo agente que a mantinha sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade. 
Dessa relação podem fazer parte crianças, doentes, velhos, ébrios etc. 
 
AÇÃO E OMISSÃO: 
 
O abandono referido no artigo 133 do Código Penal pode resultar de ação ou de 
omissão. 
 
Ocorre o abandono por ação quando a vítima é colocada em situação de perigo 
concreto e real pela pessoa que a tem sob seu cuidado, guarda, vigilância ou 
autoridade, e que, por qualquer motivo, está incapacitada de se defender dos 
riscos daquele abandono. 
 
A omissão se caracteriza quando o agente constatando que a pessoa que está 
sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade colocou-se ou foi colocada por 
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 19 
outrem em situação de abandono, deixa de tomar providências para defendê-la 
dos riscos do referido abandono, apesar de sabê-la incapacitada para tanto. 
 
Discute-se doutrinariamente se é possível a tentativa nos casos do artigo 133 do 
Código Penal. A maioria dos penalistas sustenta ser possível a tentativa apenas 
quando o crime é praticado através de ação, vale dizer, comissivamente. 
 
ELEMENTO SUBJETIVO: 
 
O crime de abandono de incapaz requer a existência de dolo. È necessário, 
portanto, que o agente ativo, livre e conscientemente, abandone à própria sorte, 
pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, apesar de 
sabê-la incapaz de se defender dos riscos daquele abandono. 
 
QUALIFICADORAS E AGRAVANTES: 
 
Nos dois primeiros parágrafos do artigo 133 do Código Penal faz-se referências a 
crimes preterdolosos, vale dizer, aqueles delitos onde o resultado obtido vai 
além daquilo que o agente pretendia conseguir. 
 
Assim, nos termos do Parágrafo primeiro do artigo 133 do Código Penal, se do 
abandono resulta lesão corporal de natureza grave, a pena prevista será de 
reclusão, de 1(um) a 5(cinco) anos. Por outro lado, conforme o disposto no 
Parágrafo segundo do referido artigo 133 do Código Penal, a pena será de 
4(quatro) a 12 (doze) anos de reclusão. 
 
É necessário à tipificação desses delitos que o agente não tenha desejado, nem 
mesmo eventualmente, que a pessoa por ele abandonada sofresse lesão corporal 
de natureza grave, ou morresse. 
 
De acordo com o Parágrafo terceiro do artigo 133 do Código Penal, as penas 
previstas no caput e seus dois parágrafos devem ser aumentadas de um terço 
quando: 
 
I - Se o abandono ocorre em lugar ermo; 
II - Se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador 
da vitima; 
 
Por lugar ermo entende-se aquele que está isolado ou que não costuma ser 
freqüentado por pessoas, motivo pelo qual quem nele for abandonado 
dificilmente poderá ser socorrido. 
 
As demais agravantes elencadas no inciso II , do artigo 133 do Código Penal, 
dizem respeito ao parentesco ou à relação de dependência entre os agentes 
ativo e passivo. 
 
TEXTO DE AUXÍLIO 
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3.5 
EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO 
 
CARACTERÍSTICA 
 
Trata-se de uma forma específica de abandono de incapaz, também é a 
colocação da vitima em uma situação de risco, só que aqui é exigido que isso se 
dê com o objetivo de ocultar desonra pessoal. 
 
SUJEITOS DO DELITO 
 
Sujeito ativo: 
 
Evidencia-se da expressão "para ocultar desonra própria", contida na parte final 
do artigo 134, do Código Penal, que sujeito ativo do delito é, nesse caso, a 
mulher que concebeu ilicitamente, ou o pai adulterino ou incestuoso. É que 
somente ambos podem alegar que, ao expor ou abandonar o recém-nascido, 
visavam impedir que a honra deles fosse socialmente enxovalhada. 
 
Sujeito passivo: 
 
Sujeito passivo é o recém-nascido. 
 
OBJETO MATERIAL: 
 
O delito em questão se caracteriza, como escrevemos anteriormente, pela ação 
de expor ou abandonar recém-nascido, de forma que ele corra perigo real e 
efetivo, e desde que a exposição ou o abandono tenha sido feito para ocultar 
desonra do sujeito ativo. 
 
ELEMENTO SUBJETIVO: 
 
O elemento subjetivo é o dolo, vale dizer, a vontade consciente de expor ou 
abandonar recém-nascido com o fim específico de ocultar a desonra própria. 
 
CONDIÇÃO DE MAIOR PUNIBILIDADE: 
 
Nos parágrafos primeiro e segundo, do artigo 134 do Código Penal contemplam-
se hipóteses de crimes preterdolosos, ou seja, aqueles delitos cujos resultados 
ultrapassam a vontade do agente ativo. 
 
Por essa forma, nos termos do parágrafo primeiro do artigo 134, se da exposição 
ou abandono resulta para o recém-nascido uma lesão corporal de natureza 
grave, a pena cominada é de 1(um) a 3(três) anos de detenção. 
 
Outrossim, de acordo com o parágrafo segundo, se da exposição ou abandono 
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 21 
ocorre a morte do recém-nascido, a pena é de 2(dois) a 6(seis) anos de detenção. 
 
3.6 
OMISSÃO DE SOCORRO 
 
CARACTERÍSTICA 
 
Duas são as hipóteses previstas no artigo 135, do Código Penal: A primeira, 
quando o agente, constatando que criança está abandonada ou extraviada, deixa 
de prestar-lhe a assistência que lhe era possível prestar sem risco pessoal, ou 
deixa de pedir à autoridade pública que preste a ela o socorro necessário. A 
segunda, ocorre quando, constatando que pessoa inválida ou ferida está ao 
desamparo ou em grave e iminente perigo, deixa de dar-lhe assistência ou de 
pedir à autoridade pública que a socorra, apesar de ser-lhe possível, sem risco 
pessoal, tomar as referidas providências. 
 
SUJEITOS DO DELITO: 
 
Sujeito ativo do delito é qualquer pessoa, sendo desnecessário que entre ela e o 
sujeito passivo exista qualquer vínculo de dependência ou parentesco. 
 
Sujeito passivo tanto pode ser a criança que está abandonada ou extraviada, 
quanto qualquer pessoa inválida ou ferida, que está ao desamparo ou diante de 
grave e iminente perigo. 
 
No que concerne à criança extraviada ou abandonada, presume-se que ela está 
diante de grave e iminente perigo, sendo desnecessário, portanto, prova no 
sentido de que ela corria algum perigo real ou iminente. 
 
Por pessoa inválida ou ferida, entende-se aquela que não pode socorrer-se 
pessoalmente, quer devido seus ferimentos, quer em razão de seu estado de 
saúde ou de velhice. Nessas hipóteses, exige-se provas de que ela esteja ao 
desamparo ou diante de grave e iminente perigo, perigo este que deve ser sério 
e concreto. 
 
ELEMENTO SUBJETIVO 
 
O elemento subjetivo, é o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de deixar de 
dar assistência ou de pedir à autoridade publica que a dê, à criança que está 
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida, ferida ou desamparada que se 
encontra em grave e iminente perigo. 
 
AUMENTO DA PENA: 
 
Nos termos do artigo 135 caput, do Código Penal, a pena cominada, que é de 1 
(um) a 6 (seis) meses de detenção ou multa, será, nos casos do Parágrafo único, 
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aumentada de metade se a vítima sofrer ferimentos de natureza grave, e será 
triplicada se ocorrer a morte. 
 
As duas hipóteses referem-se a crimes preterdolosos, ou seja cujo o resultado 
final ultrapassou a intenção do agente. 
 
TENTATIVA: 
 
Não é admissível a tentativa. É que, conforme a jurisprudência, o crime de 
omissão de socorro constitui infração instantânea, que não admite tentativa, 
consumando-se no instante em que o sujeito omite a prestação de socorro. 
 
 
3.7 
CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO MÉDICO-HOSPITALAREMERGENCIAL 
 
 
CARACTERÍSTICA 
 
Esse tipo foi acrescentado em 2012 pela Lei 12.653. Seria uma forma de omissão 
de socorro, porém em condições especiais, se caracterizando pela exigência de 
algum tipo de garantia como condição para prestar o atendimento médico-
hospitalar emergencial. 
 
É essencial que o caso médico da vítima seja de emergência e não de urgência. 
 
O Conselho Federal de Medicina através da Resolução 1451 definiu os dois 
conceitos em seu artigo primeiro: 
 
Resoluçãlo CFM 1451 
 
Artigo 1º: Os estabelecimentos de Prontos Socorros Públicos e 
Privados deverã 
o ser estruturados para prestar atendimento a situações de urgência-
emergência, devendo garantir todas as manobras de sustentação da vida e 
com condições de dar continuidade à assistência no local ou em outro nível 
de atendimento referenciado. 
§ 1o: Define-se por URGÊNCIA a ocorrência imprevista de agravo à 
saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita de 
assistência médica imediata. 
§ 2o : Define-se por EMERGÊNCIA a constatação médica de condições 
de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de vida ou 
sofrimento intenso, exigindo portanto, tratamento médico imediato. 
 
 
 
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 23 
SUJEITOS 
 
A doutrina tradicional entende que o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, ou 
seja, trata-se de crime comum. Porém não há uma unanimidade na literatura 
penal, existem autores que entendem que para ser sujeito ativo seria necessário 
demonstrar um vínculo com o estabelecimento hospitalar, o que caracterizaria 
uma condição pessoal, tornando o crime em crime próprio. O certo é que a 
maioria dos autores entende que é um crime comum. 
 
ELEMENTO SUBJETIVO 
 
O tipo exige a presença do dolo, não sendo necessário nenhum elemento 
subjetivo especial e nem admitindo a forma culposa. 
 
CONSUMAÇÃO 
 
O tipo se realiza integralmente com a mera exigência da condição, não 
precisando de nenhum resultado naturalístico, ocorrendo o resultado há o 
aumento da pena, conforme a hipótese de majoração do parágrafo único. 
 
3.8 
MAUS-TRATOS 
 
CARACTERÍSTICA 
 
O delito previsto no artigo 136 do Código Penal é crime contra a pessoa e se 
caracteriza pelo fato de somente ser praticado por agente que, para fim de 
educação, ensino, tratamento ou custodia, expõe a perigo a vida ou a saúde de 
pessoa que está sob sua autoridade, guarda ou vigilância, quer privando-a de 
alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo 
ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina. 
 
Por essa forma, o crime de maus tratos pressupõe um vinculo de subordinação 
do agente passivo em relação ao agente ativo. Faz-se necessário, ainda, que este 
último, ao praticá-lo, tenha por finalidade, educar ou ensinar o sujeito passivo. 
 
SUJEITOS DO DELITO: 
 
O sujeito ativo do delito, portanto, somente será a pessoa que tem sob sua 
autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino ou tratamento, 
terceiro cuja vida ou a saúde são exposta a perigo. Portanto é um crime proprio. 
 
Sujeito passivo, conseqüentemente, é a pessoa que está sob a autoridade, 
guarda ou vigilância de outrem, para fim de educação, tratamento ou custodia. 
 
 
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 24 
ELEMENTO SUBJETIVO 
 
O crime de maus tratos somente pode ser praticado dolosamente, é necessário 
que o agente ativo, de forma livre e consciente, prive o sujeito passivo de 
alimentação; ou dos cuidados indispensáveis; imponha-lhe trabalho excessivo ou 
inadequado; ou abuse dos meios de correção ou disciplina, sempre com a 
finalidade de educa-lo ou instruí-lo. 
 
FORMAS QUALIFICADAS 
 
No caput do artigo 136 a pena cominada é de 2(dois)meses a 1(um) ano de 
detenção. 
 
Já nos parágrafos primeiro e segundo, do referido artigo, as penas 
respectivamente cominadas serão de 1(um) a 4(quatro) anos de reclusão se, 
devido aos maus tratos, a vitima sofrer ferimentos de natureza grave; e de 
4(quatro) a 12(doze) anos de reclusão se, devido aos maus tratos sofridos, o 
ofendido morrer. 
 
Em ambos os casos as hipóteses são de crime preterdoloso, ou seja são crimes 
onde há dolo no antecedente e culpa na conseqüência. 
 
No parágrafo terceiro, do artigo 136, acrescentado pela lei nº. 8.069/90, a pena 
será aumentada de um terço, se o crime for praticado contra pessoa menor de 
14 anos. 
 
 
4 
RIXA 
 
 
CARACTERÍSTICAS 
 
Caracteriza-se como uma briga entre mais de duas pessoas que se agridem física e 
reciprocamente. 
 
OBJETO JURÍDICO 
 
Na rixa, que é um crime de perigo, tutela-se a vida ou a saúde, bem como a ordem e 
a tranqüilidade pública. 
 
ELEMENTO SUBJETIVO 
 
Exige-se dolo, ou seja, é indispensável que três ou mais pessoas, de forma livre e 
consciente participem da rixa, não sendo necessário que entre elas haja contacto 
físico, pois as agressões recíprocas podem ser feitas com pedradas ou disparos de 
TEXTO DE AUXÍLIO 
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 25 
armas de fogo. 
 
PARTICIPANTES DA RIXA 
 
Por participante no crime de rixa entende-se, exclusivamente, aquelas três ou mais 
pessoas que, movidas por animus rixandi, envolvem-se em vias de fato ou agressões 
recíprocas. 
 
Por conseguinte, não é participante do crime de rixa aquele que "entra na briga" 
somente para separar os rixentos e, efetivamente, sem dela participar, apenas se 
limita a separá-los. Também não é participante da rixa quem nela intervem em 
legitima defesa de si próprio ou de terceira pessoa. 
 
RIXA QUALIFICADA 
 
Nos termos do parágrafo único do artigo 137, que cuida da rixa qualificada, se ocorre 
morte ou lesão corporal de natureza grave, a pena cominada a todos os 
participantes da rixa, é de 6(seis) meses a 2(dois) anos de detenção. 
 
Se for identificado o autor da morte ou da lesão corporal de natureza grave, esse 
responderá pelo concurso do homicídio doloso ou lesão corporal dolosa (ai vai 
depender o dolo do agente) com a rixa simples, os demias rixosos responderão 
apenas pela rixa qualificada. 
 
 
5 
CRIMES CONTRA A HONRA 
 
Inicialmente, antes de ingressarmos no conhecimento dos crimes contra a honra, é 
importante apresentar uma proposta de classificação doutrinária da honra enquanto 
objeto jurídico do crime. 
 
A doutrina sugere dividir a honra em objetiva e subjetiva. 
 
Honra objetiva é a reputação da vítima, o que as pessoas pensam sobre ela, é objeto 
jurídico dos crimes de calúnia e difamação, que, por esse motivo, só se consumam 
quando pessoa diversa da vítima toma conhecimento da imputação. 
 
Honra subjetiva é o sentimento de respeitabilidade que a vítima tem sobre ela 
mesma, ouseja, é o que a vítima pensa sobre si, é objeto jurídico do crime de injúria, 
por esse motivo só se consuma quando a vítima toma conhecimento da ofensa. 
 
 
 
 
 
TEXTO DE AUXÍLIO 
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 26 
5.1 
CALÚNIA 
 
CARACTERÍSTICA 
 
A calúnia consiste em imputar falsamente a alguém, fato determinado, previsto 
como crime. 
 
Requer-se, portanto, que: O fato imputado seja falso; que seja determinado, e que 
constitua um crime. 
 
Por outro lado, fato determinado não significa que a imputação caluniosa seja 
precisa, minuciosa e detalhada. É suficiente que tenha conteúdo concreto ou 
especifico, ofensivo a honra ou boa fama de terceira pessoa. 
 
Finalmente, é indispensável que o fato imputado seja crime previsto na legislação 
penal vigente. Se tratar-se de contravenção ocorrerá difamação, haja vista que a 
calúnia consiste, nos precisos termos do artigo 138, que é restritivo, na falsa 
imputaçãode um crime. 
 
SUJEITOS 
 
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de calúnia. 
 
O sujeito passivo do crime de calúnia é a pessoa física. 
 
A pessoa juridical pode ser vítima de calúnia se o fato falso a ela imputado é definido 
como crime ambiental, visto que na legislação brasileira a pessoa juridical só pode 
ser vítima dos delitos ambientais. 
 
ELEMENTO SUBJETIVO 
 
É indispensável à caracterização da calúnia que a falsa imputação do fato criminoso 
tenha sido feita dolosamente. Além do dolo também é exigido o fim especial de 
atingir a honra da vítima, o que a doutrina chama de animus caluniandi. 
 
TENTATIVA 
 
A calúnia, por dizer respeito a honra ou reputação, só se consuma quando a falsa 
imputação de um crime, feita pelo agente ativo, é ouvida, lida, conhecida ou 
percebida por, pelo menos, uma pessoa diversa do agente passivo. 
 
Outrossim, a tentativa do crime de calúnia, que não é possível quando a falsa 
imputação é oral, torna-se viável quando feita através de escrita, pintura, escultura 
ou outro expediente característico do iter criminis. Efetivamente, se alguém, 
querendo caluniar um desafeto, imputa-lhe falsamente, através de palavras escritas 
TEXTO DE AUXÍLIO 
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 27 
num pedaço de papel, a prática de um fato criminoso e não consegue afixá-lo em 
lugar visível ao público, por ser impedido pelo próprio caluniado, o crime não se 
consumou (por não chegar ao conhecimento de terceira pessoa), porem houve 
tentativa. 
 
PROPALAÇÃO POR TERCEIRO 
 
Dispõe o Parágrafo primeiro do artigo 138, do Código Penal que incorre na mesma 
pena do artigo 138 caput (detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa) quem, 
sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. 
 
Propalar, verbo transitivo, significa divulgar, difundir, vulgarizar, espalhar boatos, 
noticias. Origina-se do latim "propalare" de pro + palam, abertamente, em face de 
todos. 
 
Divulgar, verbo transitivo, significa tornar conhecido do povo, apregoar, espalhar. 
Origina-se do latim "divulgare", de "vulgus", povo. 
 
A exemplo do que ocorre com o caput, o tipo previsto no parágrafo primeiro do 
artigo 138 se consuma quando a falsa imputação é propalada ou divulgada a uma 
única pessoa, não precisa ser retransmitida a inúmeras outras. 
 
Por outro lado, diversamente do que consta no caput, na hipótese do Parágrafo 
primeiro do artigo 138 do Código Penal, é indispensável à caracterização do delito, 
que o agente saiba, com certeza, ser falsa a imputação por ele propalada ou 
divulgada. Se ele tiver dúvida razoável sobre ser verdadeiro ou falso o fato 
imputado, não poderá ser responsabilizado como propalador ou divulgador de 
calúnia. 
 
CALÚNIA CONTRA OS MORTOS 
 
A calúnia contra os mortos é prevista como crime no parágrafo segundo do artigo 
138, do Código Penal. Aqui é protegida não a honra do morto, que já não existe 
mais, mas a de seus familiars sobreviventes. 
 
O crime em questão requer ação penal privada, que poderá ser proposta pelo 
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão do morto. 
 
EXCEÇÃO DA VERDADE 
 
Conforme já foi explicitado, o crime de calúnia se caracteriza pela falsidade da 
imputação. Falsidade esta que ocorre quando o fato imputado não é verdadeiro, ou 
quando, embora verdadeiro na essência, é mentiroso quanto a autoria. 
 
Depreende-se, outrossim, do disposto no artigo 138, parágrafo terceiro, que sendo a 
calúnia uma imputação falsa, compreende-se porque o legislador permitiu àquele 
TEXTO DE AUXÍLIO 
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 28 
que do referido crime é acusado, provar que aquilo que por ele foi falado, escrito ou 
representado é fato verdadeiro. A exceção da verdade tem justamente esse 
objetivo, de provar que o que foi ditto é verdade. 
 
Porém, a prova da exceção da verdade, que é admissível como regra geral, não 
poderá ser feita: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o 
ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado a 
qualquer das pessoas indicadas no nº I do artigo 141; III - se do crime imputado, 
embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. 
 
A exceção feita no inciso I, do artigo 138, Parágrafo terceiro, se justifica porque nos 
crimes de ação privada a titularidade da ação é do ofendido, sendo inadmissível um 
terceiro dar publicidade ao evento a ela referente. 
 
A segunda exceção (artigo 138, Parágrafo terceiro, II ) tem por finalidade resguardar 
a honorabilidade do Presidente da República, Chefe de Governo estrangeiro e do 
funcionário público. Efetivamente, seria inconcebível permitir que alguém 
pretendesse provar judicialmente ser verdadeira uma imputação de fato criminoso 
por ele feita contra o Presidente da República, ou contra um Chefe de Governo 
estrangeiro, ou contra funcionário público, em razão de suas funções. 
 
A exceção do artigo 138, III se justifica porque se o ofendido foi absolvido por 
sentença irrecorrível, ele é inocente, sendo inadmissível qualquer questionamento a 
respeito de sua hipotética culpabilidade. 
 
5.2 
DIFAMAÇÃO 
 
CARACTERÍSTICA 
 
Difamar é palavra que vem do latim diffamari. Significa infamar, atacar a reputação 
de alguém. Consiste, portanto, na imputação de um evento que embora não 
criminoso, ofende a reputação ou boa fama de terceiro. 
 
SUJEITOS 
 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. 
 
O sujeito passivo da difamação é a pessoa física que teve sua honra ou boa fama 
denegrida pela imputação dolosa de um fato determinado, não criminoso, verídico 
ou inverídico. 
 
A pessoa juridica também pode ser vítima do crime de difamação. 
 
ELEMENTO SUBJETIVO 
 
TEXTO DE AUXÍLIO 
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 29 
O crime de difamação exige animus diffamandi. É necessário, portanto, que o agente 
tenha intenção de 29atingir a reputação de outrem, quando lhe imputa fato 
determinado, não criminoso. Pouco importa se o fato em questão é verdadeiro ou 
inverídico, haja vista que, enquanto na calúnia é indispensável a falsidade do fato 
imputado, na difamação basta que o fato seja ofensivo à reputação do ofendido. 
 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
 
A difamação, a exemplo da calúnia, se consuma quando chega ao conhecimento de 
pelo menos uma pessoa, além da vítima, eis que a reputação de alguém só pode ser 
maculada se houver publicidade do fato ofensivo à sua honra ou boa fama. 
 
A 29entative não é possível nos casos de difamação feita oralmente. Todavia, na sua 
forma escrita, ela é perfeitamente viável. Idem quando o agente, querendo difamar 
outrem, utiliza-se de qualquer meio ou iter, possível de ser fracionado ou analisado 
em etapas. 
 
EXCEÇÃO DA VERDADE 
 
Nos termos do parágrafo único, do artigo 139, do Código Penal, no crime de 
difamação somente é admissível a exceção da verdade quando o ofendido é 
funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. 
 
 
5.3 
INJÚRIA 
 
 
CARACTERÍSTICA 
 
A injúria consiste numa ofensa à dignidade ou ao decoro de alguém. 
 
Dignidade, substantivo feminino, significa decoro, nobreza, gravidade, compostura, 
respeitabilidade, é expressão que vem do latim dignitatem. Decoro, substantivo 
masculino significa decência. 
 
A injúria consiste numa expressão de desprezo que ofende a dignidade ou decoro 
alheio. Ao contrário da difamação e da calúnia, não se exige que a expressão de 
desprezo se refira a fato determinado, ou que chegue ao conhecimento de terceira 
pessoa, além daquela que é ofendida. 
 
SUJEITOS DO DELITO 
 
Sujeito ativo da injúria é o agente capaz, que através de qualquer forma, agindo 
dolosamente, ofende a dignidade ou o decoro de outrem. 
 
TEXTO DE AUXÍLIO 
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 30 
Sujeito passivo é o alvo da opinião depreciativa a respeito de sua dignidade ou 
decoro, sendo necessário, porém, que ela tenha consciência de que foi ofendida na 
sua honorabilidade. 
 
ELEMENTO SUBJETIVO 
 
O crime de injúria exige dolo por parte do agente ativo, ou seja, a intenção livre e 
consciente de ofender, através de qualquer meio, a dignidade ou o decoro alheio. É, 
pois, indispensável, que a ofensa seja externada com o fim especial de atingir a 
honra subjetiva, o que a doutrina chama de animus injuriandi. 
 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
 
A consumação da injúria, que pode ser praticada oralmente, por escrito, desenho, 
gestos, escultura, etc., ocorre quando o ofendido escuta, lê, vê ou presencia a 
depreciação ofensiva à sua dignidade ou seu decoro. 
 
A tentativa somente não é possível quando a injúria for feita oralmente, ou seja, 
através de palavras. Isto porque quando o agente quer ofender a dignidade ou o 
decoro alheio empregando palavras, de duas uma: ou as palavras são proferidas e a 
injúria se consuma, ou não chegam a se proferidas e, é óbvio, não houve crime nem 
tentativa de crime. 
 
ISENÇÃO DE PENA 
 
Consoante o parágrafo primeiro, do artigo 140 do Código Penal, o juiz pode deixar 
de aplicar a pena: 
 
I - quando o ofendido de forma reprovável, provocou diretamente a injúria e 
 
II- no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. 
 
Do exposto se extrai que, embora reconhecendo que o agente tenha praticado o 
crime de que foi acusado, o juiz pode deixar de penalizá-lo quando o ofendido, de 
forma reprovável, provocou diretamente a injúria. Idem, quando a injúria foi feita 
em revide imediato contra outra injúria. 
 
Ressalte-se que o juiz, nas hipóteses referidas, pode, ou não, deixar de aplicar a pena 
correspondente ao crime de injúria. É uma faculdade dele, e não um direito do 
agente que está sendo julgado. 
 
INJÚRIA REAL 
 
Dispõe o artigo 140, Parágrafo segundo, do Código Penal que "Se a injúria consiste 
em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se 
considerem aviltantes", a pena cominada é de detenção de 3(três) meses a 1(um) 
TEXTO DE AUXÍLIO 
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 31 
ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
 
É o que se denomina injúria real, delito este que se distingue da injúria comum, 
porque é praticado com violência ou vias de fato, podendo, portanto, causar ou não, 
lesão corporal. Nesta última hipótese (se houver lesão corporal), ocorrerá a 
cumulação de penas, além da pena da injúria real também sera aplicada a pena 
correspondente à violência. 
 
Por meio aviltante entende-se uma ação que fere a honra da vítima, que diminui a 
moral de alguém, que ofende o brio ou o caráter. São meios aviltantes, 
caracterizadores da injúria real: a bofetada na face; a chicotada; a cusparada; o 
"passar a mão" em determinadas partes do corpo alheio, etc. É imprescindível, 
porém, que o agente tenha usado dos meios aviltantes, precisamente porque sua 
intenção era ultrajar a honra alheia. 
 
INJÚRIA DISCRIMINATÓRIA 
 
O artigo 140, Parágrafo terceiro, do Código Penal estatui: 
 
"Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião 
ou origem: Pena: reclusão de um a três anos e multa". 
 
Como se observa, a pena àquele que pratica essa modalidade de injúria foi bastante 
exacerbada. Destarte, se para injuriar alguém o agente se utiliza de elementos 
referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem, estará sujeito às penas de um a três 
anos de reclusão, e multa. 
 
Essa qualificadora surgiu por ocasião do crime de racismo, quando foi aprovada a lei 
do racismo, expressões ofensivas contra negros, judeus etc., que eram proferidas 
contra sujeito determinado, as tentativas de se criminalizar esses ofensores como 
crime de racismo esbarravam em argumentos de suas defesas, que sempre 
alegavam que a intenção era de atingir pessoa determinada, o uso da cor, etnia, 
religião etc., era apenas uma forma de atingir a dignidade do ofendido, o que gerava 
a desclassificação para o crime de injúria, fato que funcionava como benefício ao 
acusado, uma vez que a pena da injúria sempre foi menor que a do racismo. Com 
isso criou-se a injúria discriminatória com pena igual à do crime de racismo para uma 
conduta semelhante a essa. 
 
 
5.4 
DISPOSIÇÕES COMUNS 
 
Art. 141 
 
Quando, nos termos do artigo 141, I, II e III, do Código Penal, a calúnia, a difamação 
ou a injúria forem praticadas contra o Presidente da República ou chefe de governo 
TEXTO DE AUXÍLIO 
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 32 
estrangeiro; contra funcionário público em razão de suas funções; na presença de 
varias pessoas, ou por meio que facilite sua divulgação, as penas respectivas serão 
aumentadas de um terço. 
 
Outrossim, no caso do parágrafo único do artigo 141, ou seja, quando a calúnia, a 
difamação ou a injúria forem cometidas mediante paga ou promessa de 
recompensa, as penas respectivas serão aplicadas em dobro. 
 
O aumento de pena previsto nos itens I, II do artigo 141, do Código Penal se justifica 
porque o Presidente da República, bem como o chefe de governo estrangeiro, por 
serem os primeiros magistrados de seus países, merecem o máximo respeito e 
consideração. 
 
O funcionário público, por sua vez, exerce funções por delegação do Estado. Assim 
sendo, uma ofensa à sua honra, refletirá, também, no Estado. 
 
Também se justifica o aumento de pena na hipótese do inciso III, do artigo 141, 
porque quando a calúnia, a difamação ou a injúria forem feitas na presença da varias 
pessoas, ou através de meio que facilite sua divulgação, obviamente, a honra alheia 
será mais extensa e seriamente ofendida. 
 
Art. 142 
 
Exclusão do Crime 
 
Saliente-se que os dispositivos em questão referem-se exclusivamente à injúria e à 
difamação, não se aplicando à calúnia. Assim é, porque na calúnia, ao contrário do 
que ocorre na injúria e na difamação, imputa-se a alguém a prática de crime, motivo 
pelo qual é do interesse social que se investigue sua procedência, ou não. 
 
O artigo 142, do Código Penal, no inciso I, dispõe que "não constituem injúria ou 
difamação puníveis, a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou 
por seu procurador". Trata-se de uma imunidade judiciária que encontra respaldo no 
preceito constitucional que assegura ampla defesa àquele que está sendo acusado. 
 
No inciso II, do artigo 142, do Código Penal assegura-se isenção de pena nos casos de 
"opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica", salvo se for 
"inequívoca a intenção de injuriar ou difamar". 
 
De acordo com inciso III, também não constituem injúria ou difamação puníveis "o 
conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação 
que preste no cumprimento de dever do oficio". Isto ocorre porque se o funcionário 
público, no exercício de suas atribuições, é obrigado a manifestar-se de forma 
sincera, franca e fiel, obviamente, há que ser-lhe assegurada liberdade de expressão. 
 
TEXTO DE AUXÍLIO 
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 33 
No Parágrafo único, do artigo 142, do Código Penal estatui-se que embora nos casos 
dos incisos I e III os autores imediatos fiquem isentos de pena, poderão ser 
responsabilizados penalmente pela injúria ou difamação, os terceiros que lhes 
derem publicidade. 
 
Art. 143 
 
O artigo 143 fala da retratação. Retratar-se significa retirar a imputação, voltar no 
que foi dito, desdizer. 
 
A retratação é causa de extinção da punibilidade (artigo 107, VI, CP), admitida para 
permitir ao ofensor, em crimes contra a honra objetiva (calúnia e difamação), 
corrigir-se e reconhecer queo ofendido não praticou o fato imputado. Como na 
injúria não há imputação de fato, e sim de qualidade, não cabe retratação. 
 
A retratação, para ser válida, deve compreender tudo o que disse o ofensor. É o que 
pretendeu o legislador com a expressão "cabalmente". 
 
O retratante não pode impor condições para se retratar, mas por outro lado, 
independe sua isenção de pena da aceitação do ofendido. 
 
A expressão "querelante" dá a entender que a retratação só é possível nos crimes de 
ação penal privada. 
 
Após a sentença (mesmo recorrível), não se admite a retratação. Esta só é possível 
até a publicação da decisão. 
 
A Lei 13.188 incluiu um parágrafo único ao dispositivo do artigo 143, que é aplicado 
no caso de crimes de calúnia e difamação praticados por meio de comunicação: 
 
Art. 143 (...) 
 
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a 
difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se 
assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. 
(Incluído pela Lei nº 13.188, de 2015) 
 
 
 
Art. 144 
 
Neste artigo cuida-se de hipóteses onde a calúnia, difamação ou injúria não são 
explícitas. Por essa forma, "Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, 
difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. 
Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde 
pela ofensa". 
TEXTO DE AUXÍLIO 
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Art. 145 
 
Verifica-se desses dispositivos que a ação penal nos crimes contra a honra é, de 
regra, de procedimento privado. Assim é, porque a calúnia, difamação ou injúria 
ofendem o ser humano pessoalmente, naquilo que ele tem de mais íntimo. 
Conseqüentemente, o legislador deixou ao critério daquele que sofreu o vilipêndio, 
processar, ou não, seu detrator. 
 
O principio da privacidade, porém, comporta três exceções: 
 
A primeira, está encartada na parte final do artigo 145, que se reporta ao artigo 140, 
parágrafo segundo, do Código Penal, ou seja, àqueles casos onde "a injúria consiste 
em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se 
considere aviltantes". Nessas hipóteses, se da violência resulta lesão corporal, a ação 
penal será pública, mas dependerá de representação do ofendido. 
 
A segunda exceção ocorre quando a calúnia difamação ou injúria são feitas contra o 
Presidente da República ou o chefe de governo estrangeiro. Nesses casos, a ação 
penal também é pública, dependendo, no entanto, de representação do Ministro da 
Justiça, conforme o disposto no Parágrafo único, do artigo 145, do Código Penal. 
 
A terceira exceção refere-se aos casos nos quais a ofensa é feita contra funcionário 
público, em razão de suas funções. A ação penal, nesse caso, também é pública, 
desde que seja feita a necessária representação referida no Parágrafo único do 
artigo 145, do Código Penal. 
 
A quarta exceção ocorre na injúria discriminatória, que a ação penal é pública 
condicionada. 
 
 
 
6 
CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL 
 
I 
CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL 
 
6.1 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL 
 
Trata-se de delito eminentemente subsidiário, que só será aplicado se não constituir 
crime mais grave. É elemento dos crimes de roubo, estupro, atentado violento ao 
pudor e outros. Nesses casos, o constrangimento ilegal é subsidiário em relação aos 
delitos mais graves (princípio da subsidiariedade). 
 
TEXTO DE AUXÍLIO 
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 35 
ELEMENTO SUBJETIVO 
 
É indispensável à caracterização do constrangimento ilegal a existência de dolo por 
parte do agente ativo, sendo suficiente o genérico. 
 
São exemplos do delito obrigar alguém a se dirigir a determinado lugar, a vestir certa 
roupa, a entrar em um carro, a não passear no parque etc., sem que exista lei que o 
obrigue a tanto. 
 
SUJEITOS DO DELITO: 
 
O sujeito ativo do crime de constrangimento ilegal pode ser qualquer pessoa. 
Obviamente, se o agente for funcionário público e estiver no exercício da função 
pública, poderá ser responsabilizado por crime de abuso de autoridade ou de 
exercício arbitrário ou abuso de poder. 
 
O sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa, desde que tenha capacidade de 
entender que sua liberdade está sendo cerceada. É que, sendo o constrangimento 
ilegal um cerceamento à liberdade da vontade, somente se caracteriza o delito se o 
ofendido tiver consciência daquela vontade. Assim, não haverá crime de 
constrangimento ilegal contra criança ou o absolutamente incapaz, desde que em 
razão da tenra idade e da deficiência mental, eles não tenham consciência de que 
têm direito à liberdade de vontade. 
 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: 
 
Constranger, verbo transitivo, origina-se do latim "constringere" e significa obrigar, 
compelir, apertar. Conseqüentemente, o delito em epígrafe ocorre quando alguém é 
obrigado, compelido ou coagido a não fazer aquilo que a lei permite, ou a fazer 
aquilo que ela não lhe determina. Requer-se, destarte, o emprego, por parte do 
agente ativo, de violência, grave ameaça, ou o emprego de qualquer outro meio 
inibidor da capacidade de resistência do sujeito passivo. 
 
O crime de constrangimento ilegal estará consumado quando o sujeito passivo, 
coagido pela violência do agente ativo, pratica a ação que não queria praticar, ou 
deixa de fazer aquilo que queria fazer. 
 
A violência poderá ser física ("vis corporalis"), ou moral (grave ameaça). 
 
A tentativa é possível sempre que o sujeito passivo, apesar de haver sido 
constrangido ilegalmente através meios idôneos, não chega a praticar a ação que lhe 
foi determinada, ou deixa de fazer aquilo que pretendia fazer. 
 
AUMENTO DE PENA: 
 
Nos termos do Parágrafo primeiro, do artigo 146, as penas são aplicadas em dobro, 
TEXTO DE AUXÍLIO 
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 36 
isto é, de 6(seis) meses a 2(dois) anos de detenção quando o constrangimento ilegal 
é praticado por mais de três pessoas, ou quando há emprego de arma. 
 
CONCURSO DE CRIMES: 
 
No Parágrafo segundo do citado dispositivo, ressalta-se que além das penas 
cominadas, aplicam-se aos agentes ativos, as penas correspondentes aos efeitos da 
violência por eles praticada quando do constrangimento ilegal. A violência em 
questão é, exclusivamente, a física. 
 
 
EXCLUSÃO DO CRIME: 
 
O Parágrafo terceiro do artigo 146, no inciso I, considera impuníveis a intervenção 
médica ou jurídica, ainda que sem o consentimento do paciente ou do seu 
representante legal, se aquelas providências estiverem justificadas por iminente 
perigo de vida. 
 
No inciso II, do artigo 146, ressalta-se que não há crime de constrangimento ilegal 
quando a violência ou coação é exercida para impedir o suicídio. 
 
 
6.2 
AMEAÇA 
 
O crime descrito no artigo 147 do Código Penal consiste em "Ameaçar alguém, por 
palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal 
injusto e grave", sendo apenado com 1(um) a 6(seis) meses de detenção, ou multa. 
Delito de natureza subsidiária (princípio da subsidiariedade), é elementar do delito 
de constrangimento ilegal, roubo, estupro etc. 
 
É necessário que o mal ameaçado seja injusto e grave, bem como, feito através 
palavra, escrito, gesto, ou qualquer outro meio simbólico. 
 
Ela deve ser séria e objetiva, sendo irrelevante saber se quem a fez pretende, 
efetivamente, cumpri-la ou executá-la. Cumpre analisá-la, não pelo aspecto 
subjetivo da vítima, mas, sim, objetivamente e de acordo com o sentimento do 
homem médio. Isto porque a lei penal não foi feita para os heróis que nada temem, 
nem para os pusilânimes que transpiram medo. 
 
Exige-se, também, que a ameaça seja

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