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www.facebook.com/groups/livrosparadownload www.slideshare.net/jsfernandes/documents http://www.facebook.com/groups/livrosparadownload http://www.slideshare.net/jsfernandes/documents 01/03/13 vwwv.visionvoxcom.br/bj blioteca/o/O-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.bí 0 DESENVOLVIMENTO DO PSIQUISMO ALEXIS LEONTIEV 0 DESENVOLVIMENTO DO PSIQUISMO Livros Horizonte Centro de Confecção de Material em Braille Cascavel -- Paraná Julho -- 2001. Digitação: Edna Volkmann Siqueira Contra-capa HORIZONTE UNIVERSITÁRIO A Formação da Ciência Econômica Henri Denis Problemas de História da Filosofia Théidore Oizerman T ? v< r i - i -i ^ C r t k v - r t /-K /-J ^ r-v -i #-i H------, T » - , U -i v* A -> www.visionvoxcom.br/biblicfteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.txt 1/137 http://www.visionvoxcom.br/biblicfteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.txt 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 ILI1ÜCLXU OUJJ.Lt: U LítíütíllVUlVllLLeilLU Lld ^UIIUtíp^cLU riUlllüLd u a n iüLU Ilü Piekhamov História Geral do Socialismo I vol. Jacques Droz e outros História do Socialismo li vol. Jacques Droz e outros História Geral do Socialismo Iii vol. Jacques Droz e outros Posições Louis Althusser Do Portugal do Antigo Regime ao Portugal Oitocentista Albert Sübert 0 desenvolvimento do Psiquismo Alexis Leontiev Título original: Le développment du psychisme Copyright by: Editions Sociales Tradução: Manuel dias Duarte Capa: Soares Rocha INTRODUÇÃO A obra psicológica de Alexis Leontiev é das mais notáveis da nossa época, E todavia é pouco conhecida nos países de língua francesa, As traduções de alguns trabalhos seus, dispersas por órgãos especializados como o Bulletin de psychelogre ou nas Recherches internationales à la lumière du marxisme e a sua participação constante em encontros internacionais valeram ao autor uma autoridade incontestável. Faltava a obra fundamental que apresentamos aqui. Trata-se dos elementos de uma teoria do psiquismo humano. Leontiev recusa, no entanto, a qualificação de teórico. Com efeito, no decurso de meio século de actividade científica, efectuou e dirigiu um número considerável de trabalhos experimentais. Foi a partir deles e para melhor os interpretar que se interessou pelos problemas metodológicos e que chegou a uma concepção de conjunto. Seria simplista de mais afirmar que a sua teoria deve bastante ao marxismo enriquecendo-o, em contrapartida, pelo simples facto de Leontiev trabalhar na União Soviética. Foram assuas investigações que o levaram a defender a natureza socio-histórica do psiquismo humano e, a partir daí, a teoria marxista do desenvolvimento social tornava-se-lhe indispensável. Experimentador, Alexis Leontiev não limita o seu horizonte ao laboratório, Preocupa-se com os problemas da vida humana em que o psiquismo intervém. 0 seu campo de estudos compreende a pedagogia, a cultura no seu conjunto, o problema da personalidade, Mais directamente ensina, dirige e organiza a investigação, criou a Faculdade de Psicologia da Universidade de Moscovo, de que é decano, intervém e é conselheiro em numerosos órgãos e organismos da vida científica, filosófica e política, Página 8 Após as suas primeiras investigações sobre as reacções afectivas, empreendeu, sob a direcção de Vygotski, vários trabalhos sobre o desenvolvimento ontogénico do psiquismo, www.visionvDX.com.br/bi blioteca/o/O-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.txt 2/137 http://www.visionvDX.com.br/bi especialmente sobre a memorização. Em 1932, estuda, em Kharkov, o desenvolvimento da actividade intelectual prática e da consciência na criança e dedica-se aos problemas teóricos das relações entre a estrutura da actividade e as formas do reflexo psíquico, Isso condu-lo a investigações nos domínios da psicofisiologia e da zoopsicologia, ao mesmo tempo que dirige um grupo de pesquisas com fins práticos sobre a percepção das ilustrações nas crianças. De regresso a Moscovo em 1935, Leontiev consagra-se aos problemas da génese da sensibilidade e da teoria geral do desenvolvimento psíquico. Durante a guerra estuda o restabelecimento das funções motrizes dos feridos e organiza um hospital especializado. As observações e trabalhos feitos nesta ocasião conduziram, após alguns anos, à hipótese da estrutura do sistema das funções psíquicas (1954). Regressa então aos problemas da psicologia da criança e à pedagogia e à psicologia geral. É neste momento que aparece a primeira edição da presente obra. Desde então, paralelamente às suas publicações e ao seu intenso trabalho .de organização e de ensino, o autor continuou as suas pesquisas. Interessou-se pelos problemas da ergonomia, por certas questões levantadas pela automatização. Prosseguindo os seus trabalhos sobre a percepção e a imagem descobriu, recentemente, um curioso fenômeno baptizado por ele de "efeito de lobo", mais conhecido hoje sob o nome de "efeito Leontiev" (primeira publicação em 1974) e que fornece novos dados sobre a formação das imagens visuais na consciência. Finalmente, um pequeno livro muito importante, aparecido em Moscovo em fins de 1975, reúne os trabalhos e reflexões dos últimos anos sob o titulo: Actividade, consciência, personalidade ("Actividade" é tomada explicitamente aqui no sentido concreto do alemão Tätigkeit). Um prefácio-profissão de fé introduz este livro e não poderíamos fazer melhor do que dar dele alguns breves extractos. 0 autor afirma inicialmente que este livro teórico não foi escrito pelo gosto de teorizar: "Os esforços para esclarecer os problemas metodológicos da ciência psicológica foram sempre motivados por uma necessidade constante de referências teóricas, referências sem as quais as investigações concretas permaneceriam inevitavelmente atingidas de miopia". E continua: Página 9 "Há quase um século que a psicologia vive uma crise de metodologia. O sistema dos conhecimentos psicológicos, partilhado no seu tempo entre as ciências humanas e as ciências naturais, cindido numa parte descritiva e numa parte explicativa, abre cada vez mais brechas por onde o próprio objecto da psicologia parece desaparecer. Este objecto reduz-se, e muitas vezes sob o pretexto do necessário desenvolvimento das pesquisas interdisciplinares. Ouvem-se mesmo vozes que clamam: "Vinde à psicologia e reinai sobre nós." o paradoxo é que, mau grado todas as 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 www.visionvoxcom.br/bi blioteca/o/O-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 3/137 http://www.visionvoxcom.br/bi 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 LtíUIUJClü, bt: UJJüeiVd dLLUdlILLeilLt; I1U ILLUIIU.U IULGIIU LULLd eALIdUIUJ-Ildlld aceleração do desenvolvimento das pesquisas psicológicas sob a pressão directa das exigências da vida. Donde uma contradição crescente entre a enorme quantidade de factos acumulados escrupulosamente pela psicologia em laboratórios perfeitamente equipados e o estado lamentável do seu fundamento teórico e metodológico. A negligência e o cepticismo em relação à teoria geral do psiquismo e a extensão tomada pelo factologismo e o cientismo que caracterizam a psicologia americana contemporânea (e não só ela!), são erigidos como uma barreira no caminho do estudo dos problemas psicológicos capitais. Percebe-se sem dificuldade o elo entre estes fenômenos e a decepção que suscita o fracasso das primeiras tendências européias ocidentais e americanas que pretendiam realizar em psicologia, a revolução teórica tão esperada. Quando o behaviorisrno apareceu, falou-se de um fósforo junto de um barril de pólvora; depois acreditou-se que, em vez do behaviorisrno, seria a psicologia da Gestalt que teria descoberto o principio geral capaz de fazer sair a psicologia do impasse a que a tinha conduzido a análise elementarista, "atomizada"; por fim, bastantes foram aqueles a quem o freudismo fez virar a cabeça, encontrando, digamos assim, no inconsciente o ponto de apoio quepermitiria recolocar a psicologia sobre os seus pés e dar-lhe verdadeiramente vida. Outras tendências psicológicas burguesas tiveram sem dúvida menores pretensões, mas a mesma sorte as esperava; encontramo-las todas na caldeirada que cozinham hoje, cada um à sua maneira, os psicólogos em busca de uma reputação de "grande espírito". Página 10 Leontiev fala em seguida da psicologia soviética. O essencial no caminho que ela percorreu, escreve Leontiev, é que "foi o caminho de uma luta incessante orientada para a assimilação criadora do marxismo-leninismo e contra as concepções idealistas e mecanistas biologizantes, que tomava ora um rosto ora outro. Seguindo uma linha oposto a estas concepções havia .que preservar-se quer do isolacionismo científico quer da adopção de posições duma das escolas psicológicas em presença. Compreendíamos todos que a psicologia marxista não é uma tendência particular, não é uma escola, mas uma nova etapa histórica que representa o princípio de uma psicologia autenticamente científica e consequentemente materialista". Na opinião do autor, "há que reconhecer que nestes últimos anos a atenção pelos problemas metodológicos da psicologia diminuiu um pouco. Isso não quer dizer evidentemente que se discuta menos sobre questões teóricas ou que sobre elas se escreva menos. Tenho para mim outra razão: uma certa negligência metodológica em muitas das pesquisas psicológicas concretas, inclusive em pesquisas aplicadas (...). Criou-se como que uma impressão de dicotomia: de um lado, o domínio da www.visionvoxcom.br/bi biioteca/o/O-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 4/137 http://www.visionvoxcom.br/bi problemática filosófica psicológica, do outro o das questões metodológicas especialmente psicológicas surgidas de pesquisas experimentais concretas (...). Mas é necessário que os problemas parciais não escondam os problemas mais gerais e que os métodos da investigação não dissimulem a sua metodologia. Com efeito, o psicólogo experimentador preocupado com o estudo de questões concretas continua inevitavelmente a confrontar-se com os problemas metodológicos fundamentais da psicologia. Só que eles se lhe apresentam sob uma forma disfarçada pois a solução das questões concretas parece não depender deles e exigir apenas a multiplicação de dados empíricos cada vez mais precisos. Criou-se uma ilusão de "desmetodologização" do domínio das pesquisas concretas, o que mais reforça a impressão de desconexão das ligações internas entre as bases gerais teóricas marxistas da psicologia científica e o. seu material de factos. Resulta daqui uma espécie de vazio no sistema dos conceitos psicológicos, vazio no qual se infiltram concepções engendradas por opiniões estranhas, no seu fundo, ao marxismo". Página 11 O autor indica em seguida que os trabalhos que conduziram ao seu novo livro resultam simultaneamente da tomada de consciência das dificuldades descritas e dos resultados das pesquisas concretas contemporâneas. Ele qualifica-as como "um ensaio de compreensão psicológica das categorias mais importantes para a construção de um sistema não contraditório da psicologia enquanto ciência da génese do funcionamento e da estrutura do reflexo psíquico da realidade que mediatiza a vida dos indivíduos". E explica-se sobre as três categorias assim encaradas; a actividade concreta, a consciência humana, a personalidade. "A análise psicológica da actividade (...) não consiste em extrair desta os elementos psíquicos para os estudar à parte, mas em introduzir na psicologia unidades de análise que portem em si mesmas o reflexo psíquico na sua indissociabilidade com os elementos da actividade humana que o engendram e são mediatizados por ele. A posição que defendo exige a reorganização de todo o aparelho conceptual da psicologia, o que apenas foi esboçado neste livro e representa na sua maior parte tareia do futuro". No que concerne a consciência "ela deve ser considerada não como um campo contemplado pelo sujeito e sobre o qual se projectam as suas imagens e os seus conceitos, mas como um movimento interno particular engendrado pelo movimento da actividade humana". Há que "pôr em evidência a categoria de consciência psicológica, o que significa compreender as passagens reais que ligam o psiquismo dos indivíduos concretos e a consciência social e as formas desta, Isto não pode, porém, fazer-se sem a análise prévia dos componentes da consciência individual cujo movimento caracteriza a sua estrutura interna". Quanto á personalidade, Alexis Leontiev considera que concebê-la como objecto de 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 www.visionvoxcom.br/bi biioteca/o/O-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 5/137 http://www.visionvoxcom.br/bi 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 f c i ü L U U U psicológico é absolutamente incompatível com as concepções antropológico-culturais e com as concepções da sua dupla determinação biológica e social, Isso parece-lhe sobressair particularmente do exame dos "motores internos da personalidade e da ligação da personalidade do homem com os seus caracteres somáticos". "A concepção largamente espalhada das necessidades e inclinações do homem pretende que sejam elas que determinam a actividade da pesca e a orientam; a tarefa principal da psicologia é, portanto, estudar quais as necessidades que são inerentes ao homem e quais as emoções psíquicas (inclinações, desejos, sentimentos) que elas suscitam. Página 12 A outra concepção, por seu lado, consiste em compreender como é que o desenvolvimento da própria actividade humana, dos seus motivos e dos seus meios, transforma as necessidades humanas e engendra novas, na seqüência da qual a sua hierarquia se modifica, pois a satisfação de algumas delas reduz-se ao simples estatuto de condições necessárias da actividade humana e da existência do homem como pessoa". Opondo ao ponto de vista naturalista o seu ponto de vista psicológico, o autor precisa que, para Marx, "a personalidade é uma qualidade particular que o indivíduo natural adquire no sistema das relações sociais. O problema torna-se então inevitável: as propriedades antropológicas do indivíduo não se manifestam como determinando a personalidade ou entrando na sua estrutura, mas como condições dadas geneticamente da formação da personalidade e, ao mesmo tempo, como aquilo que determina, não os seus traços psicológicos, mas apenas as formas e os modos das suas manifestações". A obra que apresentamos aqui apareceu pela primeira vez em 1959. É uma recolha de trabalhos que o autor considera essenciais. Uma segunda edição, revista e aumentada, apareceu em 1964 e uma terceira em 1972. Foi esta última que traduzimos parcialmente para evitar dimensões excessivas. Foi o próprio Alexis Leontiev que quis proceder à escolha dos capítulos que figuram nesta tradução, assim como aconselhou eficazmente os tradutores. A versão inicial do Ensaio sobre o desenvolvimento do psiquismo data de 1947. Foi adaptada pelo autor em função de outras suas publicações e dos debates suscitados por este trabalho. 0 primeiro parágrafo resume a segunda parte da tese de doutoramento de A. Leontiev ("O desenvolvimento do psiquismo", 1940); os dois outros constituem as teses gerais de uma monografia preparada pelo autor, mas cuja bibliografia e documentação prévia se perderam durante a guerra. 0 resto desta recolha é formado por um conjunto de estudos em que Alexis Leontiev desenvolve certos aspectos das suas teses gerais ou expõe os resultados das investigações e das experiências que o conduziram à elaboração dessas teses. Página 13 www.visionvoxcom.br/bi biioteca/o/O-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 6/137 http://www.visionvoxcom.br/bi 01/03/13 vwwv.visionvoxcom.br/bj blioteca/o/O-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.bí É particularmente o caso dos trabalhos sobre o psiquismo infantil e sobre a percepção. O capítulo sobre o homem e a cultura retoma uma reflexão geral de grandeamplitude publicada pela primeira vez por ocasião do colóquio internacional da Tachkent em 1967. Acrescentamos que a obra que apresentamos conheceu numerosas traduções; na República Federal da Alemanha vai na sua quinta edição. Ao colocá-la à disposição de um vasto público francófono de psicólogos, de pedagogos, de filósofos, de moralistas e, mais geralmente, de homens e mulheres preocupados em compreender o destino dos homens para agir sobre ele, temos consciência de preencher uma lacuna bastante nefasta na formação do pensamento contemporâneo neste vasto e decisivo domínio. As Edições Sociais Páginas 14 e 15 PREFACIO DA PRIMEIRA EDIÇÃO (195 91 Extractos 0 problema do desenvolvimento do psiquismo é um dos problemas centrais da psicologia soviética. Isto deve-se ao tacto de a teoria do desenvolvimento do psiquismo não estar apenas na base da solução das mais importantes questões da psicologia, mas também das da pedagogia. A importância destes problemas aumentou muito particularmente neste momento, ao passo que as questões do desenvolvimento psíquico e da personalidade tomam uma grande actualidade. Como o problema tem múltiplos aspectos e se reveste de uma grande complexidade, o seu estudo deve fazer-se em várias direcções, sob diferentes planos e por meio de métodos diversificados. Os trabalhos experimentais e teóricos reunidos neste livro são apenas uma das muitas tentativas empreendidas para o resolver. Razão por que esta obra não pretende dar um apanhado geral ou uma síntese dos trabalhos psicológicos soviéticos e mundiais sobre o problema do desenvolvimento psíquico, afirmação que se aplica particularmente às numerosas pesquisas consagradas ao desenvolvimento do psiquismo na criança. Se bem que digam respeito a aspectos diferentes do problema, os trabalhos publicados aqui obedecem a uma intenção única e estão unidos por uma démarche comum no estudo dos fenômenos psíquicos. Como datam de diferentes períodos, alguns de dez ou quinze anos e mais, podem conter ideias que o autor modificou posteriormente. Razão por que a escolha comporta artigos recentes. Os indices deste volume devem-se a M. I. Bobneva e I. B. Guippenreiter. Páginas 16 e 17 ENSAIO SOBRE 0 DESENVOLVIMENTO DO PSIQUISMO D D U r A P T n r>7\ OT7r*TTATr̂ 7\ T7r iT r '7\/'̂ /1 QC>1\ www.visionvDX.com.br/bi blioteca/o/O-DESENVOLVIMENTO-DO- PSIQUISMO.txt 7/137 http://www.visionvDX.com.br/bi 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 oinjjuiNUrt E iL í i^ n u A segunda edição deste livro difere da primeira pela adjunção de novos trabalhos: "0 biológico e 0 social no psiquismo humano" e "0 homem e a cultura", não obstante certos artigos psicopedagógicos mais especializados terem sido retirados e outros de certo modo resumidos. Estas modificações têm por causa o desejo do autor de melhor realçar a ideia central do livro, a saber a da natureza socio-histórica do psiquismo humano. Esta ideia que se exprimiu, pela primeira vez, na psicologia de L. S. Vygostki, conservou toca a sua actualidade. Encontramos freqüentemente hoje ainda concepções segundo as quais os processos psiquicos superiores e as aptidões humanas dependeriam directamente e fatalmente dos caracteres biológicos hereditários. Estas concepções não são apenas propagadas activamente por certas escolas psicológicas estrangeiras. Manifestam-se também sob formas inconscientes e invisíveis, nos preconceitos pedagógicos ou outros, resultantes da desigualdade secular das condições sociais do desenvolvimento das pessoas. Se este livro contribuir para a luta contra estas opiniões biologizantes sobre a natureza e o desenvolvimento do psiquismo humano, o autor terá atingido o seu objectivo principal. Páginas 18 e 19 1 0 DESENVOLVIMENTO DO PSIQUISMO ANIMAL 1. Estádio do psiquismo sensorial elementar 0 aparecimento de organismos vivos dotados de sensibilidade está ligado à complexificação da sua actividade vital. Esta complexificação reside na formação de processos da actividade exterior que mediatizam as relações entre os organismos e as propriedades do meio donde depende a conservação e o desenvolvimento da sua vida. A formação destes processos é determinada pelo aparecimento de uma irritabilidade em relação aos agentes exteriores que preenchem a função de sinal. Assim nasce a aptidão dos organismos para reflectir as acções da realidade circundante nas suas ligações e relações objectivas: é o reflexo psíquico. Estas formas de reflexo psíquico desenvolvem-se com a complexidade estrutural dos organismos e em função do desenvolvimento da actividade que elas acompanham. Por esta razão, é impossível analisá-las cientificamente sem examinar a própria actividade dos animais. A que actividade animal se liga a forma de psiquismo mais elementar? A sua particularidade essencial é ser suscitada portal e tal propriedade que age sobre o animal, propriedade para a qual se orienta, mas que não coincide com as propriedades de que depende directamente a vida do animal. Assim, esta actividade é determinada não pelas propriedades actuantes do meio, mas por estas mesmas propriedades. Página 20 Sabe-se que quando um insecto se deixa prender numa teia www.visionvoxcom.br/bi biioteca/o/O-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 8/137 http://www.visionvoxcom.br/bi de aranha, esta se dirige imediatamente para ele e começa a envolvê-lo com os seus fios. O que é que suscita esta actividade e o que é que lhe determina a orientação? Para responder a esta questão convém eliminar, uns após outros, diversos elementos susceptíveis de agir sobre a aranha. Várias experiências permitiram estabelecer que é a vibração das asas do insecto que, ao transmitirem-se à teia, suscitam e orientam a actividade da aranha. Logo que a vibração das asas do insecto pare, a aranha deixará de se dirigir para a sua vítima. Inversamente, novas vibrações bastam para fazer com que a aranha se dirija para o insecto. Poder-se-á concluir daqui que é a vibração que engendra a actividade da aranha e a orienta para ela? Uma segunda experiência assim o mostra. Se aproximarmos da teia um diapasão em vibração, a aranha dirige-se imediatamente para ele, trepa para os seus braços, envolve-os com a sua teia e tenta mordê-lo com as mandíbulas (E. Rabaud). É, portanto, o fenômeno vibratório a causa, pois o diapasão e o insecto apanhado numa teia de aranha não têm outro ponto comum a não ser a vibração. Porque é que a actividade da aranha está ligada a uma vibração que age sobre ela, mas que não desempenha qualquer papel na sua vida? Porque a acção da vibração se encontra, nas condições normais, em relação estável e determinada com a substância nutritiva, o insecto capturado na teia. Chamaremos a esta relação que existe entre a propriedade actuante (agente, estimulo) e a satisfação de uma necessidade biológica, "sentido biológico" da acção considerada. Diremos, pois, que a actividade da aranha é dirigida para um corpo em vibração em virtude de a vibração ter torrado para ela no decurso da sua evolução especifica o sentido de alimento. 0 sentido biológico de um agente exterior não é invariável para o animal. Ele desenvolver-se e modifica-se no decurso da sua actividade em função dos elos objectivos que existem entre as propriedades correspondentes do meio. Assim, quando se alimenta sistematicamente de ventres um sapo esfomeado e em seguida lhe apresentamos um fósforo e uma pequena bola de musgo, ele atira-se ao fósforo que é alongado como o ventre e não toca no musgo: a forma alongada tomou para ele o sentido biológico de alimento. Em contrapartida, se fornecermos inicialmente ao sapo aranhas, ele atira- se ao musgo que se assemelha pela sua forma a uma aranha, e não reage de maneira alguma ao fósforo: agora, os objectos esféricos tomaram, portanto, para ele, o sentido de alimento. Página 21 Devemos notar que os elos do sentido aparecidos na actividade animal são ligações condicionais que apresentam um carácter particular, podemosmesmo dizer extraordinário. Eles distinguem-se nitidamente das ligações condicionais que fornam o mecanismo do próprio comportamento, isto é, das ligações com a ajuda das quais se realiza o comportamento. Quando o animal ao ver o alimento se dirige para ele, isto é, quando estamos a tratar com uma 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 www.visionvoxcom.br/bi biioteca/o/O-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 9/137 http://www.visionvoxcom.br/bi 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 x x y d y d u u . t : u x u u v x s u d u . u d x x m t u i L U " d - L x i L L t i i i L u , t i ü u d x x y d i ^ d u d p d i e u t : t : i i L u u x i x u d - ü e absolutamente de maneira diferente das que surgem no processo pelo qual se forma nele o hábito de contornar um obstáculo encontrado no caminho (ligação "obstáculo-contorno"). Várias pesquisas mostraram que as ligações do primeiro tipo se formam muito rapidamente "em campo" e que de igual maneira se destroem; basta para isso uma ou duas combinações. Em contrapartida, as ligações do segundo tipo nascem e extinguem-se lentamente, progressivamente. Por exemplo, os pintos começam a bicar efectivamente a gema do ovo partido com sucesso logo à primeira; basta então a um pinto de dois dias bicar uma ou duas vezes uma casca de laranja amarga para que o seu comportamento alimentar face à gema do ovo se extinga (Morgan e outros). Por outro lado, os pintos devem fazer várias dezenas de ensaios para que os seus movimentos de bicagem se adaptem perfeitamente às condições exteriores em que recebem o alimento. Para estudar a formação dos hábitos no sapo, Bujtendijk (1930) fez uma série de experiências em que dava a comer aos animais insectos cuja substância provocava neles uma reacção muito negativa. Bastava um ensaio para que o sapo recusasse durante várias horas engolir todo o insecto deste tipo ou mesmo qualquer outro insecto que se assemelhasse. Noutras experiências, Bujtendijk colocou um vidro entre o sapo e a sua presa (no caso uma lombriga); nestas condições, o sapo manifestava uma grande perseverança se bem que todas as vezes chocasse contra o vidro; foi necessário um grande número de tentativas antes que a reacção se extinguisse. Mesmo o reforço do elemento de "punição" (reforço negativo) não provoca nestes casos a cessação dos movimentos do sapo. Página 22 A rã das experiências de Abbot esteve durante 72 horas a lançar-se a uma presa envolvida em agulhas, enquanto a epiderme da sua mandíbula superior não ficou seriamente ferida. O significado biológico das diferenças entre as velocidades de formação destes dois tipos de ligações compreende-se bem se se considerar as condições de vida da espécie. "Se durante as suas caçadas vesperais o sapo chega à vizinhança de um formigueiro e caça uma formiga, a formação rápida de um hábito protege-o então contra a ingestão doutros insectos semelhantes prejudiciais pelo seu ácido fórmico. Inversamente, quando um sapo apanha uma lombriga e a perde uma repetição de movimentos poderá ainda proporcionar-lhe o alimento esperado (1). As ligações de sentido têm também um outro carácter, o de serem "bilaterais"; com efeito, a sua formação não tem apenas como resultado que a acção do excitante provoca uma reacção determinada, um comportamento determinado, mas também que a necessidade correspondente se reconheça" desde logo de certa maneira nó objecto excitante considerado, se concretize nele e provoque um comportamento activo de procura em relação a ele. A originalidade destas ligações foi sublinhada por Darwin, que relata www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 10/137 http://www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M especialmente as seguintes observações: "É muito mais fácil alimentar artificialmente um vitelo ou uma criança se nunca foram alimentados pela mãe do que se o foram nem que uma vez apenas..." As larvas "que se alimentaram durante algum tempo de uma dada planta, preferem morrer a comer outra que seria perfeitamente aceitável por elas por pouco que tenham sido habituadas desde o nascimento (2). Os trabalhos clássicos de Pavlov e dos seus colaboradores demonstraram igualmente a formação destas ligações de sentido "rápidas", mesmo quando não sublinharam particularmente o seu papel fundamental no comportamento (cf. os primeiros trabalhos de I. S. Tsitovitch e, mais tarde, as experiências de I. 0. Narbutovicth e outros). 0 reflexo do meio pelos animais encontra-se em unidade com a sua actividade. Isto significa que, se bem que sejam diferentes, são ao mesmo tempo inseparáveis. Há "passagens" entre eles. Notas: 1. F. J. J. Eujtendijk: Vue sur la psychologie animale, Paris, 1930. 2. Ch-Darwln, Oeuvres, t. Iii, M-L, 1939, p. 715 (em língua russa). Página 23 Estas passagens consistem em que, por um lado, o reflexo forma-se sempre no decurso da actividade do animal; assim, a existência e a exactidão do reflexo, nas sensações de um animal, de um objecto que age sobre ele, são determinadas pela existência ou não de uma ligação real entre o animal ao objecto considerado, no processo de adaptação do animal ao meio e na sua actividade, assim como da natureza desta ligação. Por outro lado, toda a actividade animal mediatizada pelas acções sofridas realiza-se em função da maneira como estas acções se reflectem nas sensações do animal. É evidente que o que é essencial nesta unidade complexa do reflexo e da actividade é a actividade do animal, que o liga praticamente à realidade objectiva; o reflexo psíquico das propriedades agentes destas realidades é imediato, derivado. A actividade animal, no primeiro estádio do desenvolvimento do psiquismo, caracteriza-se pelo facto de que ela responde a tal agente particular (ou a um grupo de agentes) em razão da ligação essencial destes agentes com as acções de que depende a realização das funções biológicas essenciais dos animais. Por este facto, o reflexo da realidade, ligado a esta estrutura da actividade, tem a forma de uma sensibilidade aos agentes particulares (ou grupos de agentes), isto é, de uma sensação elementar. Chamaremos a este estádio do desenvolvimento do psiquismo "estádio do psiquismo sensorial elementar". É o estádio de uma longa série de animais. É possível que certos infusórios superiores possuam uma sensibilidade elementar. Podemos ser muito mais afirmativos no caso de certos ventres, crustáceos, insectos e naturalmente todos os vertebrados. Numerosos investigadores puseram em evidência a variação do comportamento dos Vermes, quando se criam novas ligações. As experiências de Copelad e Brown (1934) provaram www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 11/137 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 http://www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 q u e ut> Anelídeos não reagem ou reagem negativamente ao contacto de uma vareta de vidro. Todavia, se ligarmos o contacto da vareta ao alimento, a reaccão do verme modifica-se: doravante o contacto provoca nele um movimento positivo em direcção ao alimento. Nota 3. M. Copeiad, F. Erown: "Modificações do comportamento no Nereis Virens." The Bioiogical Bulletin (o boletim biológico), Lxvii, 1934, No 3. Página 24 Nos Crustáceos, este género de variação pode tomar um carácter mais complexo. Como mostraram as experiências de B. Ten Cate Kazejewa (1934), uma ligeira excitação mecânica do abdómen de um bernardo-eremita que entrou na sua concha provoca um certo movimento neste último. Se prolongarmos a excitação, ele sai da concha e afasta-se (4). Este facto apresenta pouco interesse em si; o que é interessante são as modificações ulteriores do comportamento do crustáceo. Com efeito, se repetirmos sistematicamente estas experiências o comportamentodo animal modifica-se. Neste caso, o bernardo-eremita retira o abdómen da concha logo ao primeiro contacto, mas não se afasta e retoma quase imediatamente a sua posição inicial. 0 contacto tomou para ele doravante um sentido diferente: tornou-se sinal de saída do abdómen. Compreende-se que o desenvolvimento da actividade e da sensibilidade animais tenha por base material o desenvolvimento da sua organização anatômica. No estádio do psiquismo sensorial elementar, a via geral das modificações dos organismos passa primeiro pela diferenciação e multiplicação dos órgãos da sensibilidade; as sensações diferenciam-se correlativamente. Figura la, b e c: Esquema dos diferentes tipos de estrutura da fotossensibilidade (segundo Buddenbrock) Nos animais inferiores, por exemplo, as células sensíveis à luz estão repartidas por toda a superfície do corpo, de modo que a fotossensibilidade destes animais é muito difusa. Nota: 4 B. Ten Cate Kazejewa: Algumas observações sobre os bernardos— eremitas "Arquivos Holandeses de Fisiologia do Homem e dos Animais" Xix, 1934, n. 4. Página 25 Os primeiros animais que apresentam células fotossencíveis que se fecham junto da extremidade cefálica (Fig. 1, A) são os Vermes. Ao concentrarem-se, as células tomam a forma de placas (Bl); estes órgãos permitem já uma orientação bastante precisa para a luz. Por fim, num estádio ainda mais evoluído do desenvolvimento (Moluscos) estas placas imaginam e formam uma cavidade interna fotossensível de forma esférica, que age como uma "câmara clara" (C) que permite perceber os movimentos dos objectos. www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 12/137 http://www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M FIG. 2. O sistema nervoso reticular da medusa Por outro lado, desenvolvem-se os órgãos motores, órgãos de actividade exterior dos animais; o seu desenvolvimento é particularmente nitido em relação com duas mudanças principais: a passagem à vida terrestre e, nos hidrobióticos (animais que vivem em meio aquático), a passagem à perseguição activa de presas. FIO. 3. Sistema nervoso da estrela-do-mar Página 2 6 Com o desenvolvimento dos órgãos da sensibilidade e dos órgãos do movimento, vemos desenvolver-se o órgão de ligação e de coordenação dos processos: o sistema nervoso. FIG. 4. Sistema nervoso do insecto Na origem, o sistema nervoso é uma simples rede cujas fibras que partem em todas as direcções ligam directamente células sensíveis dispostas na superfície ao tecido contráctil do animal. Este tipo de sistema nervoso não se encontra nas espécies actuais. Na medusa, a rede nervosa que parte das células sensíveis está já ligada ao tecido muscular por intermédio de células nervosas motrizes. Este sistema nervoso reticular transmite a excitação por difusão, as fibras nervosas que a compõem apresentam uma condutibilidade bilateral; evidentemente, faltam os processos de inibição. A etapa seguinte do desenvolvimento do sistema nervoso é marcada pela individualização dos neurônios que formam os gânglios centrais. Numa das ramificações "da evolução (nos Equinodermes), os gânglios nervosos formam um anel periglótico munido de circuitos nervosos centrífugos. Este centro nervoso permite já movimentos relativamente complexos e coordenados, como os que efectua a estrela-do-mar abrir a concha de um bivalve. Página 27 Nas duas outras grandes ramificações da evolução (dos Vermes inferiores aos Crustáceos e Aracnídeos, dos Vermes inferiores aos Insectos), vemos aparecer um gânglio anterior (cefálico) mais maciço, ao qual se subordina o trabalho dos gânglios inferiores (Figs. 2, 4). A formação deste tipo de sistema nervoso é condicionada pela individualização, ao lado dos outros órgãos dos sentidos, de um órgão director, que se torna o órgão fundamental que mediatiza a actividade vital do organismo. A evolução deste sistema nervoso ganglionar conduz a uma diferenciação posterior, ligada à segmentação do corpo do animal. As modificações da actividade, neste está<aio de desenvolvimento, consiste numa complexidade crescente, paralelamente ao desenvolvimento dos órgãos de percepção e de acção e do sistema nervoso dos animais. Todavia o tipo geral de estrutura da actividade e o tipo geral de reflexo do meio não se modificam radicalmente no decurso deste estádio. A actividade é excitada e regulada 11 rvi — i r* A /-* ^ ̂ « v. -I- A ~ ~ 1 ̂ r-v ^ . -> -i -i ^ -I- ^ A www.visionvoxcom.br/biblicfteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.txt 13/137 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 http://www.visionvoxcom.br/biblicfteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.txt 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 p e i u u e u i l l c i s e i i t : u . t i d y e i i L e ü i ü u i ü u u ü ^ a u u u b e y u e n u i c i j _ ü u u t : d p e i u e p y d u da realidade jamais é percepção de objectos na sua totalidade. Assim, nos animais menos organizados -- os Vermes notoriamente a actividade é engendrada pela acção de um só agente; na sua base de alimento, estes animais utilizam sempre "um só órgão dos sentidos, não participando os outros (órgãos dos sentidos); é muitas vezes o tacto, mais raramente o olfacto ou a vista, mas sempre um só entre eles" (Wagner) 5. A complexificação da actividade faz-se em duas direcções principais. A primeira é articularmente manifesta na linha de evolução que vai dos Vermes aos Insectos e aos Aracnideos. A actividade animal tem por vezes ai a amplitude de cadeias muito compridas, constituídas por um grande número de reacções que respondem a diferentes agentes sucessivos. 0 comportamento da larva da formiga-leão é disso um excelente exemplo. A formiga-leão esconde-se na areia; quando está bastante enterrada para que os grãos da areia toquem na cabeça, isso provoca-lhe sacudidelas da cabeça e da parte anterior do corpo que projectam grãos de areia para cima. Nota: 5: A. Wagner: Nascimento e desenvolvimento das faculdades psiquicas (em lingua russa). fas. 8, 1928. Página 28 Figura 5. Funil da formiga-leão (segundo Doflein) Assim se forma um funil regular no centro do qual se encontra a cabeça da formiga- leão. Ao cair neste funil, as formigas deixam inevitavelmente cair alguns grãos de areia. Estes últimos ao atingir a cabeça da formiga-leão provocam nela os reflexos de "projecção" já descritos. Uma parte dos grãos de areia projectados atinge a formiga que é arrastada com a areia para o fundo do funil. Quando a 'formiga se aproxima das mandibulas da formiga-leão, estas fecham-se e a vítima é aspirada (Fig. 5, segundo Doflein, simplificada). 0 mecanismo desta actividade é um mecanismo de reflexos elementares, inatos, incondicionais e condicionais. Este tipo de actividade é característico dos Insectos, onde atinge os mais altos graus de desenvolvimento. Esta linha de complexificação da actividade não é progressiva e não conduz a modificações qualitativas ulteriores. A outra direcção da complexificação da actividade e da sensibilidade é, em contrapartida, progressiva. Ela conduz à mudança da própria estrutura da actividade e cria uma forma nova de reflexo do meio exterior; esta forma caracteriza o segundo, já mais elaborado, do desenvolvimento do psiquismo animal, o estágio do psiquismo perceptivo. Páginas 29 e 30 Esta orientação progressiva para uma actividade complexa está ligada à linha progressiva da www.visionvDX.com.br/bi blioteca/o/O-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.txt 14/137 http://www.visionvDX.com.br/bi evolução biológica (dos Vermideos aos Protocordados inferiores e depois aos Vertebrados). A complexificação da actividade e da sensibilidade nos animais manifesta-se aqui pelo facto de que o seu comportamento é comandado pela combinação de vários agentes simultâneos. Este tipo de comportamento encontra-se nos Peixes. Observa-se neles com particular nitidez a contradição entre um conteúdo já relativamentecomplexo dos processos de actividade e um alto desenvolvimento das diversas funções, por um lado, e de uma estrutura ainda primitiva, por outro. Estudemos agora experiências particulares sobre os peixes. Num aquário, onde vivem jovens silúrios da América, dispomos uma divisória transversal, mais estreita que o aquário, para deixar uma passagem entre a extremidade da divisória e uma das paredes do mesmo. A divisória é em gaze branca estendida num caixilho. No momento em que os dois peixes (que andam geralmente muito próximos um do outro) se encontram numa das partes, sempre a mesma do aquário, deita-se um pedaço de carne no fundo da outra parte. Excitados pelo odor da carne, os peixes vão direitos a ela, nadando ao longo do fundo. Vão então de encontro à divisória de gaze; quando estão a alguns milimetros dela, detêm- se um instante como para a observar, depois nadam ao longo da divisória, andam de um lado para o outro, até que por acaso encontram a passagem, após o que a transpõem para ir até à carne. Esta actividade estabelece-se em função de dois agentes determinantes. Ela é engendrada pelo odor da carne e manifesta-se na direcção deste agente predominante; por outro lado, os peixes reparam (visualmente) na presença do obstáculo; razão por que os seus movimentos na direcção do odor difuso reveste um carácter complexo ziguezagueante (Fig. 6 A). Todavia, não há aqui uma simples cadeia de movimentos; primeiro a reacção à gaze, depois a reacção ao odor. Também não há simples adição das influências dos dois agentes, provocando o movimento pela sua resultante. Trata-se de uma actividade coordenada de maneira complexa da qual podemos objectivamente retirar um conteúdo duplo, a saber: primeiramente, uma orientação determinada da actividade que conduz a um resultado apropriado. Figura 6 A, B, C e D: Esquema das experiências sobre peixes (A. V. Zaporojets e I. Dimanstein) Página 31 Este conteúdo aparece sob a acção do odor que tem para o animal o sentido biológico de alimento; depois, movimentos de contorno propriamente ditos; estoutro conteúdo da actividade está ligado a um agente determinado (o obstáculo), distinto do odor do alimento. Por si próprio não pode desencadear a actividade dos animais; a gaze em si mesma não provoca qualquer reacção nos peixes. 0 segundo agente não está, portanto, ligado ao objecto que desencadeia a actividade e para a qual esta se orienta, mas às condições nas quais é dado este objecto; tais são a diferença e a relação ̂ A ^ r-, r-J -I TP ^ A- TT-, -u-y-, -F 1 -I- ̂̂ v.-. www.visionvoxcom.br/biblicfteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.txt 15/137 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 http://www.visionvoxcom.br/biblicfteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.txt 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 u u j e u L i v c i ü G A i ü L e i L L u ü l i u -l ü d y e i i L t i ü . i l ü u c l j - t i - L e n ^ c L U u j j j c l l i v c i i e n e u L e - ü t : i i d actividade dos peixes estudados? Manifesta-se também para o peixe como dividida em duas? Primeiramente, como estando ligada ao objecto, isto é, ao gerador de actividade; em segundo, como relacionando-se com as condições de actividade e, em geral, como outra? Só o prosseguimento da experiência pode dar a resposta. Se prosseguirmos as experiências de nutrição dos peixes colocando todas as vezes um obstáculo no seu caminho, vemos operar-se uma espécie de "reabsorção" dos movimentos inúteis e os peixes acabam por se dirigir imediatamente para a passagem que existe entre a divisória de gaze e a parede do aquário e em seguida para o alimento (Fig. 6, B). Passemos agora a uma segunda fase da experiência. Retiremos a divisória antes de alimentar os peixes. A gaze tinha sido colocada bastante perto do ponto de partida dos peixes para que eles não pudessem deixar de notar a sua ausência mau grado a sua visão relativamente aperfeiçoada; continuaram a repetir os movimentos de contorno nas novas condições, isto é, deslocar-se como se houvesse divisória (Fig. 6, C). Como indica a Fig. 6, D, a trajectória dos peixes acaba naturalmente por se rectificar; todavia, trata-se de um processo lento (A. V. Zaporojets e I. Dimanstein). Assim, o agente que determina o movimento do contorno nos peixes estudados está forçosamente ligado à acção do próprio alimento, ao seu odor. Isto significa que os peixes o percebem desde início como unido ao odor e não como fazendo parte de um outro «nó» de propriedades ligadas entre si, isto é, de uma outra coisa. Observamos, portanto, na seqüência desta complexificação progressiva da actividade e da sensibilidade animais, o aparecimento de uma discordância de uma contradição no seu comportamento. A actividade dos peixes (e evidentemente de outros Vertebrados) apresenta já um conteúdo que responde, objectivamente às condições agentes; para o próprio animal, este conteúdo está ligado aos agentes, para os quais se dirige a sua actividade no seu conjunto. Página 32 Dito por outras palavras, a actividade dos animais é, nos factos, determinada pela acção de coisas particulares (alimento, obstáculo), enquanto o reflexo da realidade permanece o reflexo do conjunto das suas propriedades distintas. Esta discordância resolve-se no decurso da evolução pela mudança da forma dominante do reflexo e pela reorganização do tipo geral da actividade animal; há passagem a um estádio mais elevado do desenvolvimento do reflexo. Antes de abordar o estudo deste novo estádio, devemos debruçar-nos sobre um problema particular, ligado a este, mais geral, da variação da actividade e da sensibilidade animais. Trata-se do problema do comportamento dito instintivo, isto é, inato, ou ainda "comportamento reflexo incondicional", e do comportamento que se modifica sob a acção das condições exteriores de existência do animal e sob a influência da sua experiência individual. As concepções que ligam os graus sucessivos do desenvolvimento do psiquismo a estes diferentes www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 16/137 http://www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M mecanismos de adaptação do animal ao meio estão largamente espalhados em psicologia. Assim, nesta óptica, o comportamento na base do qual se encontram os "tropismos" ou instintos dos animais seria o grau inferior do desenvolvimento psíquico; um grau superior caracterizar-se-ia por um comportamento fundado sobre reflexos condicionados, isto é, susceptíveis de se modificar individualmente. Estas concepções apoiam-se no facto incontestável de que quanto mais se sobe na escala biológica, mais se aperfeiçoa a adaptação dos animais às variações do meio, mais dinâmica é a sua actividade, mais facilmente se faz a sua "aprendizagem". Todavia, este ponto de vista concreto respeitante ao processo da actividade animal é extremamente simplista e funcionalmente errado. Primeiro, nada nos permite opor como graus genéticos diferentes o comportamento herdado, dito invariável sob a acção dos agentes exteriores, e o comportamento que se forma no decurso do desenvolvimento individual do animal, da sua adaptação individual. Página 33 "A adaptação individual -- escreve I. Pavlov -- existe em toda a extensão do mundo animal"(6). A oposição entre comportamento inato e comportamento adaptativo individual nasceu da redução falaciosa dos mecanismos de actividade animal a simples mecanismos inatos e da velha concepção idealista do termo "instinto". Considera-se geralmente os tropismos como a forma mais simples do comportamento inato. Segundo o autor da teoria dos tropismos animais, Jacques Loeb, o tropismo é um movimento automático imposto, determinado pelo facto de que os processos físico-químicos que se desenrolam nas partes simétricas do organismo não são idênticos devido às diferenças entre as influências que se exercem sobre ele (7). 0 renovo das raízes dos vegetais ofereceum bom exemplo destes movimentos impostos e constantes; com efeito, qualquer que seja a posição que se dê a uma planta, as suas raízes dirigem-se para baixo. Fenómenos análogos podem ser observados nos animais, mas a actividade animal não se reduz apenas ao mecanismo dos tropismos; ela é plástica, isto é, variável sob a influência da experiência. Assim, sabe-se que a maior parte das dáfnias apresentam um fototropismo positivo, isto é, efectuam movimentos forçados em direcção à luz. Todavia, G. Blees e alguns autores soviéticos (A. N. Leontiev e F. I. Bassine) demonstraram experimentalmente que o comportamento das dáfnias não se assemelha de modo algum ao "comportamento" das raízes vegetais (8). Eis a descrição dessas experiências. Arranja-se um pequeno aquário raso, iluminado apenas de um lado. No centro, fixa- se um tubo de vidro curvado em ângulo recto, de modo que um dos braços fique debaixo de água em posição horizontal e o segundo de pé na vertical, com a extremidade fora da água (Fig. 7). No princípio das experiências, a parte horizontal do tubo está dirigida para a 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 www.visionvoxcom.br/biblicfteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.txt 17/137 http://www.visionvoxcom.br/biblicfteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.txt 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 p c u - t i u t : -L j _ u i u - L u a u a u . u aquário, isto é, ao encontro da fonte luminosa (posição representada na Fig. 7). Notas: 6. I. Pavlov: Oeuvres complétes, t. Iii, Moscovo, LenmeZrado; 1949; pag. 415. (em lingua russa). 7. Cf. J. Loeb: Os movimentos forçados e os tropismos, Moscovo. 1924 (em lingua russa). 8. G. Blees: Fototropismo e experiências com a Dáfnia. "Arquivos Holandeses de Fisiologia do Homem e dos Animais", Iii. Páginas 34 e 35 Coloca-se uma dáfnia no tubo por meio de uma pipeta; ela desce rapidamente ao longo da parte vertical do tubo e começa a deslocar-se no braço horizontal, dirigido para a luz. Depois sai do tubo e nada livremente para a parede iluminada do aquário. 0 seu comportamento permanece, assim, estritamente submetido à acção da luz. As experiências seguintes consistem em fazer girar o tubo 45} em relação à linha de propagação da luz (posição representada a ponteado na Fig. 7). Nestas condições a dáfnia sai do tubo como anteriormente, embora mais lentamente. Este facto explica-se perfeitamente com a teoria dos tropismos. Podemos admitir estarmos perante a adição de duas influências: a influência da. luz e a da parede do tubo ligeiramente orientado de lado, que impede o movimento directo. A adição destes dois momentos exprime-se pelo movimento retardado da dáfnia através do tubo. Todavia a repetição destas experiências mostrou que a dáfnia atravessava o tubo cada vez mais depressa até que a sua velocidade se avizinhava da que era necessária para atravessar o tubo quando este estava virado para a luz. Por consequência, observa-se na dáfnia um certo exercício, ou seja, que o seu comportamento se adapta progressivamente às condições dadas. Figura 7: Dispositivo para as experiências sobre as dàfnias (segundo Blees). Nas experiências seguintes, vira-se o tubo 90}, 130} e finalmente 180}. Para cada uma destas posições do tubo a dáfnia aprende a sair dele relativamente depressa, se bem que deva, nos dois últimos casos, avançar no sentido oposto ao sinal do seu tropismo (Fig. 8). Figura 8: Variação do comportamento da dáfnia: I, experiências de Blees (1919); II, experiências de Leontiev, Bassine e Solomakh (1933-1934) À primeira vista, este facto pode não parecer contraditório com a "coacção" do fototropismo da dáfnia; pode-se supor que o fototropismo positivo da dáfnia se transforma num fototropismo negativo, sob a influência de condições desconhecidas para nós. Mas de facto, esta suposição é desmentida pelo facto de que uma vez saída do tubo a dáfnia se dirige de novo para a luz. Página 36 Assim, ressalta dos factos atrás expostos que o comportamento da dáfnia não se www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 18/137 http://www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M reduz aos movimentos automáticos forçados que são os tropismos. Os tropismos dos animais não são os elementos de um comportamento globalmente mecânico, mas os mecanismos dos processos elementares de um comportamento sempre plástico e capaz de se reorganizar em função das transformações do meio. 0 outro conceito, ligado em psicologia à ideia de um comportamento animal inato estritamente fixado, é o instinto. Existem diversas concepções do instinto. A mais espalhada é a que vê no comportamento instintivo um comportamento hereditário que não exige qualquer aprendizagem, que se forma sob a acção de estímulos determinados, se realiza de uma certa maneira determinada uma vez por todas e inteiramente idêntica para todos os representantes de uma mesma espécie animal. Razão por que o instinto é "cego", não leva em linha de conta as particularidades das condições exteriores de vida de um dado animal e não pode modificar-se a não ser no decurso da lenta evolução biológica, Esta concepção do instinto foi sustentada em especial por J. H. Fabre (9). Efectivamente, na maior parte dos animais altamente organizados, podemos distinguir bastante nitidamente, por um lado, os processos que são a manifestação de um comportamento que se formou no decurso da evolução histórica de uma espécie e que são fixados hereditariamente (por exemplo, certos insectos "sabem" construir favos) e, por outro, os processos de comportamento que aparecem no decurso da "aprendizagem" dos animais (por exemplo, as abelhas aprendem a escolher os recipientes que contêm xarope marcado por um sinal figurado particular). Os dados experimentais demonstram todavia que não é possível a oposição entre comportamento de espécie e comportamento elaborado individualmente, mesmo em graus inferiores do desenvolvimento animal. O comportamento animal é evidentemente um comportamento específico, mas é igualmente muito plástico. Assim o comportamento instintivo estritamente fixado não é o grau inferior do desenvolvimento da actividade nos animais. Este é o primeiro ponto. Nota 9. J. H. Fabre: Souvenirs entomologiques, Paris, 1910. Página 37 Segundo, mesmo nos graus mais elevados do desenvolvimento da actividade animal, não há tipo de comportamento instintivo que não se modifique sob a acção das condições da vida individual do animal. Isto significa que não existe, estritamente falando, comportamento definitivamente fixado, que seguiria simplesmente um estereótipo preexistente no próprio animal. Esta concepção do comportamento animal resulta de uma análise bastante pouco profunda dos factos. Eis o exemplo de uma das experiências de Fabre que foi aperfeiçoada posteriormente. Para provar que o comportamento instintivo só responde às condições de vida estritamente determinadas de uma dada espécie e que não é capaz de se adaptar a condições não habituais, Fabre fez uma experiência com abelhas solitárias. No dia em que estas abelhas saem do r . A „V, „ 1 - www.visionvoxcom.br/bi biioteca/o/O-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 19/137 http://www.visionvoxcom.br/bi primeira vez, elas têm que roer a massa compacta que o obtura. Fabre dividiu então os ninhos em dois grupos. Recobriu a entrada dos primeiros ninhos com uma folha de papel, de maneira que esta adere ao ninho; para o segundo grupo, utilizou um cone do mesmo papel que colocou de maneira a deixar um certo intervalo entre as paredes do cone e do ninho. O primeiro grupo de abelhas roeu a parede do ninho que as aprisionava, bem como o papel e libertou-se. Quanto às abelhas do segundo grupo, também elas roeram a parede dura do ninho, mas não conseguiram roer a parede de cone de papel separado do ninho e acharam-se, portanto,votadas à morte. Fabre conclui daqui que o insecto podia prolongar um pouco o acto instintivo de roer para deixar o ninho, mas que não era capaz de o renovar quando se apresentava um segundo obstáculo, por minimo que fosse; isto significaria, portanto, que o comportamento do insecto é cego e que só se efectua segundo uma ordem estereotipada e preexistente. Todavia a experiência de Fabre não é convincente. Não aprofundou suficientemente o seu estudo das condições artificiais nas quais colocou as abelhas. Posteriormente, demonstrou- se que as abelhas do segundo grupo ficavam presas na armadilha não porque fossem incapazes de adaptar o seu comportamento às novas condições criadas pela presença de um obstáculo insólito (a segunda parede de papel que envolvia o ninho), mas muito simplesmente porque a própria conformação das suas mandibulas não lhes permitia agarrar a superficie lisa do papel, se bem que tenham tentado fazê-lo. Página 38 Outras experiências provaram que o insecto podia renovar o acto de roer, se fosse necessário; com efeito, se se coloca à saida do ninho um tubo de vidro obturado numa extremidade por argila, a abelha rói a parede do ninho, percorre o tubo e rói o segundo obstáculo (o pedaço de argila). Isto prova que o comportamento instintivo das abelhas não está totalmente submetido a uma sucessão de actos preestabelecidos. 0 estudo detalhado do comportamento inato de uma espécie (as vespas solitárias, as aranhas, os caranguejos, os peixes e outros animais) mostra, portanto, que este último de modo algum é constituido por encadeamentos de movimentos imutáveis, fixados pela hereditariedade e cujos diferentes elos se sucederiam automaticamente; bem pelo contrário, cada um dos elos é excitado por sinais sensoriais determinados, em consequência do que o comportamento global do animal é sempre regulado pelas condições dadas e pode. portanto, variar consideravelmente (10). É ainda mais evidente que aquilo a que se chama o comportamento animal individual se forma sempre, por sua vez, a partir do comportamento instintivo da espécie; não poderia ser, aliás, de outro modo. Assim, tal como não existe comportamento integralmente realizado pelos www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 20/137 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 http://www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M movimentos inatos, insensíveis aos agentes exteriores, também não existem hábitos ou reflexos condicionais que sejam independentes dos elementos inatos. Razão por que não podemos opor estes dois tipos de comportamento. Podemos quanto muito afirmar que os mecanismos inatos desempenham um papel bastante grande em certos animais, enquanto noutros o são os mecanismos da experiência individual. Mas mesmo esta diferença não reflecte os verdadeiros estádios do desenvolvimento do psiquismo no mundo animal. Ela põe antes em evidência as particularidades que caracterizam as diferentes linhas de evolução dos animais. É assim que o comportamento inato encontra a sua manifestação mais nítida nos insectos que representam um dos ramos laterais da evolução. Assim, a diferença entre os tipos de mecanismos que asseguram a adaptação dos animais às mudanças do meio não poderia ser o único critério do desenvolvimento do seu psiquismo. 10. E. Rabaud: La uiologie des insectes; J. H. Fabre: Journal de Psychologie, 1924, n-0 8. Página 39 O essencial não é apenas de que maneira se modifica principalmente a actividade animal, mas é sobretudo o conteúdo e a estrutura interna desta actividade e as formas de reflexo da realidade que a ela se ligam. 2. Estádio do .psiquismo perceptivo 0 segundo estádio do desenvolvimento do psiquismo, que sucede ao do psiquismo sensorial elementar, pode ser chamado estádio do psiquismo perceptivo. Ele caracteriza-se pela atitude para reflectir a realidade objectiva exterior, não sob a forma de sensações elementares isoladas (provocadas por propriedades isoladas ou grupos de propriedades), mas sob a forma de reflexo de coisas. A passagem a este novo estádio de desenvolvimento psíquico está ligada à modificação da estrutura da actividade animal, já preparada no estádio anterior. Esta mudança de estrutura consiste em que temos agora diferenciado o conteúdo da actividade que antes se desenhava, conteúdo que se relaciona objectivamente com as condições do meio que é dado o objecto, e não com o próprio objecto para o qual está orientada a actividade do animal. Neste segundo estádio, o conteúdo não está já ligado aquilo que excita a actividade, tomado no seu conjunto, mas responde às acções particulares que o provocam. Assim, um mamífero contorna naturalmente um obstáculo colocado entre ele e o alimento. Isto significa que, tal como nos peixes do aquário dividido descrito mais atrás, podemos distinguir na actividade do mamífero um certo conteúdo objectivamente ligado ao obstáculo, que constitui uma das condições exteriores da actividade, e não ao próprio alimento que é o objecto da - > ^ 4 - 1 -r-rA U A www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 21/137 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 http://www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 ü U L i v i u ü u e . n a , todavia, uma grande diferença entre a actividade dos peixes e a dos mamíferos. Com efeito, enquanto o conteúdo da actividade dos peixes (o contornar) se conserva depois de retirado o obstáculo e só desaparece progressivamente, os animais superiores, colocados num caso análogo, dirigem-se em geral directamente para o alimento. Assim, nestes últimos, o estímulo para o qual está orientada a actividade não se confunde com a acção do obstáculo; eles agem independentemente um do outro para o animal. Página 40 e 41 Do primeiro, dependem a orientação e o resultado final da actividade, da segunda as modalidades da sua realização, por exemplo, os movimentos de rodeio. Chamaremos operação esta composição, este aspecto da actividade que responde às condições nas quais se encontra o objecto que a suscita. É precisamente a existência de operações distintas na actividade que indica que os estímulos que agem sobre o animal, que até lá se sucediam uns aos outros, começam a reagrupar-se: de um lado, as propriedades que caracterizam o objecto visado pela actividade e suas interacções, do outro lado, as propriedades dos objectos que determinam o modo de actividade, isto é, a operação. Se no estádio do psiquismo sensorial elementar a diferenciação dos estímulos estava ligada à sua simples reunião à volta de um excitante predominante, agora aparecem os primeiros processos de integração dos estímulos numa imagem única e acabada; eles reúnem-se enquanto propriedades de uma só e mesma coisa. Doravante o animal reflecte a realidade circundante sob forma de imagens mais ou menos segmentares de coisas individualizadas. Encontramos a maior parte dos Vertebrados actuais nos diversos níveis do estádio do psiquismo perceptivo. A passagem a este estádio está aparentemente ligada à passagem dos Vertebrados a um modo de vida terrestre. 0 nascimento e o desenvolvimento do psiquismo perceptivo nos animais são condicionados por mudanças anatômicas e fisiológicas profundas. A principal de entre elas é o desenvolvimento e a transformação do papei dos órgãos dos sentidos que agem à distância, em primeiro lugar da vista. O seu desenvolvimento traduz-se por uma modificação tanto da importância que eles têm no sistema geral da actividade como da forma das suas correlações anatômicas com o aparelho nervoso central. Se, no estádio precedente, a diferenciação dos órgãos dos sentidos conduzia a isolar de entre eles os órgãos, dominantes, nos Vertebrados os órgãos directores são cada vez mais órgãos que integram os estímulos exteriores. Esta integraçãoé possível graças a uma reorganização do sistema nervoso central com a formação do cérebro anterior, depois do córtex cerebral (em primeiro lugar nos Répteis). Inicialmente (nos Peixes, nos Anfíbios e nos Répteis), o cérebro anterior é uma formação puramente olfactiva, espécie de prolongamento do aparelho olfactivo central. A www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 22/137 http://www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M importância relativa dos centros ofactivos no córtex cerebral diminui consideravelmente no decurso do desenvolvimento (nos Mamiferos) em proveito da representação de outros órgãos dos sentidos. Isto vê-se nitidamente se se compara o lugar ocupado pelo cortéx olfactivo no ouriço- cacheiro (Fig. 9) e no símio. (Fig. 10) Página 42 Pelo contrário, a vista, cujo processo de "corticalização" começa no réptil, ocupa um lugar cada vez mais importante (Fig. 12). Nas Aves, os olhos são o receptor principal (Fig. 11). A vista desempenha igualmente o papel principal em muitos mamíferos superiores. Ao mesmo tempo, desenvolvem-se os órgãos da motricidade exterior, esses "instrumentos naturais" dos animais que permitem realizar as operações complexas que exige a vida no meio terrestre (correr, trepar, perseguir uma presa, transpor obstáculos, etc). As funções motrizes dos animais corticalizam-se cada vez mais (isto é, passam para o córtex cerebral), de modo que o pleno desenvolvimento das operações nos animais produz-se em relação com o desenvolvimento do córtex. Assim, se a actividade dos Vertebrados inferiores está ainda principalmente ligada aos centros inferiores (gânglios subcorticais), ela depende posteriormente muito mais do córtex, cu j as transformações estruturais reflectem todo o desenvolvimento ulterior. A diferenciação das operações que caracteriza o estádio do psiquismo dá origem a uma nova forma de fixação da experiência animal, a fixação sob forma de hábitos motrizes, no sentido restrito do termo. FIG. 11 Cérebro de ave Por vezes, chama-se hábito a toda a ligação que aparece na experiência individual. Mas com uma acepção tão lata do termo "hábito" este conceito torna-se muito vago e engloba um vasto conjunto de processos totalmente diferentes, desde modificações nas reacções dos infusórios às acções humanas mais complexas. Ao contrário desta extensão injustificada do complexo hábito, designaremos apenas por «hábitos)) as operações fixadas. Página 43 Esta definição do hábito coincide com a concepção proposta pela primeira vez na U. R. S. S. por V. P. Protopopov que provou experimentalmente que os hábitos motrizes dos animais se formam a partir dos elementos motores da transposição de um obstáculo, que é o carácter do próprio obstáculo que determina o conteúdo dos hábitos e que o próprio estímulo (isto é, o agente excitante principal) tem apenas uma influência dinâmica (sobre a rapidez e a estabilidade do hábito, mas que se não reflecte sobre o conteúdo do hábito. 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 FIG. 12. 0 deslocamento progressivo dos centros ópticos no córtex dos vertebrados (segundo IWTr-vv, \ ̂ TT-; —> ~ ^ ^ r- Av>+- A ~ v, ,-x A ■v/-v'U -u-̂ v 2í • V, ,-x A l . ̂ \ v, ,-x www.visionvoxcom.br/biblicfteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.txt 23/137 http://www.visionvoxcom.br/biblicfteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.txt 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 riuiidj^uv^ ; d f dt> viüü t: ut> ugiilluü u ^ li lu ü nu ue ie j j iu u.d i-d/ ; nu u; nu mamífero; 1. Cérebro anterior; 2, Cérebro intermediário; 3. Cérebro médio; 4. Cerebelo; 5. Bolbo- raquidiano Os elementos motores que entram na composição dos hábitos dos animais podem ter diferentes caracteres; tanto podem ser movimentos específicos, inatos, como movimentos adquiridos aquando de uma experiência anterior; por fim, podem ser movimentos fixados no decurso de ensaios motores fortuitos que o animal faz quando contrai um hábito. Encontramos pela primeira vez hábitos bem marcados, no sentido próprio do termo, apenas nos animais que possuem córtex cerebral. Nota: (11) Cf. V. P. Protcpopov: Condições de formação dos hábitos motrizes e sua característica fisiológica, Kliarkov-Klev, 1935. Página 44 Razão por que devemos considerar o mecanismo da formação e de fixação dos sistemas de ligações nervosas condicionais corticais, a base fisiológica da formação dos hábitos. A passagem ao estádio do psiquismo perceptivo acarreta igualmente uma transformação qualitativa da forma sensorial da fixação da experiência. Pela primeira vez aparecem no animal as representações sensitivas. A questão da presença de representações no animal ainda hoje é objecto de debates. Os factos são todavia numerosos para testemunhar de modo convincente esta presença. As experiências de Tinklepaugh (12) estiveram na origem do estudo experimental sistemático deste problema. Tinklepaugh dissimulava frutos atrás de uma divisória opaca, sob os olhos de um animal (um símio). Em seguida, substitua-os, sem o seu conhecimento, por uma couve, objecto evidentemente menos atraente para o símio. O símio dirigia-se então atrás da divisória; descobria a couve, mas continuava não obstante a procurar os frutos vistos anteriormente. 0 soviético N. I. Voitonis fez com uma raposa experiências análogas que mostraram os mesmos resultados (13) A este propósito, as observações sobre cães descritas por Beritov (14) apresentam grande interesse. Colocava um cão num determinado lugar, apresentava--lhe em seguida um sinal conveniente ao qual ele respondia correndo para uma manjedoura que se abria nesse mesmo momento. Na seqüência da experiência, antes de fazer entrar o cão no laboratório, conduzia-o até ao fim de um corredor onde se encontrava alimento; mostrava-lhe o alimento sem no entanto o autorizar a abocanhá-lo. Após o que o reconduzia ao laboratório; ao sinal combinado, ele corria para o comedouro, mas nada recebia. Nestas condições, o cão não Notas: (12) 0. L. Tinklepaugh: Estudo experimental dos factores representativos nos símios.» Journai of Comparative Psvchologie (Jornal de Psicologia comparada) t. VIII, 1928, n-o 3. (13) Cf. N. I. Voitcnls, A. V. Kréknina: Materiais para um estudo de psicologia www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 24/137 http://www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M comparada da memória. Recolha "instinkti 1 navyki" ("instintos e hábitos"). Moscovo, 1935. (14), S. Beritcv: Reflexo e comportamento. "Troudl biologuit cheskogo sektcra Akademii naouk CCCP" (trabalhos do sector de biologia da Academia de Ciências da U.R.S.S.) Departamento de Geórgia, t. 1, 1934. Página 45 voltava ao seu lugar como era hábito, mas corria pelo corredor e dirigia-se para o local onde anteriormente vira o alimento. As experiências com cães de Buitendijk e de Fichei são mais especializadas. Os dois autores demonstraram experimentalmente que, contrariamente aos Vertebrados menos organizados (os peixes), os cães, na sua reacção a uma situação anteriormente percebida (o engodo escondido sob os seus olhos), orientam-se para a própria coisa que lhes foi mostrada. Assim, com a modificação da estrutura da actividade dos animais e com a correspondente modificação da forma do reflexo da realidade por eles realizada, produz-se igualmente uma reorganização da função memória. No estádio do psiquismo sensorial elementar, esta função exprimia-se na esfera motriz dos animais sob forma de transformação sob a acção dos agentes exteriores dos movimentos ligados ao agente que excitava o animal e, na esfera sensorial, sob a forma de fixação de uma ligação entre os diversos agentes, Agora, neste estádio muito mais elevado, a função mnemónica manifesta-se na esfera motriz sob forma de hábitos motrizes e na esfera sensorial sob forma de memória figurada primitiva. Quando da passagem ao psiquismoperceptivo, os processos de análise e de generalização do meio exterior que agem sobre o animal sofrem transformações ainda mais importantes. Podemos observar processos de diferenciação e de associação dos diversos estímulos desde as primeiras etapas do desenvolvimento do psiquismo animal. Se colocarmos, por exemplo, um animal que na origem reage de maneira idêntica a dois sons diferentes, em condições tais que um só destes dois sons seja ligado a um estímulo biologicamente importante, o segundo som cessará gradualmente de provocar qualquer reacção. Uma diferenciação aparece, portanto, entre os dois sons; o animal reage doravante de maneira selectiva. Se, pelo contrário, se liga toda uma série de sons a este mesmo estímulo biologicamente importante, o animal reagirá identicamente a cada um desses sons; eles adquirirão para ele o mesmo sentido biológico. É a generalização primitiva. No estádio do psiquismo sensorial elementar observam-se, portanto, processos de diferenciação e de generalização dos Página 4 6 diversos estímulos, das diversas propriedades agentes. É importante notar que estes processos não são determinados por uma correlação dos estímulos tomada abstractamente, mas dependem do seu papel na actividade do animal. Razão por www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 25/137 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 http://www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 q u e u l a u L U de os animais diferenciarem facilmente ou não, generalizarem ou não diferentes estímulos, depende menos do seu grau de semelhança objectiva que do seu papel biológico concreto. Assim, as abelhas diferenciam facilmente as formas vizinhas das flores; em contrapartida, têm dificuldades em distinguir formas abstractas, mas perfeitamente nítidas (triângulo, quadrado, etc.). Esta situação encontra-se igualmente nas etapas ulteriores do desenvolvimento do mundo animal. Os cães, por exemplo, reagem aos mais fracos odores de origem animal, mas não manifestam qualquer reacção ao perfume das flores, ao produtos de perfumaria, etc. (Passy e Binet) (15). Em geral o cão é capaz de distinguir com grande finura um odor que tenha um sentido biológico para ele; segundo dados experimentais, nas condições da experiência, um cão distingue o odor de ácidos orgânicos em soluções até à milionésima parte. A passagem ao psiquismo perceptivo acarreta como modificação principal dos processos de diferenciação e de generalização o aparecimento nos animais da diferenciação e da generalização das imagens das coisas. 0 aparecimento é o desenvolvimento do reflexo generalizado das coisas é um problema muito mais complexo sobre o qual convém determo-nos mais particularmente. A imagem de um objecto não é a simples soma de diversas sensações, o produto mecânico de diversas propriedades que pertencem objectivamente a diferentes, objectos e agem simultaneamente. Assim, tomemos dois objectos quaisquer A e B, possuindo as propriedades a, b, c, d, e m, n, o, p; para que se forme uma imagem é necessário que estas diversas propriedades agentes se manifestem como formando duas unidades distintas (A e B), isto é, que a diferenciação entre elas deva precisamente fazer-se sob esta relação. Isto significa também que, se os estímulos correspondentes se repetem entre Nota: is H. Henning: Geruchversuche am Hund (experiências sobre o olfacto do cão). "Zeitscbrift für Biologie" (Revista de Biologia); n. 70, 1921. Página 47 outros, a unidade anteriormente distinguida deve ser percebida como sendo o mesmo objecto. Mas com a variação inevitável do meio e das condições da própria percepção, isso só é possível no caso em que a imagem formada for uma imagem generalizada. Nos casos descritos, nós observamos processos correlativos duplos: de um lado, processos de transferência de uma operação de uma situação concreta numa outra objectivamente semelhante; por outro lado, processos de formação da imagem generalizada de um objecto. A imagem generalizada deste objecto, que aparece com a formação da operação respeitante a este objecto e sobre a base deste, permite efectuar posteriormente a transferência da operação numa situação nova; dada a transformação das condições objectuais da actividade, a operação precedente encontra-se em desacordo com estas; ela deve, portanto, ser retocada. E retoca- se consequentemente, torna-se mais exacta, parece "absorver" o conteúdo novo e uma imagem www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M 26/137 http://www.visionvDx.ccim.br/biblicfteca/Q/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.M generalizada do objecto considerado, o que por sua vez pode acarretar uma nova transferência da operação nas novas condições do objecto, as quais exigem então um reflexo generalizado ainda mais justo e mais completo da parte do animal. FIG. 13. 0 córtex cerebral do coelho, do simio inferior e do homem . Os sombreados horizontais representam o campo de projecção; os sombreados verticais, os campos de integração. Verifica-se o aumento relativamente forte da superfície dos campos não sombreados (a integração) quando se passa para níveis superiores de desenvolvimento (segundo Von Economo; a escala de conjunto destas representações dos cérebros não é respeitada neste esquema) Assim, neste estádio, a percepção está ainda totalmente inclusa nas operações motrizes externas do animal. A generalização e a diferenciação, a síntese e a análise, desenrolam-se como um processo único. 0 desenvolvimento das operações e da percepção generalizada da realidade exterior encontra a sua expressão numa nova complexificação do córtex cerebral. Intervém uma diferenciação Página 48 mais acentuada dos campos de integração, que ocupam um lugar relativamente cada vez mais importante no córtex (Fig, 13). Estes campos superiores de integração têm por função, como o seu nome indica, integrar os diversos estímulos. 3. Estádio do intelecto 0 psiquismo da maior parte dos mamíferos permanece no estádio do psiquismo perceptivo, mas os mais altamente organizados, de entre eles elevam-se a um grau superior de desenvolvimento. Este grau superior é comummente chamado estádio do intelecto. Naturalmente, o intelecto animal é algo. absolutamente diferente da razão humana; veremos que há entre eles uma enorme diferença qualitativa. 0 estádio do intelecto caracteriza-se por uma actividade extremamente complexa e por formas de reflexo da realidade também complexas. Razão por que não podemos tratar das condições da passagem ao intelecto antes de descrever na sua expressão exterior a actividade dos animais que se encontram neste estádio. W. Kohler foi o primeiro a fazer um estudo experimental sistemático do comportamento intelectual nos animais mais altamente organizados, os símios antropóides. Eis o esquema dessas experiências. Coloca-se um símio (um chimpanzé) numa gaiola. No exterior, coloca-se um engodo (banana, laranja, etc.) a uma distância suficiente para que o chimpanzé não possa apanhá-lo directamente com a mão. Há um pau na gaiola. O símio, atraído pelo engodo, só pode alcançar o fruto numa condição: utilizar o pau. Como se comporta o símio nestas condições? Num primeiro tempo, tenta apoderar-se do engodo com a ajuda apenas da mão; como os esforços são vãos, a sua actividade extingue-se após algum f ------ _ ^ ^ ^ ------ + - A T T T7 rv% n n / v i i - i ^ -> , - , 1 1 - , y-, -I- A t t -I A A www.visionvQxcom.br/biblicfteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.txt 27/137 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 http://www.visionvQxcom.br/biblicfteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.txt 01/03/13 wvwv.visionvoxcom.br/biblioteca/o/0-DESENVOLVIMENTO-DO-PSIQUISMO.t)4 u t i i i i p u . r t i ü b L ú - ü e u . u e u y u u u t : d j ^ d i i u - u i i d u u u . d d L e i i
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