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6 – Fatores que compõe o preço das mercadorias Antes do dinheiro e da compra propriamente existir, o comércio se dava por trocas, mas, como se sabia que uma troca era justa e equivalente? Como eu poderia trocar um agasalho por uma jarra de leite? Adam Smith diz que a quantidade de trabalho necessária para adquirir um objeto parecia ser a única circunstância capaz de fornecer alguma norma ou padrão para trocar um objeto pelo outro. Se abater um castor custa duas vezes mais trabalho do que abater um cervo, um castor vale então, dois cervos. Porém, em sociedade de acordo com o tempo, habilidade, destreza que dependem para produzir determinado produto. A partir do momento em que as pessoas passaram a acumular capital, algumas passaram a contratar pessoas laboriosas, assim, fornecendo matéria prima e substância (salário), vendem e lucram com o produto resultante de seu trabalho. O valor do produto deve ser suficiente para pagar a matéria –prima ,os salários dos trabalhadores e o lucro do empresário pelo seu trabalho de risco de empreender ; Trabalho esse de inspecionar e dirigir a empresa , porem o lucro é regulado por princípios totalmente distintos , não tendo nenhuma proporção com a quantidade, a dureza ou o engenho desse suposto trabalho de inspecionar e dirigir . Independentemente do tamanho e do lucro da empresa, o trabalho de inspeção e direção pode ser quase ou totalmente igual. Da mesma forma , o trabalhador não recebe proporcionalmente ao tanto que trabalha e produz ; Deve reparti-lo com o dono do capital que lhe dá emprego , salário e matéria prima antes , a terra era comum , mas a partir do momento em que passou a ser privada , os donos da terra passaram exigir uma renda , mesmo pelos produtos naturais da terra. Então , onde custava ao trabalhador apenas o seu trabalho para apanhar os bens , agora ele passa a ter que pagar pela permissão de apanhar esses bens , e deve dar ao proprietário da terra uma parte daquilo que o seu trabalho colhe ou produz .>o preço dessa porção , constituí a renda da terra : um componente do preço. “O trabalho mede o valor não somente daquela parte do preço que se desdobra em trabalho efetivo, mas também daquela representada pela renda da terra, e daquela que se desdobra no lucro devido ao empresário”. O valor real dos diversos componentes do preço é medido pela quantidade de trabalho que cada um deles pode comprar ou comandar. No preço do trigo por exemplo, uma parte paga a renda devida ao dono da terra, uma outra paga a renda devida os salários ou manutenção dos trabalhadores e do gado empregado na produção de trigo, e a terceira paga o lucro do responsável pela exploração de terra. Essas três partes fazem o preço do trigo. Ainda, deve-se acrescentar ao preço do trigo: O salário de quem o transportou, do padeiro que fez o pão e do salário de seus empregados, etc. Quanto mais determinada mercadoria sofre uma transformação manufatureira , a parte do preço representada pelos salários e pelo lucro se torna maior em comparação com a que consiste na renda da terra com o progresso da manufaturada, não somente cresce o volume de lucros , mas também cada lucro subsequente é maior do que o anterior , pois o capital do qual porem o lucro deve ser sempre maior . A renda auferida do trabalho denomina-se salário; A renda auferida do patrimônio ou capital, pela pessoa que o administra ou o emprega, chama-se lucro. Quando auferida por uma pessoa que não emprega ela mesma seu capital, mas o empresta a outra, denomina- se juros ou uso do dinheiro. ``A produção do trabalho anual sempre será suficiente para comprar ou comandar uma quantidade de trabalho muito maior do que a que foi empregada para obter, preparar e levar essa produção do mercado ´´. Se um trabalhador produz X, ela não receberá X pelo que produziu, mas terá um acréscimo no valor pelo lucro e renda da terra. explicação do capítulo 6 em aula Sociedade hipotética: Como seria sem a existência de capital e da propriedade privada da terra. Nessa sociedade, ele vai introduzir a teoria do valor do trabalho. A taxa de troca dos bens vai ser dada pela quantidade de trabalho necessária para produzi-las (isso supondo sempre que os trabalhos exigem talentos e destrezas semelhantes). Em 2 horas eu tenho 1 cervo e em 2 horas eu tenho 2 castores: a taxa de troca vai ser de um cervo por dois castores. Eu troco duas horas do produtor de cervo, por duas horas do produtor de castor. Nesse caso, o trabalho comandado é igual ao incorporado. Comandado: o trabalho que eu consigo comandar por ser dono da mercadoria cervo. Incorporado: quantidade de trabalho incorporada no cervo. Com um cervo eu compro duas horas do produtor de castor – que seriam dois castores – e eu demandei duas horas para produzir um cervo; portanto, ao trocar, eu consigo fazer o outro trabalhar o mesmo tanto que eu trabalhei. Com duas horas que eu levei que estão incorporadas no cervo, eu consigo mobilizar duas horas do produtor de castor. Trabalho incorporado: esforço que eu dispendo para produzir algum tipo de bem (2 horas). Trabalho comandado: com um cervo eu consigo comandar duas horas do produtor de castor/ quantas horas de trabalho do produtor de castor eu consigo comandar por ser dono do cervo. Que processo pode levar a você trocar os bens pela quantidade de trabalho necessário para produzi-los? Smith só fala que na sociedade primitiva as trocas vão se dar de acordo com a proporção de trabalho necessário para a produção de algum bem, ele não diz o porquê. Fallen sugere que duas coisas podem estar atrás disso: Primeiro, os participantes nessa transação consideram essa troca justa, e segundo, a competição. Sociedade moderna: capital e propriedade privada da terra. Capital: Define o capital similarmente a definição dos fisiocratas. Uma riqueza previamente acumulada/ um estoque de riqueza, que vai ser usada para empregar gente, comprar mercadorias, máquinas, etc, que vão ser usados para sustentar um processo de produção, e, ao final esse produto vai ser vendido. Smith diz que o objetivo de se usar o estoque desta forma, é a obtenção de lucro. Smith diz que o dono do capital não teria interesse nenhum em empregar os trabalhadores, a não ser na esperança de conseguir com a venda do trabalho deles, algo mais do que seria suficiente para repor o seu estoque (de capital). Smith justifica esse lucro, pra ele faz sentido isso: algo tem que ser dado pro lucro do empreendedor do trabalho, que põe em risco o seu estoque nessa empreitada. Associa o lucro e justifica sua existência, remetendo ao risco. Lucro tem uma natureza totalmente diferente da natureza do salário (nisso, Adam está se contrapondo aos fisiocratas). Os fisiocratas tinham uma noção muito clara de adiantamentos, de capital, mas não tinham uma noção muito clara de lucro; para eles, o único excedente seria renda da terra; lucro parecia ser uma remuneração pelo trabalho de supervisão, organização, gerência. Smith faz questão de falar que não, são coisas totalmente diferentes, que tem determinantes diferentes. Smith fala dos determinantes do lucro, da renda da terra e do salário. O lucro é totalmente regulado pelo valor do capital ou patrimônio empregado, sendo o lucro maior ou menor de acordo com a extensão desse patrimônio. Lucro é excedente, salário de supervisão é custo (adiantamentos). Lucro é proporcional ao estoque de capital, ao tamanho do capital que foi adiantado. Teoria aditiva do valor: Lucro é um componente e salário é outro componente do preço. Depois ele adiante outro componente, que vai ser a renda da terra. Preço natural: salário + lucro + renda, pagos todos às suas taxas naturais. No preço das mercadorias, os lucros do patrimônio ou capital empenhado, constituem um componente totalmente distinto dos salários pagos pelo trabalho, sendo regulados por princípios bem diferentes. Então, salário e lucro têm determinantesdiferentes e os dois vão compor o preço da mercadoria. Nessa nova situação (sociedade moderna), o produto do trabalho já não pertence integralmente ao trabalhador, uma parte vai ficar com o dono do capital, na forma de lucro. O valor que os trabalhadores acrescentam aos materiais, desdobra-se em duas partes ou componentes, sendo que a primeira paga os salários dos trabalhadores e a outra os lucros dos empresários, por todo o capital e salários que ele adianta no negócio. Propriedade da terra: Com a apropriação privada da terra, os donos de capital demandam um pagamento pela utilização da terra. Ou seja, uma renda da terra. Essa vai ser uma segunda dedução do produto produzido pelo trabalhador. Aquilo que o trabalhador produziu vai ser vendido por um determinado preço e, uma parte desse resultado vai voltar para o trabalhador na forma de salário, mas uma parte vai se tornar lucro, e outra parte, renda da terra. Portanto, a renda da terra é a segunda dedução do produto do trabalho. Agora tem duas pessoas (dono do capital e dono da terra), abocanhando parte daquilo que antes ficava somente para o trabalhador. *Sobre exploração: Smith não quer dizer que o trabalhador é “explorado” nessa sociedade. Ao contrário, ele legitima o lucro que o dono do capital deve receber, pois este se arrisca. Ele também legitima a renda da terra. Ele parece ter uma visão otimista em relação as possibilidades da sociedade comercial, que proporciona liberdade e outra série de coisas que Smith valorizava, e, que era capaz ao crescer de beneficiar a todos. Teoria aditiva do valor: O valor da mercadoria vai ser composta pelo preço natural, salário, lucro e renda pago às suas taxas naturais. “O regulador do valor não era mais a quantidade de trabalho incorporado como era na sociedade primitiva, deveria agora ser buscado pela investigação da forma de lucro, renda e salários que compõe o preço natural e como eles são determinados”. As taxas de trocas não vão ser mais determinadas pelas quantidades de trabalho incorporado nas mercadorias, mas sim pelas relações entre os preços naturais, e os preços naturais vão ser dados por salários, lucros e rendas pago á suas taxas naturais. Fallen: “A teoria aditiva de Smith propõe determinar o preço natural da mercadoria somando o salário necessário para produzi-la multiplicado pelo salário natural; a terra requerida para produzi-la x a renda natural e o capital requerido para produzi-la x taxa natural de lucro”. Então, nessa sociedade trabalho comandado ainda é igual a trabalho incorporado? Não. Exemplo: Bem 1: Tem 2 horas de trabalho incorporado (levo duas horas para produzir esse bem). O salário é R$50/h. O preço da mercadoria vai ser 2 horas x R$50 = R$100. Mas o preço não vai ser só isso. Além do salário pago, tem o meu lucro (R$50), e renda da terra (R$50). O preço total da mercadoria vai ser R$200. Com R$200, quantas horas eu consigo comprar no mercado se o salário é R$50/h? Eu consigo comprar 4 horas. Então a posse desse bem 1, me permite comandar ou comprar no mercado 4 horas de trabalho. No entanto, eu demandei apenas 2 horas para produzir esse bem. Logo, o trabalho comandado (4 horas), vai ser maior que o trabalho incorporado (2 horas). O trabalho comandado mede não só o valor daquela parcela do preço que se consiste em salário, mas também daquela que consiste em lucro e renda. Se o preço da mercadoria fosse dado somente por salário, o trabalho comandado e incorporado seriam iguais, mas não é isso que foi visto no exemplo, pois o preço não é composto somente por salário, mas também por lucro e por renda. Portanto, nessa sociedade comercial, por conta da existência de lucro e renda compondo o preço das mercadorias, vamos ter sempre o trabalho comandado sendo maior que o trabalho incorporado. Smith abandona a regra que ele estabeleceu de taxa de troca sendo regulada pela quantidade de trabalho. Na sociedade comercial isso já não vale. Agora, a taxa de troca vai ser dada pela relação entre os preços naturais; e os preços naturais vão ser dados pelo que vai ser pago de salário, lucro e renda pago às suas taxas naturais. B1: 2 horas de trabalho incorporado B2: 2 horas de trabalho incorporado Salário: R$50/h = R$100 Salário: R$50/h = R$100 Lucro: R$50 Lucro: R$200 Renda: R$50 Renda: R$100 Preço total (natural) do bem: R$200 Preço total (natural) do bem: R$400 Com 1 B2 eu compro 2 B1. Para Smith, na sociedade primitiva o que determina preços relativos, é o trabalho. Na sociedade comercial, o que determina preços relativos, é o que acontece com salário, lucro e renda às suas taxas naturais em cada um dos setores. Só que salário, lucro e renda são preços também, então por enquanto Smith não tem uma teoria do valor boa, pois uma boa teoria do valor não inclui preço. Duas teorias do valor que são boas e consistentes é a que os preços são determinados pelo trabalho ou que são determinados pela utilidade. Por isso, Smith não apresenta uma boa teoria do valor. Napoleonni vai dizer: “É evidente que nos deparamos com dificuldades quando tratamos de elementos que determina o trabalho comandado. As taxas naturais de salário, lucro e renda, são igualmente valores, portanto, seria igualmente necessário precisar o que os determinam. Smith não consegue formular uma teoria do valor de troca capaz de satisfazer aquele requisito essencial que consiste em determinar valores a partir de elementos que não dependam de valores. Nesse sentido, a teoria de valor de Adam Smith constitui indubitavelmente um grande fracasso”. Da mesma forma que a gente pode decompor o preço da mercadoria, a gente pode falar que as três fontes originárias do produto nacional são salário, lucro e renda. Se você recebe juros, isso sai de alguma fonte originário, no caso, sai do lucro. Então, todas as rendas derivadas saem de alguma forma dessas remunerações que são salário, lucro e renda. Há uma ligação muito forte entre a teoria de distribuição e a teoria de valor de Smith. Para ele, salários e lucros podem crescer ao mesmo tempo (Para Ricardo e Marx, quando um crescia o outro diminuía). Na teoria do valor de Smith, a distribuição já está inclusa/determinada no preço natural do produto, por que através de salário lucro e renda, já se sabe quanto cada categoria de pessoa vai ganhar. Na teoria do valor do trabalho, não é possível fazer essa determinação. Então, a forma como ele apresenta sua teoria do valor já implica uma certa distribuição. O capital anual, ou seja, o capital ganho, vai ser sempre maior que o capital inicial, ou seja, o capital empregado. Smith diz que se todo o capital ganho, todo o excedente fosse aplicado de volta na produção, mais pessoas seriam empregadas e a economia cresceria mais e mais a cada ano. A questão de quanto trabalho você consegue comandar, dá uma medida do potencial de crescimento da economia.
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