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INTRODUÇÃO À ANÁLISE FITOQUÍMICA - DA COLETA À ANÁLISE - UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA - UNICRUZ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E AGRÁRIAS CURSO DE FARMÁCIA DISCIPLINA DE FARMACOGNOSIA Prof. Regis A. N. Deuschle OBJETIVO DE UMA PESQUISA FITOQUÍMICA “Avaliar a presença de constituintes químicos de espécies vegetais e/ou determinar sua estrutura” Identificar grupos de metabólitos secundários de uma planta, cuja composição ainda é desconhecida Buscar um grupo específico de metabólitos numa planta cuja composição já é conhecida Isolamento, caracterização estrutural Investigação baseada em aspectos etnofarmacológicos e quimiotaxonômicos UMA ANÁLISE FITOQUÍMICA APRESENTA AS SEGUINTES ETAPAS Obtenção do material vegetal Preparação para a análise Extração Análise fitoquímica Fracionamento, isolamento e purificação OBTENÇÃO DO MATERIAL VEGETAL Interessei-me por estudar uma determinada planta... E agora? *Atenção ORIENTAÇÕES GERAIS PARA COLETA Levar em conta os fatores que influenciam no conteúdo de metabólitos secundários: • Datar a coleta (época do ano e clima) • Local da coleta (latitude e longitude) • Fase da vida da planta • Escolher horário de coleta adequado • Evitar a coleta de partes afetadas por doenças, parasitas e materiais estranhos Reservar uma parte para o espécime-testemunha Fresco Dessecado Coletou? OK! Fez a exsicata? OK!, então é hora da... PREPARAÇÃO DA AMOSTRA PARA ANÁLISE! • Criopreservação • Termoestabilização: calor seco ou úmido • Uperização - UHT Métodos de estabilização • Expor o material a temperaturas relativamente baixas, normalmente inferiores a 60 °C, com um longo tempo de contato (tempo depende do órgão da planta e sua consistência) • a secagem pode ser realizada ao ar livre ou com a utilização de ar quente, em estufas • Dispor o material em camadas finas Métodos para secagem •Ao ar livre •Mais econômica (mas exige maior vigilância para garantir a uniformidade das condições durante a operação) •Realizada de preferência à sombra (radiação solar pode alterar a constituição química do material) •Local: deve ser convenientemente seco e protegido contra o ataque de insetos ou contaminantes ambientais e costuma- se dispor o material sobre papel para absorção da umidade Métodos para secagem - continuação •Secagem por ar quente •Em estufas com termostato •Deixar escapar o ar da estufa •Quando disponível, procurar utilizar estufa com circulação forçada de ar Métodos para secagem - continuação COMINUIÇÃO (OU MOAGEM) • Reduzir o material a fragmentos menores para torná-lo mais adequada para a próxima etapa, a extração Objetivo •Seccionamento •Impacto •Rasuração Divisão grosseira •MoinhosPulverização •Textura do material •Estabilidade dos constituintes •Escala industrial? Considerar dimensões de entrada e saída do equipamento Qual método escolher? • “... retirada, de forma mais seletiva e completa possível, das substâncias ou fração ativa contida na droga vegetal, utilizando um líquido ou mistura de líquidos tecnologicamente apropriados e toxicologicamente seguros.” • Sonaglio et al, (2001) Processo Extrativo EXTRAÇÃO Você que já coletou, conservou, preparou, é a hora da.... E ENTÃO VAMOS OBTER UM EXTRATO... MAS O QUÊ É UM EXTRATO? “É a preparação de consistência líquida, sólida ou intermediária, obtida a partir de material animal ou vegetal. O material utilizado na preparação de extratos pode sofrer tratamento preliminar, tais como, inativação de enzimas, moagem ou desengorduramento. Abreviatura: ext.” FB V (2010) Grau de divisão da droga vegetal Meio extrator • Polaridade Agitação Temperatura Tempo • Dependente dos anteriores Fatores de influência em qualquer método de extração CONSIDERANDO O SLIDE ANTERIOR, QUANDO VAMOS NOS PERGUNTAR “COMO” EXTRAIREMOS, PODEMOS COMEÇAR A NOS GUIAR USANDO Que tipo de molécula extrairemos? • Polar ou apolar? • Ácida ou básica? • Termolábil? Do quê extrairemos? • Material vegetal ou forma farmacêutica? • Se material vegetal: seco ou fresco? • Se material vegetal, como é histologicamente? • Inteiro, rasurado ou moído? Se moído, qual granulometria? Para qual finalidade? • Obter extrato bruto • Purificar extrato bruto • Obter frações a partir do extrato bruto • Obter frações já a partir do material vegetal • Para forma farmacêutica Um clássico: série de eluentes com ponto de ebulição baixo, em ordem crescente de polaridade (“série eluotrópica”) Ordenação dos solventes Hexano Éter de petróleo Ciclohexano Tolueno Diclorometano Clorofórmio Éter etílico Acetato de etila Piridina Acetona Etanol Metanol Ácido acético Lipofílico (apolar) Hidrofílico (polar) CONSIDERAÇÕES GERAIS PARA A PRODUÇÃO DE EXTRATOS PARA USO FARMACÊUTICO Seletividade do meio extrator Segurança/toxicidade Facilidade de manipulação Risco ambiental Custo Economia Principais limitações • Propriedades extrativas • Adequação tecnológica • Inocuidade fisiológica Frequentemente usados (seguros) • Água • Etanol • Glicerina • Propilenoglicol • Misturas (glicóis)Mais usados (pesquisa fitoquímica) •Geralmente solventes orgânicos • Menos seguros MAS... E QUANDO NÃO SE CONHECEM OS METABÓLITOS A SER EXTRAÍDOS? • Pode-se usar várias abordagens. Uma delas é a triagem (screening) fitoquímica • Nesse caso, costuma-se submeter o material vegetal a sucessivas extrações, com solventes de polaridade crescente (menos polar para mais polar) – Consegue-se, assim, uma extração fracionada, em que as diferentes frações contêm compostos de polaridade também crescente Como a composição química das plantas é complexa, costuma ocorrer a extração concomitante de vários tipos de substâncias, farmacologicamente ativas ou não, desejadas ou não E é por isso que, antes de estudar algum produto natural, você deve primeiramente definir o quê pretende extrair. Essa definição é que determinará o(s) solvente(s) e o método de extração que você usará. E também define, por consequência, como você conservará e preparará o material antes da extração Métodos “verdes” Menor impacto ambiental • Solventes menos agressivos ao ambiente • Micro-ondas • Ultra-som Processos de extração a frio Maceração • Remaceração • Digestão • Maceração dinâmica Percolação •Simples •fracionada Turbolização Processos de extração a quente em sistemas fechados Extração sob refluxo Em aparelho de Soxhlet Arraste por vapor d’água Processos de extração a quente em sistemas abertos Infusão Decocção Métodos de extração Extração por fluido supercrítico Prensagem MÉTODOS BÁSICOS DE EXTRAÇÃO M a ce ra çã o • Material vegetal rasurado ou moído imerso em solvente, em recipiente fechado por horas ou dias com agitação ocasional • Não proporciona esgotamento, o que leva às suas variações para tentar aumentar o rendimento P e rc o la çã o • Para substâncias termossensíveis ou em baixos teores T u rb o -e x tr a çã o •Extração e redução do tamanho das partículas simultaneamente E x tr a çõ e s so b re fl u x o - S o x h le t • Com recuperação do solvente A rr a st e p o r v a p o r d ’á g u a • Óleos essenciais • Pequena escala- aparelho de Clevenger • Maior escala – sistemas industriais In fu sã o Seccionamento “Tampada” Separação após resfriamento D e co cç ã o “Aberta” Material mais rígido Imersão do material vegetal, levado à ebulição junto com o solvente por determinado tempo •Extração por fluido supercrítico •Extração assistida por ultrassom •Extração assistida por micro-ondas •Prensagem Outros métodos REMOÇÃO DOS SOLVENTES •Solventes voláteis Rota-evaporação •Congelamento •Sublimação •Dessorção Liofilização - água Outros métodos Rota-evaporador Liofilizador TEMOS UMEXTRATO!!! E AGORA, O QUE PODEMOS FAZER COM ELE? A análise fitoquímica! Conjunto de métodos analíticos empregados para conhecer o perfil fitoquímico do extrato que estamos analisando. TABELA 1. PRINCIPAIS REAÇÕES QUÍMICAS DE CARACTERIZAÇÃO DE METABÓLITOS SECUNDÁRIOS DE ORIGEM VEGETAL Classe de metabólito secundário Reações químicas de caracterização Alcaloides Reações de Dragendorff, de Mayer e de Bertrand Antraquinonas Reação de Bornträger Esteroides Reação de Liebermann-Burchard Flavonoides Reação de Shinoda Heterosídeos cardioativos Porção açúcar Reação de de Kellei-Kiliani Porção aglicona Reação de Liebermann-Burchard Anel lactônico Reação de Kedde ou de Baljet Saponinas Ensaios de formação de espuma ou ação hemolítica Taninos Solução de gelatina a 1%, reação com FeCl3 e reação de Stiasny - Clássicas! - Reações com formação de cor e/ou precipitado - Desvantagem: Inespecíficas Adaptação do roteiro clássico de Stas-Otto segundo Auterhoff e Kovar (1985) para amostras de 100 a 300 mg Partição em solventes – método clássico da química orgânica que também pode ser usado na purificação ou obtenção de substâncias específicas OUTROS MÉTODOS ANALÍTICOS FREQUENTEMENTE (MAIS) UTILIZADOS EM ANÁLISES FITOQUÍMICAS Eletroforese capilar Metabolômica Histoquímicos • Cromatografia em camada delgada (CCD) • Cromatografia em Coluna (CC) • Cromatografia gasosa (CG) • Cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) Métodos cromatográficos (todos) Adaptado de Sant'Anna-Santos, B.F. e cols. - Anatomia e histoquímica das estruturas secretoras do caule de Spondias dulcis Forst. F. (Anacardiaceae) - Rev. Árvore vol.30 no.3 Viçosa Maio/Junho 2006 Exemplo de histoquímica Você sabia que todas estas técnicas cromatográficas também podem ser usadas na purificação, isolamento e identificação de produtos naturais? Sabia. Menos para determinação da estrutura das moléculas. Nesse caso, são utilizados métodos espectroscópicos. Estudou analítica, hein? Cromatografia em coluna clássica ESPECTRO DE UV ESPECTROMETRIA NO INFRAVERMELHO • Muito útil para compostos com carbonilas! – 1650 – 1800 cm Ácido hexanóico Limoneno ESPECTROMETRIA DE MASSAS Exemplo de espectro de 1H ESPECTROSCOPIA DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR - RMN Exemplo de espectro de 13C ESPECTROSCOPIA DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR - RMN
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