Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Otite Introdução: • Definição: é toda inflamação em uma das regiões do ouvido e pode ser resultado de alergias ou da ação de vírus, bactérias e fungos; • Primeiro passo: diferenciar entre otite interna, média e externa (membrana timpânica como referência); • Otite externa: ↪ Cútis e subcutâneo do canal auditivo externo; ↪ Pode envolver a membrana timpânica e o pavilhão auricular; ↪ De infecção leve do canal auditivo externo até otite externa maligna; • Otite média: ↪ Inflamação da mucosa da tuba auditiva; ↪ Costuma aparecer durante ou após resfriados, gripes e infecções respiratórias ou na garganta; ↪ Retém secreções; ↪ Pode estar associada à otorréia purulenta; • Otite interna: ↪ Porção mais complexa do ouvido, onde se encontra o sistema vestíbulo-coclear; ↪ O sistema vestibular é responsável pelo equilíbrio; ↪ A cóclea converte vibrações mecânicos em sinais elétricos no cérebro; ↪ Inflamação ou irritação dessa parte do ouvido e é chamada de labirintite; • Dor de ouvido: crianças maiores e adultos – dor é referida, crianças que ainda não se comunicam – manipulação do pavilhão auricular esfregando e puxando; ↪ Causada frequentemente por infecção das vias aéreas superiores (IVAS), corpo estranho, OMA, otite externa e rolha de cerume; ↪ Maior parte tem vírus, independentemente da presença de bactérias; ↪ Bactérias mais comuns são as do gênero S. pneumoniae (vacinação heptavalente tem mudado esse perfil, decrescendo os estreptococos e provocando aumento de H. influenzae, especialmente os produtores de β- lactamase); • OMA: infecção do ouvido médio com presença local de inflamação e derrame purulento; ↪ Deve-se pensar em OMA sempre que houver dor de ouvido; ↪ Alta prevalência e morbidade, baixíssima mortalidade, mas é o mais frequente motivo de prescrição de antibióticos na infância; ↪ Afeta mais as crianças entre 6 e 15 meses e em torno dos 6 anos no início da vida escolar; ↪ Crianças pequenas: início súbito de febre após 5 dias de IVAS, além de irritabilidade, dificuldade em permanecer na posição horizontal (“só quer colo”), choro inconsolável e alteração no sono = otoscopia para confirmar ou afastar OMA; ↪ Leite materno durante ao menos 3 meses = fator protetor; ↪ Fatores de risco: frequentar creche, ter pais fumantes, ter um familiar com OMA e usar chupeta; Otite externa: • Definição: inflamação do canal auditivo externo ou da aurícula; • “Orelha de nadador”; • Doenças infecciosas, alérgicas e dermatológicas podem levar à otite externa; • Infecção bacteriana aguda é a causa mais comum (90%); • Mais provável de ocorrer no verão em comparação ao inverno; ↪ Aumento da umidade ambiente; ↪ Participação em atividades aquáticas; • Limites anatômicos do canal auditivo são importantes nas complicações potenciais da otite externa: ↪ Superior: fossa craniana média; IESPC I ↪ Anterior: articulação temporomandibular e região parótida; ↪ Medial: membrana timpânica; ↪ Posterior: cavidade mastoidea; ↪ Inferior: base do crânio e tecidos moles do pescoço; • Mecanismos de defesa inerentes ao canal auditivo: ↪ Trago e cartilagem conchal: cobertura parcial da abertura do canal auditivo e impede a entrada de corpos estranhos; ↪ Folículos capilares e estreitamento do istmo: inibição da entrada de contaminantes no canal auditivo; ↪ Cerume: ajuda a criar um ambiente ácido no canal auditivo (inibe o crescimento de bactérias e fungos) e é hidrofóbico (repele água). Além disso, a qualidade pegajosa do cerume ajuda a reter detritos finos; • Patogênese: ↪ Quebra da barreira pele-cerúmen; ↪ Inflamação e edema da pele → prurido e obstrução; ↪ Prurido → arranhões → mais lesões → alteração da quantidade e qualidade de cerume produzido → prejuízo da migração epitelial e aumento do pH auditivo; ↪ Canal auditivo escuro + quente + alcalino + úmido: local ideal para numerosos organismos; ↪ Se ocorre lesão na pele, produção insuficiente de cerume ou bloqueio do meato acústico externo → adesão de patógenos → resposta inflamatória = sinais flogísticos; • Fatores de risco: ↪ Natação ou exposição à água (excesso de umidade leva à maceração da pele e quebra da barreira pele-cerúmen, alterando a microflora do canal auditivo para bactérias predominantemente gram-negativas); ↪ Qualquer trauma (limpeza excessiva e arranhões remove o cerúmen e pode criar abrasões ao longo da fina camada de pele no canal auditivo, permitindo que os organismos tenham acesso a tecidos mais profundos); ↪ Dispositivos que ocluem o canal auditivo; ↪ Dermatite alérgica de contato (ex: brincos ou produtos químicos em cosméticos ou shampoos); ↪ Condições dermatológicas (ex: psoríase, dermatite atópica); ↪ Radioterapia (pode causar alterações isquêmicas do canal auditivo, alterar a produção de cerume e a migração epitelial e predispor à otite externa); • Microbiologia: ↪ Flora normal do canal auditivo: Bactérias aeróbicas: 1. Staphylococcus epidermidis (78%); 2. Espécies difteróides (29%); 3. Estreptococo hemolítico alfa (18%); 4. Pseudomonas aeruginosa (11%); 5. Staphylococcus aureus (7%); Bactérias anaeróbicas: 1. Cutibacterium acnes (Propionibacterium acnes) (18%); 2. Peptococcus (3%); ↪ Microrganismos patogênicos mais comuns para otite externa: Pseudomonas aeruginosa (38%), Staphylococcus epidermidis (9%) e Staphylococcus aureus (8%); ↪ Infecção fúngica (2 a 10% das otites externas) ocorre mais frequentemente após o tratamento da infecção bacteriana; • Características clínicas: ↪ Sintomas mais comuns: dor de ouvido, prurido, corrimento e perda auditiva; ↪ Anamnese: questionar sobre perfuração conhecida da membrana timpânica, infecções prévias da orelha, qualquer cirurgia ou radiação anterior da orelha, doenças crônicas de pele, instrumentação recente da orelha, uso de dispositivos no canal auditivo e exposição à água; ↪ Exame físico: aurícula e trago devem ser examinados quanto a eritema ou sinais de trauma; ▪ Ternura com pressão trágica ou quando a aurícula é manipulada ou puxada são achados indicativos de otite externa (podem estar ausentes em casos leves); ▪ Otoscopia: canal auditivo geralmente aparece edemaciado e com eritema na otite externa. Os detritos ou cerúmen são tipicamente amarelos, marrons, brancos ou cinza. A membrana timpânica pode ser eritematosa e apenas parcialmente visível devido ao edema do canal (membrana timpânica não abaulada = otite externa); ▪ A presença de um nível de líquido do ar ao longo da membrana timpânica (na otoscopia) é indicativa de derrame na orelha média e otite média subjacente; 1. Parte Flácida 2. Parte Tensa 3. Trígono Luminoso 4. Umbigo da Membrana Timpânica 5. Cabo (Manúbrio) do Martelo ▪ Otoscópico pneumático: membrana timpânica em pacientes com otite externa deve ser móvel com insuflação pneumática; ▪ Se há membrana timpânica perfurada, provavelmente o foco principal da doença seja o ouvido médio, com inflamação secundária do canal auditivo; ▪ Avaliar quanto aos achados que possam indicar otite externa maligna (sinal clássico: tecido de granulação na junção cartilaginosa óssea do assoalho do canal auditivo. A necrose franca da pele do canal auditivo pode ser evidente); • Gravidade: varia de leve a grave, com base nos sintomas apresentados e no exame físico; ↪ Doença leve: pequeno desconforto e prurido. Há edema mínimo no canal; ↪ Doença moderada: grau intermediário de dor e prurido. O canal está parcialmente ocluído; ↪ Doença grave: dor intensa e o canal é completamente ocluído pelo edema. Geralmente, há eritema periauricular, linfadenopatia e febre; • Diagnóstico: ↪ Clínico, com base em histórico característico e exame físico; ↪ Otite externa aguda difusa: início rápido (geralmente em 48 horas) nas três semanas anteriores,com sinais e sintomas de inflamação do canal auditivo ou edema ou eritema difuso do canal auditivo, com ou sem otorreia, adenopatia regional, eritema da membrana timpânica ou celulite do pinha e pele adjacente; ↪ Culturas: pacientes com otite externa leve e moderada não precisam de cultura do canal auditivo antes do início da terapia. As culturas devem ser realizadas naqueles com otite externa grave, otite externa recorrente, otite externa crônica, pacientes imunossuprimidos, infecções em pacientes após cirurgia de ouvido e pacientes que não respondem à terapia inicial; • Diagnóstico diferencial: com relação à otite externa bacteriana aguda; ↪ Otomicose: infecção fúngica do canal auditivo externo. ▪ Pode ocorrer como infecção primária ou se desenvolver juntamente com a otite externa bacteriana, geralmente como resultado da antibioticoterapia (preocupação quanto ao uso excessivo de gotas antibióticas – proliferação de fungos). ▪ Aspergillus niger e Candida são os fungos mais comuns. ▪ Geralmente há relato de prurido, desconforto, corrimento e/ou sensação de que algo está no canal auditivo. ▪ Prurido profundo é o sintoma mais problemático. A dor é menos intensa do que na otite externa bacteriana. ▪ Infecções fungas localizadas no aspecto medial do canal auditivo (facilita acúmulo de detritos, é mais escuro e quente = promoção do crescimento de fungos); ▪ Edema no canal auditivo é menos grave do que na otite externa bacteriana; ↪ Dermatite de contato: reações de hipersensibilidade tardia de Gell e Coombs tipo IV. A exposição secundária ao alérgeno inicia uma resposta inflamatória; ▪ Deve ser considerada se houver falta de resposta ao tratamento da otite externa por 1 semana; ▪ Prurido é o sintoma dominante; ▪ Eritema se intensifica e estende-se classicamente ao aspecto inferior da cartilagem da concha (local onde frequentemente as gotas de medicamentos ototopicais se acumulam após a aplicação); ▪ Agentes ototopicais comuns que causam reações alérgicas: neomicina, benozaína e propilenoglicol; ↪ Otite média supurativa crônica: podem apresentar orelha drenada e, por engano, serem classificados como otite externa. Longa história de doença do ouvido. Otorréia, otalgia, perda auditiva, zumbido ou vertigem. Sintomas do canal auditivo são leves e focados medialmente perto da membrana timpânica. ↪ Carcinoma do canal auditivo: é uma doença rara e deve ser considerada sempre que houver crescimento anormal de tecido no canal auditivo ou falta de resposta ao tratamento prolongado da otite externa. Menor frequência do que o câncer auricular. Dor leve e Otorréia com sangue são sintomas comuns. Otoscopia: lesão friável do canal auditivo com purulência circundante. ↪ Psoríase: geralmente pode envolver o canal auditivo externo, causando vermelhidão e descamação, podendo estender-se para concha e aurícula. • Complicações: ↪ Celulite periauricular: eritema, edema e calor da pele ao redor da aurícula. A dor geralmente é leve e manifestações sistêmicas geralmente estão ausentes. ↪ Otite externa maligna (otite externa necrosante): é uma complicação grave e potencialmente fatal da otite externa bacteriana aguda. Mais comum em pacientes diabéticos idosos ou em outros indivíduos imunocomprometidos. Ocorre quando a infecção se espalha da pele para os espaços ósseos e medulares da base do crânio (também envolvendo tecidos moles e cartilagens da região temporal). Geralmente os pacientes apresentam otalgia e otorréia graves. Otoscopia: tecido de granulação na junção cartilaginosa óssea do assoalho do canal auditivo é um achado clássico. Edema, eritema e necrose franca da pele do canal auditivo podem ser evidentes. Paralisia do nervo craniano é sinal de mal prognóstico. Taxa de sedimentação eritrocitária (VHS) acentuadamente elevada. Diagnóstico pode RM ou TC. Devem ser encaminhados imediatamente para otorrinolaringologista. • Tratamento: 1. Limpeza do canal auditivo: remoção de cerúmen, pele descamada e material purulento → facilita a cicatrização e melhora a penetração das gotas no ouvido no canal da inflamação. Deve ser realizada por um otoscópio com uso de alça de fio ou cotonete. Se a membrana timpânica estiver intacta, pode-se aplicar diluição de peróxido de hidrogênio a 3% com água à temperatura corporal. 2. Tratamento de inflamações e infecções: depende da gravidade da otite externa. a. Leve à moderada: medicamentos tópicos. Otite leve: agente acidificante + glicocorticóide (ácido acético-hidrocortisona). Otite moderada: requer agente acidificante + glicorticóide + antibiótico (ciprofloxacina—hidrocortisona e neomicina-polimixina B-hidrocortisona são agentes de primeira linha); b. Grave: terapia tópica + colocação de mechas e, se houver evidência de infecção tecidual profunda, antibióticos orais. Preparação tópica ácida que contenha antibiótico, anti—séptico e glicocorticiode. Ciprofloxacina-hidrocortisona. As mechas se expandem à medida que o medicamento ototopical é aplicado e permite que tenha acesso adequado dos agentes tópicos ao canal medial, principalmente em casos de inchaço. São feitas de esponja de álcool polivinílico. Pacientes com infecção tecidual mais profunda devem usar antibióticos sistêmicos, além de antibióticos tópicos – recomenda-se uma quinolona, como ciprofloxacina 500mg, 2x ao dia para adultos ou 10mg/kg/dose, 2x ao dia para crianças, por 7 a 10 dias ou ofloxacina (S. aureus e P. aeruginosa) OBS: o uso de antibióticos, tópicos ou sistêmicos, deve ter cobertura contra Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa. 3. Controle da dor: anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) orais, como ibuprofeno ou naproxeno. Dor intensa associada a doença grave pode precisar de analgésicos opioides. Otite média: • Critérios diagnósticos para otite média aguda (OMA): início agudo de dor de ouvido, sinais de inflamação do ouvido médio – hiperemia intensa ou opacificação da membrana timpânica – e presença de derrame no ouvido médio – abaulamento da MT, nível líquido ou otorréia por perfuração da MT; • Patógenos mais comuns: Streptococcus pneuminae, Haemophilus influenza e Moraxella catarrhalis; • Vacina heptavalente mudou o perfil etiológico, reduzindo o Streptococcus e aumentando o Haemophilus; • A maior causa de uso indevido de antibióticos em criança é por OMA; • Antibióticos não mudam o risco de complicações. Podem levar a uma mais rápida e resolução da dor, mas aumentam muito o risco de efeitos adversos, como rash, diarreia, náusea e vômito; • O que fazer? ↪ Dois desafios: 1. Diagnosticar a causa da dor de ouvido; 2. Em caso de infecção do ouvido médico, avaliar a necessidade de tratamento antibiótico (maioria dos casos regride espontaneamente só com analgesia); ↪ Anamnese melhora a possibilidade diagnóstica da otoscopia, mesmo com a pouca acurácia desta; ↪ Otalgia que se segue de febre e agravamento da sintomatologia pode estar indicando que se iniciou uma infecção e exigirá otoscopia, em busca de cumprir os critérios diagnósticos para OMA; ↪ Sinais com sensibilidade alta: hiperemia de membrana timpânica (porém, baixa especificidade); ↪ Sinais com boa especificidade, mas menos frequentes ou inúteis na tomada de decisão: perfuração de membrana com otorreia; CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE OMA Anamnese (Início agudo de sintomas) Inespecíficos Febre, choro, irritabilidade, redução de ingestão, inquietude noturna, rinorreia e tosse. Específicos Relato de dor de ouvido ou esfregar/puxar a orelha. Suspeita de dor de ouvido pelos pais. Dor que interfere nas atividades ou sono. Aleitamento artificial pode aumentar o risco de OMA em 5x. Otoscopia Sinais de inflamação do ouvido médio Eritema da membrana timpânica. (fig 1) Abaulamento da membrana timpânica, geralmentecom modificação do triângulo luminoso e perda da visualização dos ossículos. (fig 2) (Presença de derrame purulento no ouvido médio) Nível hidroaéreo por trás da membrana timpânica (difícil de visualizar). (fig. 3) Perfuração da membrana timpânica com ou sem otorreia visualizável no conduto auditivo. (fig. 4) Mobilidade da membrana timpânica limitada ou ausente (difícil de visualizar). (fig. 5). ↪ Diagnóstico da certeza, pela constatação direta da presença de pus no ouvido médio, só é possível com timpanocentese; ↪ Busca de sinais indiretos por meio da otoscopia, para visualização das características da membrana timpânica; ↪ Eritema e alteração da posição do tímpano na otoscopia; ↪ Exame físico sem resistência do examinado ou evidência de dor local durante a acomodação do otoscópio no conduto reduz a probabilidade de inflamação no ouvido médio; ↪ Compressão do trágus não tem acurácia estudada e, por isso, não tem utilidade prática; ↪ Geralmente o calor local de eventual inflamação tende a reduzir a presença de cerume. A retirada do cerume para melhorar a visão da MT é recomendada em ambiente ambulatorial de especialidades focais, mas, na APS, só deverá ser realizada se o médico foi treinado para isso e dispõe de otoscópio próprio para manipulação do conduto auditivo sob visão; ↪ Mobilidade de membrana timpânica: por otoscopia pneumática (sensibilidade acima de 90% e especificidade próxima a 80%). Pouca possibilidade de realização em ambulatório de APS; ↪ Achados da MT altamente sugestivos de OMA: abaulamento, opacificação e imobilidade; ↪ Hiperemia discreta da membrana: baixa acurácia diagnóstica (pode surgir por choro ou febre da criança). Entretanto, se apresentar coloração normal, é improvável que seja OMA; ↪ Com efusão: presença de líquido seroso, sanguinolento ou purulento. Redução da mobilidade da membrana timpânica. Redução da transparência da membrana timpânica; • Exames complementares: ↪ Otoscopia é suficiente e definitiva; ↪ Timpanometria: pode ser útil quando há dúvidas diagnósticas em OMA de repetição (valor preditivo 90%); ↪ TC: pode ser útil apenas para avaliação de complicações, como mastoidite; • Tratamento: ↪ Tratamento inicial: manejo da dor; ↪ Alguns casos – uso inicial de antimicrobiano; ↪ Estratégias de condução: início precoce de antibiótico ou suporte à dor e observação; ↪ Sem antibióticos: ▪ 60% das crianças: sintomas melhoram em 24 horas; ▪ 80%: condição se resolve em 3 dias; ↪ Escolha: idade da pessoa, nível da certeza diagnóstica, da gravidade do quadro e da possibilidade de retorno para seguimento; ↪ Tempo de observação poderá selecionar os casos em que seja necessário o apoio antibiótico (orientar sobre a necessidade de reavaliações tempestivas quando não houver melhora); • Tratamento não farmacológico: ↪ Concomitantemente ao tratamento farmacológico; ↪ Manter o máximo a criança no colo, confortável e calorosamente, na posição vertical – atitude que tende a reduzir o sofrimento; ↪ Ao colocar no berço, manter a cabeça elevada; ↪ Criança não deve mamar na posição deitada; ↪ Crianças menores de 1 ano ainda possuem a tuba auditiva horizontalizada, o que facilita a migração de secreção presente na mucosa nasal/sinus para o ouvido médio, via tuba auditiva; ↪ Podem ser usadas 2 gotas de azeite de oliva, ou ainda, tapar o ouvido com algodão untado com azeite de oliva. Não há necessidade de aquecer o óleo, pois a própria temperatura do corpo o fará; ↪ Nos dias frios, é recomendado o uso de gorros que proteja as orelhas; ↪ Aplicação de gotas com a mistura de alho esmagado + azeite de oliva = redução de dor; ↪ Usar fraldinha, toalhinha ou outro tecido macio como compressa seca, que é aquecida com ferro de passar roupa. Manter durante 10 a 15 minutos e alternar os ouvidos.; • Tratamento farmacológico: 1. Manejo da dor: ↪ Enquanto anti-histamínicos e descongestionantes não mostraram redução dos sintomas, anestésico local em gotas mostrou resultados contraditórios; ↪ Paracetamol e ibuprofeno, por demanda e não em horários fixos, mostraram redução proporcional dos sintomas = fármacos de escolha para a maioria dos casos, nas doses seguintes; ▪ Ibuprofeno: 40 mg/kg para crianças e 600mg para adultos, 3-4x/dia, por no máximo 3 dias. Evitar uso concomitante de anti-histamínicos e antitussígenos (interação medicamentosa); ▪ Paracetamol: crianças até os 12 anos: 10-15 mg/kg; acima de 12 anos: 325-500 mg; adultos: 750mg. Ministrar 4x/dia. Provoca efeitos adversos em cerca de metade das vezes em relação ao ibuprofeno; 2. Manejo da infecção: ↪ Uso de antibióticos em casos selecionados de OMA; ↪ Recomenda-se, empiricamente, 5 a 7 dias de antibiótico para maiores de 6 anos com quadros leves a moderados e, nos demais casos, 10 dias de tratamento; ↪ Exceção para ceftriaxona, administrada em uma única dose; ↪ Amoxicilina: primeira escolha; ↪ Olhar quadro ao lado, referente ao tratamento antibiótico de OMA segundo a idade da criança; ↪ Amoxicilina: ▪ Indicação: primeira escolha. Geralmente disponível em UBS; ▪ Custo: +++ ▪ Dose: 80-90mg/kg/dia, em 2 a 3 tomadas; ▪ Efeitos adversos mais comuns: diarreia, náusea, vômito e rash cutâneo (iogurte caseiro concomitante pode prevenir). Escurecimento dos dentes (reduz com escovação). Menos frequente: superinfecção grave com colite por Clostridium difficile. ↪ Amoxicilina + clavulanato: ▪ Indicação: quadro severo (otalgia que não melhora com analgésico ou febre > 39° C). Quando se quer cobertura adicional para H. influenzae β-lactamase positivo ou M. catarrhalis; ▪ Custo: +++++++ ▪ Dose: 90mg/6,4mg/kg/dia, divididos em 2 doses diárias; ▪ Efeitos adversos mais comuns: diarreia ou perda de fezes, náusea, vômito, urticária e rash cutâneo. Menos frequente: superinfecção grave com colite por Clostridium difficile. ↪ Azitromicina: ▪ Indicação: alergia à penicilina. Dosagem confortável. ▪ Custo: +++ ▪ Dose: 10mg/kg/dia, no 1° dia. Após, 5mg/kg/dia, por mais 4 dias. Dose única diária. ▪ Efeitos adversos: Dor abdominal, diarreia ou perda de fezes, náusea, vômito, urticária e rash cutâneo. Distúrbio auditivo reversível. Menos frequente: superinfecção grave com colite por Clostridium difficile; ↪ Sulfametoxazol-trimetoprima: ▪ Indicação: alergia à penicilina. Baixo custo. Geralmente disponível em UBS. ▪ Custo: + ▪ Dose: 6-10mg/kg/dia de trimetoprima, divididos em 2 tomadas por dia; ▪ Efeitos adversos: Prurido, rash cutâneo, desconforto epigástrico, diarreia, náusea, vômito, alteração do paladar, glossite. Interfere na absorção de ácido fólico – possíveis efeitos hematológicos. Graves: superinfecção grave com colite por Clostridium difficile. Síndrome de Stevens-Johnson; ↪ Ceftriaxona: ▪ Indicação: Intolerância à medicação via oral ▪ Custo: ++ ▪ Dose: 50mg/kg, IM, dose única; ▪ Efeitos adversos: reação local: dor, calor, flebite, endurecimento. Demais efeitos são raros, por ser dose única. • Quando encaminhar: ↪ Casos de persistência dos sintomas e sinais 48 a 72 horas após a antibioticoterapia; ↪ Casos em que a família perceba algum tipo de déficit auditivo após um episódio de OMA; • Erros mais frequentemente cometidos: ↪ Diagnóstico de OMA pela apresentação apenas de hiperemia de membrana timpânica. Esse sinal pode ocorrer em IVAS, febre, choro ou otalgia sem infecção; ↪ Tratar dor de ouvido com antibiótico; ↪ Usar antibiótico em todos os casos suspeitos de OMA: cerca de 80% evoluem para cura espontânea. Por isso, devem-se selecionar os casos em que o antibiótico deve ser iniciado; ↪ Uso de anti-histamínico, descongestionantes nasais e corticoide estão contraindicados, pois não favorecem o restabelecimento e podem agravar o quadro; • Prognóstico e complicações possíveis: ↪ Resolução espontâneaocorre em 3 a 4 dias em 97% das crianças que não encontraram critérios para uso de antibiótico; ↪ Em crianças com menos de 2 anos os sintomas podem persistir por até 7 dias; ↪ Podem advir recorrências, que têm curto período de duração e seu manejo é semelhante à OMA não recorrente; ↪ Complicações como meningite, mastoidites e redução da acuidade auditiva são raras e o uso de antibióticos não altera o prognóstico; • Atividades preventivas e de educação: ↪ Vacinação contra influenza tem limitadas e inconsistentes provas para prevenção; ↪ Leite materno ao menos nos primeiros 6 meses de vida reduzem o risco de OMA; ↪ Reduzir a probabilidade de IVAS pela alteração dos planos de cuidados; ↪ Evitar mamar em posição horizontal; ↪ Limitar o uso de chupeta nos 6 a 12 meses de idade, apenas na hora do adoecimento; ↪ Evitar tabagismo passivo; ↪ Administrar vacina antipenumocócica; Otite interna/Labirintite aguda: • Mesma coisa que neurite vestibular/neuronite vestibular/labirintite aguda; • Terceira causa de vertigem; • Fisiopatologia: ↪ Processos infecciosos geram inflamação no labirinto, estrutura constituída pela cóclea e vestíbulo; ↪ Patógenos e leucócitos surgem (pelo trato respiratório superior) espaço perilinfático; ↪ Leucócitos saem dos vasos por diapedese, realizam fagocitose, liberam mediadores inflamatórios, causam edema na região, prejudicam a sensibilização de terminações nervosas do nervo vestibulococlear e comprometem a circulação do líquido no sistema vestibular; • Otite interna/labirintite: ↪ Queixas principais comuns: “vertigem”, “perda de audição”, “perda de consciência”, “desequilíbrio”; ↪ Febre, sensação de zumbido, otalgia, náusea, vômitos, cefaleia; ↪ Antecedentes pessoais patológicos: meningite ou mastoidite ou fratura traumática do labirinto ou otite média; ↪ Exame físico: avaliação do nistagmo espontâneo, nistagmo de posição, Fukuda e teste de marcha, manobra de Nylen-Bárány, para confirmar vertigem periférica; ↪ Exames complementares: TC ou RM; • Tratamento: ↪ Costicosteroides são indicados para o tratamento, tendo como referência a metilpredinisolona; ↪ Tratamento profilático: cautela com a ingestão de bebidas alcoólicas e observação no uso de antibióticos aminoglicosídeos que podem causar a disfunção; • Complicações: ↪ Labirintite: serosa ou purulenta; ▪ Serosa: característica; ▪ Purulenta: disseminação da infecção para os espaços labirínticos, causando uma inflamação purulenta que pode acabar evoluindo para fibrose e neoformação óssea;
Compartilhar